TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece
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O referencial teórico é composto por obras pertinentes à temática estudada,<br />
primordiais para o entendimento das relações sociais ocorrentes no campo, com base na<br />
modernização da agricultura, alterando o território e reestruturando o espaço geográfico.<br />
Desse modo, especialmente as leituras de Claude Raffestin, Ariovaldo Umbelino<br />
de Oliveira, José de Souza Martins e Milton Santos nos auxiliaram nesse sentido.<br />
Para Raffestin 5 , “o território é um espaço onde se projetou um trabalho, seja<br />
energia e informação, e que, por consequência, revela relações marcadas pelo poder”. (1993,<br />
p. 144)<br />
A leitura do texto Geografia agrária: perspectivas no início do século XXI 6 , de<br />
Ariovaldo Umbelino de Oliveira, contribuiu para a compreensão das transformações<br />
territoriais do campo. De acordo com o autor, a configuração histórica do território acontece<br />
por meio da luta travada entre as classes sociais. Assim, repleto de contradições, no território<br />
se evidencia a territorialização do capital monopolista, quando se estabelecem relações<br />
especificamente capitalistas, como o assalariamento ou, ainda, a monopolização do território<br />
pelo capital monopolista, quando o capital, não se territorializando, monopoliza o território<br />
marcado pela produção familiar, criando as condições para a sujeição desses agricultores ao<br />
modo de produção capitalista, quando estes fornecem suas produções ou mesmo consomem<br />
os bens industrializados inseridos no campo.<br />
Já os trabalhos de José de Souza Martins 7<br />
nos ofereceram reflexões sobre o<br />
processo violento de expropriação e exploração a que estão submetidos esses agricultores<br />
familiares camponeses e indígenas, como fruto da invasão da terra do negócio na terra do<br />
trabalho.<br />
Para Milton Santos 8 , o território tem que ser entendido como território vivido,<br />
fundamento do trabalho, das trocas materiais e imateriais, portanto onde o homem se realiza.<br />
Produzido pela sociedade, o espaço representa a história que está sempre por se refazer, assim<br />
como nos diz: “a história é sem fim, está sempre se refazendo. O que hoje aparece como<br />
resultado é, também, um processo que amanhã vai tornar-se uma outra situação. O processo é<br />
5 RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder, 1993.<br />
6<br />
Geografia agrária: perspectivas no início do século XXI. In.: OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de;<br />
MARQUES, Marta Inez Medeiros (Orgs.). O campo no século XXI: território de vida, de luta e de construção<br />
da justiça social. São Paulo: Editora Casa Amarela e Editora Paz e Terra, 2004. p.p. 29- 70.<br />
7 MARTINS, José de Souza. Não há terra para Plantar neste verão (O cerco das terras indígenas e das terras<br />
de trabalho no renascimento político do campo). 2ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1988; Expropriação e violência.<br />
A questão política no campo. 3ªed. São Paulo: Hucitec, 1991.<br />
8 SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: Fundamentos teóricos e metodológicos da geografia.<br />
6ª ed. São Paulo: EDUSP, 2008 b.