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INSTITUTO MATERNO-INFANTIL DE PERNAMBUCO (IMIP)<br />

PROGRAMA DE MESTRADO EM SAÚDE MATERNO- INFANTIL<br />

COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS INTRA E PÓS-OPERATÓRIOS<br />

DA HISTERECTOMIA VAGINAL VERSUS HISTERECTOMIA<br />

ABDOMINAL EM MULHERES SEM PROLAPSO GENITAL, EM UM<br />

HOSPITAL-ESCOLA DO RECIFE: ENSAIO CLÍNICO<br />

RANDOMIZADO<br />

AURÉLIO ANTÔNIO RIBEIRO DA COSTA<br />

RECIFE – 2003<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


AURÉLIO ANTÔNIO RIBEIRO DA COSTA<br />

COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS INTRA E PÓS-OPERATÓRIOS<br />

DA HISTERECTOMIA VAGINAL VERSUS HISTERECTOMIA<br />

ABDOMINAL EM MULHERES SEM PROLAPSO GENITAL, EM UM<br />

HOSPITAL-ESCOLA DO RECIFE: ENSAIO CLÍNICO<br />

RANDOMIZADO<br />

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO COLEGIADO DO<br />

CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL<br />

DO INSTITUTO MATERNO-INFANTIL DE PERNAMBUCO<br />

COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO<br />

GRAU DE MESTRE EM SAÚDE MATERNO INFANTIL<br />

ORIENTADORA: MELANIA MARIA RAMOS DE AMORIM<br />

CO-ORIENTADORA: TELMA CURSINO<br />

RECIFE – 2003<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


ESTA TESE É DEDICADA...<br />

A todas as pacientes do estudo,<br />

s<strong>em</strong> as quais não seria possível o bom des<strong>em</strong>penho deste<br />

trabalho. Severinas, mulheres humildes, lutadoras e sonhadoras,<br />

verdadeiro objetivo da incansável luta pelo b<strong>em</strong> estar.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


AGRADECIMENTOS<br />

Gostaria de agradecer a todas as pessoas que, de alguma forma ou <strong>em</strong> algum momento,<br />

estiveram presentes na elaboração desta tese, mas <strong>em</strong> especial...<br />

A Deus, ser supr<strong>em</strong>o e controlador de tudo e de todos, idealizador dos caminhos que<br />

tracei e executei ao longo de minha tênue e inicial trajetória acadêmica. Obrigado pela sublime<br />

oportunidade de ajudar meus s<strong>em</strong>elhantes.<br />

Aos meus pais, Sebastião (in m<strong>em</strong>orian) e Margarida, constantes batalhadores pelo<br />

sucesso de nossas vidas, incentivadores de nosso caráter e da boa formação social. Obrigado pelo<br />

amor incondicional!<br />

À Iaponira, minha esposa, fonte inesgotável de inspiração, detentora de minha mais nobre<br />

criação, o meu infinito amor. Soberana, comedida e astuta, foi meu alicerce nos momentos de<br />

dificuldade e minha plataforma para alçar grandes vôos!<br />

Às minhas filhas Tainá e Taís, pela compreensão involuntária <strong>em</strong> relação inúmeros<br />

momentos de ausência que tive de proporcionar. Meu grande oásis, onde s<strong>em</strong>pre encontrei a luz<br />

que justifica a vida.<br />

à Melania Amorim, amiga e orientadora, modelo de profissionalismo, dedicação pessoal,<br />

amor ao próximo e à paciente <strong>em</strong> particular. Ex<strong>em</strong>plo de dignidade, esforço e companheirismo.<br />

Um ser humano acima dos padrões normais. Ajudar s<strong>em</strong>pre, s<strong>em</strong> se incomodar com hora, local<br />

ou situação. Melania, meus mais sinceros agradecimentos, Deus permita que eu consiga atingir a<br />

décima parte do teu des<strong>em</strong>penho.<br />

Ao Dr Luis Carlos Santos, pela idéia inicial da pesquisa e pelas grandes oportunidades<br />

que s<strong>em</strong>pre me proporciona.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


À Dra Vilma Guimarães, chefe da ginecologia do IMIP, obrigado pelas oportunidades e<br />

pelos sábios conselhos de s<strong>em</strong>pre.<br />

À Dra Telma Cursino, pela habilidade <strong>em</strong> me d<strong>em</strong>onstrar as grandes dificuldades na<br />

realização de um curso de Mestrado, s<strong>em</strong> com isso deixar de acreditar na minha capacidade!<br />

À Dra Júlia Dias, minha primeira incentivadora para realização do Mestrado. Obrigado<br />

pelo incentivo e sugestões.<br />

Ao Dr João Guilherme Alves, Coordenador do Mestrado, a qu<strong>em</strong>, representando todo<br />

corpo docente, eu agradeço pelas lições que recebi.<br />

Ao Dr Murilo Brito, pela ajuda na identificação e solução das nuances metodológicas que<br />

aos nossos olhos pareciam inexistentes.<br />

À Dra Cláudia Henriques, amiga s<strong>em</strong>pre disposta a ajudar. S<strong>em</strong>pre que precisava realizar<br />

trocas de plantões, era a ela que eu recorria.<br />

À Dra Luciana Lima, amiga e colega de Mestrado, seguir seus passos metodológicos<br />

facilitaram minha caminhada na fase final desta tese. Luciana você não imagina o quanto ajudou.<br />

Obrigado.<br />

À Dra Carm<strong>em</strong> Lúcia, pela atenção dispensada ao andamento dos trabalhos e pela<br />

disposição <strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ajudar.<br />

Aos médicos residentes de Tocoginecologia do IMIP, todos, s<strong>em</strong> restrições, ajudaram de<br />

forma crucial para a boa realização desta tese. Aos amigos residentes, meus mais sinceros<br />

agradecimentos, s<strong>em</strong> vocês eu não teria conseguido!<br />

Aos colegas Ginecologistas, da cirurgia ginecológica, que participavam como se deles<br />

fosse a tese. Muito Obrigado.<br />

Aos colegas Anestesistas, que apesar das inúmeras dificuldades técnicas, foram de grande<br />

ajuda para a execução do estudo.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


À Sra Odimeres Oliveira, secretária do Mestrado, pela inúmeras circunstâncias de ajuda,<br />

s<strong>em</strong>pre mantendo o ótimo humor.<br />

À Enfermeira Carla Ramos, pela grande ajuda, por me proporcionar facilidade técnica no<br />

des<strong>em</strong>penho da tese e por s<strong>em</strong>pre se d<strong>em</strong>onstrar solícita.<br />

Às auxiliares de enfermag<strong>em</strong> Viviane Smanio e Lourdes Lavor, do Centro Obstétrico,<br />

pela disposição <strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre realizar a pesag<strong>em</strong> de compressas após a cirurgia, fato primordial para<br />

realização desta tese.<br />

À Srta Juliana Costa, burocrata da enfermaria doe Ginecologia, s<strong>em</strong>pre encontrando os<br />

prontuários nos lugares mais obscuros deste nosocômio.<br />

Aos amigos Drs. Alberto Souza Leão, Augusto Neto e Clodoval Barros, pelo enorme<br />

incentivo e pelos alegres momentos de descontração durantes estes tantos sábados no decorrer<br />

deste ano.<br />

Enfim, a todas as pessoas que se prontificaram a participar desta pesquisa, acreditando<br />

que sua colaboração pudesse resultar <strong>em</strong> benefícios futuros.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


SUMÁRIO<br />

SUMÁRIO<br />

LISTA DE TABELAS<br />

LISTA DE ABREVIATURAS<br />

RESUMO<br />

I. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 17<br />

II. OBJETIVOS ....................................................................................................... 33<br />

III. HIPÓTESES ....................................................................................................... 34<br />

IV. MÉTODOS ......................................................................................................... 35<br />

4.1 Local de Estudo .................................................................................................. 35<br />

4.2 Período de Estudo ............................................................................................... 35<br />

4.3 Desenho de Estudo .............................................................................................. 36<br />

4.4 População de Estudo ........................................................................................... 36<br />

4.5 Tamanho da Amostra .......................................................................................... 36<br />

4.6 Critérios e procedimentos para seleção de sujeitos ............................................ 37<br />

4.6.1 Critérios de Inclusão ........................................................................................... 37<br />

4.6.2 Critérios de Exclusão .......................................................................................... 37<br />

4.7 Variáveis e Conceitos ......................................................................................... 38<br />

4.8 Procedimentos para seleção e randomização das pacientes ............................... 43<br />

4.8.1 Seleção dos grupos.............................................................................................. 43<br />

4.8.2 Randomização das pacientes .............................................................................. 45<br />

4.9 Caracterização Amostral ..................................................................................... 45<br />

4.10 Técnicas Cirúrgicas e Anestésicas ...................................................................... 46<br />

4.11 Procedimentos, Testes e Exames ........................................................................ 50<br />

4.12 Procedimento para Coleta de Dados ................................................................... 52<br />

4.13 Procedimento para Análise dos Dados ............................................................... 54<br />

4.14 Aspectos Éticos ................................................................................................... 55<br />

V. RESULTADOS .................................................................................................. 57<br />

VI. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 71<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


VII. CONCLUSÕES .................................................................................................. 88<br />

VIII. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................... 90<br />

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 92<br />

ANEXOS ............................................................................................................ 103<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


LISTA DE TABELAS<br />

TABELA 4.1 – Características das pacientes submetidas a histerectomia total no CAM- IMIP no<br />

período de Março a Nov<strong>em</strong>bro de 2002.........................................................................................46<br />

TABELA 5.1 – Comparação da perda sanguínea intra-operatória <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso<br />

genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e<br />

nov<strong>em</strong>bro de 2002..........................................................................................................................57<br />

TABELA 5.2. Distribuição de freqüência da necessidade de h<strong>em</strong>otransfusão <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre<br />

março e nov<strong>em</strong>bro de 2002............................................................................................................58<br />

TABELA 5.3. Duração do ato operatório nas pacientes <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso genital,<br />

submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro<br />

de 2002...........................................................................................................................................59<br />

TABELA 5.4. Distribuição da freqüência da duração do t<strong>em</strong>po anestésico <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre<br />

março e nov<strong>em</strong>bro de 2002............................................................................................................60<br />

TABELA 5.5. Escores da Escala Visual Analógica no pós-operatório (6h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre<br />

março e nov<strong>em</strong>bro de 2002............................................................................................................61<br />

TABELA 5.6. Escores da Escala Visual Analógica no pós-operatório (12h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre<br />

março e nov<strong>em</strong>bro de 2002............................................................................................................62<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.7. Escores da Escala Visual Analógica no pós-operatório (24h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre<br />

março e nov<strong>em</strong>bro de 2002............................................................................................................63<br />

TABELA 5.8. Distribuição de freqüência da necessidade de utilização de analgésicos no pósoperatório<br />

(6h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou<br />

abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002................................................64<br />

TABELA 5.9. Distribuição de freqüência da necessidade de utilização de analgésicos no pósoperatório<br />

(12h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou<br />

abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002................................................65<br />

TABELA 5.10. Distribuição de freqüência da necessidade de utilização de analgésicos no pósoperatório<br />

(24h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou<br />

abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002................................................66<br />

TABELA 5.11. Distribuição de freqüência complicações intra e pós-operatórias <strong>em</strong> pacientes<br />

s<strong>em</strong> prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE,<br />

entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002...................................................................................................67<br />

TABELA 5.12. Avaliação do t<strong>em</strong>po de permanência hospitalar <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso<br />

genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e<br />

nov<strong>em</strong>bro de 2002..........................................................................................................................68<br />

TABELA 5.13. T<strong>em</strong>po de retorno às atividades habituais <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso genital,<br />

submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro<br />

de 2002...........................................................................................................................................69<br />

TABELA 5.14. Distribuição de freqüência do grau de satisfação com o resultado do tratamento<br />

<strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso genital, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP,<br />

Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002...............................................................................70<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

CAM<br />

CDC<br />

CIND<br />

IMC<br />

IMIP<br />

MPS<br />

NCHS<br />

NESC<br />

TVP<br />

Centro de Atenção à Mulher<br />

Center for Diseases Control and Prevention<br />

Consenso do Instituto Nacional de Doenças<br />

Índice de Massa Corpórea<br />

Instituto Materno Infantil de Pernambuco<br />

Ministério da Previdência Social<br />

National Center of Health Statistics<br />

Núcleo de Estudo <strong>em</strong> Saúde Coletiva<br />

Trombose Venosa Profunda<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


COSTA, A.A.R. Comparação dos resultados intra e pós-operatórios da histerectomia<br />

vaginal versus abdominal <strong>em</strong> mulheres s<strong>em</strong> prolapso genital, <strong>em</strong> um hospital-escola do<br />

Recife: ensaio clínico randomizado. [Dissertação de Mestrado]. IMIP, Recife, 2003.123 p.<br />

tab.<br />

RESUMO<br />

CENÁRIO: a histerectomia representa uma das cirurgias mais frequent<strong>em</strong>ente realizadas <strong>em</strong> todo<br />

o mundo. Apesar de diversos estudos observacionais sugerir<strong>em</strong> vantagens da histerectomia por<br />

via vaginal <strong>em</strong> relação à abdominal, são escassos os ensaios clínicos controlados comparando as<br />

duas técnicas.<br />

OBJETIVO: comparar os resultados intra e pós-operatórios <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso genital ou<br />

doenças anexiais, submetidas a histerectomia vaginal ou abdominal.<br />

MÉTODOS: realizou-se um estudo tipo ensaio clínico aberto, randomizado, <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso genital que se submeteram a histerectomia total, indicada por doenças benignas, no<br />

IMIP, <strong>em</strong> Recife, Pernambuco. Incluíram-se 35 pacientes, alocadas aleatoriamente <strong>em</strong> dois<br />

grupos, sendo 19 submetidas a histerectomia vaginal e 16 a histerectomia abdominal. Foram<br />

estudadas as seguintes variáveis: volume de perda sangúínea, necessidade de h<strong>em</strong>otransfusão,<br />

t<strong>em</strong>po operatório, dor pós-operatória (intensidade e uso de analgésicos), t<strong>em</strong>po de permanência<br />

hospitalar, complicações operatórias, t<strong>em</strong>po de retorno às atividades e grau de satisfação das<br />

pacientes. Para análise estatística, utilizaram-se os testes qui-quadrado de associação, exato de<br />

Fisher e Mann-Whitney para comparação dos grupos, considerando-se significativo um erro alfa<br />

menor que 5%.<br />

RESULTADOS: o volume de sangue perdido durante as histerectomias por via abdominal<br />

(mediana de 902ml) foi significativamente maior <strong>em</strong> relação à perda durante as histerectomias<br />

vaginais (mediana de 520ml), e nenhuma paciente neste último grupo requereu h<strong>em</strong>otransfusão,<br />

contra 19% no primeiro grupo. A duração da cirurgia foi s<strong>em</strong>elhante, com mediana de 120<br />

minutos nos dois grupos. A intensidade da dor, verificada pelos escores da escala analógica<br />

visual, foi significativamente menor entre as pacientes submetidas a histerectomia vaginal, que<br />

também apresentaram menor freqüência de utilização de analgésicos. Não houve diferença na<br />

freqüência de complicações intra ou pós-operatórias entre os dois grupos, encontrando-se apenas<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


um caso de infecção <strong>em</strong> cada grupo e um caso de TVP no grupo das histerectomias vaginais). O<br />

t<strong>em</strong>po de retorno às atividades das pacientes submetidas à histerectomia vaginal foi<br />

significativamente menor (mediana de 35 dias) <strong>em</strong> relação ao outro grupo (mediana de 40 dias).<br />

O grau de satisfação foi s<strong>em</strong>elhante nos dois grupos.<br />

CONCLUSÃO: os benefícios da histerectomia vaginal no presente estudo incluíram menor<br />

volume de perda sanguínea intra-operatória, menor intensidade da dor pós-operatória, menor<br />

freqüência de solicitação de analgésicos e menor t<strong>em</strong>po de retorno às atividades após a cirurgia.<br />

A via vaginal pode substituir com vantagens a via abdominal <strong>em</strong> pacientes com indicação de<br />

histerectomia.<br />

PALAVRAS-CHAVES: Histerectomia abdominal. Histerectomia vaginal. Complicações<br />

cirúrgicas. Ensaio clínico randomizado.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


ABSTRACT<br />

BACKGROUND: Hysterectomy is one of the most commonly performed surgical procedure<br />

worldwide. Although several observational studies suggest more advantages for vaginal<br />

hysterectomy when compared with abdominal hysterectomy, randomized controlled trials<br />

comparing both techniques are rare.<br />

OBJECTIVES: To compare intra and postoperative results of vaginal hysterectomy with those of<br />

abdominal hysterectomy in women without genital prolapse and adnexal pathology.<br />

METHODS: A randomized, open clinical trial was conducted, involving 35 patients without<br />

genital prolapse scheduled for total hysterectomy for benign disease, in IMIP, Recife, Brazil.<br />

These patients were randomly assigned to vaginal hysterectomy (19 patients) or abdominal<br />

hysterectomy (16 patients). Main outcome measures included estimated blood loss, rate of blood<br />

transfusion, duration of surgery, postoperative pain (intensity and analgesics requir<strong>em</strong>ent), time<br />

in hospital, postoperative complications, recovery time and patient satisfaction. Statistical<br />

analysis was performed using chi-square, Fisher’s exact and Mann-Whitney tests at a 5% level of<br />

significance.<br />

RESULTS: Estimated blood losses were significantly lower for vaginal hysterectomy (median of<br />

520ml) than for abdominal hysterectomy (median of 902ml). There was no blood transfusion<br />

among patients in vaginal hysterectomy group, in contrast to 19% in abdominal hysterectomy<br />

group. Duration of surgery was similar (median of 120minutes in both groups). Postoperative<br />

pain as measured by visual analog scale and analgesics requir<strong>em</strong>ent, was lower for vaginal<br />

hysterectomy than for abdominal hysterectomy. There was no statistically significant difference<br />

in the frequency of postoperative complications. There was one case of infection in each group<br />

and one case of thrombosis in vaginal hysterectomy group. Postoperative hospital stay was<br />

similar in both groups but recovery time was significantly shorter in the vaginal group (median of<br />

35 days) versus the abdominal group (median of 40 days). Overall patient satisfaction with<br />

operation was similar in the two groups.<br />

CONCLUSIONS: Patients without genital prolapse submitted to vaginal hysterectomy for<br />

treatment of benign diseases had some advantages in relation to those submitted to abdominal<br />

hysterectomy: lower intraoperative blood loss, lower postoperative pain and faster recovery<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


time.Vaginal hysterectomy may replace abdominal hysterectomy in most patients who require a<br />

hysterectomy.<br />

KEY-WORDS: Abdominal, Vaginal, Hysterectomy. Gynecologic Surgery. Postoperative<br />

Complications. Clinical Trial.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


ATENAS / SEVERINAS<br />

“Atenas de parto dramático, nasceu adulta da cabeça de Zeus,<br />

Com lança nas mãos <strong>em</strong>itiu um grito de guerra,<br />

não possuía a consciência da figura materna.<br />

Conselheira de homens heróicos, protetora das artes, tecnologia e civilizações.<br />

Estrategista, prática, mais razão que <strong>em</strong>oção.<br />

Sangue pelo trabalho, mas o corpo, pouca atenção.<br />

Nossas deusas severinas, não são imortais, mas pasm<strong>em</strong>, se perpetuam!”<br />

(Aurélio Ribeiro da Costa)<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


I. INTRODUÇÃO<br />

A abordag<strong>em</strong> operatória <strong>em</strong> Ginecologia segue os mesmos princípios gerais da Cirurgia e<br />

t<strong>em</strong> como objetivo aprimorar o ato cirúrgico, diminuindo os riscos e aumentando a segurança. O<br />

sucesso de uma cirurgia não depende tão somente das habilidades técnicas do cirurgião, mas<br />

principalmente de um conjunto de providências das quais faz<strong>em</strong> parte a indicação precisa da<br />

cirurgia, a avaliação pré-operatória, boa técnica cirúrgica e acompanhamento pós-operatório<br />

rigoroso (CONCEIÇÃO, 2000).<br />

O dicionário Aurélio, da língua portuguesa, conceitua histerectomia como uma expressão<br />

originada da junção de duas outras palavras de orig<strong>em</strong> grega: histerus, que se refere ao útero e<br />

ectomia, que indica retirada, extirpação. Portanto a histerectomia representa a ablação<br />

cirurgicamente do útero. Esta ainda pode ocorrer segundo duas vias ou técnicas: a abdominal e a<br />

vaginal (HOLANDA, 2002).<br />

A histerectomia é uma das cirurgias ginecológicas mais realizadas nos serviços de todo o<br />

mundo (WILCOX et al., 1994). Nos Estados Unidos, representa o procedimento cirúrgico mais<br />

comum <strong>em</strong> mulheres depois da cesariana, realizando-se <strong>em</strong> torno de 600.000 histerectomias a<br />

cada ano. Acredita-se que mais de 20 milhões de americanas já foram submetidas a este<br />

procedimento. O NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTICS – NCHS estima que, aos<br />

