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TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece

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aponta: “as fazendas tiveram como ponto de apoio as ribeiras, aproveitadas com o suprimento<br />

d’água, e, quando secavam, os leitos fluviais serviam de caminhos”.<br />

Durante o século XVIII, as ribeiras do Acaraú e do Jaguaribe serviam de aporte às<br />

oficinas de charque que proliferavam com as aglomerações formadas nos caminhos<br />

percorridos pelos vaqueiros e por seus rebanhos.<br />

As fazendas surgidas na ribeira do Acaraú, com base nessas aglomerações, deram<br />

origem posteriormente a importantes vilas, enraizando no sertão semiárido o traçado do<br />

latifúndio 18 . Dados de Girão (2000, p. 154), fundamentados em documentos da época, entram<br />

em acordo com o exposto, ao afirmar:<br />

O capitão Félix da Cunha Linhares, morador na ribeira do Acaraú, no testamento<br />

que deixou, feito em notas do tabelião Francisco Cardoso Pereira e datado do sítio<br />

Muritiapuá em 7 de setembro de 1723, declarava-se dono de seis fazendas, nas<br />

quais havia mais de 8.000 cabeças de bovinos, 150 éguas e 50 cavalos.<br />

Simbolizavam a unidade econômica e social, assim como eram as casas grandes<br />

nos canaviais, porém com algumas diferenças, visto que não possuíam os requintes próprios<br />

das zonas açucareiras. As relações econômicas eram amonetárias, enquanto a unidade social<br />

se dava com extremos patriarcalismo e compadrio, estando a cultura bastante arraigada com<br />

os preceitos do catolicismo. Tanto o é que Girão (1995, p.32), assim nos diz sobre o vale do<br />

Jaguaribe: “Em 1788 possuía a ribeira do Jaguaribe número de currais suficiente para que<br />

fosse exigido dos sesmeiros uma contribuição da igreja, da hoje cidade de Russas”.<br />

A dinamização das fazendas, com seus imensos rebanhos, com relações sociais<br />

típicas do feudalismo, formando traços típicos, consolida a formação socioespacial cearense<br />

de que fala Pinheiro (2008), estruturada na propriedade privada da terra, nos indígenas e nos<br />

pobres livres.<br />

Os vaqueiros permeiam essas três categorias da sociedade da época. Pela tradição,<br />

e por herança, os filhos dos fazendeiros tornavam-se homens do campo auxiliados por outros<br />

trabalhadores da fazenda. Os vaqueiros ainda eram formados por índios e/ou pobres livres,<br />

18 “A importância da entrada pelo Acaraú muito não se distancia daquela que ao Jaguaribe se confere. A par e<br />

passo que os vaqueiros acendiam no seu curso, iam dispondo em suas margens a semente futurosa de seus<br />

currais. De tanto subir alcançaram o chão feraz banhado das águas fecundantes do Groaíras, Jucurutu, Jaibara e<br />

Macacos seus contribuintes, aí, onde, em maior número, se fixaram. Na ribeira dêstes afluentes adquiriu o<br />

sargento – mor José Pinto de Mesquita extensas áreas de sesmaria em que situou numerosas fazendas. Sua<br />

iniciativa lhe assegurou êxito, pois que seus rebanhos se multiplicaram opulentamente”. (MAGALHÃES, 1970,<br />

p. 99).

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