Carolina de Mattos Ricardo
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As notícias mostram, ainda, a dificulda<strong>de</strong> que a Polícia Fe<strong>de</strong>ral teve para conseguir<br />
fechar a empresa clan<strong>de</strong>stina. “PF não consegue fechar empresa <strong>de</strong> vigia que matou<br />
estudante” (O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, Cida<strong>de</strong>s, 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2004).<br />
Depois que a empresa foi fechada, uma curiosa matéria foi veiculada: “Operação da<br />
Polícia Fe<strong>de</strong>ral fecha 25 empresas <strong>de</strong> vigilância em SP” (Folha <strong>de</strong> S. Paulo, Cotidiano, 15<br />
<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2004), <strong>de</strong>screvendo a megablitz realizada pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral, que fechou 25<br />
empresas irregulares que atuavam em São Paulo, <strong>de</strong>pois do assassinato do adolescente. Em<br />
março e abril <strong>de</strong> 2004, foram emitidas as or<strong>de</strong>ns para fiscalização <strong>de</strong> 39 empresas<br />
clan<strong>de</strong>stinas <strong>de</strong>nunciadas pelo Sesvesp. Nada havia acontecido até 07 <strong>de</strong> maio, data do<br />
assassinato. A empresa Itaim era uma das <strong>de</strong>nunciadas.<br />
Fica clara, portanto, a forma pela qual a Polícia Fe<strong>de</strong>ral exerce seu trabalho: não há<br />
uma rotina sistemática <strong>de</strong> monitoramento e fiscalização das empresas, sendo que sua<br />
atuação é exclusivamente pautada pela <strong>de</strong>núncia. Ainda assim, a Polícia Fe<strong>de</strong>ral age com<br />
dificulda<strong>de</strong>s e não consegue respon<strong>de</strong>r em tempo hábil às <strong>de</strong>núncias feitas. Por fim, após<br />
uma situação que gerou clamor público, foi feita uma “mega-operação”, sem planejamento,<br />
sem organização, apenas para dar uma resposta pontual à socieda<strong>de</strong> e à imprensa. Vale<br />
resgatar os dados do DPF sobre o fechamento das clan<strong>de</strong>stinas, que teve seu pico no ano <strong>de</strong><br />
2004, justamente quando houve ampla repercussão dos casos <strong>de</strong> violência envolvendo<br />
setores da segurança privada.<br />
Há outras irregularida<strong>de</strong>s recorrentes. Por exemplo, o excesso praticado por<br />
seguranças em boates e casas noturnas é divulgado com maior freqüência. “Donos <strong>de</strong><br />
boates po<strong>de</strong>m ser punidos por brigas” (O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, Cida<strong>de</strong>s, 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2004)<br />
– “O número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> pessoas agredidas por seguranças <strong>de</strong> casas noturnas e bares das<br />
zonas sul e oeste <strong>de</strong> São Paulo preocupa a polícia. Na zona sul – região da Vila Olímpia,<br />
A <strong>de</strong>núncia foi encaminhada à PF pelo Sesvesp (sindicato das empresas <strong>de</strong> segurança) em 23 <strong>de</strong> abril. Na<br />
sexta, 7 <strong>de</strong> maio, sem que nenhuma fiscalização tenha sido feita na empresa, o adolescente Guilherme Men<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> Almeida, 15, foi morto por um homem que estava a serviço da Itaim.”<br />
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