60 anos, uma <strong>em</strong> cada três mulheres já terá sido submetida a histerectomia (GRAVES, 1989), e<br />

que ao final de 2005 tenham sido realizadas 854.000 histerectomias. Este dado assustador só<br />

perde <strong>em</strong> freqüência para o número de operações cesarianas previsto para o mesmo período,<br />

cerca de um milhão (BACCHIERI E MATTOS JR, 1998).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Na Europa, estima-se que cerca de 20% das mulheres com 55 anos já tenham sido<br />

submetidas à histerectomia <strong>em</strong> diversos países, como Itália e Reino Unido (VAN KEEP et al.,<br />

1983; VESSEY et al., 1992). No Brasil, entre janeiro de 2000 e set<strong>em</strong>bro de 2002 foram<br />

realizadas no Sist<strong>em</strong>a Único de Saúde (SUS) cerca de 300.000 histerectomias (BRASIL, 2002),<br />

não se dispondo de informações do número total destes procedimentos por falta dos dados<br />

pertinentes às histerectomias <strong>em</strong> clínicas privadas, particulares ou através dos planos de saúde.<br />

As indicações mais freqüentes são as doenças benignas (leiomiomatose uterina,<br />

endometriose, hiperplasias), enquanto as doenças malignas representam <strong>em</strong> torno de 10% das<br />

indicações. Destaca-se sobretudo o elevado percentual de casos de miomatose uterina como<br />

indicação principal das histerectomias (THOMPSON E WARSHAW, 1997; WILCOX et al.,<br />

1994).<br />

Apesar de ter se tornado uma cirurgia relativamente segura na atualidade, a morbidade<br />

associada à histerectomia não é desprezível. O risco de mortalidade é considerado baixo, <strong>em</strong><br />

torno de 1 a 2 para cada 1000 intervenções, conseqüência direta dos progressos no tratamento das<br />

doenças associadas, dos cuidados pré e pós-operatórios, do uso adequado de h<strong>em</strong>otransfusão e<br />

antibióticos, b<strong>em</strong> como dos avanços nas técnicas anestésicas. No entanto, as complicações pósoperatórias<br />

são ainda importantes, estimando-se que até 25% das histerectomias vaginais e 50%<br />

das histerectomias abdominais curs<strong>em</strong> com algum tipo de complicação (HARRIS, 1997;<br />

THOMPSON E WARSHAW, 1997).<br />

A histerectomia representa uma intervenção invasiva, não tendo se modificado muito com<br />

o passar dos t<strong>em</strong>pos. Levando <strong>em</strong> consideração sua freqüência e magnitude, fica fácil entender a<br />

incessante busca pela otimização de sua técnica e os esforços para proporcionar a maneira ideal<br />

de realizá-la. Entretanto, apesar de seus resultados ter<strong>em</strong> sofrido uma melhora significativa, estes<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


se dev<strong>em</strong> muito mais à inovação das técnicas de suporte clínico do que ao procedimento<br />

propriamente dito (BACCHIERI E MATTOS JR, 1998).<br />

Neste sentido, reforça-se a necessidade de se obter resultados melhores com técnicas<br />

cirúrgicas menos agressivas. Sob esta óptica, diversos pesquisadores começaram a se preocupar<br />

<strong>em</strong> d<strong>em</strong>onstrar as vantagens da técnica vaginal <strong>em</strong> detrimento da abdominal, reunindo evidências<br />

elaboradas e sist<strong>em</strong>atizadas e trazendo à tona uma discussão que está longe de se considerar<br />

esgotada (VARMA et al., 2001).<br />

A histerectomia vaginal foi, historicamente, a primeira a ser utilizada, sendo realizada<br />

com o objetivo de tratar mulheres com prolapso uterino avançado. Conselhos para se evitar a<br />

queda do útero já são lidos no papiro de Ebers, que data de 1550 a.C. O primeiro relato de<br />

r<strong>em</strong>oção de útero prolapsado por via vaginal é de Soranus de Ephesus, no ano 120 da era Cristã.<br />

Entretanto, atribuiu-se a Jacopo Berengarius, <strong>em</strong> 1517, a primeira descrição autêntica de<br />

histerectomia vaginal. Em 1800, Baudelocque, um cirurgião francês, introduziu a técnica de<br />

seccionar os ligamentos uterinos durante o procedimento cirúrgico (PINOTTI et al.,2001).<br />

A história revela que as primeiras histerectomias por via vaginal da era moderna foram<br />

realizadas na Al<strong>em</strong>anha por Conrad Langenbeck, <strong>em</strong> 1813 e <strong>em</strong> Boston, <strong>em</strong> 1829, por Jonh<br />

Collins Warren (LEMGRUBER E LEMGRUBER, 1997).<br />

Desde o início do século XIX, os relatos clínicos evidenciaram uma preferência pela<br />

técnica vaginal para realização de histerectomia com o objetivo de debelar doenças benignas do<br />

útero. Os resultados, porém, eram pouco animadores, o que levou a comunidade médica daquela<br />

época a enveredar por outra técnica: a abdominal. Esta surgiu, quase que por acaso, <strong>em</strong> meados<br />

do século XIX, como tratamento para úteros leiomiomatosos. Mesmo assim, o desfecho clínico<br />

destas mulheres era, <strong>em</strong> sua quase totalidade, o óbito, devido ao alto grau de agressão que este<br />

procedimento proporcionava.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Desta forma, a histerectomia vaginal ressurgiu na segunda metade do século XIX através<br />

das mãos de Osiander, que realizou a primeira histerectomia vaginal eletiva com sucesso.<br />

Entretanto, coube a um cirurgião chamado Fenger a descrição da técnica cirúrgica nos moldes<br />

modernos, como hoje é conhecida. Associando os estudos de Fenger aos esforços de um outro<br />

estudioso chamado Doyen, as histerectomias vaginais passaram a ser realizadas de forma<br />

sist<strong>em</strong>ática e com relativa segurança. Contudo, as discussões entre os defensores de ambas as<br />

técnicas se acirraram no fim do século XIX, controvérsia que persiste até os dias de hoje<br />

(BRIEGER, 1997).<br />

Nessa etapa da história dev<strong>em</strong> ser s<strong>em</strong>pre l<strong>em</strong>brados alguns pontos fundamentais que<br />

tornaram a histerectomia mais segura como, por ex<strong>em</strong>plo, a enorme contribuição dada por<br />

S<strong>em</strong>melweiss que, com suas observações sobre a lavag<strong>em</strong> das mãos, promoveu uma brusca<br />

redução das taxas de infecção pós-operatória. Além disso, os princípios de anti-sepsia defendidos<br />

por Lister e o uso de luvas proposto por Halsted, ainda no século XIX, foram de extr<strong>em</strong>a<br />

importância para diminuir mais ainda essas taxas. Finalmente, no século XX, com a descoberta<br />

dos antibióticos por Fl<strong>em</strong>ing e a posterior adoção da antibioticoprofilaxia, as cirurgias, <strong>em</strong> geral,<br />

e a histerectomia, <strong>em</strong> particular, tornaram-se uma modalidade terapêutica mais segura e eficaz<br />

(THOMPSON E WARSHAW, 1997).<br />

Nas duas últimas décadas, com a tendência a se realizar tratamentos eficazes com o<br />

mínimo de agressão, começaram a se buscar técnicas cirúrgicas menos invasivas e de melhores<br />

resultados. Neste contexto, começaram a surgir estudos tentando comprovar as vantagens da<br />

histerectomia pela via vaginal (BACCHIERI E MATTOS JR, 1998).<br />

De uma maneira geral, as indicações para que uma paciente seja submetida à<br />

histerectomia são bastante amplas, variando desde processos benignos, como por ex<strong>em</strong>plo a<br />

miomatose uterina e os distúrbios endometriais, até as neoplasias, como o câncer cervical.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Entretanto, a mais freqüente indicação de histerectomia é de longe a miomatose uterina, o que<br />

leva a um número expressivo destes procedimentos (LEMGRUBER E LEMGRUBER, 1997).<br />

Novas indicações para a histerectomia vaginal têm despontado. Esta técnica,<br />

historicamente, s<strong>em</strong>pre foi indicada para correção de doenças benignas e que possuíam um<br />

requisito básico <strong>em</strong> sua história clínica, a presença de prolapso uterino. Todavia, com o advento<br />

de novas tecnologias e o desenvolvimento de nova abordag<strong>em</strong> cirúrgica, com equipamentos<br />

específicos e adequados para determinadas situações, tornou-se mais simples e possível a<br />

realização da histerectomia pela técnica vaginal, mesmo <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso. Desta forma,<br />

a via vaginal apresenta-se como uma concorrente direta à técnica abdominal, passando a abranger<br />

diversas outras indicações (THOMPSON E WARSHAW, 1997);<br />

Considerando-se o número de cirurgias realizadas, fica evidente o interesse dos diversos<br />

centros de ginecologia por uma nova abordag<strong>em</strong> terapêutica, minimizando as possíveis situações<br />

de risco, s<strong>em</strong>pre levando <strong>em</strong> consideração a relação custo/benefício (BACCHIERI E MATTOS<br />

JR , 1998).<br />

Deve-se destacar que a preocupação com a taxa de complicações relacionadas à<br />

histerectomia é assaz pertinente, uma vez que as evidências apontam que cerca de um quarto das<br />

mulheres submetidas a este procedimento desenvolv<strong>em</strong> algum tipo de complicação<br />

(BACCHIERI E MATOS JR, 1998)<br />

MODALIDADES DE HISTERECTOMIA<br />

A primeira consideração a ser feita é <strong>em</strong> relação à via de acesso, podendo a histerectomia<br />

ser por via abdominal ou alta e por via vaginal ou baixa.<br />

Quanto à extensão, a cirurgia pode se dividir <strong>em</strong> total, quando todo o órgão uterino sofre<br />

ablação, ou conservadora, quando apenas uma parte do útero é retirada (abrangendo as<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


modalidades de histerectomia subtotal e fúndica). Tanto na total como na conservadora, os<br />

anexos pod<strong>em</strong> ou não ser extirpados. Este processo ainda pode ser uni ou bilateral. Quando o<br />

útero é retirado totalmente e seus anexos também o são, bilateralmente, a cirurgia é denominada<br />

histerectomia total com anexectomia bilateral. (LEMGRUBER E LEMGRUBER, 1997).<br />

Com relação à técnica propriamente dita, exist<strong>em</strong> basicamente duas escolas. A escola<br />

européia recomenda abordar o útero a partir dos anexos, <strong>em</strong> direção às artérias uterinas e o colo,<br />

agindo simultaneamente <strong>em</strong> cada lado do órgão. Esta modalidade é a preferida pela maioria das<br />

escolas médicas brasileiras. A outra técnica utilizada é a da escola americana, que consiste na<br />

liberação da peça cirúrgica, partindo-se de um dos anexos <strong>em</strong> direção ao outro, caminhando<br />

através do colo (LEMGRUBER E LEMGRUBER, 1997). Não exist<strong>em</strong> estudos controlados<br />

comparando as duas técnicas, de forma que a seleção se faz basicamente pela preferência do<br />

cirurgião, refletindo o aprendizado de uma ou outra durante os programas de treinamento e<br />

especialização, especialmente a Residência Médica.<br />

A modalidade de histerectomia fúndica, como o próprio nome diz, consiste na retirada<br />

apenas do fundo uterino, com a finalidade de retirar pequenos miomas não palpáveis ou praticar a<br />

exérese de tecido miometrial anormal (adenomiose), conservando a maior quantidade de tecido<br />

endometrial <strong>em</strong> mulheres mais jovens que ainda desejam manter o período catamenial<br />

(OLIVEIRA et al., 2000).<br />

Outra forma de histerectomia que t<strong>em</strong> ganhado terreno nos últimos anos consiste na<br />

abordag<strong>em</strong> através de cirurgia vídeo-laparoscópica, com um nível b<strong>em</strong> menor de agressão <strong>em</strong><br />

relação a laparotomia. Entretanto, o custo elevado torna-se um dos grandes obstáculos à sua<br />

popularização (OLIVEIRA et al., 2000), uma vez que o procedimento requer aparelhag<strong>em</strong><br />

especial, com todos os custos inerentes à aquisição e manutenção, além de profissionais com<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


treinamento especializado e necessidade de anestesia geral, gerando maiores gastos hospitalares<br />

(LUMSDEN et al., 2000).<br />

Uma grande parte dos estudos de intervenção que tentam determinar a técnica mais<br />

adequada apontam para a histerectomia vaginal vídeo-assistida como uma boa opção, inclusive<br />

como alternativa a situações adversas, alargando os limites das indicações clássicas, que passam a<br />

incluir úteros maiores e os casos com cirurgia pregressa (SCHUTZ et al., 2002).<br />

ESCOLHA DA VIA ADEQUADA<br />

A opção pela via adequada depende de fatores relevantes que não dev<strong>em</strong> fugir à atenção<br />

do ginecologista, sob o risco de tornar seus resultados pouco satisfatórios. A técnica vaginal será<br />

escolhida quando se quiser diminuir o risco anestésico com uma anestesia mais superficial,<br />

diminuir a incidência de hérnias pós-operatórias, realizar cirurgias <strong>em</strong> pacientes obesas, quando<br />

se desejar um pós-operatório menos doloroso pela ausência de incisão abdominal e,<br />

principalmente, na presença de prolapso uterino. (LENGRUBER, 1995). Entretanto, deve-se<br />

analisar criteriosamente a paciente, para definir se a técnica é ou não exeqüível, se o útero t<strong>em</strong><br />

tamanho adequado, testando sua mobilidade e descida, quando tracionado.<br />

INDICAÇÕES<br />

A histerectomia b<strong>em</strong> indicada t<strong>em</strong> por principal objetivo salvar a vida, aliviar o<br />

sofrimento e corrigir as deformidades (THOMPSON E WARSHAW, 1997).<br />

As indicações benignas que levam a uma histerectomia pod<strong>em</strong> ser de causas anatômicas,<br />

funcionais, infecciosas e <strong>em</strong>ergenciais (LEMGRUBER E LEMGRUBER, 1997):<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


• As causas anatômicas mais freqüent<strong>em</strong>ente encontradas são os miomas uterinos, a<br />

endometriose, a adenomiose, o prolapso uterino, anomalias uterinas de desenvolvimento,<br />

o aparecimento de fístulas útero-intestinais e anomalias arteriovenosas pélvicas.<br />

• Entre as causas funcionais mais importantes, destaca-se o sangramento uterino<br />

disfuncional. Dor pélvica crônica e dismenorréia secundária são indicações quando não<br />

são responsivas ao tratamento medicamentoso.<br />

• Causas infecciosas ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> situações onde o útero é o foco infeccioso, como no<br />

piométrio, tuberculose, alguns casos de pelviperitonite e estágios avançados de doença<br />

inflamatória pélvica crônica.<br />

• Exist<strong>em</strong> inúmeras causas <strong>em</strong>ergenciais para se indicar uma histerectomia. As mais<br />

freqüentes são atonia uterina, ruptura uterina intraparto, inversão uterina pós-parto,<br />

placenta acreta ou percreta, corioamnionite severa e aborto séptico (indicações<br />

obstétricas). Em Ginecologia, a metrorragia ou o leiomioma <strong>em</strong> parturição pod<strong>em</strong> indicar<br />

o procedimento <strong>em</strong> caráter de urgência.<br />

HISTERECTOMIA ABDOMINAL X HISTERECTOMIA VAGINAL<br />

Como já discutimos anteriormente, desde os primórdios da Medicina t<strong>em</strong> se tentado<br />

extirpar o útero pela via vaginal, devido à morbimortalidade inaceitavelmente alta das cirurgia<br />

abdominal. À medida que a técnica abdominal foi se tornando mais segura, o interesse pela<br />

histerectomia vaginal decaiu, para ressurgir ao longo das duas últimas décadas, <strong>em</strong> parte pela<br />

possibilidade da cirurgia vídeo-assistida (REICH, 1989).<br />

A eleição adequada da técnica cirúrgica requer experiência, maturidade e uma avaliação<br />

cuidadosa da paciente e da perícia técnica do cirurgião. Classicamente, descrev<strong>em</strong>-se as seguintes<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


vantagens da histerectomia vaginal <strong>em</strong> relação à via abdominal (THOMPSON E WARSHAW,<br />

1997):<br />

• A histerectomia vaginal é uma operação quase que totalmente extraperitoneal,<br />

sendo, portanto, mínima a manipulação de alças intestinais;<br />

• Na histerectomia vaginal é menor o risco de morbidades associadas à incisão<br />

abdominal, como infecções, eviscerações, hérnias e dor;<br />

• As dificuldades técnicas na obesidade são b<strong>em</strong> menores com a histerectomia<br />

vaginal;<br />

• O pós-operatório é b<strong>em</strong> melhor nas histerectomias vaginais, as mulheres<br />

deambulam mais precoc<strong>em</strong>ente e cuidam melhor de si mesmas. Isto reduz os<br />

cuidados de enfermag<strong>em</strong> e leva à normalização mais rápida da função intestinal,<br />

fazendo com que a paciente se alimente mais cedo;<br />

• Existe um menor grau de interferência da função pulmonar;<br />

• A incidência de morbidade infecciosa pós-operatória é menor que na histerectomia<br />

abdominal, o que reduz a necessidade de antibióticos e analgésicos;<br />

• A histerectomia vaginal é mais b<strong>em</strong> tolerada por pacientes de idade avançada ou<br />

com alguma enfermidade associada;<br />

• A histerectomia vaginal está associada a um menor grau de formação de<br />

aderências pós-operatórias.<br />

A histerectomia vaginal se realiza com maior freqüência para os tratamentos de doenças<br />

benignas, geralmente associadas com distopias das paredes vaginais (cistocele, uretrocele etc.).<br />

Em todos os casos é importante que a paciente tenha completado sua vida reprodutiva.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


SELEÇÃO DA TÉCNICA<br />

Na maioria dos países do mundo, a maior parte das histerectomias são ainda realizadas<br />

por via abdominal. Estima-se que, nos Estados Unidos, 70%-80% das 600.000 histerectomias<br />

realizadas anualmente são por laparotomia (HEALTH CARE TECHNOLOGY INSTITUTE,<br />

1995). No Reino Unido, mais de 80% das histerectomias são realizadas pela via abdominal,<br />

clássica, enquanto na Suécia mais de 95% dos casos de histerectomia na ausência de prolapso são<br />

realizadas abdominalmente (OLSSON et al., 1996).<br />

A preferência do cirurgião, baseada principalmente na maior familiaridade com a técnica<br />

selecionada, parece ser o fator mais importante para determinação da via da histerectomia.<br />

Acredita-se que a histerectomia abdominal seja realizada mais freqüent<strong>em</strong>ente, simplesmente<br />

pela confiança do cirurgião <strong>em</strong> sua capacidade de realizar o procedimento por laparotomia e à<br />

falta de desejo de tentar a cirurgia vaginal, que pode parecer tecnicamente mais difícil (DORSEY<br />

et al., 1996).<br />

No Brasil, das 300.000 histerectomias realizadas entre janeiro de 2000 e set<strong>em</strong>bro de<br />

2002, pouco mais de 22.000 foram por via vaginal (BRASIL, 2002). Salvo exceção de alguns<br />

poucos serviços, a tradição brasileira s<strong>em</strong>pre foi de histerectomia abdominal (CAMARGO E<br />

RIBEIRO, 2001), conquanto nos últimos anos venha despontando um aumento das indicações da<br />

cirurgia vaginal (FIGUEIREDO et al., 1998; MACEDO et al., 1995).<br />

Em Pernambuco, os dados registrados a partir de janeiro de 2000 até set<strong>em</strong>bro de 2002<br />

pelo Núcleo de Estudos <strong>em</strong> Saúde Coletiva (NESC) da Secretaria da Saúde revelam um número<br />

superior a 16.000 histerectomias, das quais aproximadamente 800 foram realizadas por via<br />

vaginal. Isto corresponde a aproximadamente 3.500 procedimentos por ano, sendo que destas<br />

cirurgias 3.181 ocorreram por via abdominal e apenas 269 pela técnica vaginal<br />

