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Universidade pública e fundações privadas: aspectos conceituais, éticos e jurídicos<br />

fins da universidade pública. A fundação de apoio, ao dar um curso de mestrado,<br />

uma especialização, o que é que ela está fazendo? Atividade-fim da<br />

própria faculdade. Nós não podemos aceitar isso. Atividade-fim totalmente<br />

delegada. E o pior de tudo, cobrando <strong>para</strong> isso.<br />

Achei engraçado, ao ler um relatório do Grupo de Trabalho de<br />

Fundações, pois se faz a citação de um professor, que eu não quero dizer<br />

o nome, que fala que a fundação de apoio ajuda a faculdade a se desincumbir<br />

das suas funções. Será que é isso que a gente quer? A gente quer<br />

desincumbir a faculdade? Ela visa a isso, desincumbir-se da sua função de<br />

ensinar, pesquisar? Realmente, vejo essa nebulosidade um tanto quanto<br />

imoral. Motivação dissimulada.<br />

Agora, sobre esse discurso de interação da universidade com a sociedade,<br />

captação de recursos, flexibilização, nós temos, por trás de tudo, um<br />

interesse quase que exclusivamente ganancioso. É o ter sobre o ser, infelizmente.<br />

É uma forma que alguns professores encontraram de aumentar os<br />

seus salários. Não adianta tapar o sol com a peneira. Essa é a pura verdade.<br />

Essa é a motivação de quase todas as demais fundações, porque se fala “estamos<br />

ajudando a universidade a captar recurso”. Mas, quanto? 1%? Será<br />

que está fazendo diferença? “Ah, mas o retorno da universidade não é só<br />

financeiro, é um retorno acadêmico, uma motivação acadêmica”. Uma motivação<br />

acadêmica? Ver professor falar: “É difícil escolher quem vai ganhar<br />

1.600 reais num final de semana”? Pactuar com isso, eu acho imoral.<br />

O professor, às vezes, é contratado por fundação de apoio <strong>para</strong> lecionar<br />

utilizando a marca da USP e ganhando mais que o próprio professor da<br />

USP. Vamos aceitar isso? É um absurdo. Então, é uma motivação dissimulada<br />

e também um canal efetivo de privatização do ensino público superior<br />

e de comercialização do saber. Sou contra esse tipo de fundação.<br />

Com isso, as atividades desempenhadas pelas fundações de apoio propiciam<br />

a violação do princípio constitucional da moralidade administrativa,<br />

ante a ausência de lealdade, honestidade e boa fé. O princípio da moralidade<br />

administrativa é aquele dever que uma administração tem, e também o<br />

particular que com ela se relaciona, de honestidade, dignidade, boa fé, em<br />

relação a todo serviço prestado. Se não observarmos esses comandos, essas<br />

diretrizes, haverá uma violação do princípio da moralidade administrativa,<br />

princípio esse que é constitucional.<br />

Já posso até chamar de utopia, mas defendo a extinção dos convênios<br />

celebrados entre as universidades públicas e as fundações de apoio, tendo<br />

em vista que restou demonstrada a obscuridade e a ausência de motivação<br />

<strong>Adusp</strong> • novembro de 2004 45

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