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Liberdade em Hegel à Luz de Kant

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12<br />

[...] <strong>de</strong>v<strong>em</strong> reconhecer-se como o sist<strong>em</strong>a racional <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação<br />

voluntária [...] a vonta<strong>de</strong> que existe <strong>em</strong> si é verda<strong>de</strong>iramente infinita porque<br />

é ela própria o seu objeto e não constitui, portanto, para si n<strong>em</strong> um outro<br />

n<strong>em</strong> um limite mas, antes, um regresso a si. Ela não é, pois, pura<br />

possibilida<strong>de</strong>, disposição, potência (potencia), mas o infinito atual (infinitum<br />

actu) porque a existência do conceito ou o seu objeto exterior é a própria<br />

interiorida<strong>de</strong>. (HEGEL, 1997, p. 24 e 27).<br />

Ao reconhecer os instintos como “sist<strong>em</strong>a racional <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação<br />

voluntária”, <strong>Hegel</strong> é a<strong>de</strong>pto do princípio da heteronomia da vonta<strong>de</strong>. Isto significa<br />

que a vonta<strong>de</strong>, <strong>em</strong> si mesma, não é autônoma, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> instintos e que<br />

sua liberda<strong>de</strong>, na verda<strong>de</strong>, se limita a “purificar” estes instintos, dando-lhes a forma<br />

<strong>de</strong> universalida<strong>de</strong>. Em <strong>Kant</strong>, pelo contrário, para uma vonta<strong>de</strong> livre “<strong>de</strong>ve faltar aqui,<br />

completamente, a impulsão, e <strong>de</strong>veria essa própria idéia ser <strong>de</strong> um modo inteligível<br />

a impulsão ou aquilo por que a razão toma originalmente interesse; mas fazê-lo<br />

concebível é justamente um probl<strong>em</strong>a que não pod<strong>em</strong>os solucionar.” (KANT, 2006,<br />

p. 94) Isto porque, <strong>em</strong> <strong>Kant</strong>, a liberda<strong>de</strong> precisa ser totalmente incondicionada,<br />

guiada tão-somente pela razão pura que, <strong>em</strong> si mesma, <strong>de</strong>ve tomar interesse por<br />

seus fins. Entretanto, como a fonte <strong>de</strong>sta vonta<strong>de</strong> livre incondicionada é pura<br />

(in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da experiência), não po<strong>de</strong> ser dada na experiência como proveniente<br />

<strong>de</strong> quaisquer causas sensíveis que a condicionariam, sejam instintos, inclinações ou<br />

<strong>de</strong>sejos, porque é estritamente racional, e não sensível. A liberda<strong>de</strong> <strong>em</strong> <strong>Hegel</strong>,<br />

apesar <strong>de</strong> universal quando confere generalida<strong>de</strong> aos instintos, não é autônoma e<br />

incondicionada.<br />

3.2.1.2 Vonta<strong>de</strong> e <strong>Liberda<strong>de</strong></strong><br />

<strong>Hegel</strong> então busca a autonomia e o incondicionado da liberda<strong>de</strong> fora do<br />

indivíduo, numa estrutura que este constrói para satisfazer suas próprias<br />

necessida<strong>de</strong>s e preservá-las: o Estado. Para chegar até ele, o indivíduo passa<br />

primeiramente pelas instituições da família e da Socieda<strong>de</strong> Civil, que se un<strong>em</strong> no<br />

todo organizado do Estado.

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