(PERNAMBUCO, 2002).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


No Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), até 1999, as histerectomias eram<br />

realizadas preferent<strong>em</strong>ente por via abdominal, reservando-se a cirurgia vaginal para os casos de<br />

prolapso uterino. A partir de 2000, ampliaram-se as indicações, que passaram a incluir os casos<br />

s<strong>em</strong> prolapso (COSTA et al., 2002). O IMIP, no ano de 2000, foi a instituição de saúde que mais<br />

realizou a histerectomia vaginal no estado de Pernambuco, atingindo uma marca de 54 cirurgias<br />

neste ano (PERNAMBUCO, 2002). Destas pacientes, vinte e cinco não eram portadoras de<br />

prolapso uterino (IMIP, 2002).<br />

CONTRA-INDICAÇÕES DA HISTERECTOMIA VAGINAL<br />

Exist<strong>em</strong> poucas contra-indicações formais à realização da histerectomia vaginal, havendo<br />

consenso apenas <strong>em</strong> relação às condições malignas como, por ex<strong>em</strong>plo, câncer de endométrio e à<br />

presença de doenças anexiais, quando a via abdominal é preferível. Nos casos de dor pélvica de<br />

etiologia desconhecida ou s<strong>em</strong>pre que a dor representar um componente importante do quadro<br />

clínico, a abordag<strong>em</strong> vaginal não permite avaliação adequada da pelve, devendo-se optar pela via<br />

abdominal. (THOMPSON E WARSHAW, 1997).<br />

Não existe contra indicação à histerectomia vaginal <strong>em</strong> pacientes nulíparas, naquelas com<br />

história de cirurgia pélvica (cesárea ou laparotomia) ou na ausência de prolapso uterino. Na<br />

verdade, <strong>em</strong> algumas pacientes com antecedentes de cesariana, a dissecção vesical se realiza com<br />

menor dificuldade pela abordag<strong>em</strong> vaginal <strong>em</strong> relação à abdominal (RANNEY, 1990).<br />

Mesmo assim, um número expressivo de condições clínicas ainda é geralmente aceito<br />

como contra-indicações à histerectomia vaginal. Alguns autores tentaram rever estes conceitos,<br />

realizando estudos de validação. Em um deles foram avaliados os parâmetros pós-operatórios <strong>em</strong><br />

250 pacientes submetidas à histerectomia vaginal que possuíam características que comumente as<br />

colocariam <strong>em</strong> situações de contra-indicação, como útero maior que 180g, nuliparidade ou<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


ausência de partos vaginais e relato de cirurgias prévias. O grupo foi comparado a três outros<br />

controles e os resultados de todas as pacientes foram analisados, encontrando-se uma vantag<strong>em</strong><br />

expressiva a favor da via vaginal, mesmo <strong>em</strong> situações de possível contra-indicação. Os autores<br />

sugeriram que algumas condições caracterizadas como contra-indicações à histerectomia vaginal<br />

deveriam ser revistas (DOUCETTE et al, 2001).<br />

Estudiosos britânicos já haviam questionado as possíveis contra-indicações clássicas à<br />

técnica vaginal. Em uma revisão dos registros de 500 mulheres que se submeteram a<br />

histerectomia total (apenas 19,2% por via vaginal), observou-se que, caso foss<strong>em</strong> aplicados os<br />

critérios de seleção normalmente usados na literatura (pertinentes ao volume uterino, associação<br />

com prolapso, cirurgias prévias e outros), mais de 65% das histerectomias abdominais poderiam<br />

ter sido realizadas por via vaginal (DAVIES et al, 1998).<br />

Ainda com relação às possíveis contra-indicações, vários estudos tentam d<strong>em</strong>onstrar que o<br />

tamanho do útero não mais se apresenta como um grande obstáculo. Com o advento de técnicas<br />

vídeo-laparoscópicas de assistência, associadas à morcelação do órgão, a cirurgia por via vaginal<br />

parece obter os melhores resultados, mesmo requerendo um modesto aumento no t<strong>em</strong>po<br />

operatório (UNGER, 1999).<br />

COMPARAÇÃO DAS TÉCNICAS<br />

Diversos estudos, <strong>em</strong> sua maior parte observacionais, têm abordado a freqüência de<br />

complicações da histerectomia, de acordo com a via de acesso. De uma forma geral, a via vaginal<br />

parece mais segura (COSSON et al, 2001), <strong>em</strong>bora alguns autores d<strong>em</strong>onstr<strong>em</strong> taxas s<strong>em</strong>elhantes<br />

de complicações. Em uma avaliação de 1.851 pacientes submetidas à histerectomia total, apenas<br />

dois casos evoluíram com complicações pós-operatórias: uma paciente apresentou abscesso de<br />

cúpula vaginal, e outra evoluiu com retenção urinária (BACCHIERI E MATTOS , 1998).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Outros parâmetros têm sido avaliados e comparados de acordo com o tipo de cirurgia<br />

escolhida. Além da freqüência de infecção, os estudos têm pesquisado duração do ato operatório,<br />

relação custo/benefício, t<strong>em</strong>po de retorno ao trabalho, dentre outras situações pertinentes. Em um<br />

estudo de coorte prospectivo realizado nos Estados Unidos, analisaram-se 1.427 mulheres<br />

submetidas à histerectomia total, por via vaginal, vaginal assistida por laparoscopia ou<br />

abdominal, todas com doenças benignas confinadas ao útero e volume uterino menor que 280g.<br />

Observaram-se diversas vantagens para a via vaginal, destacando-se a menor média no t<strong>em</strong>po de<br />

permanência hospitalar (3,9 contra 2,7 dias, p < 0,001) e uma redução significativa do risco de<br />

complicações, com uma freqüência de 9,3% para as abdominais e de 5,3% para as vaginais (p <<br />

00,1) (KOVAC , 2000). O estudo se destaca pelo número expressivo de pacientes incluídas.<br />

Porém, <strong>em</strong> se tratando de um estudo observacional, não houve alocação aleatória das pacientes<br />

para cada um dos tipos de cirurgia, de forma que não se pode descartar a possibilidade de vieses<br />

de seleção.<br />

Alguns estudos pequenos, retrospectivos, corroboraram estes resultados. SWITALA et al.<br />

(1998) compararam 49 mulheres que se submeteram à histerectomia vaginal com 22 pacientes<br />

nas quais se realizou histerectomia abdominal, observando-se uma média de perda sanguínea<br />

maior para a via abdominal (659ml vs 359ml, p = 0,006). Resultado s<strong>em</strong>elhante também foi<br />

encontrado quando se utilizou a média de queda entre h<strong>em</strong>oglobina pré e pós-cirúrgica, sendo a<br />

média de queda para a via abdominal <strong>em</strong> torno de 2,5 pontos e de 1,8 pontos para a vaginal (p =<br />

0,004). Deve-se ressaltar que todos os casos incluídos neste estudo correspondiam a pacientes<br />

com volume uterino maior que 500 gramas, indicando a exequibilidade da técnica vaginal nesta<br />

condição. Entretanto, alguns vieses permearam o estudo, relacionados ao desenho (coorte,<br />

retrospectivo), como por ex<strong>em</strong>plo o volume uterino, que foi significativamente maior nos casos<br />

operados por laparotomia (747 versus 644 g, p = 0,02)<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Em contrapartida, alguns estudos não d<strong>em</strong>onstram melhores resultados com a via vaginal.<br />

Um estudo de coorte prospectivo envolvendo 687 mulheres na Finlândia evidenciou um risco de<br />

complicações de 4,5% para histerectomia vaginal, <strong>em</strong> comparação com 1,7% para a abdominal<br />

(MELTOMAA et al, 1999). Mais uma vez, tratava-se de um estudo observacional e não de um<br />

ensaio clínico, limitando assim o poder da evidência. Outra questão metodológica a ser<br />

considerada é o grau de familiaridade dos cirurgiões com a técnica, uma vez que a curva de<br />

aprendizag<strong>em</strong> influencia os resultados da cirurgia (GATES, 1997).<br />

Neste sentido, DORSEY et al. (1996) afirmaram que, <strong>em</strong>bora seja fácil criticar o abuso da<br />

abordag<strong>em</strong> abdominal, pode ser melhor para as pacientes ser operadas por esta via, desde que o<br />

procedimento seja realizado por um cirurgião que se sinta habilitado e confiante para realizar a<br />

cirurgia proposta, <strong>em</strong> relação à via vaginal quando o cirurgião não se sente confortável n<strong>em</strong> t<strong>em</strong><br />

experiência suficiente com a técnica.<br />

Uma grande vantag<strong>em</strong> no que diz respeito à via vaginal parece ser a menor incidência de<br />

morbidade febril pós-operatória. Isto foi d<strong>em</strong>onstrado <strong>em</strong> um estudo que acompanhou durante 20<br />

anos 6.420 mulheres submetidas à histerectomia vaginal. Nestas pacientes foram descartadas as<br />

doenças malignas e um dado novo foi avaliado, comprovando mais uma vantag<strong>em</strong> deste tipo de<br />

cirurgia: o menor risco de complicações psicossexuais (KALOGIROU et al, 1996).<br />

Em uma série de 962 histerectomias indicadas por miomatose uterina, EL-GHAOUI et al.<br />

(1999) d<strong>em</strong>onstraram que, além do menor t<strong>em</strong>po operatório, menor risco de complicações<br />

infecciosas e menor média de permanência hospitalar, a técnica vaginal também associou-se a<br />

menor risco de acidentes trombo<strong>em</strong>bólicos. Neste estudo, um coorte retrospectivo, compararamse<br />

453 histerectomias vaginais e 509 histerectomias abdominais <strong>em</strong> um hospital francês.<br />

Um outro estudo retrospectivo de 682 pacientes com média de idade de 50 anos,<br />

submetidas à histerectomia por via vaginal entre 1992 e 1996, encontrou uma morbidade muito<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


menor para a abordag<strong>em</strong> vaginal, com menor incidência de febre pós-operatória,<br />

trombo<strong>em</strong>bolismo pélvico e lesão vesical (MARTIN et al, 1999). Em outra avaliação<br />

retrospectiva de 148 histerectomias totais, s<strong>em</strong> prolapso e com indicação por doença benigna, um<br />

menor índice de complicações foi observado, mesmo na presença de cirurgia pélvica anterior<br />

(CHAUVEAUD et al, 2002).<br />

Por outro lado, uma revisão sist<strong>em</strong>ática da literatura publicada, incluindo os resultados<br />

dos diversos estudos observacionais realizados entre 1989 e 1995, pôde comparar cerca de 5000<br />

pacientes submetidas à histerectomia total, sendo 1618 histerectomias abdominais, 3112<br />

histerectomias vaginais assistidas por laparoscopia e 690 histerectomias vaginais simples.<br />

Descreveram-se resultados mais favoráveis para a histerectomia vaginal isolada (s<strong>em</strong><br />

laparoscopia). De uma forma geral, a via vaginal associou-se à menor permanência hospitalar,<br />

menor necessidade de analgésicos e mais rápida recuperação pós-operatória. Porém, o t<strong>em</strong>po<br />

cirúrgico foi mais prolongado e houve maior risco de lesão de bexiga nos casos assistidos por<br />

laparoscopia (MEIKLE et al., 1997).<br />

Infelizmente, como já se destacou anteriormente, todos os estudos supracitados<br />

representam estudos descritivos, e apenas um ensaio clínico randomizado comprovou uma<br />

significativa redução do t<strong>em</strong>po cirúrgico nos casos de histerectomia vaginal, <strong>em</strong> relação à via<br />

abdominal (OTTOSEN et al, 2000). Neste estudo, realizado na Suécia, 122 mulheres com<br />

indicação de histerectomia por indicações diversas foram randomizadas para três braços:<br />

histerectomia vaginal simples, histerectomia vaginal assistida laparoscopicamente e histerectomia<br />

abdominal. Mesmo nos casos com assistência laparoscópica, esta foi reduzida ao mínimo<br />

indispensável, conforme as recomendações de RICHARDSON et al. (1995). Os autores<br />

concluíram que a histerectomia vaginal tradicional representa uma técnica operatória exeqüível e<br />

mais rápida do que a histerectomia vaginal com assistência laparoscópica, s<strong>em</strong> as desvantagens<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


da histerectomia abdominal (maior t<strong>em</strong>po de permanência hospitalar e maior t<strong>em</strong>po de<br />

convalescença). A recomendação foi que a histerectomia vaginal deveria constituir o método<br />

preferencial para r<strong>em</strong>oção uterina.<br />

No IMIP, realiza-se atualmente um número expressivo de histerectomias vaginais na<br />

ausência de prolapso uterino. Em estudo anterior, descrev<strong>em</strong>os uma série de 33 casos, operados<br />

no serviço entre 2000 e 2001, observando-se reduzida perda sanguínea e um número pequeno de<br />

complicações (COSTA et al., 2002). Entretanto, este não foi um estudo comparado, de forma que<br />

não utilizamos um grupo-controle.<br />

Evident<strong>em</strong>ente, muitos outros parâmetros poderiam ser avaliados de forma controlada,<br />

através de um estudo clínico b<strong>em</strong> elaborado. Em se confirmando as vantagens já descritas na<br />

literatura para a histerectomia vaginal, mudanças proveitosas poderiam ser introduzidas na<br />

conduta do serviço, que atualmente ainda privilegia a via abdominal, mesmo quando presentes<br />

critérios permitindo a indicação da via vaginal.<br />

Realizamos, portanto, o presente estudo, um ensaio clínico randomizado, aberto, visando<br />

a comparar os resultados intra e pós-operatórios <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino, submetidas à<br />

histerectomia vaginal ou abdominal no Centro de Atenção à Mulher do IMIP.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


II. OBJETIVOS<br />

OBJETIVO GERAL<br />

Comparar os resultados intra e pós-operatórios da histerectomia vaginal e abdominal <strong>em</strong><br />

pacientes com doença benigna, s<strong>em</strong> prolapso uterino, atendidas <strong>em</strong> um hospital-escola do Recife.<br />

OBJETIVOS ESPECÍFICOS<br />

Em pacientes com doença benigna, s<strong>em</strong> prolapso uterino, submetidas à histerectomia abdominal<br />

ou vaginal no IMIP:<br />

1. Comparar a perda sangüínea intra-operatória e a freqüência de h<strong>em</strong>otransfusão.<br />

2. Comparar a duração do ato operatório e o t<strong>em</strong>po de anestesia.<br />

3. Comparar a intensidade da dor e a necessidade de analgésicos no período pós-operatório, com<br />

seis, 12 e 24 horas.<br />

4. Comparar a freqüência de complicações pós-operatórias (infecção do sítio cirúrgico,<br />

h<strong>em</strong>atomas, acidentes trombo<strong>em</strong>bólicos e ligadura de ureter).<br />

5. Comparar o t<strong>em</strong>po de permanência hospitalar, o t<strong>em</strong>po de retorno às atividades e o grau de<br />

satisfação das pacientes.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


III. HIPÓTESES<br />

1. Verifica-se menor perda sanguínea intra-operatória e menor freqüência de h<strong>em</strong>otransfusão <strong>em</strong><br />

pacientes submetidas à histerectomia vaginal <strong>em</strong> relação à abdominal.<br />

2. O t<strong>em</strong>po de procedimento operatório e o t<strong>em</strong>po de anestesia são menores <strong>em</strong> pacientes<br />

submetidas à histerectomia vaginal <strong>em</strong> relação àquelas submetidas à histerectomia abdominal.<br />

3. Verifica-se menor freqüência e intensidade de dor pós-operatória <strong>em</strong> pacientes submetidas à<br />

histerectomia vaginal do que naquelas submetidas à técnica abdominal.<br />

4. A freqüência de complicações pós-operatórias é menor nas pacientes submetidas à<br />

histerectomia vaginal <strong>em</strong> relação à abdominal.<br />

5. Verifica-se menor t<strong>em</strong>po de permanência hospitalar, t<strong>em</strong>po mais rápido de retorno às<br />

atividades habituais e maior grau de satisfação <strong>em</strong> pacientes submetidas à histerectomia<br />

vaginal <strong>em</strong> relação à abdominal<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


IV. MÉTODOS<br />

4.1 Local de Estudo<br />

O estudo foi realizado no Centro de Atenção à Mulher do Instituto Materno Infantil de<br />

Pernambuco (IMIP). O IMIP é uma instituição filantrópica s<strong>em</strong> fins lucrativos, voltado à<br />

assistência materno-infantil, tendo como caráter principal a preocupação com o ensino, a<br />

pesquisa e a extensão. Recebe estudantes da área de saúde das principais universidades de<br />

Pernambuco e de outros estados, mantendo ainda intercâmbio e parcerias com instituições de<br />

outros países.<br />

O Centro de Atenção à Mulher é dividido <strong>em</strong> diversos setores: Ambulatório, no qual são<br />

atendidas anualmente cerca de 100.000 consultas ginecológicas, Maternidade, com cerca de<br />

6.000 partos por ano, Enfermaria de Gestação Patológica, com internamento anual <strong>em</strong> torno de<br />

1.000 pacientes e Enfermaria de Ginecologia, com 35 leitos, onde se realiza o acompanhamento<br />

hospitalar de diversos distúrbios ginecológicos, b<strong>em</strong> como assistência pré e pós-operatória.<br />

As cirurgias ginecológicas são realizadas no Centro Cirúrgico do IMIP. Mensalmente são<br />

realizadas cerca de oitenta cirurgias ginecológicas, sendo a histerectomia total uma das mais<br />

freqüentes, chegando a quarenta por mês. No ano de 2002, foram realizadas 95 histerectomias por<br />

via vaginal. Destas, vinte pacientes não possuíam prolapso uterino.<br />

4.2 Período do Estudo<br />

O estudo foi realizado no período compreendido entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

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4.3 Desenho de Estudo<br />

Realizou-se um ensaio clínico aberto, randomizado, comparando-se grupos de pacientes<br />

com doença benigna e s<strong>em</strong> prolapso uterino submetidas à histerectomia total abdominal ou<br />

vaginal.<br />

4.4 População do estudo<br />

A população de estudo consistiu de todas as pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino com<br />

indicação de histerectomia total por doenças benignas, internadas na enfermaria de ginecologia<br />

do CAM-IMIP, no período de março a nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

4.5 Tamanho da Amostra<br />

O cálculo para tamanho da amostra foi realizado para detectar diferenças na perda<br />

sanguínea intra-operatória entre os grupos, utilizando-se a fórmula para comparação de duas<br />

médias (FRIEDMAM, 1996), como se segue:<br />

2N=<br />

4 x (Zα + Zβ) x σ 2<br />

δ 2<br />

Onde δ = µ 1 – µ 2 , Zα= 1,96 e Zβ= 1,28.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Baseando-se <strong>em</strong> dados de um estudo anterior (COSTA, 2002), utilizou-se uma estimativa<br />

de desvio-padrão de 390 e uma diferença de médias esperada entre os grupos para perda<br />

sangüínea intra-operatória de 300 mililitros. Com isso, foi encontrado um número para tamanho<br />

amostral de 70 pacientes. Devido à chance de perdas de seguimento e exclusão pósrandomização,<br />

preparou-se uma tabela de randomização para 76 mulheres, sendo 38 designadas<br />

aleatoriamente para o tratamento com histerectomia total por via vaginal e 38 para o tratamento<br />

com a histerectomia total pela via abdominal.<br />

Entretanto, quando se realizou análise interina, depois de se completar o seguimento da<br />

38ª paciente, verificou-se superioridade do tratamento <strong>em</strong> um dos grupos. Considerando-se a<br />

questão ética, foi suspensa a inclusão de novas pacientes e descontinuado o estudo. Foram<br />

excluídas três destas 38 pacientes que, depois da randomização, tiveram suas indicações<br />

cirúrgicas revertidas antes da cirurgia.<br />

4.6 Critérios para seleção dos sujeitos<br />

4.6.1 Critérios de Inclusão<br />

• Pacientes com doença uterina benigna, internadas na enfermaria de ginecologia.<br />

• Indicação de histerectomia total.<br />

• Idade entre 30-65 anos.<br />

4.6.2 Critérios de exclusão<br />

• Atraso menstrual ou gravidez confirmada<br />

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• Doenças oncológicas<br />

• Prolapso uterino<br />

• Duas ou mais laparotomias anteriores<br />

• Volume uterino maior que 300 cm 3<br />

• Doenças anexiais<br />

• Recusa da paciente <strong>em</strong> participar do estudo<br />

4.7 Variáveis e conceitos<br />

Variável independente:<br />

• Técnica cirúrgica: histerectomia total abdominal ou vaginal, <strong>em</strong> pacientes com<br />

indicação por doenças benignas, s<strong>em</strong> prolapso uterino ou doenças anexiais;<br />

Variáveis dependentes<br />

• T<strong>em</strong>po de ato operatório: variável numérica, contínua, definida como o intervalo entre<br />

a incisão inicial da pele e sua síntese, categorizada para análise <strong>em</strong> maior que 120<br />

minutos e menor ou igual a 120 minutos (este ponto de corte considerou a mediana da<br />

duração do ato operatório).<br />

• T<strong>em</strong>po de anestesia: variável numérica, contínua, definida como o intervalo entre a<br />

punção anestésica e o fechamento da pele; categorizada para análise (a partir da<br />

mediana encontrada) <strong>em</strong> maior que 130 minutos e menor ou igual a 130 minutos.<br />

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• Perda sanguínea intra-operatória: avaliada a partir da pesag<strong>em</strong> de compressas e gazes<br />

utilizadas na cirurgia, quantificando-se o volume total <strong>em</strong> mililitros (variável<br />

numérica, contínua).<br />

• H<strong>em</strong>otransfusão: variável nominal, dicotômica, categorizada através da necessidade<br />

ou não de se administrar h<strong>em</strong>oderivados no período intra ou pós-operatório.<br />

