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DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Assembléia Legislativa do ...

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2193/2004 - DR / ES<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong><br />

CORREIOS<br />

DEVOLUÇÃO<br />

GARANTIDA<br />

CORREIOS<br />

DIÁRIO <strong>OFICIAL</strong><br />

<strong>PODER</strong> <strong>LEGISLATIVO</strong><br />

ANO XXXIX - VITÓRIA-ES, QUARTA - FEIRA, 25 DE MAIO DE 2005 - Nº 5369 – 84 PÁGINAS<br />

TAQUIGRAFIA – Composição, Revisão, Diagramação, Arte Final. REPROGRAFIA – Impressão<br />

MARCELO SANTOS<br />

1 o Secretário<br />

MESA DIRETORA<br />

CÉSAR COLNAGO<br />

Presidente<br />

REGINALDO ALMEIDA<br />

2 o Secretário<br />

SÉRGIO BORGES GEOVANI SILVA DÉLIO IGLESIAS LUZIA TOLEDO<br />

1º Vice-Presidente 2º Vice-Presidente 3º Secretário 4ª Secretária<br />

GABINETE DAS LIDERANÇAS<br />

PFL – Gilson Gomes<br />

PT – Carlos Casteglione<br />

PTB –<br />

PPS – Graciano Espíndula<br />

PSB –<br />

PL – Robson Vaillant<br />

PDT – Sueli Vidigal<br />

PSDB – Geovani Silva<br />

PMDB – Sérgio Borges<br />

PMN –<br />

PSC - Jurandy Loureiro<br />

PTC -<br />

PRTB – Marcos Gazzani<br />

PP - Luzia Tole<strong>do</strong><br />

Líder <strong>do</strong> Governo –<br />

REPRESENTAÇÃO PARTIDÁRIA<br />

PFL - Zé Ramos, Gilson Gomes.<br />

PT – Claudio Vereza, Brice Bragato, Carlos Casteglione.<br />

PTB – Marcelo Santos.<br />

PPS – Graciano Espíndula.<br />

PSB – Paulo Foletto, Janete de Sá.<br />

PL - Robson Vaillant, Cláudio Thiago.<br />

PDT – Sueli Vidigal, Cabo Elson, José Esmeral<strong>do</strong>.<br />

PSDB – Rudinho de Souza, César Colnago, Geovani Silva.<br />

PMDB - Luiz Carlos Moreira, Sérgio Borges.<br />

PMN – Edson Vargas, Euclério Sampaio.<br />

PSC – Reginal<strong>do</strong> Almeida, Jurandy Loureiro.<br />

PTC - José Tasso de Andrade.<br />

PRTB – Fátima Couzi, Marcos Gazzani, Délio Iglesias.<br />

PP – Heral<strong>do</strong> Musso, Luzia Tole<strong>do</strong>.<br />

Sem Parti<strong>do</strong> - Mariazinha Vellozo Lucas.<br />

Esta edição está disponível no site da Assembléia <strong>Legislativa</strong><br />

www.al.es.gov.br<br />

clique: diário online


COMISSÃO DE JUSTIÇA<br />

Presidente: Zé Ramos<br />

Vice-Presidente:Luiz Carlos Moreira<br />

Efetivos: Heral<strong>do</strong> Musso, Paulo Foletto, Euclério<br />

Sampaio, Sueli Vidigal e Claudio Vereza.<br />

Suplentes: Gilson Gomes, Luzia Tole<strong>do</strong>, Délio<br />

Iglesias, Sérgio Borges, Marcos Gazzani, José<br />

Esmeral<strong>do</strong> e Brice Bragato.<br />

COMISSÕES PERMANENTES<br />

COMISSÃO DE FINANÇAS<br />

Presidente: Edson Vargas<br />

Vice-Presidente: Délio Iglesias<br />

Efetivos: Jurandy Loureiro, José Esmeral<strong>do</strong>, José<br />

Tasso de Andrade, Sérgio Borges e Brice Bragato.<br />

Suplentes: Euclério Sampaio, Marcos Gazzani,<br />

Cláudio Thiago, Sueli Vidigal, Zé Ramos, Luiz<br />

Carlos Moreira e Carlos Casteglione.<br />

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO<br />

Presidente: Gilson Gomes<br />

Vice-Presidente: Marcos Gazzani<br />

Efetivos: José Tasso de Andrade, Cláudio Thiago e<br />

Carlos Casteglione<br />

Suplentes: Zé Ramos, Sérgio Borges, Délio Iglesias,<br />

Robson Vaillant e Claudio Vereza.<br />

COMISSÃO DE AGRICULTURA, DEFESA DO<br />

CONSUMIDOR<br />

Presidente: Luiz Carlos Moreira<br />

Vice-Presidente: Rudinho de Souza<br />

Efetivos: José Esmeral<strong>do</strong>, Geovani Silva, Claudio<br />

Vereza.<br />

Suplentes: Sérgio Borges, Délio Iglesias, Cabo Elson,<br />

Zé Ramos e Carlos Casteglione<br />

COMISSÃO DE DEFESA DA CIDADANIA E<br />

DOS DIREITOS HUMANOS<br />

Presidente: Brice Bragato<br />

Vice-Presidente: Sueli Vidigal<br />

Efetivos: Paulo Foletto, Luzia Tole<strong>do</strong> e Geovani<br />

Silva.<br />

Suplentes: Janete de Sá, Cabo Elson, Robson<br />

Vaillant, Rudinho de Souza e Claudio Vereza.<br />

COMISSÃO DE SAÚDE<br />

Presidente: José Tasso de Andrade<br />

Vice-Presidente: Gilson Gomes<br />

Efetivos: Janete de Sá, Rudinho de Souza e Carlos<br />

Casteglione.<br />

Suplentes: Paulo Foletto, Luiz Carlos Moreira,<br />

Jurandy Loureiro, Geovani Silva e Brice Bragato.<br />

COMISSÃO DE SEGURANÇA<br />

Presidente: Cabo Elson<br />

Vice-Presidente: Marcos Gazzani<br />

Efetivos: Geovani Silva, José Tasso de Andrade e<br />

Robson Vaillant.<br />

Suplentes: Sueli Vidigal, Gilson Gomes, Zé Ramos,<br />

Euclério Sampaio e Fátima Couzi.<br />

COMISSÃO DE TURISMO E DESPORTO<br />

Presidente: Fátima Couzi<br />

Vice Presidente: Délio Iglesias<br />

Efetivos: Luzia Tole<strong>do</strong>, Graciano Espíndula e Cabo<br />

Elson.<br />

Suplentes: Heral<strong>do</strong> Musso, Marcos Gazzani, Geovani<br />

Silva, Sueli Vidigal e Euclério Sampaio.<br />

COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA<br />

Presidente:. Janete de Sá<br />

Vice-Presidente: Mariazinha Lucas<br />

Efetivos:, Luzia Tole<strong>do</strong><br />

Suplentes: Heral<strong>do</strong> Musso<br />

DEPUTADO OUVIDOR: Jurandy Loureiro Ata das Sessões....................pág. 2107 a 2183<br />

LIGUE OUVIDORIA<br />

Publicação Autorizada<br />

3382-3846 3382-3845 Atos Legislativos.................................pág. 01<br />

0800-2839955 Atos Administrativos..................pág. 01 a 02<br />

ouvi<strong>do</strong>ria@al.es.gov.br<br />

Suplemento


2107 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

ATA DAS SESSÕES<br />

SEXAGÉSIMA NONA SESSÃO<br />

EXTRAORDINÁRIA DA TERCEIRA<br />

SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA<br />

DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA,<br />

REALIZADA EM 18 DE MAIO DE 2005.<br />

ÀS DEZOITO HORAS E DEZ<br />

MINUTOS, COMPARECEM OS SRS.<br />

DEPUTADOS BRICE BRAGATTO,<br />

CARLOS CASTEGLIONE, CLÁUDIO<br />

THIAGO, CLÁUDIO VEREZA, CÉSAR<br />

COLNAGO, DÉLIO IGLESIAS, EDSON<br />

VARGAS, EUCLÉRIO SAMPAIO, FÁTIMA<br />

COUZI, GEOVANI SILVA, HERALDO<br />

MUSSO, JANETE DE SÁ, JOSÉ<br />

ESMERALDO, LUIZ CARLOS MOREIRA,<br />

MARCELO SANTOS, SÉRGIO BORGES,<br />

SUELI VIDIGAL E ZÉ RAMOS. (18)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) - Haven<strong>do</strong> número legal e<br />

invocan<strong>do</strong> a proteção de Deus, declaro aberta a<br />

sessão.<br />

(A convite de S.Ex.a, ocupam<br />

as cadeiras da 1ª e 2ª<br />

Secretarias, respectivamente<br />

os Srs. Deputa<strong>do</strong>s Marcelo<br />

Santos e Geovani Silva.)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Convi<strong>do</strong> o Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Geovani Silva a proceder à leitura de um<br />

versículo da Bíblia.<br />

(O Sr. Geovani Silva lê o<br />

Salmo 37:05)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Convi<strong>do</strong> o Sr. 2º Secretário a<br />

proceder à leitura da Ata da sessão anterior.<br />

(O Sr. 2º Secretário procede à<br />

leitura da Ata)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Aprovada a Ata como lida.<br />

(Pausa)<br />

Convi<strong>do</strong> o Sr. 1º Secretário a proceder à<br />

leitura <strong>do</strong> Expediente.<br />

O SR. 1º SECRETÁRIO lê:<br />

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E<br />

JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E<br />

REDAÇÃO<br />

RELATÓRIO<br />

A presente Proposta de Emenda<br />

Constitucional nº 02/2005, de autoria da<br />

Deputada Fátima Couzi e outros, que reduz para<br />

um mês o perío<strong>do</strong> de recesso da Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong>, foi lida no Pequeno Expediente da<br />

Sessão Ordinária, realizada em 21 de fevereiro<br />

de 2005, e publicada no Diário Oficial <strong>do</strong> Poder<br />

Legislativo <strong>do</strong> dia 23 <strong>do</strong> mesmo mês, às páginas<br />

131.<br />

Após permanecer em pauta, em<br />

discussão especial, durante as sessões ordinárias<br />

realizadas nos dias 28 de fevereiro e 01 e 02 de<br />

março <strong>do</strong> corrente ano e junta<strong>do</strong> o parecer<br />

técnico da Procura<strong>do</strong>ria, foi a proposta<br />

encaminhada a esta Comissão para análise e<br />

parecer, na forma <strong>do</strong> artigo 256,§ 1º, <strong>do</strong><br />

Regimento Interno, aprova<strong>do</strong> pela Resolução nº<br />

1.600/91.<br />

Este é o relatório.<br />

PARECER DO RELATOR<br />

A Proposta de Emenda Constitucional nº<br />

02/2005, em análise, tem por objetivo reduzir<br />

para um mês o perío<strong>do</strong> de recesso da<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong>, que hoje, segun<strong>do</strong> o<br />

artigo 58 da Constituição Estadual, ocorre nos<br />

perío<strong>do</strong>s compreendi<strong>do</strong>s entre os dias 15 de<br />

dezembro e 15 de fevereiro (02 meses) e 30 de<br />

junho e 1º de agosto (01 mês), totalizan<strong>do</strong> três<br />

meses.<br />

A implementação da medida se faz<br />

através da alteração <strong>do</strong> caput <strong>do</strong> artigo 58 da<br />

Constituição Estadual, que, com a nova redação,<br />

constante da Proposta de Emenda Constitucional<br />

ora analisada, passaria a vigorar da seguinte<br />

forma:<br />

“Art. 58. A Assembléia <strong>Legislativa</strong><br />

reunir-se-á, anualmente, na Capital<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, independentemente de<br />

convocação, de 15 de janeiro a 15 de<br />

julho e de 1º de agosto a 31 de<br />

dezembro.”


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2108<br />

A própria Carta Magna Estadual, através<br />

<strong>do</strong> seu artigo 62, estabelece os requisitos formais<br />

e temporais para que uma emenda possa<br />

modificá-la. Neste aspecto, a presente<br />

proposição se coaduna com os ditos requisitos,<br />

uma vez que foi proposta por, no mínimo, um<br />

terço <strong>do</strong>s membros da assembléia <strong>Legislativa</strong>,<br />

em época fora da vigência de intervenção<br />

federal, de esta<strong>do</strong> de defesa ou esta<strong>do</strong> de sítio e a<br />

sua matéria não foi rejeitada ou havida por<br />

prejudicada nesta sessão legislativa..<br />

Contu<strong>do</strong>, também temos como limite ao<br />

poder de emendar a Constituição Estadual as<br />

disposições da Constituição Federal, que sejam<br />

de observância obrigatória pelos Esta<strong>do</strong>smembros,<br />

conforme preceitua o seu artigo 25,<br />

caput e § 1°, in verbis:<br />

“Art. 25. Os Esta<strong>do</strong>s organizam-se e<br />

regem-se pelas constituições e leis que<br />

a<strong>do</strong>tarem, observa<strong>do</strong>s os princípios<br />

desta constituição.<br />

§ 1° São reservadas aos Esta<strong>do</strong>s as<br />

competências que não lhes sejam<br />

vedadas por esta Constituição.”<br />

Assim, em conformidade com os<br />

preceitos conti<strong>do</strong>s no § 1° <strong>do</strong> artigo 256, <strong>do</strong><br />

Regimento Interno, cabe a esta Douta Comissão<br />

examinar a admissibilidade da matéria sobe o<br />

ponto de vista jurídico, verifican<strong>do</strong>, portanto,<br />

sua compatibilidade com os preceitos<br />

constitucionais federais.<br />

Por seu turno, a Constituição Federal<br />

trata da matéria no caput <strong>do</strong> seu artigo 57, que<br />

estabelece textualmente:<br />

“Art. 57. O Congresso Nacional<br />

reunir-se-á, anualmente, na Capital<br />

Federal, de 15 de fevereiro a 30 de<br />

junho e de 1° de agosto a 15 de<br />

dezembro.”<br />

Verifican<strong>do</strong> de forma abreviada a<br />

origem <strong>do</strong> recesso, constatamos que na história<br />

<strong>do</strong> direito constitucional europeu a figura <strong>do</strong><br />

recesso parlamentar surge como conseqüência<br />

da preocupação <strong>do</strong>s legisla<strong>do</strong>res constituintes<br />

em garantir às casas legislativas o direito de se<br />

reunirem, independentemente da vontade <strong>do</strong><br />

poder monárquico. O escopo de todas as normas<br />

constitucionais que fixam perío<strong>do</strong>s de<br />

funcionamento parlamentar foi, assim, o de<br />

retirar <strong>do</strong> âmbito da discricionariedade <strong>do</strong>s<br />

monarcas a faculdade de convocarem os<br />

respectivos parlamentos e não o de fixar<br />

previamente o perío<strong>do</strong> de funcionamento<br />

parlamentar.<br />

Nas lições de JOSÉ AFONSO DA<br />

SILVA, (curso de direito constitucional Positivo,<br />

7ª ed., Revista <strong>do</strong>s Tribunais, São Paulo: 1991,<br />

p. 449) o recesso parlamentar “chama-se<br />

recesso, porque, na origem <strong>do</strong>s parlamentos, os<br />

parlamentares se afastavam das reuniões,<br />

durante certo tempo, para retornar a seus<br />

distritos ou circunscrições eleitorais, a fim de<br />

confirmar seu mandato. Os objetivos hoje são<br />

diversos, mas o afastamento para lugar remoto<br />

(um <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s da palavra recesso) – bases<br />

eleitorais – continua a ser uma necessidade<br />

parlamentar).”<br />

De fato, pela definição <strong>do</strong> dicionário<br />

Brasileiro Globo, a palavra recesso tem o<br />

significa<strong>do</strong> de “lugar remoto, afasta<strong>do</strong>; recanto,<br />

retiro”. Assim, caracteriza-se o recesso como um<br />

perío<strong>do</strong> de afastamento <strong>do</strong>s parlamentares das<br />

assembléias, onde parece-nos implícita uma<br />

licença de suas atividades ordinárias relativas às<br />

sessões legislativas, o que não induz, hoje em<br />

dia, a uma paralisação, por completo, da<br />

atividade parlamentar desenvolvida na<br />

respectiva assembléia. A própria Constituição<br />

Federal estabelece o funcionamento de uma<br />

Comissão representativa no perío<strong>do</strong> de recesso,<br />

através das regras estabelecidas pelo art. 58, §<br />

4°, cujos termos são repeti<strong>do</strong>s pelo art. 60, § 4°,<br />

da Constituição Estadual. In verbis:<br />

“Art. 60 (...)<br />

§ 4° Durante o recesso, haverá uma<br />

comissão representativa da<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong>, eleita na<br />

última sessão ordinária <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

legislativo, com atribuições definidas<br />

no Regimento Interno, observada,<br />

quanto possível, a representação<br />

proporcional <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s ou <strong>do</strong>s<br />

blocos parlamentares.<br />

Também, a Constituição Estadual,<br />

seguin<strong>do</strong> a orientação da carta federal,<br />

estabelece que a Assembléia <strong>Legislativa</strong> poderá<br />

ser convocada extraordinariamente no perío<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> recesso parlamentar, o que evidencia um<br />

funcionamento latente <strong>do</strong> Poder Legislativo, sem<br />

embargo <strong>do</strong> plantão da Comissão<br />

Representativa, durante este perío<strong>do</strong> de<br />

afastamento to de parte <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s,<br />

conforme se depreende <strong>do</strong> seu art. 58, § 6°, que<br />

dispõe:


2109 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

“Art. 58 (...)<br />

§ 6° A convocação extraordinária da<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong> far-se-á:<br />

1 – pelo Presidente da Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong> em caso de decretação de<br />

intervenção estadual em Município e<br />

para o compromisso de posse <strong>do</strong><br />

Governa<strong>do</strong>r e o Vice-Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>;<br />

II – em caso de urgência ou interesse<br />

público relevante:<br />

a) pelo Presidente da<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong>;<br />

b) pelo Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>;<br />

c) pela maioria de seus<br />

membros.”<br />

Neste ponto, cumpri-nos ressaltar que,<br />

conformidade com a legislação que dispõe sobre<br />

os subsídios <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Estaduais, editada<br />

nesta legislatura, ao contrário <strong>do</strong> que ocorre no<br />

Congresso Nacional e em outros Esta<strong>do</strong>s, não há<br />

pagamento neste parlamento de qualquer espécie<br />

remuneratória pelas suas convocações<br />

extraordinárias.<br />

Portanto, demonstrada a natureza <strong>do</strong><br />

recesso, que indubitavelmente não tem o caráter<br />

de férias e não representa, hoje em dia,, uma<br />

paralisação das atividades desenvolvidas na<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong>, mas tão somente um<br />

afastamento de parte <strong>do</strong>s parlamentares, com<br />

caráter de licença para retorno a sua base<br />

eleitoral, concluímos por sua subsunção aos<br />

preceitos constantes <strong>do</strong> artigo 27, § 1º, da<br />

Constituição Federal, que impõe aos Deputa<strong>do</strong>s<br />

Estaduais a aplicação de suas regras relativas à<br />

licença <strong>do</strong>s parlamentares federais, dispon<strong>do</strong> o<br />

seguinte:<br />

“Art 27 (...)<br />

§ 1º Será de quatro anos o mandato<br />

<strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s Estaduais, aplican<strong>do</strong>se-lhes<br />

as regras desta Constituição<br />

sobre sistema eleitoral,<br />

inviolabilidade, imunidades,<br />

renuneração, perda de mandato,<br />

LICENÇA, impedimentos e<br />

incorporação às Forças Armadas”.<br />

Nestes termos, as regras relativas ao<br />

recesso, ou melhor, ao perío<strong>do</strong> das sessões<br />

legislativas ordinárias, previstas no artigo 57 da<br />

Carta Federal são de observância obrigatória<br />

pelos Esta<strong>do</strong>s-membros, por imposição <strong>do</strong>s<br />

preceitos conti<strong>do</strong>s no § 1º <strong>do</strong> seu artigo 27,<br />

acima transcrito.<br />

O raciocínio acima desenvolvi<strong>do</strong> é de<br />

fácil constatação prática, posto que não<br />

encontramos regra destoante da contida no<br />

referi<strong>do</strong> artigo 57 da Constituição Federal –<br />

recesso de três meses – nas demais unidades da<br />

Federação, como pode ser verifica<strong>do</strong> nas<br />

Constituições Estaduais de Minas Gerais (art.<br />

53), Mato Grosso <strong>do</strong> Sul (art. 53), Acre (art. 48),<br />

Bahia (art. 67), Ceará (47), Rio Grande <strong>do</strong> Sul<br />

(art. 50), Maranhão (art. 29), Pará (art. 99),<br />

Sergipe (art. 51), Santa Catarina (art. 46), Rio de<br />

Janeiro (art. 107), Amazonas (art. 29), Tocantins<br />

(art. 15), São Paulo (art. 9º, § 1º), Roraima (art.<br />

30, § 2º), Piauí (art. 80, § 1º), Paraná (art. 61),<br />

Rio Grande <strong>do</strong> Norte (art. 42), Pernambuco (art.<br />

7º), Paraíba (art. 59), Goiás (art. 16), Alagoas<br />

(art. 69), Rondônia (art. 28, I), Mato Grosso (art.<br />

34) e <strong>do</strong> Distrito Federal (art. 47).<br />

Por outro la<strong>do</strong>, devemos deixar<br />

evidencia<strong>do</strong>, que as regras constitucionais acima<br />

mencionadas não têm aplicabilidade aos<br />

Municípios, pois diverso é o tratamento que a<br />

Constituição Federal lhes confere naquilo que se<br />

refere a vereança. Através <strong>do</strong> seu artigo 29,<br />

inciso IX, in verbis:<br />

“Art. 29 (...)<br />

IX – proibições e incompatibilidades,<br />

no exercício da vereança, similares, no<br />

que couber, ao disposto nesta<br />

Constituição para os membros <strong>do</strong><br />

Congresso Nacional e, na Constituição<br />

<strong>do</strong> respectivo Esta<strong>do</strong>, para os<br />

membros da Assembléia <strong>Legislativa</strong>;”<br />

Não haven<strong>do</strong> menção às licenças no<br />

dispositivo acima transcrito, apuramos que a<br />

Constituição Federal confere um tratamento<br />

distinto aos verea<strong>do</strong>res pelo fato, ao nosso ver,<br />

das circunscrições eleitorais municipais serem<br />

normalmente de menor tamanho e de pouca<br />

complexibilidade se comparadas com as <strong>do</strong>s<br />

parlamentares federais e estaduais. De fato, no<br />

Município as sessões legislativas ordinárias<br />

(perío<strong>do</strong>s legislativos), bem como o número de<br />

sessões realizadas nestes perío<strong>do</strong>s, devem<br />

atender às necessidades locais não haven<strong>do</strong><br />

necessidade de licença das atividades<br />

parlamentares (recesso), que são cogentes


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2110<br />

somente para o exercício <strong>do</strong>s mandatos estaduais<br />

e federais.<br />

A contrario senso, não podemos<br />

compactuar com raciocínio diferente, que nos<br />

leve a concluir que os parlamentares estaduais<br />

possam fixar recessos diversos <strong>do</strong>s previstos na<br />

Constituição Federal, pois tal precedente poderia<br />

conduzir a instituição de recessos<br />

descompassa<strong>do</strong>s com a realidade nacional, já<br />

que, estan<strong>do</strong> inseri<strong>do</strong> no poder discriscionário<br />

das respectivas Casas <strong>Legislativa</strong>s, poderiam ser<br />

fixa<strong>do</strong>s recessos superiores a três meses e<br />

incoerentes com o sistema jurídicoconstitucional<br />

em vigor.<br />

Pelas considerações aduzidas,<br />

constatamos a incompatibilidade da presente<br />

Proposta de Emenda Constitucional nº 005/05<br />

com os preceitos constantes <strong>do</strong>s artigos 27, § 1º<br />

e 57 da Constituição Federal, o que nos leva a<br />

concluir por sua não-admissibilidade. Assim,<br />

sugerimos aos membros desta Douta Comissão a<br />

a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> seguinte:<br />

PARECER Nº 92/2005<br />

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO<br />

E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E<br />

REDAÇÃO é pela NÃO-<br />

ADMISSIBILIDADE da PROPOSTA DE<br />

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 002/05, de<br />

autoria da deputada Fátima Couzi e outros, que<br />

reduz para um mês o perío<strong>do</strong> de recesso da<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong><br />

2005.<br />

Sala das Comissões, em 17 de maio de<br />

ZÉ RAMOS - Presidente<br />

LUIZ CARLOS MOREIRA – Relator<br />

CLAUDIO VEREZA<br />

PAULO FOLETTO<br />

SUELI VIDIGAL - Contra<br />

LUZIA TOLEDO<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Publique-se.<br />

O SR. 1º SECRETÁRIO lê:<br />

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR<br />

08/2005 (PARECER N.º 104/2005).<br />

O SR. SÉRGIO BORGES – Sr.<br />

Presidente, requeiro de V.Exª dispensa de<br />

publicação <strong>do</strong> Parecer nº 104/2005, basea<strong>do</strong> no<br />

art.157, inciso X, <strong>do</strong> Regimento Interno, para<br />

inclusão da Redação Final na Ordem <strong>do</strong> dia da<br />

presente sessão.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – É regimental, mas depende de<br />

apoiamento <strong>do</strong> Plenário.<br />

Em votação o requerimento.<br />

Os Srs. Deputa<strong>do</strong>s que o aprovam,<br />

permaneçam senta<strong>do</strong>s. (Pausa)<br />

Aprova<strong>do</strong>.<br />

Inclua-se na Ordem <strong>do</strong> dia.<br />

O SR. 1º SECRETÁRIO –<br />

(MARCELO SANTOS) – Sr. Presidente,<br />

informo a V.Exa. não há mais Expediente a ser<br />

li<strong>do</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Não haven<strong>do</strong> mais Expediente a<br />

ser li<strong>do</strong> passa-se a:<br />

ORDEM DO DIA<br />

1. Votação da Redação Final <strong>do</strong> Projeto de<br />

Lei Complementar nº 08/2005, de autoria<br />

<strong>do</strong> Tribunal de Justiça, que cria cargos de<br />

assessor de Juiz de Primeiro Grau, para<br />

Juizes de Direito Substitutos de 3º Entrância<br />

e Entrância Especial.<br />

2. Discussão única, em regime de urgência, <strong>do</strong><br />

Projeto de Lei nº 128/2005, oriun<strong>do</strong> da<br />

Mensagem Governamental n.º 76/2005, que<br />

autoriza a abertura de Crédito Suplementar<br />

no valor de R$ 150.000,00 (cento e<br />

cinqüenta mil reais), em favor da Secretaria<br />

de Esta<strong>do</strong> da Saúde e Secretaria de Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Meio Ambiente e de Recursos Hídricos,<br />

visan<strong>do</strong> o atendimento de despesa com<br />

transferência de auxílios a entidades,<br />

publica<strong>do</strong> no DPL de 18.05.2005.<br />

(COMISSÃO DE FINANÇAS)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Antes de colocar o projeto em<br />

votação devo esclarecer aos Srs. Deputa<strong>do</strong>s que<br />

o Relator desta matéria em sua fala na Comissão<br />

de Justiça, quan<strong>do</strong> avocou a matéria para relatar


2111 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

inseriu no texto original o quantitativo de cargos<br />

e o seu respectivo código. Para que não paire<br />

dúvidas o § 4º <strong>do</strong> artigo 39 da Lei Complementar<br />

nº 234/02, acrescenta<strong>do</strong> pelo artigo 1º <strong>do</strong> Projeto<br />

de Lei Complementar nº 08/05, passará a vigorar<br />

com a seguinte redação:<br />

“§ 4ºHaverá ainda, para<br />

cada um <strong>do</strong>s 30 (trinta) Juízes de<br />

Direito Substitutos de Entrância<br />

Especial e para cada um <strong>do</strong>s 15<br />

(quinze) Juízes de Direito<br />

Substitutos de 3ª Entrância, 01<br />

(um) cargo de Assessor de Juiz<br />

de 1º Grau, de provimento em<br />

comissão, Cód. OPJ.”<br />

Depois destes<br />

esclarecimentos vou colocar a<br />

matéria em votação. (Pausa)<br />

Votação da Redação Final <strong>do</strong> Projeto de<br />

Lei Complementar nº 08/2005.<br />

Os Srs. Deputa<strong>do</strong>s que a aprovam,<br />

permaneçam senta<strong>do</strong>s. (Pausa)<br />

Aprovada.<br />

À Secretaria para extração de autógrafos.<br />

Discussão única, em regime de urgência,<br />

<strong>do</strong> Projeto de Lei nº 128/2005.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra à Comissão de<br />

Finanças, para que esta ofereça parecer oral à<br />

matéria.<br />

O SR. PRESIDENTE DA<br />

COMISSÃO – (EDSON VARGAS) – Convoco<br />

os membros da Comissão de Finanças, Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s Délio Iglesias, Cláudio Thiago, Zé<br />

Esmeral<strong>do</strong>, José Tasso de Andrade, Sérgio<br />

Borges e Brice Bragato.<br />

Sr. Presidente, avoco a matéria para<br />

relatar. (Pausa)<br />

Srs. membros da Comissão de Finanças,<br />

relatamos pela sua aprovação. (Muito bem!)<br />

(Pausa)<br />

Em discussão o Parecer.<br />

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO – Sr.<br />

Presidente, peço a palavra para discuti-lo.<br />

O SR. PRESIDENTE DA<br />

COMISSÃO – (EDSON VARGAS) – Conce<strong>do</strong><br />

a palavra ao Sr. Deputa<strong>do</strong> Euclério Sampaio.<br />

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO – (Sem<br />

revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) - Sr. Presidente e demais<br />

membros da Comissão de Finanças, com certeza<br />

relatamos favoravelmente ao Projeto de Lei nº<br />

128/2005.<br />

Assomamos a esta tribuna para<br />

esclarecer e reiterar, usar como nossas as<br />

palavras da Sra. Deputada Fátima Couzi, sobre a<br />

questão <strong>do</strong>s indígenas. A Aracruz Celulose, pelo<br />

que sabemos, nunca comprou terras <strong>do</strong>s índios,<br />

comprou terras de terceiros. Se fosse assim a<br />

própria Assembléia <strong>Legislativa</strong> seria desalojada.<br />

O que se discute, o que os índios querem é<br />

agilidade, pois existe um processo na Justiça<br />

Federal que está para ser julga<strong>do</strong> há muitos anos<br />

e eles reclamam da morosidade. Os índios<br />

possuem um pedaço de terra e querem um maior.<br />

Esse processo está na Justiça Federal e,<br />

repetimos, eles reclamam da morosidade. Isso<br />

tem de ser registra<strong>do</strong>. Este foi o questionamento<br />

da Sra. Deputada Fátima Couzi.<br />

To<strong>do</strong>s sabem que o direito <strong>do</strong>s índios é<br />

inalienável. Ninguém aqui falou que a Aracruz<br />

Celulose comprou terra de índio. Isso não existe.<br />

Este é o nosso registro.<br />

Votaremos favorável ao Projeto de Lei<br />

nº 128/2005. (Muito bem!)<br />

O SR. PRESIDENTE DA<br />

COMISSÃO – (EDSON VARGAS) – Continua<br />

em discussão o Parecer. (Pausa)<br />

Encerrada.<br />

Em votação.<br />

Como votam os Srs. Deputa<strong>do</strong>s?<br />

O SR. DÉLIO IGLESIAS – Com o<br />

Relator.<br />

O SR. CLÁUDIO THIAGO – Com o<br />

Relator.<br />

O SR. JOSÉ ESMERALDO - Com o<br />

Relator.<br />

O SR. JOSÉ TASSO DE ANDRADE -<br />

Com o Relator.<br />

O SR. SÉRGIO BORGES - Com o<br />

Relator.<br />

A SRA. BRICE BRAGATO - Com o<br />

Relator.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2112<br />

O SR. EDSON VARGAS – Sr.<br />

Presidente, a matéria foi aprovada por<br />

unanimidade pela Comissão de Finanças.<br />

Devolvo a matéria à Mesa.<br />

O SR. PRESIDENTE - (CÉSAR<br />

COLNAGO) - Em discussão o Projeto de Lei nº<br />

128/2005.<br />

Não haven<strong>do</strong> quem queira discuti-lo,<br />

declaro encerrada a discussão.<br />

Em votação <strong>do</strong> Projeto de Lei nº<br />

128/2005.<br />

Os Srs. Deputa<strong>do</strong>s que o aprovam,<br />

permaneçam senta<strong>do</strong>s. (Pausa)<br />

Aprova<strong>do</strong>.<br />

O SR. CLAUDIO VEREZA - Sr.<br />

Presidente, pela ordem! Antes de V.Exa.<br />

encerrar a sessão, convidamos to<strong>do</strong>s os colegas<br />

para as três atividades que esta Casa realizará<br />

hoje e amanhã. Hoje, teremos o debate numa<br />

Sessão Especial, às 19h, sobre o combate à<br />

violência sexual contra a criança e o a<strong>do</strong>lescente.<br />

Amanhã, às 15h, teremos uma Sessão Solene<br />

comemorativa ao início da imigração polonesa<br />

no Espírito Santo. Pouca gente sabe que houve<br />

imigração polonesa no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s, a primeira imigração polonesa<br />

oficial se deu há setenta e cinco anos nos<br />

Municípios de Águia Branca, hoje, e São Gabriel<br />

da Palha. Também contaremos com as presenças<br />

<strong>do</strong> Cônsul Geral da Polônia no Brasil e <strong>do</strong><br />

Cônsul Honorário, além de representantes <strong>do</strong>s<br />

municípios.<br />

Amanhã, às 19 horas, teremos o debate<br />

sobre as cotas para negro na Universidade<br />

Federal <strong>do</strong> Espírito Santo, neste Plenário.<br />

Portanto, convidamos a to<strong>do</strong>s os<br />

Parlamentares e aos que estão nos assistin<strong>do</strong> pela<br />

TV Assembléia a participarem desses<br />

importantes debates.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) - A Sessão de amanhã será<br />

Especial, proposta por nós, e já podemos<br />

confirmar a vinda <strong>do</strong> Secretário de Cidadania <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> de São Paulo, que havia si<strong>do</strong> convida<strong>do</strong><br />

anteriormente e se tornou Secretário depois.<br />

Estarão presentes o Secretário de Cidadania <strong>do</strong><br />

Espírito Santo, Sr. Fernan<strong>do</strong> Zardine; o<br />

Ministério Público; representantes da OAB; o<br />

Sub-reitor da Universidade Federal <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo e a Sr.ª Secretária de Ação Social Vera<br />

Nacif.<br />

Amanha, às 19 horas, nesta Sessão<br />

Especial teremos um importante debate sobre as<br />

cotas destinadas aos negros nas Universidades<br />

Federais, além de outras atividades que o Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza colocou, como a<br />

questão <strong>do</strong>s pomeranos e, hoje, a Sessão<br />

Especial para debatermos sobre a violência e o<br />

abuso sexual contra crianças e a<strong>do</strong>lescentes.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra à Sr.ª Deputada<br />

Janete de Sá.<br />

A SRA. JANETE DE SÁ - Em<br />

referência ao acidente na área de Tubarão,<br />

acabamos de receber o nome <strong>do</strong> companheiro<br />

vitima<strong>do</strong>, André Luiz Nascimento da Conceição,<br />

29 anos, que estava no caminhão e morreu na<br />

hora quan<strong>do</strong> prestava serviço de reparos na<br />

oficina de vagões de Tubarão.<br />

Solicitamos que V.Ex.ª determine que<br />

esse material fosse recolhi<strong>do</strong> para poder constar<br />

nos Anais desta Casa, e que também<br />

determinasse um minuto de silêncio, por mais<br />

essa vítima de acidente de trabalho.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Estamos solidários à família<br />

deste trabalha<strong>do</strong>r.<br />

Solicitamos a to<strong>do</strong>s que fiquem de pé<br />

para fazermos um minuto de silêncio.<br />

(É prestada a homenagem)<br />

Nada mais haven<strong>do</strong> a tratar, vou encerrar<br />

a presente sessão. Antes, porém, convoco os Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s para a próxima, que será Especial, às<br />

19 horas, e para qual designo:<br />

EXPEDIENTE:<br />

O que ocorrer.<br />

Está encerrada a sessão.<br />

Encerra-se a sessão às dezoito horas e<br />

vinte minutos.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2113<br />

SEPTUAGÉSIMA SESSÃO<br />

ESPECIAL DA TERCEIRA SESSÃO<br />

LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA<br />

QUINTA LEGISLATURA, REALIZADA<br />

EM 18 DE MAIO DE 2005.<br />

PRESIDÊNCIA DO SR. DEPUTADO<br />

CÉSAR COLNAGO, PRESIDENTE.<br />

ÀS DEZENOVE HORAS E TRINTA<br />

MINUTOS, OCUPA A CADEIRA DA<br />

PRESIDÊNCIA O SR. DEPUTADO CÉSAR<br />

COLNAGO.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Haven<strong>do</strong> número legal e<br />

invocan<strong>do</strong> a proteção de Deus, declaro aberta a<br />

sessão.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Haven<strong>do</strong> quorum, iniciaremos a<br />

sessão especial, requerida pela Srª Deputada<br />

Brice Bragato, pelo Dia Nacional de Luta Contra<br />

a Violência e a Exploração Sexual Infanto-<br />

Juvenil. Teremos também a palestra “O Esta<strong>do</strong> e<br />

a Sociedade Civil Integra<strong>do</strong>s para o Combate à<br />

Violência Sexual Infanto-Juvenil.<br />

Solicito à Sr.ª Deputada Brice Bragato a<br />

proceder à leitura de um versículo da Bíblia.<br />

(A Srª. Brice Bragato lê<br />

Provérbios 22,6)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Convi<strong>do</strong> para compor a Mesa a<br />

Srª. Deputada Brice Bragato; a Drª. Leslie<br />

Marques de Carvalho, Promotora de Justiça de<br />

Defesa à Infância e Juventude no Distrito<br />

Federal; a Drª; Patrícia Calmom Rangel,<br />

Promotora de Justiça, Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Centro<br />

de Apoio à Infância e Juventude <strong>do</strong> Ministério<br />

Público <strong>do</strong> Espírito Santo; a Srª. Cleriamar<br />

Lyrio, a Kely, representan<strong>do</strong> o Fórum de<br />

Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-<br />

Juvenil; a Srª. Vânia Tardin de Castro,<br />

Presidente <strong>do</strong> CRIAD e, em especial, o Sr.<br />

Leandro Antônio, menino de abordagem de rua<br />

da Prefeitura Municipal de Vitória, coordena<strong>do</strong><br />

pela Srª. Wânia Hostol<strong>do</strong>.<br />

Agradecemos a Srª. Leslie Marques de<br />

Carvalho por sua disponibilidade em se deslocar<br />

até Vitória para contribuir conosco na discussão<br />

desta noite.<br />

Outras autoridades chegarão para a<br />

sessão.<br />

Registramos também as presenças <strong>do</strong>s<br />

Srs. Carolina Júlio Pinto, Secretária Municipal<br />

de Ação Social de Viana; Sebastião Duarte<br />

Wanzeller, Secretário Geral <strong>do</strong> Criad; Sr. Júlio<br />

César <strong>do</strong> Nascimento, Assessor e Representante<br />

<strong>do</strong> Verea<strong>do</strong>r Professor Wellington Nascimento<br />

de Lima, Presidente da Comissão de Direitos<br />

Humanos de Cariacica; Gessimara Souza,<br />

Tesoureira <strong>do</strong> Conselho Regional de Seguro<br />

Social <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo; Helena<br />

Marfisa Venturim, Diretora <strong>do</strong> Departamento de<br />

Criança e A<strong>do</strong>lescente da Secretaria de Ação<br />

Social da Prefeitura Municipal de Vitória;<br />

Elizabeth Luciana <strong>do</strong>s Santos Medeiros,<br />

Assistente Social <strong>do</strong> Fórum Estadual de<br />

Enfrentamento de Violência Sexual; <strong>do</strong>s Alunos<br />

<strong>do</strong> curso de Serviço Social da Emescam; Daniela<br />

Alcântara Colato, Representante da Secretaria<br />

Social <strong>do</strong> Município de Domingos Martins; <strong>do</strong><br />

Grupo de representantes de meninos de rua <strong>do</strong>s<br />

Municípios de Vitória e Cariacica. É um prazer<br />

imenso tê-los nesta sessão.<br />

Convidamos o Pastor Sillas <strong>do</strong>s Santos<br />

Vieira, Subsecretário de Ação Social da<br />

Prefeitura Municipal de Vitória, para fazer parte<br />

da Mesa e <strong>do</strong>s nossos trabalhos.<br />

Registramos a ilustre presença <strong>do</strong> Sr.<br />

Raimun<strong>do</strong> de Oliveira, uma liderança importante<br />

<strong>do</strong> Bairro <strong>do</strong>s Alagoanos, que trata da cultura e<br />

através dela e da sua construção muito tem<br />

beneficia<strong>do</strong> aquele bairro. É Presidente da<br />

Escola de Samba, a tradicional “Novo Império”.<br />

Neste momento teremos a apresentação<br />

<strong>do</strong> grupo de dança “Quem não canta, dança!”, <strong>do</strong><br />

Morro <strong>do</strong>s Alagoanos.<br />

(É feita a apresentação ao som<br />

das músicas “Naquela mesa”,<br />

“Morre o homem, fica a<br />

fama”, “Não dá pra resistir” e<br />

“Loucuras de uma paixão”.)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) - Muito bonita a apresentação das<br />

crianças. Parabéns! Esta Sessão está sen<strong>do</strong><br />

transmitida ao vivo pela TV a Cabo e pela TVE.<br />

O povo capixaba pôde assistir a esta<br />

apresentação belíssima das crianças, que são o<br />

nosso futuro e nossa esperança sempre.<br />

Convidamos a Secretária de Trabalho e<br />

Assistência e Desenvolvimento Social, Sra. Vera<br />

Nacif, para tomar assento à Mesa.


2114 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

Depois dessa emocionante apresentação<br />

das nossas crianças <strong>do</strong> Bairro Alagoano,<br />

Caratoíra que fazem esse trabalho maravilhoso<br />

que é coordena<strong>do</strong> pelo Sr. Raimun<strong>do</strong> de<br />

Oliveira.<br />

A Presidência registra, com satisfação,<br />

as seguintes presentes nesta Casa: Srª Tânia<br />

Gomes Martins de Aragão, Pediatra da SOESP;<br />

Sr. Ângelo José Barbosa Ribeiro Júnior, da<br />

abordagem de rua da Prefeitura Municipal de<br />

Vitória; Srª Andressa Veloso, Assistente Social<br />

<strong>do</strong> trabalho de Abordagem de Rua da Prefeitura<br />

de Vitória; Srª Lídia Louse, educa<strong>do</strong>ra social da<br />

PMV e estudante de serviço social; Srª Sônia<br />

Almeida Souza, professora de educação especial<br />

de Cariacica; Srª Kátia Sueli Sant`Ana,<br />

professora da Prefeitura de Cariacica; Srª Letícia<br />

de Jesus Freitas, CA Serviço Social; Srª Maria<br />

<strong>do</strong> Socorro Gonçalves Carvalho, Assistente<br />

Social <strong>do</strong> SETADES; Srª Margarida Martins<br />

Garcia de Matos, Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Pavivis e<br />

Programa Sentinela de Vitória; Sr. Ademir<br />

Antônio Moreira Neves, Conselheiro Tutelar; Srª<br />

Ana Maria Caracote, <strong>do</strong> Centro de Defesa <strong>do</strong>s<br />

Direitos Humanos da Serra; Srª Débora<br />

Men<strong>do</strong>nça, Agente de Saúde Pública da PMV;<br />

Srª Vanda Souza de Lima, Diretora <strong>do</strong><br />

Departamento de Gênero e Raça da Prefeitura de<br />

Vitória; Srª Milena Fiorim de Lima, Psicóloga,<br />

Programa Sentinela de Vila Velha; Srª Elza<br />

Botelho Monteiro, Assessora de Gabinete <strong>do</strong><br />

Verea<strong>do</strong>r Capim de Cariacica; Srª Fernanda<br />

Rossi, Coordena<strong>do</strong>ra Estadual <strong>do</strong> Projeto<br />

Sentinela; Sr. Jean Carlos Nunes de Jesus,<br />

Conselheiro Tutelar da Serra; Srª Maria das<br />

Graças Ferreira, Sub-gerente sócio-educativa<br />

UNIP – IASES; Srª Elisa Ottoni Passos,<br />

Assessora Jurídica <strong>do</strong> Pavivis/Sentinela; Srª<br />

Maria Goreti Ferreira Celestino, Coordena<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> Programa Sentinela de Vila Velha.<br />

Informo aos Senhores presentes que<br />

temos a satisfação de estarmos aqui nesta noite.<br />

Parabenizamos a Sra. Deputada Brice Bragato,<br />

por este tema fundamental, importantíssimo que<br />

esta Casa, nesta Sessão Especial, debaterá com<br />

as Palestrantes e com todas as pessoas que<br />

representam instituições importantes na defesa<br />

da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente saudável, no<br />

combate no enfrentamento radical contra a<br />

violência sexual e o abuso sexual.<br />

A Sra. Deputada Brice Bragato está com<br />

uns breves apontamentos, vou pedi-la apenas<br />

um, que diz: segun<strong>do</strong> a ONG WCF Brasil, no<br />

Brasil a cada oito minutos, uma criança é vítima<br />

de abuso sexual. Pesquisa apresentada hoje em<br />

Brasília.<br />

Em poucas palavras, quero dizer da<br />

importância desse tema, da importância daqueles<br />

que tem muita esperança, muita fé, muita crença,<br />

muita luta, muita articulação e participação para<br />

mudança, desse esta<strong>do</strong> de coisa da sociedade<br />

brasileira que não pode tratar as suas crianças e<br />

seus a<strong>do</strong>lescentes dessa forma. Ao mesmo<br />

tempo, nós e a Sra. Deputada Brice Bragato<br />

como Deputa<strong>do</strong>s, estamos na defesa de uma<br />

infância e juventude saudável, cobran<strong>do</strong> não só<br />

desta Casa, mas também, <strong>do</strong> Poder Executivo, <strong>do</strong><br />

Poder Judiciário, <strong>do</strong>s setores que deveriam estar<br />

prepara<strong>do</strong>s para o enfrentamento e a punição<br />

desses que abusam das nossas crianças.<br />

Esse tema é importante, delica<strong>do</strong>,<br />

fundamental e só vai mudar a verdade com a<br />

união e participação de to<strong>do</strong>s, daqueles que tem<br />

muita crença e idéia de que o mun<strong>do</strong> possa ,cada<br />

vez mais, ser construí<strong>do</strong> de forma diferente.<br />

Parabenizamos to<strong>do</strong>s os integrantes da<br />

Mesa Diretora, cumprimentamos to<strong>do</strong>s, a nossa<br />

Secretária de Trabalho e Assistência e<br />

Desenvolvimento Social, Vera Maria Simoni<br />

Nacif, uma militante nesta área, há algum tempo;<br />

o Pastor Silas <strong>do</strong>s Santos Vieira, a Sra. Vânia<br />

Tardin de Castro, as Promotoras; a Sra.<br />

Cleriamar Lyrio; o nosso a<strong>do</strong>lescente Leandro<br />

Antônio da Silva; a Sra. Deputada Brice Bragato<br />

que, na verdade, nesta Casa sempre faz uma luta<br />

articulada com a sociedade, articulada com os<br />

movimentos, porque não mudamos as coisas<br />

sozinhos. É fundamental a nossa ação pessoal, a<br />

nossa disposição de luta, de denúncia e de<br />

proposição, mas é preciso estarmos sempre<br />

acompanha<strong>do</strong>s, junto com o povo,<br />

principalmente, com as instituições que lutam<br />

por um mun<strong>do</strong> diferente.<br />

Neste momento, peço desculpas aos<br />

senhores, tenho que me retirar, tenho outras<br />

atividades, inclusive o lançamento <strong>do</strong> livro <strong>do</strong><br />

Padre Pedro Luchi, no Bairro Jardim da Penha,<br />

depois tenho outras atividades, ainda, esta noite.<br />

Não paramos. Mas fizemos questão de estar na<br />

abertura desta Sessão. Esta Casa estará sempre<br />

aberta. Parabenizamos as crianças que nos<br />

emocionaram dançan<strong>do</strong>. Parabenizamos o Morro<br />

de Alagoano, que é um Morro exemplar.<br />

Falávamos até para a nossa Promotora que nos


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2115<br />

visita, que há vinte anos, a situação daquele<br />

bairro era completamente outra. Não muda de<br />

um dia para a noite, mas o trabalho feito pela<br />

comunidade organizada, e principalmente em<br />

cima da questão da cultura, da escola de samba e<br />

<strong>do</strong> trabalho social que é realiza<strong>do</strong>, mu<strong>do</strong>u muito.<br />

Passo a presidência a Sra. Deputada<br />

Brice Bragato. Muito obriga<strong>do</strong>. (Muito bem!)<br />

Boa noite.<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BAGATO) – Agradecemos a presença <strong>do</strong><br />

Presidente, Sr. César Colnago, não só pela sua<br />

estada nesta abertura, pelas suas palavras, mas<br />

também pelo incentivo que tem nos da<strong>do</strong>, para<br />

realizarmos esses temas, esses debates e esta<br />

articulação. Temos feito semanalmente uma ou<br />

duas atividades.<br />

Centramos esta nossa atividade aqui na<br />

Palestra da Dra. Leslie Marques de Carvalho.<br />

Estabelecemos como panorama nacional de<br />

combate a violência infanto-juvenil, lembran<strong>do</strong><br />

que ela foi uma das assessoras que acompanhou,<br />

permanentemente, a CPI mista <strong>do</strong> Congresso e<br />

da Câmara que investigou o abuso e a<br />

exploração sexual. Portanto, tem uma<br />

contribuição muito importante para a gente. E,<br />

nesta nossa programação a Dra. Patrícia Calmon<br />

Rangel e nós estamos aqui também como<br />

ora<strong>do</strong>ras da noite, mas, talvez, numa posição<br />

muito mais coadjuvante. Estamos combinan<strong>do</strong><br />

que vamos tentar sintetizar, para que possamos<br />

ouvir a Dra. Leslte Carvalho por uns vinte<br />

minutos, alguns comentários nossos. E, depois<br />

abrir para perguntas complementos, dúvidas,<br />

intercalan<strong>do</strong> um pouco as pessoas da Mesa e <strong>do</strong><br />

