TEREZA SANDRA LOIOLA VASCONCELOS ... - Uece
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couro” - capaz de tecer características e agentes particulares, assim como foram os vaqueiros<br />
e a aristocracia rural durante o século XVIII (FREYRE, 1961; MENEZES, 1995).<br />
Inicialmente com a prática do criatório, depois com a mobilidade do pastoreio e,<br />
em seguida, com os pontos de fixação das charqueadas, oficinas/fábricas rudimentares para a<br />
salga da carne bovina, os caminhos iam sendo arquitetados e desvendados, formando o “Siará<br />
Grande”.<br />
Relata a historiografia cearense que as primeiras reses de gado foram trazidas por<br />
Martim Soares Moreno, considerado fundador da capitania do “Siará”. Ainda naquele<br />
período, século XVII, a criação bovina não se constituía prática comercial, era apenas<br />
criatória (GIRÃO, 1995).<br />
Essa atividade, ao menos em sua etapa inicial, na concepção de Furtado (2007, p.<br />
97), “era um fenômeno econômico induzido pela economia açucareira e de rentabilidade<br />
relativamente baixa. A renda total gerada pela economia criatória do Nordeste seguramente<br />
não excederia cinco por cento do valor da exportação do açúcar”.<br />
Somente no século XVIII, o gado vacum, espécie introduzida, logo se expandira.<br />
As ideias políticas da Metrópole portuguesa e as atividades econômicas do período<br />
entusiasmavam a pecuária, reestruturando o território cearense, alterando os costumes das<br />
comunidades indígenas, “que por submissão ou aniquilamento moral, foram pouco a pouco<br />
integradas no trabalho pastoril”. (GIRÃO, 1995, p. 31).<br />
O pastoreio proporcionava meio de transporte e força de tração, além de fornecer<br />
alimentos ao seu maior mercado consumidor - os engenhos -, haja vista que durante muito<br />
tempo todos os olhares estavam concentrados no açúcar que tomava grandes proporções no<br />
litoral, à proporção que o gado adentrava o sertão, por medidas formuladas pela Coroa<br />
Portuguesa, proibindo a criação e percurso desses animais no litoral (FURTADO, 2007).<br />
A necessidade de uma reduzida mão de obra livre ou escrava e a locomoção da<br />
mercadoria, suportando seu próprio peso nas longas caminhadas pelos leitos fluviais,<br />
transformavam-se em componentes influenciadores da expansão da pecuária nos sertões<br />
nordestinos, como salienta Girão (1995, p. 31):<br />
Os próprios fatores contrários – as secas e os índios rebeldes – não puderam<br />
impedir o desenvolvimento da pecuária, apesar dos métodos rudimentares de sua<br />
implantação. Os currais localizados às margens dos rios e adjacências, facilitavam a<br />
aquisição de água corrente ou de poços (cacimbas), garantindo os períodos de<br />
estiagem. A abundância e variedade de pastagens forrageiras produzidas nos<br />
períodos chuvosos, nas imensas áreas inexploradas, assim como a salinidade do<br />
solo, garantiram a subsistência de um rebanho relativamente numeroso; composto,