• Dor pós-operatória: avaliada pela Escala Visual Analógica (COLLINS et al., 1997) e<br />

pela necessidade (solicitação) de drogas analgésicas no pós-operatório:<br />

− Escores da Escala Visual Analógica – variável ordinal, mensurada de acordo com<br />

a avaliação subjetiva da paciente, <strong>em</strong> valores variando de zero a 10, mensurados<br />

com seis, 12 e 24 horas de pós-operatório.<br />

− Necessidade de drogas analgésicas no pós-operatório: variável nominal<br />

dicotômica: SIM / NÃO<br />

• Infecção de sítio cirúrgico: variável nominal, dicotômica (SIM/NÃO), definida de<br />

acordo com os critérios do CDC (MANGRAM et al.,1999), corresponde ao processo<br />

infeccioso que se desenvolve no local do corpo humano <strong>em</strong> que foi realizada uma<br />

cirurgia, podendo ser incisional (na própria ferida operatória) ou de órgãos e espaços<br />

(infecção intracavitária ou profunda, com ou s<strong>em</strong> abscessos). A incisional por sua vez,<br />

pode ser classificada como superficial (quando compromete apenas pele e tecido<br />

celular subcutâneo) e profunda (envolvendo fáscia e camadas musculares), além de<br />

identificar a infecção de cúpula vaginal (ANEXO I).<br />

• Acidente trombo<strong>em</strong>bólico: variável nominal, dicotômica (SIM/NÃO), categorizada<br />

segundo critérios do CIND (Consenso do Instituto Nacional de Doenças – EUA)<br />

(GREENFIELD E WAKEFIELD, 1989):<br />

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- Tromboflebite superficial: caracterizada por dor, calor, erit<strong>em</strong>a, veia<br />

localizada, febre.<br />

- Trombose venosa profunda: caracterizada por dor, aumento da<br />

sensibilidade e ed<strong>em</strong>a. Presença dos seguintes sinais clínicos:<br />

a. Homans: dor à dorsiflexão do pé.<br />

b. Denek: dor à palpação profunda da planta do pé.<br />

c. Payer: Dor à palpação profunda da panturrilha<br />

d. Low<strong>em</strong>berg: dor à insuflação do manguito entre 60 e 150mmHg.<br />

- Embolia pulmonar: dispnéia, h<strong>em</strong>optise, dor pleural, síncope, choque.<br />

• H<strong>em</strong>atomas: variável nominal, dicotômica (SIM/NÃO), definida de acordo com a<br />

presença ou não de sinais clínicos e ultra-sonográficos, sugerindo coleção de sangue<br />

na ferida operatória ou na cavidade abdominal (drenada ou não).<br />

• Ligadura do ureter: variável nominal, dicotômica (SIM/NÃO), referente à ligadura uni<br />

ou bilateral dos ureteres, suspeitada no trans-operatório ou no pós-operatório imediato<br />

ou tardio, por anúria, dor ou abaulamento dos flancos, com sinais de obstrução na<br />

ultra-sonografia e na urografia excretora, sendo confirmada durante cirurgia para<br />

reimplante de ureter.<br />

• T<strong>em</strong>po de permanência hospitalar: variável numérica, contínua, expressa <strong>em</strong> horas, a<br />

partir do término da cirurgia até a hora da alta hospitalar. Categorizada para análise<br />

<strong>em</strong> maior que 48 horas e menor ou igual a 48 horas.<br />

• T<strong>em</strong>po para retorno às atividades habituais: t<strong>em</strong>po transcorrido entre o momento da<br />

alta e o reinício das atividades de trabalho fora ou dentro do lar, expresso <strong>em</strong> dias<br />

(variável numérica). Avaliado nas consultas de retorno com oito, 30 e 45 dias.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


• Grau de satisfação com o tratamento: variável categórica mensurada de acordo com a<br />

avaliação subjetiva da paciente, no retorno com oito, 30 e 45 dias de pós-operatório,<br />

considerando-se quatro alternativas: muito satisfeita; satisfeita; pouco satisfeita;<br />

insatisfeita. Para análise, recategorizaram-se as duas primeiras categorias como<br />

satisfeita e as duas últimas como insatisfeita.<br />

Variáveis de controle (para testar a randomização)<br />

• Idade: variável numérica, contínua, expressa <strong>em</strong> anos <strong>completo</strong>s, de acordo com a<br />

informação da paciente.<br />

• Paridade: variável, numérica, discreta, correspondendo ao número de partos de acordo<br />

com a informação da paciente.<br />

• IMC: variável, numérica, discreta, correspondendo à divisão do peso pelo quadrado da<br />

altura, conforme dados de prontuário.<br />

• Doenças associadas: presença ou não de diabetes, hipertensão, obesidade e outras<br />

doenças, cada qual categorizada como variável dicotômica (SIM/NÃO):<br />

- Diabetes: diagnosticado pela elevação da glic<strong>em</strong>ia de jejum acima de 126mg% ou<br />

um valor do teste oral de tolerância à glicose maior ou igual a 200mg% (REPORT<br />

OF THE EXPERT COMMITTEE ON THE DIAGNOSIS AND<br />

CLASSIFICATION OF DIABETES MELLITUS, 1997).<br />

- Hipertensão: diagnosticada pela elevação dos níveis tensionais, acima de 140<br />

mmHg para a medida sistólica e de 90 mmHg para a medida diastólica, conforme o<br />

III° CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL (MANO, 1998)<br />

(ANEXO II).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


- Obesidade: diagnosticada por um Índice de Massa Corpórea (IMC) maior ou igual<br />

a 30,0. O índice de massa corpórea corresponde à divisão do peso pelo quadrado da<br />

altura (kg/cm 3 ), estando os valores normais entre 20 e 24 (NATIONAL<br />

INSTITUTES OF HEALTH, 1998).<br />

• Antecedentes cirúrgicos: variável nominal, dicotômica, categorizada através da<br />

presença ou não de laparotomia prévias e/ou procedimentos na esfera genital, segundo<br />

informações colhidas <strong>em</strong> prontuários.<br />

• Volume uterino: variável numérica, contínua, expressa <strong>em</strong> cm 3 , através de dados<br />

ecográficos (volume uterino) e avaliação pós-cirúrgica da peça.<br />

Critérios de exclusão:<br />

• Prolapso uterino: descida do istmo uterino através da vagina, após tração com pinça de<br />

Pozzi, tendo como referência o plano das carúnculas mirtiformes. Para classificação<br />

dos graus de prolapso, adotou-se a classificação de BADEN (1972) para o perfil<br />

vaginal. O histerômetro é usado para confirmar que o istmo, e não somente o colo<br />

uterino, desce através da vagina, para permitir o diagnóstico diferencial com<br />

alongamento hipertrófico do colo. O prolapso é dito de III grau quando ultrapassa as<br />

carúnculas mirtiformes.<br />

• Doenças anexiais: presença ecográfica de imag<strong>em</strong> anexial sugestiva de tumor ou<br />

coleção.<br />

• Atraso menstrual: ausência de sangramento catamenial por mais de 30 dias, indicando<br />

realização de teste de gravidez.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


• Doença oncológica: quaisquer neoplasias ginecológicas, interessando vagina, colo,<br />

corpo uterino ou anexo, diagnosticada antes ou depois da cirurgia através de exames<br />

histopatológicos.<br />

4.8 Procedimentos para seleção e randomização das pacientes<br />

4.8.1. Seleção dos grupos<br />

Todas as pacientes foram encaminhadas à enfermaria de Ginecologia depois da marcação<br />

da data de cirurgia pela junta médica, onde eram confirmadas a indicação de histerectomia total e<br />

a propedêutica laboratorial pré-operatória (ANEXO VII).<br />

Quando internadas na enfermaria, as pacientes foram acompanhadas diariamente pelo<br />

médico residente de Tocoginecologia, que comunicava sua presença ao pesquisador. Este<br />

aplicava, então, os critérios de inclusão e exclusão (ANEXO III), informando as pacientes<br />

elegíveis sobre os procedimentos que seriam realizados e as possíveis conseqüências de sua<br />

participação na pesquisa.<br />

Durante o período de estudo, realizaram-se no IMIP 169 histerectomias, sendo 44 vaginais<br />

e 125 abdominais. Destas, 39 preenchiam os critérios de seleção para este ensaio clínico. Uma<br />

paciente recusou-se a participar do estudo, todas as outras concordaram e assinaram o termo de<br />

consentimento livre e esclarecido (ANEXO IV). A paciente que se recusou a participar do estudo<br />

foi operada por via abdominal, conforme a rotina preconizada pelo serviço.<br />

Somente após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelas pacientes que<br />

concordaram <strong>em</strong> participar da pesquisa, o pesquisador realizou sua alocação <strong>em</strong> um dos dois<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


grupos, após abertura de envelope lacrado que continha o grupo selecionado para aquela<br />

participante. Estes envelopes foram previamente preparados por um auxiliar que não participou<br />

dos d<strong>em</strong>ais procedimentos da pesquisa, a partir da tabela de números randômicos.<br />

Desta forma, o pesquisador não tinha conhecimento prévio do grupo selecionado para a<br />

participante no momento da solicitação do consentimento, n<strong>em</strong> tampouco do grupo da paciente<br />

seguinte, de forma a garantir a ocultação da alocação.<br />

Realizou-se sist<strong>em</strong>aticamente ultra-sonografia pélvica e endovaginal durante o<br />

internamento na enfermaria de Ginecologia, com o objetivo de avaliar as dimensões uterinas e<br />

afastar doenças anexiais (tumorações). Mensurou-se o eco endometrial, considerando-se o ponto<br />

de corte de 4mm, adotado no serviço (GUIMARÃES, 1998). Todas as pacientes foram<br />

submetidas a rastreamento para neoplasias de colo uterino, endométrio e ovários.<br />

Realizou-se sist<strong>em</strong>aticamente colpocitologia oncótica e colposcopia, com biópsia dirigida<br />

na presença de lesões cervicais. Histeroscopia foi realizada <strong>em</strong> todas as pacientes com<br />

espessamento do eco endometrial. Os casos de neoplasia diagnosticados antes da cirurgia, por<br />

critérios histológicos, não foram selecionados para participar do estudo. Depois da cirurgia,<br />

nenhum resultado histopatológico evidenciou neoplasia de colo ou de corpo uterino.<br />

Todas as pacientes eram examinadas antes da cirurgia pelo cirurgião responsável pela<br />

execução do procedimento (ginecologista do corpo clínico do hospital), reavaliando-se a<br />

indicação cirúrgica. Desta forma, após randomização e alocação <strong>em</strong> um dos grupos, excluíram-se<br />

ainda três pacientes, porque a indicação cirúrgica foi revertida antes do procedimento, alterandose<br />

a via proposta após este exame.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


4.8.2. Randomização das participantes<br />

A randomização para histerectomia vaginal ou abdominal foi realizada de acordo com uma<br />

tabela de números randômicos previamente gerada <strong>em</strong> computador (EPITABLE do software Epiinfo<br />

6.04b) e apresentada no ANEXO V. A partir dessa tabela, prepararam-se envelopes lacrados<br />

e numerados seqüencialmente de um a 76, contendo o grupo ao qual seria alocada a paciente.<br />

4.9 Caracterização Amostral<br />

Foram admitidas no estudo 35 pacientes, das quais 19 foram submetidas à histerectomia<br />

total por via vaginal e 16 submeteram-se à histerectomia total pela via abdominal.<br />

Com o objetivo de testar o processo de randomização e a comparabilidade entre os<br />

grupos, analisaram-se diversas características, de acordo com os grupos (histerectomia vaginal ou<br />

abdominal).<br />

Não houve diferenças significativas entre os dois grupos quanto à idade, paridade, índice<br />

de massa corpórea e volume uterino medido ecograficamente no pré-operatório. A freqüência de<br />

hipertensão e laparotomias prévias também foi s<strong>em</strong>elhante nos dois grupos (Tabela 4.1).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 4.1. Características das pacientes submetidas à histerectomia total abdominal ou<br />

vaginal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Características<br />

Idade (mediana, variação)<br />

Paridade (mediana, variação)<br />

IMC (mediana, variação)<br />

Obesidade (n, %)<br />

Histerectomia Histerectomia<br />

Vaginal Abdominal<br />

n = 19 n = 16<br />

44 (35 – 65) 45 (34 – 65) 0,65<br />

03 (2 – 5) 03 (1 – 4) 0,11<br />

27 (22 – 41) 28 (20 –39) 0,86<br />

05 (26,3%) 05 (31,3%) 0,52<br />

Volume uterino (mediana,<br />

variação) 146 (24 – 300) 191 (44 – 300) 0,16<br />

Hipertensão (n, %) 08 (42%) 04 (25%) 0,20<br />

Laparotomias prévias (n, %) 15 (78,9%) 12 (75%) 0,54<br />

Miomatose uterina (n, %) 11 (57,9%) 13 (81,3%) 0,14<br />

p<br />

Fonte: Pesquisa IMIP<br />

4.10 Técnicas cirúrgicas e anestésicas<br />

• Histerectomia Vaginal: todas as cirurgias foram realizadas no bloco cirúrgico do IMIP por<br />

médicos-residentes do segundo ano de Ginecologia e Obstetrícia deste serviço, auxiliados<br />

pelos preceptores (especialistas <strong>em</strong> Ginecologia e com treinamento prévio <strong>em</strong> histerectomia<br />

vaginal s<strong>em</strong> prolapso). A técnica utilizada foi a proposta por Heaney (HEANEY, 1940), com<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


algumas modificações propostas por MACEDO et al. (1995) e outras introduzidas ao longo<br />

do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> nosso serviço, como se segue:<br />

Com a paciente <strong>em</strong> posição ginecológica, após anestesia, introduz-se a valva pesada<br />

de Auvard, tendo uma luva introduzida <strong>em</strong> sua extr<strong>em</strong>idade inferior, para coletar o sangue<br />

durante a cirurgia. Os afastadores de Heaney são colocados de modo a afastar as paredes<br />

laterais e anteriores da vagina; o colo de útero é apreendido e tracionado firm<strong>em</strong>ente pelos<br />

seus lábios anterior e posterior, através da pinça de Lahey.<br />

Realiza-se então incisão circular, com bisturi, na transição entre a mucosa vaginal e<br />

cervical, reconhecida através de uma prega que geralmente fica a cerca de dois centímetros do<br />

orifício cervical externo. Seccionam-se os pilares da bexiga com tesoura curva, abrindo-se o<br />

espaço vésico-uterino por dissecção romba, até atingir a prega vésico-uterina. Procede-se <strong>em</strong><br />

seguida à abertura do fundo de saco peritoneal posterior com tesoura, após tração com pinça<br />

dente-de-rato, alargando-se esta incisão por divulsão bidigital.<br />

Neste momento, realiza-se a apreensão dos ligamentos cardinais e útero-sacros, secção<br />

e ligadura, utilizando-se os pontos de Heaney, com fio catgute cromado “1”; repete-se a<br />

manobra do lado oposto; s<strong>em</strong>pre são colocadas duas pinças de Heaney para apreensão dos<br />

pedículos, visando à maior segurança; estes pedículos são reparados para posterior fixação à<br />

cúpula. A seguir, o pinçamento, secção e ligadura do pedículo uterino de cada lado.<br />

Através de manobra de báscula, efetua-se então a exteriorização do útero através da<br />

abertura posterior do peritônio, tracionando-se com pinças de Lahey sua parede posterior.<br />

Introduz-se o dedo indicador por trás do corpo uterino exteriorizado e identifica-se o peritônio<br />

anterior, que é seccionado com tesoura, sendo alargada a incisão por divulsão bidigital.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Estando o útero apreendido através do colo e da sua porção fúndica, procede-se ao<br />

pinçamento, secção e ligadura bilateral do ligamento redondo, da tuba e do ligamento úteroovárico,<br />

retirando-se a peça operatória.<br />

Os fios que ficaram reparados (ligamentos útero-sacros e cardinais) são atados na<br />

linha mediana e transfixados na borda vaginal posterior. Realiza-se a seguir o fechamento da<br />

cúpula vaginal com categute simples 0, <strong>em</strong> sutura contínua, pontos ancorados.<br />

Posteriormente, deve-se abrir o cateter de Foley e observar a diurese.<br />

• Histerectomia Abdominal: todas as cirurgias foram realizadas no bloco cirúrgico do IMIP<br />

por médicos-residentes do segundo ano de Ginecologia e Obstetrícia deste serviço, auxiliados<br />

pelos preceptores. A técnica utilizada foi a descrita pelo Dr. Edward H. Richardson<br />

(RICHARDSON, 1929), com ligeiras modificações impl<strong>em</strong>entadas ao longo dos anos <strong>em</strong><br />

nossa Instituição, como se segue:<br />

Após todos os cuidados pré-operatórios com preparação e posicionamento da paciente,<br />

sondag<strong>em</strong> vesical e cuidados anestésicos, realiza-se a incisão laparotômica à Pfannenstiel<br />

(transversa) e, após realização de celiotomia e inventário da cavidade peritoneal, dá-se inicio<br />

ao procedimento. A técnica da histerectomia abdominal começa com o clampeamento dos<br />

ligamentos redondos, secção e ligadura por transfixação. O ligamento largo é logo aberto. A<br />

face anterior do ligamento largo é seccionada até o ponto no qual ocorre a reflexão do<br />

peritônio (parte anterior do istmo uterino inferior <strong>em</strong> linha média). Efetua-se uma incisão para<br />

criar uma abertura no ligamento largo. Se há desejo de conservar os ovários, colocam-se as<br />

pinças h<strong>em</strong>ostáticas no ligamento útero-ovárico, realizando-se sua secção e ligadura. Caso<br />

decida-se pela ooforectomia, as pinças são colocadas no ligamento infundíbulo-pélvico.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


O peritônio anterior ao útero é dissecado para rebaixamento vesical. A face posterior do<br />

ligamento largo é seccionada na direção inferior até o ponto onde os ligamentos útero-sacros<br />

se un<strong>em</strong> no colo uterino. Uma vez esqueletizados os vasos uterinos, estes são clampeados e<br />

seccionados, formando um ângulo reto com o istmo uterino inferior, sendo a sutura realizada<br />

com fio de absorção retardada. Os ligamentos útero-sacros são clampeados, seccionados e<br />

reparados. Realiza-se neste momento a avaliação da profundidade das dissecções (espaço<br />

vésico-uterino e retovaginal). Os ligamentos cardinais são pinçados e seccionados. Uma vez<br />

completada a dissecção, efetua-se a amputação do órgão através da cúpula vaginal, sendo os<br />

quatro quadrantes da cúpula vaginal sustentados por pinças de Allis para futura reparação e<br />

sutura. Os ângulos laterais da cúpula vaginal são transfixados por ligaduras com os pedículos<br />

ligamentares e a mucosa vaginal é suturada com fio absorvível. Realiza-se a fixação dos<br />

ligamentos útero-sacros à cúpula vaginal. Não se realiza a peritonização. Após revisão<br />

exaustiva da h<strong>em</strong>ostasia, a cavidade abdominal é fechada.<br />

• Realização da anestesia: todas as cirurgias foram realizadas com raquianestesia, utilizando-se<br />

20mg de bupivacaína pesada a 0,5% associada a 0,1mg de morfina (OLIVEIRA, 2000). As<br />

anestesias foram realizadas por preceptores de Anestesiologia do serviço ou por residentes de<br />

Anestesiologia devidamente habilitados, s<strong>em</strong>pre sob supervisão.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


4.11 Procedimentos, testes e exames.<br />

• Procedimentos intra-operatórios<br />

Todas as pacientes receberam antibioticoprofilaxia com cefazolina (1g), imediatamente<br />

antes do início da cirurgia, independente da via (abdominal ou vaginal), conforme rotina da<br />

instituição. Administrou-se heparina 5.000 UI por via subcutânea a cada 12 horas para<br />

profilaxia do trombo<strong>em</strong>bolismo, até que fosse possível a livre deambulação.<br />

• Avaliação da perda sangüínea<br />

Pesag<strong>em</strong> das gazes e compressas: o procedimento foi realizado pelo próprio médico<br />

residente que realizou a cirurgia, consistindo na avaliação da diferença de peso entre<br />

compressas e gazes cirúrgicas limpas e não utilizadas, pesadas anteriormente de forma<br />

padronizada, e as usadas após o procedimento. Essa pesag<strong>em</strong> foi realizada <strong>em</strong> balança<br />

FILIZOLA modelo L, previamente checada pelo INMETRO.<br />

De posse da diferença de peso entre as compressas e gazes, expressa <strong>em</strong> gramas, este<br />

valor foi convertido <strong>em</strong> mililitros para fins de comparação. Utilizando a seguinte fórmula:<br />

