Diz-lhe Jesus : Sou eu, aquele que fala contigo - Equipes Notre-Dame
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COLLEGE ROMA<br />
21 de janeiro de 2009<br />
P.Angelo Epis<br />
natureza». A vida espiritual - como ensinaram os grandes mestres do passado - não é um estado, adquirido<br />
de uma só vez, ma um procedimento, um caminho, marcado por etapas significativas porém nunca<br />
exaustivas. Maria percorr<strong>eu</strong> este caminho. A mu<strong>lhe</strong>r <strong>que</strong> estava aos pés da cruz, no ato de unir o supremo<br />
sacrifício de si à<strong>que</strong>le de s<strong>eu</strong> Filho, não era a mesma <strong>que</strong> muitos anos antes ficou turbada à simples<br />
saudação do anjo. Cada cristão é chamado a percorrer este caminho de despojamento e de graça. Na<br />
consciência de <strong>que</strong> o Mistério não torna vã a sua história, mas a acompanha e a recebe com a sua infinita<br />
misericórdia. (Savagnone obra cit. pp. 81-82).<br />
- Bem-aventurados os <strong>que</strong> escutam a Palavra. Numa época em <strong>que</strong> domina a Palavra, a<br />
comunicação, a imagem, somos bombardeados de mensagem de todos os lados. Elas pedem<br />
espaço à nossa escuta e à nossa atenção. É uma das tarefas urgentes para o crente, num<br />
mundo <strong>que</strong> quase perd<strong>eu</strong> a capacidade de comunicar. O título de «Virgem na escuta», o<br />
primeiro dos quatro <strong>que</strong> a Marialis Cultus tributa à Virgem Maria, me parece cheio de atualidade<br />
e de significado. É necessário escutar o homem, mas é ainda mais necessário colocar-se na<br />
escuta de D<strong>eu</strong>s. O princípio religioso fundamental, na Escritura, é o seguinte: «Escuta a Palavra<br />
do Senhor » (Is 1,10; Ger 2,4; Am 7,16). A revelação bíblica se nos manifestou essencialmente<br />
sob a forma de Palavra. A D<strong>eu</strong>s <strong>que</strong> <strong>fala</strong> se deve a «obediência da fé» (cfr. Rm 1,5; 16, 26; 2<br />
Cor 10,5) <strong>que</strong> sozinha pode salvar. O povo messiânico é a comunidade <strong>que</strong> escuta a voz do<br />
Senhor. Maria, <strong>que</strong> na obediência da fé se abre à Palavra de D<strong>eu</strong>s, é a primeira entre os<br />
crentes, a Virgem na escuta. Segundo a Marialis Cultus, a escuta, e portanto a fé de Maria, foi<br />
«premissa e caminho à maternidade divina » (Mc 17). É a fé <strong>que</strong> torna fecunda a existência (cfr.<br />
Eb 11). A Palavra, para Maria, não é simplesmente o livro da Escritura, mas é o dom de D<strong>eu</strong>s, o<br />
Verbo do Pai por ela gerado no tempo: Cristo Senhor, do qual foi humilde e fiel discípula. Gerar<br />
Cristo não é só tarefa de Maria: ele deve nascer no coração e na vida de cada crente. Todos os<br />
<strong>que</strong> aco<strong>lhe</strong>m a Palavra de D<strong>eu</strong>s, Cristo, estabelece com ele vínculos muito estreitos: « Minha<br />
mãe e m<strong>eu</strong>s irmãos são os <strong>que</strong> ouvem a Palavra de D<strong>eu</strong>s e a cumprem» (Lc 8,21).<br />
- Virgem na escuta. A Palavra de D<strong>eu</strong>s, recebida por Maria, trouxe a felicidade ao mundo todo.<br />
Neste sentido ela é a causa da nossa alegria, fonte de júbilo da Igreja de Cristo. «... fé com a<br />
qual ela, protagonista e testemunha singular da Encarnação, reconsiderava os acontecimentos<br />