Plenário, tentan<strong>do</strong> sair daqui, no máximo, às<br />

9h30min, com to<strong>do</strong>s vocês aqui ainda. A coisa<br />

mais triste é quan<strong>do</strong> vemos as pessoas in<strong>do</strong><br />

embora, embora gostassem de ficar porque está<br />

fican<strong>do</strong> tarde, tem o ônibus, tem o cansaço.<br />

Então, vamos trabalhar aqui de uma forma<br />

intensa para tirar o máximo proveito.<br />

Então, Dra. Leslte Carvalho, a senhora<br />

está com a palavra. Temos o microfone sem fio,<br />

temos esse, e temos à tribuna, onde a senhora<br />

ficará mais bonita ainda na TV Assembléia. Mas<br />

fique à vontade. Pode escolher aonde prefere<br />

falar.<br />

Ali tem o sinal amarelo e depois o<br />

vermelho. O Sr. Pimenta toca duas vezes. Aí a<br />

senhora se organiza para concluir, mas sem<br />

entrar em desespero. A Casa é nossa.<br />

A SRA. LESLTE CARVALHO - (Sem<br />

revisão da ora<strong>do</strong>ra) – Boa noite a to<strong>do</strong>s e a<br />

todas. A Deputada conseguiu me deixar mais<br />

tímida <strong>do</strong> que eu já sou, antes de começar a falar.<br />

Eu prefiro essa maneira informal de falar, até<br />

porque, estamos aqui num grupo entre pessoas<br />

que falam exatamente a mesma língua.<br />

Gostaria de iniciar agradecen<strong>do</strong>,<br />

sinceramente, o gentil convite que me foi feito<br />

pela Deputada Brice Bragato, a quem eu conheci<br />

pessoalmente, nesta data, há poucos minutos,<br />

porque vim diretamente <strong>do</strong> aeroporto para cá. E<br />

dizer que já percebo nela uma mulher de luta,<br />

como uma dessas mulheres Parlamentares que eu<br />

tenho ti<strong>do</strong> a oportunidade de conhecer nesses<br />

últimos <strong>do</strong>is anos, na minha trajetória<br />

profissional, o que muito nos engrandece, o que<br />

muito nos alegra por ver que essa luta, quan<strong>do</strong><br />

ela realmente é encarnada, ela é corporificada e<br />

ela é encarada com o coração, como eu percebo<br />

que a Deputada o faz, ela tende a produzir os<br />

melhores frutos.<br />

Também não poderia deixar de<br />

cumprimentar a minha amiga e colega de<br />

Ministério Público, Dra. Patrícia Calmon<br />

Rangel, a quem também eu muito admiro como<br />

profissional e como pessoa. Faz mais de dez<br />

anos que não vinha a esta cidade, conheço muito<br />

pouco Vitória, mas me sinto muito feliz por estar<br />

aqui.<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Drª. Leslte, eu lhe peço muitas<br />

desculpas, mas precisamos agradecer o<br />

Raimun<strong>do</strong>, com uma salva de palmas, pelo<br />

trabalho no Morro Alagoano e pela<br />

apresentação. Muito obrigada Raimun<strong>do</strong>. Valeu<br />

mesmo. Ele deixa um abraço para to<strong>do</strong>s nós,<br />

para Vera Nascif.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra a Drª. Leslte<br />

Carvalho.<br />

A SRA. LESLTE CARVALHO - Tem<br />

certas coisas que não podem passar da hora.<br />

Fico feliz por ver que nesta cidade, a<br />

gente pode encontrar trabalhos como esses que<br />

tenho ti<strong>do</strong> a oportunidade também de ter<br />

notícias, através da Dra. Patrícia Calmon Rangel<br />

nos nossos encontros, ven<strong>do</strong> que o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo e a cidade de Vitória tem se


2116 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

mobiliza<strong>do</strong> nessa luta de enfrentamento a<br />

violência e exploração sexual de crianças e<br />

a<strong>do</strong>lescentes. Então, nessa data, depois de uma<br />

longa agenda, que eu tenho a certeza de que<br />

to<strong>do</strong>s já cumpriram no dia de hoje, eu me sinto<br />

honrada por estar aqui, porque é exatamente no<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo e a cidade de Vitória,<br />

por um fato aqui ocorri<strong>do</strong> que deram origem a<br />

essa data comemorativa, não no senti<strong>do</strong> de<br />

festejo, mas de luta contra este fenômeno que a<br />

mídia finalmente vem conseguin<strong>do</strong> demonstrar<br />

de forma mais clara que ocorre em larguíssima<br />

escala de norte a sul, de leste a oeste deste País.<br />

Utilizaremos desses breves minutos para<br />

contar um pouco desta experiência. Tivemos o<br />

privilégio de ter percorri<strong>do</strong> nos últimos <strong>do</strong>is anos<br />

quase to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país. Primeiro, no<br />

acompanhamento da CPI mista <strong>do</strong> Congresso<br />

Nacional e agora neste trabalho que vem sen<strong>do</strong><br />

feito como uma decorrência <strong>do</strong> próprio relatório<br />

dessa CPI, na área <strong>do</strong> Executivo, em articulação<br />

com to<strong>do</strong> o sistema de defesa e<br />

responsabilização <strong>do</strong> País.<br />

Começan<strong>do</strong> por relatar o trabalho da<br />

CPMI, gostaríamos de testemunhar isso porque<br />

está acontecen<strong>do</strong> essa CPI estadual no Espírito<br />

Santo, já na sua reta final de elaboração de<br />

relatório. E dizer que esse trabalho foi um<br />

grande desafio. Realmente aprendemos fazen<strong>do</strong>,<br />

porque investigar crimes sexuais contra crianças<br />

e a<strong>do</strong>lescentes parece que ainda é um grande<br />

desafio, uma novidade no nosso País.<br />

Vemos a polícia desaparelhada e sem<br />

<strong>do</strong>mínio técnico desse tipo de investigação, que<br />

deve ser multidisciplinar. Isso implica na<br />

participação de outros profissionais de outras<br />

áreas que não são jurídicas, e vemos que não há<br />

esse aparato.<br />

Tínhamos que enfrentar toda uma sorte<br />

de dificuldades nessa área, tanto que a própria<br />

Polícia Federal não se fez presente como havia<br />

se comprometi<strong>do</strong>, por diversos motivos. Foi<br />

realmente contan<strong>do</strong> com as denúncias oriundas<br />

da sociedade civil, que redundaram em cerca de<br />

oitocentas denúncias encaminhadas para a CPI,<br />

das quais algumas foram eleitas como casos<br />

emblemáticos porque não havia possibilidade de<br />

se investigar to<strong>do</strong>s os casos.<br />

Por exemplo, o Espírito Santo man<strong>do</strong>u<br />

algumas denúncias e foi feito uma diligência<br />

pela CPMI no Esta<strong>do</strong>. Não foi feita nenhuma<br />

audiência pública, mas veio uma equipe, e não<br />

compunha essa equipe, uma dupla que tratou de<br />

aprofundar um pouco mais sobre aqueles casos.<br />

Ao final <strong>do</strong> relatório o produto dessa<br />

investigação foi encaminha<strong>do</strong> para o Ministério<br />

Público Estadual.<br />

Realmente aprendemos fazen<strong>do</strong>. Foram<br />

momentos muito difíceis porque tínhamos de<br />

tomar depoimentos de vítimas, de algozes, de<br />

mães, de testemunhas, e muitas vezes tínhamos<br />

que interromper diante de situações inusitadas,<br />

que inclusive provocavam emoção. Os próprios<br />

parlamentares, as próprias parlamentares<br />

envolvidas não tinham condições emocionais de<br />

prosseguir naquele tipo de investigação.<br />

Mesmo finalizada a CPI, agora, houve o<br />

despertar de praticamente toda a sociedade, que<br />

hoje já não passa mais os olhos sem enxergar<br />

esse tipo de fato, sem pelo menos reconhecer<br />

que isso é um problema. Até mesmo na<br />

comunidade jurídica vemos colegas, promotores,<br />

juízes, perplexos, sem saber como fazer para<br />

ouvir uma criança ou um a<strong>do</strong>lescente que foi<br />

vitimiza<strong>do</strong>. É um grande desafio.<br />

Percebemos que de to<strong>do</strong>s os segmentos<br />

estão partin<strong>do</strong> iniciativas para enfrentar esse<br />

fenômeno. E uma coisa muito interessante é que<br />

já está se perceben<strong>do</strong> que esse enfrentamento<br />

tem que ser feito de forma articulada.<br />

Como dizíamos, quan<strong>do</strong> se lida com<br />

criança e a<strong>do</strong>lescente, principalmente numa área<br />

de violência sexual, que ao mesmo tempo é um<br />

crime que merece apreciação da Justiça e<br />

também é um fato que tem conseqüências na<br />

área psicológica, causas e conseqüências na área<br />

familiar, implica em uma atuação<br />

multidisciplinar.<br />

A CPI conduziu os seus trabalhos em<br />

quatro eixos estratégicos. Um foi o eixo<br />

investigatório propriamente dito e os outros três<br />

foram o eixo da mobilização social, o eixo das<br />

políticas públicas e o eixo da análise legislativa.<br />

Já deve ser de conhecimento de alguns,<br />

senão de to<strong>do</strong>s, que todas as propostas de<br />

alteração legislativa feitas no relatório da CPI<br />

tiveram aprovação recente no Sena<strong>do</strong> Federal. E<br />

agora seguiram para a Câmara Federal para, se<br />

Deus quiser, terem aprovação por unanimidade.<br />

Essas alterações legislativas refletirão<br />

diretamente na nossa prática diária, tanto de nós<br />

opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> direito quanto de quem milita em<br />

outras áreas afins. Porque de agora em diante,<br />

por exemplo, assim que esses projetos forem


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2117<br />

aprova<strong>do</strong>s definitivamente e entrarem em vigor,<br />

as ações penais por esses crimes de violência<br />

sexual contra a criança e a<strong>do</strong>lescente serão<br />

públicas incondicionadas, isto é, não dependerão<br />

mais de representação da vítima ou de quem por<br />

ela fale.<br />

O crime de estupro, por exemplo, e de<br />

atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r passaram a constituir<br />

um só título penal, que contempla como vítima<br />

não só a mulher, mas também o homem. Criança<br />

e o a<strong>do</strong>lescente, quan<strong>do</strong> vitimiza<strong>do</strong>s, o autor<br />

dessas condutas terá a pena aumentada.<br />

Uma outra alteração agora, já no<br />

Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente, é com<br />

relação ao porte <strong>do</strong> material pornográfico, que<br />

até então não é incriminada essa conduta. A<br />

partir de então o será. São alterações bastantes<br />

interessantes, inclusive que contaram com a<br />

participação efetiva da Drª Patrícia Calmon<br />

Rangel, que integrou um grupo que produziu<br />

esse trabalho de sugestão de alterações<br />

legislativas.<br />

Isso realmente veio de uma ampla<br />

discussão, um clamor da própria sociedade, <strong>do</strong>s<br />

opera<strong>do</strong>res e conseguiu-se chegar lá. Conseguiuse<br />

formar um grupo composto de diversos<br />

segmentos. A CPI, através desse seu eixo,<br />

apropriou- se dessas propostas e levou com toda<br />

a força <strong>do</strong>s parlamentares que a compuseram, o<br />

que redun<strong>do</strong>u nessa aprovação. É um trabalho<br />

feito a muitas mão, e quan<strong>do</strong> é assim parece que<br />

a coisa tende a acontecer.<br />

Uma vez terminada a CPI, percebemos<br />

que essa luta que antes parecia ser só da<br />

sociedade civil, que só interessava a sociedade<br />

civil defender os direitos das crianças e<br />

a<strong>do</strong>lescentes, com a divulgação <strong>do</strong>s números,<br />

com a divulgação de nomes ficou demonstra<strong>do</strong><br />

que isso não é uma coisa que acontece só<br />

debaixo <strong>do</strong> tapete, que só acontece no rincão<br />

escondi<strong>do</strong>, que ninguém vê, mas que muitas<br />

vezes envolve famílias de classes abastadas,<br />

políticos, empresários, pessoas de expressão na<br />

sociedade. Isso parece que serviu para<br />

desmascarar, para descer um véu sobre essa<br />

situação.<br />

Ainda que por modismo, por vergonha<br />

ou por qualquer coisa que seja, o que importa é<br />

que estamos viven<strong>do</strong> um momento em que a<br />

sociedade e o poder público estão motiva<strong>do</strong>s.<br />

Vamos dizer que existe uma onda, um vento<br />

sopran<strong>do</strong> em favor dessa causa.<br />

Nós que já temos uma história, um<br />

comprometimento maior, devemos aproveitar<br />

esse momento, esses ventos e não só divulgar,<br />

dividir esse discurso, compartilhar essa<br />

apropriação técnica que nós nos esforçamos para<br />

ter sobre essa matéria para difundi-la ao<br />

máximo, avançar ao máximo.<br />

Gostaria de dizer que o Governo Federal<br />

tem cria<strong>do</strong> esse espaço de construção conjunta,<br />

não só com os órgãos <strong>do</strong> poder público, não só<br />

com o Poder Executivo, mas com organizações<br />

não governamentais, inclusive organismos<br />

internacionais. Isto tem resulta<strong>do</strong> num trabalho<br />

muito interessante.<br />

Foi criada uma comissão, chamada<br />

Comissão Intersetorial, que é coordenada pela<br />

Secretaria Especial de Direitos Humanos.<br />

Congrega mais de quarenta entidades destas a<br />

que me referi. Ela é dividida em quatro<br />

subgrupos que tratam de pe<strong>do</strong>filia na internet,<br />

sistema de defesa e responsabilização, da<br />

questão das políticas públicas e ali há um espaço<br />

para se receber sugestões, para que se discuta<br />

esse assunto sobre vários enfoques.<br />

Um <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> trabalho dessa<br />

Comissão Intersetorial foi exatamente o<br />

lançamento de uma Matriz Gel Referencial. Ela<br />

foi denominada assim, não sei se to<strong>do</strong>s já<br />

ouviram falar, mas essa Matriz foi divulgada em<br />

nível nacional no mês de janeiro de 2005 e me<br />

foi informa<strong>do</strong> que ela ainda não foi apresentada<br />

oficialmente no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Neste momento não haveria tempo para<br />

fazer a apresentação de to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s, mas<br />

gostaria de dizer que essa Matriz está<br />

disponibilizada no site da Internet, cujo endereço<br />

é www.caminhos.com.br.<br />

Neste site, quem entrar encontrará os<br />

da<strong>do</strong>s da exploração sexual, violência e outras<br />

modalidades contra crianças e a<strong>do</strong>lescentes no<br />

Esta<strong>do</strong>. Ali estarão relaciona<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os<br />

municípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> onde há denúncia de<br />

exploração sexual de crianças e a<strong>do</strong>lescentes,<br />

assim como outros tipos de violência sexual e<br />

maus tratos.<br />

E de onde vieram esses da<strong>do</strong>s? Eles<br />

vieram, por exemplo, <strong>do</strong> Disque-Denúncia<br />

Nacional, da Pestraf - aquela pesquisa sobre<br />

tráfico de mulheres e crianças para fins de<br />

violência e exploração sexual - vieram também<br />

<strong>do</strong> próprio relatório da CPI e de várias outras


2118 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

fontes que haviam si<strong>do</strong> disponibilizadas na<br />

Secretaria Especial de Direitos Humanos.<br />

Então é lógico que poderá ocorrer de o<br />

da<strong>do</strong> referente a algum município não ser mais<br />

atualiza<strong>do</strong> ou necessitar de algum tipo de<br />

correção. Naquele momento eram aqueles os<br />

da<strong>do</strong>s de que se dispunha. O interesse agora é<br />

justamente levar essa Matriz para os esta<strong>do</strong>s e<br />

para aqueles municípios que foram cita<strong>do</strong>s, para<br />

que os próprios municípios, em articulação com<br />

os esta<strong>do</strong>s e com o Governo Federal, trabalhem<br />

esses da<strong>do</strong>s no primeiro momento corrigin<strong>do</strong>, no<br />

segun<strong>do</strong> tentan<strong>do</strong> ir até aquelas crianças e<br />

a<strong>do</strong>lescentes cujos casos estão ali referi<strong>do</strong>s. E, aí<br />

articular to<strong>do</strong> o sistema de políticas públicas, de<br />

defesa e responsabilização e tu<strong>do</strong> o mais.<br />

O que se pretende é neste ano de 2005,<br />

da parte <strong>do</strong> Governo Federal, articular to<strong>do</strong>s os<br />

programas de to<strong>do</strong>s os ministérios e não só da<br />

Secretaria Especial <strong>do</strong>s Direitos Humanos,<br />

porque ela é uma secretaria que coordena poucos<br />

programas, o trabalho dela é exatamente fazer a<br />

articulação entre os diversos programas<br />

existentes nos ministérios. Tu<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong> a<br />

esta área.<br />

O Disque-Denúncia Nacional está sen<strong>do</strong><br />

proposto como parte de um sistema nacional de<br />

notificação que tende cada vez mais ampliar a<br />

sua integração com outros disque-denúncias e<br />

outras portas de denúncias que haja nos esta<strong>do</strong>s e<br />

nos municípios, estabelecen<strong>do</strong>-se um fluxo que<br />

permita que a denúncia, uma vez recebida em<br />

qualquer uma dessas portas de entrada, seja de<br />

imediato compartilhada com to<strong>do</strong>s os atores que<br />

deverão trabalhar sobre aquele caso, de forma<br />

imediata. E, dar um retorno que será <strong>do</strong><br />

conhecimento de to<strong>do</strong>s os atores interessa<strong>do</strong>s,<br />

para que possam ter essa visão panorâmica <strong>do</strong><br />

seu esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> seu município e <strong>do</strong> nosso País,<br />

na medida que houver um interesse e<br />

necessidade.<br />

Trouxe alguns da<strong>do</strong>s específicos <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo. Talvez para ilustrar<br />

fosse interessante, que dentre esse percentual de<br />

denúncias que foi catalisada nessa Matriz<br />

intersetorial, a Matriz já é um referencial <strong>do</strong><br />

universo de cem por cento. O percentual de<br />

denúncias de casos ali existentes <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> foi<br />

de <strong>do</strong>is e alguma coisa por cento, ficou entre<br />

<strong>do</strong>is e três por cento. O que não significa<br />

necessariamente, que seja esse o volume de<br />

casos que exista no Esta<strong>do</strong>. Por isso mesmo deve<br />

funcionar como um desafio para quem trabalha<br />

nesta área, numa forma talvez de enfrentar um<br />

problema de subnotificação de denúncias que<br />

pode estar acontecen<strong>do</strong>. Às vezes talvez o<br />

Esta<strong>do</strong> e o município querem esconder os da<strong>do</strong>s<br />

que têm. Isso vai expor, gerar um mal estar, mas<br />

justamente a demanda que é criada é que talvez<br />

ajudará a mobilização necessária para enfrentar<br />

esse problema.<br />

Gostaria de me colocar à disposição e<br />

informar que a Secretaria Especial de Direitos<br />

Humanos - a minha percepção porque não sou de<br />

lá, estou como Promotora de Justiça e não estou<br />

exercen<strong>do</strong> nenhum outro cargo ali - o que ela<br />

quer é exatamente fazer esse tipo de articulação<br />

com to<strong>do</strong>s os outros atores que estão envolvi<strong>do</strong>s<br />

neste processo de enfrentamento da violência<br />

sexual contra crianças e a<strong>do</strong>lescentes.<br />

Há to<strong>do</strong> um espaço de construção e<br />

recebimento de sugestões e sei que o Espírito<br />

Santo tem muito a contribuir. Não falo da boca<br />

para fora. Tenho algum conhecimento através <strong>do</strong><br />

contato com a Dra. Patrícia Calmon Rangel, das<br />

ações que são empreendidas no Esta<strong>do</strong>. Então,<br />

ações referencias, elas podem e devem ser<br />

levadas para que sirvam de modelo, talvez de<br />

piloto para que projetos pilotos sejam<br />

implanta<strong>do</strong>s. Estamos neste momento de<br />

construção de um caminho, de um fluxo. O<br />

terreno está fértil, prepara<strong>do</strong> e receptivo para<br />

este tipo de coisa.<br />

Talvez vocês estivessem esperan<strong>do</strong> que<br />

algo mais estivesse acontecen<strong>do</strong>. Vejo como<br />

muito positivo esta questão da vontade, da<br />

receptividade com que as pessoas, a Secretaria e<br />

acho que to<strong>do</strong>s que militam no Governo Federal<br />

liga<strong>do</strong>s a esta área <strong>do</strong> enfrentamento, da<br />

violência sexual contra crianças e a<strong>do</strong>lescentes,<br />

têm mostra<strong>do</strong> para com os demais órgãos<br />

públicos, como é o caso <strong>do</strong> Ministério Público, e<br />

também com a sociedade civil.<br />

Coloco-me à disposição para qualquer<br />

esclarecimento, porque acho que surgirão várias<br />

dúvidas e o que queremos é fazer mesmo esse<br />

intercâmbio. O telefone da Secretaria é 61-429<br />

9907 ou 429 3560. O site “Caminhos” já<br />

informei e o site da própria Secretaria é<br />

www.sedh.gov.br. Nesse site vocês encontrarão<br />

a área específica de enfrentamento à violência e<br />

exploração de criança e a<strong>do</strong>lescente, onde haverá<br />

outra gama de informações a respeito.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2119<br />

Agradeço mais uma vez e espero poder<br />

compartilhar, poder trocar com vocês nessa e em<br />

outras oportunidades que virão. Na metade <strong>do</strong><br />

mês que vem, em junho, haverá em Brasília um<br />

encontro nacional para discutir os fluxos e o<br />

monitoramento <strong>do</strong> Disk-Denúncia nacional.<br />

Serão discuti<strong>do</strong>s também essas questões de<br />

integração com os outros Disk-Denúncia. Haverá<br />

disponibilização de convite, passagem e<br />

hospedagem para pessoas envolvidas na área de<br />

to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s. Então, alguns aqui deverão<br />

receber e outros que tiverem interesse em<br />

participar, ainda que por conta própria, poderão<br />

fazer contato.<br />

Muito obrigada. (Muito bem!)<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Muito obrigada, Srª Leslie<br />

Carvalho. Já nos candidatamos para esse convite<br />

e muitos outros devem ter interesse.<br />

Quero fazer um registro, como a Drª<br />

Leslie Carvalho falou, não sei se é esse negócio<br />

de ser mulher, de ser profissional de serviço<br />

social, de ser mãe ou de atuar nessas áreas<br />

sociais ou se é tu<strong>do</strong> isso junto, mas vamos<br />

adquirin<strong>do</strong> informação, construin<strong>do</strong> toda uma<br />

racionalidade em cima <strong>do</strong> que vamos<br />

aprenden<strong>do</strong>, mas vamos desenvolven<strong>do</strong> paralelo<br />

a isso um profun<strong>do</strong> senso de emoção, de<br />

envolvimento, de compromisso pessoal. Hoje,<br />

fiquei muito emocionada e, sinceramente, quase<br />

que amoleci, lá na Praça Costa Pereira, quan<strong>do</strong><br />

aquela companheira ali, que trabalha com<br />

abordagem de rua, falou para mim assim: “Os<br />

meninos de rua querem participar da sessão, mas<br />

eles não têm calça, só têm bermuda e só podem<br />

ir de chinelo.” Falei que deveriam vir e quero<br />

falar para vocês: se vocês não pudessem estar<br />

aqui, hoje, por causa da bermuda e <strong>do</strong> chinelo,<br />

seria melhor que esse debate não existisse, que<br />

ninguém de nós estivesse aqui e que esta<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong> fechasse as portas. Esta<br />

Casa é de vocês com muito carinho, com muita<br />

sinceridade e com muito prazer. (Pausa).<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra à Drª Patrícia Calmon<br />

Rangel.<br />

A SRA. PATRÍCIA CALMON<br />

RANGEL – (Sem revisão da ora<strong>do</strong>ra) –<br />

Cumprimento to<strong>do</strong>s na pessoa da Srª Deputada<br />

Brice Bragato, a quem parabenizo pela coerência<br />

e firmeza na defesa <strong>do</strong>s direitos da criança.<br />

Estamos aqui já pelo terceiro ano<br />

consecutivo, em sessões especiais voltadas ao<br />

enfrentamento da violência sexual, o que<br />

evidencia essa coerência. Estamos aqui<br />

coerentemente, não só através de discursos, mas<br />

mostran<strong>do</strong> durante to<strong>do</strong>s esses anos ações na<br />

defesa desses direitos, algumas exitosas e outras<br />

nem tanto, mas sempre pautadas pela busca da<br />

implementação de uma legislação que por seu<br />

caráter social, encontra imensas dificuldades de<br />

implementação num País com tendência<br />

nitidamente neoliberal.<br />

Quero saudar de mo<strong>do</strong> muito especial e<br />

carinhoso a minha amiga, Sra. Leslie Marques<br />

de Carvalho, irmã na vocação profissional no<br />

nosso queri<strong>do</strong> Ministério Público e também na<br />

escolha <strong>do</strong> que diria que é uma missão de vida.<br />

A Sra. Leslie Marques de Carvalho abraçou com<br />

tanta empolgação e com tanta dedicação a defesa<br />

<strong>do</strong>s direitos da criança na CPMI que foi<br />

convidada para atuar na Secretaria Especial de<br />

Direitos Humanos e a sua presença naquela<br />

secretaria, Sra. Leslie Marques Carvalho é para<br />

nós um motivo de grande confiança nas políticas<br />

que estão sen<strong>do</strong> lá traçadas, nessas discussões<br />

nacionais em torno de uma política direcionada<br />

ao enfrentamento da violência sexual.<br />

Coube-me uma breve manifestação com<br />

o tema: “15 anos <strong>do</strong> Estatuto e a Garantia <strong>do</strong>s<br />

Direitos da Criança.” Tentarei, de forma mais<br />

breve possível, para obviamente explorarmos<br />

nossa ilustre visitante, falar um pouco.<br />

Tenho compromisso pessoal de sempre<br />

que falo de garantia <strong>do</strong>s direitos da criança falar<br />

<strong>do</strong> direito à educação. Embora esse não seja o<br />

tema específico da nossa conversa de hoje - está<br />

aí a sugestão - . Já passou da hora de inserirmos<br />

a educação como pauta de foco de visibilidade,<br />

jogarmos luz, jogarmos visibilidade nessa<br />

questão séria que é uma política voltada para a<br />

educação pública, política deficitária, política<br />

inconseqüente, política que não atende, muito<br />

mais voltada a índices de reprovação, índices de<br />

aprovação, índices de analfabetismo e muito<br />

pouco focada no conteú<strong>do</strong> que é um conteú<strong>do</strong><br />

que tem que ser transforma<strong>do</strong>r, na vida de nossas<br />

crianças.<br />

A educação é o caminho para a<br />

cidadania, é o caminho para o país que queremos<br />

e não há dúvida alguma de que esse conteú<strong>do</strong><br />

não está sen<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong> e esse tema clama por<br />

pauta. O país que queremos passa


2120 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

obrigatoriamente por um longo caminho,<br />

garanti<strong>do</strong>r de uma educação inclusiva,<br />

responsável, reflexiva, crítica e, certamente, por<br />

um ensino que transforma, como diz o poeta,<br />

da<strong>do</strong>s em gente.<br />

Em todas as oportunidades que tenho<br />

faço esse registro e não poderia deixar de falar<br />

aqui de garantia de direitos sem tocar no tema da<br />

educação.<br />

Voltan<strong>do</strong> ao tema <strong>do</strong> enfrentamento da<br />

violência sexual, fiz aqui algumas observações<br />

bastante rápidas sobre três vertentes, três focos<br />

que têm de ser toca<strong>do</strong>s porque são extremamente<br />

atuais, embora focos já detecta<strong>do</strong>s de há muito<br />

por pesquisas quanto às falhas no enfrentamento.<br />

Pesquisas da professora, Sra. Eva<br />

Faleiro, de 2002, encontrou curto-circuito nos<br />

sistemas de justiça, de responsabilização e de<br />

defesas de direitos que, infelizmente, ainda são<br />

muito atuais, ainda estão muito presentes,<br />

continuam, persistem de forma muito presente<br />

em to<strong>do</strong>s esses sistemas.<br />

Diria que tivemos avanços nesses quinze<br />

anos de estatutos quanto à garantia <strong>do</strong>s direitos<br />

mas temos ainda muitos desafios a enfrentar.<br />

Dividi, de forma a tentar ser mais didática, essas<br />

questões em três vertentes sobre as quais<br />

gostaria de fazer breves comentários sobre cada<br />

uma delas. Uma é a estrutura estatal que tem que<br />

existir para evidenciar, para mostrar serviços,<br />

para disponibilizar serviços para os cidadãos. A<br />

segunda é a mudança de paradigmas, a mudança<br />

de concepções ideológicas que temos de<br />

enfrentar de forma séria e resolutiva a questão da<br />

violência sexual. A terceira é o controle social<br />

que tem de ser sempre muito presente. Essas<br />

vertentes estão presentes em to<strong>do</strong>s os eixos <strong>do</strong><br />

plano nacional de enfrentamento e só<br />

comentaremos alguns avanços de desafios em<br />

relação a cada uma delas.<br />

Quanto à estruturação <strong>do</strong>s poderes<br />

públicos, achamos que um grande avanço foi a<br />

existência <strong>do</strong> Programa Sentinela, muito bem<br />

nortea<strong>do</strong>, que merece aprimoramento e a criação<br />

de varas e promotorias na repressão de crimes<br />

contra a criança e o a<strong>do</strong>lescente, que é a nossa<br />

luta antiga no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo e que<br />

ainda não conseguimos vencer.<br />

Mas, em to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s onde essas<br />

varas e promotorias foram criadas temos<br />

excelentes resulta<strong>do</strong>s e conquistas na repressão,<br />

na responsabilização <strong>do</strong>s agressores e no<br />

rompimento <strong>do</strong>s abusos.<br />

E, também a estruturação da Delegacia<br />

de Proteção da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente. O que<br />

diríamos de maior avanço em relação a essas<br />

questões seria a transformação <strong>do</strong> Sentinela em<br />

política pública. Quer dizer, uma política de<br />

saúde incorporada, adaptada ao SUS de forma<br />

que esteja presente em to<strong>do</strong>s os municípios e a<br />

atender a essa crescente demanda por saúde<br />

pública, de exposição de visibilidade desse<br />

fenômeno que até então ficava restrito à esfera<br />

privada e que agora busca os serviços públicos<br />

para atendimento.<br />

Quanto a vertente que denominamos de<br />

mudança de paradigmas, que seria essa mudança<br />

conceitual, pensamos que são duas vertentes,<br />

<strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s da mesma moeda que merecem<br />

atenção igual.<br />

Vemos políticas que muito patinam e<br />

pouco caminham para o enfrentamento<br />

resolutivo dessas questões. Uma seria a política<br />

voltada para o agressor. Ainda merece muita<br />

discussão. E como faremos para atingir esses<br />

agressores, esses adultos que violam os direitos<br />

de crianças fazen<strong>do</strong> uso de seus corpos para fins<br />

sexuais, tanto via abuso quanto via exploração<br />

sexual?<br />

Uma das formas de como atingir esses<br />

adultos foi sem sombra de dúvida uma grande<br />

conquista, que foi a aprovação dessas reformas<br />

legislativas que trarão um resulta<strong>do</strong> positivo<br />

quanto à impunidade que sempre vemos em<br />

relação a esses agressores. Isso não basta, é<br />

preciso pensarmos no tratamento, no<br />

atendimento a esses agressores para que essas<br />

violações não se repitam.<br />

A outra face dessa moeda é, sem sombra<br />

de dúvida, uma educação crítica, voltada para o<br />

conhecimento, para a ciência de seus direitos<br />

sexuais e de seus direitos como um to<strong>do</strong>.<br />

Uma terceira vertente é a família: não dá<br />

para falarmos em enfrentamento sério da<br />

violência intrafamiliar sem um enfrentamento,<br />

sem uma discussão muito grande de serviços, de<br />

políticas públicas voltadas para a família.<br />

Esses temas são discuti<strong>do</strong>s em Brasília e<br />

até gostaríamos que a Dr.ª Leslie Carvalho<br />

falasse um pouco dessas políticas voltadas para a<br />

família, dessa intenção de transformar o<br />

Sentinela em uma política pública de saúde,<br />

esses desafios que temos para enfrentar.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2121<br />

Por fim, temos que frisar sempre a<br />

importância <strong>do</strong> controle social. Momentos como<br />

esse é de fundamental importância para que<br />

possamos refletir melhor, discutirmos as<br />

questões que permeiam essas políticas públicas e<br />

direcioná-las melhor. Políticas mal direcionadas<br />

é um imenso gasto de dinheiro público, de<br />

intenções e de direcionamentos perdi<strong>do</strong>s.<br />

O controle social é vital para<br />

conseguirmos em última instância a<br />

implementação das normas estatutárias, a<br />

materialização <strong>do</strong>s serviços necessários ao<br />

atendimento dessas crianças e a construção da<br />

cidadania através <strong>do</strong> pleno exercício de direitos.<br />

Isso é um ciclo vicioso porque o pleno<br />

exercício <strong>do</strong>s direitos é fundamental para a<br />

construção da cidadania e esse pleno exercício<br />

de direitos só se dá com a materialização desses<br />

serviços públicos que só se dão pela<br />

implementação das normas estatutárias e legais<br />

voltadas para isso.<br />

Devi<strong>do</strong> ao curtíssimo espaço de tempo,<br />

fizemos apenas algumas pinceladas em questões<br />

que achamos de extrema relevância. É claro que<br />

cada uma dessas questões é extremamente<br />

complexa, não queremos dar uma visão simplista<br />

de nada. Mas achamos que tu<strong>do</strong> isso tem de ser<br />

pincela<strong>do</strong>. Temos que mencionar esses temas,<br />

que envolver esses temas em nosso debate para<br />

quem possamos pensar em políticas efetivas,<br />

resolutivas que tragam um enfrentamento sério e<br />

uma alteração dessa realidade. Uma<br />

transformação da mesma na defesa <strong>do</strong>s direitos<br />

dessas crianças e a<strong>do</strong>lescentes vitima<strong>do</strong>s.<br />

Agradecemos a atenção de to<strong>do</strong>s e<br />

gostaríamos de fazer alguns questionamentos a<br />

Dr.ª Leslie Carvalho. (Muito bem!)<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Ficamos felizes com as<br />

visitantes, mas não dispensamos as pratas da<br />

Casa, porque não são nada dispensáveis, são<br />

muito valorosas.<br />

Falaremos sobre a Integração <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

e Sociedade Civil no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo,<br />

Diagnósticos e mobilizações necessárias.<br />

Comentávamos com a Dr.ª Leslie<br />

Carvalho que iniciamos uma CPI em 2003.<br />

Porém, com muita falta de direcionamento<br />

porque as CPIs sempre têm muito a “cara” de<br />

quem está à frente. E no primeiro momento, os<br />

deputa<strong>do</strong>s que estavam à frente descobriram que<br />

não tinham muita identidade com o tema e<br />

encontraram uma profunda dificuldade.<br />

Acabamos perden<strong>do</strong> um tempo precioso de<br />

trabalho.<br />

Vai chegan<strong>do</strong> um momento que tem uma<br />

lógica na política, na Assembléia - como é o<br />

Poder mais transparente – portanto é o mais<br />

devasta<strong>do</strong> que tem. Tu<strong>do</strong> que acontece aqui sai.<br />

A imprensa pautou que era a CPI paralisada, que<br />

não funcionava, que estava parada há muito<br />

tempo. Até que realmente estava muito sem<br />

ação. Então, demos um “golpe de esta<strong>do</strong>” de três<br />

mulheres. Juntamente com as Srªs. Deputadas<br />

Sueli Vidigal e Fátima Couzi nos apoderamos e<br />

tomamos posse da CPI. Estamos conduzin<strong>do</strong> e<br />

tentan<strong>do</strong> fazer em três meses o que não se fez em<br />

um ano e meio. Alguma coisa vai sair.<br />

Mas como a nossa previsão é acabar no<br />

dia 13 de junho ou estouran<strong>do</strong> no dia 30 de<br />

junho, falamos com a Dr.ª. Leslie Carvalho que<br />

esse momento é o que estamos mais embolada.<br />

Porque estamos no início de um relatório, que<br />

tem muitos da<strong>do</strong>s que precisam chegar, outros<br />

antigos que chegaram. Desse nó, alguma coisa<br />

vai sair. Mas é meio difícil abstrair uma fala para<br />

apresentar em meio a essa grande confusão.<br />

Estamos caminhan<strong>do</strong> muito mais para<br />

um diagnóstico da incidência da violência contra<br />

a criança e o a<strong>do</strong>lescente, <strong>do</strong> sistema de proteção<br />

preventivo e repara<strong>do</strong>r dessa violência e<br />

principalmente <strong>do</strong>s sistemas de apuração e<br />

punição dessa violência. Embora seja muito<br />

menos <strong>do</strong> que gostaríamos de fazer, mas<br />

pensamos que será uma contribuição para a<br />

nossa continuidade depois. Até porque esse tema<br />

que fala da ligação da sociedade civil com o<br />

Esta<strong>do</strong>, é desnecessário ficarmos fazen<strong>do</strong> apelo<br />

sobre isso no Esta<strong>do</strong>.<br />

Este Plenário é o exemplo disso. Essas<br />

pessoas estão desde hoje, pela manhã, na rua,<br />

com atividades por esse dia. Tivemos inúmeras<br />

atividades em Colatina, Cachoeiro, Vila Velha<br />

todas com muita riqueza e muita representação.<br />

Achamos que há um envolvimento já muito<br />

importante da sociedade civil em muitos<br />

municípios, não diremos que é generaliza<strong>do</strong>.<br />

Podemos dizer que nas cidade em que a<br />

sociedade civil é mais atuante, mais energizada,<br />

mais disposta, mais dinamizada o Poder Público<br />

acaba dan<strong>do</strong> respostas muito mais significativas.<br />

É claro, se há o controle social, como a<br />

Dr.ª Patrícia Calmon Rangel falou, se há


2122 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

organização civil, se há cobrança o poder<br />

público acaba se legitiman<strong>do</strong> mais, responden<strong>do</strong><br />

mais, até se estimulan<strong>do</strong> e se movimentan<strong>do</strong><br />

mais.<br />

Aqui o crescimento de casos também é<br />

muito grande. Antecipamos que os registros das<br />

ocorrências são muitos maiores, no que diz<br />

respeito ao abuso, mas temos muito pouco<br />

registro de exploração. A exploração é muito<br />

mais complexa. Se para o abuso a delegacia<br />

pode ficar inerte, porque o abuso acaba<br />

chegan<strong>do</strong> lá, e o Conselho Tutelar também, na<br />

nossa opinião a exploração só será detectada se<br />

for buscada, se forem montadas operações, se<br />

houver ousadia, diligências para desconfiar e<br />

procurar onde ela está. Não chegará de presente<br />

na nossa mão, porque envolve redes mais<br />

complexas e maior tempo de poder. Falamos <strong>do</strong><br />

poder econômico, <strong>do</strong> motel, <strong>do</strong> comércio, <strong>do</strong>s<br />

bares, das casas noturnas, das redes. Portanto,<br />

ela é muito mais complexa.<br />

Também temos visto um número muito<br />

grande de homicídios pratica<strong>do</strong>s principalmente<br />

contra a<strong>do</strong>lescentes e geralmente patrocina<strong>do</strong>s<br />

pelo tráfico de drogas. Esse é um número<br />

crescente. Aqui, ainda na segunda-feira, falava<br />

nossa ora<strong>do</strong>ra, que os a<strong>do</strong>lescentes também estão<br />

morren<strong>do</strong> por over<strong>do</strong>se. Mas perda da juventude<br />

em relação à droga é muito maior pelo tráfico,<br />

pelo homicídio, porque ele se tornou deve<strong>do</strong>r,<br />

avião, entrou na rede, <strong>do</strong> que pelo simples fato<br />

de ser usuário e acabar morren<strong>do</strong> vítima de<br />

over<strong>do</strong>se, de excesso de uso. Isso não é nenhum<br />

consolo para estimular ninguém ao uso, mas é<br />

uma constatação de quanto é complexo, porque<br />

envolve a rede, a questão de fronteira, a questão<br />

internacional, a grana e a lavagem de dinheiro. É<br />

um esquema extremamente pesa<strong>do</strong>.<br />

Um elemento que também detectamos é<br />

que a violência é mais presente onde os<br />

programas sociais são mais ausentes. Isso é bem<br />

real. Há uma disparidade entre a articulação <strong>do</strong><br />

Poder Público e a criação das redes. É muito<br />

diferente. Alguns municípios extremamente<br />

compromissa<strong>do</strong>s colocaram claramente no<br />

programa de Governo que, entre construir uma<br />

rua e atender uma criança na escola, montar uma<br />

sala de aula a mais, ampliar rede, criar o horário<br />

integral, prefere investir na criança, deixan<strong>do</strong> a<br />

obra esperar mais. Quanto à mentalidade da<br />

população, é obvio, a obra é mais importante, o<br />

bom gestor é aquele que constrói ruas, prédios,<br />

posto médico. Temos desde isso até municípios<br />

que não têm sequer Conselho Tutelar, não tem<br />

carro, não tem telefone e nem uma sede, enfim<br />

as piores condições possíveis.<br />

A Sra. Secretária Vera Nascif pediu-nos<br />

aqui para criarmos emendas ao orçamento para o<br />

programa Sentinela. Temos setenta e oito<br />

municípios e apenas dezessete programas<br />

Sentinela. Parece-nos que o limita<strong>do</strong>r é o valor<br />

que vem para os programas, que é muito<br />

pequeno, sen<strong>do</strong> desestimulante não dar conta de<br />

sustentar os programas. Em alguns municípios o<br />

programa é monta<strong>do</strong>, o repasse demora, acaba<br />

fechan<strong>do</strong>. O Sentinela é fundamental como<br />

suporte repara<strong>do</strong>r na violência sexual infantojuvenil.<br />

Essa rede precisa ser muito discutida.<br />

Ficamos muito animada quan<strong>do</strong> a Sra.<br />

Secretária falou da comissão infra-institucional.<br />

Precisamos nos articular com essa rede.<br />

Achamos que essa rede, essa política pública tem<br />

três níveis. Tem cidades em que a sociedade<br />

civil é mais organizada, mais eficiente. Tem<br />

cidades em que os técnicos <strong>do</strong> Poder Público são<br />

mais organiza<strong>do</strong>s, mais eficiente. Quan<strong>do</strong><br />

juntam os <strong>do</strong>is, sociedade organizada e Poder<br />

Público comprometi<strong>do</strong>, ela é melhor ainda.<br />

Porém, quan<strong>do</strong> não temos nenhum <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

temos a catástrofe, o holocausto.<br />

Então, nenhuma proteção por parte <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>.<br />

Acho que o tema <strong>do</strong> enfrentamento da<br />

violência cresce no Esta<strong>do</strong> e em to<strong>do</strong> o País. A<br />

CPMI foi uma propulsora disso; para nós ela foi<br />

uma provocação. E o fato da CPI estar existin<strong>do</strong>,<br />

nesta Casa, mesmo com limitações, não está<br />

colocan<strong>do</strong> no debate com elementos. Tivemos<br />

aqui, uma certa baixa <strong>do</strong> Fórum de<br />

Enfrentamento Estadual que está se articulan<strong>do</strong><br />

para a nossa alegria. Até mesmo pelo fato de<br />

termos uma CPI em andamento, com um<br />

relatório que precisa estar junto nesse<br />

fechamento, acaba que um dá força para o outro<br />

no espaço institucional da Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong>, para o espaço <strong>do</strong> Fórum de<br />

Enfrentamento Interinstitucional e da sociedade<br />

civil. Logo, estamos fazen<strong>do</strong> uma excelente<br />

parceria e troca. Temos um sistema de<br />

informação precário nas delegacias, nos<br />

Sentinelas, nos Juiza<strong>do</strong>s Criminais, no Juiza<strong>do</strong><br />

da Infância, na Promotoria. Não há uma<br />

preocupação com a informação, com o cadastro<br />

<strong>do</strong> da<strong>do</strong>, com a entrada <strong>do</strong> da<strong>do</strong>, com a


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2123<br />

complementaridade <strong>do</strong> da<strong>do</strong>. Então, se temos um<br />

sistema precário, o monitoramento que vira essas<br />

informações, se ela gera um resulta<strong>do</strong>, uma<br />

apuração e uma resposta, acaba também fican<strong>do</strong><br />

precário. Vamos continuar debaten<strong>do</strong> bastante<br />

isso, a partir da experiência da nossa CPI nesta<br />

Casa de Leis.<br />

Também queremos falar de situações<br />

extremamente anima<strong>do</strong>ras. Fizemos audiência<br />

pública em Colatina, na semana passada, e<br />

conseguimos colocar to<strong>do</strong>s os atores em uma<br />

mesma mesa de debates, to<strong>do</strong>s muito<br />

disponíveis: o Juiz da Infância, o Juiz Criminal,<br />

o Juiza<strong>do</strong> Especial, o Juiza<strong>do</strong> Criminal, os<br />

Prefeitos, os Conselhos Tutelares, o Fórum de<br />

Enfrentamento, as Assembléias Municipais, as<br />

Câmaras de Verea<strong>do</strong>res, onde se provocou<br />

debates sobre o uso de drogas, concluin<strong>do</strong> que o<br />

próprio a<strong>do</strong>lescente, que é o réu, vamos chamar<br />

assim, porque ele é incluso em ato infracional<br />

por uso de drogas ou por tráfego de drogas, a<br />

mentalidade <strong>do</strong>s que estão naquela mesa<br />

consideram esse a<strong>do</strong>lescente praticante de ato<br />

infracional também vítima desse próprio ato, já<br />

que a droga é uma violência contra a nossa<br />

juventude que está instituída e da qual ele não<br />

tem muita opção de fugir.<br />

Quan<strong>do</strong> o Juiz Criminal propõe que a<br />

cidade de Colatina se organize, articule e crie<br />

operação tolerância zero em relação à droga e ao<br />

tráfico no município com o envolvimento de<br />

to<strong>do</strong>s os segmentos, acho que isso que é o que<br />

estamos chaman<strong>do</strong> da somatória de articulação<br />

entre a sociedade civil e o poder público.<br />

Quan<strong>do</strong> a gente consegue “sentar” o Judiciário<br />

na mesa para se envolver, estamos em um<br />

avanço ainda maior, porque é o setor menos<br />

refratário a esse grito social. Os outros<br />

segmentos estão aqui diariamente senta<strong>do</strong>s<br />

receben<strong>do</strong> demanda. Não que no Judiciário não<br />

existam pessoas extremamente interessantes,<br />

mas ele ainda não sofreu o filtro da demanda<br />

social que os outros segmentos vêm sofren<strong>do</strong>.<br />

Portanto, queremos ressaltar que<br />

estamos nesta audiência por causa de uma<br />

capixaba, que foi Araceli Cabrera Crespo, morta<br />

aos oito anos de idade e que hoje estaria com<br />

mais ou menos quarenta anos de idade - quase a<br />

nossa idade - que foi violentada de todas as<br />

formas nesta data, da qual devemos a escolha<br />

desta data.<br />

Temos um artigo da “Folha de São<br />

Paulo”, <strong>do</strong> jornalista Paulo Roberto Luppy, que<br />

tem cinco anos de investigação sobre o caso. Um<br />

jornalismo investigativo, que expõe neste artigo<br />

toda a impunidade, toda a gama de conluio, de<br />

omissão, de corrupção, de crime organiza<strong>do</strong>, há<br />

trinta e <strong>do</strong>is anos, para garantir a impunidade <strong>do</strong>s<br />

poderosos - que a cidade de Vitória sabe quem<br />

são - que estiveram envolvi<strong>do</strong>s nesse crime, que<br />

prescreveu sem condenar ninguém.<br />

Então, na medida <strong>do</strong> possível, queremos<br />

socializar este artigo com estes luta<strong>do</strong>res da<br />

causa da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente.<br />

Encerramos por aqui, abrin<strong>do</strong> o debate e<br />

informan<strong>do</strong>, especialmente aos professores Vera<br />

Maria Simoni Nacif e Silas Vieira <strong>do</strong>s Santos,<br />

que nossa idéia não é transformar cada um da<br />

Mesa em ora<strong>do</strong>r, mas aproveitar a nossa<br />

debate<strong>do</strong>ra de fora, as nossas de casa também,<br />

mas não precisam se preocupar com esta<br />

debate<strong>do</strong>ra, coordena<strong>do</strong>ra da Mesa, porque<br />

queremos aproveitar muito as experiências das<br />

promotoras.<br />

Nossa idéia é abrir uma pergunta <strong>do</strong><br />

Plenário e uma da Mesa. Temos microfones para<br />

o Plenário e outro que circula na Mesa.<br />

Concederemos <strong>do</strong>is minutos, mas não<br />

cortaremos a palavra, deixan<strong>do</strong> as pessoas<br />

concluírem, para que os senhores façam<br />

provocações, perguntas, complementos, críticas,<br />

cobranças, sugestões e quem quiser dar<br />

sugestões à CPI da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente<br />

também serão muito bem-vindas, anotadas e<br />

aproveitadas.<br />

Estão abertas as inscrições. Quem se<br />

atrever primeiro terá três minutos. (Pausa)<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr. Gean Carlos de<br />

Jesus, <strong>do</strong> Conselho Tutelar <strong>do</strong> Município da<br />

Serra.<br />

O SR. GEAN CARLOS DE JESUS –<br />

(Sem revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Sou Gean Carlos de<br />

Jesus; sou <strong>do</strong> Conselho Tutelar da Serra.<br />

Parabenizo o mandato da Sra. Deputada Brice<br />

Bragato pelo seu excelente trabalho.<br />

Farei alguns comentários sobre o que<br />

tenho visto enquanto Conselheiro Tutelar da<br />

Serra. Primeiramente, são poucas as denúncias<br />

que aparecem no Conselho sobre a questão<br />

sexual em si.<br />

Ontem, por exemplo, “A Gazeta”, a<br />

imprensa, nos ligou para saber casos. Mas são


2124 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

realmente muito poucos ainda, os que a<br />

comunidade denuncia. Então, gostaria de saber<br />

se é em nível nacional ou o que acontece em<br />

nível de Espírito Santo. Talvez a Dra. Patrícia<br />

Calmon Rangel possa nos dar alguma “luz”.<br />

Mas, na Serra, são poucos casos de denúncia.<br />

Ontem, conversan<strong>do</strong> sobre este assunto<br />

com uma pessoa <strong>do</strong> Sentinela da Serra,<br />

observamos alguns casos que acontecem e a<br />

demora da Justiça. Isso é um fato muito grave e,<br />

muitas vezes, leva as pessoas a quererem fazer<br />

Justiça com as próprias mãos.<br />

Lembro-me <strong>do</strong> caso de Novo Horizonte,<br />

onde a a<strong>do</strong>lescente foi vítima <strong>do</strong> próprio vizinho<br />

e até hoje o caso não teve solução. A família fica<br />

numa veemência muito grande, numa ânsia de<br />

Justiça, e convive ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> agressor. A<br />

a<strong>do</strong>lescente ficou grávida, tem uma criança hoje,<br />

e quan<strong>do</strong> somos cobra<strong>do</strong>s, como Conselheiros<br />

ficamos impotentes.<br />

A Sra. Deputada Brice Bragato foi muito<br />

feliz em suas colocações quanto a Justiça, mas<br />

esse ponto da aceleração na solução <strong>do</strong>s casos<br />

por parte <strong>do</strong> Judiciário, é essencial. Até mesmo<br />

para dar mais respal<strong>do</strong> ao nosso trabalho. (Muito<br />

bem!)<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Obriga<strong>do</strong>, Gean Carlos de Jesus.<br />

Pedimos às promotoras que anotem,<br />

porque estamos pensan<strong>do</strong> em umas dezesseis<br />

inscrições. Depois volta à Mesa e responde todas<br />

de uma vez.<br />

Alguém da Mesa gostaria de intervir<br />

agora, por <strong>do</strong>is ou três minutos fazen<strong>do</strong> uma<br />

perguntinha? (Pausa)<br />

A SRA. ANDRESSA VELOZO –<br />

(Sem revisão da ora<strong>do</strong>ra) – Gostaria que o<br />

Leandro Antônio relatasse algum caso de<br />

violência sexual ou de tentativa de violência<br />

sexual que ele presenciou com relação aos<br />

meninos de rua.<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr.<br />

Leandro Antônio.<br />

O SR. LEANDRO ANTÔNIO – Há<br />

muito tempo, em São Torquato, teve uma<br />

violência sexual contra a gente e a A. esteva<br />

junto. Presenciou tu<strong>do</strong> o que aconteceu. Foi um<br />

caso muito triste e eu ia ser estupra<strong>do</strong> também.<br />

Mas, Graças a Deus, os policiais chegaram na<br />

hora e conseguiram pegar os estupra<strong>do</strong>res que<br />

estavam violentan<strong>do</strong> minhas amigas. Foi uma<br />

coisa muita triste que, até hoje, está na memória<br />

e é difícil de esquecer.<br />

Quero agradecer a Andressa Velozzo por<br />

nos ajudar. A Rede Criança está conosco desde<br />

que viemos para a rua, nos dan<strong>do</strong> conselho.<br />

Agradeço a Sr.ª Deputada Brice Bragato por<br />

estarmos aqui. (Muito bem!)<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr.<br />

Sebastião Duarte Wanzeller, Secretário <strong>do</strong> Criad<br />

e <strong>do</strong> Fórum de Enfrentamento ao Trabalho<br />

Infantil.<br />

O SR. SEBASTIÃO DUARTE<br />

WANZELLER – Nos pronunciaremos sobre a<br />

colocação da Dr.ª Patrícia Calmom Rangel, de<br />

transformar o Sentinela em uma política pública.<br />

O que a senhora vê de positivo e de negativo?<br />

Seria oficializar a existência de violência sexual?<br />

Quais seriam as vantagens de transformar o<br />

Sentinela em política pública?<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Alguém da Mesa quer fazer mais<br />

alguma pergunta? Ninguém responderá agora,<br />

irão anotar e faremos uma bateria só, na medida<br />

<strong>do</strong> possível.<br />

A SRA. CLERIAMAR LYRIO –<br />

Quero falar um pouco sobre o Fórum, da<br />

importância da sociedade civil e <strong>do</strong> poder<br />

público participarem <strong>do</strong> Fórum. Entendemos que<br />

o Fórum hoje é um espaço <strong>do</strong> controle social e é<br />

através dele que faremos a mobilização e a<br />

articulação da sociedade civil e <strong>do</strong> poder público<br />

para fazer o enfrentamento da violência e da<br />

exploração sexual.<br />

Faremos uma pergunta, mais em nível de<br />

Esta<strong>do</strong>, para começarmos a pensar um pouco<br />

sobre como o Esta<strong>do</strong> vem priorizan<strong>do</strong> essa<br />

discussão em nível de orçamento. Sabemos que<br />

hoje o Sentinela tem a sustentabilidade <strong>do</strong><br />

Governo Federal, mas não sabemos até quan<strong>do</strong><br />

vai essa ação. Entendemos, enquanto Fórum, que<br />

o Esta<strong>do</strong> precisa assumir essa questão<br />

juntamente com os municípios, garantin<strong>do</strong> isso<br />

no orçamento. (Muito bem!)