Perda de sangue (ml) = (C 2 – 30C 1 ) + (G 2 – 5G 1 )<br />

Onde C1 corresponde ao número de pacotes de compressas abertas, C2 o peso (<strong>em</strong> gramas)<br />

das compressas utilizadas, G1 a quantidade de pacotes de gazes abertas e G2 o peso das<br />

gazes utilizadas (Um pacote com três compressas = 30g ; um pacote com 10 gazes = 5g ).<br />

Mensuração <strong>em</strong> recipiente próprio: além do peso de gazes e compressas, o volume de<br />

sangue também foi mensurado através da medida, <strong>em</strong> mililitros, da quantidade de sangue<br />

coletada <strong>em</strong> uma luva de borracha afixada à valva STEINER-AUVARD (MACEDO et al.,<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


1995; FIGUEIREDO NETTO et al., 2002) durante o ato cirúrgico, no caso das<br />

histerectomias vaginais.<br />

• Procedimentos para acompanhamento e evolução pós-operatória<br />

As pacientes submetidas à histerectomia total por via abdominal ou vaginal foram<br />

acompanhadas após a cirurgia pelo médico residente responsável pelo leito. Este se encarregou<br />

de informar ao pesquisador o aparecimento de complicações pós-operatórias, informações que<br />

também foram confirmadas através de visitas diárias do pesquisador à enfermaria de Ginecologia.<br />

O próprio pesquisador anotou estes resultados <strong>em</strong> formulários específicos, b<strong>em</strong> como outras<br />

informações que julgou necessárias durante o ato cirúrgico ou o internamento, para futura<br />

avaliação.<br />

• Cuidados pós-operatórios<br />

Ao chegar à enfermaria de ginecologia, cada paciente era conduzida ao leito, orientandose<br />

a deambulação após 12 horas; não faz parte da rotina do IMIP utilizar tampões vaginais de<br />

qualquer natureza. Todas as pacientes permaneceram com sonda vesical tipo Foley por 24 horas<br />

após o procedimento cirúrgico, mantendo-se analgésicos com posologia fixa nas primeiras seis<br />

horas de procedimento (DIPIRONA). A partir daí só eram administrados analgésicos no caso de<br />

solicitação da paciente, mediante prescrição medica.<br />

No caso das histerectomias abdominais, descobriam-se os curativos a partir de 12 horas,<br />

para avaliação diária da ferida operatória até a alta (mantida descoberta). No caso das<br />

histerectomias vaginais, avaliavam-se as condições da sutura vaginal, mediante o toque bidigital<br />

antes da alta.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


• Critérios de alta<br />

As pacientes que evoluíram com boas condições clínicas e s<strong>em</strong> complicações pósoperatórias<br />

receberam alta hospitalar desde que estivess<strong>em</strong> deambulando livr<strong>em</strong>ente, com diurese<br />

espontânea e evacuações presentes, s<strong>em</strong> queixa álgica importante. De acordo com a rotina do<br />

serviço, preconiza-se a alta, nessas condições, a partir do segundo dia pós-operatório.<br />

• Retorno pós-operatório<br />

Todas as pacientes que foram submetidas à histerectomia total abdominal ou vaginal<br />

foram orientadas, depois da alta, a procurar o Ambulatório da Mulher com intervalo de oito,<br />

30, 45 dias após a data da alta. As pacientes foram atendidas pelo próprio pesquisador <strong>em</strong><br />

uma das salas do Ambulatório da Mulher no CAM/IMIP, sendo então pesquisadas as<br />

variáveis como satisfação com o tratamento, retorno às atividades diárias, infecções e<br />

alterações urinárias.<br />

4.12 Procedimentos para coleta de dados<br />

4.12.1 Instrumento de coleta<br />

Os dados foram coletados pelo próprio pesquisador, através da utilização de formulário<br />

padronizado, pré-codificado para entrada <strong>em</strong> computador (ANEXO VI). Este instrumento foi<br />

testado <strong>em</strong> um estudo piloto que sofreu as modificações necessárias para se adequar aos objetivos<br />

da pesquisa (COSTA, 2001).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


As informações das variáveis categóricas foram pré-codificadas e as variáveis contínuas<br />

expressas <strong>em</strong> seu próprio valor numérico e só no momento da análise os resultados de algumas<br />

destas foram categorizados.<br />

Esses formulários foram devidamente armazenados <strong>em</strong> pastas de arquivo específicas,<br />

antes e depois da digitação e análise.<br />

4.12.2 Coleta de dados<br />

A partir da presença de pacientes elegíveis na enfermaria, o médico assistente<br />

comunicava ao pesquisador sobre a presença da paciente, após a concordância da paciente <strong>em</strong><br />

participar do estudo, tendo pleno conhecimento dos objetivos do trabalho.<br />

Os dados foram coletados pelo próprio pesquisador, utilizando o formulário padrão, précodificado,<br />

que continha dados de identificação do paciente e das variáveis do estudo. Os<br />

prontuários das pacientes envolvidas foram identificados com etiquetas autocolantes para facilitar<br />

a coleta de dados.<br />

Após o preenchimento dos formulários, estes eram revisados rigorosamente pelos<br />

pesquisadores para a checag<strong>em</strong> das informações coletadas com informações constantes <strong>em</strong><br />

prontuários. O t<strong>em</strong>po transcorrido para coleta de dados, preenchimento adequado de formulários<br />

e revisão destes foi de nove meses, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002, quando foi incluída a última<br />

paciente.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


4.13 Processamento e análise dos dados<br />

Após o preenchimento dos formulários, estes foram digitados (<strong>em</strong> blocos de dez) <strong>em</strong> um<br />

banco de dados específico criado no programa Epi-Info 2000. A digitação foi realizada duas<br />

vezes, <strong>em</strong> épocas diferentes e por pessoas diferentes. Ao final, foi obtida uma listag<strong>em</strong> dos dois<br />

bancos para comparação e correção de possíveis erros de digitação.<br />

Caso ocorress<strong>em</strong> erros, os formulários arquivados seriam revisados. Se o probl<strong>em</strong>a não<br />

fosse solucionado, o próprio prontuário seria revisado. Após uma revisão final da lista de todas as<br />

variáveis, obtiv<strong>em</strong>os uma listag<strong>em</strong> final com a freqüência das variáveis. A partir daí foi criado o<br />

banco de dados definitivo que foi submetido a testes de limpeza e consistência das informações,<br />

gerando-se cópias <strong>em</strong> disquetes. O banco foi, então, utilizado para análise estatística.<br />

A proposta inicial era de se realizar análise baseada na intenção de tratar, independente da<br />

ocorrência de conversão, por ex<strong>em</strong>plo, de vaginal <strong>em</strong> abdominal, durante o procedimento.<br />

Entretanto, optou-se posteriormente por excluir as pacientes que tiveram mudança de indicação,<br />

uma vez que esta aconteceu antes de se iniciar a cirurgia, e a análise foi realizada de acordo com<br />

o tratamento realmente efetuado, mesmo porque não houve nenhum caso de conversão.<br />

Os dados foram analisados pelo pesquisador e sua Orientadora, utilizando o software de<br />

domínio público EPI INFO 2002. Inicialmente foi realizada análise bivariada para testar a<br />

randomização, comparando-se as características das pacientes dos dois grupos (variáveis de<br />

controle). Mesmo <strong>em</strong> se tratando de um ensaio clínico controlado, esta constitui uma etapa<br />

importante da análise, uma vez que, mesmo por acaso, pod<strong>em</strong> ocorrer dess<strong>em</strong>elhanças entre os<br />

grupos, podendo interferir nos resultados.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


A seguir, realizou-se análise para testar a associação entre a variável independente (tipo<br />

de cirurgia) e as dependentes (resultados). Foram construídas tabelas de contingência do tipo 2 X<br />

2 para as variáveis categóricas, utilizando os testes x 2 de associação, com correção de Yates e<br />

teste exato de Fisher, se necessário (no caso de um dos valores esperados ser menor que cinco).<br />

Em relação às variáveis numéricas, foi aplicado o teste de Kolmogorov-Smirnov para<br />

testar sua normalidade (esse teste foi realizado no programa SPSS 8.0, para o qual foi exportado<br />

o banco de dados com essa finalidade). Como as variáveis pesquisadas não apresentavam<br />

distribuição normal, utilizou-se para análise estatística o teste não-paramétrico de Mann-Whitney<br />

para comparação de dois grupos. Utilizou-se a mediana como medida de tendência central para<br />

essas variáveis.<br />

O teste de Mann-Whitney também foi utilizado para d<strong>em</strong>onstrar eventuais diferenças<br />

entre as variáveis ordinais (Escala Analógica Visual).<br />

Algumas variáveis numéricas foram categorizadas para análise, de acordo com sua<br />

distribuição, considerando-se os pontos de corte de acordo com a mediana, como no caso do<br />

t<strong>em</strong>po cirúrgico e anestésico, da duração do internamento hospitalar e do t<strong>em</strong>po de retorno às<br />

atividades habituais.<br />

Em todas as etapas da análise, considerou-se significativo um erro alfa menor que 5%.<br />

4.14 Aspectos Éticos<br />

O presente estudo atendeu às determinações da Declaração de Helsinque (<strong>em</strong>enda <strong>em</strong><br />

Hong-Kong, 1989) e à resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, tendo sido seu projeto<br />

previamente aprovado pelo Comitê de Ética <strong>em</strong> Pesquisa do IMIP.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Todas as pacientes foram devidamente informadas sobre os objetivos e os métodos do<br />

estudo e só foram incluídas caso concordass<strong>em</strong> <strong>em</strong> participar, assinando o termo de<br />

consentimento livre e esclarecido (ANEXO IV). Ficou claramente resguardado o direito de<br />

qualquer paciente se recusar a participar do estudo.<br />

Ambas as técnicas (histerectomia total abdominal e vaginal) são bastante seguras, já<br />

descritas pela literatura, não oferecendo riscos adicionais às pacientes; a técnica tradicionalmente<br />

usada no IMIP é a abdominal, porém diversos estudos têm d<strong>em</strong>onstrado vantagens para a técnica<br />

vaginal.<br />

As cirurgias foram realizadas pelos médicos-residentes, <strong>em</strong> treinamento, porém s<strong>em</strong>pre<br />

supervisionadas pelos preceptores, que entravam na cirurgia na qualidade de primeiro-auxiliar.<br />

Todos os médicos do staff responsáveis pelas cirurgias tinham experiência com ambas as técnicas<br />

(vaginal e abdominal).<br />

Estabeleceu-se previamente que, <strong>em</strong> se identificando vantagens de uma técnica sobre a<br />

outra, seriam sugeridas mudanças na rotina da Instituição, privilegiando-se a técnica com os<br />

melhores resultados.<br />

Os pesquisadores se comprometeram a publicar o estudo, independent<strong>em</strong>ente dos<br />

resultados obtidos. A separata do artigo para publicação já foi preparada e encaminhada à Revista<br />

Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, para análise pelo Conselho Editorial.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


V. RESULTADOS<br />

5.1. AVALIAÇÃO DA PERDA SANGUÍNEA INTRA-OPERATÓRIA E NECESSIDADE DE<br />

HEMOTRANSFUSÃO EM PACIENTES SEM PROLAPSO UTERINO, SUBMETIDAS À<br />

HISTERECTOMIA VAGINAL OU ABDOMINAL<br />

A mediana de perda sanguínea durante o procedimento cirúrgico foi significativamente<br />

menor no grupo submetido à histerectomia total pela via vaginal <strong>em</strong> relação ao grupo das<br />

cirurgias abdominais (520ml versus 902ml, p=0,008). Esta diferença se manteve estatisticamente<br />

significante, a favor do grupo de histerectomia vaginal, quando foi utilizado um ponto de corte de<br />

600ml (p= 0,001) (Tabela 5.1).<br />

TABELA 5.1 – Comparação da perda sanguínea intra-operatória <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE,<br />

entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica<br />

cirúrgica<br />

Volume de sangue Variação (ml) Mediana (ml)<br />

> 600ml < 600ml<br />

n (%) n (%)<br />

Vaginal 08 (42,1) 11 (57,9) 230-1780 520<br />

Abdominal 15 (93,8) 01 (6,2) 505-1865 902<br />

p=0,008<br />

x 2 =10,2 p= 0,001 FONTE : Pesquisa IMIP<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Verificou-se necessidade de h<strong>em</strong>otransfusão <strong>em</strong> 19% das pacientes que se submeteram à<br />

histerectomia por via abdominal. Esta não foi necessária <strong>em</strong> nenhuma das pacientes do grupo das<br />

histerectomias vaginais, porém essa diferença não foi estatisticamente significativa, p =0,08<br />

(Tabela 6.3).<br />

TABELA 5.2. Distribuição de freqüência da necessidade de h<strong>em</strong>otransfusão <strong>em</strong> pacientes<br />

s<strong>em</strong> prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-<br />

PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

H<strong>em</strong>otransfusão<br />

Sim<br />

Não<br />

n (%) n (%)<br />

Vaginal – 19 (100,0)<br />

Abdominal 03 (18,8) 13 (81,2)<br />

x 2 =3,9 p= 0,08 FONTE : Pesquisa IMIP<br />

5.2. DURAÇÃO DO ATO CIRÚRGICO E TEMPO ANESTÉSICO EM PACIENTES SEM<br />

PROLAPSO UTERINO, SUBMETIDAS À HISTERECTOMIA VAGINAL OU ABDOMINAL<br />

A duração do ato cirúrgico foi s<strong>em</strong>elhante <strong>em</strong> ambos os grupos (p = 0,20), porém quando<br />

foi realizada a categorização utilizando como ponto de corte 120 minutos, verificou-se uma<br />

freqüência <strong>em</strong> torno de duas vezes maior de t<strong>em</strong>po cirúrgico superior a duas horas no grupo da<br />

histerectomia abdominal. Entretanto, esta diferença não foi estatisticamente significativa (p =<br />

0,15) (Tabela 5.3).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.3. Duração do ato operatório nas pacientes <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino,<br />

submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e<br />

nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica cirúrgica T<strong>em</strong>po operatório Variação (min) Mediana (min)<br />

>120 min


TABELA 5.4. Distribuição da freqüência da duração do t<strong>em</strong>po anestésico <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE,<br />

entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica<br />

cirúrgica<br />

>130min<br />

T<strong>em</strong>po anestésico Variação (min) Mediana (min)<br />


TABELA 5.5. Escores da Escala Visual Analógica no pós-operatório (6h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE,<br />

entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica<br />

cirúrgica<br />

Escore Variação Mediana<br />

6 – 10 0 – 5<br />

n (%) n (%)<br />

Vaginal 03 (15,8) 16 (84,2) 0 – 8 0<br />

Abdominal 08 (50,0) 08 (50,0) 0 – 8 5<br />

p=0,05<br />

x 2 =4,7 p=0,03 FONTE : Pesquisa IMIP<br />

Da mesma forma, a avaliação da intensidade da dor pós-operatória com doze horas<br />

revelou uma diferença estatisticamente significante a favor do grupo submetido à histerectomia<br />

por via vaginal. Observou-se uma mediana de zero para os escores da escala visual analógica nos<br />

casos de histerectomia vaginal, contra seis nos casos de histerectomia abdominal. O percentual de<br />

casos com escore maior ou igual a seis nessa avaliação foi de 15,8% para a histerectomia vaginal<br />

e 56,2% para a histerectomia abdominal (Tabela 5.6).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.6. Escores da Escala Visual Analógica no pós-operatório (12h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE,<br />

entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica<br />

cirúrgica<br />

Escore Variação Mediana<br />

6 – 10 0 – 5<br />

n (%) n (%)<br />

Vaginal 03 (15,8) 16 (84,2) 0 – 8 0<br />

Abdominal 09 (56,2) 07 (43,8) 0 – 8 6<br />

p=0,01<br />

x 2 =6,3 p=0,01 FONTE : Pesquisa IMIP<br />

Quando se analisaram os escores de escala visual analógica com 24 horas de pósoperatório,<br />

manteve-se a diferença favorecendo o grupo da histerectomia vaginal (mediana de<br />

zero) <strong>em</strong> relação ao grupo da histerectomia abdominal (mediana de dois). Nesse momento,<br />

apenas 5,3% das pacientes no primeiro grupo apresentavam um escore maior ou igual a seis,<br />

contra 37,5% no segundo grupo (Tabela 5.7).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.7. Escores da Escala Visual Analógica no pós-operatório (24h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong><br />

prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE,<br />

entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica<br />

cirúrgica<br />

Escore Variação Mediana<br />

6 – 10 0 – 5<br />

n (%) n (%)<br />

Vaginal 01 (5,3) 18 (94,7) 0 – 8 0<br />

Abdominal 06 (37,5) 10 (62,5) 0 – 8 2<br />

p=0,04<br />

x 2 =5,6 p=0,02 FONTE : Pesquisa IMIP<br />

Em relação à necessidade de analgésicos no pós-operatório, evidenciou-se uma tendência<br />

a menor freqüência de uso de analgésicos nas primeiras seis horas entre as pacientes que se<br />

submeteram às cirurgias vaginais <strong>em</strong> relação às cirurgias abdominais (26,3 versus 56,3). Porém,<br />

essa diferença não foi estatisticamente significativa (p = 0,07) (Tabela 5.8.).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.8. Distribuição de freqüência da necessidade de utilização de analgésicos no<br />

pós-operatório (6h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal<br />

ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica cirúrgica<br />

Pós-operatório (6h)<br />

Sim<br />

Não<br />

n (%) n (%)<br />

Vaginal 05 (26,3) 14 (73,7)<br />

Abdominal 09 (56,2) 07 (43,8)<br />

x 2 =3,2 p= 0,07 FONTE : Pesquisa IMIP<br />

Entretanto, quando foi avaliada esta necessidade nas 12 horas seguintes à cirurgia, a<br />

diferença se tornou significativa, observando-se um percentual de solicitação de analgésicos entre<br />

as pacientes submetidas à histerectomia vaginal <strong>em</strong> torno de 26%, contra quase 69% entre<br />

aquelas submetidas à histerectomia abdominal (p = 0,01) (Tabela 5.9).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.9. Distribuição de freqüência da necessidade de utilização de analgésicos no<br />

pós-operatório (12h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino, submetidas à histerectomia<br />

vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica cirúrgica<br />

Pós-operatório (12h)<br />

Sim<br />

Não<br />

n (%) n (%)<br />

Vaginal 05 (26,3) 14 (73,7)<br />

Abdominal 11 (68,8) 05 (31,2)<br />

x 2 =6,3 p= 0,01 FONTE : Pesquisa IMIP<br />

S<strong>em</strong>elhante ao ocorrido com a necessidade de analgésicos nas seis horas pós-operatórias,<br />

a avaliação da solicitação de analgésicos depois de 24 horas de cirurgia também d<strong>em</strong>onstrou uma<br />

tendência à diminuição desta solicitação no grupo das cirurgias vaginais <strong>em</strong> relação ao grupo das<br />

cirurgias abdominais (21,1% versus 50,0%). Porém, esta diferença também não se mostrou<br />

significativa (p = 0,07) (Tabela 5.10).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.10. Distribuição de freqüência da necessidade de utilização de analgésicos no<br />

pós-operatório (24h) <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino, submetidas à histerectomia<br />

vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica cirúrgica<br />

Pós-operatório (24h)<br />

Sim<br />

Não<br />

n (%) n (%)<br />

Vaginal 04 (21,1) 15 (78,9)<br />

Abdominal 08 (50,0) 08 (50,0)<br />

x 2 =3,2 p= 0,07 FONTE : Pesquisa IMIP<br />

5.4. COMPLICAÇÕES INTRA E PÓS-OPERATÓRIAS EM PACIENTES SEM PROLAPSO<br />

UTERINO, SUBMETIDAS À HISTERECTOMIA VAGINAL OU ABDOMINAL<br />

A freqüência de complicações intra e pós-operatórias foi reduzida e s<strong>em</strong>elhante nos dois<br />

grupos. Apenas uma paciente de cada grupo apresentou infecção pós-operatória, sendo um caso<br />

de infecção incisional superficial no grupo da histerectomia abdominal e um caso de infecção de<br />

cúpula vaginal no grupo da histerectomia vaginal. Ocorreu apenas um caso de trombose venosa<br />

profunda (paciente submetida a histerectomia vaginal). Não houve formação de h<strong>em</strong>atomas ou<br />

ligadura de ureter (Tabela 5.11).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.11. Distribuição de freqüência complicações intra e pós-operatórias <strong>em</strong><br />

pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP,<br />

Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Complicações<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Histerectomia<br />

Vaginal (n=19)<br />

Histerectomia<br />

Abdominal (n=16)<br />

n (%) n (%)<br />

p<br />

Infecção 01 (5,3) 01 (6,3) 0,7<br />

Trombose Venosa Profunda 01 (5,3) – 0,5<br />

FONTE : Pesquisa IMIP<br />

5.5. TEMPO DE PERMANÊNCIA HOSPITALAR, RETORNO ÀS ATIVIDADES<br />

HABITUAIS E SATISFAÇÃO COM O RESULTADO DO TRATAMENTO EM PACIENTES<br />

SEM PROLAPSO UTERINO, SUBMETIDAS À HISTERECTOMIA VAGINAL OU<br />

ABDOMINAL<br />

A mediana do t<strong>em</strong>po de permanência hospitalar foi menor no grupo de pacientes que<br />

realizaram histerectomia pela técnica vaginal, uma diferença estatisticamente significante (p =<br />

