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Diz-lhe Jesus : Sou eu, aquele que fala contigo - Equipes Notre-Dame

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COLLEGE ROMA<br />

21 de janeiro de 2009<br />

P.Angelo Epis<br />

O encontro com o Cristo nos leva agora a verificar se a nossa experiência de equipe tem dentro de<br />

si ainda a água viva para anunciar o Evangelho do matrimônio. Como os discípulos, somos fre<strong>que</strong>ntemente<br />

incapazes de compreender os percursos <strong>que</strong> o Senhor vai traçando.<br />

- A humanidade atual: Qual a formação cristã e no movimento?<br />

Parece <strong>que</strong> os textos mencionados até aqui e as solicitações de p. Caffarel nos levam a perguntar<br />

como os nossos percursos respondam às perguntas do mundo. É suficiente a preocupação por uma difusão<br />

mais ampla ou não é preciso também <strong>que</strong> haja uma consolidação das nossas equipes? O texto de João 4<br />

nos faz refletir: Não bastam os conhecimentos, é necessária a experiência verdadeira, profunda e pessoal.<br />

O saber, sozinho, mostra-se como algo estéril: a Samaritana se dirige a <strong>Jesus</strong> de forma interrogativa,<br />

esperando dele um progresso no terreno do conhecimento («Por<strong>que</strong> me perguntas...?», «Onde, pois,<br />

tens...? », « És tu, porventura, maior...? ». As palavras da mu<strong>lhe</strong>r, <strong>que</strong> refletem as convicções do s<strong>eu</strong> povo,<br />

afirmam as diferenças entre etnias, convicções ou teologias, dividem as pessoas e <strong>lhe</strong>s fecham a<br />

possibilidade de se relacionar, reduzem as expectativas sobre o Messias, <strong>que</strong> <strong>lhe</strong>s permita ter acesso a um<br />

saber (« nos anunciará todas as coisas»).<br />

<strong>Jesus</strong> oferece um "saber alternativo" e convida a abandonar os "múltiplos saberes" para entrar<br />

numa verdade à qual não se chega seguindo o caminho do genérico, mas através da realidade tangível e<br />

concreta. As suas palavras não visam ampliar os conhecimentos, mas provocar uma mudança de vida.<br />

Tanto o « poço de Jacó », símbolo da sabedoria <strong>que</strong> dá a lei, como « o <strong>que</strong> está escrito na lei » (Lc 10,26)<br />

perdem a sua validade, substituídos pela « água viva » e pelo convite não a ler, mas a olhar as pessoas e<br />

os s<strong>eu</strong>s comportamentos reais. É fazendo e não sabendo <strong>que</strong> se obtém a vida. Um saber definitivo substitui<br />

os provisórios, e não é no futuro mas agora e graças à Palavra de <strong>Jesus</strong>, <strong>que</strong> se tem acesso à novidade<br />

deste conhecimento. Os papeis e os estereótipos de gênero parecem também superados: a mu<strong>lhe</strong>r,<br />

surpreendentemente, toma a palavra e se transforma em testemunha e evangelizadora dos s<strong>eu</strong>s<br />

concidadãos, executando um papel reservado aos homens. A isso solicita o nosso carisma na Igreja e na<br />

sociedade.<br />

Alguns pontos nos interpelam de forma particular:<br />

A teologia do matrimônio. P. Caffarel, na sua reflexão sobre o matrimônio oferece percursos de<br />

grande desta<strong>que</strong>. A sua herança espiritual encontra aqui um campo para uma pesquisa aprofundada. Na<br />

escola de S. Paulo ele aprofunda cada vez mais a realidade da vida conjugal à luz da união com o Cristo.<br />

Não surpreende aprender na Bíblia <strong>que</strong> o amor ente homem e mu<strong>lhe</strong>r è um dos grandes símbolos do amor<br />

<strong>que</strong> D<strong>eu</strong>s tem pelo homem. Na concepção bíblica a sexualidade não é sagrada; mas é chamada a exprimir<br />

e a aprofundar a relação do casal com o Senhor. É esta a afirmação específica dos cristãos: a relação entre<br />

fé e sexualidade. Os cristãos devem se unir «no Senhor» (1 Coríntios 7,39). O amor <strong>que</strong> dois cristãos<br />

devem ter um pelo outro em Cristo, não se substitui ao amor sexual, não se sobrepõe; <strong>lhe</strong> dá o s<strong>eu</strong> pleno<br />

significado. Eros é assunto do ágape. O amor vivido na fé é o sentido último da sexualidade.<br />

O percurso nas equipes deve se tornar também procura atenta da teologia do matrimônio. Muito foi<br />

feito, mas muito resta ainda para fazer para nos colocarmos efetivamente a serviço do mundo.<br />

A sexualidade. A sexualidade é expressão simbólica do amor de Cristo e da Igreja, não pode ser<br />

compreendida a não ser a partir da visão total do homem trazida pelo Novo Testamento: o homem é um ser<br />

de relação, horizontalmente com os outros, verticalmente com D<strong>eu</strong>s. O verdadeiro sentido, o valore sobre o<br />

qual deve se medir a sexualidade é o homem criado por D<strong>eu</strong>s, libertado em <strong>Jesus</strong> Cristo, colocado diante<br />

do próximo. O homem, libertado por Cristo, é chamado a viver também a sua sexualidade na liberdade;<br />

liberdade responsável; em Cristo a sexualidade é libertada como sexualidade absoluta: ela se torna relativa<br />

ao próximo e a D<strong>eu</strong>s: ela é chamada a se tornar linguagem de amor, de comunhão e de vida. Muitas vezes,<br />

como um novo sinédrio, paramos para julgar e condenar os desvios no campo da sexualidade. Seria como<br />

se <strong>Jesus</strong>, diante da samaritana tivesse se contentado de evidenciar e condenar a sua desordem afetiva. Ele<br />

a alivia e a transforma mediante um encontro verdadeiro e pessoal.<br />

Compreende-se então, <strong>que</strong>, na Bíblia, a união conjugal tem servido aos escritores sagrados para<br />

simbolizar as relações de D<strong>eu</strong>s com o s<strong>eu</strong> povo. O Velho Testamento compara constantemente as relações<br />

de D<strong>eu</strong>s e do s<strong>eu</strong> povo eleito com as relações do casal, e o traço dominante deste confronto simbólico é a<br />

fidelidade. Este tema foi inaugurado pelo profeta Oséias e foi retomado depois por Isaias, por Ezequiel e por<br />

várias passagens dos salmos e da sabedoria. O desenvolvimento deste tema desemboca em Paulo e na<br />

carta aos Efésios, <strong>que</strong> revela o sentido mais profundo da união do casal: a realidade completa do casal e da<br />

sexualidade remete ao mistério conjugal do amor de Cristo e da sua Igreja. A união conjugal inteira, até na<br />

sua consumação física, simboliza o mistério.<br />

Em cada pesquisa conduzida com honestidade se chega, no fundo, a certos valores permanentes <strong>que</strong><br />

pertencem ao homem de sempre. E é bonito observar como a pesquisa humana se encontra aqui com a<br />

revelação cristã. Es<strong>que</strong>maticamente me parece útil indicar três pólos nos quais conduzir a nossa pesquisa:<br />

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