da infância de Cristo, confrontando-os entre si no íntimo do s<strong>eu</strong> coração » (Mc 17). A fé cristã<br />
ama a história, à qual está estritamente ligada. Ela se funda nos fatos, nas intervenções de<br />
D<strong>eu</strong>s no tempo dos homens. A fé se apóia sobretudo sobre o acontecimento central da história<br />
do mundo, sobre o evento Cristo, <strong>que</strong> dá sentido a tudo <strong>que</strong> precede e segue a sua vinda. O<br />
crente é <strong>a<strong>que</strong>le</strong> <strong>que</strong> escuta a Palavra e, à sua luz, perscruta os sinais dos tempos. A revelação<br />
de D<strong>eu</strong>s se compõe, de fato, de « eventos e palavras intimamente ligadas», <strong>que</strong> reciprocamente<br />
se iluminam (cfr. DV 2). Maria, « protagonista e testemunha singular da Encarnação », medita<br />
com amor, reflete com atitude sapiencial, reexamina este evento e tudo aquilo <strong>que</strong> a ele se<br />
refere. À luz de Cristo se <strong>lhe</strong> revela lentamente, gradativamente, o sentido da história do povo<br />
de D<strong>eu</strong>s e de s<strong>eu</strong> destino de graça; se <strong>lhe</strong> abre o sentido dos fatos passados e presentes e o<br />
próprio significado da sua existência consagrada ao Senhor. Por ela, cada crente, a Igreja toda,<br />
deve aprender a atitude à escuta, à reflexão sobre os eventos, cujo sentido profundo se revela<br />
em Cristo. Como Maria, a Igreja está na escuta da Palavra de D<strong>eu</strong>s, de Cristo, <strong>que</strong> a introduz<br />
nos mistérios do Reino. A comunidade de fé, r<strong>eu</strong>nida ao redor de Cristo Senhor, sentada atentamente<br />
aos pés do Mestre, aco<strong>lhe</strong> a sua Palavra <strong>que</strong>, por sua vez, proclama e «oferece aos<br />
fiéis como pão da vida » (MC 17). A Igreja, após ter concebido a Palavra, como Maria, por obra<br />
do Espírito Santo, a doa ao mundo como mensagem e proposta de salvação; «e à sua luz<br />
perscruta os sinais dos tempos, interpreta e vive os eventos da história » (MC 17). A partir do<br />
exemplo da Virgem a comunidade dos crentes deve viver em atitude sapiencial. Cheia de<br />
admiração deve « confrontar » o <strong>que</strong> <strong>lhe</strong> é dado « ver e ouvir » em relação a Cristo e ao s<strong>eu</strong><br />
mistério. Nesta meditação, sublime e dramática ao mesmo tempo, se <strong>lhe</strong> revela o mistério da<br />
Palavra de D<strong>eu</strong>s feita carne para a nossa salvação; da existência humana, marcada pela prova<br />
e destinada à glória; do tempo, no qual vai se cumprindo a obra da salvação. Maria, virgem na<br />
escuta, é uma provocação para o crente e para o homem contemporâneo, fre<strong>que</strong>ntemente<br />
distraídos e transtornados. É um convite à reflexão, à contemplação; a dar espaço à Palavra de<br />
D<strong>eu</strong>s e à palavra humana na nossa existência, para viver com responsabilidade no meio do<br />
mundo.<br />
A oração do Magnificat não é para nós um ato de devoção; é, de alguma forma, o esboço<br />
no qual lemos a vida diária. Maria, enquanto com ela louvamos a D<strong>eu</strong>s, nos ensina a meditar e<br />
conservar no coração os eventos da vida.<br />
3. “N<strong>a<strong>que</strong>le</strong> momento chegaram os s<strong>eu</strong>s discípulos e ficaram admirados, pois ele estava<br />
conversando com una mu<strong>lhe</strong>r”.<br />
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