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Jan-Fev - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

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Condições visuais autorrelatadas e quedas em idosos institucionalizados<br />

25<br />

inferior in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> sua vonta<strong>de</strong>.<br />

Foi realizada análise <strong>de</strong>scritiva das variáveis <strong>de</strong><br />

interesse. Para correlacionar o evento queda relatado no<br />

segundo inquérito com as condições visuais autorrelatadas<br />

no primeiro inquérito foi foram empregados a<br />

frequência simples e o teste exato <strong>de</strong> Fisher. O nível <strong>de</strong><br />

significância adotado para os testes estatísticos foi <strong>de</strong> 5%.<br />

O estudo teve aprovação do Comitê <strong>de</strong> Ética em<br />

Pesquisa da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiás (Protocolos<br />

CEP 032/2004 e 045/2007).<br />

Tabela 1<br />

Condições visuais autorrelatadas por idosos<br />

institucionalizados, em Goiânia (GO), 2005-2007<br />

Condições visuais autorrelatadas N %<br />

Déficits visuais 48 81,4<br />

Déficit corrigido com órtese 26 44,1<br />

Déficit não corrigido 22 37,3<br />

Sem déficits visuais 11 18,6<br />

Total 59 100<br />

RESULTADOS<br />

Déficit visual foi relatado por 48 (81,4%) dos idosos.<br />

Destes, 26 (44,1%) apresentaram déficit corrigido<br />

com órtese e 22 (37,3%) déficit não corrigido (Tabela<br />

1). No seguimento <strong>de</strong> dois anos a partir do primeiro inquérito<br />

realizado no ano <strong>de</strong> 2005, dos 59 idosos investigados,<br />

32 (54,2%) relataram ter sofrido queda, 22<br />

(68,8%) idosos sofreram um episódio, 06 (18,8%) dois e<br />

04 (12,5%) três.<br />

Ao buscar associação entre a variável déficit visual<br />

autorrelatado e quedas ocorridas após o primeiro<br />

inquérito, no seguimento <strong>de</strong> dois anos, não foi encontrada<br />

diferença estatisticamente significativa (p=0,171)<br />

(Figura 1).<br />

DISCUSSÃO<br />

Figura 1: Distribuição das variáveis relacionadas com condições<br />

visuais auto-relatadas por idosos institucionalizados e ocorrência<br />

<strong>de</strong> quedas, em Goiânia (Goiás), 2005-2007<br />

O sistema visual é um importante contribuinte<br />

para o equilíbrio, fornecendo informações sobre o ambiente<br />

e a localização, a direção e a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento<br />

do indivíduo (19) . No entanto, para ocorrer o controle<br />

postural são necessárias outras aferências sensoriais<br />

provenientes dos sistemas vestibular e<br />

somatossensorial. Apesar <strong>de</strong> cada um dos sistemas fornecerem<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> informação para o sistema<br />

<strong>de</strong> controle postural, a ação individual <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les<br />

não é suficiente para obter informações acuradas da<br />

posição do centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> corporal no espaço. Todas<br />

as informações provenientes <strong>de</strong>stes sistemas <strong>de</strong>vem<br />

ser integradas ao sistema <strong>de</strong> controle postural a fim <strong>de</strong><br />

proporcionar uma melhor representação da posição e<br />

dos movimentos do centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e, <strong>de</strong>ste modo,<br />

proporcionar um controle postural efetivo e flexível (20-<br />

21)<br />

. A privação ou alteração em qualquer um <strong>de</strong>stes sistemas<br />

po<strong>de</strong> predispor o idoso ao déficit <strong>de</strong> equilíbrio, à<br />

<strong>de</strong>pendência funcional e a episódios <strong>de</strong> quedas.<br />

A catarata, as alterações na retina e no nervo<br />

óptico e o glaucoma são as principais causas do comprometimento<br />

visual entre os idosos. A maior parte das alterações<br />

visuais <strong>de</strong>correntes do envelhecimento é<br />

inevitável, no entanto po<strong>de</strong> receber uma abordagem preventiva,<br />

corretiva e curativa, sendo, pelo menos,<br />

adiadas (22) .<br />

Os déficits visuais levam a menor comunicação<br />

visual, <strong>de</strong>pendência e restrição <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>, inclusive<br />

levando à maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> traumas em geral. Os<br />

distúrbios visuais, ao <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>arem maior <strong>de</strong>pendência<br />

física, po<strong>de</strong>m gerar também dificulda<strong>de</strong>s nos aspectos<br />

psicoemocionais para os idosos (23) .<br />

As quedas são eventos adversos <strong>de</strong> origem<br />

multifatorial e resultantes <strong>de</strong> uma interação entre fatores<br />

intrínsecos e ambientais, sendo que o risco <strong>de</strong> sofrer um<br />

aci<strong>de</strong>nte como este é maior para pessoas com limitações<br />

visuais quando comparado com a população em geral (24) .<br />

Existem evidências <strong>de</strong> que há esforço consi<strong>de</strong>rável<br />

<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação entre os movimentos dos olhos e os<br />

movimentos dos membros inferiores durante a locomoção<br />

e com o envelhecimento, o tempo para<br />

processamento da informação visual é prolongado para<br />

obter sucesso durante a <strong>de</strong>ambulação (25) . O comprometimento<br />

visual aumenta o risco <strong>de</strong> tropeçar em obstáculos<br />

ambientais e / ou per<strong>de</strong>r equilíbrio em diferentes<br />

Rev Bras Oftalmol. 2012; 71 (1): 23-7

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