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2125<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Alguém <strong>do</strong> plenário gostaria de<br />

perguntar, complementar, tirar alguma dúvida?<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra à Sr.ª Maria Gorete<br />

Ferreira Celestino.<br />

A SRA. MARIA GORETE<br />

FERREIRA CELESTINO – Uma das questões<br />

que colocamos para suscitar o debate é: como<br />

hoje estão estrutura<strong>do</strong>s os Conselhos Tutelares.<br />

Toda essa constatação <strong>do</strong> Sr. Gean Carlos Nunes<br />

de Jesus, não é a nossa realidade, pelo contrário.<br />

O Conselho Tutelar recebe diversas denúncias<br />

com relação à violência sexual, mas há uma falta<br />

de estrutura, desde a proposta de regionalização<br />

<strong>do</strong>s conselhos que preconiza o estatuto, até<br />

mesmo as condições básicas de carro e to<strong>do</strong> o<br />

suporte que, sabemos, para uma denúncia tem<br />

que existir. É como vemos o conselho hoje e,<br />

muitas vezes, a própria desconsideração ao<br />

recebimento de denúncias, a como ser um órgão<br />

obrigatório de denúncia das escolas, das<br />

unidades de saúde. E aí, vamos perceber que<br />

essa demanda vai aumentar. Esperamos que só a<br />

família faça a denúncia, mas quan<strong>do</strong> percebemos<br />

que uma instituição não assume essa proteção, as<br />

outras têm que assumir: as escolas, as unidades<br />

de saúde e tantos outros espaços em que as<br />

crianças estão. Então, a primeira suscitação <strong>do</strong><br />

debate é como vemos hoje essa estruturação <strong>do</strong>s<br />

conselhos tutelares.<br />

A outra, penso, a partir de um olhar de<br />

política de atendimento que contemple a criança<br />

na sua integralidade. Acho que a fala da Dra.<br />

Patrícia Calmon Rangel veio com essa<br />

perspectiva: política pública nessa dimensão.<br />

Então, como podemos pensar, hoje, essa<br />

perspectiva de um atendimento fragmenta<strong>do</strong> à<br />

criança. Agora é hora de pensar a criança vítima<br />

da violência sexual, como se ela também na sua<br />

história de vida, no seu contexto familiar e<br />

escolar não vivenciasse situações de exploração,<br />

de negligência ou de outros tipos de violência.<br />

Às vezes fazemos um discurso muito<br />

fecha<strong>do</strong> e não percebemos que no contexto da<br />

realidade, <strong>do</strong> cotidiano dessa criança - sua<br />

realidade social e cultural - ela passa por to<strong>do</strong>s<br />

esses caracteres. O Leandro Antônio da Silva<br />

mostrou isso, uma situação que vivenciou e<br />

sabe-se lá por quais outros tipos de violação<br />

também passou. Mas aí, em determina<strong>do</strong><br />

momento, olhamos meramente aquele enfoque<br />

imediato para a sociedade. Gostaria de ouvir <strong>do</strong>s<br />

componentes da Mesa essa fala.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, parabenizamos a<br />

iniciativa desta Assembléia <strong>Legislativa</strong>, que não<br />

deixou se perder este espaço para fazer esta<br />

discussão, porque sabemos da sua dimensão<br />

enquanto Poder Legislativo, da articulação com<br />

os Poderes Executivo e Judiciário e com a<br />

sociedade civil. O que temos construí<strong>do</strong> no<br />

Esta<strong>do</strong> é fruto dessa articulação. Não podemos<br />

perder de vista em nenhum momento que<br />

ninguém queira assumir o papel principal na<br />

condução dessas políticas, e sim, na perspectiva<br />

sinalizada pelo controle social.<br />

Peço licença para mostrar algumas fotos,<br />

à medida que as pessoas falam, de uma<br />

caminhada que fizemos no Município de Vila<br />

Velha, numa tentativa de mobilização e<br />

articulação bastante audaciosa. Foram três<br />

caminhadas. Numa conseguimos reunir duas mil<br />

pessoas. Escolas, igrejas e instituições<br />

envolvidas, o que nos enriqueceu muito.<br />

Gostaria que a Dra. Leslie Marques de<br />

Carvalho nos dissesse como está a constituição,<br />

estruturação e implementação das varas<br />

criminais especializadas em crimes contra a<br />

criança. É uma discussão que ganhamos e não<br />

levamos, mas queremos levar num segun<strong>do</strong><br />

momento. Conseguimos a implantação e depois<br />

foi derruba<strong>do</strong>. Queremos saber como está essa<br />

experiência nos outros esta<strong>do</strong>s. Se a Dra. Leslie<br />

conhece, poderia nos dar essa contribuição para<br />

retomarmos essa luta dentro <strong>do</strong> fórum e junto<br />

com os outros órgãos.<br />

A SRA PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Está franqueada a palavra.<br />

(Pausa)<br />

A SRA VÂNIA TARDIN DE<br />

CASTRO - Primeiro quero manifestar minha<br />

satisfação, Leandro Antônio da Silva , em dividir<br />

a Mesa com você. Tive a grande felicidade de<br />

conviver com o Leandro diariamente e de<br />

partilhar parte da sua história de vida, e muito<br />

me orgulha vê-lo depor. É uma pessoa por quem<br />

tenho um carinho muito especial. Vivemos nos<br />

encontran<strong>do</strong> e baten<strong>do</strong> papo também.<br />

Com relação à fala da Dra. Patrícia<br />

Calmon Rangel, apesar <strong>do</strong> comentário da Sra.<br />

Gorete Ferreira Celestino, que procede,<br />

acrescento a importância enquanto avanço da<br />

constituição <strong>do</strong>s conselhos <strong>do</strong>s direitos - estadual


2126 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

e municipal - da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente, e <strong>do</strong>s<br />

conselhos tutelares, embora tenhamos muito que<br />

avançar na sua estruturação. É uma luta<br />

permanente. O Ministério Público atua conosco<br />

na tentativa de qualificar mais os conselheiros e<br />

fortalecer não só esses conselhos mas também os<br />

fun<strong>do</strong>s municipais para a infância e<br />

a<strong>do</strong>lescência.<br />

A DRA. PATRICIA CALMON<br />

RANGEL – Eu os incluo neste controle social.<br />

Nem diria que seria um avanço de estruturação.<br />

Eles são o controle social por excelência.<br />

A SRA. VANIA TARDIN DE<br />

CASTRO – É nisso que temos que avançar<br />

ainda, na estrutura mesmo de logística, de<br />

recursos humanos. Reconhecemos que ainda<br />

temos que avançar. Mas o fato de isso estar<br />

sen<strong>do</strong> pauta<strong>do</strong> é um avanço no que diz respeito<br />

ao estatuto. Nessa luta que consideramos um<br />

merca<strong>do</strong> subjetivo, em função de que ora a<br />

criança e o a<strong>do</strong>lescente são toma<strong>do</strong>s como<br />

objeto, ora se oferecem, não por opção mas por<br />

não ter si<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> por ele ou não ter si<strong>do</strong><br />

dada uma outra saída no senti<strong>do</strong> de se<br />

reconhecer, de ter um lugar na sua relação com o<br />

outro.<br />

É uma questão delicada e as instâncias<br />

de controle social - nós executores, gestores das<br />

políticas públicas e cidadãos também – to<strong>do</strong>s<br />

temos um grande compromisso nessa luta.<br />

Posteriormente abordaremos algumas<br />

outras questões.<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Registramos, apesar da demora,<br />

a presença de Marzilia Silva, chefe da Divisão<br />

de Gênero <strong>do</strong> Departamento de Gênero e Raça<br />

da Prefeitura Municipal de Vitória e <strong>do</strong> grupo de<br />

mulheres negras Olorindudu. Não está mais<br />

presente mas esteve presente neste Plenário.<br />

Registramos também a presença da<br />

Samira <strong>do</strong>s Santos Sant’Ana, investiga<strong>do</strong>ra de<br />

polícia da DPCA, que cuida das crianças e<br />

a<strong>do</strong>lescentes e onde os membros da CPI foram<br />

muito bem recebi<strong>do</strong>s.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr. Sebastião<br />

Duarte Wanzeller.<br />

O SR. SEBASTIÃO DUARTE<br />

WANZELLER – Auxilian<strong>do</strong> a Sra. Maria<br />

Goreth, na semana passada tivemos a<br />

rearticulação <strong>do</strong>s Conselhos Tutelares. A<br />

Associação <strong>do</strong>s Conselheiros Tutelares <strong>do</strong><br />

Espírito Santo foi rearticulada e reativada, já está<br />

com a diretoria montada e esse é um fato que<br />

deve ser considera<strong>do</strong> como positivo, não só neste<br />

momento mas também como nos quinze anos de<br />

estatuto.<br />

Já existe uma diretoria, a <strong>do</strong>cumentação<br />

está sen<strong>do</strong> regularizada e na semana passada<br />

tivemos um evento o dia to<strong>do</strong>. Estamos também<br />

rearticulan<strong>do</strong> o fórum.<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Registro a presença da<br />

professora Ângela Campos, futura opera<strong>do</strong>ra de<br />

direito - é um prazer tê-la nesta Casa - e<br />

pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> tema. Fará uma monografia<br />

sobre a criança e o a<strong>do</strong>lescente. Presente também<br />

a professora Eugênia Rizzer, secretária de<br />

Assuntos Comunitários da UFES. Ambas são<br />

professoras de serviço social da UFES, sen<strong>do</strong><br />

que a professora Ângela Campos já está<br />

aposentada, não que não seja uma pessoa jovem.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra à Sra. Andressa Silva.<br />

A SRA. ANDRESSA SILVA – (Sem<br />

revisão da ora<strong>do</strong>ra) - Falarei mais para os<br />

meninos, para incentivá-los porque ficam na rua<br />

e têm aquela coisa <strong>do</strong> vício, <strong>do</strong> tinner. Hoje<br />

alguns estão com sono porque não estão<br />

acostuma<strong>do</strong>s a ficar sem o tinner.<br />

Parabenizo esses meninos por terem<br />

consegui<strong>do</strong>. Não direi que não cheiraram, mas<br />

conseguiram se superar para não ficarem <strong>do</strong> jeito<br />

que ficam nos outros dias. Parabéns por se<br />

empenharem e por estarem aqui. Temos feito<br />

alguns programas com eles e não estão fazen<strong>do</strong><br />

uso <strong>do</strong> tinner. Por quê? Porque existem pessoas<br />

que apostam neles.<br />

Pedimos o apoio a outras pessoas que<br />

trabalham com crianças e a<strong>do</strong>lescentes, para<br />

olharem mais para os meninos de rua, porque<br />

eles ficam realmente aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s. (Palmas)<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Parabéns, garotada.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Pastor Silas.<br />

O PASTOR SILAS – (Sem revisão <strong>do</strong><br />

ora<strong>do</strong>r) – Cumprimento a Deputada Brice<br />

Bragato e a parabenizo pela iniciativa; a<br />

Secretária Vera Nacif; nossas ilustres<br />

Promotoras, Patrícia Calmon e Leslie Carvalho;


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2127<br />

a Srª Vânia Jardim de Castro, presidente <strong>do</strong><br />

ECRIAD; o Leandro Antônio da Silva ; to<strong>do</strong>s<br />

que compõem a Mesa e os presentes na pessoa<br />

da Andressa Silva, uma batalha<strong>do</strong>ra, educa<strong>do</strong>ra<br />

social que tem muito carinho com as crianças e<br />

as crianças com ela também, o que é muito<br />

importante; o Sebastião Wanzeller e a Gorete<br />

Ferreira Celestino , <strong>do</strong> Sentinela, que são atores<br />

e estão empenha<strong>do</strong>s nessa luta.<br />

Farei uma leitura e gostaria de ouvir <strong>do</strong>s<br />

palestrantes algum comentário. Há um texto na<br />

Bíblia que diz: “Ensina a criança no caminho<br />

que deve andar e até quan<strong>do</strong> envelhecer não se<br />

desviará dele”.<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Pastor Silas, a nossa sessão tem<br />

que ser aberta com um versículo da Bíblia, e foi<br />

exatamente esse que eu li na abertura desta<br />

sessão. Que bom que o citou.<br />

O PASTOR SILAS – Que bom; já foi<br />

cita<strong>do</strong>. E vemos que a nossa cultura consumista,<br />

tão propagada pelos meios de comunicação -<br />

inclusive o consumo e o comércio <strong>do</strong> corpo,<br />

especialmente <strong>do</strong> corpo feminino, mas hoje<br />

também <strong>do</strong> corpo masculino, <strong>do</strong> homem sara<strong>do</strong> -<br />

estimula a violência, estimula o abuso e o uso<br />

sexual de crianças e de a<strong>do</strong>lescentes.<br />

A mídia, junto a mídia televisiva, a<br />

rádio, as publicações pornográficas livremente<br />

expostas em bancas, com acesso livre às crianças<br />

e aos a<strong>do</strong>lescentes, é altamente responsável por<br />

massificar essa cultura neoliberal <strong>do</strong> uso, <strong>do</strong><br />

abuso, <strong>do</strong> acúmulo, <strong>do</strong> ter em detrimento <strong>do</strong> ser<br />

e <strong>do</strong>s valores morais e sociais que deveriam ser<br />

cultiva<strong>do</strong>s.<br />

Essa cultura egoísta, he<strong>do</strong>nista,<br />

acumulativa tem ti<strong>do</strong> grande influência em to<strong>do</strong><br />

esse grande e infeliz tipo de violência. Estamos<br />

hoje destacan<strong>do</strong> o abuso sexual, mas há muitos<br />

tipos de violência. E daí também ao tráfico de<br />

mulheres, crianças e a<strong>do</strong>lescentes sen<strong>do</strong><br />

inseri<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> turismo sexual e da<br />

pornografia.<br />

O que nós, em termos de Esta<strong>do</strong> - hoje<br />

estou aqui como subsecretário de Ação Social,<br />

registran<strong>do</strong> também o abraço da Secretária,<br />

professora Ana Petroneto, que não pôde estar<br />

presente, extensivamente <strong>do</strong> prefeito João Coser<br />

- nós que hoje estamos juntos, o Ministério<br />

Público, a Prefeitura, o Governo Estadual, a<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong>, o que podemos fazer<br />

que não temos feito ainda? Não é tirar a<br />

liberdade, limitar a liberdade de imprensa, da<br />

comunicação, mas criar uma cultura de valor, de<br />

respeito, de dignidade ao ser humano.<br />

Encerro essa primeira fala, e no final<br />

lerei um poema que considero muito bonito.<br />

Uma pesquisa feita em Los Angeles, e<br />

no Brasil não seria diferente, mostrou que<br />

durante uma semana a televisão exibiu cento e<br />

quatorze assassinatos – os da<strong>do</strong>s devem estar<br />

desatualiza<strong>do</strong>s – duzentos e dezoito assaltos,<br />

quarenta e nove mortes, nove seqüestros, <strong>do</strong>is<br />

suicídios e seis torturas físicas.<br />

Hoje é comprova<strong>do</strong> que a televisão<br />

exerce em média 70% de influência sobre a<br />

mente das crianças. No Brasil, em média, uma<br />

criança ao chegar aos quinze anos de idade terá<br />

visto cerca de <strong>do</strong>ze mil horas de televisão. E com<br />

tu<strong>do</strong> isso que a televisão passa. Como reeducar a<br />

nossa televisão?<br />

Em Brasília, recentemente, a Deputada<br />

Federal Iriny Lopes, presidente da Comissão de<br />

Direitos Humanos da Câmara Federal, estava<br />

promoven<strong>do</strong> um seminário com o tema<br />

“Baixaria, quem financia?”<br />

Essa é a minha observação para a ilustre<br />

palestrante. (Palmas)<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) - Conce<strong>do</strong> a palavra à Srª Leslie<br />

Carvalho.<br />

A SRA. LESLIE CARVALHO – (Sem<br />

revisão da ora<strong>do</strong>ra) - Várias intervenções feitas<br />

se referem a programas, e programas federais,<br />

como é o caso <strong>do</strong> Sentinela. Tenho presencia<strong>do</strong><br />

diversas discussões em torno <strong>do</strong> Sentinela, e as<br />

pessoas devem ter conhecimento de que esse<br />

programa tem passa<strong>do</strong> por uma reformulação e<br />

no próprio Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento<br />

Social. Pessoas que estavam à frente não estão<br />

mais, a estrutura desse programa está sen<strong>do</strong><br />

modificada.<br />

Trouxe alguns slides para mostrar esse<br />

apanha<strong>do</strong> feito acerca <strong>do</strong>s programas federais<br />

que têm relação com a questão da exploração<br />

sexual de crianças e a<strong>do</strong>lescentes. Peço ao Júnior<br />

que coloque o slide número oito, pois vai direito<br />

ao assunto.<br />

Os programas no slide estão por siglas.<br />

No da<strong>do</strong> totaliza<strong>do</strong>, que é a coluna <strong>do</strong> canto<br />

direito, podem ver que existem alguns<br />

programas, como é o caso <strong>do</strong> Bolsa Família, que


2128 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

contempla praticamente cem por cento <strong>do</strong>s<br />

municípios. No caso são novecentos e trinta e<br />

sete municípios que tinham da<strong>do</strong>s de exploração<br />

sexual no País. Desses novecentos e trinta e sete,<br />

cem por cento estão contempla<strong>do</strong>s por esse<br />

programa federal, o Bolsa Família.<br />

O outro programa é o PSF, Programa de<br />

Saúde na Família, que existe em mais de noventa<br />

por cento desses municípios.<br />

Nas conversas das quais tenho<br />

participa<strong>do</strong> percebi que há uma idéia de<br />

trabalhar esses programas que já se encontram<br />

mais capilariza<strong>do</strong>s no País, e tentar fazer uma<br />

espécie de adaptação, por exemplo, <strong>do</strong> Programa<br />

Saúde na Família, que tem muita afinidade com<br />

o tema da violência sexual contra crianças e<br />

a<strong>do</strong>lescentes.<br />

Estive no Maranhão, no final <strong>do</strong> ano<br />

passa<strong>do</strong>, e as pessoas fizeram a sugestão de<br />

aproveitar esse programa, porque ele tem<br />

bastante inserção nos municípios, para trabalhar<br />

a questão da violência sexual. Então, as idéias<br />

estão caminhan<strong>do</strong> mais ou menos por aí.<br />

Com relação às escolas, foi lança<strong>do</strong> o<br />

guia escolar para trabalhar dentro das escolas,<br />

orientan<strong>do</strong> os educa<strong>do</strong>res a identificar a<br />

violência sexual. Esse guia foi lança<strong>do</strong> numa<br />

tiragem pequena. Agora já está incluin<strong>do</strong> outro<br />

tema no guia, que é o da pe<strong>do</strong>filia na internet. A<br />

segunda edição sairá com alterações e será uma<br />

tiragem mais ampliada. Está-se estudan<strong>do</strong> a<br />

melhor forma de trabalhar esse guia dentro das<br />

escolas para permitir uma identificação e, no<br />

caso, o encaminhamento para o Conselho<br />

Tutelar ou demais órgãos de proteção e<br />

responsabilização. O estatuto obriga que o<br />

educa<strong>do</strong>r faça essa notificação ao Conselho<br />

Tutelar.<br />

Queria mostrar os programas e peço ao<br />

Júnior que passe o slide número dez, que fala da<br />

incidência <strong>do</strong>s órgãos de responsabilização<br />

nesses novecentos e trinta e sete municípios.<br />

Esse quadro está por regiões. Mas naquele site<br />

“caminhos” os senhores vão achar to<strong>do</strong>s esses<br />

da<strong>do</strong>s por município.<br />

Gostaria de falar sobre a questão das<br />

Varas Especializadas. Esse da<strong>do</strong> não está<br />

especifica<strong>do</strong> mas eu o tenho. Posso estar<br />

enganada em termos de um número ou <strong>do</strong>is<br />

números, mas tenho conhecimento de que são<br />

quatorze Varas Especializadas - não é isso Sra.<br />

Patrícia Calmon Rangel? - na apuração de<br />

crimes contra crianças e a<strong>do</strong>lescentes no País.<br />

Recentemente foi inaugurada uma Vara - se não<br />

estou enganada - em Manaus. Logo, aumentou.<br />

Gostaria de informar que a idéia da<br />

especialização de Varas e Promotorias na<br />

apuração de crimes contra crianças e<br />

a<strong>do</strong>lescentes já foi lançada nos Fóruns Nacionais<br />

de Procura<strong>do</strong>res Gerais de Justiça e também de<br />

Presidentes <strong>do</strong>s Tribunais de Justiça <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s.<br />

Portanto, a coisa já chegou de cima para baixo,<br />

ou seja, já é uma proposta de Governo. Por<br />

exemplo: na reunião <strong>do</strong>s Procura<strong>do</strong>res Gerais de<br />

Justiça que aconteceu no mês de abril em<br />

Brasília, até na sede <strong>do</strong> Ministério Público <strong>do</strong><br />

Distrito Federal, o Secretário Especial de<br />

Direitos Humanos se fez presente, acolheu essa<br />

proposta que foi lançada na reunião <strong>do</strong> GNCOC<br />

e foi apresentada pelo Procura<strong>do</strong>r Geral da<br />

Justiça <strong>do</strong> Distrito Federal. Essa proposta foi<br />

acolhida e to<strong>do</strong>s os Procura<strong>do</strong>res Gerais de<br />

Justiça <strong>do</strong> País já estão com essa demanda para<br />

poderem especializar as Promotorias também<br />

que irão cuidar da Ação Penal <strong>do</strong>s crimes de<br />

violência contra crianças e a<strong>do</strong>lescentes.<br />

Com relação à questão da mídia, tenho<br />

conhecimento de que na Secretaria Nacional de<br />

Justiça, <strong>do</strong> Ministério da Justiça, a Dra. Cláudia<br />

de Freitas Chagas, que inclusive é Promotora de<br />

Justiça <strong>do</strong> Distrito Federal, ela é a Secretaria<br />

Nacional de Justiça, isto é, está à frente, tem<br />

promovi<strong>do</strong> amplas discussões a respeito dessa<br />

temática e tem reuni<strong>do</strong> especialistas <strong>do</strong> País<br />

inteiro e já houve mudança a respeito da<br />

classificação da programação de TV. Porém, é<br />

muito difícil enfrentar essa questão. Já tive a<br />

oportunidade de participar de audiência pública<br />

no Congresso Nacional, a qual compareceram os<br />

dirigentes das principais emissoras de TV no<br />

País e tu<strong>do</strong> o que se fala com respeito a essa<br />

matéria é encara<strong>do</strong> como censura; e a palavra<br />

“censura” no País parece que faz “arrepiar”<br />

todas as pessoas. E às vezes por me<strong>do</strong> de ser<br />

taxa<strong>do</strong> como censura<strong>do</strong>r o próprio Parlamentar,<br />

o governante não quer mexer nisso. Enfim, a<br />

Dra. Cláudia de Freitas Chagas tem promovi<strong>do</strong><br />

esse debate e mostra a intenção clara, inclusive<br />

deu declarações públicas no ano passa<strong>do</strong> dizen<strong>do</strong><br />

que realmente mexerá na questão da<br />

programação.<br />

Hoje li na revista de bor<strong>do</strong> uma<br />

informação, um artigo dizen<strong>do</strong> que as pessoas,<br />

em geral, - não são só as crianças e os


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2129<br />

a<strong>do</strong>lescentes – passam no mínimo quatro horas<br />

por dia em frente à TV e é a hora em que elas se<br />

colocam mais receptivas, como se estivessem<br />

alheias a tu<strong>do</strong> o que acontece à sua volta, talvez<br />

seja a hora em que as pessoas ficam como se<br />

estivessem meditan<strong>do</strong> ou estivessem num transe,<br />

elas ficam muito, muito receptivas, parece que<br />

meio hipnotizadas pela televisão. Então,<br />

realmente, isso é muito preocupante. Muito<br />

obrigada!<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Conce<strong>do</strong> a palavra à Dra.<br />

Patrícia Calmon Rangel.<br />

A SRA. PATRÍCIA CALMON<br />

RANGEL - (Sem revisão da ora<strong>do</strong>ra) - Boa<br />

noite a to<strong>do</strong>s. Não temos muito a complementar<br />

<strong>do</strong> que foi dito pela Dra. Leslte e, principalmente<br />

pela Sra. Maria Goreth, em relação ao sentinela.<br />

Eu e a Dra. Leslte fazemos parte de vários<br />

grupos de trabalho nacionais e um deles é<br />

justamente um estu<strong>do</strong> sobre o enfrentamento à<br />

violência sexual. O que propomos é justamente o<br />

nome <strong>do</strong> grupo, começar pelo nome <strong>do</strong> grupo.<br />

Ao invés de ser: enfrentamento à violência<br />

sexual, deve ser: direito ao desenvolvimento<br />

sexual saudável.<br />

Eu penso que a incorporação <strong>do</strong><br />

sentinela pelo SUS, pelos serviços de saúde, pela<br />

política de saúde global, política pública de<br />

saúde, visa exatamente isso: não estigmatizar<br />

como a Sra. Maria Goreth frisou. Nenhum<br />

programa volta<strong>do</strong> especificamente para a<br />

violência sexual é estigmatizante. A idéia é que<br />

seja uma política pública voltada ao direito e ao<br />

desenvolvimento sexual saudável. Toda criança<br />

tem esse direito. Eventuais lesões, violações a<br />

esse direito têm que ser tratadas pela política<br />

pública. Além de um novo foco ao<br />

enfrentamento não estigmatizante, menos<br />

marca<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> política pública, - como a Dra.<br />

Leslte frisou – vem na linha <strong>do</strong> Programa de<br />

Saúde da Família, que é um programa volta<strong>do</strong><br />

para a promoção da saúde e não detecção de<br />

<strong>do</strong>enças ou de violações. Então, a lógica é mais<br />

ou menos essa.<br />

Em relação à estruturação <strong>do</strong>s conselhos<br />

dizemos que é fundamental; é a nossa “briga” de<br />

sempre porque os conselhos são a essência <strong>do</strong><br />

controle social. É a sociedade representada ali<br />

deliberan<strong>do</strong> políticas e destinação de recursos.<br />

Enfim, a briga número um nossa tem que ser<br />

pela estruturação desses conselhos. Eles são a<br />

vedete <strong>do</strong> Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente<br />

e têm que ser estrutura<strong>do</strong>s.<br />

Quanto à educação, a Dra. Leslte já<br />

frisou. Quem saiu de uma ditadura enfrenta<br />

muitas dificuldades com a censura. Ninguém<br />

quer receber a pecha de censor. Então, pensamos<br />

que a longo prazo é via educação mesmo, uma<br />

educação crítica. Quem tem uma educação<br />

crítica não assiste. Isso é um processo longo.<br />

Enquanto esse processo se dá, temos que pensar<br />

em meios de classificação etária, em discutir<br />

realmente essa questão, sem esbarrar, ten<strong>do</strong><br />

muito cuida<strong>do</strong> com a questão da censura; mas<br />

também buscan<strong>do</strong> classificações disso.<br />

Em relação ao GNCOC a questão das<br />

Varas, é uma longa e antiga luta nossa no<br />

Espírito Santo. Já temos, como a Dra. Leslte<br />

frisou, quatorze Varas em Promotorias<br />

implantadas em to<strong>do</strong> o Brasil; e em to<strong>do</strong>s os<br />

locais onde essas Promotorias e Varas são<br />

criadas vemos um reflexo imediato. Por quê?<br />

Porque a atuação <strong>do</strong>s pedófilos, a atuação das<br />

redes de exploração sexual vão para determina<strong>do</strong><br />

bairro, em determina<strong>do</strong> município. Vêem que ali<br />

está esgotada, está muito conhecida, elas mudam<br />

para um outro município e aí buscam novas<br />

escolas, novas fontes de fornecimento dessa<br />

mão-de-obra. E ten<strong>do</strong> uma Vara que centralize<br />

essas ações, temos condições de reprimir esses<br />

agressores, de encontrar esses agressores e de<br />

responsabilizá-los com muito mais facilidade.<br />

Essa é uma “briga” que tem que ser<br />

retomada nesta Casa e ela vem fortalecida por<br />

essa recomenedação num colégio de<br />

Procura<strong>do</strong>res que inclusive partiu até <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo num encontro que houve <strong>do</strong> Grupo<br />

Nacional de Repreensão ao Crime Organiza<strong>do</strong>,<br />

que Vitória sediou esse encontro. Um <strong>do</strong>s grupos<br />

desse encontro, inclusive a Dra. Leslte é<br />

convidada desse grupo para dar esse panorama<br />

nacional de enfrentamento, deliberou que isso<br />

fosse encaminha<strong>do</strong> ao colégio de Procura<strong>do</strong>res,<br />

foi e conseguimos esse êxito. Resta-nos unir, o<br />

Fórum se reestruturar, darmos mais fôlego ao<br />

Fórum Estadual que precisa ser retoma<strong>do</strong> e que<br />

será retoma<strong>do</strong> em breve, para que voltemos à<br />

carga na busca da implementação da Vara e da<br />

Promotoria. Acho que, só essas<br />

complementações locais.


2130 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

A SRA. PRESIDENTA – (BRICE<br />

BRAGATO) – Obrigada Srª Patrícia Calmon<br />

Rangel.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra a Srª. Vera Maria<br />

Simoni Nacif.<br />

A SRA. VERA MARIA SIMONI<br />

NACIF – (Sem revisão da ora<strong>do</strong>ra) – Boanoite<br />

a to<strong>do</strong>s.<br />

Parabenizamos, mais uma vez, à<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong> na pessoa da Srª.<br />

Deputada Brice Bragato que está presidin<strong>do</strong>, de<br />

mo<strong>do</strong> especial, os trabalhos desta Comissão de<br />

Direitos Humanos, com ênfase e com crença, na<br />

possibilidade de construção de uma sociedade<br />

mais justa.<br />

Parabenizamos a Dr.ª Leslie Carvalho,<br />

não nos conhecíamos, só a conhecíamos de<br />

referência. Saiba que aqui no Espírito Santo<br />

consideramos esta questão, uma das mais<br />

importantes na construção de uma juventude<br />

diferente, que acredite nas instituições públicas,<br />

porque essas instituições preocupam com elas e<br />

com questões de sobrevivência saudável,<br />

comprometida com a cidadania ativa, exercida<br />

na sua plenitude, com mentes sadias, porque<br />

temos que trabalhar e estamos trabalhan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s<br />

pela mudança <strong>do</strong> enfoque das políticas públicas<br />

que pensem não apenas no desenvolvimento<br />

econômico, mas no desenvolvimento econômico<br />

volta<strong>do</strong> para a construção de uma sociedade<br />

justa, na qual não existam tantas desigualdades,<br />

como infelizmente ainda vivenciamos.<br />

Cumprimentamos a Dr.ª. Patrícia<br />

Calmon Rangel, que apesar da sua juventude, já<br />

é uma militante que tem da<strong>do</strong> uma contribuição<br />

fundamental nesta retomada <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> Espírito Santo. Ficamos muito felizes.<br />

Cumprimentamos a Srª. Andressa<br />

Velozo, não nos conhecíamos mas tivemos o<br />

privilégio de nos conhecer quan<strong>do</strong> fomos<br />

Secretária de Ação Social de Vitória, de termos<br />

estimula<strong>do</strong> e contribuí<strong>do</strong> para a criação <strong>do</strong><br />

primeiro Conselho Tutelar de Vitória e de<br />

implantar o programa de educa<strong>do</strong>res de rua, o<br />

primeiro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Para nós é muito gratificante<br />

ver a pujança e o compromisso desse programa,<br />

representa<strong>do</strong> pela sua pessoa; o Sr. Leandro<br />

Antônio como parte integrante desse trabalho<br />

que ainda se faz, e como conseqüência já<br />

estamos ven<strong>do</strong> o jovem que acredita e que está<br />

firman<strong>do</strong> os seus direitos. A Srª. Cleriamar Lyrio<br />

que trabalhou conosco lá na origem <strong>do</strong> programa<br />

de Vitória. É muito bom estar com você, nesta<br />

Mesa.<br />

A Srª. Vânia Hostol<strong>do</strong>, gerente <strong>do</strong> nosso<br />

programa de atendimento à criança, ao<br />

a<strong>do</strong>lescente e à juventude. Sob a<br />

responsabilidade dela está a coordenação<br />

também <strong>do</strong> nosso projeto “Combate à violência,<br />

abuso sexual e prostituição infanto-juvenil” que<br />

fizemos constar <strong>do</strong> Plano Plurianual – PPA - ,<br />

que é o nosso orçamento para quatro anos,<br />

perío<strong>do</strong> 2004 a 2007.<br />

Srª. Cleriamar Lyrio, gostaríamos de dar<br />

a nossa opinião e o nosso posicionamento, que<br />

está afirma<strong>do</strong> na nossa prática na Secretaria, na<br />

nossa experiência profissional de tantos anos de<br />

militância em tantas áreas de Direitos Humanos.<br />

Todas as vezes que quisermos, o Poder Público<br />

constituí<strong>do</strong> formalmente institucionaliza<strong>do</strong>s, em<br />

qualquer que seja o nível, estadual, municipal ou<br />

federal, é preciso que tenhamos visibilidade no<br />

Plano Plurianual, <strong>do</strong>s projetos que são<br />

importantes. É preciso que conste sim, e é o<br />

primeiro passo para que ele se constitua numa<br />

política pública, que tenha por que ele está lá.<br />

Cremos que temos que revisar sim o<br />

nome <strong>do</strong> nosso projeto, porque o nosso projeto é<br />

“Combate à violência, abuso sexual e<br />

prostituição infanto-juvenil” e nós não<br />

conseguimos um nome quan<strong>do</strong> foi da elaboração<br />

<strong>do</strong> PPA. Estamos propensas a levar essa<br />

discussão para a Secretaria para ver a<br />

possibilidade de revisão num programa mais<br />

positivo, haver uma agenda mais afirmativa para<br />

esse projeto.<br />

Essa matriz inter-setorial que já é<br />

referenciada, aponta vinte e três municípios no<br />

Espírito Santo que já recebem denúncias.<br />

Dezessete <strong>do</strong>s vinte e três municípios temos<br />

atividades diretamente relacionadas através <strong>do</strong><br />

Projeto Sentinela. Os demais, seis, entramos em<br />

contato para que eles possam estar endereça<strong>do</strong>s<br />

na expansão <strong>do</strong> “Sentinela” para esses projetos.<br />

A Srª Vânia me informava que esta<br />

semana está sen<strong>do</strong> formaliza<strong>do</strong> para o Ministério<br />

de Desenvolvimento Social, o nosso pleito de<br />

expansão prioritária para esses municípios.<br />

Paralelamente a esse Projeto Sentinela da qual a<br />

Coordena<strong>do</strong>ra é a Secretaria Estadual, temos<br />

atua<strong>do</strong> com recursos próprios. Por exemplo, na<br />

capacitação continuada aonde coordena<strong>do</strong>res são<br />

os responsáveis. São outras ações na qual a


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2131<br />

Secretaria Estadual atua e que, também, tem<br />

recursos próprios para essa condução.<br />

Não basta uma ação direta no senti<strong>do</strong> de<br />

denúncia, no senti<strong>do</strong> de atendimento aos<br />

vitimiza<strong>do</strong>s, mas que as políticas públicas<br />

precisam estarem integradas no senti<strong>do</strong> de ações<br />

preventivas coibi<strong>do</strong>ras da violência, que passam,<br />

por exemplo, pela análise <strong>do</strong> corte das famílias;<br />

onde se dá mais pre<strong>do</strong>minantemente essa<br />

violência. Será em setores mais pobres da<br />

sociedade?<br />

Nos determina<strong>do</strong>s municípios, onde está<br />

enfoca<strong>do</strong> a violência? Hoje, conversava com um<br />

Prefeito <strong>do</strong> Norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que nos procurou,<br />

<strong>do</strong> município canavieiro, porque agora está na<br />

época <strong>do</strong> corte da cana, onde está se perceben<strong>do</strong><br />

um aumento muito grande de gravidez precoce<br />

de estupro e violência sexual, na sua zonalidade.<br />

É preciso de – mesmo já sen<strong>do</strong> feito pela<br />

DRT – fiscalização onde mora os bóias- frias<br />

que vêm para o corte da cana. Como esse<br />

trabalho está sen<strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> com as demais<br />

políticas públicas de desenvolvimento<br />

econômico regional. To<strong>do</strong> esse esforço de estar<br />

integran<strong>do</strong> essas ações de diversas pastas, não<br />

somente a da Saúde, mas uma ação que estamos<br />

discutin<strong>do</strong> no âmbito de governo.<br />

Hoje mesmo o prefeito viria a esta Casa<br />

para agendarmos, e ai convidaríamos a Drª<br />

Patrícia, vamos juntas, colocar o pé na estrada e<br />

ver de perto o que podemos fazer to<strong>do</strong>s juntos. O<br />

tema dessa sessão especial é o Esta<strong>do</strong> e a<br />

sociedade civil integra<strong>do</strong>s para o combate à<br />

violência, temos que somar, mesmo, to<strong>do</strong>s.<br />

Uma coisa interessante e preocupante.<br />

Temos aqui os da<strong>do</strong>s consolida<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto<br />

Sentinela, nos anos de 2003 e 2004. Uma coisa<br />

nos chama atenção: houve realmente um<br />

aumento de quase cinqüenta por cento no<br />

atendimento <strong>do</strong> Projeto Sentinela entre 2003 e<br />

2004, o que é muito bom. Agora, precisamos<br />

entender aonde realmente aumentou esses casos.<br />

Temos registra<strong>do</strong>: Violência física,<br />

violência psicológica, abuso sexual, exploração<br />

sexual e negligência. Abuso sexual em 2003,<br />

foram quinhentos e cinqüenta e um casos. Em<br />

2004, mil e cinqüenta e três casos. Foi aqui que<br />

houve aumento substantivo de denúncias, de<br />

visibilidade e de atendimento.<br />

Uma coisa que aconteceu em um ano.<br />

Temos que entender melhor caso a caso dentro<br />

de uma análise psíquico sócio-econômica, o que<br />

aconteceu, que, justamente o abuso sexual não se<br />

tinha quase visibilidade? Por que agora?. Onde,<br />

fomos mais eficientes? Estamos implementan<strong>do</strong><br />

um trabalho novo chama<strong>do</strong> “ Pacto pela Criança<br />

e A<strong>do</strong>lescente” em parceria com a UNICEF em<br />

vinte e nove municípios <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Estou ven<strong>do</strong> o amigo Vanzeler que é<br />

parceiro, neste trabalho, em to<strong>do</strong>s os municípios<br />

semi- ári<strong>do</strong> brasileiro e vinte e nove <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo estão qualifica<strong>do</strong>s.<br />

Então, ali acontece com incidência mais<br />

forte a mortalidade infantil, a negligência, fome,<br />

miséria. Ocorre no Brasil to<strong>do</strong>, mas os<br />

municípios <strong>do</strong> nordeste são mais<br />

vulnerabiliza<strong>do</strong>s; e nossos vinte e nove entran<strong>do</strong><br />

agora.<br />

A questão da violência sexual é um tema<br />

de aprofundamento nessa questão. Estamos<br />

também investin<strong>do</strong> com força e vigor nessa ação,<br />

soman<strong>do</strong> agora com os municípios que estão se<br />

credencian<strong>do</strong> para ganhar como prêmio o selo<br />

“Município Aprova<strong>do</strong> <strong>do</strong> Unicef” por<br />

alcançarem as metas de redução <strong>do</strong>s índices que<br />

ainda nos envergonham.<br />

Temos também um projeto novo de<br />

convênio com a Pastoral da Criança para a<br />

expansão, junto com o PSF, de combate à<br />

mortalidade infantil e a questão <strong>do</strong> atendimento<br />

à maternidade precoce.<br />

Muito obrigada. (Muito bem!)<br />

A SRA. PRESIDENTA - (BRICE<br />

BRAGATO) – O Pastor Silas <strong>do</strong>s Santos Vieira<br />

quer apresentar um poesia e depois faremos o<br />

encerramento.<br />

Agradecemos a presença da Sra.<br />

Fernanda Rossi, Coordena<strong>do</strong>ra Estadual <strong>do</strong><br />

Programa Sentinela.<br />

O SR. SILAS DOS SANTOS VIEIRA<br />

– (Sem revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Na semana<br />

passada o Bispo Dom Mauro Morelli foi<br />

entrevista<strong>do</strong> no programa Jô Soares e citou uma<br />

bonita frase, que também mostra um desafio para<br />

nós: “Que nenhuma criança morra criança” - no<br />

senti<strong>do</strong> de que toda criança tem o direito de se<br />

desenvolver, de chegar à idade adulta – “e nem<br />

os seus sonhos infantis também morram”.<br />

Hoje estamos nesta data, que é uma<br />

celebração não de festa, mas uma celebração de<br />

desafios, de engajamento, de mobilização,<br />

lembran<strong>do</strong> Araceli que há trinta e <strong>do</strong>is anos, com<br />

apenas oito anos de idade, foi seqüestrada,


2132 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória – ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

drogada, torturada, sofreu to<strong>do</strong> o tipo de<br />

violência.<br />

Leremos uma poesia, da autora chamada<br />

Myrtes Mathias, já falecida, que nos chama a<br />

pensar nisso que estamos conversan<strong>do</strong>, a nossa<br />

luta pela infância e pela a<strong>do</strong>lescência <strong>do</strong> Brasil,<br />

para que não tenhamos outras Aracelis, a quem,<br />

de certa forma hoje, recordan<strong>do</strong> seu triste e curto<br />

final de vida, oferecemos flores.<br />

O poema diz:<br />

“Agora<br />

Se queres dar-me uma flor<br />

dá-me antes que eu morra...<br />

Se podes hoje fazer o milagre<br />

de um sorriso num rosto que<br />

chora,<br />

não coloques flores sobre<br />

tumbas:<br />

Se queres dar-me uma flor, fazeo<br />

agora.<br />

Se podes dar um lar ao<br />

orfãozinho,<br />

abrigo ao pobre que geme lá<br />

fora,<br />

não encolhas a mão – Deus está<br />

ven<strong>do</strong>:<br />

Se podes dar-me uma flor, fazeo<br />

agora.<br />

Se conheces o Eterno Caminho<br />

que leva ao templo onde a<br />

Alegria mora,<br />

não guardes, egoísta, o teu<br />

segre<strong>do</strong>:<br />

Se podes dar-me uma flor, fazeo<br />

agora.<br />

Se podes dizer uma frase linda<br />

algo que faça a tristeza ir<br />

embora,<br />

dize-a enquanto posso agradecer<br />

sorrin<strong>do</strong>:<br />

Se podes dar-me uma flor, fazeo<br />

agora.<br />

O que farei das orações, das<br />

flores<br />

quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> eu já não mais<br />

for?<br />

Aos pés de Deus eu as terei tão<br />

lindas<br />

que não precisarei <strong>do</strong> teu amor.<br />

Não esperes o instante da partida<br />

se podes me fazer feliz, faze-me<br />

agora.<br />

Para que chorar de remorso e<br />

saudade?<br />

Custa tão pouco a felicidade:<br />

dá-me uma flor antes que eu vá<br />

embora”<br />

A SRA. PRESIDENTA - (BRICE<br />

BRAGATO) – Excelente, Pastor Silas <strong>do</strong>s<br />

Santos Vieira<br />

Para encerrar, queremos falar três coisas.<br />

A primeira é dizer que está nesta Casa de Leis<br />

para ser discutida e votada a LDO, que define as<br />

metas e os programas para o ano 2006 e orienta<br />

o orçamento que será vota<strong>do</strong> em dezembro. Em<br />

que pese o esforço da Srª Vera e da sua equipe, o<br />

nosso olhar de assistente social diz que o<br />

Governo não prioriza muito as áreas sociais.<br />

Precisamos dar uma vasculhada nessa<br />

LDO, fazer uma corrente de sociedade civil, de<br />

conselhos profissionais. O Conselho Profissional<br />

de Assistentes Sociais já vai estudar essa LDO.<br />

Precisamos ampliar essas metas e programas nas<br />

nossas áreas prioritárias, para que posteriormente<br />

o recurso seja direciona<strong>do</strong> para essas áreas.<br />

No relatório da CPI levantaremos da<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s anos de 2003, 2004, 2005 e a perspectiva de<br />

2006 de orçamento, metas e programas.<br />

Um outro aspecto é: quem tem sugestão<br />

para o relatório final da CPI, que mande. Pode<br />

entregar no nosso gabinete ou neste momento,<br />

escrever em um papel, não precisa formalidade.<br />

Incorporamos como proposta nossa. Se<br />

quiserem, podem mandar um ofício pela<br />

entidade. Porém, tem que agilizar porque o<br />

nosso tempo está aperta<strong>do</strong>. Mas quanto maior for<br />

a participação de to<strong>do</strong>s no relatório final, mais<br />

representativo, mais legítimo será.<br />

Falamos isso também para os<br />

telespecta<strong>do</strong>res da TV Assembléia. Temos uma<br />

média de audiência de quarenta e seis mil<br />

pessoas. Entre essas temos certeza de que tem<br />

muita gente que defende a causa da criança e <strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>lescente e que pode mandar contribuição.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2133<br />

Temos em mãos um pedi<strong>do</strong> da Srª Maria<br />

Goreti Ferreira Celestino, para que façamos a<br />

leitura de uma carta de uma mão, que diz:<br />

“18 de Maio – Dia <strong>do</strong><br />

Combate ao Abuso e à<br />

Exploração Sexual de Crianças e<br />

A<strong>do</strong>lescentes.<br />

Este é o dia escolhi<strong>do</strong><br />

para o combate ao abuso e à<br />

exploração contra nossas<br />

crianças e a<strong>do</strong>lescentes. Na<br />

verdade, o combate, a atenção,<br />

os cuida<strong>do</strong>s e a proteção devem<br />

fazer parte <strong>do</strong> nosso cotidiano e<br />

assim garantir a diminuição até a<br />

extinção desse crime cruel.<br />

Certo dia minhas filhas<br />

num ato de coragem e confiança<br />

desabafaram o que há quatro<br />

anos sofreram. E disseram entre<br />

lágrimas e soluços: “ – Mãe, não<br />

me bate! Papai fez isso comigo”<br />

( elas se referiam ao abuso<br />

sexual). Digo que esse momento<br />

foi o pior da minha vida.<br />

Experimentei um coquetel de<br />

emoções, raiva, nojo, tristeza,<br />

desespero, angústia, mas um<br />

sentimento neutralizou to<strong>do</strong>s<br />

esses, o amor.<br />

Em nenhum momento<br />

duvidei daqueles rostinhos, e<br />

demonstrei amor por elas como<br />

em nenhum outro dia o fiz.<br />

Abracei minhas filhas e prometi<br />

que ninguém faria mal e nem tão<br />

pouco repetiria aquela crueldade.<br />

Jamais, pensei que<br />

poderia acontecer com elas esse<br />

tipo de violência, mas hoje sei<br />

que não se conhece o caráter de<br />

alguém apenas conviven<strong>do</strong> com<br />

essa pessoa, mesmo por longo<br />

tempo.<br />

Tomei todas as medidas<br />

que são de direito, cumpri meu<br />

dever, denunciei.<br />

Hoje procuramos<br />

superar me<strong>do</strong>s, traumas e tu<strong>do</strong><br />

de ruim que o pai delas<br />

proporcionou em quatro anos.<br />

Confio na justiça de<br />

Deus e espero que se cumpra os<br />

direitos delas, enfim, a<br />

responsabilização.<br />

E que com outras<br />

famílias na situação como a<br />

nossa consigamos atingir nossos<br />

objetivos, junto à sociedade, de<br />

fazer valer o que é de direito, e<br />

to<strong>do</strong>s os dias dizer NÃO a to<strong>do</strong><br />

tipo de violência contra nossos<br />

filhos.<br />

CONVERSE COM<br />

SEU(SUA) FILHO, ELE(ELA)<br />

PODE ESTAR PRECISANDO<br />

DE AJUDA.<br />

Mãe que denunciou a<br />

situação de violência sexual<br />

vivenciada pelas suas filhas.<br />

02 de maio de 2005,<br />

Vila Velha, Espírito Santo”<br />

E não é antiga, não. A carta é de 2 de<br />

maio de 2005. Essa mãe é de Vila Velha,<br />

Espírito Santo. (Pausa)<br />

A Srª Maria Goreti está dizen<strong>do</strong> que essa<br />

carta simboliza a possibilidade de um trabalho<br />

que se faz com a família a partir da violação, da<br />

violência, <strong>do</strong> sofrimento. Uma mãe escreveu<br />

sobre um fato que não aconteceu esta semana,<br />

mas que encoraja, que nos traz uma lição de luta<br />

pelos direitos e uma recomendação a todas nós, a<br />

todas as mães, a todas as pessoas que nos<br />

ouvem.<br />

A carta é anônima, mas pedimos que<br />

saudemos essa mãe e essa luta de to<strong>do</strong>s nós com<br />

uma salva de palmas, não de comemoração, mas<br />

de revigoração das nossas energias. (Palmas!)<br />

(Pausa)<br />

Nada mais haven<strong>do</strong> a tratar, declaro<br />

encerrada a sessão, convocan<strong>do</strong> os Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s para a próxima, Solene, amanhã, às<br />

15h30min, em comemoração aos setenta e cinco<br />

anos da Imigração Polonesa no Espírito Santo, e<br />

para a qual designo:<br />

EXPEDIENTE:<br />

O que ocorrer.<br />

Está encerrada a sessão.<br />

Encerra-se a sessão às vinte e uma<br />

horas e cinqüenta e <strong>do</strong>is minutos.


