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Universidade pública e fundações privadas: aspectos conceituais, éticos e jurídicos<br />
proclamam que dão apoio à USP e que captam recursos <strong>para</strong> a universidade,<br />
que é de toda conveniência que esse uso seja remunerado.<br />
Também quando há a utilização de recursos, de equipamentos públicos<br />
pelas fundações de apoio, eu acho obrigatório o recolhimento de taxa, prevista<br />
em resolução, <strong>para</strong> remunerar a USP pelos prejuízos decorrentes do uso<br />
de água, de energia elétrica, de telefone, sob pena de dano aos cofres públicos.<br />
Elas estão captando recursos usando patrimônio público, portanto, têm<br />
que recompor o patrimônio da universidade. Isso é uma coisa de que a USP<br />
não pode abrir mão, sob pena até de enriquecimento sem causa da entidade.<br />
Qualquer pessoa que preste uma atividade privada numa situação em que ela<br />
só tem os lucros, enquanto as despesas correm por conta da universidade pública,<br />
qualquer pessoa consegue bons resultados. Se eu vou instalar um curso,<br />
mas a USP vai pagar todas as despesas, eu só vou ter os benefícios e vou,<br />
com toda certeza, conseguir ótimos resultados e uma grande eficiência!<br />
Outro requisito é que os servidores públicos, inclusive docentes, que atuem<br />
junto às fundações de apoio o façam fora do seu horário normal de trabalho e<br />
obedecendo ao regime de trabalho docente. A menos que a atividade esteja vinculada<br />
a algum projeto ou estudo da própria universidade, isso é indispensável.<br />
Também não pode haver coincidência entre os dirigentes dos órgãos de administração<br />
da USP e os dirigentes da entidade, porque aí há uma colidência de<br />
interesses. Já vi um convênio firmado de um lado pelo diretor da faculdade e, de<br />
outro, pelos dirigentes da fundação, e um dos dirigentes era o próprio diretor da<br />
faculdade. Ele assina dos dois lados. Isto, além de ilegal, fere princípios elementares<br />
de moralidade administrativa. São interesses conflitantes, colidentes.<br />
É necessário também que haja transparência, seja com relação aos<br />
vínculos com a universidade, seja com relação aos projetos desenvolvidos<br />
em conjunto — é perfeitamente possível o convênio <strong>para</strong> desenvolver projetos,<br />
mas eles têm que ser divulgados —, seja com relação aos recursos<br />
arrecadados. Porque, se a entidade está arrecadando recursos, ministrando<br />
cursos dentro da universidade, se ela tem que repassar uma parte, tem que<br />
haver publicidade da arrecadação desses recursos.<br />
Um dos argumentos que se utiliza freqüentemente <strong>para</strong> defender a<br />
eficiência das fundações é o que diz respeito à sua capacidade de carrear<br />
recursos <strong>para</strong> a universidade, adquirir bens, complementar salário etc. Isto<br />
até pode ter uma parcela de verdade, mas tudo isso tem que ser formalizado,<br />
tem que ser contabilizado. Não adianta a fundação dizer que ela<br />
compra computador <strong>para</strong> a universidade, que ela reforma, que ela faz isso<br />
e <strong>aqui</strong>lo, se isso não for devidamente contabilizado.<br />
<strong>Adusp</strong> • novembro de 2004 31