0,02), entretanto a permanência hospitalar revelou-se s<strong>em</strong>elhante entre os dois grupos, quando foi<br />

utilizado um ponto de corte de 48h (p = 0,38) (Tabela 5.12).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA 5.12. Avaliação do t<strong>em</strong>po de permanência hospitalar <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso<br />

uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março<br />

e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Histerectomia Permanência hospitalar Variação (h) Mediana (h)<br />

>48h


TABELA 5.13. T<strong>em</strong>po de retorno às atividades habituais <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso<br />

uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março<br />

e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Histerectomia Dias Variação (dias) Mediana<br />

>40


TABELA 5.14. Distribuição de freqüência do grau de satisfação com o resultado do<br />

tratamento <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino, submetidas à histerectomia vaginal ou<br />

abdominal no IMIP, Recife-PE, entre março e nov<strong>em</strong>bro de 2002.<br />

Técnica Cirúrgica<br />

Grau de satisfação Histerectomia Vaginal Histerectomia Abdominal<br />

n (%) n (%)<br />

Insatisfeita 01 (5,3) 02 (12,5)<br />

Satisfeita 18 (94,7) 14 (87,5)<br />

Total 19 (100,0) 16 (100,0)<br />

x 2 =3,4 p = 0,4 (teste exato de Fisher) FONTE : Pesquisa IMIP<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


VI. DISCUSSÃO<br />

Os resultados deste estudo suger<strong>em</strong> que a histerectomia total, realizada pela via vaginal<br />

para pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino com indicação cirúrgica por doenças benignas, constitui uma<br />

abordag<strong>em</strong> cirúrgica com melhores resultados e um menor nível de complicações intra e pósoperatórias.<br />

Evidenciou-se que o volume de sangue perdido durante o ato operatório foi<br />

significativamente menor no grupo de mulheres submetidas à histerectomia vaginal <strong>em</strong> relação à<br />

cirurgia abdominal, com uma tendência a menor freqüência de h<strong>em</strong>otransfusão pós-operatória. A<br />

intensidade da dor e a necessidade de analgésicos nas doze horas seguintes ao procedimento<br />

também foram significativamente menores no grupo da histerectomia vaginal. Não houve<br />

diferenças significativas <strong>em</strong> relação ao t<strong>em</strong>po de cirurgia, ao t<strong>em</strong>po de anestesia e à permanência<br />

hospitalar. Por fim, o retorno às atividades habituais foi mais precoce nas pacientes submetidas à<br />

histerectomia total pela técnica vaginal.<br />

Estes achados não são surpreendentes, uma vez que vários autores têm d<strong>em</strong>onstrado<br />

vantagens da via vaginal sobre a abdominal para a realização de histerectomia (COSSON et<br />

al.,2001; COSTA NETO et al., 1999; FIGUEREDO et al., 1999; KOVAC et al., 2000;<br />

MACEDO et al., 1995; VARMA et al., 2001). Em 1982, DICKER et al. analisaram os registros<br />

de um grande estudo observacional, o “Collaborative Review of Sterilization”, nos Estados<br />

Unidos, para comparar as complicações da histerectomia abdominal <strong>em</strong> relação à vaginal.<br />

Analisando 1.851 mulheres, encontraram uma freqüência b<strong>em</strong> menor de complicações para a via<br />

vaginal, incluindo h<strong>em</strong>orragia, necessidade de h<strong>em</strong>otransfusão, morbidade febril pós-operatória e<br />

duração do internamento.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Diversos outros estudos de caráter observacional têm corroborado estas conclusões,<br />

destacando, além da recuperação mais rápida e da menor freqüência de complicações, custos b<strong>em</strong><br />

mais baixos para o Sist<strong>em</strong>a de Saúde (DORSEY et al., 1996; NEZHAT et al., 1994). No estudo<br />

retrospectivo de DORSEY et al. (1996), comparando 566 casos de histerectomia abdominal com<br />

273 de histerectomia vaginal laparoscopicamente assistida e 210 de histerectomia vaginal<br />

simples, os autores encontraram uma taxa de complicações significativamente menor para a<br />

histerectomia vaginal <strong>em</strong> relação às d<strong>em</strong>ais técnicas, além de significativa redução dos custos<br />

hospitalares. Resultados similares foram obtidos por NEZHAT et al. (1994), que também<br />

compararam as três técnicas, destacando os custos elevados da histerectomia assistida por<br />

laparoscopia.<br />

DOUCETTE et al. (2001) revisaram 1000 histerectomias realizadas entre 1994 e 1999 <strong>em</strong><br />

Utah, entre as quais 500 histerectomias vaginais, 250 abdominais e 250 assistidas por<br />

laparoscopia. Das histerectomias vaginais, 250 apresentavam contra-indicações relativas ao<br />

procedimento, como aumento do volume uterino (maior que 180g), nuliparidade ou ausência de<br />

parto vaginal anterior, e cirurgias prévias (cesárea ou laparotomia); as 250 restantes não tinham<br />

nenhuma dessas contra-indicações. Os autores encontraram uma freqüência de complicações<br />

significativamente menor no grupo submetido a histerectomia vaginal, que também apresentou<br />

menor queda no h<strong>em</strong>atócrito pós-operatório, mesmo na presença das contra-indicações relativas<br />

já citadas. O t<strong>em</strong>po operatório também foi significativamente menor nos casos de histerectomia<br />

vaginal (48 minutos), tanto <strong>em</strong> relação à histerectomia abdominal (60 minutos) como à<br />

laparoscopia (76 minutos). Concluíram que a histerectomia vaginal é mais segura que as outras<br />

vias de acesso e que condições como nuliparidade, aumento do volume uterino e cirurgia pélvica<br />

prévia raramente representam contra-indicações para a via vaginal.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Um estudo realizado na Arábia Saudita também comparou, retrospectivamente, 86 casos<br />

de histerectomia abdominal com 26 casos de histerectomia vaginal, <strong>em</strong> pacientes com doenças<br />

benignas, incluindo porém os casos de prolapso uterino (81% das cirurgias vaginais).<br />

Encontraram uma menor freqüência de complicações, sobretudo de morbidade febril pósoperatória,<br />

no grupo submetido a histerectomia vaginal. O risco relativo de complicações pósoperatórias,<br />

estimado pelo odds ratio, foi de 3,5 para os casos de histerectomia abdominal (AL-<br />

KADRI, et al., 2002).<br />

Todos os estudos supracitados, mesmo controlados, são estudos observacionais, <strong>em</strong> que a<br />

seleção das pacientes para histerectomia vaginal ou abdominal não foi realizada aleatoriamente,<br />

ficando a critério da preferência do cirurgião; <strong>em</strong> muitos desses estudos, inclusive, os critérios<br />

para seleção de uma ou outra técnica não foram apresentados. Assim, a possibilidade de viés de<br />

seleção, produzindo grupos dess<strong>em</strong>elhantes, não pode ser afastada. Mesmo com todas as<br />

vantagens sugeridas para a via vaginal, as conclusões desse tipo de estudo dev<strong>em</strong> ser analisadas<br />

com cautela.<br />

Por outro lado, um expressivo número de estudos não-controlados ressalta a<br />

exeqüibilidade e segurança das histerectomias vaginais s<strong>em</strong> intervenção laparoscópica. Trata-se<br />

<strong>em</strong> geral de grandes séries de casos, representando a experiência isolada de alguns cirurgiões ou<br />

serviços, que todavia merec<strong>em</strong> destaque devido ao expressivo número de pacientes incluídas.<br />

Em uma série prospectiva de 806 histerectomias por doenças benignas, na ausência de<br />

prolapso uterino, a histerectomia vaginal isolada foi possível <strong>em</strong> 80,6% dos casos, sendo<br />

necessária a laparoscopia <strong>em</strong> apenas 9,4% e laparotomia <strong>em</strong> 10% das intervenções (COSSON et<br />

al., 1996). Em outro estudo, KOVAC E CRUIKSHANK (1995) avaliaram prospectivamente 617<br />

mulheres com indicação de histerectomia, selecionando a via de acesso (abdominal, vaginal ou<br />

vaginal com assistência laparoscópica) de acordo com fatores como volume uterino, fatores de<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


isco presuntivos e imobilidade ou inacessibilidade uterina ou anexial. Realizou-se histerectomia<br />

vaginal simples <strong>em</strong> 88,8% e histerectomia laparoscopicamente assistida <strong>em</strong> 10,2% dos casos.<br />

Em nosso meio, MACEDO et al. (1995), no Rio Grande do Norte (Natal), publicaram sua<br />

experiência com 370 histerectomias vaginais <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino, descrevendo<br />

uma taxa de complicações menor que 4%. A média de t<strong>em</strong>po cirúrgico foi de 60 minutos.<br />

FIGUEIREDO et al. (1999), no Paraná (Londrina) avaliaram 300 mulheres s<strong>em</strong> prolapso uterino,<br />

com indicação de histerectomia por doença benigna, tendo realizado com sucesso histerectomia<br />

vaginal <strong>em</strong> 99% (297 mulheres), com apenas duas conversões para laparotomia e uma para<br />

laparoscopia. O t<strong>em</strong>po cirúrgico médio foi de 51 minutos, com uma perda sanguínea média de<br />

180ml (variando entre 50 e 1050 ml). Complicações intra-operatórias ocorreram <strong>em</strong> apenas<br />

quatro pacientes (1,3%) e complicações pós-operatórias (infecção urinária) <strong>em</strong> 3,7% (11 casos).<br />

Não obstante todas essas vantagens da histerectomia vaginal, descritas <strong>em</strong> estudos<br />

observacionais, comparados ou não, deve-se salientar que, do ponto de vista da Medicina<br />

Baseada <strong>em</strong> Evidências, para nortear a decisão clínica e estabelecer novas práticas, essas não<br />

representam evidências de qualidade, uma vez que se classificam <strong>em</strong> sua maioria como nível IIb,<br />

grau de recomendação B. Esses níveis de evidências foram originalmente propostos por<br />

SACKETT (1989) para a avaliação dos estudos sobre agentes anti-trombóticos, e foram<br />

progressivamente incorporadas às revisões e guidelines acerca das diversas intervenções<br />

terapêuticas <strong>em</strong> vários campos da Medicina.<br />

Inequivocamente, o melhor tipo de desenho de estudo para determinar a eficácia de uma<br />

intervenção é representado pelo ensaio clínico controlado, representando nível de evidência Ib,<br />

grau de recomendação A. Esse tipo de estudo oferece vantagens inequívocas <strong>em</strong> relação a<br />

quaisquer outros desenhos de estudo para comparação de formas de tratamento ou intervenções.<br />

As revisões sist<strong>em</strong>áticas, com metanálise, de ensaios clínicos randomizados de boa qualidade<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


epresentam nesta categorização o “padrão-ouro” das evidências (nível Ia), devendo s<strong>em</strong>pre ser<br />

consideradas no estabelecimento das normas clínicas, incluindo os tratamentos cirúrgicos<br />

(MEAKINS, 2002).<br />

Nesse sentido, apesar de numerosas referências disponíveis na literatura sobre<br />

histerectomia vaginal, são raros os ensaios clínicos randomizados comparando esta técnica às<br />

outras. Para revisão da literatura no presente estudo, realizamos pesquisa nos bancos de dados<br />

LILACS/SCIELO, MEDLINE e EMBASE, utilizando inicialmente os termos “histerectomia<br />

vaginal” e “histerectomia abdominal” para identificação dos estudos controlados, e a seguir,<br />

acrescentamos o termo “ensaio clínico randomizado”. Pesquisou-se ainda o registro de ensaios<br />

clínicos da Biblioteca Cochrane, b<strong>em</strong> como os protocolos de revisões sist<strong>em</strong>áticas, à procura de<br />

outros estudos, inclusive os não-publicados.<br />

Nesta revisão, encontramos apenas um ensaio clínico controlado comparando<br />

histerectomia vaginal simples (s<strong>em</strong> laparoscopia) com histerectomia abdominal (OTTOSEN et<br />

al., 2000) e dois ensaios clínicos comparando histerectomia vaginal com e s<strong>em</strong> laparoscopia<br />

(SORIANO et al., 2001; SUMMIT et al., 1992). Assim, até onde chega nosso conhecimento, este<br />

representa o segundo ensaio clínico controlado comparando histerectomia vaginal simples com a<br />

histerectomia abdominal, sendo certamente o primeiro realizado no Brasil.<br />

No estudo de OTTOSEN et al. (2000), realizado na Suécia, randomizaram-se 120<br />

mulheres com indicação de histerectomia <strong>em</strong> três grupos: histerectomia vaginal simples,<br />

histerectomia vaginal assistida laparoscopicamente e histerectomia abdominal. O t<strong>em</strong>po cirúrgico<br />

foi significativamente maior para a histerectomia vaginal assistida laparoscopicamente (102<br />

minutos) <strong>em</strong> relação à histerectomia vaginal simples (81 minutos) e à histerectomia abdominal<br />

(68 minutos). Apesar do t<strong>em</strong>po cirúrgico mais curto com a técnica abdominal, esta se associou a<br />

prolongada permanência hospitalar e maior t<strong>em</strong>po de convalescença. Estas duas variáveis não<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


diferiram significativamente quando comparadas histerectomia vaginal simples e com<br />

laparoscopia. Os autores concluíram que a via vaginal deveria constituir a técnica de escolha para<br />

histerectomia.<br />

Em outra direção, SUMMITT et al. (1992) compararam apenas os casos submetidos à<br />

histerectomia vaginal simples (27 casos) <strong>em</strong> relação à histerectomia vaginal assistida<br />

laparoscopicamente (29 casos). Encontraram um t<strong>em</strong>po cirúrgico significativamente menor para<br />

os casos de histerectomia vaginal isolada (65 minutos) <strong>em</strong> relação aos casos com laparoscopia<br />

(120 minutos), observando maior freqüência de dor pós-operatória e menores taxas de<br />

h<strong>em</strong>atócrito nesse último grupo. Os custos da histerectomia assistida por laparoscopia foram<br />

significativamente maiores (<strong>em</strong> torno de U$7,900) do que os custos da cirurgia vaginal isolada<br />

(<strong>em</strong> torno de U$4,900). No outro ensaio clínico randomizado, SORIANO et al. (2001)<br />

encontraram resultados s<strong>em</strong>elhantes <strong>em</strong> termos de duração da cirurgia, porém não houve<br />

diferença na recuperação pós-operatória e duração de permanência hospitalar entre os dois<br />

grupos. Em ambos os estudos, os autores concluíram que não exist<strong>em</strong> vantagens <strong>em</strong> se realizar a<br />

cirurgia vaginal combinada com laparoscopia.<br />

Em suma, nosso estudo v<strong>em</strong> ao encontro dos resultados descritos por vários autores, tanto<br />

<strong>em</strong> estudos observacionais como <strong>em</strong> ensaios clínicos, apesar da raridade desses últimos.<br />

Julgamos que os resultados aqui encontrados são bastante encorajadores, animando-nos a<br />

prosseguir ampliando as indicações de histerectomia pela via vaginal <strong>em</strong> nosso serviço. Cabe,<br />

entretanto, discutir brev<strong>em</strong>ente alguns achados discrepantes e limitações metodológicas, cuja<br />

explicação é importante quando se vai cotejar com os resultados encontrados por outros autores.<br />

Em primeiro lugar, não encontramos diferença significativa na duração do t<strong>em</strong>po<br />

cirúrgico entre os casos submetidos à histerectomia vaginal ou abdominal, destacando inclusive<br />

que a mediana de t<strong>em</strong>po operatório foi elevada (120 minutos) <strong>em</strong> relação ao que se descreve na<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


literatura. Autores como MACEDO et al. (1995) e FIGUEIREDO et al. (1999) relatam uma<br />

duração b<strong>em</strong> menor, com média inferior a uma hora, e a maioria dos estudos que comparam<br />

histerectomia abdominal com vaginal refer<strong>em</strong> como vantag<strong>em</strong> a menor duração do t<strong>em</strong>po<br />

cirúrgico (CHAUVEAUD et al., 2002; FALCONE et al., 1999; MARANA et al., 1999).<br />

Acreditamos que este achado pode ser devido à curva de aprendizag<strong>em</strong> do método,<br />

porque todas as histerectomias, tanto vaginais como abdominais, foram realizadas pelos médicosresidentes<br />

do segundo ano de Tocoginecologia, sob supervisão dos preceptores, e na grande<br />

maioria dos casos nossos residentes têm maior experiência e habilidade com a via abdominal,<br />

uma vez que a proporção histerectomia abdominal : histerectomia vaginal no IMIP é ainda muito<br />

elevada. Cerca de 80% das histerectomias <strong>em</strong> nosso serviço ainda são realizadas pela via<br />

abdominal, que representa, portanto, a técnica tradicionalmente ensinada. Neste ponto, nosso<br />

estudo diferencia-se de outros, uma vez que na maioria dos estudos observacionais (DORSEY et<br />

al., 1996; DOUCETTE et al., 2001; FIGUEIREDO et al., 1999; MACEDO et al., 1995), e<br />

também no único ensaio clínico comparando histerectomia vaginal e abdominal (OTTOSEN et<br />

al., 2000), todas as cirurgias vaginais foram realizadas por cirurgiões experientes com a técnica<br />

<strong>em</strong>pregada.<br />

Por outro lado, não se pode afastar a possibilidade de erro estatístico do tipo II para a<br />

explicar o porquê de não se ter encontrado diferença no t<strong>em</strong>po cirúrgico entre os dois grupos. Na<br />

verdade, como o cálculo do tamanho da amostra foi realizado para identificar eventuais<br />

diferenças no volume de perda sanguínea, é possível que outras diferenças realmente existentes<br />

possam não ter sido encontradas, <strong>em</strong> decorrência do poder insuficientes da amostra.<br />

Em segundo lugar, dev<strong>em</strong>os discutir os resultados pertinentes à avaliação da dor. Todos<br />

os trabalhos, quaisquer que sejam os desenhos adotados, são quase unânimes <strong>em</strong> afirmar que a<br />

dor pós-operatória é significativamente menor nas pacientes submetidas à histerectomia vaginal<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


<strong>em</strong> relação ao outros tipos de histerectomia ou mesmo variações do histerectomia vaginal, como<br />

no caso da cirurgia laparoscopicamente assistida (DAVIES et al.,1998; UNGER et al., 1999).<br />

Entretanto, nosso estudo d<strong>em</strong>onstrou que a necessidade de analgésicos nas primeiras seis horas<br />

após a cirurgia foi s<strong>em</strong>elhante entre os grupos, só mostrando uma menor solicitação desses<br />

analgésicos, no grupo das histerectomias vaginais, quando a avaliação foi realizada com 12h pósoperatória.<br />

Como fez parte da técnica anestésica usar uma medicação analgésica (Dipirona®), com<br />

posologia fixa, nas primeiras horas após a cirurgia, fica fácil entender porque não foi encontrada<br />

diferença entre os grupos neste período de t<strong>em</strong>po. Também é fácil entender o aparecimento de<br />

diferença significante entre os grupos, com relação à dor pós-operatória, após doze horas do<br />

procedimento cirúrgico. Por outro lado, tanto com seis como com 24 horas, existe a possibilidade<br />

de que uma diferença de fato existente não tenha sido encontrada, <strong>em</strong> decorrência do tamanho da<br />

amostra, como já discutimos anteriormente. Essa explicação afigura-se plausível, porquanto a<br />

freqüência de uso de analgésicos foi s<strong>em</strong>pre menor no grupo da histerectomia vaginal, <strong>em</strong> todas<br />

as avaliações pós-operatórias, com um valor de p para a avaliação com seis e 24 horas de 0,07.<br />

Entretanto, mesmo com essas limitações, nosso estudo, no mínimo, não evidenciou<br />

aumento da necessidade de analgésicos no grupo das histerectomias vaginais, d<strong>em</strong>onstrando uma<br />

redução desta com 12 horas de pós-operatório. Além disso, como já discutimos anteriormente, o<br />

grau de intensidade da dor, segundo escala visual analógica, foi significativamente menor no<br />

grupo das cirurgias vaginais.<br />

Outro achado que merece discussão relaciona-se ao t<strong>em</strong>po de permanência hospitalar, que<br />

no presente estudo foi s<strong>em</strong>elhante entre os grupos, dado que não coincide com os resultados da<br />

literatura (DOUCETTE et al., 2001; FALCONE et al., 1999). Os estudos revelam uma menor<br />

permanência hospitalar <strong>em</strong> pacientes submetidas à histerectomia vaginal (KOVAC et al., 2000).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Esta discordância poderia ser facilmente explicada pela norma preconizada na enfermaria de<br />