2134 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

SEPTUAGÉSIMA PRIMEIRA<br />

SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA<br />

SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA<br />

DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA,<br />

REALIZADA EM 19 DE MAIO DE 2005.<br />

ÀS QUINZE HORAS E TRINTA<br />

MINUTOS, O SR. DEPUTADO CÉSAR<br />

COLNAGO OCUPA A CADEIRA DA<br />

PRESIDÊNCIA.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Convi<strong>do</strong> o Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza a proceder à leitura de um versículo da<br />

Bíblia.<br />

(O Sr. Claudio Vereza lê<br />

Salmo 1,1)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Informo aos Srs. Deputa<strong>do</strong>s e<br />

demais presentes que esta sessão é solene, em<br />

comemoração aos Setenta e cinco anos da<br />

Imigração Polonesa no Espírito Santo, conforme<br />

requerimento de autoria <strong>do</strong>s Srs. Deputa<strong>do</strong>s<br />

Claudio Vereza, Brice Bragato e Carlos<br />

Casteglione, aprova<strong>do</strong> em Plenário.<br />

Convi<strong>do</strong>, para compor a Mesa, o Cônsul<br />

Geral da República da Polônia <strong>do</strong> Brasil, Sr.<br />

Michal Zawila; o Cônsul Honorário da Polônia<br />

em Vitória, Sr. Adam Czartryski; o Presidente da<br />

Associação Polonesa de Águia Branca, Sr. Elias<br />

Teixeira e o Prefeito Municipal de Águia<br />

Branca, Sr. Jailson José.<br />

Convi<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s para , de pé, ouvirmos a<br />

execução <strong>do</strong>s Hinos Nacional, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo e da Polônia.<br />

(São executa<strong>do</strong>s os Hinos<br />

Nacional, <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo e da Polônia)<br />

O SR. PRESIDENTE - (CÉSAR<br />

COLNAGO) - Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr. Michal<br />

Zawila, Cônsul Geral da República da Polônia.<br />

O SR. MICHAL ZAWILA – (Sem<br />

revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Sr. Deputa<strong>do</strong> César<br />

Colnago, Presidente desta Casa; Srs. Deputa<strong>do</strong>s<br />

Claudio Vereza, Brice Bragato e Carlos<br />

Casteglione, autores da proposta desta sessão;<br />

Sr. Jailson José, Prefeito Municipal de Águia<br />

Branca; Exmo. Sr. Eduar<strong>do</strong> Glazar, antigo<br />

prefeito de São Gabriel da Palha, que incluiu<br />

Águia Branca àquele tempo; meu colega Adam<br />

Czartorysky, Cônsul Honorário da Polônia em<br />

Vitória; autoridades; poloneses e descendentes<br />

de imigrantes poloneses; senhoras e senhores,<br />

inicialmente peço desculpas pela ausência <strong>do</strong><br />

nosso embaixa<strong>do</strong>r da Polônia em Brasília, Sr.<br />

Jacek Krzystofhinc, que queria muito estar<br />

presente mas tem um encontro muito importante<br />

com o Ministro Luiz Fernan<strong>do</strong> Furlan.<br />

Hoje, para to<strong>do</strong>s nós é motivo de grande<br />

alegria esta reunião. Esta sessão demonstra o<br />

reconhecimento desta Casa na pessoa <strong>do</strong> Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza, de outros Srs.<br />

deputa<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> Sr. Presidente César Colnago,<br />

pela presença da imigração polonesa no Espírito<br />

santo. É a primeira vez que uma solenidade<br />

destas acontece e seremos eternamente gratos<br />

por isso. Como sabemos, a vida <strong>do</strong>s primeiros<br />

imigrantes foi muito difícil. O que aqui<br />

encontraram era totalmente diferente <strong>do</strong> que<br />

deixaram para trás.<br />

Nos corre<strong>do</strong>res desta casa, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Plenário, temos duas exposições: “Poloneses no<br />

Brasil” e “Polônia – Paisagens e cidades”.<br />

Temos interessante exposição sobre<br />

acontecimentos <strong>do</strong>s poloneses no Brasil e grande<br />

parte deles muito famosos. Também temos outra,<br />

mostran<strong>do</strong> a Polônia - o País, cidades, de que<br />

País eles chegaram. É o conjunto. Na minha<br />

opinião é bastante bem feito. Fico feliz que,<br />

como Cônsul Geral da Polônia, posso está<br />

participan<strong>do</strong> deste momento.<br />

To<strong>do</strong>s os poloneses e descendentes aqui<br />

presentes, as minhas sinceras homenagens. Aos<br />

descendentes demonstro a minha alegria em ver<br />

que vocês não estão deixan<strong>do</strong> morrer os<br />

costumes da nossa Pátria, “Polônia”. Jamais<br />

poderia esquecer os que já faleceram e que aqui<br />

estão representa<strong>do</strong>s por seus filhos, netos,<br />

bisnetos e parentes. A saudade que carregamos<br />

no coração e a lembrança de to<strong>do</strong>s eles é o sinal<br />

de reconhecimento da luta que travaram para<br />

sobreviver àquele tempo.<br />

O Consula<strong>do</strong> Geral da Polônia, no Rio<br />

de Janeiro, está <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de vocês. A nossa<br />

parceria, com certeza, ajudará vocês a continuar<br />

fazen<strong>do</strong> o que fazem para que Águia Branca seja<br />

sempre reconhecida como a “Polônia Capixaba”.<br />

Organizamos, em Águia Branca, aulas de língua<br />

polonesa, e estamos construin<strong>do</strong> a “Casa da<br />

Cultura Polonesa”, que abriremos no final <strong>do</strong><br />

ano.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo – 2135<br />

Aos poloneses que estão em outras<br />

cidades <strong>do</strong> Espírito Santo, também nossas<br />

homenagens e nossos agradecimentos. Sabemos<br />

que aqui tem pessoas de São Gabriel da Palha,<br />

Colatina, Vitória e de outros locais. Essa<br />

“família” de poloneses e descendentes não pode<br />

se desfazer. Procurem manter os costumes e as<br />

tradições; ensinem a seus filhos e netos a língua<br />

e os costumes, para que não fiquemos no<br />

esquecimento. O acontecimento de hoje é uma<br />

motivação para isso.<br />

Concluin<strong>do</strong>, agradeço o convite para<br />

estar aqui e espero que nos encontremos muitas<br />

outras vezes, também na Polônia, porque daqui a<br />

quatro ou cinco meses voltarei à Polônia, porque<br />

acabarão meus trabalhos como Cônsul Geral e<br />

trabalharei no Ministério <strong>do</strong>s Assuntos<br />

Exteriores. Sejam bem-vin<strong>do</strong>s a Varsóvia.<br />

Desejo a vocês cem anos de saúde e<br />

prosperidade.<br />

Obriga<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s! (Muito bem!)<br />

(Cantam em Polonês)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Convi<strong>do</strong>, para compor a Mesa, o<br />

Padre Alozy Laimann.<br />

Registro, com satisfação, a presença <strong>do</strong><br />

Deputa<strong>do</strong> <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, Sr. Paulo Foletto.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr. Luiz Carlos<br />

Cuerci Fedeszen, Diretor <strong>do</strong> Departamento de<br />

Cultura e Secretário da Associação Polonesa.<br />

O SR. LUIZ CARLOS CUERCI<br />

FEDESZEN – (Sem revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) -<br />

Antes de prosseguirmos com a sessão, achamos<br />

por bem que conhecêssemos um pouco a história<br />

da imigração polonesa.<br />

Falamos <strong>do</strong> Município de Águia Branca,<br />

porque foi onde tu<strong>do</strong> começou. Então, mesmo<br />

que neste recinto tenha pessoas de to<strong>do</strong>s os<br />

lugares <strong>do</strong> Espírito Santo, queremos que, neste<br />

momento, sintam-se como nós, mora<strong>do</strong>res de<br />

Águia Branca, mesmo saben<strong>do</strong> que alguns<br />

poloneses chegaram ao Espírito Santo a partir de<br />

1873. Mas foi a partir de 1928 que essa história<br />

começou.<br />

Faremos a apresentação de algumas<br />

imagens que, com certeza, os poloneses mais<br />

velhos que estão aqui viram, porque chegaram<br />

no meio da mata, no meio <strong>do</strong> sofrimento e<br />

encontraram muita luta. Mas tiveram coragem,<br />

alguns dan<strong>do</strong> a própria vida, e venceram.<br />

Vamos conhecer um pouquinho de como<br />

se deu a colonização polonesa no Município de<br />

Águia Branca.<br />

(É feita a apresentação <strong>do</strong><br />

vídeo)<br />

Em 06 de outubro de 1928, o Governo<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, chefia<strong>do</strong> por<br />

Aristeu Borges, celebra um contrato de<br />

colonização com a Towarzystwo kolonizacya<br />

(TK), da Polônia. Esse contrato previa a<br />

introdução de colonos poloneses no norte <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo. Porém, consta que<br />

desde 1873, mistura<strong>do</strong>s com os pomeranos, já<br />

haviam chega<strong>do</strong> poloneses no Brasil.<br />

Walery Koszarowiski era funcionário<br />

das TK. Foi o grande líder dessa companhia no<br />

Espírito Santo. Sem ele não teria desenvolvi<strong>do</strong>.<br />

Viveu em Águia Branca, falecen<strong>do</strong> em meio aos<br />

seus patrícios em 1952.<br />

Foi concedi<strong>do</strong> pelo Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> à<br />

TK, cinqüenta mil hectares a serem separa<strong>do</strong>s ao<br />

norte <strong>do</strong> Rio Doce, no Município de Colatina ou<br />

São Mateus.<br />

A TK teria que introduzir mil e<br />

oitocentas famílias, deven<strong>do</strong> cada família ter, no<br />

mínimo três pessoas com menos de cinqüenta<br />

anos, em condições de trabalhar e pelo menos<br />

um filho com mais de treze anos. Para cada<br />

grupo de cem famílias o Governo instalaria uma<br />

escola, uma linha telefônica ou telegráfica. Nas<br />

proximidades da sede deveria ser separada uma<br />

área de mil hectares para serem construídas<br />

escolas agrícolas, fazenda modelo, pomares e<br />

diversos estabelecimentos destina<strong>do</strong>s a<br />

impulsionar o crescimento da colônia.<br />

Construção rápida de uma estrada que ligasse o<br />

Núcleo a Colatina.<br />

A primeira leva ao chegar aqui recebia<br />

um livrinho com as regras da Colônia, cujo título<br />

era: “Orzel Bialy” (Águia Branca). Assim foi<br />

batiza<strong>do</strong> o núcleo, sen<strong>do</strong> este o nome <strong>do</strong><br />

município até hoje. Nome proveniente <strong>do</strong><br />

símbolo da Nação Polonesa desde a Idade<br />

Média.<br />

O polonês comprava uma terra<br />

desconhecida de cinco alqueires. Pagava a<br />

primeira prestação ainda na Polônia. Depois de<br />

três anos trabalha<strong>do</strong>s, começava a pagar mais<br />

seis prestações semestrais. O <strong>do</strong>cumento como<br />

prova <strong>do</strong> pagamento vem desfazer a lenda de que<br />

os poloneses de Águia Branca eram posseiros.


2136 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

As levas de imigrantes embarcavam na<br />

França ou na Itália. Vinham em grandes navios<br />

até o Rio de Janeiro e em navios menores até<br />

Vitória. Daqui para Colatina seguiam de trem,<br />

atravessavam a Ponte Florentino Ávi<strong>do</strong>s, que<br />

ainda era de madeira, em pequenos caminhões<br />

até o aldeamento <strong>do</strong>s índios de Montes Claros.<br />

Depois seguiam a pé ou em lombo de animais<br />

até o Núcleo de Águia Branca. Ao chegarem ao<br />

Núcleo de Águia Branca eram aloja<strong>do</strong>s em<br />

barracões e, depois, encaminha<strong>do</strong>s aos seus<br />

lotes. No local que lhes era destina<strong>do</strong> não havia<br />

nada. Deveriam construir suas barracas e levar<br />

suas famílias para tocarem a vida.<br />

Como já dissemos, o contrato previa a<br />

construção rápida de uma estrada que ligasse o<br />

Núcleo a Colatina já em 1928. Porém, isso só<br />

veio a acontecer em 1941, segun<strong>do</strong> relata o<br />

professor Renato Pacheco em seu livro em<br />

parceira com Wieslaw Ignatowiski:<br />

Entre 1931 e 1936, muitos colonos iam a<br />

pé de Águia Branca a Colatina, passan<strong>do</strong> pelo<br />

aldeamento de Pancas, levan<strong>do</strong> para<br />

comercializar fibras de poaia e guaxuma. Como<br />

não tinham dinheiro para pagar hotel, <strong>do</strong>rmiam<br />

debaixo da ponte. Com o dinheiro arrecada<strong>do</strong><br />

compravam querosene, sal e algumas poucas<br />

roupas. E, novamente a pé, voltavam com a<br />

carga nas costas.<br />

Esse isolamento, talvez, tenha si<strong>do</strong> a<br />

causa <strong>do</strong> lento e acanha<strong>do</strong> desenvolvimento de<br />

Águia Branca nos anos iniciais. Os poloneses<br />

perdi<strong>do</strong>s em uma floresta, sem condições de vida<br />

digna, eram obriga<strong>do</strong>s a procurar outros lugares<br />

ou sobreviver caçan<strong>do</strong> e coletan<strong>do</strong>.<br />

Mesmo em meio a tantas dificuldades,<br />

enfrentan<strong>do</strong> a febre amarela que matou muitos e<br />

rodea<strong>do</strong>s de um ambiente hostil, os poloneses<br />

tiveram um desempenho notável. Atuaram em<br />

três núcleos: Águia Branca, sede central; São<br />

Gabriel da Palha e Pancas, com núcleo de<br />

Montes Claros.<br />

A fé, com certeza, foi a maior aliada<br />

desse povo. Sem ela teriam sucumbi<strong>do</strong>. Desde a<br />

primeira cruz fincada no meio da mata até a<br />

construção da igreja <strong>do</strong>s poloneses, hoje da<br />

Associação Polonesa de Águia Branca, esta fé<br />

continua firme.<br />

Nos encontros que acontecem por<br />

ocasiões especiais pode-se perceber o quanto<br />

esse povo, às custas de muito sofrimento,<br />

conseguiu vencer.<br />

Águia Branca é hoje, sobretu<strong>do</strong>, o<br />

resulta<strong>do</strong> feliz de um encontro de gente de<br />

origem diversa. Assim, Águia alçou vôo alto,<br />

cresceu e continua crescen<strong>do</strong>. Assim diz o nosso<br />

Hino: “...o seu ninho é um misto de raças”. É<br />

este encontro de to<strong>do</strong>s “no ninho da Águia”, que<br />

faz de Águia Branca um lugar bom de se viver.<br />

Os poloneses não são a maioria <strong>do</strong>s<br />

habitantes de Águia Branca, mas com certeza<br />

deram e continuarão dan<strong>do</strong> sua parcela de<br />

contribuição para que aquele município se<br />

desenvolva cada vez mais.<br />

A presença <strong>do</strong>s padres poloneses, o<br />

grupo folclórico, as aulas de língua portuguesa, o<br />

lançamento <strong>do</strong> livro de autoria <strong>do</strong> professor<br />

Altair Malacarne e a construção da Casa<br />

Polonesa, que nos seus quatrocentos metros<br />

quadra<strong>do</strong>s abrigará cultura, museu, culinária e<br />

artesanato. Servirá de pon<strong>do</strong> de encontro para<br />

que seja mantida viva a memória da nossa gente.<br />

Gostaríamos de falar sobre a<br />

maravilhosa idéia que recebemos, ontem,<br />

quan<strong>do</strong> preparávamos os slides. Os presentes<br />

podem observar que o mapa de Águia Branca<br />

tem o formato de uma águia.<br />

Agradecemos aos poloneses,<br />

descendentes e a to<strong>do</strong>s aqueles que, mesmo não<br />

sen<strong>do</strong> poloneses, colaboraram conosco; aos<br />

Deputa<strong>do</strong>s proponentes desta Sessão Solene, os<br />

Srs. Deputa<strong>do</strong>s Cláudio Vereza, Brice Bragato e<br />

Carlos Casteglione; ao Presidente desta Casa de<br />

Leis, Sr. Deputa<strong>do</strong> César Colnago; a Lurdinha,<br />

que coordenou to<strong>do</strong> este encontro; e, a to<strong>do</strong>s os<br />

presentes <strong>do</strong>s diversos lugares <strong>do</strong> Espírito Santo<br />

os nossos sinceros agradecimentos.<br />

Precisamos, e esperamos, contar com a<br />

colaboração <strong>do</strong>s órgãos <strong>do</strong> Governo para darmos<br />

continuidade aos nossos trabalhos.<br />

A to<strong>do</strong>s os polônicos presentes, fazemos<br />

um apelo: enviem materiais, fotos e objetos para<br />

o acervo da Casa Polonesa. Assim sua família<br />

ficará representada para sempre naquela casa.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Pedimos aos descendentes de<br />

poloneses presentes a esta sessão que passem os<br />

nomes e os endereços para que fiquem<br />

registra<strong>do</strong>s. E, quem quiser entrar em contato<br />

com a Associação Polonesa, ligue para o número<br />

<strong>do</strong> telefone (27) 3745-1357, ramal 213. Muitas<br />

pessoas interessadas, com certeza, estão nos<br />

assistin<strong>do</strong> pela TV Assembléia.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo – 2137<br />

O SR. LUIS CARLOS CUERCI –<br />

Inclusive, tomamos a liberdade, com a licença<br />

<strong>do</strong> Prefeito, de dar o telefone da Prefeitura, que é<br />

(27)–3745–1357, ramal 213, <strong>do</strong> Departamento<br />

de Cultura de Águia Branca, onde são<br />

coordena<strong>do</strong>s os trabalhos da Associação<br />

Polonesa.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – A to<strong>do</strong>s os poloneses de outras<br />

cidades como, por exemplo, da Grande Vitória,<br />

caso queiram se associar ou se cadastrarem,<br />

procurem a associação, porque é importante para<br />

a preservação da raiz da cultura polonesa.<br />

O SR. LUIS CARLOS CUERCI –<br />

Queremos, a partir de hoje, aumentar o tamanho<br />

desta família, porque estamos muito liga<strong>do</strong>s ao<br />

núcleo de São Gabriel, Colatina, Mantena e<br />

Águia Branca. Em Vitória, através <strong>do</strong> Sr. Adam<br />

Czartryski, fazemos contatos; mas precisamos<br />

<strong>do</strong>s endereços, <strong>do</strong>s telefones para podermos<br />

mandar correspondências e materiais.<br />

Esperamos que mandem material para<br />

Águia Branca, para que a sua família fique<br />

registrada na Casa Polonesa. Se Deus quiser, em<br />

novembro inauguraremos essa casa, com<br />

quatrocentos metros quadra<strong>do</strong>s, que abrigará o<br />

acervo da colonização polonesa, não só <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res de Águia Branca mas de to<strong>do</strong> o<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo. Muito obriga<strong>do</strong>!<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Registro as presenças de Drª.<br />

Catarina Czartoryska Gonçalves; <strong>do</strong> Sr. Nilton<br />

Capaz, Diretor de Cultura de Santa Maria de<br />

Jetibá e da Associação da Cultura Alemã; da<br />

Coordenação da Associação da Cultura Alemã<br />

<strong>do</strong> Espírito Santo, criada após a semana da<br />

cultura alemã realizada na Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong>; <strong>do</strong> Sr. Arlin<strong>do</strong> Matasak, Verea<strong>do</strong>r<br />

de Águia Branca. Obriga<strong>do</strong> pela presença de<br />

to<strong>do</strong>s.<br />

Agradeço e parabenizo a presença <strong>do</strong><br />

Grupo Folclórico Polonês de Água Branca, que<br />

no final desta sessão irá apresentar, no Pelotis<br />

desta Casa, uma dança folclórica.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Padre Alozy<br />

Maimam.<br />

O PADRE ALOZY LAIMAM – (Sem<br />

revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Estimadas amigas e<br />

preza<strong>do</strong>s amigos, a imigração é um fenômeno<br />

mundial e contínuo. Hoje muitos brasileiros<br />

estão sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil em busca da terra<br />

prometida.<br />

Há setenta e cinco anos muitos<br />

poloneses, vin<strong>do</strong> da Polônia, vieram para o<br />

Brasil em busca da terra prometida e trouxeram<br />

consigo muitos valores, entre outros, um grande<br />

amor à terra e a Deus, a religião.<br />

Na Polônia eles não tinham a terra, e<br />

quan<strong>do</strong> chegaram ao Brasil receberam um<br />

pedaço da terra e valorizaram muito esta terra,<br />

amaram esta terra. Hoje, a mãe Terra está na<br />

UTI, envenenada, agonizan<strong>do</strong>, e muitos<br />

descendentes poloneses optaram pela agricultura<br />

ecológica. Parabéns!<br />

Mas, devemos aprender com eles esse<br />

grande amor a nossa terra, à terra Santa Cruz. E<br />

outro grande valor: amor a Deus. Quan<strong>do</strong> eles<br />

vieram para este País, logo construíram sua<br />

casinha. E, comunitariamente, também a casa <strong>do</strong><br />

ensino: a escola; e, logo, a casa de Deus, da<br />

oração: a capela.<br />

Escola, para que os filhos tenham<br />

educação; cultura, que sejam inteligentes. Mas<br />

não basta ser inteligente, pessoa inteligente mas<br />

sem consciência é muito perigoso, pois só a casa<br />

de Deus. E Deus, a Bíblia, a religião mandam<br />

amar. E quem ama a Deus e ama ao próximo é<br />

feliz, positivo, próspero; e quem não ama é<br />

<strong>do</strong>ente, frustra<strong>do</strong>. Por isso este grande valor, fé<br />

em Deus, a religião, eles trouxeram consigo para<br />

a terra brasileira.<br />

Por isso devemos ser muito gratos a eles<br />

por estes valores e outros que hoje devemos<br />

cultivar para que possamos construir um Brasil,<br />

a nossa pátria, livre, grande, próspera, com<br />

muita, honestidade e muita moral.<br />

- O Senhor esteja convosco.<br />

(Resposta) - Ele está no meio de nós.<br />

E a benção de Deus desça sobre esta<br />

Casa de Leis, sobre nossos antepassa<strong>do</strong>s, que<br />

vivam felizes na Casa <strong>do</strong> Pai Eterno e sobre nós,<br />

aqui presentes, para que valorizan<strong>do</strong> os nossos<br />

antepassa<strong>do</strong>s e cultivan<strong>do</strong> os valores que eles<br />

trouxeram, também um dia passan<strong>do</strong> por esta<br />

pátria, que é o Brasil, possamos chegar à Pátria<br />

Celeste.<br />

Em nome <strong>do</strong> Pai, <strong>do</strong> Filho e <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo.


2138 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Amém.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Adam<br />

Czartorysky, Cônsul Honorário da Polônia em<br />

Vitória.<br />

O SR. ADAM CZARTORYSKY –<br />

(Sem revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) - Sr. Presidente,<br />

Deputa<strong>do</strong> César Colnago; Srs. Deputa<strong>do</strong>s<br />

Claudio Vereza e Paulo Foletto; Sr. Cônsul<br />

Geral da República da Polônia no Rio de<br />

Janeiro, Michal Zawila; Sr. Presidente da<br />

Associação Polonesa de Águia Branca, Elias<br />

Teixeira e Sr. Prefeito de Águia Branca, Jailson<br />

José; demais autoridades; Senhores e Senhoras,<br />

havia, e ainda há, principalmente em cidades <strong>do</strong><br />

interior da Polônia, um velho costume, e o<br />

costume e o ensinamento serviram, além da fé<br />

falada pelo Pároco de Águia Branca, como uma<br />

forma de unir os poloneses e para manter as<br />

tradições.<br />

O pai virava para a criança e dizia: “Jake<br />

jiz twaj znask? Orzel byaly. Kto ty jestys?<br />

Polack male. Testy polska nye zheneua. Po ky<br />

mye jeyeme. Traduzin<strong>do</strong> literalmente seria o pai<br />

perguntan<strong>do</strong> ao filho o que ele era e ele<br />

responden<strong>do</strong> que era um polonês pequeno. O pai<br />

novamente perguntan<strong>do</strong> qual o seu símbolo, e o<br />

filho responden<strong>do</strong> Águia Branca.<br />

Dito isso, tivemos a chance de participar<br />

<strong>do</strong>s cinqüenta e sessenta anos da colonização<br />

polonesa de Águia Branca. Foram festividades<br />

restritas ao município. Razão, hoje, da nossa<br />

alegria, que esses setenta e cinco anos estejam<br />

sen<strong>do</strong> comemora<strong>do</strong>s nesta Casa de Leis, graças a<br />

um requerimento <strong>do</strong> ilustre Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza e de seus colegas de Bancada: Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s Carlos Casteglione e Brice Bragato e<br />

assina<strong>do</strong> por outros Deputa<strong>do</strong>s, entre eles o Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Paulo Foletto, que está presente.<br />

Muito obriga<strong>do</strong> por essa homenagem<br />

que se presta ao imigrante polonês. O Sr. Luiz<br />

Carlos já tinha dito que os poloneses aqui<br />

chegaram por volta de 1870. Isso é o que diz os<br />

registros. Alguns falam até que estiveram<br />

anteriormente, mas não de uma forma<br />

organizada.<br />

Os poloneses que para aqui vieram por<br />

volta de 1870 eram conheci<strong>do</strong>s por “polacos”, e<br />

criaram diversos núcleos. Temos o patrimônio<br />

de Santo Antônio, Córrego D`Anta, Córrego da<br />

Piaba, Patrimônio da Laje, Alto Baunilha,<br />

Córrego Seco, Baixo Guandu, Sete Voltas, Pau<br />

Gigante, Santa Teresa, Baixo Timbuí, Afonso<br />

Pena, Afonso Cláudio, Alto Rio Baunilha e<br />

outros. Além de Águia Branca e Vila Valério,<br />

onde cinqüenta famílias de poloneses, em Vila<br />

Valério, hoje um município, desbravaram aquela<br />

região e lamentavelmente todas essas famílias<br />

morreram, atacadas por peste tifo preto,<br />

paludismo e outras <strong>do</strong>enças tropicais.<br />

De posse de levantamento feito,<br />

podemos dizer que em pelo menos cinqüenta<br />

municípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> existem ou poloneses ou<br />

descendentes de poloneses. Uma boa parte – foi<br />

o primeiro pessoal que chegou - descendente <strong>do</strong>s<br />

colonos que vieram da Região de Gdausk.<br />

Outros Poloneses também vieram para o Esta<strong>do</strong><br />

sem fazerem parte nem da primeira e nem da<br />

segunda leva de Águia Branca.<br />

Eu me permitiria nominar alguns desses<br />

poloneses já faleci<strong>do</strong>s: o Sr. Ladislaw<br />

Warchaloski, engenheiro, trabalhou muitos anos<br />

na Vale <strong>do</strong> Rio Doce. Era um excelente chargista<br />

e pintor e colaborou em diversas publicações<br />

nacionais com o pseudônimo de Láo. Sua viúva,<br />

a Sra. Wanda, hoje com cem anos de idade,<br />

reside em Vila Velha. O Sr. Ludwik Macal, um<br />

<strong>do</strong>s primeiros mora<strong>do</strong>res e desbrava<strong>do</strong>res da<br />

Região de Maruípe, em Vitória. Produtor de<br />

frutas e verduras. Hoje, empresta o seu nome a<br />

uma das ruas <strong>do</strong> Bairro de Jardim da Penha, em<br />

Vitória. O Sr. Josef Sbuba e o Sr. Stanislaw<br />

Jaswinski eram engenheiros metalúrgicos,<br />

vieram <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s contrata<strong>do</strong>s pelo<br />

empresário Arman<strong>do</strong> de Oliveira Santos para a<br />

modernização e a ampliação da Companhia<br />

Ferro e Aço de Cariacica. O Sr. Romam<br />

Pauloski, também engenheiro, trabalhou em<br />

projetos na região Norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e também<br />

pintor de reconheci<strong>do</strong>s méritos. O Sr. Josef<br />

Spaach também aju<strong>do</strong>u a desbravar o norte<br />

capixaba. Mais tarde, foi pioneiro na fabricação<br />

de letreiros luminosos usan<strong>do</strong> o gás néon. Foi<br />

ainda funcionário da Escelsa. O Sr. Stherislaw<br />

Zaslaswski, engenheiro, prisioneiro <strong>do</strong>s campos<br />

de concentração da Alemanha - campo de<br />

Auwitg - na Polônia. Chegou após a Segunda<br />

Guerra e trabalhou na Vale <strong>do</strong> Rio Doce<br />

dedican<strong>do</strong>-se, depois, à criação de orquídeas,<br />

trabalho que é hoje desenvolvi<strong>do</strong> pelo seu filho<br />

Wcadislaw Zaslaswski. O Sr. Arthur<br />

Geartospski, meu pai, também engenheiro,<br />

aju<strong>do</strong>u a desbravar a Região Norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo – 2139<br />

construin<strong>do</strong> estradas de rodagem nos anos 30.<br />

Também construiu estradas na região alta <strong>do</strong><br />

Espírito Santo, na região de Marechal Floriano.<br />

Foi exporta<strong>do</strong>r, desportista, diretor por muitos<br />

anos <strong>do</strong> Vitória Futebol Clube e Superintendente<br />

da Federação Esportiva <strong>do</strong> Espírito Santo. Hoje<br />

empresta o seu nome a uma das ruas <strong>do</strong> Bairro<br />

Jardim da Penha, em Vitória. O Sr. Pedro<br />

Lesqueevez foi pecuarista, <strong>do</strong>no de lojas de<br />

eletro<strong>do</strong>mésticos em Cachoeiro de Itapemirim.<br />

Apesar de Lesqueevez, o nome foi transforma<strong>do</strong><br />

para o espanhol.<br />

Não podemos também deixar de destacar<br />

pessoas de Águia Branca: o Sr. Tadeu Stach, que<br />

era taxidemista. Muitas de suas peças estão no<br />

Museu Melo Leitão, de Santa Teresa, e no<br />

Museu Nacional. O Sr. Ian Sicpiesski que, com<br />

seus irmãos Walter e Waldemar, foi pioneiro na<br />

fabricação de carrocerias e molas de caminhões<br />

e levou com isso o nome <strong>do</strong> Espírito Santo, de<br />

Águia Branca, certamente o nome da Polônia<br />

para outros países vizinhos. Também a Sra.<br />

Gugomila Ignatowska foi para Águia Branca – o<br />

seu mari<strong>do</strong> foi um <strong>do</strong>s professores de polonês<br />

<strong>do</strong>s primeiros jovens de Águia Branca - e é uma<br />

das pioneiras na hotelaria com o Hotel Júpiter na<br />

Região de Colatina.<br />

Ficamos tristes de olhar e ver a cada<br />

nova festividade, a cada comemoração de<br />

aniversário de imigração, que cada vez é menor<br />

o número daqueles poloneses que aqui<br />

chegaram. A nossa saudade e a nossa<br />

homenagem.<br />

Um detalhe apenas: este prédio, onde<br />

estamos agora comemoran<strong>do</strong> os setenta e cinco<br />

anos da colonização polonesa, é obra de um<br />

arquiteto descendente de polonês, Sr. Andez<br />

Markewitz, filho <strong>do</strong> nosso Cônsul Honorário da<br />

Polônia, em Belo Horizonte.<br />

Aproveitamos para agradecer ao Cônsul<br />

Geral, Sr. Michal Zavila, presente neste plenário,<br />

pelo muito que fez para tornar realidade alguns<br />

<strong>do</strong>s nossos anseios, <strong>do</strong>s nossos sonhos e de<br />

nossas solicitações em favor de Águia Branca e<br />

<strong>do</strong>s poloneses ali residentes. Foi nosso Cônsul<br />

durante cinco anos. E, lamentavelmente, estará<br />

retornan<strong>do</strong> em agosto para a Polônia para nova<br />

missão diplomática. Somente esperamos que ele<br />

não se esqueça de nós lá e continue nos ajudan<strong>do</strong><br />

aqui. Confessamos que foi o Cônsul que maior<br />

apoio nos deu.<br />

Ao homenagearmos as pessoas que<br />

vamos citar, homenageamos a to<strong>do</strong>s os<br />

poloneses de Águia Branca. Ficaria muito difícil<br />

nominar e homenagear a to<strong>do</strong>s. Mas, fica nossa<br />

homenagem nessas citações aos Srs. Mozol,<br />

herói da 2ª Guerra, que deixou os amigos e a<br />

família e foi lutar na 2ª Guerra. Participou <strong>do</strong><br />

desembarque <strong>do</strong> Dunquerque, o chama<strong>do</strong> Dia D,<br />

que selou a sorte da vitória <strong>do</strong>s alia<strong>do</strong>s contra as<br />

tropas de Hitlher. Lamentavelmete, não está<br />

presente porque está a<strong>do</strong>enta<strong>do</strong>. O Sr. Zarowny,<br />

que também não está presente, por muitos anos<br />

foi Presidente da Associação Polonesa e se<br />

dedicou a manter vivas as nossas raízes. O Sr.<br />

Glazar, que está presente, veio de lá ainda<br />

rapazola, foi Verea<strong>do</strong>r, Prefeito por duas vezes e<br />

Deputa<strong>do</strong> Estadual. É um exemplo de seriedade<br />

de homem público. O professor Sr. Luiz Carlos<br />

Fedelzen, a quem conhecemos há quinze anos,<br />

quan<strong>do</strong> assumi o Consula<strong>do</strong>. Foi e tem si<strong>do</strong> o<br />

meu grande alia<strong>do</strong> e companheiro, tem se<br />

dedica<strong>do</strong> a manter vivas as tradições da cultura<br />

polonesa.<br />

Sentimos muito orgulho de nossas<br />

raízes, de nossa descendência, mas, nos sentimos<br />

ainda mais orgulhosos, confesso, de termos<br />

participa<strong>do</strong> juntamente com outras etnias e<br />

ajuda<strong>do</strong> com o nosso trabalho, o progresso <strong>do</strong><br />

Espírito Santo e <strong>do</strong> Brasil, já que nos Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

sul a colonização polonesa é muito forte.<br />

Novamente agradecemos, sensibiliza<strong>do</strong> e<br />

sinceramente, esta homenagem.<br />

Permitam-nos uma frase <strong>do</strong> hino<br />

polonês, que cantamos aqui:<br />

“Jeste Polska nie ignuve pobe<br />

nay zieme”<br />

Que quer dizer: A Polônia ainda existe<br />

porque nós existimos. Muito obriga<strong>do</strong>. (Muito<br />

bem!)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Belas palavras <strong>do</strong> representante<br />

<strong>do</strong> Cônsul Honorário de Vitória, Sr. Adam<br />

Czartryski. Parabéns pelo resgate histórico, pela<br />

citação de tantas pessoas ilustres e importantes<br />

da cultura polonesa.<br />

Temos um compromisso agora em nosso<br />

gabinete, mas antes de nos retirarmos, pedimos<br />

licença ao prefeito e aos Srs. Deputa<strong>do</strong>s Paulo<br />

Foletto e Claudio Vereza que ainda não falaram.<br />

Neste país tínhamos um povo imenso, os<br />

índios, mas com certeza a colonização européia,


2140 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

no caso específico <strong>do</strong>s poloneses, com várias<br />

outras etnias, com várias outras raças, os afrodescendentes,<br />

os africanos, os asiáticos. Somos a<br />

mistura desses povos.<br />

Sabemos que na colonização <strong>do</strong> norte<br />

capixaba houve muito sofrimento e muita luta<br />

<strong>do</strong>s nossos antepassa<strong>do</strong>s: suor, expectativa e<br />

esperança. Muitas vezes até propagandeada<br />

pelos governos oficiais, de que eram um<br />

el<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, que chegaram aqui e não apareceu<br />

telefone, não apareceram estradas; algumas<br />

coisas estão chegan<strong>do</strong> agora nos distritos e nas<br />

vilas, telefonia especificamente. Quanto<br />

impaludismo, <strong>do</strong>enças que levaram muitas<br />

pessoas a não conseguirem a própria<br />

sobrevivência. Mas com certeza venceram,<br />

construíram aquele grande município de Águia<br />

Branca e toda aquela região que tem a cultura e a<br />

presença <strong>do</strong> polonês.<br />

Em nome de to<strong>do</strong>s vocês, <strong>do</strong> Cônsul, <strong>do</strong><br />

representante <strong>do</strong> Cônsul Honorário,<br />

parabenizamos to<strong>do</strong>s os homenagea<strong>do</strong>s e suas<br />

famílias que na figura <strong>do</strong> ex-deputa<strong>do</strong> Sr.<br />

Eduar<strong>do</strong> Glazar, que também foi prefeito na<br />

década de 70, na época em que alternava com o<br />

Sr. Dário Martineli.<br />

Abraçamos e parabenizamos todas<br />

aquelas famílias que serão homenageadas hoje,<br />

nesta tarde, nesta sessão solene que comemora<br />

os setenta e cinco anos da Imigração Polonesa.<br />

Foi o esforço, a fé, a crença no dia de<br />

amanhã, num dia melhor das famílias que aqui<br />

chegaram oriundas de tantos países. Estamos<br />

ven<strong>do</strong> San Marino, Sr. Pedro Cichon, nós,<br />

Vereza e Foletto da Itália, da Polônia.<br />

Somos nasci<strong>do</strong>s em Itarana, Itaguaçu,<br />

tem muito alemão e polonês também. A<br />

concentração que teve naquela região, os<br />

pomeranos principalmente da região de Santa<br />

Maria, Jatibocas, Bairro Encoberto, toda uma<br />

região onde nascemos. É essa mistura que<br />

construiu este país.<br />

E esta Casa, democraticamente, hoje os<br />

recebe para homenageá-los.<br />

À noite teremos um debate sobre a<br />

questão da cota para os negros nas<br />

universidades.<br />

Na segunda-feira recebemos os índios,<br />

os afro-descendentes e os negros brasileiros com<br />

suas manifestações em frente desta Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong>, juntamente, organizan<strong>do</strong> a<br />

Conferência Estadual da Promoção da Igualdade<br />

Racial.<br />

Esta Casa, neste senti<strong>do</strong>, cumpre o seu<br />

papel e comunicamos a to<strong>do</strong>s que nos sentimos<br />

felizes com a presença <strong>do</strong>s senhores que vieram<br />

de vários municípios, inclusive o de Vitória, para<br />

comemorar, lembrar, fazen<strong>do</strong> o resgate da<br />

história e das raízes de um povo e de uma<br />

polônia.<br />

Comentávamos com o Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Claudio Vereza que sempre ficamos curioso de<br />

saber por que Águia Branca? Per<strong>do</strong>e a minha<br />

ignorância porque fica, com clareza, a<br />

importância desse símbolo, a importância com a<br />

cultura e com as história de um povo guerreiro,<br />

batalha<strong>do</strong>r, determina<strong>do</strong> historicamente que é o<br />

povo polonês.<br />

Parabéns. Muito Obriga<strong>do</strong>. (Muito<br />

bem!)<br />

Passo a presidência ao Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Claudio Vereza, ex- Presidente desta Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong>.<br />

O SR. PRESIDENTE - (CLAUDIO<br />

VEREZA) – Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Paulo Foletto, único parlamentar dentre os trinta<br />

deputa<strong>do</strong>s que é residente no Norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

O SR. PAULO FOLETTO – (Sem<br />

revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Boa tarde! Saudamos<br />

nosso Presidente, Sr. César Colnago. S.Exª<br />

sempre está com a agenda lotada, sabemos disto.<br />

A Casa impõe isto. Precisou se retirar, mas<br />

esteve conosco até este momento.<br />

Saudamos também o nosso ex-<br />

Presidente, parlamentar que tivemos o prazer de<br />

dividir a administração desta Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong> na primeira metade <strong>do</strong> nosso<br />

mandato e proponente desta sessão, Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza, que por uma prática<br />

de política de base, juntos propusemos a sessão<br />

da imigração alemã, na seqüência propusemos a<br />

sessão da imigração italiana e agora esta sessão<br />

solene em homenagem a imigração polonesa que<br />

tanto merece pela sua contribuição, na formação<br />

multi-racial que hoje pertence à nossa Nação o<br />

Brasil; mas, todas as comunidades deram sua<br />

contribuição.<br />

Cumprimentamos o Consul Geral da<br />

Nação polonesa no Brasil, Sr. Michal Zawila; o<br />

Consul Polonês no Espírito Santo, Sr. Adam<br />

Czartryski; ao nosso Prefeito de Águia Branca,<br />

Sr. Jailson José, descendente de italiano. Temos


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo – 2141<br />

outros municípios com imigrantes poloneses,<br />

mas a maior concentração de poloneses está lá<br />

na Águia, símbolo da Polônia.<br />

Os poloneses têm feito um trabalho<br />

brilhante à frente <strong>do</strong> município ganhan<strong>do</strong><br />

respeito em nível estadual, de toda a comunidade<br />

política. Parabéns aos senhores que têm um<br />

prefeito que já demonstrou, por si só, ter si<strong>do</strong><br />

reeleito.<br />

Cumprimentamos também o Padre<br />

Alojzy Laimann que veio dar contribuição<br />

eclesiástica; ao Presidente da Associação<br />

Polonesa, Sr. Elias Martins Teixeira. Estava<br />

questionan<strong>do</strong> ao Sr. Jailson José, mas já me<br />

explicou que é casa<strong>do</strong> com uma polonesa, apesar<br />

de ser descendente de espanhóis.<br />

Saudamos toda comunidade polonesa<br />

que está nos assistin<strong>do</strong> através da TV<br />

Assembléia, e fazemos uma saudação especial<br />

ao Sr. Eduar<strong>do</strong> Glazar, exemplo de decência<br />

política tão rara no nosso país, no nosso Esta<strong>do</strong>.<br />

O conhecemos recentemente numa campanha<br />

política – há pouco estávamos dizen<strong>do</strong> para o Sr.<br />

Jailson josé - a pureza <strong>do</strong> Sr. Eduar<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se<br />

manifesta num palanque ou nas suas<br />

caminhadas.<br />

Esse prazer tivemos só recentemente,<br />

mas sem dúvida nenhuma marcou a nossa<br />

pessoa. Usamos o seu passa<strong>do</strong> como exemplo de<br />

atuação política.<br />

Relembran<strong>do</strong> a explanação <strong>do</strong> nosso<br />

Secretário de Cultura, que mostrou o sofrimento<br />

da implantação da Colônia Polonesa <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo, isso aconteceu com quase todas as outras<br />

colônias que vieram para o Espírito Santo,<br />

principalmente no Sul <strong>do</strong> Brasil. Vieram<br />

desbravan<strong>do</strong>, abrin<strong>do</strong> picadões nas matas através<br />

de enxadas.<br />

Observan<strong>do</strong> a explanação, vimos as<br />

casas iniciais e ficamos a imaginar a dificuldade<br />

de se fazer tijolos naquela época, já que a<br />

matéria-prima, a industrialização não era tão<br />

moderna como hoje.<br />

A maior comunidade polonesa é em<br />

Águia Branca, mas existe em Pancas, em<br />

Colatina, São Gabriel da Palha, e vieram<br />

basicamente da Europa, que se encontrava em<br />

uma condição econômica ruim, depois de um<br />

processo de guerra. Normalmente vieram em<br />

conseqüência de guerra. Saíram de uma situação<br />

de anarquia social e enfrentaram to<strong>do</strong> tipo de<br />

dificuldade. Mesmo assim estão firmes ajudan<strong>do</strong><br />

a construir hoje a nação brasileira, que é um<br />

conjunto de etnias, como o Presidente já disse,<br />

negros, índios, poloneses, alemães e italianos.<br />

Afinal de contas a nossa nação é multirracial.<br />

A história recente da Polônia deu alguns<br />

exemplos de política para o mun<strong>do</strong>. Um deles, o<br />

Sindicato Solidariedade, dirigi<strong>do</strong> pelo Sr. Lech<br />

Walesa, que depois se transformou no primeiro<br />

presidente eleito democraticamente pela<br />

população e que atravessou problemas na<br />

administração, como qualquer um. Mas não pode<br />

ser esqueci<strong>do</strong> como exemplo de luta pela<br />

democracia.<br />

Como gostamos muito de esporte e de<br />

futebol, particularmente, lembramo-nos muito <strong>do</strong><br />

Lato, <strong>do</strong> Deyna e <strong>do</strong> Boniek. Quem gosta de<br />

futebol e é polonês deve saber de quem estamos<br />

falan<strong>do</strong>. A seleção polonesa tinha um goleiro<br />

grandão e muito famoso, só que não nos<br />

lembramos o seu nome.<br />

Outro exemplo <strong>do</strong> povo polonês, o<br />

recém-faleci<strong>do</strong> Papa João Paulo II, que durante o<br />

seu longo perío<strong>do</strong> à frente da Igreja Católica fez<br />

um trabalho fantástico de levar os <strong>do</strong>gmas da<br />

igreja aos mais extremos pontos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

transforman<strong>do</strong>- se num Papa que revolucionou a<br />

fé cristã, tentan<strong>do</strong> multiplicar a nossa religião no<br />

mun<strong>do</strong> inteiro.<br />

Quem não se lembra de ver o Papa João<br />

Paulo II, surpreenden<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s, subir as escadas<br />

corren<strong>do</strong>. O exemplo <strong>do</strong> Papa João Paulo II<br />

caracteriza a nação polonesa. Mas a partir <strong>do</strong><br />

momento em que a<strong>do</strong>eceu, como nos últimos<br />

anos, não tinha mais a capacidade física da<br />

juventude.<br />

Parabenizamos toda a comunidade<br />

polonesa pela manutenção da cultura e das<br />

tradições, fatores que sem dúvida nenhuma<br />

perenizam uma nação e uma raça. Parabéns ao<br />

Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e a toda a<br />

comunidade polonesa. (Muito bem!)<br />

O SR. PRESIDENTE - (CLAUDIO<br />

VEREZA) – Conce<strong>do</strong> a palavra ao Prefeito<br />

Municipal de Águia Branca, Sr. Jailson José<br />

Quiuqui.<br />

O SR. JAILSON JOSÉ QUIUQUI –<br />

(Sem revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Cumprimentamos o<br />

