NOV | DEZ 2008 UNIVERSIDADE METODISTA DE ... - Unimep
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8<br />
SINTONIZADO<br />
LATIM<br />
Vanessa Piazza<br />
vcpiazza@unimep.br<br />
Por que falamos galeria de águas pluviais<br />
e não chuviais? Por que nosso país<br />
vizinho se chama Argentina? Esses e<br />
tantos outros porquês podem ser respondidos<br />
se voltarmos às origens do idioma<br />
português e espanhol, que assim como<br />
muitos outros são classificados como<br />
línguas neolatinas, ou seja, aquelas que<br />
nascem do latim. A palavra pluvial deriva<br />
da expressão latina pluvium que significa<br />
chuva. Já Argentina resulta da palavra argentum<br />
que, em latim, significa prata.<br />
Segundo a professora Josiane Maria<br />
de Souza, coordenadora do curso de letras<br />
- habilitação em português, quando<br />
uma nação invade outra, a primeira coisa<br />
feita para se apossar daquela terra é impor<br />
sua língua, já que isso significa também a<br />
fixação de toda uma cultura. Mesmo após<br />
a queda do império romano, o latim se<br />
manteve até 1960 como o idioma oficial<br />
da igreja católica. Vale lembrar que, até<br />
esta década, as missas eram rezadas em<br />
latim e o ensino do idioma fazia parte da<br />
grade curricular das escolas brasileiras.<br />
Hoje a aparição de expressões puras em<br />
latim se restringe a poucos grupos, como<br />
o meio jurídico e a biologia, que recorre<br />
ao idioma para nomear e classificar os<br />
seres vivos.<br />
O universo das letras encanta, desperta<br />
curiosidade e confirma fatos que<br />
nem imaginávamos terem explicações.<br />
De acordo com a coordenadora, hoje<br />
há uma hegemonia do inglês e por isso<br />
é normal que palavras como “deletar”<br />
(bastante usada na informática) sejam<br />
incorporadas ao português. Porém, isso<br />
não quer dizer que a língua portuguesa<br />
vá morrer. No começo do século 20, por<br />
exemplo, a França era uma potência na<br />
hegemonia cultural, reflexo disso, é a<br />
incorporação das palavras abajur, garagem,<br />
maquiagem e batom no cotidiano<br />
brasileiro.<br />
Fusão<br />
Para o professor de português da <strong>Unimep</strong>,<br />
Luiz Fernando Fonseca Silveira,<br />
a mistura e a fusão de idiomas sempre<br />
existiu e está muito ligada ao poder econômico<br />
e político. Segundo ele, a definição<br />
quanto à escrita e à pronúncia<br />
correta das palavras também depende de<br />
condicionantes sociais. A classificação<br />
do errado e do certo está relacionada à<br />
aceitação social. A variante considerada<br />
padrão no português é a homologada por<br />
aqueles que dominam a sociedade. Com<br />
certeza, a língua padrão é fruto do poder<br />
e da influência dos grupos”, revela.<br />
Por isso, de acordo com os profissionais,<br />
é complicado afirmar que as pessoas<br />
pronunciam palavras e expressões latinas<br />
erroneamente. O que se pode dizer<br />
é que, em alguns casos, há um equívoco<br />
quanto ao sentido, o significado, já que a<br />
língua latina pura é bastante complexa e<br />
não faz parte do nosso cotidiano.<br />
Josiane de Souza<br />
História<br />
Surgido em uma região da península<br />
itálica chamada Lácio, onde hoje<br />
localiza-se Roma, o latim tornouse<br />
um idioma cada vez mais forte<br />
à medida que o império romano<br />
se expandiu e conquistou novos<br />
territórios. O império, que durou<br />
mais de 1.000 anos (século 8 a.C.<br />
a 5 d.C.), utilizou o latim como um<br />
mecanismo para manter a unidade<br />
do território. A importância desse<br />
idioma pode ser compreendida se<br />
pensarmos que toda a concepção filosófica<br />
do mundo ocidental advém<br />
dos gregos e dos latinos (romanos),<br />
a exemplo temos a democracia, o<br />
direito e a igreja católica.<br />
“A importância do latim pode ser compreendida se pensarmos que toda a concepção filosófica do mundo ocidental advém dos gregos e dos latinos(romanos)”<br />
Esta matéria é uma sugestão do leitor<br />
do Acontece professor José Enio Triervailer,<br />
que exerceu a função de Secretário Geral<br />
da <strong>Unimep</strong> entre 2001 e junho de <strong>2008</strong>.