TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece
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carne bovina e do couro, produtos largamente comercializados entre as aglomerações<br />
populacionais que se concentravam, principalmente, nas áreas de engenho e de mineração.<br />
As longas distâncias percorridas pelos rebanhos faziam com que as reses<br />
chegassem bastante debilitadas às feiras. Para evitar esse desgaste do gado, os criadores de<br />
fazendas mais próximas do litoral instalaram abatedores, produzindo a carne seca, também<br />
conhecida como “carne do sol” ou “carne do Ceará”. A produção era comercializada para<br />
outras capitanias, por via marítima. Além da carne, o couro se tornou um produto típico<br />
desses abatedores ou “oficinas”.<br />
Desta vez, a “matéria-prima abundante, os ventos constantes e a baixa umidade<br />
relativa do ar, favoráveis à secagem e duração do produto; existência de sal, cuja importância<br />
se não precisa destacar; barras acessíveis à cabotagem da época” (BRAGA apud GIRÃO,<br />
1995, p. 72), formavam um mercado competitivo às capitanias mais bem estruturadas ou<br />
ainda àquelas localizadas próximas às conhecidas feiras de Olinda e Igaraçu, em Pernambuco,<br />
e no Recôncavo Baiano.<br />
O surgimento e o desenvolvimento das oficinas, charqueadas ou feitorias, como<br />
eram conhecidas, demarcam a redução do deslocamento das boiadas para as feiras destacadas<br />
e o despontar dos primeiros pontos de fixação, com o gado estabulado. Inicialmente, no<br />
pequeno arraial de São José do Porto dos Barcos, em seguida elevada à categoria de vila de<br />
Santa Cruz do Aracati, expandindo-se ao restante da capitania do Ceará, época esta anterior a<br />
1740 (GIRÃO, 2000).<br />
Essas oficinas eram fábricas rudimentares utilizadas no preparo da salga da carne<br />
e do couro bovino. Localizadas no litoral, favoreceram o surgimento dos primeiros núcleos<br />
demográficos, com maior interpenetração entre o litoral e o sertão.<br />
A dinâmica ainda estava centrada na pecuária, embora o comércio local se<br />
expandisse externamente com o fluxo das “sumacas” 20 nos portos cearenses, localizados nas<br />
embocaduras dos rios Jaguaribe e Acaraú, extasiando a economia cearense e criando traços<br />
típicos da aristocracia rural. No traçado das charqueadas, Aracati e Icó, no rio Jaguaribe;<br />
Acaraú e Sobral, no vale do Acaraú, se destacam.<br />
20 As sumacas eram embarcações responsáveis pelo deslocamento, por via marítima, das reses de carne seca<br />
bovina (GIRÃO, 1996).