Presidente desta Casa, Sr. Deputa<strong>do</strong> César<br />

Colnago, que teve de se ausentar devi<strong>do</strong> a um<br />

compromisso; o Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo Foletto,<br />

parlamentar <strong>do</strong> Norte, nosso amigo <strong>do</strong>


2142 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

Município de Colatina; em especial o Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza, proponente desta<br />

homenagem; os queri<strong>do</strong>s descendentes e aquelas<br />

pessoas que vieram da Polônia.<br />

Caso nos permitam, solicitamos que<br />

aquelas pessoas que vieram da Polônia para o<br />

Brasil levantem-se.<br />

(Os poloneses levantam e são<br />

aplaudi<strong>do</strong>s)<br />

Solicitamos que os descendentes de<br />

poloneses levantem-se.<br />

(Os descendentes de poloneses<br />

levantam e são aplaudi<strong>do</strong>s)<br />

Cumprimentamos o Cônsul Geral da<br />

Polônia no Rio de Janeiro, Sr. Michal Zawila.<br />

Agradecemos a presença nesta sessão <strong>do</strong> Sr.<br />

Eduar<strong>do</strong> Glazar, prefeito por <strong>do</strong>is mandatos,<br />

deputa<strong>do</strong> e verea<strong>do</strong>r, que aju<strong>do</strong>u os Municípios<br />

de Águia Branca e São Gabriel da Palha. Residiu<br />

em Águia Branca. É uma alegria tê-lo conosco.<br />

Cumprimentamos o Padre Alojzy<br />

Laimann, que está em nossa cidade, com to<strong>do</strong><br />

carinho e respeito. O padre é uma pessoa que<br />

quer bem ao nosso povo, é polonês e está<br />

fazen<strong>do</strong> um excelente trabalho. Agradecemos<br />

pelo esforço e pela luta em nosso Município.<br />

Cumprimentamos o Sr. Elias Martins<br />

Teixeira, Presidente da Associação Polonesa,<br />

que está deslanchan<strong>do</strong> esse trabalho com toda a<br />

diretoria; o Sr. Walter Siepierski, que sempre<br />

colabora e contribui com o Município de Água<br />

Branca; o Sr. Verea<strong>do</strong>r Arlin<strong>do</strong> Matosak,<br />

descendente de polonês; e o Sr. Luiz Carlos<br />

Federszen, Diretor de Cultura, fazen<strong>do</strong> um<br />

excelente trabalho e que sempre colabora e<br />

contribui com os descendentes. Parabenizamos o<br />

seu trabalho. Sabemos da sua luta e <strong>do</strong> seu<br />

desempenho. Cumprimentamos o Grupo<br />

Folclórico Polonês, uma luta constante <strong>do</strong> Sr.<br />

Luiz Carlos Federszen, a quem agradecemos.<br />

Parabenizamos aqueles que nos<br />

antecederam nesta tribuna e agradecemos a<br />

contribuição, a colaboração que os imigrantes<br />

poloneses deram ao Município de Águia Branca,<br />

especificamente nestes setenta e cinco anos que<br />

estão presentes no Espírito Santo.<br />

Na época da imigração muito foi<br />

prometi<strong>do</strong>. E nós, em nome <strong>do</strong> Governo<br />

brasileiro, pedimos desculpas pelo não<br />

cumprimento de todas as promessas feitas nas<br />

décadas de 20 e 30. Foi prometi<strong>do</strong> estradas<br />

reabertas, hospitais, escolas agrícolas.<br />

Se observarem o contrato feito na época<br />

entre o Governo e os imigrantes constatarão que<br />

uma série de coisas não pôde ser cumprida<br />

naquela oportunidade e não cumprimos até hoje<br />

tu<strong>do</strong> o que foi prometi<strong>do</strong> no ano de 1928, só para<br />

ter uma idéia da nossa dívida com os poloneses<br />

que chegaram no Brasil.<br />

Graças a Deus temos muita coisa para<br />

comemorar. Graças ao esforço desses imigrantes<br />

em nosso Município podemos dizer que a nossa<br />

Cidade está procuran<strong>do</strong> o seu caminho. Existem<br />

muitas pessoas, talvez to<strong>do</strong>s eles, que colaboram<br />

de uma forma ou de outra com os nossos<br />

munícipes, seja na sociedade civil organizada,<br />

seja na agricultura, como lavra<strong>do</strong>res,<br />

agricultores, pecuaristas.<br />

Nós só temos que agradecer a eles por<br />

toda colaboração e contribuição que deram ao<br />

Município, por desbravarem – podemos dizer<br />

assim – o Município de Águia Branca que,<br />

naquela época, era praticamente to<strong>do</strong> mata.<br />

Agradecemos imensamente, de coração,<br />

a cada um por sua parcela de contribuição. Foi<br />

fala<strong>do</strong> anteriormente que hoje há um museu que<br />

retrata a imigração polonesa. A Associação<br />

Polonesa faz também o seu trabalho, o grupo<br />

folclórico, o Cemitério <strong>do</strong>s Poloneses, a Casa<br />

Polonesa, mais recentemente.<br />

Mais uma vez agradecemos à Polônia<br />

por mandar, se não me falha a memória,<br />

quarenta e cinco mil euros para a construção da<br />

Casa Polonesa, mais ou menos em torno disso ou<br />

quase isso, através de um convênio. A prefeitura<br />

<strong>do</strong>ou o terreno e agora está poden<strong>do</strong> construir<br />

essa Casa Polonesa que será de fundamental<br />

importância para os imigrantes, para o resgate da<br />

cultura polonesa em nosso Município.<br />

Agradecemos a to<strong>do</strong>s os poloneses<br />

presentes a esta solenidade. Não havia<br />

registra<strong>do</strong>, mas temos poloneses de São Gabriel<br />

da Palha, Mantena, Vitória, Colatina e de outros<br />

municípios, os quais poderia estar listan<strong>do</strong>, não<br />

sei, mas são vários descendentes e de vários<br />

municípios.<br />

Águia Branca tem hoje o hino embasa<strong>do</strong><br />

também na cultura polonesa, retratan<strong>do</strong> a<br />

questão da imigração desde 1928. Também a<br />

bandeira <strong>do</strong> nosso Município possui o desenho<br />

da mesma águia da bandeira polonesa. É um<br />

orgulho, uma satisfação, uma alegria para nós


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo – 2143<br />

termos essa águia na bandeira retratan<strong>do</strong> as cores<br />

vermelha e verde e retratam muito bem a<br />

bandeira <strong>do</strong> nosso Município.<br />

Parabenizamos aqueles que de fato<br />

tiveram essa coragem de ficar no Espírito Santo,<br />

sobretu<strong>do</strong> na Polônia Capixaba, em Águia<br />

Branca.<br />

Agradecemos a vocês que puderam<br />

persistir e ficar em nosso Município. Parabéns a<br />

to<strong>do</strong>s os descendentes. É uma homenagem muito<br />

justa. Nós acreditamos nisso.<br />

Agradecemos ao Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza mais uma vez pela belíssima homenagem<br />

que faz a essa Colônia que retrata muito bem a<br />

Polônia Capixaba no Espírito Santo.<br />

Águia Branca, que hoje podemos<br />

retratar, acreditamos ser o local que abriga o<br />

maior número de imigrantes poloneses. Parabéns<br />

a to<strong>do</strong>s que vieram de Águia Branca<br />

representan<strong>do</strong> tantas famílias de origem<br />

polonesa que existem em nosso Município.<br />

(Muito bem!)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CLAUDIO<br />

VEREZA) – Obriga<strong>do</strong> ao Prefeito de Águia<br />

Branca, Sr. Jailson José Quiuqui, pelas palavras<br />

proferidas nesta sessão solene.<br />

Agradecemos a presença <strong>do</strong> ex-<br />

Deputa<strong>do</strong> Aril<strong>do</strong> Cassaro, agora diretor desta<br />

Casa, também dessa região.<br />

Desde já queremos nos desculpar caso<br />

alguma família que esteja presente não seja<br />

homenageada. Nós nos baseamos na listagem<br />

<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s da Associação Polonesa. Mas já<br />

nos comprometemos a enviar o diploma às<br />

pessoas que porventura não serão anunciadas.<br />

Registrem a sua presença e nós encaminharemos<br />

a vocês o diploma alusivo a esta sessão <strong>do</strong>s 75<br />

anos da Imigração Polonesa no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo.<br />

O Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo Folleto procederá<br />

à entrega de algumas dessas homenagens.<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Procederemos agora à<br />

entrega <strong>do</strong>s Diplomas de Homenagem aos<br />

familiares de descendência polonesa.<br />

Convidamos o Sr. Eduar<strong>do</strong> Glazar,<br />

representante da família Glazar, para receber o<br />

seu diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo<br />

Folleto, e passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong><br />

homenagea<strong>do</strong>.<br />

Eduar<strong>do</strong> Glazar, casa<strong>do</strong>, nasceu em<br />

Krosno, na Polônia, em 10 de março de 1921.<br />

Veio para o Brasil em 1931. Verea<strong>do</strong>r por três<br />

mandatos em Colatina, autor da proposição para<br />

criação <strong>do</strong> Município de São Gabriel da Palha.<br />

Foi o primeiro Prefeito eleito e reeleito, é<br />

cidadão espírito-santense, comerciante e<br />

agropecuarista.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Convi<strong>do</strong> o Sr.<br />

Eduar<strong>do</strong> Glazar para nos auxiliar na leitura <strong>do</strong>s<br />

sobrenomes <strong>do</strong>s descendentes poloneses.<br />

Convi<strong>do</strong> a Srª Kasimira Zieba Glazar,<br />

representante da família Zieba, para receber seu<br />

diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo<br />

Foletto, e passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da<br />

homenageada.<br />

Casada, nasceu em Byczena, na Polônia,<br />

e veio para o Brasil em 1930. Foi primeira-dama<br />

<strong>do</strong> Município de São Gabriel da Palha durante<br />

oito anos.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> a Srª Ana Jacenczug Pimenta,<br />

representante da família Jacenczug, para receber<br />

seu diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo<br />

Foletto, e passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da<br />

homenageada.<br />

Casada, nasceu em Kywiec, na Polônia.<br />

Veio para o Brasil em 1929. Atualmente reside<br />

em São Gabriel da Palha.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> a Srª Mariana Wrublewski<br />

Chmielewski, representante da família<br />

Wrublewski, para receber seu diploma das mãos<br />

<strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo Foletto, e passo a fazer a<br />

leitura <strong>do</strong> currículo da homenageada.<br />

Casada, nasceu em Grawicz, na Polônia.<br />

Veio para o Brasil em 1929. Atualmente reside<br />

em São Gabriel da Palha.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)


2144 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> o Sr. Michal Piekazz, representante da<br />

família Piekazz, para receber seu diploma das<br />

mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo Foletto, e passo a<br />

fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da homenageada.<br />

Casa<strong>do</strong>, nasceu na Polônia. Veio para o<br />

Brasil em 1930. É cafeicultor e reside em São<br />

Gabriel da Palha.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> a Srª Wladislawa Duda Aksacki,<br />

representante da família Duda, para receber seu<br />

diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo<br />

Foletto, e passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da<br />

homenageada.<br />

Viúva, nasceu na Polônia em<br />

13/01/1929. Veio para o Brasil em 1935.<br />

Atualmente reside em São Gabriel da Palha.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> a Srª Leonarda Anirzewski Chodaski,<br />

representante da família Anirzewski, para<br />

receber seu diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Paulo Foletto, e passo a fazer a leitura <strong>do</strong><br />

currículo da homenageada.<br />

Casada, nasceu em Kutno, na Polônia.<br />

Veio para o Brasil em 1931. Atualmente reside<br />

em São Gabriel da Palha.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> o Sr. Piotz Cichoni, representante da<br />

família Chichoni, para receber seu diploma das<br />

mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo Foletto, e passo a<br />

fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da homenageada.<br />

Casa<strong>do</strong>, nasceu em Tymowa, na Polônia.<br />

Veio para o Brasil em 1931. É agricultor.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Mozol, Srª.<br />

Maria Mozol Kubit para receber o diploma das<br />

mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a<br />

fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da homenageada.<br />

Casada, nasceu em Tornin, na Polônia,<br />

em 23/05/1929, veio para o Brasil em<br />

1931, é <strong>do</strong> lar.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Kolanko, Srª.<br />

Amália Kolanko Glazar para receber a<br />

homenagem das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza e passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da<br />

homenageada.<br />

Casada, mãe de quatro filhos, nasceu em<br />

Águia Branca e atualmente reside em São<br />

Gabriel da Palha.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Palczug, Srª.<br />

Zenka Palczug Glazar para receber a<br />

homenagem das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza e passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da<br />

homenageada.<br />

Viúva, nasceu em Águia Branca e<br />

atualmente reside em São Gabriel da Palha.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Stoinski, Sr.<br />

Natalino Stoinski para receber a homenagem das<br />

mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a<br />

fazer a leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong> homenagea<strong>do</strong>.<br />

Nasceu no Paraná e atualmente reside<br />

em São Gabriel da Palha.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família<br />

Chmielewski, Sr. Czeslaw Pedro Chmielewski<br />

para receber a homenagem das mãos <strong>do</strong> Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a fazer a<br />

leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong> homenagea<strong>do</strong>.<br />

Casa<strong>do</strong>, nasceu em São Gabriel da<br />

Palha, em 20/07/1948, é comerciante.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo – 2145<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Krok, Sr.<br />

Wojciech Antoni Krok para receber a<br />

homenagem das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza e passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong><br />

homenagea<strong>do</strong>.<br />

Recebe a homenagem por ser filho de<br />

taxibermista Tadeuz Krok, atuan<strong>do</strong> e dan<strong>do</strong><br />

apoio na publicação <strong>do</strong> livro: “Uma rapsódia<br />

polono-brasileira na selva capixaba.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Siepierski,<br />

Sr. Walter Siepierski para receber a homenagem<br />

das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e<br />

passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong><br />

homenagea<strong>do</strong>.<br />

Recebe a homenagem em nome da<br />

família e pela sua colaboração e ajuda para com<br />

a Associação Polonesa.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Kordas, Srª.<br />

Anna Kordas Rocha para receber a homenagem<br />

das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e<br />

passo a fazer a leitura <strong>do</strong> currículo da<br />

homenageada.<br />

Casada, nascida e residente em Águia<br />

Branca, comerciante, muito fez pela Associação<br />

Polonesa, como Presidente.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Ptak, Srª.<br />

Emília Ptak para receber a homenagem das mãos<br />

<strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a fazer<br />

a leitura <strong>do</strong> currículo da homenageada.<br />

Viúva, nasceu em Águia Branca, no dia<br />

08/06/1931, <strong>do</strong> lar e cafeicultora.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Stzrpa, Sr.<br />

Miguel Stzrpa para receber a homenagem das<br />

mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a<br />

fazer a leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong> homenagea<strong>do</strong>.<br />

Casa<strong>do</strong>, nasceu em Águia Branca, onde<br />

vive como pequeno proprietário, também é<br />

pedreiro e arma<strong>do</strong>r.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Matosak, Sr.<br />

Arlin<strong>do</strong> Matosak para receber seu diploma das<br />

mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a<br />

fazer à leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong> homenagea<strong>do</strong>.<br />

Casa<strong>do</strong>, nasci<strong>do</strong> em Águia Branca,<br />

pequeno proprietário, muito aju<strong>do</strong>u a Associação<br />

Polonesa, e faz parte da Câmara de Verea<strong>do</strong>res<br />

de Águia Branca.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Zarowni, a<br />

Sr.ª Helena Zarowni para receber seu diploma e<br />

seu buquê de flores das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Claudio Vereza e passo a fazer à leitura <strong>do</strong><br />

currículo da homenageada.<br />

Viúva, nascida em Águia Branca, <strong>do</strong> lar.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma e as flores)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Rafalski, Sr.ª<br />

Irani Rodrigues Rafalski para receber seu<br />

diploma e seu buquê de flores das mãos <strong>do</strong> Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a fazer à<br />

leitura <strong>do</strong> currículo da homenageada.<br />

Viúva, nascida em Águia Branca, <strong>do</strong> lar.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma e as flores)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Fedeszen, Sr.<br />

Tadeu Dfedeszen para receber seu diploma das<br />

mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a<br />

fazer à leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong> homenagea<strong>do</strong>.<br />

Casa<strong>do</strong>, comerciante e proprietário<br />

nasci<strong>do</strong> em Águia Branca em 22/11/1940.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Deptuski, Sr.<br />

Otacisio Antonio Deptuski para receber seu<br />

diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio


2146 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

Vereza e passo a fazer à leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong><br />

homenagea<strong>do</strong>.<br />

Casa<strong>do</strong>, nasceu em Águia Branca,<br />

proprietário e cafeicultor.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Kubit, Sr.ª<br />

Auxilia<strong>do</strong>ra de Fátima Rigoni Kubit para receber<br />

seu diploma e seu buquê de flores das mãos <strong>do</strong><br />

Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a fazer à<br />

leitura <strong>do</strong> currículo da homenageada.<br />

Recebe homenagem em nome da família<br />

Kubit, casada, nasceu e reside em Águia Branca,<br />

<strong>do</strong> lar e cafeicultora.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma e as flores)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o representante da família Trozeski, a<br />

Sr.ª Osvaldina Trozeski Samora para receber seu<br />

diploma e seu buquê de flores das mãos <strong>do</strong> Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a fazer à<br />

leitura <strong>do</strong> currículo da homenageada.<br />

Recebe a homenagem em nome da<br />

família Trozeski, nasceu e reside em<br />

Águia Branca, <strong>do</strong> lar.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma e as flores)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> os Padres Srs. Alojzy Laimann<br />

(Aloísio) e Zbigniew Marek Czerniak (Marcos),<br />

para receberem seus diplomas das mãos <strong>do</strong> Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza e passo a fazer à<br />

leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong>s homenagea<strong>do</strong>s.<br />

Recebem homenagem por serem Padres<br />

Poloneses na Paróquia de Águia Branca, que<br />

vieram ajudar na colônia de poloneses em Águia<br />

Branca.<br />

(Os homenagea<strong>do</strong>s recebem os<br />

diplomas)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> o Sr. Jailson José Quiuqui, Prefeito<br />

Municipal de Águia Branca, para receber seu<br />

diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza e passo a fazer à leitura <strong>do</strong> currículo <strong>do</strong><br />

homenagea<strong>do</strong>.<br />

A Associação Polonesa homenageia o<br />

prefeito municipal por ter da<strong>do</strong> grande apoio e<br />

incentivo à colônia polonesa de Águia Branca.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR –<br />

Convi<strong>do</strong> a Sr.ª Maria Aparecida Quiuqui de<br />

Abreu, para receber seu diploma e seu buquê de<br />

flores das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza<br />

e passo a fazer à leitura <strong>do</strong> currículo da<br />

homenageada.<br />

A Associação Polonesa a homenageia,<br />

pois quan<strong>do</strong> atuou como Secretária Municipal de<br />

Educação não mediu esforços paras a publicação<br />

<strong>do</strong> livro “Uma rapsódia polono-brasileira na<br />

selva capixaba”.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma e as flores)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> o Sr. Elias Martins Teixeira para<br />

receber o seu diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Claudio Vereza, na qualidade de Presidente da<br />

Associação Polonesa e <strong>do</strong> seu trabalho<br />

desempenha<strong>do</strong> à frente da Associação. (Pausa)<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> o Sr. Altair Malacarne para receber o<br />

seu diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza, pelo seu empenho na escrita sobre<br />

imigrantes poloneses no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo. (Pausa)<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> o Sraª. Mariana Krupka Siepierski, para<br />

receber o seu diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Claudio Vereza.<br />

A Sraª Mariana é viúva, nasceu em<br />

Podinaiska, em 1938. (Pausa)<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> o Sraª. Ivanda Cordas Bogucki para


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo – 2147<br />

receber o seu diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Claudio Vereza.<br />

A Srª Vanda Kordas Bogucki é casada,<br />

nascida em Rautchewse, com três anos de idade<br />

veio para o Brasil, em 1930. (Pausa)<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR -<br />

Convi<strong>do</strong> o Padre Zbigniew Marek Czerniak para<br />

receber o seu diploma das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Claudio Vereza. (Pausa)<br />

Como o homenagea<strong>do</strong> não pode<br />

comparecer, convi<strong>do</strong> o Padre Alojzy Laimann<br />

para recebê-lo em nome <strong>do</strong> Padre Zbigniew<br />

Marek Czerniak.<br />

O PADRE ALOJZY LAIMANN – A<br />

história estava apagada, mas agora, está bem<br />

escrita.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CLAUDIO<br />

VEREZA) - A partir de uma singela visita que<br />

fizemos ao Sr. Eduar<strong>do</strong> Glazar, em São Gabriel<br />

da Palha, surgiu a idéia desta Sessão Solene.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr. Eduar<strong>do</strong><br />

Glazar, para falar em nome de to<strong>do</strong>s os<br />

homenagea<strong>do</strong>s.<br />

O SR. EDUARDO GLAZAR – (Sem<br />

revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) - Cumprimentamos o<br />

Presidente desta Assembléia <strong>Legislativa</strong>, Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza; cumprimentamos o<br />

Sr. Deputa<strong>do</strong> Paulo Foletto, amigo nosso, que foi<br />

Verea<strong>do</strong>r de Colatina por <strong>do</strong>ze anos, por três<br />

mandatos. Colatina é considerada nossa mãe.<br />

Cumprimentamos os Srs. Michal Zawila, Cônsul<br />

Geral da República da Polônia; Adam<br />

Czartryski, Cônsul Honorário da Polônia em<br />

Vitória; Jailson José, Prefeito Municipal de<br />

Águia Branca e demais autoridades presentes.<br />

Meus senhores e minhas senhoras, meus<br />

caros patrícios e conterrâneos, é um grande<br />

prazer estar aqui representan<strong>do</strong> e agradecen<strong>do</strong><br />

em nome de to<strong>do</strong>s os homenagea<strong>do</strong>s.<br />

Inicialmente, agradeço à Deus que nos<br />

proporcionou este momento, a oportunidade de<br />

usar esta tribuna, da Assembléia <strong>Legislativa</strong> <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, para falar em nome<br />

<strong>do</strong>s imigrantes poloneses e seus descendentes.<br />

Minha emoção é muito grande em estar<br />

participan<strong>do</strong> desta solenidade em comemoração<br />

aos “Setenta e Cinco anos de Imigração<br />

Polonesa no Espírito Santo” para homenagear os<br />

poloneses, que muito contribuíram para<br />

desbravamento e desenvolvimento <strong>do</strong> Norte <strong>do</strong><br />

Espírito Santo, principalmente de Águia Branca<br />

e São Gabriel da Palha. Essas homenagens e<br />

diplomas são muito importantes para to<strong>do</strong>s nós.<br />

É uma grande recompensa pela luta e pelos<br />

sofrimentos <strong>do</strong>s poloneses que passaram aqui.<br />

Neste momento quero fazer uma<br />

homenagem especial a alguns diretores da<br />

Companhia Polonesa: Dr. Volere Koczkarvwski,<br />

Boleslaw Buszczycki, Padre Francisco Sokol.<br />

Foi com a ajuda deles que conseguimos vencer,<br />

mais fácilmente, as dificuldades.<br />

Com o início da Segunda Guerra<br />

Mundial houve rompimento <strong>do</strong>s laços entre a<br />

Companhia Polonesa de Varsóvia e a<br />

Companhia Polonesa de Águia Branca; mesmo<br />

assim eles continuaram aqui, nos orientan<strong>do</strong> e<br />

nos dan<strong>do</strong> toda assistência possível.<br />

Quero também homenagear o Cônsul<br />

Polonês no Espírito Santo, Sr. Adam Czartryski,<br />

que sempre, dentro <strong>do</strong> possível, dava a<br />

assistência necessária, e seu pai, Sr. Arthur<br />

Czartryski. O próprio filho se referiu que era<br />

engenheiro, construiu estradas etc., mas além<br />

disso tu<strong>do</strong> prestou grandes serviços aos<br />

imigrantes poloneses.<br />

Arthu Czartryski era quem recebia os<br />

imigrantes poloneses que chegavam a Vitória,<br />

era nosso tradutor, providenciava a<br />

regulamentação <strong>do</strong>s nossos <strong>do</strong>cumentos e nos<br />

despachava para Águia Branca.<br />

Cada um de nós que se faz presente tem<br />

alguém que veio da Polônia, em épocas e datas<br />

diferentes.<br />

Meus pais, três irmãos e eu chegamos a<br />

Águia Branca em 1931. Eu tinha dez anos de<br />

idade. Justamente com meus familiares e outros<br />

imigrantes participamos da adaptação numa<br />

região totalmente estranha, assusta<strong>do</strong>s com as<br />

matas virgens, índios, índios, mosquitos, animais<br />

selvagens, <strong>do</strong>enças e calor. Muitas famílias não<br />

se adaptaram e foram para outras regiões. Os que<br />

ficaram lutaram muito para vencer na vida.<br />

Nessa parte o Sr. Luiz Carlos Cuerci<br />

Fedeszen foi muito feliz. Realmente fez uma


2148 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

demonstração objetiva, real <strong>do</strong> que os poloneses<br />

sofriam aqui. O que foi apresenta<strong>do</strong> por ele eu<br />

avalizo, assino embaixo e o agradeço.<br />

Fazei uma referência a minha esposa,<br />

Kasimira Zieba Glazar, que está presente. Ela<br />

também veio da Polônia em 1930, com cinco<br />

anos de idade, com seus familiares. Somos<br />

casa<strong>do</strong>s há sessenta e um anos; já comemoramos<br />

bodas de diamantes. Na minha trajetória de vida<br />

como agricultor, comerciante e político, ela<br />

sempre esteve ao meu la<strong>do</strong> me apoian<strong>do</strong> para,<br />

juntos, vencermos na vida e construirmos uma<br />

família.<br />

Sr. Presidente Claudio Vereza, em nome<br />

de to<strong>do</strong>s os poloneses e seus descendentes,<br />

agradecemos a V.Exª, nobre Deputa<strong>do</strong>, por<br />

propor esta Sessão Solene, juntamente com os<br />

demais Parlamentares, para que esta solenidade<br />

se realizasse com essas homenagens e diplomas<br />

bonitos, e com grandes buquês de flores para as<br />

polonesas. Agradecemos também aos demais<br />

Deputa<strong>do</strong>s que aprovaram a proposição<br />

apresentada pelo nosso grande amigo, nesta Casa<br />

de Leis.<br />

Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza, um abraço<br />

e nosso agradecimento to<strong>do</strong> especial porque,<br />

daquela nossa conversa, realmente surgiu a idéia<br />

de proporcionar a nós, sofre<strong>do</strong>res, alguns<br />

sofre<strong>do</strong>res, porque não há dúvida de que tivemos<br />

sofrimentos, mas também tivemos vitórias neste<br />

País maravilhoso que é o Brasil, a quem sempre<br />

agradecemos e que terá sempre nossa eterna<br />

gratidão.<br />

Agradecemos aos assessores da Casa,<br />

principalmente a Sr.ª Maria Lourdes Dias<br />

Vasconcelos; e ao Sr. Jailson José, Prefeito de<br />

Águia Branca, que deu e está dan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> apoio a<br />

este evento e está colaboran<strong>do</strong> na construção da<br />

Casa Cultural <strong>do</strong>s Poloneses de Águia Branca,<br />

que será um marco muito importante para a vida<br />

futura de nossos filhos, netos e bisnetos. Temos<br />

certeza que será um marco muito importante e<br />

histórico <strong>do</strong> desbravamento de Águia Branca.<br />

Agradecemos também à Prefeita de São<br />

Gabriel da Palha, Sr.ª Raquel Lessa, que não<br />

pode estar presente por motivos diversos, mas<br />

colaborou no transporte de alguns imigrantes de<br />

São Gabriel da Palha.<br />

Parabenizamos a Diretoria da<br />

Associação <strong>do</strong>s Poloneses de Águia Branca na<br />

pessoa de seu Presidente, Sr. Elias Teixeira; o<br />

Professor Luiz Carlos Cuerci Fedeszen e D. Vera<br />

Lúcia de Souza Fedeszen, que coordenaram essa<br />

comemoração trazen<strong>do</strong> nosso folclore e<br />

mostran<strong>do</strong> as tradições polonesas.<br />

Sr. Presidente, permita-me inclusive<br />

nesta solenidade um parêntese, que parece<br />

oportuno, para adiantar uma informação sobre<br />

um texto para o livro elabora<strong>do</strong> com grande<br />

ajuda, coordenação e estímulo <strong>do</strong> sau<strong>do</strong>so<br />

professor, escritor e historia<strong>do</strong>r Renato Pacheco,<br />

sobre o importante papel da imigração polonesa<br />

na formação de Municípios como Águia Branca<br />

e São Gabriel da Palha. Trata-se de um<br />

repositório de informações relativas à trajetória<br />

de vida de um imigrante polonês, como eu, mas<br />

que ao mesmo tempo se presta ao resgate<br />

histórico de um passa<strong>do</strong> marca<strong>do</strong> pelo sacrifício<br />

e pelo esforço <strong>do</strong>s poloneses e de seus descendes<br />

na formação cultural e na construção social e<br />

econômica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

O texto que já conta com o prefácio <strong>do</strong><br />

historia<strong>do</strong>r Luiz Guilherme Santos Neves, está<br />

apenas à espera <strong>do</strong> apoio de entidades culturais e<br />

empresariais para ser edita<strong>do</strong>. Quem sabe de<br />

dentro <strong>do</strong>s participantes desta solenidade não<br />

estará este mecenas cultural que queira encampar<br />

a idéia da sua publicação. Num dia de festa<br />

como este, não custa nada fazer a pergunta.<br />

Ao terminar, quero mais uma vez<br />

agradecer a presença de to<strong>do</strong>s os meus patrícios<br />

e de pessoas de outras nacionalidades que<br />

prestigiam este acontecimento, que ficará<br />

grava<strong>do</strong> para sempre nas nossas memórias e nas<br />

<strong>do</strong>s nossos netos. Isso é muito importante.<br />

Esperamos setenta e cinco anos.<br />

Aguardamos que o Sr. Deputa<strong>do</strong> Cláudio<br />

Vereza vá ao Município de São Gabriel da Palha<br />

e tome conhecimento real que os Municípios de<br />

Águia Branca e São Gabriel da Palha também<br />

contribuíram com muita coisa no seu progresso,<br />

no seu desenvolvimento. Podem estar certos de<br />

que os descendentes <strong>do</strong>s poloneses saberão<br />

honrar sua dignidade com trabalho e<br />

responsabilidade, para ajudar no crescimento <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo e <strong>do</strong> nosso Brasil.<br />

(Muito bem!)<br />

O SR. PRESIDENTE - (CLAUDIO<br />

VEREZA) - Obriga<strong>do</strong>, Sr. Eduar<strong>do</strong> Glazar,<br />

pelas palavras em nome de to<strong>do</strong>s os<br />

homenagea<strong>do</strong>s.<br />

Agradecemos as presenças <strong>do</strong>s membros<br />

da família Ignatowiski Wielaw, na pessoa <strong>do</strong> seu


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo – 2149<br />

professor de geografia, em Colatina - está<br />

presente sua esposa, Sra Helena Ignatowiski.<br />

Agradecemos a Sra. Catarina Czartoryeska<br />

Gonçalves, que reside em Vitória. V.Sª receberá<br />

a nossa homenagem em casa.<br />

E queremos dizer que a funcionária <strong>do</strong><br />

Cerimonial juntamente com o Sr. Luiz Carlos<br />

Cuerci Fedeszen estão na mesa ao la<strong>do</strong> para<br />

receber os nomes e sobrenomes das pessoas que<br />

infelizmente não tivemos tempo de homenagear<br />

nesta Sessão Solene, mas fazemos questão de<br />

enviar pelo correio, a to<strong>do</strong>s que compareceram a<br />

esta sessão, uma lembrança deste momento<br />

comemorativo <strong>do</strong>s setenta e cinco anos da<br />

Imigração Polonesa, de forma mais organizada<br />

no Esta<strong>do</strong>.<br />

Mostraremos na TV Assembléia<br />

exemplares de passaportes de imigrantes<br />

poloneses que vieram para o Espírito Santo. São<br />

amostras que nos foram entregues pela Srª.<br />

Marina Krupka Siepierski.<br />

Aqui está a prova, a águia branca, neste<br />

passaporte está <strong>do</strong>urada, mas na bandeira é<br />

branca e é símbolo da Polônia. Foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />

inicialmente como Vila de Águia Branca, em<br />

seguida foi emancipa<strong>do</strong> o distrito, e é atualmente<br />

município. Como Deputa<strong>do</strong> votei na<br />

emancipação de Águia Branca há alguns anos,<br />

por ver que era uma região com<br />

desenvolvimento crescente e tinha tu<strong>do</strong> para se<br />

transformar em um município de destaque no<br />

Norte <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Encerraremos esta Sessão Solene,<br />

convidan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os presentes para<br />

comparecerem ao lançamento <strong>do</strong> livro “Uma<br />

rapsódia polono-brasileira na selva capixaba”, de<br />

autoria <strong>do</strong> Sr. Altair Malacarne e assistirem<br />

também à apresentação <strong>do</strong> Grupo cultural de<br />

Águia Branca. Será no andar de cima, onde está<br />

acontecen<strong>do</strong> a exposição de fotos.<br />

Agradecemos imensamente pela<br />

acolhida de vocês ao convite que a Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong> fez para essa singela homenagem.<br />

Nunca é tarde para o Poder Público Estadual<br />

reconhecer o trabalho das pessoas que<br />

contribuíram para o desenvolvimento de nosso<br />

Esta<strong>do</strong>.<br />

Na pessoa <strong>do</strong> Sr. Cônsul Geral da<br />

Polônia no Brasil, o Sr. Michal Zawila,<br />

agradecemos a presença da Polônia em to<strong>do</strong> o<br />

Brasil e nesta sessão.<br />

Muito obriga<strong>do</strong> pela sua delicadeza em<br />

comparecer a esta sessão. Pedimos que transmita<br />

ao Sr. Embaixa<strong>do</strong>r o reconhecimento <strong>do</strong> povo<br />

capixaba por meio da Assembléia <strong>Legislativa</strong><br />

por tu<strong>do</strong> que os poloneses fizeram para o<br />

engrandecimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Desde o momento em que tomamos<br />

conhecimento de que além de alemães, italianos,<br />

sírios, libaneses, pomeranos, tínhamos também<br />

poloneses, nunca mais deixamos de citar que na<br />

composição <strong>do</strong> povo capixaba existiram<br />

descendentes de poloneses, que desbravaram<br />

parte <strong>do</strong> Norte <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Deixaram sua marca nas nossas cidades,<br />

na composição <strong>do</strong> nosso povo, foram se<br />

misturan<strong>do</strong>, mesclan<strong>do</strong> e hoje se tornaram povo<br />

capixaba, povo brasileiro. As diferenças quase<br />

não existem mais, porque os indígenas, os<br />

africanos, os italianos, os alemães, os<br />

pomeranos, os sírios, os libaneses, os<br />

portugueses, os açoreanos e os japoneses que<br />

chegaram recentemente, formam essa beleza que<br />

é o povo capixaba.<br />

Que o Espírito Santo continue<br />

iluminan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s nós, para seguirmos rumo a<br />

uma sociedade em que to<strong>do</strong>s sejam felizes, que<br />

ninguém passe necessidade. Cremos que o<br />

exemplo <strong>do</strong>s imigrantes é muito forte para as<br />

gerações atuais. Essa gente veio com grandes<br />

promessas, que não foram cumpridas, mas a<br />

promessa de construir a agricultura e o<br />

desenvolvimento capixaba foi cumprida por<br />

to<strong>do</strong>s os imigrantes. Temos que reconhecer isso,<br />

singelamente nesta sessão. Um abraço a to<strong>do</strong>s.<br />

Nada mais haven<strong>do</strong> a tratar, vou encerrar<br />

a presente sessão. Antes porém, convoco os Srs.<br />

Deputa<strong>do</strong>s para a próxima, que será Especial<br />

para reflexão sobre cotas para negros na<br />

universidade, para hoje, às dezenove horas e<br />

trinta minutos e para a qual designo:<br />

EXPEDIENTE:<br />

O que ocorrer.<br />

Está encerrada a sessão.<br />

Encerra-se a sessão às dezessete horas<br />

e trinta e cinco minutos.


2150 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

SEPTUAGÉSIMA SEGUNDA<br />

SESSÃO ESPECIAL DA TERCEIRA<br />

SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA<br />

DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA,<br />

REALIZADA EM 19 DE MAIO DE 2005.<br />

ÀS DEZENOVE HORAS E TRINTA<br />

MINUTOS, O SR. DEPUTADO CÉSAR<br />

COLNAGO OCUPA A CADEIRA DA<br />

PRESIDÊNCIA.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Informo aos Srs. Deputa<strong>do</strong>s e<br />

demais presentes que esta sessão é Especial,<br />

ten<strong>do</strong> como tema “Reflexão Sobre Cotas para<br />

Negros nas Universidades”, conforme<br />

requerimento da Mesa Diretora, aprova<strong>do</strong> em<br />

Plenário.<br />

Convi<strong>do</strong> o Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza<br />

a proceder à leitura de um versículo da Bíblia.<br />

(O Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio<br />

Vereza lê Deuteronômio 16:19)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) - Dispensamos a leitura da Ata da<br />

sessão anterior.<br />

Convi<strong>do</strong> para compor a Mesa o<br />

Secretário de Justiça, Dr. Fernan<strong>do</strong> Zardini,<br />

representan<strong>do</strong> o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; a Drª<br />

Catarina Cecin Gazele, representan<strong>do</strong> o<br />

Procura<strong>do</strong>r Geral da Justiça; o Sr. Carlos<br />

Vinícius Costa de Men<strong>do</strong>nça, Ouvi<strong>do</strong>r Geral,<br />

representan<strong>do</strong> a Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo; o Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra,<br />

Defensor Geral, e hoje, coincidentemente, é dia<br />

<strong>do</strong> Defensor Público; o Dr. Agesandro da Costa<br />

Pereira, representan<strong>do</strong> a sociedade civil e a<br />

OAB; o Professor Joaquim Beato, Coordena<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Grupo Pro-cotas da Universidade Federal <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo; o Padre Dário,<br />

representan<strong>do</strong> a Comunidade Negra.<br />

Estamos aguardan<strong>do</strong> o palestrante da<br />

noite, o Secretário de Esta<strong>do</strong> da Justiça e<br />

Cidadania de São Paulo e Coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Centro de Estu<strong>do</strong>s das Relações Trabalhistas e<br />

Desigualdades de São Paulo. Ele chegou por<br />

volta de 18h40min, dirigiu-se ao hotel e temos<br />

informação de que está a caminho desta Casa.<br />

Como estávamos atrasa<strong>do</strong>s preferi<br />

iniciar esta Sessão Especial. E faremos registros<br />

importantes de pessoas já presentes para o<br />

debate e reflexão sobre cotas para negros nas<br />

Universidades.<br />

Contamos com a presença <strong>do</strong> Sr. Ademir<br />

Car<strong>do</strong>so, ex-vice-Prefeito de Vitória; da Srª<br />

Leonor Franco de Araújo, professora e membro<br />

da Comissão Pró-cotas da UFES; <strong>do</strong> Sr. José<br />

Pereira Ribeiro, Diretor <strong>do</strong> Sindibancários e<br />

membro <strong>do</strong> Coletivo Contra o Racismo da CUT<br />

e membro da Pastoral Afro; <strong>do</strong> Sr. Saulo Pereira,<br />

Presidente <strong>do</strong> Espaço Afro-Cristão Evangélico<br />

Brasileiro; <strong>do</strong> Sr. Luiz Carlos de Oliveira,<br />

Coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> CECUN – ES; de alunos da<br />

UFES, <strong>do</strong> Novo Milênio, <strong>do</strong> Darwin, Prévestibular<br />

Alternativo – Elimu; da Dandara; <strong>do</strong><br />

Sr. Danilo Bicalho, Coordena<strong>do</strong>r da Executiva<br />

Nacional de Estudantes de Comunicação; <strong>do</strong> Sr.<br />

André Taqueti, Jornalista da Adufes; <strong>do</strong> Sr.<br />

Santinho Ferreira de Souza, Pró-Reitor da UFES<br />

– PROGRAD, que aproveito para convidar a<br />

participar da Mesa. A Universidade é o centro<br />

importante deste debate, já está aqui<br />

representada, mas o Sr. Santinho Ferreira de<br />

Souza irá somar.<br />

E registramos ainda, neste Plenário, as<br />

presenças da Sra. Vanda Souza de Lima,<br />

Diretora de Departamento de Gênero e Raça da<br />

Prefeitura de Vitória; da Sra. Ester Nascimento<br />

Mattos, Secretária <strong>do</strong> Movimento Oborindudu,<br />

movimento negro <strong>do</strong> PSB/Espírito Santo; <strong>do</strong> Dr.<br />

José Silva de Oliveira, diretor <strong>do</strong> CCE da UFES;<br />

<strong>do</strong> Sr. Marcelo Simonelli, professor de Ciências<br />

Biológicas da Faesa; <strong>do</strong> Sr. Hudson Ribeiro,<br />

professor e membro da Associação <strong>do</strong>s<br />

Professores de Filosofia <strong>do</strong> Espírito Santo; <strong>do</strong> Sr.<br />

Gebran Emílio da Costa de Oliveira, Sindaema,<br />

diretor da Regional Sul; da Sra. Adriana<br />

Campos, professora da Universidade Federal <strong>do</strong><br />

Espírito Santo; <strong>do</strong> Sr. Fidélis Lopes, vice-<br />

Presidente <strong>do</strong> Conselho de Segurança da Grande<br />

Vitória, membro <strong>do</strong> Movimento Comunitário de<br />

Joana D’Arc; <strong>do</strong> Sr. Valmir Castro Alves,<br />

Procura<strong>do</strong>r desta Assembléia <strong>Legislativa</strong>; <strong>do</strong> Sr.<br />

Deval<strong>do</strong> Baptista <strong>do</strong>s Santos, diretor <strong>do</strong><br />

Sindaema e membro <strong>do</strong> Coletivo Contra a<br />

Discriminação, da CUT; da Sra. Maria da Penha<br />

Gaspar Pereira, membro <strong>do</strong> Fórum Chico Prego<br />

da Serra e membro <strong>do</strong> Centro de Defesa <strong>do</strong>s<br />

Direitos Humanos “O Broto”, que sempre está<br />

presente nos debates; da Sra. Valneide<br />

Nascimento <strong>do</strong>s Santos, Coordena<strong>do</strong>ra Estadual<br />

<strong>do</strong> Movimento Negro Socialista <strong>do</strong> PSB; da Sra.<br />

Ariane Meireles, Presidente da Comissão de<br />

Estu<strong>do</strong>s Afro-brasileiros - Ceafro, Secretaria<br />

Municipal de Educação de Vitória; <strong>do</strong> Sr.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2151<br />

Roberto Carlos, Verea<strong>do</strong>r da Serra; <strong>do</strong> Sr.<br />

Antônio Rubens Correia Costa, Secretário de<br />

Formação <strong>do</strong> Sindimental; <strong>do</strong> Sr. Eliu<strong>do</strong><br />

Nascimento, Presidente <strong>do</strong> Movimento Negro<br />

João da Viúva Monteiro, Serra- Espírito Santo.<br />

O palestrante já está a caminho.<br />

Enquanto ele não chega, daremos seqüência à<br />

Sessão especial, até pela questão <strong>do</strong> horário.<br />

Sabemos que ele veio de São Paulo.<br />

Pela ordem, e um <strong>do</strong>s mais sábios, neste<br />

momento em que iniciamos este debate<br />

importante, gostaríamos que o professor Joaquim<br />

Beato começasse a expressar seu pensamento à<br />

respeito das cotas. Ele é coordena<strong>do</strong>r, é <strong>do</strong><br />

movimento e está há um bom tempo nesta luta,<br />

com sua participação, com seu envolvimento nos<br />

movimentos sociais, especificamente na questão<br />

<strong>do</strong>s negros, da promoção da igualdade racial.<br />

Portanto, convidamos o professor Joaquim Beato<br />

para ir esquentan<strong>do</strong> nosso debate colocan<strong>do</strong> suas<br />

posições neste Plenário.<br />

É um prazer receber a to<strong>do</strong>s nesta<br />

palestra tão importante que será proferida nesta<br />

Casa de Leis, que tem debati<strong>do</strong> assuntos <strong>do</strong><br />

momento em Sessões Especiais. Ontem,<br />

discutimos, neste Plenário, com vários<br />

Promotores daqui e inclusive de fora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

a questão <strong>do</strong> abuso e da violência sexual na<br />

infância e na a<strong>do</strong>lescência, um tema importante<br />

presente na sociedade. Infelizmente isso<br />

acontece com freqüência: uma criança a cada<br />

oito minutos no Brasil é violentada. Foi um<br />

debate muito profícuo, importante, na luta contra<br />

esse tipo de violência, num debate de reivindicar<br />

e exigir das autoridades, <strong>do</strong>s vários Poderes,<br />

medidas e soluções.<br />

A Presidência registra, com satisfação,<br />

as presenças da Dra. Ivone Vilanova,<br />

Procura<strong>do</strong>ra Federal e vice-Presidente da<br />

Associação Nacional <strong>do</strong>s Procura<strong>do</strong>res Federais<br />

e <strong>do</strong> Dr. Edson Raimun<strong>do</strong> Valentim, Advoga<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Democrático Afro-brasileiro da Serra<br />

– ES, nesta Casa. (Pausa)<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Professor Joaquim<br />

Beato.<br />

O SR. JOAQUIM BEATO – (Sem<br />

revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Sr. Presidente da<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong>, Deputa<strong>do</strong> César<br />

Colnago, saudan<strong>do</strong>-o saú<strong>do</strong> toda à Mesa<br />

presente; Senhores e Senhoras; quero lembrar<br />

especialmente <strong>do</strong>s companheiros da Comissão<br />

Pré-Cotas da UFES que preparam, com muito<br />

esmero, o encontro desta noite. Quero dizer da<br />

nossa satisfação de ter escolhi<strong>do</strong> uma pessoa<br />

que, de repente, é Secretário de Justiça e<br />

Cidadania <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo; já era<br />

Presidente da Comissão <strong>do</strong>s Direitos Humanos<br />

da OAB-SP.<br />

O Presidente me colocou um encargo<br />

pesa<strong>do</strong> “nas costas”, porque o que viemos fazer<br />

hoje era aprender com o Dr. Hédio Silva e<br />

debater com ele. Mas, gostaria também de dizer<br />

que não estamos muito longe desse debate,<br />

porque o temos discuti<strong>do</strong> em nossa Comissão.<br />

A questão de cotas é hoje irreversível. Já<br />

temos umas quinze universidades públicas,<br />

federais e estaduais, que já operam seus<br />

vestibulares na base das cotas. Convém lembrar<br />

que as cotas são apenas uma das muitas maneiras<br />

de fazer ação afirmativa. Então, é no contexto <strong>do</strong><br />

que chamamos de ação afirmativa que a questão<br />

das cotas devem ser analisadas, porque não basta<br />

que os estudantes excluí<strong>do</strong>s até agora: negros,<br />

pobres e indígenas tenham acesso ao aluna<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

curso superior, mas que tenham meios de<br />

garantir sua permanência e de garantir também a<br />

qualidade de seu aprendiza<strong>do</strong>. Então,<br />

deslanchan<strong>do</strong> as cotas, vamos também lutar para<br />

deslanchar outras medidas de ação afirmativa<br />

que correspondam à demanda <strong>do</strong>s novos<br />

estudantes das nossas Universidades. Tenho<br />

alguns da<strong>do</strong>s anota<strong>do</strong>s que levam à seguinte<br />

conclusão: para cada três pobres brasileiros <strong>do</strong>is<br />

são negros; os negros são 45,7% pobres e 20,3%<br />

indigentes.<br />

Isso nos faz lembrar o 14 de maio. Até<br />

13 de maio 1888 os negros eram os braços, as<br />

pernas e as mentes também que produziam a<br />

riqueza <strong>do</strong> País. No 14 de maio to<strong>do</strong>s estavam<br />

desemprega<strong>do</strong>s; alguns preferiram continuar<br />

com seus velhos Senhores, outros foram se<br />

aventurar andan<strong>do</strong> pelas estradas procuran<strong>do</strong> as<br />

cidades. Então, terminaram sain<strong>do</strong> da senzala<br />

para morar nas favelas. O racismo tem esta<br />

grande desvantagem: é uma profecia que se<br />

cumpre automaticamente.<br />

Os negros trabalha<strong>do</strong>res, por exemplo no<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, tomavam conta,<br />

sozinhos, de dez a quatorze mil pés de café e<br />

trabalhavam mais de dezesseis horas por dia. No<br />

14 de maio daquele ano esses negros não podiam<br />

ser contrata<strong>do</strong>s porque eram preguiçosos. Quer<br />

dizer, to<strong>do</strong> o estereótipo cria<strong>do</strong> para justificar a


2152 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

exclusão <strong>do</strong>s negros foi se tornan<strong>do</strong> uma carga<br />

pesada demais.<br />

Estu<strong>do</strong>s mostram, por exemplo, que as<br />

medidas chamadas universalistas, voltadas para a<br />

melhoria da condição de vida de todas as pessoas<br />

<strong>do</strong> país, terminam não atingin<strong>do</strong> os negros.<br />

Uma pesquisa feita sobre a educação no<br />

perío<strong>do</strong> de dez anos, de 1990 a 1999, por um<br />

pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Planejamento <strong>do</strong><br />

Governo Federal, mostrou que, embora to<strong>do</strong>s<br />

tenham se beneficia<strong>do</strong> das medidas<br />

universalistas: jovens brancos e jovens negros, o<br />

fosso que separava esses <strong>do</strong>is grupos, esses <strong>do</strong>is<br />

setores, continuou <strong>do</strong> mesmo tamanho. A<br />

distância que havia entre o avô <strong>do</strong> jovem negro<br />

de hoje e o avô <strong>do</strong> jovem branco de hoje<br />

continua sen<strong>do</strong> a mesma entre os netos: o neto<br />

branco e o neto negro. Deduzimos, daí, que<br />

precisamos de medidas específicas de inclusão<br />

<strong>do</strong>s excluí<strong>do</strong>s.<br />

Não é só uma questão de pobreza, mas<br />

também é uma questão de raça. Há uma<br />

preferência em nosso país, por se mostrar um<br />

país europeu, por ter um senso estético volta<strong>do</strong><br />

para a beleza européia, de esconder sua face<br />

negra. Isso tu<strong>do</strong> tem leva<strong>do</strong> ao seguinte: se<br />

pormos a média de escolaridade de jovens<br />

brancos e jovens negros de vinte e cinco anos,<br />

enquanto os jovens brancos têm 8.1 de anos de<br />

escolaridade, o jovem negro está 2.3 abaixo dele,<br />

ou seja, com mais de <strong>do</strong>is anos de distância num<br />

merca<strong>do</strong> de trabalho que cada vez exige mais<br />

preparo.<br />

Atacan<strong>do</strong> a educação no senti<strong>do</strong> de abrir<br />

igualdade de oportunidade, ou seja, tratan<strong>do</strong><br />

desigualmente os desiguais, estamos tentamos<br />

criar uma participação maior da juventude negra<br />

nas profissões liberais e, portanto, na melhoria<br />

de seu merca<strong>do</strong> de trabalho. Estamos, ao mesmo<br />

tempo que promovemos isso, tentan<strong>do</strong> criar para<br />

nossos meninos, que vão para o ensino<br />

fundamental, que não desanimem porque<br />

poderão chegar à universidade.<br />

Atualmente os nossos meninos não têm<br />

esperança de alcançar o ensino superior. Muitos<br />

deles não chegam nunca a alcançar a formação<br />

completa <strong>do</strong> nível médio. Então, quotas são<br />

como se fossem uma martelada forte no ciclo<br />

vicioso da exclusão <strong>do</strong> negro da oportunidade<br />

igual no ensino superior. E, se uma universidade<br />

federal é uma entidade que pertence ao povo em<br />

geral, não vemos por que uma parte grande desse<br />

povo ficar excluída de usar a universidade.<br />

Fui professor, com muita honra, durante<br />

vinte anos na UFES, dava aula em <strong>do</strong>is<br />

semestres. A cada semestres encontrava de<br />

quarenta a quarenta e cinco alunos nas classes e<br />

perguntava sempre: onde estão os negros desta<br />

classe? Entre os quarenta, quarenta e cinco<br />

alunos, quatro a cinco eram negros. A alguns<br />

tínhamos que dizer a eles que eram negros<br />

porque não tinham essa consciência de que o<br />

eram. Em seguida abria a janela e mostrava, - na<br />

época em que a UFES estava construin<strong>do</strong><br />

prédios novos - lá fora, trabalhan<strong>do</strong> ao sol, com<br />

pedras, com tijolo, com massa, com argamassa,<br />

dizia que lá eram noventa e oito por cento<br />

negros. Aqui, a obra que construíram, não<br />

hospeda seus filhos.<br />

Não dá para continuar dessa maneira.<br />

Não dá porque o país tem quase metade de sua<br />

população negra. É o segun<strong>do</strong> país negro <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, só perde para a Nigéria. O Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo tem cinqüenta e <strong>do</strong>is por cento da<br />

sua população afrodescendentes. Queríamos ver<br />

a Universidade e a Assembléia <strong>Legislativa</strong><br />

refletirem a face real <strong>do</strong> povo capixaba.<br />

Tenho a impressão de que os que<br />

conseguirem encaminhar essa entrada na<br />

universidade, mesmo através das cotas, amanhã<br />

poderão ser os deputa<strong>do</strong>s que estarão neste<br />

Plenário, qualificadamente, defenden<strong>do</strong> os<br />

interesses da população. Também gostaria de<br />

ver, quan<strong>do</strong> se reunissem trinta e <strong>do</strong>is<br />

empresários capixabas, pelo menos dez negros<br />

entre eles. Mas ao grupo a que me refiro não<br />

havia um negro, num Esta<strong>do</strong> com uma<br />

população de cinqüenta e <strong>do</strong>is por cento de<br />

negros.<br />

No primeiro escalão <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, quantos são os negros? No Tribunal de<br />

Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, quantos são<br />

os desembarga<strong>do</strong>res negros? Então, me<br />

pergunto: por que ninguém estranha a ausência<br />

<strong>do</strong> negro? E querem estranhar quan<strong>do</strong> queremos<br />

fazer <strong>do</strong> negro alguém presente.<br />

Numa sala de universidade que tenha<br />

quarenta e cinco estudantes, se encontrássemos<br />

vinte estudantes negros, alguém acharia que<br />

alguma coisa não estava pegan<strong>do</strong> direito. Mas se<br />

encontrar quatro ou cinco, está tu<strong>do</strong> bem. O<br />

negro sabe o seu lugar.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2153<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, lutamos para discutir,<br />

pelo menos, e implantar, pelo menos, por algum<br />

tempo, porque toda medida de ação afirmativa é<br />

temporária, e logo que ela cumpre seus objetivos<br />

pára de funcionar. Mas para lançar essa idéia de<br />

que numa sociedade, como a nossa, se não forem<br />

democraticamente divididas as oportunidades, os<br />

benefícios, a riqueza <strong>do</strong> País, não alcançaremos<br />

o desenvolvimento que to<strong>do</strong>s desejam porque<br />

essa discriminação desqualifica praticamente<br />

metade da população <strong>do</strong> País. E, como se diz: a<br />

riqueza <strong>do</strong> País é o brasileiro, se você<br />

desqualifica metade dessa população a outra<br />

metade sozinha não chegará lá.<br />

Não quero ser nenhum “Cassandra” para<br />

dizer que também pode chegar o momento de<br />

essa negrada não seguir mais Martin Luther<br />

King, que queria todas as mudanças<br />

pacificamente; pode chegar o tempo em que essa<br />

negrada comece a seguir a linha <strong>do</strong>s “black<br />

panthers”. E, quan<strong>do</strong> chegar a essa linha “black<br />

panthers”, talvez, aí algumas lideranças<br />

comecem a ouvir o discurso, que chamaríamos<br />

de discurso modera<strong>do</strong>, o discurso que to<strong>do</strong>s que<br />

estão nessa luta em to<strong>do</strong>s os setores, ...<br />

Na Universidade tivemos, agora, a I<br />

Conferência Estadual de Igualdade Racial e<br />

to<strong>do</strong>s desejan<strong>do</strong> a luta por meios pacíficos. Mas,<br />

ninguém sabe <strong>do</strong> futuro! As nações que fizeram<br />

exageradamente essa opressão contra negros<br />

terminaram por criar uma hostilidade que torna a<br />

qualidade de vida uma coisa negativa em que um<br />

membro da população odeia o outro<br />

gratuitamente por ser diferente.<br />

Num País como os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da<br />

América, racista como são, lá existe um forte<br />

racismo individual, que não existe aqui; como há<br />

também um forte racismo institucional, que<br />

existe aqui; e há um forte racismo cultural, que<br />

existe aqui; mas eles não têm o individual, que é<br />

o mais aparente, visível, não temos o individual,<br />

eles têm. No Governo Republicano, se não me<br />

engano, Bush é republicano. É verdade.<br />

Um Governo conserva<strong>do</strong>r, que<br />

representa o aspecto mais conserva<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, inclusive a visão sulista da<br />

realidade. Tem um irmão que é Governa<strong>do</strong>r da<br />

Flórida, pois bem, lá nomeou um negro como<br />

seu primeiro ministro. Um ministro de esta<strong>do</strong><br />

nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s é como se fosse um primeiro<br />

ministro.<br />

Agora, pior ainda, saiu um negro e<br />

colocou uma negra, a Con<strong>do</strong>lessa Rice. Já<br />

sonharam com isso? Temos hoje no Ministério<br />

Federal <strong>do</strong>is Ministros negros e uma Ministra<br />

negra, totalizam três negros, mas estão fora <strong>do</strong><br />

núcleo <strong>do</strong> Poder. A ministra Con<strong>do</strong>lessa Rice<br />

fala pelo Governo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, está no<br />

núcleo central <strong>do</strong> Poder.<br />

Será que os portugueses foram mais<br />

hábeis <strong>do</strong> que os ingleses, que povoaram a<br />

América <strong>do</strong> Norte? Porque nos tiraram, o que<br />

chamaríamos de identidade. Tiraram-nos a<br />

solidariedade racial, com o mito da democracia<br />

racial.<br />

É preciso refletir sobre essas coisas,<br />

porque achamos que é o momento adequa<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> o impulso vem <strong>do</strong> próprio Governo<br />

Federal que transformou 2005 no ano da luta<br />

pela igualdade racial. O aspecto dessa luta passa<br />

pela educação: melhoria das condições de<br />

trabalho <strong>do</strong>s professores, melhoria de salários,<br />

<strong>do</strong>s livros didáticos, mas também “empretecer”<br />

um pouco as nossas escolas.<br />

Estávamos anotan<strong>do</strong> o que um menino<br />

negro sofre na escola. A maioria freqüenta<br />

ensino público de baixa qualidade. Trata-se de<br />

um ensino que não valoriza o universo <strong>do</strong><br />

estudante negro, não estimula a sua auto-estima.<br />

A onipresença <strong>do</strong> racismo anti-negro em que há<br />

escolas, em que há crianças, que têm piti...<br />

O Dr. Hédio Silva está chegan<strong>do</strong>.<br />

“Cesse tu<strong>do</strong> que a musa antiga<br />

canta, porque outro poder mais<br />

alto se alevanta”.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Professor Joaquim Beato, com<br />

certeza, com essas palavras tão sábias e belas,<br />

pode encerrar o seu raciocínio, até porque<br />

aprendemos muito com V.Exª.<br />

O SR. JOAQUIM BEATO – Muito<br />

obriga<strong>do</strong>! Terminan<strong>do</strong>: quero dizer que o<br />

menino negro entra numa escola branca, e lá,<br />

colegas que não toleram nem sentar perto dele e<br />

nem brincar com ele.<br />

Textos que não falam da herança negra<br />

deste País, da cultura negra neste País, da<br />

presença negra neste País, <strong>do</strong> trabalho negro<br />

neste País e professores que não investem no<br />

estudan<strong>do</strong> negro porque acham que não haverá<br />

retorno, com to<strong>do</strong>s esses impedimentos o


2154 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

menino negro sobrevive porque a raça negra no<br />

Brasil é um pouco diferente da pintura que<br />

Gonçalves Dias fez da raça indígena. Ele falou<br />

em Juca Pirama de um jovem que foi preso por<br />

uma tribo adversária e que tinha um pai cego, e<br />

que pediu liberdade porque tinha um pai cego e<br />

os adversários o soltaram porque não comeriam<br />

a carne de um homem que chora.<br />

Ele voltou para o pai e o pai o devolveu<br />

para a tribo que o havia solta<strong>do</strong> e que se negava<br />

a comer a carne dele. De repente, ele pegou o<br />

tacape, apesar de apertarem com aquela corda a<br />

sua cintura, ele pegou o tacape e derrubou vários<br />

guerreiros. E alguém disse: “Basta, guerreiro<br />

ilustre, aças lutaste. E Juca Pirama: “O que deve<br />

morrer e merece morrer”. A negrada: “O que<br />

deve morrer e que insiste em viver”.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Convi<strong>do</strong>, para compor a Mesa, o<br />

Dr. Hédio Silva.<br />

(Toma assento à Mesa a<br />

referida autoridade)<br />

Passaremos à entrega da Comenda<br />

Domingos Martins no grau de Comenda<strong>do</strong>r, que<br />

foi oferecida e aprovada por esta Casa pela Mesa<br />

Diretora.<br />

Convi<strong>do</strong> o Dr. Hedio Silva para receber<br />

a homenagem, por indicação da Mesa Diretora.<br />

(É feita a entrega, pelo Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> César Colnago, da<br />

Comenda Domingos Martins)<br />

(Palmas)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CLAUDIO<br />

VEREZA) – Receberá a Comenda Domingos<br />

Martins, a maior honraria que a Assembléia<br />

<strong>Legislativa</strong> tem, o Dr. Hédio Silva Junior.<br />

Doutor em Direito Constitucional pela<br />

PUC-São Paulo; Presidente da Comissão de<br />

Direitos Humanos da OAB de São Paulo;<br />

Professor de Direito Penal da Universidade<br />

Metodista de São Paulo; Coordena<strong>do</strong>r Executivo<br />

<strong>do</strong> Centro de Estu<strong>do</strong>s das Relações Trabalhistas<br />

e das Desigualdades; Consultor da Universidade<br />

de Brasília para implantação <strong>do</strong> sistema de cotas;<br />

autor <strong>do</strong> livro Direito e Igualdade Racial –<br />

Aspectos Constitucionais, Civis e Penais.<br />

Principais ações judiciais: defende no<br />

Supremo Tribunal Federal a ação sobre as cotas<br />

na Universidade de Brasília; autor da ação que<br />

atribui o direito aos pais de nomearem seus<br />

filhos com nomes africanos; autor da ação que<br />

valida casamentos em religiões afro-brasileiras;<br />

acompanhou os casos de denúncias de racismo<br />

<strong>do</strong> joga<strong>do</strong>r Grafite, <strong>do</strong> São Paulo Futebol Clube,<br />

e <strong>do</strong>s atores <strong>do</strong> filme Cidade de Deus.<br />

Atualmente exerce o cargo de Secretário<br />

de Esta<strong>do</strong> de Justiça e Cidadania <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de<br />

São Paulo e é Coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Centro de Estu<strong>do</strong>s<br />

das Relações Trabalhistas e Desigualdades, em<br />

São Paulo. Parabéns.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Dr. Hédio Silva.<br />

O SR. HÉDIO SILVA – (Sem revisão<br />

<strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Boa-noite a to<strong>do</strong>s, agradecemos<br />

aos organiza<strong>do</strong>res deste evento pelo generoso<br />

convite para que pudéssemos estar nesta Casa<br />

nesta noite.<br />

Meus cumprimentos à Mesa,<br />

Excelentíssimo Presidente desta Casa Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> César Colnago; Drª Catarina Cecin<br />

Gazele, representan<strong>do</strong> o Procura<strong>do</strong>r Geral de<br />

Justiça; Dr. Reinal<strong>do</strong> Centoducatte, vice-Reitor<br />

da Universidade Federal <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo; Dr. Fernan<strong>do</strong> Zardini Antônio, Secretário<br />

de Justiça; Sr. Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza; Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Florisval<strong>do</strong> Fier; Professor Joaquim<br />

Beato; - ele é meu amigo há muitos anos,<br />

inclusive lembrava-me quan<strong>do</strong> estava no carro<br />

vin<strong>do</strong> para esta Casa que conheci o Sr. Joaquim<br />

Beato em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 80. Portanto, já faz<br />

bastante tempo e o Sr. Beato continua vigoroso,<br />

briga<strong>do</strong>r, guerreiro e para mim é uma honra<br />

poder estar novamente em sua companhia. -;<br />

Padre Dário Ferrera da Silva, representan<strong>do</strong> a<br />

comunidade negra; Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra,<br />

Defensor Público Geral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; Dr. Carlos<br />

Vinicius Costa de Men<strong>do</strong>nça, Ouvi<strong>do</strong>r Geral da<br />

Universidade Federal <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo.<br />

Apesar de termos toma<strong>do</strong> posse há três<br />

dias no honroso cargo de Secretário de Justiça <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> de São Paulo, fizemos questão de vir<br />

participar desta Sessão Especial porque temos<br />

neste Esta<strong>do</strong> amigos, irmãos, pessoas com as<br />

quais nos últimos vinte e cinco anos vimos<br />

aprenden<strong>do</strong>, lutan<strong>do</strong> e - com certeza -<br />

coletivamente to<strong>do</strong>s nós não seríamos capazes, o<br />

mais sonha<strong>do</strong>r de nós há vinte e cinco anos, de<br />

pensar que alcançaríamos este momento tão<br />

absolutamente rico, revolucionário, inova<strong>do</strong>r,<br />

pelo qual o nosso País passa. Não poderíamos


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2155<br />

deixar de estar presente nesta Sessão. Foi de fato<br />

o único compromisso que havíamos assumi<strong>do</strong><br />

antes <strong>do</strong> convite para assumirmos a Secretaria de<br />

Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo. Realmente foi<br />

um convite que a nós foi feito há dez dias e<br />

tínhamos toda uma agenda para estar em outros<br />

Esta<strong>do</strong>s. Porém, fizemos questão de desmarcar<br />

to<strong>do</strong>s os outros compromissos, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong><br />

que fizemos questão de manter esta vinda ao<br />

Espírito Santo, pelo carinho que temos por este<br />

Esta<strong>do</strong>. E é o carinho e a generosidade deste<br />

Esta<strong>do</strong> que respondem por esta Comenda que<br />

muito nos honra em ter si<strong>do</strong> agracia<strong>do</strong> com ela.<br />

Agradeço, registro e saú<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong><br />

Professor Santinho Ferreira de Souza, Pró-Reitor<br />

da Universidade Federal <strong>do</strong> Espírito Santo; <strong>do</strong><br />

Dr. Agesandro da Costa Pereira, Presidente da<br />

Ordem <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil Secção Espírito<br />

Santo. Em nome da ex-Secretária e minha<br />

amiga, Sra. Mirian Car<strong>do</strong>so, quero saudar to<strong>do</strong>s<br />

os companheiros de luta presentes nesta Sessão.<br />

Pretendemos assinalar algumas breves<br />

considerações sobre este tema, a partir <strong>do</strong> que<br />

poderíamos no debate talvez aprofundar um ou<br />

outro aspecto sobre essa temática da igualdade e<br />

das ações afirmativas.<br />

Começo comentan<strong>do</strong> o fato de que o<br />

sau<strong>do</strong>so Sr. Getúlio Vargas perdeu a eleição em<br />

1929. Ele assumiu o poder em 1930, fragiliza<strong>do</strong><br />

politicamente. O Getúlio chega ao Rio de Janeiro<br />

fragiliza<strong>do</strong>, o forte componente regionaliza<strong>do</strong> no<br />

seu discurso, mas fragiliza<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto de vista<br />

político. E ele precisava de apoio social e<br />

precisava de dialogar com setores que detinham<br />

força política. E o Getúlio dialoga, então, com a<br />

Igreja Católica que - como os Senhores sabem -<br />

inaugura em 1931 o Cristo Redentor, uma<br />

homenagem ao papel, à presença <strong>do</strong> cristianismo<br />

no Brasil e institui a Justiça <strong>do</strong> Trabalho. Na<br />

verdade, a Justiça <strong>do</strong> Trabalho surgiu em 1929,<br />

alguns anos antes. Mas o Getúlio vai instituir na<br />

Justiça <strong>do</strong> Trabalho, no Direito <strong>do</strong> Trabalho, a<br />

primeira lei de quotas que eu tenho notícia<br />

registrada nas Américas, que é a Lei da<br />

Nacionalização <strong>do</strong> Trabalho. Eu até comecei<br />

depois a estudar um pouquinho essa temática das<br />

ações afirmativas e fui compreender porquê o<br />

meu avô, que era um ferroviário semianalfabeto,<br />

era tão entusiasticamente Getulista.<br />

Porque o meu avô tinha presente na memória o<br />

impacto da Lei da Nacionalização <strong>do</strong> Trabalho<br />

na vida <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res negros. A Lei da<br />

Nacionalização <strong>do</strong> Trabalho definiu em 1931 -<br />

inclusive é um dispositivo, Sr. Presidente, que<br />

até hoje encontra-se registra<strong>do</strong> na CLT – que<br />

<strong>do</strong>is terços <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res de qualquer<br />

empresa em atividade no Brasil deveriam ser<br />

nacionais. Significou, no momento em que<br />

começava o declínio da grande imigração<br />

européia pensada como um projeto capaz de<br />

viabilizar um país, que os Deputa<strong>do</strong>s da então<br />

Assembléia da Província de São Paulo<br />

discutiram exaustivamente no final <strong>do</strong> século<br />

XIX qual deveria ser o perfil <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r<br />

ideal para erigir aqui uma nação respeitável no<br />

consenso das nações. E a escolha foi pelo<br />

trabalha<strong>do</strong>r imigrante, especificamente pelo<br />

europeu. Mas Getúlio Vargas precisa de apoio<br />

popular e ele vai, então, instituir essa lei que<br />

privilegiava o nacional. Nas primeiras décadas<br />

<strong>do</strong> século XX, nacional no Brasil eram ou os<br />

poucos descendentes de senhores de engenho<br />

que haviam nasci<strong>do</strong> aqui, alguns integrantes da<br />

côrte e <strong>do</strong>s setores de comércio, de tráfico que<br />

haviam nasci<strong>do</strong> aqui ou os negros, os<br />

descendentes de africanos. Porque teoricamente<br />

o tráfico transatlântico terminou em 1850; a Lei<br />

que proibiu o tráfico foi de 1823 e a Inglaterra<br />

passa a patrulhar o Atlântico. Mas, de fato, o fim<br />

<strong>do</strong> tráfico <strong>do</strong> transatlântico só vai acontecer em<br />

1850. Portanto, em 1930, nacional no Brasil era<br />

fundamentalmente a população negra. E meu<br />

avô se lembrava perfeitamente bem de um da<strong>do</strong>,<br />

de uma estatística que alguns historia<strong>do</strong>res<br />

registram e apontam que entre 1931 e 1935<br />

quadruplicou a empregabilidade da população<br />

negra no Brasil no setor público e no setor<br />

priva<strong>do</strong>. Há um historia<strong>do</strong>r Norte-Americano<br />

George Engels, que fez um trabalho sobre isso e<br />

demonstra que entre 1931 e 1935 a<br />

empregabilidade da população negra no Brasil<br />

quadruplicou, muito embora não fosse a Lei da<br />

Nacionalização <strong>do</strong> Trabalho uma lei que tivesse<br />

um endereçamento especificamente racial. Mas a<br />

medida em que os negros eram os nacionais,<br />

foram barbaramente beneficia<strong>do</strong>s por essa lei.<br />

Depois foi instituída a Justiça <strong>do</strong> Trabalho que,<br />

desde o seu nasce<strong>do</strong>uro, a<strong>do</strong>tou um princípio -<br />

os Advoga<strong>do</strong>s Trabalhistas que estão neste<br />

plenário podem me corrigir nas minhas<br />

deficiências, pois confesso as dificuldades que<br />

sempre tive desde a graduação com o Direito <strong>do</strong><br />

Trabalho - que considera o emprega<strong>do</strong> um<br />

hiposuficiente. A hiposuficiência significa que o


2156 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

processo <strong>do</strong> trabalho reconhece que o emprega<strong>do</strong><br />

ocupa um lugar material e economicamente<br />

inferior ao emprega<strong>do</strong>r. O princípio da<br />

hiposuficiência facilita a defesa de direitos <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong> em juízo. Se o emprega<strong>do</strong> vai, por<br />

exemplo, deduzir o pagamento de hora extra em<br />

juízo, tal como o Código de Defesa <strong>do</strong><br />

Consumi<strong>do</strong>r prevê, o Juiz pode - dependen<strong>do</strong> das<br />

circunstâncias, <strong>do</strong>s elementos no caso - facilitar<br />

a defesa <strong>do</strong> direito, inclusive eventualmente<br />

inverten<strong>do</strong> o princípio <strong>do</strong> ônus da prova. De<br />

maneira que, por exemplo, se um emprega<strong>do</strong><br />

quer discutir as horas extras que ele trabalhou e<br />

não recebeu, o emprega<strong>do</strong>r vai ter que provar<br />

que pagou todas as horas trabalhadas.<br />

Depois surge, com a Constituição de<br />

1934, uma outra política de ação afirmativa, essa<br />

na marinha mercante e na navegação de<br />

cabotagem no Brasil, que previa que <strong>do</strong>is terços<br />

<strong>do</strong>s proprietários, arma<strong>do</strong>res e comandantes de<br />

navios, além <strong>do</strong>s tripulantes, deveriam ser<br />

nacionais. Em 1934, a Constituição de 34, a<br />

democrática, a<strong>do</strong>tou um princípio de ação<br />

afirmativa, agora na marinha mercante e na<br />

navegação de cabotagem.<br />

Em 1968, o Brasil a<strong>do</strong>tava a Lei <strong>do</strong> Boi.<br />

Alguns aqui vão se lembrar. Faz tempo que não<br />

se fala nela, mas temos que resgatá-la. Eu vou<br />

ler só o Artigo 1º para vocês da Lei <strong>do</strong> Boi, em<br />

1968.<br />

“Os estabelecimentos de ensino<br />

médio, agrícola e as escolas<br />

superiores de agricultura e<br />

veterinária, manti<strong>do</strong>s pela União,<br />

reservarão, anualmente, de<br />

preferência cinqüenta por cento<br />

de suas vagas a candidatos,<br />

filhos de agricultores...”<br />

Em 1968. Alguns, uma parte <strong>do</strong>s que<br />

estão aqui, ainda não haviam nasci<strong>do</strong>s.<br />

“...ou filhos destes, proprietários<br />

ou não de terras, que residam<br />

com suas famílias na zona rural;<br />

e trinta por cento a agricultores<br />

ou filhos destes, proprietários ou<br />

não de terras que residam em<br />

cidades ou vilas que não<br />

possuam estabelecimento<br />

médio.”<br />

Porque, às vezes, eu ouço falar por ai<br />

Presidente, que essa questão de quota e tal, até<br />

alguns opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> direito, esforça<strong>do</strong>s, leram<br />

agora uma parte da Constituição, estudaram um<br />

pouquinho da história <strong>do</strong> direito no Brasil, como<br />

se isso representasse uma grande novidade no<br />

Brasil. Para alguém como eu, que já teve a<br />

oportunidade de estudar o primeiro livro da<br />

Bíblia, o Livro de Gêneses, é uma passagem que<br />

os lingüistas se interessam muito por ela, porque<br />

o texto, mais ou menos, diz o seguinte: “ que no<br />

início era o verbo”. Esta frase significa,<br />

fundamentalmente, no contexto contemporâneo,<br />

que a palavra adquire uma importância tão<br />

grande para a experiência humana, que um fato<br />

ou um fenômeno não existe se não houver uma<br />

palavra para designá-lo. Poderíamos, com base<br />

nessa passagem bíblica, designar e declarar ao<br />

mun<strong>do</strong> que trinta e quatro anos, antes <strong>do</strong><br />

Presidente Lin<strong>do</strong>n Jhonson, aprovar um decreto<br />

instituin<strong>do</strong> políticas de ação afirmativa nos<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o Brasil a<strong>do</strong>tava políticas de<br />

ação afirmativa aqui. No início era o verbo.<br />

Estamos dizen<strong>do</strong> que o inventou políticas de<br />

ação afirmativa. E, ao invés de ficarmos<br />

acreditan<strong>do</strong> que o Brasil é uma espécie de<br />

quintal <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, que vive tentan<strong>do</strong><br />

imitar experiências americanas, poderíamos até<br />

patentear a ação afirmativa e cobrar na<br />

Organização Mundial <strong>do</strong> Comércio, que os<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s ressarci o Brasil por ter imita<strong>do</strong><br />

lá em 1965, as políticas de ação afirmativa.<br />

Apenas a ignorância ou a má fé<br />

explicam que alguns juristas que pretendem falar<br />

sobre o tema de ação afirmativa, comecem<br />

falan<strong>do</strong> de ação afirmativa, referin<strong>do</strong>-se à<br />

experiência norte-americana; porque um estu<strong>do</strong><br />

miseravelmente deti<strong>do</strong> da experiência jurídica<br />

brasileira, melhorará a nossa auto-estima ao<br />

apontar que esse é um produto nacional. Agora,<br />

poderíamos aproveitar algumas medidas <strong>do</strong><br />

Governo Lula, dentre as quais patentear a<br />

cachaça, um produto nacional que não havia si<strong>do</strong><br />

patentea<strong>do</strong> ainda, e patentear as ações<br />

afirmativas. Quem quiser implantar ação<br />

afirmativa, tem que pagar uma espécie de<br />

royalties para o Brasil.<br />

Quan<strong>do</strong> estava preparan<strong>do</strong> os memoriais<br />

- ainda eu era advoga<strong>do</strong>, porque há três dias não<br />

exerço a profissão, por hora, enquanto não sair<br />

da função pública; - para o Supremo, me recusei<br />

a falar sobre a experiência americana. Porque


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2157<br />

ação afirmativa; o Brasil tem, inclusive, com a<br />

Justiça <strong>do</strong> Trabalho; e podemos ver que a ação<br />

afirmativa não se reduz à quota, se pode ter uma<br />

ação afirmativa como <strong>do</strong> hiposuficiente que é<br />

uma ação afirmativa de natureza processual.<br />

Depois vem a Constituição de 1988, com<br />

o que significou de consolidação institucional <strong>do</strong><br />

processo de redemocratização <strong>do</strong> país. Os<br />

movimentos sociais se mobilizaram<br />

vigorosamente para inscrever na Constituição<br />

suas demandas, e, inclusive o movimento negro.<br />

Lembro bem. Em 1986, fizemos uma convenção<br />

em Brasília denominada: “O Negro e a<br />

Constituinte”. E havia uma série de propostas<br />

que o movimento negro endereçou aos<br />

constituintes. Alguns constituintes notáveis<br />

como a Srª. Deputada Benedita da Silva, à<br />

época, e o Sr. Deputa<strong>do</strong> Carlos Alberto de<br />

Oliveira, o CAO, autor da Lei n° 776, e vários<br />

outros parlamentares que sensibiliza<strong>do</strong>s com as<br />

demandas <strong>do</strong> movimento negro, trabalharam<br />

para que a Constituição vigente pudesse<br />

inscrever demandas que a interlocução social da<br />

população negra no Brasil, apresentava.<br />

Da Constituição para cá, o Brasil vem<br />

a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> diferentes modalidades de ação<br />

afirmativa. O Código de Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r<br />

prevê a possibilidade de inversão <strong>do</strong> ônus da<br />

prova.<br />

Os senhores sabem que o Direito é uma<br />

disciplina que tem paixão pela palavra. O Direito<br />

chama aquele carrinho de cachorro quente<br />

instala<strong>do</strong> na porta da faculdade, de<br />

estabelecimento comercial. Se a pessoa compra<br />

um cachorro quente naquele estabelecimento<br />

comercial e acontece uma tragédia com ela por<br />

ingerir um produto que não estava em condições<br />

de ser consumi<strong>do</strong>, no lugar dela provar que o<br />

produto que ela consumiu não estava em<br />

condição de ser consumi<strong>do</strong>, o fornece<strong>do</strong>r, no<br />

caso o <strong>do</strong>no <strong>do</strong> estabelecimento, <strong>do</strong> carrinho, é<br />

que tem que provar que ele ofereceu um produto<br />

em condições de consumo. É o princípio da<br />

inversão <strong>do</strong> ônus da prova; que facilita muito a<br />

defesa no Direito em Juízo, quan<strong>do</strong> alguém vai<br />

ao Judiciário pleitear o direito.<br />

A Lei n° 8.213 que regulamentan<strong>do</strong> a<br />

Constituição previu quotas para os porta<strong>do</strong>res de<br />

deficiência no setor priva<strong>do</strong>, é a Lei de Custeio<br />

da Previdência Social; a Lei n° 8.212 que fixou<br />

quotas para os porta<strong>do</strong>res de deficiência no setor<br />

público; a Lei n° 8.666, a famosa, <strong>do</strong>s<br />

publicistas, o Dr. José Arimatéa Campos Gomes<br />

a conhece de cor e saltea<strong>do</strong> como se diz em<br />

Minas Gerais, que previu a possibilidade da<br />

inexigibilidade ou da dispensa da licitação,<br />

quan<strong>do</strong> a concorrente é uma associação de<br />

porta<strong>do</strong>res de deficiência; a Lei n° 9.504 que<br />

disciplina a Lei Eleitoral, que previu quotas para<br />

as mulheres nas candidaturas partidárias.<br />

Por exemplo, em São Paulo, nunca ouvi<br />

falar que a ex-prefeita Marta Suplicy foi eleita<br />

por favor <strong>do</strong>s homens e nunca ouvi falar que<br />

teria si<strong>do</strong> discriminada como prefeita porque tem<br />

uma lei que facilita o acesso das mulheres às<br />

candidaturas partidárias. O que sempre ouvi falar<br />

é que a estrutura partidária no Brasil é tão<br />

absolutamente machista que se não fosse uma lei<br />

que impulsionasse a presença feminina nas listas<br />

partidárias, elas continuariam sub-representadas<br />

nos cargos eletivos no Brasil.<br />

Portanto, além desse aspecto histórico,<br />

que situa o Brasil como inventor das ações<br />

afirmativas, há um aspecto contemporâneo. O<br />

Brasil vem a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> diferentes modalidades de<br />

ação afirmativa: num contrato público quan<strong>do</strong><br />

privilegia uma associação de porta<strong>do</strong>res de<br />

deficiência, no setor público quan<strong>do</strong> prevê cotas<br />

para porta<strong>do</strong>res de deficiência, no setor priva<strong>do</strong>,<br />

ação afirmativa de natureza processual quan<strong>do</strong><br />

facilita a defesa <strong>do</strong>s direitos <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r em<br />

juízo. E o interessante é que nunca vi nenhuma<br />

comoção contra essas políticas de ação<br />

afirmativa.<br />

Notem bem, desde 1931 podemos falar<br />

de ação afirmativa para o trabalha<strong>do</strong>r nacional,<br />

política de ação afirmativa para os filhos <strong>do</strong>s<br />

agricultores que estavam naquela “Lei <strong>do</strong> Boi”<br />

de 1968, política de ação afirmativa para os<br />

porta<strong>do</strong>res de deficiência, para as mulheres. Até<br />

aí o Brasil ia em paz e em ordem. Quan<strong>do</strong> os<br />

negros começaram a pleitear que uma mesma<br />

política a<strong>do</strong>tada no Brasil desde 1931, contra<br />

qual o Supremo jamais emitiu qualquer opinião<br />

contrária, fosse aquele mesmo princípio aplica<strong>do</strong><br />

aos negros, aí vários zelosos opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

direito vêm argüir a constitucionalidade de algo.<br />

Se a gente fosse utilizar o Carlos<br />

Maximiliano, importante intérprete, alguém que<br />

quan<strong>do</strong> lecionava Interpretação meus alunos<br />

tinham que ler obrigatoriamente, ele diria:<br />

“Olha, esse negócio está aí há tanto tempo e tem<br />

da<strong>do</strong> certo, que é melhor deixarmos <strong>do</strong> jeito que<br />

está”. Quer dizer, o mesmo princípio a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>


2158 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

para qualquer outro segmento, parece que<br />

quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> aos negros gera um problema<br />

nacional.<br />

Tem nome isso. Essa súbita reação é<br />

possível de ser explicada. É porque o país é um<br />

país que discrimina. Porque digamos que o<br />

Supremo dissesse, nessa ação que discute a<br />

constitucionalidade das cotas nas universidades<br />

públicas <strong>do</strong> Rio de Janeiro, que elas não<br />

poderiam aplicar a política de ação afirmativa<br />

porque tratar-se-ia de uma política contrária à<br />

Constituição, imediatamente, obviamente, todas<br />

essas outras experiências de ação afirmativa<br />

cairiam por terra. Este é um <strong>do</strong>s problemas que<br />

decorreriam da negativa <strong>do</strong> Supremo para<br />

políticas de inclusão racial no ensino público no<br />

Brasil. Mas há outros.<br />

O Brasil pleiteia, com muito entusiasmo<br />

às vezes, um lugar no Conselho de Segurança<br />

das Nações Unidas. Desde 1968 o Brasil é<br />

signatário de uma série de trata<strong>do</strong>s<br />

.internacionais que prevêem ações afirmativas.<br />

Portanto, o pleito brasileiro também sairia<br />

enfraqueci<strong>do</strong> junto a ONU se o Brasil tivesse<br />

que abrir mão, que denunciar trata<strong>do</strong>s<br />

internacionais importantes que desde os anos 60<br />

já prevêem políticas de ações afirmativas.<br />

Mas há quem diga, afasta<strong>do</strong> o aspecto<br />

jurídico, que a ação afirmativa faz cair o nível da<br />

universidade. Talvez pudéssemos falar um pouco<br />

sobre essa questão <strong>do</strong> nível. Primeiro que alguns<br />

aqui, que são “malungos”, como se diz em<br />

Minas Gerais, têm a mesma idade que eu e há os<br />

que são mais velhos, lembram-se bem que nos<br />

anos 80 o critério para acesso à universidade no<br />

Brasil não era da nota de corte, como é hoje; era<br />

por lista de chamada. Então, tinha a primeira<br />

chamada, a segunda chamada, a terceira<br />

chamada, a quarta chamada. Eu mesmo entrei na<br />

quarta chamada.<br />

É óbvio que quem entrou na quarta<br />

chamada teve uma nota inferior a quem entrou<br />

na primeira chamada. Digamos que quem tenha<br />

entra<strong>do</strong> na primeira chamada tenha tira<strong>do</strong> entre<br />

oito e nove. Quem entrou na quarta chamada,<br />

como foi meu caso, ficou ali no seis e meio, mas<br />

entrou. Nunca ouvi falar que quarta chamada<br />

faria cair o nível da universidade no Brasil. Ou<br />

seja, não é porque o sujeito tem um desempenho<br />

no vestibular, que não é de nível de excelência,<br />

que vai comprometer o desempenho dele em<br />

sala.<br />

Aliás, isto é muitíssimo interessante.<br />

Não sei se vocês já viram um trabalho feito com<br />

estudantes cotistas das universidades estaduais<br />

<strong>do</strong> Rio de Janeiro, que prova o seguinte: meninas<br />

e meninos negros, que não chegam nas<br />

universidade em carros reluzentes e<br />

acompanha<strong>do</strong>s de segurança, que muitas vezes<br />

chegam de chinelo e sem saber se terão dinheiro<br />

para almoçar, têm um desempenho similar e em<br />

alguns casos superior aos que chegam de carros<br />

reluzentes nas universidades.<br />

A etimologia da palavra vestibular.<br />

Vestibular quer dizer o que vem antes. Vocês<br />

sabem que o direito tem uma especial predileção,<br />

às vezes, pelo pedantismo. O processo formalista<br />

tem to<strong>do</strong> um charme no emprego de palavras<br />

nem sempre inteligíveis pela média da<br />

população. Fala-se em petição inicial, em peça<br />

preambular, exordial, especialmente mais<br />

glamorosa, e peça vestibular, porque vestibular é<br />

o que vem antes. O vestibular é a ante-sala <strong>do</strong><br />

ensino superior.<br />

Até 1950 havia no Esta<strong>do</strong> de São Paulo<br />

leis que dificultavam o acesso da população<br />

negra à educação básica, isso comprova<strong>do</strong> por<br />

um historia<strong>do</strong>r. Então, estamos falan<strong>do</strong>, pelo<br />

menos em São Paulo, que há cinqüenta e cinco<br />

anos haviam normas, algumas informais, mas<br />

elas existiam, que impediam o acesso da<br />

população negra à educação básica.<br />

Cinqüenta e cinco anos depois alguém<br />

quer falar em mérito, quan<strong>do</strong> pego um<br />

grupamento que até há cinqüenta e cinco tinha<br />

dificuldade de acesso à educação básica e quero<br />

que esse grupamento tenha o mesmo<br />

desempenho de um outro que está in<strong>do</strong> para a<br />

universidade européia há quinhentos anos. E<br />

querem pretender chamar isto de sistema<br />

meritocrático.<br />

O que os da<strong>do</strong>s da UERJ comprovam<br />

tem a ver com a quarta chamada que eu dizia.<br />

Não há correspondência entre o desempenho na<br />

ante-sala e o desempenho em sala.<br />

Tem uma outra questão, que às vezes<br />

tenho ouvi<strong>do</strong> por aí, que é o mais novo dilema<br />

nacional, que é saber quem é negro no Brasil.<br />

Alguns biólogos estão se dedican<strong>do</strong> a isto. Já<br />

“sacaram” que a humanidade é afrodescendente.<br />

Então os chineses, se viessem para o Brasil,<br />

poderiam também pleitear cotas, porque<br />

poderiam se apresentar como afrodescendentes.<br />

Agora virou um dilema. O que vão fazer? Parece


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2159<br />

que sempre quan<strong>do</strong> foi para discriminar não<br />

havia problema para definir quem era negro.<br />

Mas agora é complica<strong>do</strong>, é problemático e tal.<br />

O Brasil é signatário de acor<strong>do</strong> de<br />

cooperação científica e tecnológica desde os<br />

anos 70 com países africanos. Estudantes<br />

africanos vêm para o Brasil sem vestibular. São<br />

seleciona<strong>do</strong>s nos seus países de origem, não<br />

passam pelo vestibular e vem para o Brasil e<br />

freqüentam algumas das melhores universidades<br />

públicas.<br />

Nunca ouvi falar, digamos que possa<br />

haver uma dúvida sobre o professor Joaquim<br />

Beato seja um negro retinto, puro. A cor da pele<br />

não é exatamente retinto, etc. mas em geral os<br />

africanos que vêem para o Brasil são retintos,<br />

não há dúvidas de que são indiscutivelmente<br />

negros. Eles não fazem vestibular, vem para cá e<br />

nunca ouvi dizer que o fato de ser preto legítimo<br />

e entrar na universidade sem vestibular, faça cair<br />

o nível da universidade.<br />

Porque o desempenho é o desempenho<br />

em sala de aula, é o desempenho que Daiane <strong>do</strong>s<br />

Santos tem nas quadras. Lembro que na minha<br />

infância ouvia dizer que os negros eram bons<br />

para os esportes que demandavam esforço físico,<br />

mas não para aqueles que demandavam precisão<br />

de movimentos.<br />

Mas a Daiane está aí. Não temos um<br />

Tiger Woods, porque o golfe não faz tanto<br />

sucesso no Brasil. Com certeza o Dr. José<br />

Arimatéa Campos Gomes é um <strong>do</strong>s privilegia<strong>do</strong>s<br />

deste Esta<strong>do</strong> a freqüentar campos de golfe. Eu só<br />

fui uma vez por mera coincidência.<br />

Não temos um Tiger Woods mas temos<br />

uma Daiane <strong>do</strong>s Santos para provar que os<br />

negros podem qualquer coisa. As irmãs tenistas<br />

Serena e Venus Willians.<br />

Portanto, esta idéia de que o<br />

desempenho na ante-sala determina o<br />

desempenho em sala é uma idéia falaciosa, que<br />

não encontra sustentação e nenhum indica<strong>do</strong>r de<br />

todas as pesquisas que têm si<strong>do</strong> feitas de<br />

ingresso de negros e brancos no vestibular.<br />

Há ainda uma outra questão. Se é<br />

possível admitir critica ao serviço público no<br />

Brasil, em geral o serviço público, ensino<br />

superior é ti<strong>do</strong> como um serviço público de<br />

excelência no Brasil. A arrecadação, a receita<br />

pública no Brasil é bancada fundamentalmente<br />

pelos chama<strong>do</strong>s impostos indiretos, <strong>do</strong>is terços<br />

da arrecadação pública no.<br />

Então, a empregada <strong>do</strong> Sr. Antônio<br />

Ermínio de Moraes quan<strong>do</strong> compra uma caixa de<br />

fósforo num boteco de esquina, no bairro onde<br />

mora paga, embuti<strong>do</strong> naquela caixa de fósforo, o<br />

mesmo preço que o Sr. Antônio Ermínio de<br />

Moraes paga num boteco para tomar um café, no<br />

centro da cidade de São Paulo. Esse dinheiro é<br />

que mantém o serviço público no Brasil.<br />

Quan<strong>do</strong> pegamos a fotografia <strong>do</strong>s alunos<br />

que freqüentam o ensino público no Brasil,<br />

nunca ninguém se incomo<strong>do</strong>u com o fato de só<br />

haverem jovens brancos nas cadeiras das<br />

universidades públicas no Brasil. Isso nunca<br />

pareceu injusto à consciência democrática<br />

brasileira. Parece que é normal que os pretos na<br />

universidade no Brasil só possam ser vigilantes.<br />

Em geral, se alguém disser: olha, está vin<strong>do</strong> o<br />

vigilante da universidade, alguém pensará logo<br />

em um negão. A cozinheira ou o bedel.<br />

Até digo, quan<strong>do</strong> se fala em acesso <strong>do</strong>s<br />

negros as universidades tem que detalhar.<br />

Porque se for para limpeza, para vigilância é<br />

cota de quase cem por cento para a negrada.<br />

(Palmas)<br />

Não acredito decididamente que as mães<br />

negras ou mães de crianças negras gerem<br />

fundamentalmente pessoas que só são capazes de<br />

desenvolver um honroso, honesto ou edificante<br />

trabalho de vigilância, de bedel ou de cozinheira.<br />

Não me parece razoável que possa ainda<br />

o Brasil assistir a essa altura o debate sobre a<br />

democratização, que o Brasil possa questionar o<br />

fato de que os jovens negros querem é acesso ao<br />

ensino. Diria, para usar uma mensagem<br />

religiosa, uma boa nova: feliz <strong>do</strong> país cujos<br />

jovens querem acesso ao ensino.<br />

O que querem os jovens negros? Querem<br />

ter a possibilidade de enfrentar um merca<strong>do</strong> cada<br />

vez mais competitivo com um grau de<br />

desvantagem menor resultante <strong>do</strong> lega<strong>do</strong><br />

histórico deste País, mas resultante também <strong>do</strong><br />

fato de que ainda hoje a educação básica no<br />

Brasil não dialoga com a população negra.<br />

Às vezes ouço alguém dizer: “não, mas a<br />

educação básica no Brasil tem escola em<br />

qualquer bairro.” É verdade, mas chama atenção<br />

o fato de que até hoje a melanina, que é um<br />

conhecimento disponibiliza<strong>do</strong> pela genética há<br />

mais de um século, não tenha chega<strong>do</strong> à<br />

educação básica. Se V. Exª perguntar a uma<br />

criança de escola pública por que os negros têm


2160 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

essa pele, por que os brancos têm esse cabelo, a<br />

criança não saberá explicar.<br />

Os psicólogos dizem que as crianças<br />

precisam explicar o mun<strong>do</strong>. Como a genética na<br />

disciplina de ciências não explica isso para as<br />

crianças, o ane<strong>do</strong>tário explica. Lembro-me das<br />

piadas que ouvi e lembro-me das piadas que meu<br />

filho ouviu e ouve ainda hoje em sala de aula.<br />

Uma delas é que to<strong>do</strong>s eram pretos; Deus<br />

man<strong>do</strong>u que to<strong>do</strong>s tomassem banho. Os brancos,<br />

como são inteligentes, cuida<strong>do</strong>sos, heróicos por<br />

patrimônio genético, tomaram banho de corpo<br />

inteiro e os negros, como seriam geneticamente<br />

inferiores, apenas botaram as palmas das mãos e<br />

<strong>do</strong>s pés e por isso só essa parte é branca.<br />

Podemos talvez imaginar o impacto<br />

sobre o equilíbrio, a inteireza, a estrutura<br />

psíquica de uma criança que é comparada<br />

diariamente na escola à condição de selvagem. É<br />

o macaco que o joga<strong>do</strong>r de futebol Grafite ouviu<br />

em campo. As crianças são particularmente<br />

diretas no que diz respeito ao que elas pensam<br />

sobre o mun<strong>do</strong> e o ane<strong>do</strong>tário no Brasil ainda<br />

insiste em destituir os negros da condição<br />

humana.<br />

Uma outra questão que os psicólogos<br />

também vêm estudan<strong>do</strong> é que até hoje o primeiro<br />

impacto que a criança negra tem na escola<br />

pública no Brasil e privada também é na<br />

condição de escravo. É óbvio que essa<br />

interpretação <strong>do</strong> que a pessoa foi no passa<strong>do</strong> é<br />

um sinaliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> que ela pode vir a ser no<br />

futuro. Se ela foi objeto da história, se ela não<br />

tem marco civilizatório nenhum que seja<br />

relevante para o mun<strong>do</strong>, se ela não tem um<br />

patrimônio jurídico e político no seu continente<br />

de origem, se ela inclusive aju<strong>do</strong>u os brancos a<br />

escravizar, se ela era dócil diante <strong>do</strong> escravismo,<br />

se afinal de contas a sua religião não é religião, a<br />

sua cultura não é cultura, isto é um sinaliza<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> que ela pode vir a ser no futuro.<br />

Portanto, o que se conta sobre o passa<strong>do</strong><br />

de um grupo para uma criança é um pouco a<br />

baliza <strong>do</strong> que se diz que ela pode vir a ser. Não é<br />

o fato de ter o equipamento público, escola, que<br />

garante uma educação que assegure a todas as<br />

crianças, negras e brancas, em iguais condições<br />

de desenvolvimento de suas potencialidades.<br />

Também não é possível dizer: “Então,<br />

vamos fazer ambas as medidas. Vamos mudar a<br />

educação básica. Vamos assegurar<br />

miseravelmente que a melanina chegue ao<br />

currículo escolar. Vamos miseravelmente pensar<br />

no discurso que a historiografia clássica no<br />

Brasil construiu sobre a condição de ser negro e<br />

ser branco no Brasil e vamos também<br />

impulsionar o acesso da juventude negra ao<br />

ensino superior.”<br />

O Brasil, com certeza, ganha em termos<br />

de talentos que muitas vezes ao invés de terem a<br />

possibilidade de se desenvolverem plenamente<br />

são talentos, empurra<strong>do</strong>s para a criminalidade,<br />

para o alcoolismo, para o vício, etc. O Brasil<br />

ainda não mediu o impacto que a experiência<br />

prolongada de uma pessoa à discriminação pode<br />

causar.<br />

Lembramo-nos de um tio que morreu de<br />

alcoolismo. A obsessão que ele tinha, no<br />

cotidiano, era explicar a sua condição racial.<br />

Éramos criança, e freqüentemente ele lembrava<br />

às pessoas nas conversas de que era um homem<br />

negro e o quanto aquilo marcava profundamente<br />

a sua relação com o mun<strong>do</strong>.<br />

Portanto, não nos parece que o Brasil<br />

perca algo. Ao contrário, parece-nos que este<br />

País ganha em muito quan<strong>do</strong> uma universidade,<br />

com a reputação da Universidade Federal <strong>do</strong><br />

Espírito Santo, o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo<br />

dispõem-se a discutir esse tema. Porque, às<br />

vezes, assusta-nos o fato de que a academia no<br />

Brasil, a universidade tem dificuldades para lidar<br />

com a dúvida.<br />

Parece que a universidade seria um<br />

espaço em que a pessoa só poderia referir-se às<br />

certezas da vida. Notem que a academia, que, a<br />

rigor, deveria ser um espaço de questionamentos,<br />

alguns pretendem tornar a academia um<br />

cemitério de idéias. Se a academia no Brasil<br />

abre-se para discutir esse tema pelo papel de<br />

liderança que ela tem no Brasil, que as<br />

universidades públicas, o papel de liderança que<br />

as universidades públicas desempenham na<br />

formação de quadro <strong>do</strong>s cidadãos, de quadros<br />

técnicos de pesquisa<strong>do</strong>res, não temos nenhuma<br />

dúvida de que daremos um grande passo no<br />

senti<strong>do</strong> de contribuir para aprofundar a<br />

democracia brasileira.<br />

Hoje, dávamos uma entrevista na<br />

companhia <strong>do</strong> professor Joaquim Beato, que nos<br />

deixou absolutamente avexa<strong>do</strong>, uma criatura<br />

com uma cultura invejável. E não pudemos dizer<br />

para o ouvinte o que podemos dizer agora.<br />

Talvez os pobres - fazen<strong>do</strong> aqui uma figura de<br />

linguagem - pudessem mandar um e-mail aos


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2161<br />

negros agradecen<strong>do</strong> ao movimento negro, pelo<br />

fato de que hoje estão entran<strong>do</strong> na universidade,<br />

porque até que o movimento negro levantasse<br />

um debate sobre o vestibular no Brasil, parecia<br />

que o vestibular “ia bem, obriga<strong>do</strong>”.<br />

Quan<strong>do</strong> o movimento negro começou a<br />

levantar o debate, não tem que entrar é pobre,<br />

então os pobres estão entran<strong>do</strong> com os pretos.<br />

Esta é a vocação solidária que os negros querem.<br />

Esta vocação solidária que os negros têm com os<br />

demais humanos vem de longe. Portanto, não<br />

nos surpreende que em geral as propostas de<br />

ação afirmativa combinam a condição de ser<br />

negro com a condição de ser pobre.<br />

Finalizamos nossa intervenção, dizen<strong>do</strong><br />

que para nós, opera<strong>do</strong>res, pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