Ginecologia do IMIP, onde as pacientes receb<strong>em</strong> alta após 48 horas de cirurgia (vaginal ou<br />

abdominal), ocorrendo diferença apenas ns pacientes que porventura necessit<strong>em</strong> de<br />

prolongamento da permanência hospitalar. De qualquer forma, a incidência de complicações<br />

pós-operatórias foi baixa <strong>em</strong> ambos os grupos, não justificando permanência prolongada. Ainda<br />

nesta avaliação, quando se compararam todos os valores da duração da hospitalização através do<br />

teste de Mann-Whitney, verificou-se uma diferença estatisticamente significante, que apenas<br />

deixou de existir quando se categorizou esta variável, podendo ter ocorrido também um erro<br />

estatístico do tipo II.<br />

Em relação ao grau de satisfação, <strong>em</strong>bora não se tenham observado diferenças<br />

significativas entre os grupos, mais de 90% das pacientes, de uma forma geral, ficaram satisfeitas<br />

ou muito satisfeitas com os resultados da cirurgia. Dev<strong>em</strong>os reconhecer que a avaliação do grau<br />

de satisfação <strong>em</strong> nosso estudo foi bastante simples, apenas questionando as pacientes se estavam<br />

ou não satisfeitas com a cirurgia, e esta avaliação não se estendeu por um período de t<strong>em</strong>po maior<br />

que 60 dias. Escalas mais elaboradas ou avaliações qualitativas têm sido propostas como métodos<br />

mais adequados para avaliação do grau de satisfação, uma preocupação que t<strong>em</strong> sido presente nos<br />

ensaios clínicos hodiernamente realizados (KJERULFF et al.,2000).<br />

Apesar disso, estes resultados estão de acordo com os encontrados por KJERULFF et al.<br />

(2000), que entrevistaram 1299 mulheres submetidas à histerectomia após 3, 6, 12, 18 e 24<br />

meses. Nesse estudo, verificou-se que, com 12 e 24 meses, 95% e 96% das pacientes,<br />

respectivamente, referiram resolução completa de suas queixas clínicas, 93% revelaram que os<br />

resultados com a cirurgia foram acima de suas expectativas e cerca de 80% das pacientes<br />

entrevistadas relataram que a sua saúde estava melhor que antes da cirurgia. Resultados<br />

s<strong>em</strong>elhantes foram encontrados <strong>em</strong> outros ensaios clínicos, comparando tanto a histerectomia<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


vaginal simples como a assistida por laparoscopia com a histerectomia abdominal (LUMSDEN et<br />

al., 2000; OTTOSEN et al., 2000), <strong>em</strong>bora existam referências <strong>em</strong> relação a um maior grau de<br />

satisfação com a via vaginal (SCHUTZ et al., 2002).<br />

Há ainda que se considerar algumas limitações metodológicas. Não foi possível realizar<br />

um estudo duplo-cego, uma vez que este não é factível para as técnicas cirúrgicas envolvidas no<br />

estudo (vaginal ou abdominal). Assim, tanto os profissionais envolvidos (residentes e<br />

preceptores) sabiam que técnica havia sido realizada, como as pacientes tinham conhecimento da<br />

via utilizada para histerectomia total. Desta forma, não se podendo descartar a possibilidade de<br />

vieses de observação. Infelizmente, não há como se contornar esse probl<strong>em</strong>a <strong>em</strong> estudos dessa<br />

natureza, além do que probl<strong>em</strong>as éticos pod<strong>em</strong> dificultar a utilização de mecanismos alternativos<br />

na tentativa de mascarar o estudo.<br />

Outra questão relevante diz respeito ao tamanho da amostra, calculado com base na<br />

estimativa de desvio-padrão e de diferença de média esperada de perdas sanguíneas intraoperatórias<br />

entre os grupos. Assim sendo, uma crítica pertinente pode ser que essa amostra tenha<br />

sido insuficiente para avaliar algumas outras variáveis, como já discutimos anteriormente.<br />

Reconhec<strong>em</strong>os que muitas das complicações, de freqüência mais baixa, requer<strong>em</strong> um tamanho de<br />

amostra maior para que se possa d<strong>em</strong>onstrá-las. Destacamos, contudo, que essas complicações<br />

constitu<strong>em</strong> eventos muito raros na atualidade (BACCHIERI E MATOS, 1998) e que, como<br />

observados nos estudos de DARAI et al. (2001), apenas estudos multicêntricos ou metanálises<br />

poderão esclarecer devidamente a incidência de complicações graves e conseqüent<strong>em</strong>ente<br />

estabelecer comparação entre grupos de estudo.<br />

Parece evidente que a histerectomia vaginal representa uma técnica segura, apresentando<br />

vantagens tanto <strong>em</strong> relação à histerectomia abdominal (<strong>em</strong> especial a menor perda sanguínea e o<br />

menor t<strong>em</strong>po de recuperação pós-operatória) como <strong>em</strong> relação à histerectomia assistida por<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


laparoscopia (basicamente <strong>em</strong> relação ao t<strong>em</strong>po cirúrgico). Além disso, a histerectomia vaginal<br />

simples é seguramente mais econômica que as d<strong>em</strong>ais técnicas, primeiro porque os custos da<br />

laparoscopia são evident<strong>em</strong>ente b<strong>em</strong> maiores (LUMSDEN et al., 2000), depois porque a<br />

histerectomia abdominal determina maior t<strong>em</strong>po de hospitalização, maior necessidade de uso de<br />

analgésicos e maior t<strong>em</strong>po de retorno às atividades habituais (FALCONE et al., 1999; MEIKLE<br />

et al., 1997; OTTOSEN et al., 2000).<br />

Vale a pena ressaltar que a evolução pós-operatória da histerectomia vaginal simples<br />

parece muito s<strong>em</strong>elhante à da histerectomia assistida por laparoscopia, porém esta última t<strong>em</strong><br />

sido muito mais estudada, inclusive <strong>em</strong> diversos ensaios clínicos randomizados publicados na<br />

última década (KOVAC et al., 2000; FALCONE et al., 1999).<br />

O primeiro relato da utilização da técnica laparoscópica associada à via vaginal para<br />

retirada do útero data de 1989 (REICH et al.) e, desde então, muitos estudos foram conduzidos<br />

comparando esta técnica com a cirurgia convencional por via abdominal. A maioria dos ensaios<br />

clínicos suger<strong>em</strong> um t<strong>em</strong>po cirúrgico maior para a cirurgia laparoscópica, porém apontam<br />

vantagens inequívocas como menor perda sanguínea, menor necessidade de h<strong>em</strong>otransfusão,<br />

menor taxa de complicações, menor t<strong>em</strong>po de hospitalização e recuperação pós-operatória mais<br />

rápida (FALCONE et al., 1999; MARANA et al., 1999; RAJU E AULD, 1994; SUMMITT et<br />

al., 1998). A maioria das evidências pertinente à comparação entre histerectomia abdominal e<br />

histerectomia vaginal assistida laparoscopicamente são de boa qualidade, Ia ou Ib, d<strong>em</strong>onstrando<br />

a superioridade desta última.<br />

Entretanto, quando se analisa unicamente a via vaginal, comparando-se as histerectomias<br />

com e s<strong>em</strong> assistência laparoscópica,<br />

deve-se ressaltar que as evidências apontam para a<br />

histerectomia vaginal simples como a técnica de primeira escolha para r<strong>em</strong>oção do útero. Apesar<br />

das vantagens da histerectomia assistida por laparoscopia sobre a histerectomia abdominal, estas<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


são similares àquelas proporcionadas pela histerectomia vaginal, s<strong>em</strong> os inconvenientes<br />

representados por um t<strong>em</strong>po cirúrgico mais prolongado, necessidade de equipamento especial e<br />

custos mais elevados (DAVIES et al., 1998; OTTOSEN, 2002). De acordo com RICHARDSON<br />

(1995), o uso da laparoscopia para a cirurgia vaginal representa na maior parte dos casos uma<br />

perda de t<strong>em</strong>po.<br />

FIGUEIREDO et al. (1998) também discut<strong>em</strong> a necessidade de se utilizar o laparoscópio<br />

na histerectomia vaginal, uma vez que a cirurgia vaginal isolada é factível na maior parte dos<br />

casos, s<strong>em</strong>pre que o útero for móvel e não existir tumor anexial associado. Os autores suger<strong>em</strong><br />

que “<strong>em</strong> última análise, o principal papel do laparoscópio parece ser o de permitir que o<br />

ginecologista se dê conta de que a histerectomia vaginal simples pode ser realizada na maior<br />

parte dos casos”.<br />

É indiscutível que a histerectomia vaginal simples é menos invasiva do que a<br />

laparoscópica, uma vez que dispensa a incisão abdominal, pode ser realizada s<strong>em</strong> anestesia geral<br />

e com menor t<strong>em</strong>po cirúrgico, o que certamente minimiza os riscos operatórios. Apesar de<br />

laparoscopia constituir um grande avanço na Medicina, não acreditamos que o procedimento<br />

traga vantagens quando associado à histerectomia vaginal, salvo talvez na presença de algumas<br />

condições <strong>em</strong> que o sucesso da via vaginal é incerto, permitindo a avaliação da cavidade, a lise de<br />

aderências e maior facilidade de extração do útero. Esse seria o caso, por ex<strong>em</strong>plo, de pacientes<br />

com endometriose ou quando se prevê a existência de aderências de outra etiologia (DAVIES et<br />

al., 1998).<br />

Um questionamento pertinente, portanto, é: por que ainda são realizadas tão poucas<br />

histerectomias por via vaginal <strong>em</strong> todo o mundo? De acordo com DAVIES et al (1998), o<br />

treinamento e a experiência <strong>em</strong> cirurgia vaginal parec<strong>em</strong> ser os principais determinantes do tipo<br />

de cirurgia que se realiza nos diversos serviços. A maioria dos ginecologistas persiste relutante<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


<strong>em</strong> realizar histerectomias vaginais <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino, mesmo com evidências<br />

suficientes d<strong>em</strong>onstrando a exeqüibilidade da cirurgia nessa condição (DAVIES et al., 1998;<br />

OTTOSEN, 2002).<br />

Por outro lado, nos serviços com tradição de cirurgia vaginal, relatam-se taxas de<br />

histerectomia vaginal para doenças benignas superiores a 80% (COSSON et al., 1996; DARAI et<br />

al., 2001; KOVAC E CRUIKSHANK, 1995). Deve-se destacar que, historicamente, é a<br />

capacidade de operar através da vagina que diferencia o ginecologista do cirurgião geral<br />

(FIGUEIREDO et al., 1998; THOMPSON E WARSHAW, 1997), tendo inclusive a própria<br />

especialidade se originado a partir da cirurgia vaginal (KOVAC, 2002). O desenvolvimento da<br />

habilidade de operar através da vagina deve constituir preocupação relevante dos centros de<br />

treinamento, <strong>em</strong> especial dos programas de Residência Médica (FIGUEIREDO et al., 1998).<br />

Na primeira edição do livro “Operative Gynecology”, um dos tratados mais relevantes<br />

sobre Cirurgia Ginecológica, Richard Te Linde já afirmava que “há muitas diferenças de opinião<br />

entre os ginecologistas quanto ao valor e às indicações da abordag<strong>em</strong> vaginal <strong>em</strong> cirurgia pélvica.<br />

Entretanto, uma eventual dificuldade na realização do procedimento vaginal não constitui uma<br />

desculpa legítima para evitar esta via, desde que o cirurgião esteja suficient<strong>em</strong>ente treinado para<br />

realizá-lo com segurança e que, no final, a paciente seja a maior beneficiada” (TE LINDE, 1946).<br />

Alguns autores suger<strong>em</strong>, nesse sentido, que a simples decisão de operar por via vaginal e<br />

realizar o maior número possível de histerectomias por esta via pode ser efetiva no sentido de<br />

aumentar a proporção de histerectomias vaginais na ausência de prolapso uterino. VARMA et al.<br />

(2001) analisaram durante cinco anos os padrões da prática de histerectomia <strong>em</strong> um hospital geral<br />

no Reino Unido, encontrando, no início, quase 70% de histerectomias abdominais, uma taxa que<br />

foi progressivamente caindo até que, no final do período estudado, apenas 5% das histerectomias<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


ainda eram realizadas por via abdominal. Os autores afirmam, no final, que o maior determinante<br />

da via da histerectomia não é a situação clínica, mas sim a atitude do cirurgião.<br />

Em algumas regiões do mundo, parece que realmente têm ocorrido mudanças de atitude.<br />

Em um estudo de base populacional realizado na Dinamarca, GIMBEL et al. (2001), revisando<br />

mais de 67.000 histerectomias entre 1988 e 1998, observaram que, apesar de no final desse<br />

período as histerectomias abdominais ainda representar<strong>em</strong> cerca de 80% do número total, a<br />

proporção de histerectomias vaginais aumentou mais de 100%.<br />

Embora não disponhamos de dados brasileiros, dev<strong>em</strong>os registrar que t<strong>em</strong> havido um<br />

progressivo aumento do interesse pela histerectomia vaginal <strong>em</strong> nosso país, interesse este que<br />

pode ser avaliado pela diss<strong>em</strong>inação de cursos sobre a técnica e pela abordag<strong>em</strong> cada vez mais<br />

freqüente do t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> Congressos de Ginecologia e Obstetrícia. Cursos teórico-práticos com<br />

transmissão ao vivo de cirurgias são oferecidos pela Universidade Estadual de Londrina<br />

(CAMARGO E RIBEIRO, 2001). A professora Albanita Macedo, do Rio Grande do Norte,<br />

pioneira da introdução da técnica no país, <strong>em</strong> 1972 (MACEDO et al., 1992, 1995), é responsável<br />

também por diversos cursos, oferecidos não apenas no Nordeste como <strong>em</strong> outras regiões do país.<br />

No Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP), a realização de histerectomias<br />

vaginais <strong>em</strong> pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino teve início apenas <strong>em</strong> 1999, depois de um curso<br />

teórico-prático ministrado pela professora Albanita Macedo. Em 2000, realizaram-se 25<br />

histerectomias vaginais e esse número v<strong>em</strong> aumentando, tendo praticamente triplicado no ano<br />

corrente. Mesmo <strong>em</strong> se tratando de uma experiência incipiente, o entusiasmo com a técnica t<strong>em</strong><br />

aumentado entre os cirurgiões, tendo inclusive motivado o presente ensaio clínico.<br />

A partir dos resultados encontrados, integrados às evidências disponíveis na literatura,<br />

julgamos válido recomendar que a via vaginal deve constituir a técnica de escolha, como primeira<br />

opção <strong>em</strong> pacientes com indicação de histerectomia. Como a experiência do serviço é ainda<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


ecente, sugerimos que, ab initio, realize-se a técnica vaginal apenas <strong>em</strong> pacientes com as<br />

mesmas características daquelas incluídas <strong>em</strong> nosso estudo, isto é, com volume uterino inferior a<br />

300cm 3 e no máximo uma cirurgia pélvica (cesárea ou laparotomia) anterior. Presentes estas<br />

condições, todavia, a preferência deve recair sobre a histerectomia vaginal, reservando-se a via<br />

abdominal para as pacientes que apresentar<strong>em</strong> úteros mais volumosos ou múltiplas cirurgias<br />

prévias. Destacamos, outrossim, que a miomatose uterina não é uma contra-indicação à<br />

histerectomia vaginal, representando mesmo a indicação mais freqüente da maioria das<br />

histerectomias (DAVIES et al., 1998; DOUCETTE et al., 2001; MARTIN et al., 1999; UNGER<br />

et al., 1999).<br />

É importante ressaltar que ambas as limitações propostas, pertinentes ao volume uterino e<br />

às cirurgias pregressas, não são contra-indicações absolutas para a histerectomia vaginal, tendo<br />

sido questionadas <strong>em</strong> estudos recentes (DOUCETTE et al., 2001; UNGER, 1998, 1999).<br />

Diversas técnicas de morcelamento, como h<strong>em</strong>issecção, técnica de Lash, ressecção <strong>em</strong> cunha e<br />

morcelamento fúndico posterior, além da miomectomia, foram descritas para a abordag<strong>em</strong> de<br />

úteros volumosos (FIGUEIREDO E FIGUEIREDO, 1999), permitindo a ampliação das<br />

indicações de histerectomia vaginal. UNGER (1999) descreveu os resultados da histerectomia<br />

vaginal realizada <strong>em</strong> pacientes com útero de volume entre 200cm 3 e 700 cm 3 (média de 314 cm 3 ),<br />

<strong>em</strong> comparação a pacientes com útero de volume menor que entre 200cm 3 e não encontrou<br />

diferenças significativas nos dois grupos <strong>em</strong> relação a perda sanguínea, duração da hospitalização<br />

e freqüência de complicações, descrevendo apenas um aumento do t<strong>em</strong>po cirúrgico no primeiro<br />

grupo (67 minutos versus 53 minutos). DARAI et al. (2001) e DOUCETTE et al. (2001) também<br />

encontraram resultados favoráveis quando compararam histerectomia vaginal simples com<br />

histerectomia abdominal e histerectomia vaginal assistida por laparoscopia <strong>em</strong> mulheres com<br />

útero volumoso.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Assim, acreditamos que, com a evolução da curva de aprendizag<strong>em</strong>, a maioria dos<br />

cirurgiões deve expandir as indicações de histerectomia, passando a adotar as técnicas de<br />

morcelamento transvaginal nos casos de úteros miomatosos de grande volume, mobilidade<br />

uterina reduzida e exposição cirúrgica limitada (FIGUEIREDO E FIGUEIREDO, 1999).<br />

Sugerimos, portanto, que progressivamente sejam ampliadas as indicações de histerectomia<br />

vaginal no serviço, de acordo com a habilidade dos cirurgiões. Por outro lado, sugerimos a<br />

realização de outros ensaios clínicos controlados para comparar os resultados da via vaginal com<br />

a abdominal, uma vez que ainda são escassas as evidências nível Ia ou Ib nessa situação. Da<br />

mesma forma, estudos controlados dev<strong>em</strong> ser conduzidos para estabelecer o real papel da cirurgia<br />

vaginal assistida por laparoscopia, cujas indicações, até o momento, não são b<strong>em</strong> definidas.<br />

Julgamos ainda importante, no sentido de diss<strong>em</strong>inar a prática da histerectomia vaginal<br />

<strong>em</strong> nossa região, uma maior ênfase <strong>em</strong> cirurgia vaginal nos programas de Residência Médica,<br />

b<strong>em</strong> como a reciclag<strong>em</strong> constante dos cirurgiões <strong>em</strong> atividade, <strong>em</strong> cursos com carga horária<br />

suficiente para o treinamento prático, sob supervisão de profissionais experientes. Por outro lado,<br />

dev<strong>em</strong> ser conduzidos estudos nos diversos serviços, para determinar os resultados da adoção das<br />

novas práticas. Dev<strong>em</strong>os salientar que a avaliação dos próprios resultados faz parte dos cinco<br />

passos recomendados para a prática da Medicina Baseada <strong>em</strong> Evidências, sendo fundamental que<br />

os diversos serviços ger<strong>em</strong> essas evidências (SACKETT et al., 2000).<br />

Precedendo a impl<strong>em</strong>entação desses programas de treinamento, seria interessante a<br />

realização de inquéritos, tanto nos hospitais-escola como <strong>em</strong> outros centros onde se realizam<br />

cirurgias ginecológicas, para avaliar conhecimento, atitude e prática (CAP) dos profissionais de<br />

saúde, pertinentes à histerectomia vaginal. Na verdade, estamos elaborando um projeto para<br />

determinar a freqüência de histerectomia vaginal nos diversos serviços de Recife, e a idéia é de<br />

realizar um estudo multicêntrico com outras instituições.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Enquanto o século passado caracterizou-se pelo surgimento de novas tecnologias e<br />

surpreendentes avanços <strong>em</strong> Cirurgia, os conceitos <strong>em</strong> destaque no início deste novo milênio<br />

diz<strong>em</strong> basicamente respeito à seleção e impl<strong>em</strong>entação de boas práticas clínicas, baseadas <strong>em</strong><br />

evidências científicas de boa qualidade. Nesse sentido, torna-se essencial avaliar as técnicas<br />

cirúrgicas disponíveis, os resultados de sua aplicação e introdução na prática clínica, b<strong>em</strong> como o<br />

treinamento dos cirurgiões (MEAKINS, 2002). Os ensaios clínicos randomizados proporcionam<br />

as melhores evidências possíveis para a decisão <strong>em</strong> favor de uma intervenção (SOLOMON E<br />

MCLEOD, 1998), sendo fundamentais para a validação do tratamento cirúrgico de diversas<br />

condições mórbidas. Mesmo <strong>em</strong> se tratando de um pequeno ensaio clínico controlado,<br />

acreditamos que o presente estudo v<strong>em</strong> contribuir para a definição da melhor via de acesso para<br />

histerectomia, na medida <strong>em</strong> que v<strong>em</strong> se somar às evidências atualmente disponíveis.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