Direito, esse debate tem um impacto<br />

extraordinário. Nunca o Direito Constitucional<br />

no Brasil se defrontou com um tema tão<br />

desafia<strong>do</strong>r.<br />

Um dia desses, fomos fazer uma palestra<br />

para constitucionalistas e nos ocorreu de<br />

comentar o seguinte: que o Brasil tem a<br />

possibilidade de romper com a síndrome <strong>do</strong><br />

Thomas Jefferson. O que é significa essa<br />

síndrome? Thomas Jefferson escreveu uma carta<br />

no final <strong>do</strong> Século XVIII que mu<strong>do</strong>u a história<br />

da democracia no Ocidente. Ela tem uma<br />

característica semântica, porque utiliza de mo<strong>do</strong><br />

farto pronomes indetermina<strong>do</strong>s que até hoje<br />

marcam as declarações de direitos: to<strong>do</strong>,<br />

qualquer, toda pessoa, ninguém.<br />

Mas, o interessante é que esse pronome<br />

indetermina<strong>do</strong> que Tomas Jefferson usou, de<br />

forma reiterada nesta carta, não alcançava os<br />

duzentos escravos <strong>do</strong>s quais era porta<strong>do</strong>r, pois<br />

era um extraordinário pensa<strong>do</strong>r da liberdade que<br />

mantinha no seu quintal duzentos negros<br />

escraviza<strong>do</strong>s.<br />

Portanto, o debate sobre a ação<br />

afirmativa é também o encontro de nós to<strong>do</strong>s,<br />

brancos e negros, com a nossa subjetividade,<br />

com a nossa capacidade de lidar com a<br />

autoridade. Mas, também é o encontro com a<br />

nossa capacidade de fazermos com que cada vez<br />

mais o que pleiteamos como bom para o mun<strong>do</strong><br />

e para as pessoas seja mais <strong>do</strong> que pleitea<strong>do</strong>, seja<br />

pratica<strong>do</strong> por nós no cotidiano. (Muito bem!)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – A Presidência registra, com<br />

satisfação, a presença, nesta Casa, da Sr.ª<br />

Deputada Brice Bragato.<br />

Convi<strong>do</strong>-a para compor a Mesa,<br />

representan<strong>do</strong> as mulheres, apesar de estar ao<br />

la<strong>do</strong> de seu mari<strong>do</strong>. (Pausa)<br />

Depois dessa tão rica e poderosa<br />

explanação, conceitualmente tu<strong>do</strong> muito bem<br />

coloca<strong>do</strong>, abriremos para o debate, para as<br />

interrogações e questionamentos fundamentais<br />

para este Parlamento. Mais <strong>do</strong> que respostas,<br />

estamos levantan<strong>do</strong> as questões fundamentais<br />

desse debate.<br />

Vamos aproveitar a presença <strong>do</strong><br />

Professor Joaquim Beato, que com certeza nos<br />

ensinará muito, tal como a bela explanação que<br />

fez.<br />

Agradecemos muito a presença de to<strong>do</strong>s<br />

que estão compon<strong>do</strong> a Mesa: os representantes<br />

da Universidade, <strong>do</strong> Ministério Público, da<br />

OAB, da Igreja, <strong>do</strong> Movimento Negro; da<br />

Defensoria Pública; <strong>do</strong>s Professores <strong>do</strong>s cursos<br />

de Filosofia, Enfermagem e História da<br />

Universidade Federal <strong>do</strong> Espírito Santo. Enfim,<br />

de to<strong>do</strong>s aqueles que estão neste debate e que o<br />

enriquecem com suas presenças e com suas as<br />

idéias.<br />

O SR. GILBERTO BATISTA<br />

CAMPOS – Sou militante <strong>do</strong> Movimento Negro<br />

e sabemos que o fundamentalismo étnico deste<br />

País é o principal indutor das discriminações que<br />

existem. Inventam-se mil argumentos:<br />

meritocracia, baixa qualidade, quan<strong>do</strong> o negro<br />

ingressar. Gostaríamos que o senhor abordasse<br />

<strong>do</strong>is aspectos fundamentais: o que a<br />

Universidade ganha com o ingresso <strong>do</strong> negro,<br />

uma vez que levará grandes novidades no que<br />

diz respeito a novos conceitos e visões de<br />

mun<strong>do</strong>? Um outro ponto que gostaríamos que<br />

comentasse é sobre o aspecto constitucional de<br />

igualdade para to<strong>do</strong>s, se a igualdade de<br />

oportunidade que as ações afirmativas<br />

proporcionam não cabe nesse princípio<br />

constitucional de direitos e igualdades para<br />

to<strong>do</strong>s?<br />

O SR. LUIZ CARLOS DE<br />

OLIVEIRA - Sou <strong>do</strong> Centro da Cultura Negra e<br />

também membro <strong>do</strong> Fórum Estadual de Entidade<br />

Negra no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Professor Hedio Silva é um companheiro<br />

de luta. Organizamos a marcha em 1995;<br />

trezentos anos de Zumbi - e vem a outra -


2162 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

trezentos anos mais dez, em novembro. Por isso<br />

já estamos ocupan<strong>do</strong> os espaços, não é<br />

professor?<br />

Professor, em vários setores defendemos<br />

que a diversidade é uma riqueza para o Brasil e<br />

para a universidade. Estamos participan<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

planejamento estratégico da UFES, colocamos<br />

bastante essas questões, também colocamos a<br />

dificuldade que encontramos de colocar a<br />

questão ética-racial. Então, temos um trabalho<br />

muito grande no Brasil para colocar essa questão<br />

ética racial, que vai até o ético cultural. Daí para<br />

frente..., o professor Carlos Vinícius Costa de<br />

Men<strong>do</strong>nça participa comigo, sabe muito a<br />

respeito da dificuldade que tive lá, até com ele<br />

mesmo, debaten<strong>do</strong> bem esta questão. Estamos<br />

avançan<strong>do</strong> na discussão das ações afirmativas,<br />

da cota. Estamos in<strong>do</strong>, o movimento está<br />

crescen<strong>do</strong>, já estamos ganhan<strong>do</strong> um outro setor<br />

da sociedade, o que é muito importante. Mas,<br />

acho que precisamos resgatar o kilombo, juntos,<br />

porque sinto uma resistência ruralista eliteconserva<strong>do</strong>ra<br />

que realmente tenta, de toda forma,<br />

impedir que esses nossos afrodescendentes de<br />

interior tenham cidadania dentro dessas<br />

cidadezinhas de interior. Essa elite racista,<br />

violenta, tenta impedir porque acha que o negro<br />

vai começar ter estato no interior.<br />

Precisamos ver, juridicamente, como<br />

entrar nas ações... Temos que resolver logo essa<br />

questão <strong>do</strong>s kilombos, juntos, porque essa nossa<br />

de cotas é irreversível. Mas, precisamos resolver<br />

logo a questão <strong>do</strong>s kilombos. Até que há anos,<br />

quan<strong>do</strong> os companheiros <strong>do</strong> movimento falavam,<br />

não dava muito peso à questão <strong>do</strong> kilombo, mas<br />

passei a entender, como muitos brancos estão<br />

enten<strong>do</strong>, a necessidade de que ele tem de ações<br />

afirmativas de cotas para negro, também aprendi<br />

dentro <strong>do</strong> movimento. Resolver a questão <strong>do</strong><br />

kilombo é fundamental para nós militantes de<br />

entidade <strong>do</strong> movimento negro.<br />

Gostaria que o Sr. Hedio Silva se<br />

pronunciasse a esse respeito.<br />

O SR. AMILCAR DE FREITAS - Sou<br />

estudante da Universidade Federal <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo, membro da Comissão Pró-Cotas<br />

da UFES.<br />

O Sr. Luiz Carlos de Oliveira se<br />

manifestou sobre kilombos. Falarei sobre um<br />

tema um pouco diverso, mas que também está<br />

relaciona<strong>do</strong> à questão racial.<br />

Fiquei feliz em saber que o professor<br />

estará à frente da Secretaria de Justiça, em São<br />

Paulo. Talvez poderá dar uma luz,<br />

principalmente na questão das Febems, em São<br />

Paulo.<br />

Gostaria de questionar sobre a relação,<br />

se houver, entre o racismo e os índices altos de<br />

criminalidade. No Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo<br />

temos sofri<strong>do</strong> bastante. Saiu, recentemente uma<br />

pesquisa <strong>do</strong> IPEA, colocan<strong>do</strong> as quatro maiores<br />

cidades da Região Metropolitana de Vitória entre<br />

as dezesseis cidades <strong>do</strong> Brasil com maior índice<br />

de mortalidade por homicídio. Se o senhor<br />

puder, gostaria que fizesse uma relação entre o<br />

racismo e a criminalidade, e como um processo<br />

de ação afirmativa poderia, se é que poderia,<br />

reverter essa situação?<br />

O SR. OLAVO FAVORITO ALVES –<br />

Sou estudante da rede pública, membro da<br />

Universidade Para To<strong>do</strong>s, projeto Pré-vestibular<br />

da UFES.<br />

Gostaria de saber se um aluno branco<br />

que foi reprova<strong>do</strong> no vestibular <strong>do</strong> ITA, <strong>do</strong> IME,<br />

um centro de excelência, fosse inseri<strong>do</strong> nessas<br />

universidades, isso levaria a baixar o nível da<br />

universidade?<br />

A SRA. ARIENE CELESTINO<br />

MEIRE – Não tenho pergunta, só vim<br />

representar as crianças negras que foram<br />

mencionadas pelos professores Joaquim Beato e<br />

Hedio Silva.<br />

Trabalho com crianças negras e brancas,<br />

mas principalmente com crianças negras, na<br />

Secretaria Municipal de Educação de Vitória.<br />

Essas crianças negras terão muito orgulho de ver<br />

essas pessoas que estão nos representan<strong>do</strong> aqui<br />

hoje, a família Car<strong>do</strong>so, o Padre Dário Ferreira<br />

da Silva, referências que não tive. Fui chamada<br />

de “macaca”, tinha muita vergonha de mim. As<br />

crianças negras de hoje têm em vocês e em nós<br />

que estamos aqui, referência.<br />

Digo de novo uma coisa que já falei<br />

neste microfone. Queremos enegrecer este<br />

espaço e vamos conseguir, com mulheres negras<br />

também.<br />

A SRA. NELMA MONTEIRO – Sou<br />

professora, <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> da segunda turma de<br />

Doutora<strong>do</strong> da UFES, estudan<strong>do</strong> a questão racial.<br />

Nos meus estu<strong>do</strong>s sobre a questão racial<br />

percebo, e gostaria que você também abordasse


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2163<br />

um pouco a origem histórica <strong>do</strong> racismo. O<br />

racismo, pelo que tenho li<strong>do</strong>, surge nos finais <strong>do</strong><br />

século XVIII, início <strong>do</strong> século XIX, e perpetua<br />

até os dias de hoje. O primeiro ponto é esse.<br />

O segun<strong>do</strong> ponto é em relação às cotas,<br />

muito bem observa<strong>do</strong> historicamente e<br />

conceitualmente por você. Você fez uma<br />

observação sobre a questão das cotas para as<br />

mulheres. Está na hora de nós, mulheres,<br />

entrarmos em uma luta para aumentar o número<br />

de cotas nos parti<strong>do</strong>s. Somos, segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> IBGE, majoritariamente, numericamente<br />

falan<strong>do</strong>, mais <strong>do</strong> que os homens. Precisamos não<br />

de trinta por cento de cotas para as mulheres,<br />

mas de cinqüenta por cento. Não só cotas no<br />

aspecto numérico, mas também no aspecto<br />

financeiro. Não adianta ter cotas se na hora de<br />

distribuir o dinheiro da campanha os homens<br />

ficam com a bolada e as mulheres ficam na<br />

dificuldade. Que essa repartição seja igual.<br />

Sobre a questão da Lei 10.639, gostaria<br />

que você tecesse um pouco sobre a mesma.<br />

Queria dizer aos Deputa<strong>do</strong>s, na pessoa <strong>do</strong><br />

Presidente desta Casa, Sr. César Colnago, da<br />

necessidade deste Esta<strong>do</strong>, na pessoa <strong>do</strong><br />

Secretário de Educação, de realmente assumir a<br />

obrigatoriedade da Lei 10.639, para que saia <strong>do</strong><br />

papel. Sabemos que esta Lei propiciará a<br />

discussão, o entendimento, as informações<br />

corretas sobre a África, sobre a história da<br />

população afro-brasileira. É muito interessante<br />

que esta Lei saia <strong>do</strong> papel.<br />

Finalmente, sobre a questão das cotas<br />

nas universidades. Parece-me que tem alguém da<br />

Reitoria aqui presente. É muito interessante que<br />

esta Lei das cotas saia <strong>do</strong> papel também na<br />

Universidade. Queremos que no vestibular de<br />

2006 tenhamos negros e negras participan<strong>do</strong><br />

através das cotas. Então, é um apelo e uma<br />

exigência que fazemos, porque não dá para<br />

esperar para 2007 essa questão ser observada.<br />

Muito obrigada!<br />

O SR. ANDRÉ TAQUETTI – Boanoite.<br />

Sou jornalista da Associação <strong>do</strong>s Docentes<br />

da UFES.<br />

Acho importante a questão da discussão<br />

sobre cotas, principalmente porque como exestudante,<br />

acabei de me formar, na minha turma<br />

a minoria era negra e, ainda assim, era uma das<br />

turmas em que se via mais negros na<br />

Universidade. Inclusive, se você colocar os<br />

cursos que são mais concorri<strong>do</strong>s como os de<br />

Direito, Medicina, O<strong>do</strong>ntologia, você vê que tem<br />

um ou <strong>do</strong>is negros e olhe lá!<br />

A pergunta que direciono é para o Grupo<br />

Pró-Cotas, pois a discussão sobre as cotas está<br />

abrangen<strong>do</strong> outros grupos também. Gostaria de<br />

saber se está abrangen<strong>do</strong> outros grupos como os<br />

índios, os estudantes de escolas públicas, e se há<br />

alguma discussão para inclui-los em algum tipo<br />

de cota ou percentual junto com os negros.<br />

O SR. CHARLES MOTTA POSATTI<br />

JÚNIOR – Sou ex-aluno <strong>do</strong> curso de engenharia<br />

de computação, da UFES, e atual aluno <strong>do</strong> prévestibular<br />

<strong>do</strong> Centro Educacional Charles<br />

Darwin.<br />

O primeiro ponto é à respeito da<br />

diferença entre os sexos, que há no Brasil. Li um<br />

da<strong>do</strong> na “Folha de São Paulo” que diz que o<br />

Brasil é o qüinquagésimo primeiro, <strong>do</strong>s sessenta<br />

países analisa<strong>do</strong>s, em termos de diferença entre<br />

os sexos, ou seja, na questão da mulher e na<br />

questão <strong>do</strong> homem, há muitas diferenças.<br />

O segun<strong>do</strong> ponto, é saber como o Brasil<br />

ou as entidades poderiam avaliar esse assunto a<br />

respeito de diminuir essas divergências. Outro<br />

ponto interessante que gostaria de frisar, é que<br />

<strong>do</strong>mingo passa<strong>do</strong>, ao abrir o jornal pela manhã,<br />

que fiquei saben<strong>do</strong> dessa palestra. O jornal dizia:<br />

“Cotas para negros – 52% no Vest-UFES 2006”<br />

tomei um susto!<br />

Represento uma escola que “poucos”<br />

têm acesso aqui no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo e o<br />

número de negros na sala de aula dá para contar<br />

nos de<strong>do</strong>s. Não preenche os dez de<strong>do</strong>s, e somos<br />

em entorno de duzentos alunos.<br />

É interessante notar que no meu curso de<br />

Engenharia de Computação haviam <strong>do</strong>is negros:<br />

um da África <strong>do</strong> Sul, um excelente aluno, e o<br />

outro um colega vin<strong>do</strong> de escola pública.<br />

Engenharia de Computação é um curso muito<br />

concorri<strong>do</strong> na UFES.<br />

Se ocorrer o sistema de cotas na UFES,<br />

como seria? Racial, social? Como seria<br />

defini<strong>do</strong>?<br />

A SRA. MARZÍLIA AUXILIADORA<br />

DA SILVA – Sou <strong>do</strong> Grupo de Mulheres Negras<br />

Oborindudu, faço parte <strong>do</strong> Fórum de Entidades<br />

Negras <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo e estou<br />

atualmente representan<strong>do</strong> a Prefeitura, Gênero e<br />

Raça. Sou Gênero e o companheiro de Raça<br />

também está presente.


2164 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

Gostaria que o senhor falasse mais sobre<br />

a questão da mulher, das dificuldades que<br />

encontramos principalmente na questão da<br />

educação. Já foram feitas várias colocações. A<br />

professora Nelma Monteiro fez sua colocação, e<br />

gostaria que quan<strong>do</strong> o senhor fizer as suas<br />

colocações se aprofundasse mais na questão da<br />

mulher negra, principalmente na questão que o<br />

senhor colocou <strong>do</strong> Movimento Negro, das<br />

questões das cotas e outras.<br />

O SR. MARCOS VINÍCIUS DE<br />

MELO CRISTO – Sou aluno <strong>do</strong> curso de<br />

História da UFES. Achei bem interessante toda a<br />

exposição colocada aqui pelo professor Hédio<br />

Silva.<br />

Não tenho participação em nenhum<br />

grupo específico, mas sempre achei interessante<br />

essa questão, desde a primeira vez que tomei<br />

conhecimento dela nas aulas de redação para o<br />

vestibular.<br />

Quanto à questão de existirem outras<br />

cotas aprovadas, validadas pela sociedade ...<br />

Inclusive, quan<strong>do</strong> surgiu a questão <strong>do</strong> debate das<br />

cotas para negros e para pessoas de escola<br />

pública, a defesa de cotas para escola pública foi<br />

defendida porque estaria dentro de um princípio<br />

legal e fundamental, que seria da igualdade,<br />

enquanto que não teríamos na cota racial uma<br />

questão de igualdade, porque raça não chega a<br />

ser distinção esclarecida em nossa Constituição e<br />

nem é preferi<strong>do</strong> que haja uma discriminação por<br />

raça. Você qualifica as pessoas ven<strong>do</strong> que a<br />

maioria <strong>do</strong> potencial fica fora dessa esfera, quer<br />

dizer, de que raça você pertence. Seu potencial<br />

depende muito mais de características<br />

individuais.<br />

Basea<strong>do</strong> no raciocínio que tenho feito,<br />

pergunto se o nosso palestrante vê como meta<br />

das cotas, como objetivo que ela é capaz de<br />

realizar, se é mais a superação <strong>do</strong> problema que<br />

tem, essa impressão que quan<strong>do</strong> entramos na<br />

universidade, de ver lugares diferentes para<br />

brancos e negros, ou seja, lugar de branco é<br />

aprenden<strong>do</strong> com um conhecimento eleva<strong>do</strong> e de<br />

negro servin<strong>do</strong> de alguma forma ali dentro, ou se<br />

através desse aumento da participação de<br />

pessoas de etnia negra dentro da universidade<br />

tem-se uma maneira de criar maiores expoentes,<br />

pessoas que possam se destacar mais e<br />

comprovar, eliminar, de uma vez por todas, a<br />

idéia, o senso comum de que o negro tem<br />

capacidade inferior.<br />

O SR. ANTÔNIO VITOR BARBOSA<br />

DE ALMEIDA – Antes de mais nada enfatizo a<br />

importância <strong>do</strong> debate que estamos ten<strong>do</strong>. Nós<br />

que usufruímos muito da cultura negra, temos<br />

nossa base cultural negra. Como diria a poetisa<br />

brasileira Adriana Calcanhoto, “a música <strong>do</strong>s<br />

brancos é negra”. O samba, o rock, o blues,<br />

todas de descendência da batucada <strong>do</strong>s negros.<br />

Na verdade gostaria de esclarecer uma<br />

dúvida. O Professor Joaquim Beato disse, e<br />

to<strong>do</strong>s sabemos, que infelizmente a maioria <strong>do</strong>s<br />

estudantes de escola pública são negros. Se<br />

a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> somente o critério socio-econômico e<br />

de escola pública já não estaríamos atenden<strong>do</strong> ao<br />

anseio da inclusão <strong>do</strong> negro na sociedade? Se faz<br />

também necessário a <strong>do</strong> negro, a <strong>do</strong> índio e das<br />

demais etnias e raças.<br />

O SR. RUY MARCOS GONÇALVES<br />

– O Espírito Santo vive hoje um momento muito<br />

rico, a partir <strong>do</strong> momento em que realizamos<br />

uma série de conferências municipais e regionais<br />

para discutir a questão da igualdade racial,<br />

culminan<strong>do</strong> com a conferência estadual.<br />

Como o senhor analisa a grande<br />

dificuldade, às vezes até um temor extremo, <strong>do</strong>s<br />

agentes políticos brasileiros se comprometerem<br />

publicamente com a questão <strong>do</strong> negro, da<br />

igualdade e, até mesmo, com a aceitação da<br />

existência <strong>do</strong> racismo em nosso país?<br />

A SRA. ELIANE DE FÁTIMA<br />

INÁCIO – Estou na direção <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s<br />

Servi<strong>do</strong>res Públicos Municipais de Colatina e na<br />

Coordenação <strong>do</strong> Coletivo Contra o Racismo da<br />

CUT, Espírito Santo.<br />

Para nós é uma satisfação muito grande<br />

estar neste momento aqui com tantas questões<br />

que poderão ser esclarecidas.<br />

Com que olhos o palestrante ou alguém<br />

que possa nos responder, vêem a questão <strong>do</strong> Pró-<br />

UNI. Se têm falhas, onde estão?<br />

Como coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Ceert, o Sr. Hedio<br />

Silva acompanhou grandes casos de <strong>do</strong>enças<br />

voltadas com grande incidência na população<br />

negra. Como se desenvolveram esses casos, em<br />

que parâmetros se encontram hoje esses casos<br />

que o senhor tem acompanha<strong>do</strong>?


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2165<br />

O SR. ANTONIO CARLOS DO<br />

NASCIMENTO – Sou um negro em<br />

movimento.<br />

Gostaria de colocar uma questão que<br />

talvez não seja o momento, mas queria saber <strong>do</strong><br />

professor Joaquim Beato se já não é momento de<br />

pensarmos nela. Discutem-se as cotas na<br />

universidade, mas gostaria de saber se já não<br />

passou da hora de discutirmos a questão <strong>do</strong><br />

negro no merca<strong>do</strong> de trabalho.<br />

Recentemente, foi realizada em Vitória<br />

uma conferência estadual, que foi para mim um<br />

sucesso. Lá tive oportunidade de falar que há<br />

alguns anos, no início <strong>do</strong>s anos 90, eu trabalhava<br />

na empresa Usiminas, num local onde era feito o<br />

aço. O local mais agressivo. Quan<strong>do</strong> cheguei<br />

àquela empresa, em 1978, perguntei ao meu<br />

supervisor por que ali só trabalhava negro. Ele<br />

me respondeu que era um local em que o negro<br />

se adaptava devi<strong>do</strong> ao forte calor; que na África<br />

o clima era muito quente. Recentemente voltei<br />

ao mesmo local, e, por ironia <strong>do</strong> destino,<br />

encontrei só branco trabalhan<strong>do</strong>, mas em salas,<br />

ar condiciona<strong>do</strong>, painéis, computa<strong>do</strong>res. Eu não<br />

vi negro naquele local; só branco.<br />

Então, gostaria de saber <strong>do</strong> senhor se já<br />

não é o momento também de discutirmos a cota<br />

para negros no merca<strong>do</strong> de trabalho. E se já não<br />

é o momento de repensarmos e buscarmos,<br />

principalmente nas periferias, novas lideranças<br />

<strong>do</strong> movimento negro, porque sentimos que novas<br />

idéias surgem e precisamos oxigenar essa<br />

discussão.<br />

O SR. DANILO BICALHO – Boanoite<br />

a todas e to<strong>do</strong>s. Sou Coordena<strong>do</strong>r Regional<br />

da Executiva Nacional <strong>do</strong>s Estudantes de<br />

Comunicação Social. Quero trazer um pouco <strong>do</strong><br />

debate que fazemos na Executiva, sobre<br />

opressão. E, opressão engloba vários fatores:<br />

opressões de etnias, de gênero.<br />

Vemos a ação afirmativa como uma<br />

saída emergencial e importante para o momento<br />

em que vivemos, para não termos mais a<br />

universidade, por exemplo, no momento desse<br />

debate da reforma universitária, como uma mera<br />

reprodutora da nossa sociedade, mas para que<br />

tenhamos, com a inserção <strong>do</strong>s negros, das nossas<br />

classes oprimidas durante esses quinhentos anos<br />

de Brasil, uma universidade que atenda também<br />

as essas classes e de alguma forma gere<br />

conhecimentos que modifiquem a nossa<br />

sociedade.<br />

Professor Joaquim Beato, não seria o<br />

caso de, talvez pensan<strong>do</strong> um pouco<br />

utopicamente, extinguirmos os vestibulares ao<br />

invés de criarmos cotas?<br />

O SR. PRESIDENTE –( CÉSAR<br />

COLNAGO) - Antes de nosso palestrante Hédio<br />

Silva responder, o professor Santinho Ferreira de<br />

Souza também tem algumas informações<br />

importantes. Está representan<strong>do</strong> a Universidade<br />

Federal <strong>do</strong> Espírito Santo e solicitou um tempo<br />

para expor as suas informações e seus<br />

pensamentos em nome da UFES.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao professor Santinho<br />

Ferreira de Souza.<br />

O SR. SANTINHO FERREIRA DE<br />

SOUZA – A Pró-reitoria de Graduação da<br />

Universidade Federal <strong>do</strong> Espírito Santo é a<br />

unidade que necessariamente apresentará aos<br />

órgãos colegia<strong>do</strong>s superiores a proposta de<br />

adesão às cotas, não necessariamente com o viés<br />

racial, mas um modelo à Universidade.<br />

Ela vem assumin<strong>do</strong> e cumprin<strong>do</strong> o<br />

compromisso de subsidiar os órgãos colegia<strong>do</strong>s<br />

com da<strong>do</strong>s de qualidade e de quantidade, que<br />

estamos consideran<strong>do</strong> básicos e exemplares para<br />

que os órgãos superiores da Universidade<br />

possam tomar uma decisão adequada.<br />

Temos alguns da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> processo<br />

seletivo <strong>do</strong> vestibular 2005, e pedimos à<br />

professora Adriana Pereira para fazer essa<br />

explanação. Esses da<strong>do</strong>s estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s<br />

pela Comissão Pró-Cotas da UFES, além de<br />

outros que estão sen<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>s a essa<br />

Comissão para que ela possa apresentar uma<br />

proposta de <strong>do</strong>cumento bem assentada em da<strong>do</strong>s<br />

de qualidade.<br />

A SRA. ADRIANA PEREIRA – Boanoite,<br />

Dr. Hédio Silva e Sr. Presidente.<br />

Estivemos durante quase <strong>do</strong>is anos nesta<br />

Comissão, varian<strong>do</strong> um pouco de comissão,<br />

tentan<strong>do</strong> construir elementos para que<br />

pudéssemos discutir na UFES a questão das<br />

cotas.<br />

A primeira coisa que avaliamos - e foi<br />

muito noticia<strong>do</strong> no ano passa<strong>do</strong> - foi que não<br />

havia um único da<strong>do</strong> na Universidade a respeito<br />

da entrada de negros. Não dispúnhamos de da<strong>do</strong>s<br />

quanto ao número de monitores, quantos alunos


2166 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

em sala de aula e inclusive quantos aprova<strong>do</strong>s no<br />

vestibular. Uma decisão tomada, então, foi a de<br />

incluir a cor, critério que corresponderia ao<br />

IBGE, no vestibular de 2005, para termos um<br />

parâmetro de discussão na Universidade.<br />

O que encontramos neste vestibular<br />

2005 foram muitas informações. Temos to<strong>do</strong> o<br />

processo em mãos, mas tentamos resumir com<br />

algumas tabelas muito rápidas. Vamos ao<br />

resulta<strong>do</strong>: <strong>do</strong>ze mil setecentos e noventa e seis<br />

brancos inscritos, aproximadamente 50%. Eles<br />

crescem para uma aprovação de 54%. De par<strong>do</strong>s<br />

tivemos uma inscrição de 36,2%, que decrescem<br />

na aprovação para 35,4%. De pretos – eles se<br />

autodeclararam assim - 8,4% inscritos, que<br />

decresce para 5,9%. Esses seriam os primeiros<br />

da<strong>do</strong>s, a primeira aproximação, que é bastante<br />

grosseira, de aprova<strong>do</strong>s na Universidade.<br />

Passemos ao da<strong>do</strong> seguinte. O Vest-<br />

Medicina é extremamente esclarece<strong>do</strong>r, e é isso<br />

que a população quer conhecer. No vestibular de<br />

2005, 60% de brancos inscritos, na aprovação<br />

71% se autodeclararam brancos. Par<strong>do</strong>s tivemos<br />

32% de inscritos que caem para 28% aprova<strong>do</strong>s.<br />

Pretos tivemos 4,4% de inscritos e apenas um<br />

aprova<strong>do</strong>, que resulta em 1,3%.<br />

Vamos para a tabela seguinte, inscrição<br />

& sucesso, que é a porcentagem da porcentagem.<br />

Temos mais ou menos o seguinte: entre 60% <strong>do</strong>s<br />

inscritos e 71% <strong>do</strong>s aprova<strong>do</strong>s, entre os brancos<br />

a diferença é de 11%. Ou seja, cresce 11%. Isso<br />

significa um crescimento de 18% entre a<br />

inscrição e a aprovação. Com par<strong>do</strong>s e pretos<br />

temos um decréscimo para par<strong>do</strong>s da ordem de<br />

13% e de pretos da ordem de 75%. São números<br />

muito graves. Fizemos uma aproximação<br />

bastante limitada, mas que demonstra<br />

exatamente o insucesso no vestibular, tal como<br />

está formula<strong>do</strong>, dessa categoria de pessoas que<br />

se autodeclaram pardas e pretas. (Palmas)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – O Deputa<strong>do</strong> Claudio Vereza está<br />

lembran<strong>do</strong> que indígena é muito pouco.<br />

Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr. Marcos<br />

Vinicius Costa de Men<strong>do</strong>nça.<br />

O SR. MARCOS VINICIUS COSTA<br />

DE MENDONÇA – Estou nesta Casa na<br />

qualidade de Ouvi<strong>do</strong>r-Geral da UFES,<br />

representan<strong>do</strong> o Magnífico Reitor, professor<br />

Rubens Sérgio Rasseli.<br />

Adianto para os senhores que<br />

obviamente a UFES não discutirá nem vai<br />

problematizar a temática das cotas sem levar em<br />

consideração a experiência <strong>do</strong>s movimentos<br />

sociais. Esse é o entendimento <strong>do</strong>s órgãos<br />

superiores, <strong>do</strong>s centros, <strong>do</strong>s corpos <strong>do</strong>cente e<br />

discente e <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res da Universidade<br />

Federal <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

A Universidade tem cinqüenta anos, está<br />

inscrita em uma região que tem suas<br />

especificidades; a Universidade sugere visões de<br />

mun<strong>do</strong> diferenciadas; a Universidade tem claro,<br />

enquanto pública, que tem um comprometimento<br />

com os que sofrem na própria pele a<br />

insuportabilidade <strong>do</strong> sistema, e nesse senti<strong>do</strong> a<br />

etnia negra é um ator privilegia<strong>do</strong>.<br />

Por outro la<strong>do</strong> a universidade com<br />

certeza tem que discutir, como o professor<br />

sugeriu, e respeitar também as outras leituras <strong>do</strong><br />

real. Para muita gente na universidade federal,<br />

nas universidades públicas, o Brasil é um país<br />

mestiço, o racismo evidentemente existe, está<br />

claro, está coloca<strong>do</strong>, mas não podemos perder de<br />

vista que o Brasil tem uma dimensão da<br />

mestiçagem.<br />

Gilberto Freire inclusive está sen<strong>do</strong><br />

reli<strong>do</strong>, e muito bem reli<strong>do</strong>, nas universidades<br />

públicas, por setores significativos. Há<br />

segmentos significativos das universidades<br />

públicas que não querem ideologizar nem<br />

politizar excessivamente o debate.<br />

Estou dizen<strong>do</strong> que a universidade está<br />

preocupada com essa temática, acha-a relevante,<br />

e na qualidade de presidente da Comissão<br />

Própria de Avaliação da UFES em função da<br />

reforma universitária, acredito que essa temática<br />

é essencial. E não nos furtaremos a discutir com<br />

todas as tendências que estejam presentes no<br />

interior da comunidade universitária e na<br />

sociedade capixaba. (Palmas)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Conce<strong>do</strong> a palavra ao Secretário<br />

Hédio Silva, para fechar o debate. Há uma<br />

dezena de perguntas e questionamentos, muito<br />

ricos por sinal.<br />

O SR. HÉDIO SILVA – O que a<br />

universidade ganha, vou traçar uma paralelo com<br />

uma pesquisa feita há alguns anos nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s. Um economista perguntou o que as<br />

empresas norte-americanas ganhavam com as<br />

políticas de ação afirmativa pró-negros, pró-


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2167<br />

mulheres, pró-homossexuais. O resulta<strong>do</strong> da<br />

pesquisa gerou o título <strong>do</strong> relatório: “Good for<br />

business”, ou seja, “É bom para os negócios”. A<br />

conclusão foi que como o mun<strong>do</strong> é cada vez<br />

mais provoca<strong>do</strong> pela alteridade, pela diferença -<br />

os merca<strong>do</strong>s, a globalização econômica , etc -<br />

quanto mais uma instituição é capaz de<br />

contemplar a adversidade humana mais ela<br />

dialoga com as necessidades <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Afinal<br />

de contas, a adversidade é um <strong>do</strong>s maiores<br />

patrimônios da humanidade.<br />

Durante o dia nós brasileiros dialogamos<br />

com várias culturas no café, no chá, na comida<br />

chinesa, na comida árabe, no alfabeto, na língua.<br />

Portanto, a adversidade é um patrimônio da<br />

humanidade cada vez mais, e a globalização<br />

econômica exige que as instituições dialoguem<br />

com essa rica geografia de entidades culturais<br />

que caracterizam as democracias<br />

contemporâneas.<br />

Há um pensa<strong>do</strong>r contemporâneo que<br />

publicou um texto intitula<strong>do</strong> “Poderemos viver<br />

juntos?” O questionamento que ele levanta é que<br />

hoje 75% <strong>do</strong>s conflitos arma<strong>do</strong>s em curso no<br />

mun<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> a ONU, são conflitos que têm<br />

algum verniz de natureza cultural, religiosa,<br />

racial. Muito embora muitas vezes seja um<br />

verniz, pois há interesses econômicos. E um<br />

desafio para as democracias, um desafio para um<br />

projeto democrático contemporâneo é promover<br />

o respeito à pluralidade de qualquer natureza.<br />

A questão <strong>do</strong>s quilombos é fundamental.<br />

A única forma de compensação, o único<br />

instrumento efetivo de reparação que o<br />

Constituinte de 1988 registrou foram as terras<br />

das comunidades <strong>do</strong>s quilombos. Isso tem uma<br />

importância extraordinária <strong>do</strong> ponto de vista<br />

simbólico, porque os africanos escraviza<strong>do</strong>s<br />

vieram para o Brasil para trabalhar a terra,<br />

entretanto o ano em que termina o tráfico<br />

transatlântico é o ano em que o Brasil a<strong>do</strong>ta a<br />

primeira lei de terras, em 1850. Há uma<br />

historia<strong>do</strong>ra que faz um trabalho muito<br />

interessante sobre o tema.<br />

Em 1850, quan<strong>do</strong> o instituto <strong>do</strong><br />

escravismo está definitivamente condena<strong>do</strong>,<br />

alguém lembra de dificultar, para aqueles que<br />

estavam na iminência de serem libertos, o acesso<br />

à terra. Passam a burocratizar e a estabelecer<br />

uma série de exigências para o acesso à terra,<br />

portanto uma questão absolutamente<br />

fundamental.<br />

Sobre criminalidade e racismo têm duas<br />

facetas. Alguns pesquisa<strong>do</strong>res como Inácio<br />

Cano, <strong>do</strong> Rio de Janeiro, e Paulo Sérgio<br />

Pinheiro, da Universidade de São Paulo - Núcleo<br />

de Estu<strong>do</strong>s de Violência, há anos vêm<br />

trabalhan<strong>do</strong> esse tema. Uma faceta é superar<br />

uma idéia ainda <strong>do</strong> positivismo criminológico de<br />

Cesare Lombroso, de Nina Rodrigues e etc. que<br />

insiste em identificar o jovem negro com<br />

potencial criminoso. Esse é um problema grave<br />

que maus policiais ainda vejam um jovem negro<br />

como um potencial criminoso e o tratem dessa<br />

forma.<br />

Tenho três filhos. Tenho um filho<br />

biológico que é Kaiodê e tenho <strong>do</strong>is outros filhos<br />

que acabaram se tornan<strong>do</strong> filhos porque me<br />

amam como pai e eu os amo como pai. Um deles<br />

é o Daniel; aliás, <strong>do</strong>s três, é o único que optou<br />

pelo ramo <strong>do</strong> Direito e, portanto, é o que vai<br />

ficar com meus livros e com as minhas dívidas.<br />

O Daniel faz o quarto ano de Direito da PUC,<br />

em São Paulo, uma das melhores Universidades.<br />

Aliás, no último ranking, a PUC “bateu” a<br />

Universidade de São Paulo. Essa é uma<br />

rivalidade boa na graduação. Porque no<br />

mestra<strong>do</strong> e no <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, há décadas, já<br />

“batíamos” a USP e agora estamos “baten<strong>do</strong>”<br />

também na graduação. O Daniel fez uma<br />

pesquisa na sala dele, perguntan<strong>do</strong> para os<br />

colegas que têm carros de marca parecida com o<br />

seu, quantas vezes eles eram para<strong>do</strong>s pela polícia<br />

toda semana. E constatou no quarto ano que<br />

noventa e nove por cento <strong>do</strong>s colegas de sala de<br />

aula nunca foram para<strong>do</strong>s pela polícia. E Daniel<br />

é para<strong>do</strong>, em média, duas vezes por semana.<br />

Então, é preciso um investimento maciço <strong>do</strong><br />

Poder Público para acabar com essa idéia de que<br />

jovem negro ... inclusive isso é uma<br />

demonstração de que essa coisa <strong>do</strong> social<br />

também tem o componente racial, porque é um<br />

jovem negro de classe média que fala inglês, que<br />

estuda em uma excelente Universidade e tem um<br />

carro que não é importa<strong>do</strong>, mas não é um carro<br />

que pode ser ti<strong>do</strong> como popular. E ele, ainda<br />

assim, é vítima da discriminação.<br />

Outro aspecto é o de que o racismo<br />

embrutece, Sr. Amílcar, as pessoas: a vítima, o<br />

autor e o agente. Esse embrutecimento, penso<br />

que o Brasil ainda não foi capaz de diagnosticar<br />

até onde é possível embrutecer alguém, quan<strong>do</strong> a<br />

cultura a qual ele está associa<strong>do</strong> não é<br />

reconhecida como cultura e a cultura que é


2168 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

reconhecida como tal não comporta como<br />

pessoa, com a sua inteireza, com o patrimônio,<br />

com a sua identidade. É preciso também levar<br />

isso em conta.<br />

Temos dito, talvez por vício de ser<br />

Opera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Direito, que é melhor falarmos em<br />

Lei de Diretrizes e Bases alterada pela Lei nº<br />

10.639/03 <strong>do</strong> que em 10.639/03, senão criam um<br />

compatimento, acham que é um problema <strong>do</strong>so e<br />

para os negros essa não é a questão. O desafio é<br />

pensar gestão da educação. Educação não se<br />

resume ao equipamento público Escola, Sistema,<br />

aliás para usarmos a linguagem da LDB os<br />

sistemas educacionais precisam de dialogar com<br />

a clientela <strong>do</strong> ensino público no Brasil e essa<br />

clientela é diversa <strong>do</strong>s pontos de vista étnicoracial,<br />

cultural, religioso. Na escola pública é<br />

mantida com o dinheiro de to<strong>do</strong>s. Então tem que<br />

dialogar com to<strong>do</strong>s. Aí na etimologia da palavra<br />

universidade tem a ver com universalidade.<br />

Há alguns anos tive uma provocação <strong>do</strong><br />

CEPIA, que é uma Instituição de Mulheres <strong>do</strong><br />

Rio de Janeiro, que fez a seguinte pergunta: “É<br />

possível pensar violência contra as mulheres? É<br />

possível pensar que essa violência tem um<br />

componente específico contra as mulheres<br />

negras? “ Isso resultou num livro que na verdade<br />

foi edita<strong>do</strong> por uma ONG, fica em alguma<br />

prateleira da vida, mas resgatei. Fiz um trabalho<br />

com processos em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX e foi<br />

muito interessante constatar nesses processos<br />

que haviam <strong>do</strong>is tipos de fatos muito<br />

freqüentemente aprecia<strong>do</strong>s pelo Poder Judiciário<br />

no Brasil. O estupro das meninas negras e a<br />

prostituição compulsória da mulher adulta<br />

escravizada. Em relação ao estupro das meninas<br />

eu me lembro de um processo em que o Juiz<br />

dizia o seguinte: “Eu não sei bem qual a idade<br />

dessa menina, mas como ela está começan<strong>do</strong> a<br />

ter pêlos parece que tem dez anos.” E como por<br />

direito civil o negro não era considera<strong>do</strong> pessoa<br />

e também não o era por direito penal, talvez daí<br />

esteja uma das raízes <strong>do</strong> “jeitinho brasileiro.”<br />

Por direito civil, o africano escraviza<strong>do</strong> não era<br />

considera<strong>do</strong> pessoa, não podia contratar, não<br />

podia casar, não podia vender e nem comprar.<br />

Por direito penal, ele só era considera<strong>do</strong> pessoa<br />

se fosse autor <strong>do</strong> crime. Se ele fosse vítima, era<br />

considera<strong>do</strong> coisa. Se alguém, por exemplo,<br />

decepasse o braço de um negro, isso era<br />

considera<strong>do</strong> um crime de dano. Era como se<br />

alguém atirasse uma pedra na janela. Então,<br />

como a mulher negra escravizada não era vista<br />

como pessoa, ela não poderia representar contra<br />

o estupra<strong>do</strong>r. Havia o crime de estupro, mas os<br />

tribunais reiteradamente diziam: “Não, não é<br />

possível punir porque afinal de contas não houve<br />

um estupro.” Porque ninguém poderia<br />

representar em nome da menina estuprada e ela<br />

própria também não poderia. Portanto, houve um<br />

estupro. Mas, como é um crime que requer a<br />

representação <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong>, não é possível punir<br />

o estupra<strong>do</strong>r. É uma dessas construções que a<br />

humanidade é capaz de fazer.<br />

A outra, se eram as famílias respeitáveis<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro que viviam da<br />

prostituição forçada, compulsória de escravas<br />

que eram obrigadas a entregar uma quantia a<br />

seus senhores. Mas havia um problema. As<br />

posturas municipais impediam os negros de<br />

ficarem circulan<strong>do</strong> à noite. Então, a família<br />

respeitável fazia um acor<strong>do</strong> com o Alferes da<br />

região e ele dava uma espécie de parte, por meio<br />

<strong>do</strong> qual a família tinha um <strong>do</strong>ente que precisava<br />

de remédio freqüentemente, quase diariamente.<br />

Portanto, ela estava na rua para comprar o<br />

medicamento ou para achar o medicamento para<br />

o seu senhor e não para se prostituir. E ele<br />

inclusive se refere aos sobrenomes de<br />

respeitáveis famílias <strong>do</strong> Rio de Janeiro que<br />

formaram patrimônio com a constituição da<br />

mulher negra escravizada.<br />

Portanto, há um componente simbólico<br />

na relação <strong>do</strong> modelo brasileiro de relações<br />

raciais, especificamente com a mulher negra,<br />

com o corpo da mulher negra. E o para<strong>do</strong>xo é<br />

que é a mulher negra quem vai sustentar<br />

politicamente o movimento negro durante<br />

muitos anos e ainda hoje.<br />

Lembramo-nos de quan<strong>do</strong> entramos no<br />

movimento negro, este reproduzia fielmente a<br />

relação machista à vida da sociedade em que<br />

preparávamos os congressos, etc. e as mulheres<br />

iriam se responsabilizar pelo local, pela<br />

alimentação, etc., e os homens iram para o<br />

debate. Até que as mulheres começaram a nos<br />

advertir <strong>do</strong> componente de violência que uma<br />

prática aparentemente natural tinha. Portanto, era<br />

absolutamente saudável para a democracia o<br />

olhar específico da mulher negra sobre a<br />

realidade.<br />

Eu penso que as políticas de ação<br />

afirmativa, obviamente, querem superar o<br />

problema; mas também querem criar uma elite


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2169<br />

negra. E vou dizer mais: o movimento negro tem<br />

absoluta razão quan<strong>do</strong> diz que quer o poder.<br />

Parece-me razoável porque é a população negra<br />

que está trabalhan<strong>do</strong> há quinhentos anos neste<br />

País e pode pleitear o poder. É uma disputa<br />

absolutamente democrática. Agora, precisa ter<br />

qualquer movimento social, precisa ter<br />

autonomia de pensamento. E essa autonomia de<br />

pensamento tem quan<strong>do</strong> é capaz de ter pessoas<br />

com uma capacidade de mobilização social que<br />

submeta ... eu tenho dito ao movimento negro<br />

que um desafio <strong>do</strong> movimento negro vai ser<br />

disputar o voto nas urnas para demonstrar que o<br />

movimento é de fato um interlocutor de uma<br />

importante demanda social, não é um grupo<br />

como alguns diziam há alguns anos, é um grupo<br />

de pretos complexa<strong>do</strong>s que ficavam ven<strong>do</strong> muito<br />

filme de Spike Lee, queren<strong>do</strong> inventar um<br />

problema que aqui no Brasil não existia. Um <strong>do</strong>s<br />

desafios é esse, o outro desafio é criar uma elite<br />

intelectual, inclusive, capaz de contribuir para a<br />

autonomia <strong>do</strong> pensamento <strong>do</strong> Movimento Negro<br />

e para a democracia no Brasil.<br />

Quan<strong>do</strong> o Presidente da República<br />

convida uma Ialorixá para compor a comitiva<br />

brasileira ao Vaticano, S.Exª. está lembran<strong>do</strong> ao<br />

Brasil que o Esta<strong>do</strong> Brasileiro é um Esta<strong>do</strong> laico,<br />

porque o Esta<strong>do</strong> Brasileiro formalmente é laico,<br />

mas na prática é confessional. O Esta<strong>do</strong> não<br />

pode se manifestar sobre a validade, a verdade, a<br />

autenticidade de uma religião ou outra. Mas já<br />

houve ai um início de comoção porque ia uma<br />

Ialorixá, que representa uma religião professada<br />

por um contingente extraordinariamente grande<br />

de brasileiros. E o que o Presidente disse é isto:<br />

“O Esta<strong>do</strong> brasileiro é um Esta<strong>do</strong> laico”.<br />

Portanto, penso que, se há um movimento social<br />

no Brasil que contribui mais decisivamente para<br />

a democracia, esse movimento é o Movimento<br />

Negro. Ele tem absoluta legitimidade de pleitear<br />

o acesso ao poder.<br />

Sou otimista em relação ao papel da luta<br />

contra o racismo, inclusive no plano da disputa<br />

eleitoral. Notem, por exemplo, que a disputa<br />

Serra/Lula foi uma disputa marcada por<br />

propostas endereçadas à população negra.<br />

Ambos inclusive prometeram políticas de acesso<br />

da população negra à universidade. Isso é<br />

absolutamente positivo.<br />

Há em São Paulo quem interprete a<br />

minha indicação para Secretaria de Justiça como<br />

uma resposta <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r Geral<strong>do</strong><br />

Alckmim ao fato <strong>do</strong> Presidente da República ter<br />

cria<strong>do</strong> uma Secretaria de Esta<strong>do</strong>, com status de<br />

Ministério para cuidar da questão racial. Isso é<br />

absolutamente positivo para democracia. É um<br />

avanço.<br />

Eu, como um homem de uma formação<br />

de esquerda, sempre desprezei o fato de que a<br />

referência para os jovens era algo importante.<br />

Mas, é algo absolutamente importante.<br />

Sou o primeiro Secretário de Esta<strong>do</strong><br />

negro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo. É muito<br />

interessante quan<strong>do</strong> chego ao Palácio <strong>do</strong>s<br />

Bandeirantes, que é a sede <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> de São Paulo. Os negros, os motoristas da<br />

garagem, o garçom <strong>do</strong> Sr. Governa<strong>do</strong>r que é<br />

negro, sintam-se à vontade para me estender à<br />

mão, e, os cumprimento como cumprimento o<br />

governa<strong>do</strong>r, porque tenho bastante consciência<br />

de que cheguei a lugares que a maior parte da<br />

população negra não chegou e não chega; fiz<br />

mestra<strong>do</strong>, <strong>do</strong>utoramento. Sozinho, não chegaria<br />

a este lugar. Cheguei lá porque há uma legião de<br />

pessoas que morreram e que estão lutan<strong>do</strong>,<br />

muitos <strong>do</strong>s quais anônimos, que acreditaram e<br />

que acreditam que é possível que nós negros um<br />

dia sejamos vistos apenas como seres humanos.<br />

Graças a essas pessoas que estou lá e disse isto<br />

na minha posse. Meu compromisso lá é com a<br />

população negra, é com o Esta<strong>do</strong> de São Paulo.<br />

Estou ajudan<strong>do</strong> a governar o mais importante<br />

Esta<strong>do</strong> Brasileiro. Vou ajudar a governar esse<br />

Esta<strong>do</strong>. Mas, não tenho nenhuma dúvida, de que<br />

o dia em que eu sair da vida pública, voltarei<br />

para o lugar de onde vim. Jamais me desligarei<br />

<strong>do</strong>s meus vínculos, <strong>do</strong> povo que me permitiu<br />

chegar onde cheguei.<br />

Obviamente o PROUNI é uma medida<br />

que a rigor reorganiza o destino de uma parcela<br />

<strong>do</strong>s recursos que as universidades privadas têm e<br />

que iriam para os cofres públicos de uma<br />

determinada forma, por um determina<strong>do</strong> canal e<br />

hoje vai para os cofres <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, devolvi<strong>do</strong> para<br />

a sociedade de uma outra forma, qual seja as<br />

bolsas. A meu juízo, o que o PROUNI faz, é que<br />

ele estabelece um sistema de controle<br />

absolutamente interessante sobre a destinação de<br />

um dinheiro que não entra para os cofres<br />

públicos, mas que a lei exige que seja investi<strong>do</strong><br />

socialmente.<br />

Há quem diga que o PROUNI Une<br />

serviria, ou teria servi<strong>do</strong> para salvar ou aliviar a<br />

situação das universidades privadas no Brasil.<br />

Inclusive o problema das vagas ociosas nessas<br />

universidades. Sou otimista em relação ao<br />

PROUNI, como sou otimista em relação a<br />

qualquer outra proposta de inclusão racial.<br />

Penso o seguinte: dei aula em<br />

universidades privadas em São Paulo no início<br />

da minha carreira de magistério, universidades


2170 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

que não estão entre as de melhores reputação.<br />

Sempre lecionei no direito. Minhas turmas<br />

tinham sessenta, setenta alunos, quatro ou cinco<br />

negros. A meu juízo, o fato simples <strong>do</strong> PROUNI<br />

passar a considerar, a possibilidade de fazer com<br />

menos alunos, porque não tenho mais relação<br />

com essa universidade, mas via a trajetória<br />

acidentada que os meus poucos alunos negros<br />

tinham e eu, em geral, os indagava o porquê de<br />

sair e voltar, sair e voltar e a resposta,<br />

invariavelmente, era: eu não estou conseguin<strong>do</strong><br />

ter recurso para jantar à noite; eu vou para casa<br />

jantar e <strong>do</strong>rmir.<br />

Pode se fazer críticas ao PROUNI, pode<br />

se fazer críticas à eventual utilidades que sejam<br />

feitas da idéia como ela está originalmente<br />

pensada. Mas não se pode não admitir que ele<br />

permite, que ele facilita, tende a favorecer um<br />

segmento que briga arduamente para se manter<br />

no ensino público priva<strong>do</strong> e ainda assim, muitas<br />

vezes, não consegue. Então é um aspecto<br />

positivo que parece que vale a pena ser<br />

comenta<strong>do</strong>.<br />

Sobre a questão da saúde, a lei que criou<br />

o SUS, a lei <strong>do</strong>s anos 80. Há alguns dias<br />

participei de uma Banca muito interessante em<br />

que o candidato fez uma dissertação sobre o<br />

direito à saúde. E foi muito rico porque pude me<br />

deparar com uma interpretação <strong>do</strong> direito à<br />

saúde constitucional, a saúde sob a estrutura<br />

normativa <strong>do</strong> SUS.<br />

Tanto a Constituição, quanto o SUS,<br />

falam sobre os fatores condicionantes da saúde,<br />

que são vários: o trabalho, a habitabilidade,<br />

saneamento público, etc.. São vários os estu<strong>do</strong>s<br />

que demonstram que a raça ou a cor também é<br />

um fator condicionante da saúde. Mas. Por<br />

exemplo, os instrumentos de controle<br />

epidemiológico, em geral ainda não consideram<br />

aquelas enfermidades prevalentes entre a<br />

população negra, que devem ser precocemente<br />

detectadas e cuja detecção poderia evitar,<br />

inclusive, a morte das pessoas, como é o caso da<br />

anemia falciforme .<br />

Penso que este é um tema que o<br />

movimento negro deve cada vez mais pautar,<br />

inclusive explicar à sociedade, porque essa<br />

aproximação entre biologia e raça está na base<br />

<strong>do</strong> racialismo que surge na França no final <strong>do</strong><br />

século XVIII, que é a aplicação da idéia <strong>do</strong><br />

darwinismo para a sociedade. A idéia de seleção<br />

natural de espécimes fortes e fracas, Darwin<br />

pensa para a natureza e não para a sociedade,<br />

mas isso foi aplica<strong>do</strong> e ainda é. Portanto é<br />

preciso um cuida<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> explicamos para a<br />

sociedade que não há diferença essencial<br />

biológica entre negros e brancos, mas há <strong>do</strong>enças<br />

que incidem mais sobre a população negra e que<br />

o esta<strong>do</strong> precisa ter uma resposta adequada para<br />

isto.<br />

A questão <strong>do</strong> trabalho. Parece-me que o<br />

movimento negro, já há muito tempo, preocupase<br />

com este tema. Em São Paulo acompanhei<br />

uma iniciativa muito interessante que foi a<br />

assinatura de duas convenções coletivas de<br />

trabalho. O Sindicato <strong>do</strong>s Comerciários assinou<br />

uma convenção coletiva com as Camisarias<br />

Colombo, por meio <strong>do</strong> qual essa empresa, que é<br />

uma empresa de confecção, a<strong>do</strong>tou cotas de<br />

vinte por cento para negros na estrutura vertical<br />

da empresa. E o mesmo sindicato assinou um<br />

acor<strong>do</strong> coletivo com as Casa Bahia, há oito, nove<br />

meses, de maneira que as Casas Bahia agora<br />

estão nacionalmente implantan<strong>do</strong> uma política<br />

de ação afirmativa de inclusão de negros. Na<br />

verdade penso que este tema já está posto há<br />

muito tempo.<br />

Sobre as novas lideranças também sou<br />

otimista. Até pela passagem <strong>do</strong> tempo, cada<br />

evento que vou, vejo oitenta, oitenta e cinco,<br />

noventa por cento de jovens, como aqui hoje, por<br />

exemplo. Há alguns poucos empederni<strong>do</strong>s, como<br />

eu, por exemplo, que posso integrar o conselho<br />

de anciãos <strong>do</strong> Movimento Negro, um decano.<br />

Em geral as pessoas me chamam e quan<strong>do</strong> me<br />

chamam, venho e falo. Mas vejo jovens in<strong>do</strong><br />

para a universidade.<br />

O Educafro faz um projeto para<br />

a<strong>do</strong>lescentes no Brasil, que talvez seja a maior<br />

política social para a juventude brasileira. São<br />

hoje aproximadamente cento e cinqüenta mil<br />

jovens no Brasil, negros e brancos pobres, que<br />

vão para cursinhos preparatórios para o<br />

vestibular, com um custo de dez, quinze, vinte<br />

reais por mês. Um trabalho voluntário <strong>do</strong>s<br />

professores.<br />

No Rio de Janeiro o Educafro está in<strong>do</strong><br />

para a terceira geração de professores. O sujeito<br />

freqüentou o cursinho, não pagava, passou,<br />

terminou a faculdade, voltou e já estamos na<br />

terceira geração de forma<strong>do</strong>s, que duas, três<br />

vezes por semana, gratuitamente, vai para uma<br />

sala de aula muitas vezes mal iluminada, sem<br />

qualquer ventilação e deste lugar estão sain<strong>do</strong><br />

alguns <strong>do</strong>s talentos que, com certeza, pela<br />

história que têm, pela história de opressão, mas<br />

também pela capacidade de responder pelas<br />

adversidades, ou como diz o Milton Nascimento<br />

“rir quan<strong>do</strong> devia chorar”; ou como diz o<br />

Caetano “em milagres <strong>do</strong> povo”, por acreditar no<br />

futuro, estão não reivindican<strong>do</strong> o ingresso delas


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2171<br />

apenas nas universidades, mas também <strong>do</strong>s<br />

pobres.<br />

Nos últimos anos têm havi<strong>do</strong> o ingresso,<br />

um aumento em alguns casos de quase quarenta<br />

por cento de pobres em alguns cursos <strong>do</strong> ensino<br />

público no Brasil. Isto não teve nenhum impacto<br />

no ingresso de negros. Os negros poderiam<br />

diante disto dizer: não, não, tem que entrar só<br />

nós, a negrada. Mas volto a repetir, os negros<br />

estão dizen<strong>do</strong>: queremos ir junto com os pobres.<br />

Portanto, essa juventude <strong>do</strong> Educafro,<br />

que numa hora como essa está sain<strong>do</strong> de uma<br />

sala de aula sem qualquer apoio <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

brasileiro, <strong>do</strong> poder público no Brasil, com o<br />

mínimo de apoio <strong>do</strong> poder público no Brasil,<br />

com certeza construirão um novo país. Haverá<br />

um dia em que poderemos reunir as pessoas,<br />

negros e brancos, e falaremos da cultura, <strong>do</strong><br />

quanto o Brasil é um país africaniza<strong>do</strong>. E é<br />

possível que falemos sobre isto, mas não é<br />

razoável que vejamos o Brasil apenas pelo que é<br />

africaniza<strong>do</strong> <strong>do</strong> ponto de vista da cultura.<br />