VII. CONCLUSÕES<br />

1. O volume de sangue perdido durante as histerectomias por via abdominal (mediana de 902ml)<br />

foi significativamente maior <strong>em</strong> relação à perda durante as histerectomias vaginais (mediana de<br />

520ml). Aproximadamente 95% das pacientes submetidas à cirurgia abdominal versus 42% das<br />

pacientes no grupo da cirurgia vaginal tiveram perdas maiores que 600ml. Realizou-se<br />

h<strong>em</strong>otransfusão <strong>em</strong> 19% dos casos de histerectomia abdominal, porém esta não foi necessária<br />

<strong>em</strong> nenhuma paciente submetida a histerectomia vaginal.<br />

2. Tanto a duração do ato cirúrgico como o t<strong>em</strong>po de anestesia foram s<strong>em</strong>elhantes nos dois<br />

grupos, com medianas de 120 e 120 para a cirurgia vaginal e 120 e 150 para a cirurgia<br />

abdominal, respectivamente.<br />

3. A intensidade da dor pós-operatória avaliada pela escala visual analógica foi maior no grupo<br />

submetido à histerectomia abdominal, <strong>em</strong> todos os períodos, observando-se uma mediana de<br />

escores nesse grupo de 5, 6 e 12 na avaliação com seis, 12 e 24 horas, respectivamente. Esses<br />

escores apresentaram uma mediana de zero <strong>em</strong> todas as avaliações no grupo da histerectomia<br />

vaginal. Em relação à necessidade de analgésicos para debelar a dor pós-operatória, esta foi<br />

s<strong>em</strong>elhante entre os dois grupos, exceto no período de 12h após o procedimento quando a<br />

freqüência de uso de analgésicos foi significativamente menor no grupo submetido à<br />

histerectomia vaginal (26% versus 69% no outro grupo).<br />

4. Não houve diferença na freqüência de complicações intra ou pós-operatórias entre os dois<br />

grupos. Encontrou-se apenas um caso de trombose venosa profunda e um de infecção de cúpula<br />

no grupo de histerectomias vaginais e um caso de infecção superficial incisional no grupo de<br />

histerectomias abdominais.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


5. A maioria das pacientes obteve alta hospitalar até 48 horas depois da cirurgia, <strong>em</strong> ambos os<br />

grupos (79% no grupo submetido a histerectomia abdominal versus 69% no grupo submetido à<br />

histerectomia vaginal). O retorno às atividades das pacientes submetidas à histerectomia<br />

vaginal foi significativamente menor (mediana de 35 dias) <strong>em</strong> relação ao outro grupo (mediana<br />

de 40 dias). O grau de satisfação com a cirurgia foi s<strong>em</strong>elhante entre os grupos (<strong>em</strong> torno de<br />

95% das pacientes submetidas à histerectomia vaginal e 88% das pacientes submetidas à<br />

histerectomia abdominal referiram estar satisfeitas com o procedimento realizado).<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


VIII. RECOMENDAÇÕES<br />

1. Discutir amplamente os resultados do presente estudo com todos os médicos, tanto os<br />

preceptores da enfermaria de Ginecologia como os cirurgiões ginecológicos do IMIP e<br />

médicos-residentes, apresentando ainda os resultados de outros estudos, tanto observacionais<br />

como ensaios clínicos, pertinentes ao t<strong>em</strong>a.<br />

2. A partir dessa discussão, sugerir mudança da rotina atualmente adotada na Cirurgia<br />

Ginecológica, privilegiando a via vaginal como técnica de escolha para as histerectomias<br />

indicadas por condições benignas, desde que presentes critérios de volume uterino (no<br />

máximo 300cm 3 ), mobilidade uterina e fácil acesso vaginal.<br />

3. Realizar treinamento <strong>em</strong> serviço dos cirurgiões que ainda não se reconhec<strong>em</strong> aptos a executar<br />

histerectomias vaginais.<br />

4. Ampliar progressivamente as indicações de histerectomia vaginal, passando a incluir úteros<br />

de volume maior, na medida <strong>em</strong> que os cirurgiões adquirir<strong>em</strong> proficiência e habilidade com a<br />

técnica, podendo adotar estratégias para redução do volume uterino, como as técnicas de<br />

morcelamento.<br />

5. Incluir a histerectomia vaginal como tópico do programa teórico da Residência Médica <strong>em</strong><br />

Tocoginecologia do IMIP, sob a forma de s<strong>em</strong>inário.<br />

6. Determinar um número mínimo de histerectomias vaginais realizadas pelo médico-residente<br />

como requisito para conclusão do programa de Residëncia Médica.<br />

7. Estender a discussão para outros serviços, oferecendo cursos teórico-práticos de<br />

Histerectomia Vaginal s<strong>em</strong> prolapso.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


8. Avaliar continuamente os resultados, tanto no IMIP como <strong>em</strong> outros serviços, da mudança da<br />

rotina e da maior taxa de histerectomias vaginais, privilegiando indicadores como t<strong>em</strong>po<br />

cirúrgico, permanência hospitalar, freqüência de complicações e grau de satisfação das<br />

pacientes.<br />

9. Realizar um inquérito nacional nos diversos serviços de Cirurgia Ginecológica, para<br />

determinar a proporção de cirurgias realizadas por via vaginal no país, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong><br />

que analisam as opiniões dos cirurgiões sobre o t<strong>em</strong>a.<br />

10. Prosseguir a revisão da literatura, pesquisando ensaios clínicos s<strong>em</strong>elhantes, tanto publicados<br />

como não-publicados, com o objetivo de realizar uma revisão sist<strong>em</strong>ática, com metanálise,<br />

sobre a comparação das vias vaginal e abdominal para histerectomia total.<br />

11. Divulgar os resultados deste estudo <strong>em</strong> publicações científicas (uma separata na forma de<br />

artigo original já foi elaborada e enviada para a Revista Brasileira de Ginecologia e<br />

Obstetrícia) e também para o público geral, conscientizando as mulheres sobre a<br />

histerectomia vaginal, permitindo que estas particip<strong>em</strong> da decisão sobre a via de acesso para a<br />

histerectomia. Essa divulgação deve incluir reportagens <strong>em</strong> jornais, revistas e televisão, além<br />

da criação de um site na Internet (<strong>em</strong> construção) sobre o assunto.<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


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Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


ANEXO I<br />

A) INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO INCISIONAL SUPERFICIAL<br />

1. A infecção ocorre até 30 dias depois da operação e<br />

2. Envolve apenas a pele e o tecido celular subcutâneo da incisão; e<br />

3.<br />

O paciente apresenta pelo menos um dos seguintes achados:<br />

a.<br />

Drenag<strong>em</strong> purulenta da infecção superficial;<br />

b. Organismos isolados de uma cultura obtida <strong>em</strong> condições assépticas do líquido ou do tecido da incisão superficial;<br />

c. Pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas de infecção: dor ou sensibilidade, ed<strong>em</strong>a localizado, hiper<strong>em</strong>ia ou<br />

hipertermia local; ou ainda a incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião, a menos que a cultura seja<br />

negativa<br />

d. Diagnóstico de Infecção do Sítio Cirúrgico Incisional Superficial pelo cirurgião ou pelo clínico responsável<br />

4. A definição não inclui:<br />

− Abscessos dos pontos cirúrgicos (inflamação mínima e drenag<strong>em</strong> confinada aos pontos de penetração da sutura) ou infecção<br />

localizada do talho cirúrgico<br />

− Infecção do local da circuncisão <strong>em</strong> recém-nascidos ou do local da episiotomia<br />

− Queimaduras infectadas<br />

5. Se a infecção envolve tanto os sítios superficiais como profundos deve ser classificada como Infecção do Sítio Cirúrgico Incisional<br />

Profunda<br />

B) INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO INCISIONAL PROFUNDA<br />

1. A infecção ocorre dentro de 30 dias depois do procedimento cirúrgico a menos que um implante tenha sido deixado no local ou dentro<br />

de um ano na presença de um implante, se a infecção parece relacionada ao procedimento cirúrgico e<br />

2. A infecção envolve os tecidos moles profundos (fáscia e camadas musculares) da incisão; e<br />

3.<br />

O paciente apresenta pelo menos um dos seguintes achados:<br />

a. Drenag<strong>em</strong> purulenta da incisão profunda mas não de “órgãos e espaços” do sítio cirúrgico;<br />

b. Ocorre deiscência espontânea de uma incisão profunda ou esta é deliberadamente aberta por um cirurgião quando o<br />

paciente apresenta um destes sinais e sintomas: febre (> 38 o C) ou dor/sensibilidade localizada, a menos que a cultura da<br />

incisão seja negativa<br />

c. Encontra-se um abscesso ou outra evidência de infecção ao exame direto, durante uma reoperação ou ainda por exames<br />

histopatológicos e radiológicos; ou<br />

d. Diagnóstico de Infecção Incisional Profunda pelo cirurgião ou pelo clínico responsável<br />

4. Se a infecção envolve tanto os sítios superficiais como profundos deve ser classificada como Infecção Incisional Profunda<br />

5. Infecção de órgãos e espaços que drena através da incisão também é considerada Infecção Incisional Profunda<br />

C) INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO DE ÓRGÃOS E ESPAÇOS<br />

1. A infecção ocorre dentro de 30 dias depois do procedimento cirúrgico a menos que um implante tenha sido deixado no local ou dentro<br />

de um ano na presença de um implante, se a infecção parece relacionada ao procedimento cirúrgico e<br />

2. A infecção ocorre <strong>em</strong> qualquer parte do corpo que não seja a incisão (incluindo órgãos e espaços) e que tenha sido aberta ou<br />

manipulada durante o procedimento cirúrgico<br />

3.<br />

O paciente apresenta pelo menos um dos seguintes achados:<br />

a. Drenag<strong>em</strong> purulenta através de um dreno colocado através de uma incisão na parede no interior de um órgão ou espaço;<br />

b. Organismos isolados de uma cultura obtida <strong>em</strong> condições assépticas de líquidos ou tecidos do órgão ou cavidade;<br />

c. Encontra-se um abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo o órgão ou espaço ao exame direto, durante uma<br />

reoperação ou ainda por exames histopatológicos ou radiológicos;<br />

d. Diagnóstico de uma Infecção do Sítio Cirúrgico de Órgãos e Espaços realizado por um cirurgião ou pelo clínico<br />

responsável.<br />

4. Inclui-se a endometrite pós-cesárea como uma infecção hospitalar de órgãos e espaços a menos que na admissão hospitalar o líquido<br />

amniótico esteja infectado ou a paciente tenha mais de 48 horas de bolsa rota<br />

ANEXO II<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Classificação diagnóstica da hipertensão arterial<br />

(MANO, 1998. III CONGRESSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL)<br />

A - Adultos (maiores de 18 anos)<br />

PAD<br />

PAS<br />

Classificação<br />

(mm Hg)<br />

(mm Hg)<br />

< 85 < 130 Normal<br />

85-89 130-139 Normal Limítrofe<br />

90-99 140-159 Hipertensão Leve (estágio 1)<br />

100-109 160-179 Hipertensão Moderada (estágio 2)<br />

> 110 > 180 Hipertensão Grave (estágio 3)<br />

< 90 > 140 Hipertensão Sistólica Isolada<br />

ANEXO III<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


LISTA DE CHECAGEM<br />

A) SELEÇÃO DE PACIENTES<br />

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO<br />

Indicação de histerectomia total<br />

Idade entre 30 e 65 anos<br />

Paciente internada na enfermaria de ginecologia<br />

SIM<br />

NÃO<br />

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO<br />

Prolapso uterino<br />

Tamanho uterino > 300cm 3<br />

Duas ou mais laparotomias anteriores<br />

Doenças oncológicas<br />

Conversão de técnica cirúrgica<br />

Doenças anexias<br />

Recusa da paciente<br />

Atraso menstrual ou gravidez confirmada<br />

SIM<br />

NÃO<br />

ANEXO IV<br />

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO<br />

(De acordo com os critérios da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Pesquisa)<br />

Eu, __________________________________________, paciente matriculada no IMIP com o<br />

registro , declaro que fui devidamente informada pelo Dr.<br />

________________________________ sobre as finalidades da pesquisa “COMPARAÇÃO DOS<br />

RESULTADOS INTRA E PÓS-OPERATÓRIOS DE PACIENTES SUBMETIDAS A<br />

HISTERECTOMIA ABDOMINAL OU VAGINAL” e que estou perfeitamente consciente de<br />

que:<br />

1. Concordei <strong>em</strong> participar da pesquisa s<strong>em</strong> que recebesse nenhuma pressão do médico, das<br />

enfermeiras ou qualquer outro profissional que participe do projeto.<br />

2. Continuarei sendo atendida no IMIP e dispondo de toda a atenção devida na enfermaria de<br />

ginecologia ou ambulatório da Mulher, independente de minha participação na pesquisa.<br />

3. Na prática clínica, tanto as pacientes como os médicos <strong>em</strong> geral descrev<strong>em</strong> bons resultados<br />

no tratamento por via vaginal , porém não exist<strong>em</strong> estudos clínicos comprovando sua eficácia<br />

no tratamento de pacientes s<strong>em</strong> prolapso uterino.<br />

4. Esse probl<strong>em</strong>a não é grave a ponto de requerer tratamento imediato.<br />

5. Tenho total conhecimento de que o estudo t<strong>em</strong> o objetivo de comparar dois tipos de cirurgias:<br />

a histerectomia por via abdominal e a histerectomia vaginal.<br />

6. A técnica abdominal é a retirada do útero e trompas através do abdômen enquanto a técnica<br />

vaginal esta retirada se faz pela vulva.<br />

7. Em ambos os procedimentos, receberei anestesia <strong>em</strong> forma de bloqueio (raquianestesia).<br />

8. Tenho conhecimento que nos dois tipos de cirurgias correrei os riscos inerentes ao<br />

procedimento, como infecções, sangramentos e dores pós-operatórias.<br />

9. Participando do estudo, poderei estar recebendo tanto o tratamento por via abdominal<br />

(tradicional) como por via vaginal, e que portanto poderei obter melhora depois de qualquer<br />

opção na escolha do tratamento.<br />

10. Continuarei tendo o acompanhamento do médico assistente (residente) na enfermaria de<br />

ginecologia e todas as situações pós-operatórias serão relatadas a ele e ao pesquisador durante<br />

a visita diária.<br />

11. Após entendimento dos objetivos do estudo, concordarei <strong>em</strong> participar do sorteio de formação<br />

dos grupos aleatoriamente e dos procedimentos escolhidos.<br />

12. Estou de acordo com os critérios de garantia do sigilo e privacidade das pacientes e suas<br />

informações.<br />

13. Concordei <strong>em</strong> retornar após o tratamento nos prazos previstos.<br />

14. Poderei abandonar a qualquer momento a pesquisa, caso não me sinta satisfeita, s<strong>em</strong> que isso<br />

venha a prejudicar meu atendimento no IMIP.<br />

15. Receberei ressarcimento ou indenização, segundo as normas legais, para qualquer situação<br />

que me sinta lesada.<br />

Recife, _____ de ________ de ________<br />

ANEXO V<br />

_______________________________<br />

Assinatura da paciente<br />

__________________________________<br />

Assinatura do médico responsável<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


TABELA DE NÚMEROS RANDÔMICOS<br />

GRUPO A (VAGINAL)<br />

2 3 5 7 9 10<br />

11 13 14 16 17 19<br />

22 23 25 26 27 33<br />

34 36 37 39 40 45<br />

47 48 49 50 54 57<br />

61 62 64 67 72 74<br />

75 76<br />

GRUPO B (ABDOMINAL)<br />

1 4 6 8 12 15<br />

18 20 21 24 28 29<br />

30 31 32 35 38 41<br />

42 43 44 46 51 52<br />

53 55 56 58 59 60<br />

63 65 66 68 69 70<br />

71 73<br />

ANEXO VI<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


PESQUISA: HISTERECTOMIA VAGINAL X ABDOMINAL EM ÚTERO SEM<br />

PROLAPSO<br />

Formulário N o .<br />

Pesquisador: ___________________<br />

IDENTIFICAÇÃO<br />

Nome ________________________________________________________<br />

Registro<br />

Data de admissão ____/____/______<br />

Cidade _________________________ Estado<br />

Tipo de cirurgia 1 vaginal 2 abdominal<br />

DADOS GERAIS<br />

Idade Gesta Para DUM ____/____/______<br />

Peso (kg) , Altura (m) , IMC<br />

DOENÇAS ASSOCIADAS<br />

Diabetes 1. Sim 2. Não<br />

HAS Crônica 1. Sim 2. Não<br />

Cardiopatias 1. Sim 2. Não<br />

Tireoidopatia 1. Sim 2. Não<br />

CIRURGIAS PRÉVIAS<br />

LAPAROTOMIAS (exceto cesariana) 1. Sim 2. Não<br />

KK+CPP 1. Sim 2. Não<br />

CPP 1. Sim 2. Não<br />

KK 1. Sim 2. Não<br />

CERVICAIS 1. Sim 2. Não<br />

TAMANHO UTERINO (ecograficamente)<br />

Dimensões (cm) x x<br />

Volume (cm 3 )<br />

Indicação cirúrgica (diagnóstico pré-operatório)<br />

HUD/ METRORRAGIA<br />

HIPERPLASIA ENDOMETRIAL<br />

ADENOMIOSE<br />

MIOMATOSE UTERINA<br />

PATOLOGIA CERVICAL<br />

PÓLIPO ENDOMETRIAL<br />

SANGRAMENTO PÓS-MENOPAUSA SEM<br />

DIAGNÓSTICO<br />

DADOS CIRÚRGICOS (HISTERECTOMIA TOTAL SEM PROLAPSO)<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Data da cirurgia _____/_____/______ Hora de Início: :<br />

Hora de Término: : Duração Total (min)<br />

PERDA SANGUÍNEA<br />

Necessidade de h<strong>em</strong>otransfusão . 1. Sim 2. Não<br />

Qual derivado:<br />

Concentrado de h<strong>em</strong>ácias 1. Sim 2. Não<br />

Concentrado de plaquetas 1. Sim 2. Não<br />

Sangue total 1. Sim 2. Não<br />

Plasma fresco 1. Sim 2. Não<br />

Crioprecipitado 1. Sim 2. Não<br />

Hb pré , Hb pós ,<br />

Ht pré , Ht pós ,<br />

Peso de compressas Diferença pré e pós<br />

Volume sangue<br />

DADOS ANESTÉSICOS<br />

Duração total da anestesia (min)<br />

DIMENSÕES ÚTERO APÓS (cm) x x<br />

COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS<br />

TEMPO DOR INTENSIDADE (VAS) USO DE<br />

ANALGESICOS<br />

6 horas 1. Sim 2. Não ________ 1. Sim 2. Não<br />

12 horas 1. Sim 2. Não ________ 1. Sim 2. Não<br />

24 horas 1. Sim 2. Não ________ 1. Sim 2. Não<br />

Duração do uso de analgésicos (horas)<br />

H<strong>em</strong>atomas: subcutâneo<br />

subaponeurótico<br />

intracavitário Tamanho ,<br />

Ligadura de ureter 1. Sim 2. Não<br />

Infecção: incisional ( superficial )<br />

(profunda)<br />

intracavitária<br />

Presença de abscessos 1. Sim 2. Não<br />

Infecção de cúpula vaginal 1. Sim 2. Não<br />

Acidentes trombo<strong>em</strong>bólicos Trombose superficial<br />

Embolia pulmonar<br />

TVP<br />

Data da alta ______/______/_______ Hora: :<br />

T<strong>em</strong>po de permanência hospitalar (<strong>em</strong> horas)<br />

Retorno as atividades diárias (dias)<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal


Satisfação com tratamento: 1.insatisfeita<br />

2. pouco satisfeito .<br />

3. satisfeito.<br />

4. muito satisfeito.<br />

ANEXO VII<br />

FLUXOGRAMA<br />

Pacientes internadas na<br />

Histerectomia enfermaria Vaginal para X realizar Histerectomia Abdominal<br />

histerectomia


Enfermaria<br />

Contatar pesquisador<br />

principal (telefone:<br />

32225716/91396494)<br />

Entrevistador:<br />

Esclarecimento<br />

Consentimento<br />

Consentimento assinado<br />

randomização<br />

Critérios de exclusão e<br />

inclusão<br />

Verificar a realização de<br />

exames de rotina e<br />

preencher formulário<br />

Histerectomia<br />

abdominal<br />

Histerectomia<br />

vaginal<br />

Avaliar complicações pós-operatórias<br />

Avaliar dor pós-operatória 6,12,24,48h<br />

(escala visual analógica)<br />

(número de doses)<br />

Retorno ao ambulatório do pesquisador<br />

Avaliar retorno as atividades<br />

Avaliar satisfação com tratamento<br />

Contatar<br />

pesquisador<br />

principal<br />

Histerectomia Vaginal X Histerectomia Abdominal

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