Devemos ter um extraordinário orgulho<br />

de sermos bons no entretenimento, no esporte,<br />

na música etc. Mas precisamos ver cada vez<br />

mais cientistas, advoga<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>utores, deputa<strong>do</strong>s<br />

negros. O Brasil está fazen<strong>do</strong> um encontro com<br />

sua história, está começan<strong>do</strong> a olhar para o<br />

espelho e pensamos que pode dar um exemplo<br />

para o mun<strong>do</strong> de que é possível sim, para além<br />

de uma integração que realmente não tenha uma<br />

atenção racial no cotidiano, para além da<br />

africanização da cultura, africanizar o exercício<br />

<strong>do</strong> poder, o acesso à terra, enfim, fazer deste País<br />

de fato uma nação plural, diversa etc. (Muito<br />

bem!) (Palmas)<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Muito obriga<strong>do</strong>, Professor Hedio<br />

Silva pela excelente palestra e debate nesta noite.<br />

Agradecemos a presença de to<strong>do</strong>s os<br />

jovens, estudantes, professores, to<strong>do</strong>s aqueles<br />

articula<strong>do</strong>s no movimento negro; a UFES; o<br />

Ministério Público; a Secretaria de Cidadania,<br />

representan<strong>do</strong> o Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>; nosso<br />

grande amigo professor, Sr. Agesandro Costa<br />

Pereira, ainda conosco nesta discussão<br />

importante; Professor Joaquim Beato, decano <strong>do</strong><br />

Movimento Negro; Padre Dário Ferreira da<br />

Silva, também representan<strong>do</strong> o Movimento; os<br />

Srs. Deputa<strong>do</strong>s que estiveram presentes, mas<br />

acima de tu<strong>do</strong> o nosso Secretário Fernan<strong>do</strong><br />

Zardini, que fez questão de estar conosco neste<br />

debate, que engrandeceu muito.<br />

Recentemente, durante a caminhada de<br />

índios e negros, a Casa se comprometeu em<br />

fazer um debate sobre a questão <strong>do</strong> estatuto, que<br />

está no Congresso Nacional. E nós, que fizemos<br />

um movimento para se ter um monumento aos<br />

imigrantes italianos, apresentamos uma proposta<br />

à Mesa Diretora constituin<strong>do</strong> uma comissão de<br />

índios, negros, artistas plásticos e funcionários<br />

da Assembléia <strong>Legislativa</strong> - ainda não assinamos<br />

o ato. A escolha será por concurso e os critérios<br />

serão estabeleci<strong>do</strong>s por esta comissão, para que<br />

se faça também um monumento aos negros e<br />

índios.<br />

Agradecemos a to<strong>do</strong>s e dizer que esta<br />

Casa continua aberta e é o local de debate e<br />

democracia. Nesta tarde, nós e o Sr. Deputa<strong>do</strong><br />

Claudio Vereza, participamos de uma sessão<br />

solene neste Plenário em homenagem aos setenta<br />

e cinco anos de implantação da colônia polonesa<br />

principalmente no Norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, no<br />

Município de Águia Branca, que é o símbolo da<br />

Polônia. Recentemente fizemos outras sessões<br />

homenagean<strong>do</strong> outras etnias. Esta Casa tem que<br />

ser a representação da diversidade.<br />

Sempre encarei a questão <strong>do</strong> Movimento<br />

Negro e <strong>do</strong> direito da questão <strong>do</strong> negro como<br />

uma questão democrática. É um direito legítimo<br />

disputar democraticamente o espaço e não ser<br />

coloca<strong>do</strong>s como subcidadão ou em situações<br />

inferiores. Somos iguais e as nossas diversidades<br />

e diferenças se dão no pensamento, não na<br />

condição de cidadania ou de um ser humano.<br />

Mesmo na questão da saúde, há <strong>do</strong>enças que<br />

acometem mais os brancos, assim como tem<br />

outras que acometem mais os negros e outras<br />

mais os asiáticos.<br />

Quanto a questão democrática <strong>do</strong><br />

espaço, que to<strong>do</strong>s têm direito de disputar o<br />

mesmo lugar na nossa democracia, que ainda é<br />

nova, com certeza o Movimento Negro tem um<br />

papel fundamental de estabelecer principalmente<br />

a democracia social e racial deste País.<br />

Nada mais haven<strong>do</strong> a tratar, vou encerrar<br />

a presente sessão convocan<strong>do</strong> os Srs. Deputa<strong>do</strong>s<br />

para a próxima, que será solene, em<br />

comemoração ao “Dia Nacional da Defensoria<br />

Pública”, dia 20 de maio, às 15h30min, e para<br />

qual designo:<br />

EXPEDIENTE:<br />

O que ocorrer.<br />

Está encerrada a sessão.<br />

Encerra-se a sessão às vinte e duas<br />

horas e vinte minutos.


2172 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

SEPTUAGÉSIMA TERCEIRA<br />

SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA<br />

SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA<br />

DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA,<br />

REALIZADA EM 20 DE MAIO DE 2005.<br />

ÀS QUINZE HORAS E TRINTA<br />

MINUTOS, O SR. DEPUTADO GILSON<br />

GOMES OCUPA A CADEIRA DA<br />

PRESIDÊNCIA.<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) – Convi<strong>do</strong> a Sra. Deputada Luzia<br />

Tole<strong>do</strong> a proceder à leitura de um versículo da<br />

Bíblia.<br />

(A Sra. Luzia Tole<strong>do</strong> lê<br />

Salmos, 37)<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) – Por tratar-se de uma sessão solene,<br />

dispenso, na condição de Presidente desta<br />

sessão, a leitura da Ata da sessão anterior.<br />

Informo aos Srs. Deputa<strong>do</strong>s e demais<br />

presentes que esta sessão é solene, em<br />

comemoração ao Dia Nacional da Defensoria<br />

Pública, conforme requerimento de autoria deste<br />

Deputa<strong>do</strong>, aprova<strong>do</strong> em Plenário.<br />

Convi<strong>do</strong>, para compor a Mesa, o nosso<br />

queri<strong>do</strong> desembarga<strong>do</strong>r Pedro Valls Feu Rosa; o<br />

Sr. Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves, nosso defensor<br />

público geral; o Dr. João Nogueira, presidente<br />

<strong>do</strong>s defensores públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo; o Sr. Altamiro Thadeu Frontino Sobreira,<br />

verea<strong>do</strong>r mais jovem <strong>do</strong> Brasil, com vinte anos<br />

de idade, presidente da Câmara de Afonso<br />

Cláudio e representan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os verea<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

Espírito Santo.<br />

(Tomam assento à Mesa os<br />

referi<strong>do</strong>s convida<strong>do</strong>s)<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) – Registramos a presença da<br />

verea<strong>do</strong>ra, Sra. Sandra Gomes, representan<strong>do</strong> o<br />

Município da Serra.<br />

Convi<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s para, de pé, ouvirmos a<br />

execução <strong>do</strong> Hino Nacional, letra de Joaquim<br />

Osório Duque Estrada e música de Manoel da<br />

Silva, e a execução <strong>do</strong> Hino <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo, letra de Peçanha Póvoa e música<br />

de Arthur Napoleão.<br />

(É executa<strong>do</strong> o Hino Nacional<br />

e <strong>do</strong> Espírito Santo)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Ouviremos neste<br />

momento o Sr. Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes, que<br />

fará um breve histórico sobre o Dia Nacional da<br />

Defensoria Pública.<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) – Passo a presidência à Sra. Deputada<br />

Luzia Tole<strong>do</strong>. (Pausa)<br />

A SRA. PRESIDENTA – (LUZIA<br />

TOLEDO) – Conce<strong>do</strong> a palavra ao Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes.<br />

O SR. GILSON GOMES – (Sem<br />

revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Saudamos a Sra.<br />

Presidenta, Deputada Luzia Tole<strong>do</strong>; o queri<strong>do</strong><br />

Desembarga<strong>do</strong>r, Dr. Pedro Valls Feu Rosa, neste<br />

ato representan<strong>do</strong> o Tribunal de Justiça <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo; o queri<strong>do</strong> presidente<br />

da Defensoria Pública, Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra<br />

Alves; o Dr. João Nogueira, Presidente da<br />

Associação <strong>do</strong>s Defensores Públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Espírito Santo; o nosso queri<strong>do</strong> Verea<strong>do</strong>r,<br />

Althamiro Thadeu Frontino, Presidente da<br />

Câmara de Verea<strong>do</strong>res de Afonso Cláudio; os<br />

defensores presentes e seus familiares; o nosso<br />

queri<strong>do</strong> Carlos Leite, brilhante jornalista e<br />

amigo, que faz um <strong>do</strong>s grandes programas de<br />

televisão deste Esta<strong>do</strong>; os nossos amigos; a<br />

nossa querida conterrânea de Afonso Cláudio,<br />

Dra. Dalva Afonso Barbosa; a Verea<strong>do</strong>ra Sandra<br />

Gomes, nossa esposa; os amigos e amigas; os<br />

funcionários; os assessores e a imprensa<br />

presente.<br />

A Defensoria Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo, ao longo de sua existência, tem<br />

presta<strong>do</strong> relevantes serviços a nossa sociedade.<br />

Procuramos resumir, em um histórico muito<br />

breve, a importância da Defensoria Pública neste<br />

Esta<strong>do</strong> e a nossa admiração e respeito por tão<br />

importante instituição.<br />

Atenden<strong>do</strong>, precipuamente, à evidência<br />

de que to<strong>do</strong>s devem merecer igualdade de


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2173<br />

tratamento e de oportunidade, é que, já nos<br />

albores da história, as sociedades organizadas se<br />

preocuparam com as diferenças individuais<br />

causadas pela desigualdade de fortuna.<br />

Para a defesa e garantia de direitos, a<br />

sociedade necessita de instrumentos, coloca<strong>do</strong>s à<br />

sua disposição, não apenas no âmbito legal, mas<br />

também em relação a sua operacionalização.<br />

Em 1988, a “Constituição Cidadã”<br />

amplia o conceito de assistência jurídica gratuita,<br />

que passa a integrar o “rol” <strong>do</strong>s direitos e<br />

garantias fundamentais <strong>do</strong> cidadão, deven<strong>do</strong> ser<br />

prestada pela Defensoria Pública, instituição<br />

essencial à função jurisdicional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

Em 1994, a Defensoria Pública da União<br />

foi organizada, pela Lei Complementar nº 80, de<br />

12 de janeiro de 1994, incluin<strong>do</strong> os seguintes<br />

órgãos: Defensoria Pública-Geral da União,<br />

Subdefensoria Pública-Geral da União, Conselho<br />

Superior da Defensoria Pública da União,<br />

Coorrege<strong>do</strong>ria-Geral da Defensoria Pública da<br />

União, Defensorias Públicas da União nos<br />

Esta<strong>do</strong>s e no Distrito Federal, com seus<br />

respectivos núcleos.<br />

Em 1995, a Defensoria Pública da União<br />

foi implantada, em caráter emergencial e<br />

provisório, se organizan<strong>do</strong> em diversos Esta<strong>do</strong>s<br />

e Distrito Federal.<br />

O senti<strong>do</strong> contemporâneo de cidadania<br />

pressupõe o exercício pleno de um sistema de<br />

direitos e garantias previstos na Constituição<br />

Federal de 1988. Para a defesa e garantia de<br />

direitos, a sociedade necessita de instrumentos,<br />

coloca<strong>do</strong>s à sua disposição, não apenas no<br />

âmbito legal, mas também em relação a sua<br />

operacionalização. Nesse senti<strong>do</strong>, a Defensoria<br />

Pública representa um instrumento para a<br />

conquista da cidadania e de direitos.<br />

A atuação da Defensoria é ampla e<br />

enseja a criação de uma consciência coletiva de<br />

cidadania. A garantia individual e coletiva de<br />

assistência jurídica gratuita à população<br />

necessitada, estabelecida na Constituição<br />

Federal, foi uma das conquistas sociais<br />

resultantes <strong>do</strong> processo de participação popular<br />

que ocorreu na Assembléia Nacional<br />

Constituinte.<br />

A democratização da Justiça assume<br />

importância vital na garantia <strong>do</strong> valor universal<br />

da Justiça Social. Genericamente, pode-se<br />

afirmar que, para a maioria da população<br />

brasileira, a Justiça é um tabu, algo muito<br />

distante e inacessível. De fato, várias questões<br />

acabam por levar o cidadão a desacreditar na<br />

Justiça, ou seja, no espaço institucionaliza<strong>do</strong><br />

para dirimir conflitos.<br />

Dentre essas questões, destaca-se que<br />

para o cidadão ingressar com ações na Justiça,<br />

reivindican<strong>do</strong> direitos ou se defenden<strong>do</strong>, deve<br />

possuir meios financeiros para custear um<br />

advoga<strong>do</strong>. Nesse senti<strong>do</strong>, o movimento de<br />

acesso à Justiça promovi<strong>do</strong> pela Defensoria<br />

Pública tem apresenta<strong>do</strong> uma importante<br />

expressão na transformação <strong>do</strong> pensamento<br />

jurídico e das reformas normativas e<br />

institucionais.<br />

A orientação jurídica e a promoção de<br />

conciliações têm si<strong>do</strong> o foco <strong>do</strong>s trabalhos<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s pelos Defensores Públicos, <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo em especial. As<br />

propostas de prevenção da violência objetivam<br />

também integrar as ações <strong>do</strong> Sistema de Justiça,<br />

propon<strong>do</strong> a atuação conjunta <strong>do</strong>s Juiza<strong>do</strong>s<br />

Especais, Ministério Público e Defensoria<br />

Pública.<br />

Pretende-se implantar Centros<br />

Integra<strong>do</strong>s da Cidadania, onde serão ofereci<strong>do</strong>s,<br />

dentre outros serviços públicos, o serviço de<br />

assistência jurídica junto às comunidades mais<br />

carentes das regiões metropolitanas <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro, Pernambuco, Vitória e São Paulo – nos<br />

chama<strong>do</strong>s bolsões de violência.<br />

Senhores e Senhoras, queri<strong>do</strong>s<br />

Defensores Públicos <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong>,<br />

procuramos, em rápidas palavras, retratar a<br />

importância dessa instituição no Espírito Santo.<br />

E o Poder Legislativo, por unanimidade,<br />

atenden<strong>do</strong> ao nosso requerimento, entendeu que<br />

seria importante ficar registra<strong>do</strong> nos Anais desta<br />

Casa esta homenagem. Portanto, não é uma<br />

homenagem isolada deste Deputa<strong>do</strong>, mas <strong>do</strong><br />

Poder Legislativo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Parabenizamos a Defensoria Pública <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo. (Muito bem!)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Neste instante<br />

teremos a apresentação <strong>do</strong>s Corais da Escola<br />

Estadual Emílio Espírito Santo Carneiro, <strong>do</strong><br />

Bairro Vale Encanta<strong>do</strong>, e da Escola Estadual<br />

Pedro Herkenoff, <strong>do</strong> Bairro Cobilândia, que<br />

cantarão, regidas pelo maestro Sandro Gomes, as<br />

músicas “Amizade”, canção Gospel de Marina


2174 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

de Oliveira, e “Bem Maior”, <strong>do</strong> Grupo Roupa<br />

Nova. (Pausa)<br />

(O Coral se apresenta)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Convidamos os<br />

músicos Bene Rodrigues e Saulo Simonassi, que<br />

apresentarão as músicas “Sol da Terra”, “Canção<br />

da América” e instrumental <strong>do</strong> Hino Nacional.<br />

(Pausa)<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) - Conce<strong>do</strong> a palavra à Sra. Deputada<br />

Luzia Tole<strong>do</strong>.<br />

A SRA. LUZIA TOLEDO – (Sem<br />

revisão da ora<strong>do</strong>ra) – Sr. Deputa<strong>do</strong> Gilson<br />

Gomes, Presidente e proponente desta Sessão<br />

Solene; Sr. Pedro Valls Feu Rosa, que é o<br />

Desembarga<strong>do</strong>r mais jovem <strong>do</strong> Brasil que<br />

chegou ao Tribunal de Justiça, parabenizamos<br />

V.Exa. que é nosso particular amigo e,<br />

principalmente, da sociedade pois tem feito um<br />

trabalho notável à frente daquele Tribunal em<br />

todas as causas que tem ti<strong>do</strong> a oportunidade de<br />

legislar; Srs. representantes da Defensoria<br />

Pública: Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves, que é o<br />

Chefe Geral da Defensoria Pública e o Dr. João<br />

Nogueira, nosso amigo e Presidente da<br />

Associação <strong>do</strong>s Defensores Públicos <strong>do</strong> nosso<br />

Esta<strong>do</strong>; Sr. Altamiro Thadeu Frontino Sobreira,<br />

o mais jovem Verea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Brasil, com apenas<br />

vinte anos; Srs. Verea<strong>do</strong>res e demais presentes.<br />

Não é fácil chegar a ser eleito verea<strong>do</strong>r,<br />

isto é, é o cargo mais difícil que tem. A<br />

Verea<strong>do</strong>ra Sandra Regina Bezerra Gomes está<br />

presente e sabe que não é fácil. Fomos<br />

Verea<strong>do</strong>ra por <strong>do</strong>is mandatos e sabemos quão<br />

difícil para conseguir ganhar as eleições pois<br />

contamos cada voto, um por um. Está presente o<br />

Sr. Carlos Leite que sabe como foi difícil ser<br />

eleito.<br />

Gostaríamos de, nesta tarde, falar um<br />

pouco sobre a defensoria pública e parabenizar o<br />

Sr. Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes que propôs esta<br />

sessão solene no Dia <strong>do</strong> Defensor Público.<br />

Sabemos que é muito importante defender as<br />

minorias.<br />

Queremos dizer para to<strong>do</strong>s os<br />

Defensores que estão nesta Casa que quan<strong>do</strong><br />

éramos vice-Prefeita <strong>do</strong> Município de Vitória<br />

trouxemos a esta Capital a Desembarga<strong>do</strong>ra<br />

Maria Berenice Dias, <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, que<br />

instituiu na sua Cidade o JUS Mulher, que é um<br />

trabalho, um serviço qualifica<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Opera<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> Direito para as famílias carentes. Porém,<br />

percebemos que aquilo é tão pouco porque não<br />

chegamos à sociedade toda.<br />

A partir daí começamos a perceber a<br />

importância <strong>do</strong> Defensor Público porque a<br />

quantidade de processos e também a demanda <strong>do</strong><br />

defensor público são muito grandes. Sabem por<br />

quê? Porque temos uma sociedade carente.<br />

Somos carentes absolutamente de tu<strong>do</strong>: de amor,<br />

de carinho, somos muito carentes ainda de<br />

conhecimento. Não adianta falarmos hoje que<br />

vamos atender à mulher. Temos que atender à<br />

família que precisa muito <strong>do</strong> Defensor Público.<br />

A família carente não tem como pagar a um<br />

advoga<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> temos um problema, - a Mesa<br />

toda sabe -, isto é, quem precisa de uma defesa<br />

procura o melhor advoga<strong>do</strong>. Às vezes dá o seu<br />

salário inteiro para pagar ao advoga<strong>do</strong> para ter<br />

assistência paga e aí tem o resulta<strong>do</strong>, pois pode<br />

falar com o advoga<strong>do</strong> a hora em que quiser<br />

porque está pagan<strong>do</strong>.<br />

O defensor público é diferente. Além de<br />

dar o seu conhecimento, tem que fazer uma coisa<br />

muito mais importante: tem que saber ouvir. Não<br />

é só pegar a legislação e dizer que a pessoa tem<br />

ou não direitos. É mais <strong>do</strong> que isso: tem que<br />

ouvir o cidadão com amor, com carinho e aí sim<br />

aplicar o conhecimento.<br />

Esta sessão solene proposta pelo Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes - toda a sociedade <strong>do</strong><br />

Espírito Santo está acompanhan<strong>do</strong> pela TV<br />

Assembléia – hoje fará com que muitas pessoas<br />

passem a valorizar o nosso trabalho, pois muita<br />

gente não sabe nem o que é um defensor público,<br />

muita gente não sabe que pode usar um serviço<br />

que é da<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>, com profissionais<br />

qualifica<strong>do</strong>s. E mais <strong>do</strong> que isso: hoje os<br />

Senhores lutam por adequação para que a<br />

Defensoria Pública seja adequada ao Ministério<br />

Público.<br />

Não estamos fazen<strong>do</strong> discurso de<br />

fachada; aliás, quem nos conhece sabe que não<br />

fazemos discurso para agradar as pessoas, mas<br />

fazemos discursos nos quais acreditamos.<br />

Somos Opera<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Direito e<br />

advogamos durante muitos anos. Fomos muito<br />

felizes na nossa profissão. Fomos advogada da


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2175<br />

Companhia Docas <strong>do</strong> Espírito Santo durante<br />

dezoito anos. Depois entramos na política e<br />

largamos o nosso cargo de Advogada. Fizemos o<br />

pior acor<strong>do</strong>, com aquela empresa. Podemos dizer<br />

isto olhan<strong>do</strong> para a câmara da TV Assembléia e<br />

conversan<strong>do</strong> com o povo <strong>do</strong> meu Esta<strong>do</strong>; porque<br />

to<strong>do</strong> portuário sabe que foi o pior acor<strong>do</strong>. Não<br />

queríamos continuar como Advogada e como<br />

política, não dava certo, ou fazíamos uma coisa<br />

ou outra. Largamos a advocacia e entramos para<br />

política e a faço com “P” maiúsculo.<br />

Tenham em nós uma companheira nessa<br />

jornada. Este segmento que está, nesta Casa,<br />

presta um serviço inestimável à sociedade, não é<br />

fácil. É muito fácil advogar para quem tem todas<br />

as condições, mas, para o povo carente tem que<br />

ser sociólogo, tem que ser Assistente Social, tem<br />

que ser humano, tem que humanizar primeiro o<br />

ambiente, para conseguir um bom resulta<strong>do</strong>.<br />

Antes de ler uma poesia que temos em<br />

mãos em homenagem ao dia <strong>do</strong> Defensor<br />

Público, parabenizamos o Sr. Deputa<strong>do</strong> Gilson<br />

Gomes.<br />

Sr. Deputa<strong>do</strong>, fomos Verea<strong>do</strong>ra por <strong>do</strong>is<br />

mandatos; vice-Prefeita e Sena<strong>do</strong>ra. Temos<br />

certeza da importância desta solenidade. O<br />

simbolismo dela, é isso que é importante. É<br />

mostrar para a sociedade que hoje é dia 20 de<br />

maio, sexta-feira, quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s estão queren<strong>do</strong><br />

viajar, esta Assembléia <strong>Legislativa</strong> está, neste<br />

momento, realizan<strong>do</strong> esta sessão solene para<br />

homenagear os Defensores Públicos.<br />

Parabéns a to<strong>do</strong>s os Defensores Públicos<br />

os que estão presentes e os que não puderam<br />

comparecer e, principalmente, cumprimentamos<br />

o proponente desta solenidade.<br />

A pedi<strong>do</strong>, vou fazer a leitura de uma<br />

poesia:<br />

Defensor Público<br />

“Nobre Defensor Público,<br />

Que Esta Causa Abraças,<br />

Trazes No Coração A Lei,<br />

Trazes No Peito A Couraça.<br />

Defenden<strong>do</strong> O Oprimi<strong>do</strong>,<br />

Que A Sociedade Ameaça,<br />

Reprime-Lhe Do Peito O<br />

Gemi<strong>do</strong>,<br />

Retiran<strong>do</strong>- Lhe A Mordaça.<br />

Cavalga Nobre Guerreiro,<br />

Embraçan<strong>do</strong> A Espada Lei,<br />

Tens No Peito Manancial<br />

Celeiro,<br />

Defenden<strong>do</strong> A Sofrida Grei.<br />

Muitas Vezes Sob Forte<br />

Ameaça,<br />

Defendes O Pobre, Oh! Nobre<br />

Guerreiro,<br />

Sempre Avanças Defenden<strong>do</strong> A<br />

Massa,<br />

Vitória Aos Pobres Sobre O Vil<br />

Mateiro.”<br />

Quem pediu para fazer a leitura deste<br />

poema foi o Defensor Público de Vila Velha, Dr.<br />

Jaime Gomes. Parabéns pela sua poesia, pela<br />

defesa que faz ao oprimi<strong>do</strong>. Muito obrigada!<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) - Conce<strong>do</strong> a palavra ao jovem<br />

Verea<strong>do</strong>r, Sr. Altamiro Tadheu Frontino<br />

Sobreira, acadêmico de direito.<br />

O SR. ALTAMIRO TADHEU<br />

FRONTINO SOBREIRA – (sem revisão <strong>do</strong><br />

ora<strong>do</strong>r) – Cumprimentamos o Sr. presidente<br />

desta Sessão Solene, Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes;<br />

ao Excelentíssimo Desembarga<strong>do</strong>r Pedro Vals<br />

Feu Rosa; ao Dr. Marcos Antônio de Oliveira;<br />

ao Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves; a nossa<br />

Ilustríssima Sra. Deputada Luzia Tole<strong>do</strong>; e em<br />

especial a to<strong>do</strong>s os presentes e mais especial<br />

ainda aos nossos defensores públicos.<br />

Antes, faremos um paralelo e uma breve<br />

menção de algo muito importante que<br />

presenciamos, nesta Casa, hoje, que foi o Coral.<br />

Os Srs. defensores públicos e nós como<br />

acadêmico de direito, lidamos com a população,<br />

e, no dia de hoje sabemos que enfrentamos<br />

grandes problemas. Às vezes por falta de<br />

conhecimento, por falta de oportunidade, por<br />

falta de credibilidade. E para melhorarmos o<br />

futuro, para que tenhamos uma sociedade mais<br />

igualitária, mais justa, onde o desconhecimento e<br />

o descrédito e a falta de acesso para a justiça,<br />

seja trabalhada justamente com esses jovens,<br />

educan<strong>do</strong>, instruin<strong>do</strong>, porque é uma das coisas<br />

mais importantes que possuímos.


2176 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

Parabéns a este coral, alegrou o nosso<br />

dia e temos a certeza de que alegrou, esta data<br />

comemorativa, o dia 20 de maio.<br />

Sabemos que a carreira jurídica,<br />

principalmente para quem se forma Bacharel em<br />

Direito; é uma carreira que dá amplo leque de<br />

oportunidade, desde a magistratura à advocacia.<br />

Mas temos certeza que a maior gratificação deve<br />

ser a de defensoria pública; porque os senhores<br />

lidam, no dia-a-dia, com aquilo que às vezes é o<br />

algo mais puro, na pessoa de um cidadão.<br />

Quan<strong>do</strong> um cidadão humilde nos<br />

procura como agente público e quan<strong>do</strong> procura a<br />

V.Exas., ele tem nos senhores a esperança e a<br />

solução; de que o problema será resolvi<strong>do</strong>. Ele<br />

deposita a vida, a confiança e a credibilidade na<br />

mão de cada um <strong>do</strong>s senhores. Então acho que<br />

isto deve ser muito gratificante, como é<br />

gratificante para nós, como agente público,<br />

resolver um problema, melhorar a vida de um<br />

cidadão, no caso de Afonso Cláudio, nossa<br />

cidade. Temos a certeza de que, também, é uma<br />

satisfação enorme, chegar em casa e dizer: hoje<br />

resolvemos um problema. Ouvi. Porque, às<br />

vezes, o grande problema, a grande carência<br />

dessa pessoa é não ter ninguém para ouvi-lo,<br />

para instrui-lo, para dar condições para que ele<br />

possa ter o problema resolvi<strong>do</strong>. E essa falta de<br />

contato com o mun<strong>do</strong> jurídico, até mesmo com<br />

as expressões em latim, que muitas vezes<br />

ninguém entende nada. Principalmente o carente,<br />

é que os senhores proporcionam melhor<br />

condições para eles.<br />

Acho que isto é muito satisfatório e tu<strong>do</strong><br />

o que fazemos na vida, devemos ter<br />

reconhecimento, e devemos ter um mínimo de<br />

agradecimento por aquilo que fazemos.<br />

É claro que nosso ego, nosso íntimo se<br />

satisfaz por si próprio, mas, às vezes, há<br />

necessidade da sociedade, também, participar,<br />

agradecer o trabalho desenvolvi<strong>do</strong> pelos<br />

senhores. E é neste momento que esta<br />

Assembléia <strong>Legislativa</strong> está de parabéns em<br />

tomar esta atitude. É o mínimo que nós, agentes<br />

públicos, podemos fazer para recompensar, para<br />

retribuir a contribuição que vocês dão para a<br />

nossa sociedade e, diga-se de passagem, não é<br />

pouco, é muito importante.<br />

Finalizamos, dedican<strong>do</strong> os mais<br />

profun<strong>do</strong>s parabéns aos senhores e que este dia<br />

20 seja tradição na comemoração <strong>do</strong> Dia da<br />

Defensoria Pública, porque é uma forma de<br />

reconhecimento pelo trabalho <strong>do</strong>s senhores que<br />

têm presta<strong>do</strong> ao longo da história <strong>do</strong> nosso país e<br />

que é tão importante para o nosso futuro, para o<br />

nosso crescimento e para uma vida mais<br />

igualitária. Obriga<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s. Muito bem!<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) – Conce<strong>do</strong> a palavra ao Dr. Pedro<br />

Vals Feu Rosa.<br />

O SR. PEDRO VALS FEU ROSA –<br />

(sem revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) – Autoridades e<br />

componentes da Mesa, que saudamos na pessoa<br />

<strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes, que preside esta<br />

sessão; Amigos defensores públicos. Castro<br />

Alves ao fazer a poesia “Navio Negreiro”<br />

retratou aquelas pessoas sem esperança,<br />

acorrentadas nos porões féti<strong>do</strong>s das caravelas e<br />

colocou na boca daquelas pessoas as seguintes<br />

palavras : “Deus! Oh Deus! Onde estais que não<br />

respondes? Em que mun<strong>do</strong>, em que estrelas tu te<br />

escondes?”<br />

É essa a clientela de vocês, é a clientela<br />

daquelas pessoas que já não tem a quem<br />

recorrer. Não tem dinheiro para pagar um bom<br />

advoga<strong>do</strong> e não sabem sequer <strong>do</strong>s seus direitos.<br />

São os desfavoreci<strong>do</strong>s, os pobres, os<br />

descamisa<strong>do</strong>s, os miseráveis; esses é que são os<br />

clientes da Defensoria Pública.<br />

Hoje, vimos aqui, representan<strong>do</strong> a classe<br />

<strong>do</strong>s Magistra<strong>do</strong>s, prestar a nossa homenagem.<br />

Hoje nos curvamos perante a Defensoria<br />

Pública. Queremos dizer a vocês que o esforço, o<br />

sacrifício feito por esta nobre classe não passa<br />

desapercebi<strong>do</strong> pela sociedade. Vimos, inclusive,<br />

na condição de quem está pioneiramente<br />

participan<strong>do</strong> de um trabalho conjunto <strong>do</strong><br />

Tribunal de Justiça, Ministério Público e<br />

Defensoria Pública.<br />

Estamos nós em meio a um mutirão e já<br />

foram impetra<strong>do</strong>s quinhentos e setenta e um<br />

habeas corpus. Já estão no Tribunal de Justiça e<br />

estamos gastan<strong>do</strong> tinta de caneta para assinar<br />

cada um daqueles muitos despachos, muitos<br />

votos, muitos relatórios que nos esperam.<br />

Estamos pioneiramente trabalhan<strong>do</strong> juntos, e é<br />

gratificante.<br />

Vemos o exemplo da clientela de vocês,<br />

pessoas que estão há seis meses detidas por furto<br />

de um bujão de gás. Esse é aquele tipo de<br />

pessoa, parafrasean<strong>do</strong> Castro Alves, que ficaria


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2177<br />

dizen<strong>do</strong>: justiça! Oh justiça! onde estás que não<br />

respondes? Direito! Oh direito, onde estás que<br />

não respondes? Essa é a clientela de vocês.<br />

Quero neste dia, sem me alongar, prestar<br />

em meu nome e em nome da classe que<br />

represento, a mais sincera, a mais profunda<br />

homenagem aos Defensores Públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Espírito Santo e de to<strong>do</strong> País. Porque são os<br />

Defensores Públicos que em última análise são a<br />

derradeira proteção <strong>do</strong>s bichos. Bichos como os<br />

que vi ontem na imundície <strong>do</strong> pátio, catan<strong>do</strong><br />

comida entre os detritos. Quan<strong>do</strong> encontrava<br />

alguma coisa não examinava e nem cheirava,<br />

engolia com voracidade. O bicho não era um<br />

cão, o bicho não era um gato, o bicho não era um<br />

rato, o bicho, meu Deus, era um homem! (Muito<br />

bem!)<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) – Conce<strong>do</strong> a palavra ao Dr.<br />

Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves.<br />

O SR. FLORISVALDO DUTRA<br />

ALVES – (Sem revisão <strong>do</strong> ora<strong>do</strong>r) –<br />

Cumprimento o Presidente desta sessão, Sr.<br />

Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes; a Sra. Deputada Luzia<br />

Tole<strong>do</strong>, que com belas palavras gratificou a nós,<br />

Defensores Públicos, e com muito carinho<br />

cumprimento o Desembarga<strong>do</strong>r Pedro Valls Feu<br />

Rosa, representan<strong>do</strong> o Tribunal de Justiça <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo e a Associação <strong>do</strong>s<br />

Magistra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong>.<br />

Igualmente cumprimentamos o<br />

Presidente da Associação <strong>do</strong>s Defensores<br />

Públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, meu<br />

irmão, Defensor João Nogueira.<br />

Com muito carinho também<br />

cumprimento o Subdefensor Público Geral <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo, Dr. Ângelo Roncalli.<br />

Cumprimentamos também o Verea<strong>do</strong>r<br />

Thadeu Frontino, jovem edil que com suas<br />

palavras emocionou to<strong>do</strong>s nós. À Srª Verea<strong>do</strong>ra<br />

Sandra Gomes os nossos cumprimentos, os<br />

nossos agradecimentos pela apresentação tão<br />

significativa desse coral da Serra, que nos<br />

emocionou com essas músicas tão maravilhosas.<br />

Cumprimentamos to<strong>do</strong>s e todas<br />

presentes nesta Casa de Leis, a Casa <strong>do</strong> povo.<br />

É com muita emoção que aqui estamos a<br />

nos dirigir neste local onde os homens e as<br />

mulheres representam o nosso Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo, e pela primeira vez, graças à atitude <strong>do</strong><br />

nobre Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes, temos o<br />

reconhecimento <strong>do</strong> Dia <strong>do</strong> Defensor Público <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Dizia um grande advoga<strong>do</strong> francês a<br />

seguinte frase: “Jura-me que a sua causa é justa e<br />

eu a defenderei gratuitamente.” Marcou com<br />

essa frase o Padre Ivo, patrono <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s,<br />

patrono <strong>do</strong>s Defensores Públicos.<br />

Ao longo de quase trinta anos<br />

trabalhan<strong>do</strong> com assistência jurídica integral, um<br />

grupo de abnega<strong>do</strong>s homens afeitos à ciência<br />

jurídica sedimentaram com muita luta o<br />

surgimento de uma Defensoria Pública<br />

institucionalmente forte, tornan<strong>do</strong>-se essencial a<br />

função jurisdicional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Em uma visão<br />

muito mais ampla que a mera função de<br />

assistentes judiciários, viram ser implementa<strong>do</strong><br />

nos direitos e garantias fundamentais da<br />

Constituição cidadã de 1988, a garantia através<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> à assistência judiciária integral<br />

gratuita aos hiposuficientes de to<strong>do</strong> o Brasil.<br />

Embora norma constitucional já tivesse<br />

prescrito em 1988 que os Esta<strong>do</strong>s teriam que<br />

organizar suas Defensorias Públicas em cargos<br />

de carreira provi<strong>do</strong>s na classe inicial mediante<br />

concurso público de provas e títulos, somente em<br />

dezembro de 1994 se efetivou a<br />

institucionalização da guardiã da cidadania em<br />

nosso Esta<strong>do</strong>.<br />

Esta é a razão maior da comemoração <strong>do</strong><br />

Dia <strong>do</strong> Defensor Público, 19 de maio, dia de<br />

Santo Ivo.<br />

A independência funcional,<br />

administrativa, a iniciativa da proposta<br />

orçamentária e o repasse <strong>do</strong>s respectivos aportes<br />

por meio de duodécimos, são profundas<br />

mudanças projetadas para o desenvolvimento<br />

institucional da Defensoria Pública, graças à<br />

Emenda Constitucional nº 45, de 2004.<br />

Aguardamos ansiosos para que essa emenda seja<br />

adequada à Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo. Aguardamos com muita ansiedade,<br />

porque essa emenda traz a redenção da nossa<br />

instituição, simetricamente adequan<strong>do</strong>-a e<br />

levan<strong>do</strong>-a à mesma esfera, à mesma condição <strong>do</strong><br />

Ministério Público, uma das instituições mais<br />

respeitadas e fortes <strong>do</strong> nosso País.<br />

A par dessa relevante inovação, os<br />

Defensores Públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> vivenciam um<br />

contexto singular, forman<strong>do</strong> um consenso na<br />

comunidade jurídica, a necessidade de


2178 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

fortalecimento e aprimoramento da instituição<br />

como primordial instrumento de viabilização <strong>do</strong><br />

acesso à justiça daquelas pessoas menos<br />

favorecidas economicamente.<br />

Merece destaque o diagnóstico recémpatrocina<strong>do</strong><br />

pelo programa das Nações Unidas<br />

para o desenvolvimento mundial. Feito junto a<br />

to<strong>do</strong>s os Esta<strong>do</strong>s, exceto naqueles em que as<br />

defensorias ainda não foram implementadas,<br />

como nos Esta<strong>do</strong>s de São Paulo, Goiás, Santa<br />

Catarina e no Paraná, onde não houve resposta<br />

sobre a situação no Esta<strong>do</strong>. Os Esta<strong>do</strong>s que<br />

menos investem nas Defensorias Públicas são<br />

aqueles que apresentam os piores indica<strong>do</strong>res<br />

sociais, medi<strong>do</strong>s pelo Índice de<br />

Desenvolvimento Humano, IDH.<br />

As ações cíveis correspondem a setenta e<br />

seis por cento das ações ajuizadas ou<br />

respondidas pela Defensoria Pública, permitin<strong>do</strong><br />

concluir que a instituição tem se distancia<strong>do</strong> de<br />

sua origem histórica na defesa criminal para<br />

atuar prioritariamente na garantia <strong>do</strong>s direitos<br />

individuais.<br />

Constatou-se ainda que a atuação da<br />

Defensoria é mais eficiente nas áreas de famílias,<br />

nas varas criminais e no tribunal <strong>do</strong> júri.<br />

Conclui-se que a paz social deverá ser pactuada<br />

na via maior <strong>do</strong> acesso à justiça. Com o<br />

fortalecimento da Defensoria Pública, através da<br />

necessária concessão da sua autonomia<br />

institucional, sua legitimação para ajuizar ações<br />

coletivas, utilização de meios alternativos de<br />

solução de conflitos e apoios multidisciplinares.<br />

Meus Senhores, minhas Senhoras,<br />

achamos justo neste momento apresentarmos<br />

alguma coisa que está se fazen<strong>do</strong> na Defensoria<br />

Pública <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo. Como a Srª<br />

Deputada disse há poucos instantes, muito <strong>do</strong>s<br />

nossos telespecta<strong>do</strong>res da TV Assembléia não<br />

conhecem o que se faz na Defensoria Pública e é<br />

uma grande oportunidade que temos aqui, agora,<br />

de fazermos a apresentação desse laborioso<br />

serviço que vem prestan<strong>do</strong> a Defensoria Pública.<br />

A realidade nos mostrou que a luta por<br />

implementações na Defensoria Pública é apenas<br />

o primeiro passo na efetivação de direitos<br />

capazes de propiciar a concretização <strong>do</strong> direito<br />

da cidadania no acesso à justiça, como requisito<br />

fundamental e básico de to<strong>do</strong>s os direitos<br />

humanos.<br />

No decorrer <strong>do</strong> ano de 2004, a<br />

Defensoria Pública esteve completamente<br />

voltada para a melhoria <strong>do</strong> seu trabalho no<br />

atendimento aos hipossuficientes, que cada dia<br />

mais necessitam da assistência judiciária.<br />

Com esse intuito, a Defensoria Pública<br />

mobilizou-se para realizar mudanças, para<br />

atingir os objetivos propostos nos projetos<br />

cria<strong>do</strong>s pelo Conselho Superior da Defensoria<br />

Pública quan<strong>do</strong> da elaboração <strong>do</strong> PPA da<br />

Instituição.<br />

A seguir explanaremos os serviços<br />

presta<strong>do</strong>s, são os seguintes:<br />

Através da capacitação de recursos<br />

humanos foram realiza<strong>do</strong>s seminários, buscan<strong>do</strong><br />

promover motivação aos Defensores Públicos, a<br />

fim de proporcionar aos hipossuficientes uma<br />

assistência com qualidade, estabelecen<strong>do</strong><br />

sentimentos de confiança e respeito recíprocos<br />

entre o defensor e o seu assisti<strong>do</strong>.<br />

O Egrégio Conselho Superior da<br />

Defensoria Pública é integra<strong>do</strong> pelo Defensor<br />

Público, Subdefensor Público, Correge<strong>do</strong>r Geral,<br />

na qualidade de Membros Natos, e mais onze<br />

membros eleitos, dentre os integrantes da<br />

categoria mais elevada da carreira, em atividade,<br />

com mandato de <strong>do</strong>is anos elaborou diversos<br />

projetos.<br />

A reestruturação da Defensoria Pública,<br />

a continuação da reforma da Sede da Defensoria<br />

Pública reiniciada em 2004, busca proporcionar<br />

maior conforto no atendimento <strong>do</strong>s assisti<strong>do</strong>s.<br />

Para isso está em tramitação o Projeto com<br />

previsão de um dispêndio de quinhentos mil<br />

reais para a sua efetivação. “Casa <strong>do</strong> Cidadão<br />

Eurico Rezende”, possibilitará a melhoria no<br />

atendimento em função <strong>do</strong> espaço físico assim<br />

como favorecen<strong>do</strong> melhores condições de acesso<br />

e trânsito <strong>do</strong>s porta<strong>do</strong>res de deficiências físicas.<br />

Projeto “DNA”, com a finalidade de<br />

atender aos processos de investigação de<br />

paternidade em andamento nas Varas de Família,<br />

proporcionan<strong>do</strong> acesso <strong>do</strong>s hipossuficientes nos<br />

exames de DNA, onde alguns processos sem<br />

solução, desde 1999, puderam ser atendi<strong>do</strong>s<br />

totalizan<strong>do</strong> mil seiscentos e oitenta e três<br />

cadastra<strong>do</strong>s na Defensoria Pública. Foram<br />

efetiva<strong>do</strong>s exames de mãe, filho e pretenso pai.<br />

O Governo Paulo Hartung disponibilizou<br />

verba no valor de duzentos mil reais, e quan<strong>do</strong> se<br />

realizou quatrocentos e quatro exames, através<br />

<strong>do</strong> Laboratório BIOCOD vence<strong>do</strong>r de licitação,<br />

modalidade pregão eletrônico.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2179<br />

Projeto de grande sucesso cita<strong>do</strong> até pelo<br />

nosso ilustre desembarga<strong>do</strong>r, “Justiça Sem<br />

Amarras”. Na área penal a Defensoria Pública<br />

implementou, em setembro de 2004, o projeto<br />

“Justiça Sem Amarras”, cujo objetivo é requerer<br />

benefícios àqueles que por ventura tenham<br />

direito por terem pratica<strong>do</strong> crimes de menor<br />

potencial ofensivo e às vezes com excessos de<br />

prazos.<br />

Em setembro, requeremos cento e trinta<br />

e seis benefícios, sen<strong>do</strong> concedi<strong>do</strong>s sessenta e<br />

sete. Em outubro, requeremos cento e um<br />

benefícios, sen<strong>do</strong> concedi<strong>do</strong>s oitenta e assim por<br />

diante. Agora em maio, seiscentos e quarenta e<br />

sete Habeas Corpus foram impetra<strong>do</strong>s junto ao<br />

Tribunal de Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo,<br />

procuran<strong>do</strong> com isso diminuir a população<br />

carcerária <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo. Cidadãos<br />

brasileiros, a maioria afro-descendentes, sofrem<br />

nas masmorras que estão nos presídios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Espírito Santo. Vamos com isso tentar<br />

amenizar essa situação calamitosa que é o<br />

sistema prisional <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong>.<br />

Foram totaliza<strong>do</strong>s mil novecentos e<br />

quarenta e três benefícios requeri<strong>do</strong>s e<br />

concedi<strong>do</strong>s apenas trezentos e setenta e três<br />

benefícios.<br />

O “Projeto Terra Legal”, após ser<br />

procurada por um grupo de proprietários rurais<br />

da região Serra <strong>do</strong> Caparão, necessita<strong>do</strong>s de uma<br />

assessoria jurídica com o fim de legalização<br />

fundiária, a Defensoria Pública Estadual<br />

resolveu criar um núcleo especial para<br />

intermediar junto ao IBAMA, solução em<br />

processos de indenização das propriedades<br />

desapropriadas nos limites <strong>do</strong> Parque Nacional<br />

<strong>do</strong> Caparão, através de decreto presidencial.<br />

O “Plantão Judiciário”, a instituição<br />

criou e continua implementan<strong>do</strong> no Tribunal de<br />

Justiça aos sába<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>mingos e feria<strong>do</strong>s,<br />

atuan<strong>do</strong> em consonância com o Poder Judiciário<br />

e o Ministério Público.<br />

Um da<strong>do</strong> que podemos destacar é que o<br />

Defensor Público está colaboran<strong>do</strong> com o<br />

Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e não está receben<strong>do</strong><br />

nenhum tostão sequer por esse trabalho. É um<br />

trabalho que é reconheci<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s. O<br />

Defensor, com o seu espírito de <strong>do</strong>ação,<br />

reconhecen<strong>do</strong> que muitos <strong>do</strong>s nossos cidadãos,<br />

nos finais de semana, às vezes, são deti<strong>do</strong>s,<br />

presos injustamente, e às vezes levam dias e<br />

semanas para repararem a situação.<br />

Foi cria<strong>do</strong> o grupo superior de apoio<br />

para o tribunal de júri. Estamos atenden<strong>do</strong> a<br />

todas as pautas de julgamentos nas comarcas <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, onde não tem atendimento de<br />

Defensores Públicos.<br />

Os júris estão sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s através<br />

de designações de Defensores por extensão.<br />

Estamos informatizan<strong>do</strong> a Defensoria Pública.<br />

Através <strong>do</strong> pregão eletrônico, estão programadas<br />

compras de equipamento de informática e<br />

computa<strong>do</strong>res para a modernização da<br />

Defensoria Pública. Duzentos e cinqüenta e seis<br />

mil reais estão sen<strong>do</strong> destina<strong>do</strong>s para esse<br />

evento.<br />

A interação com o público em geral,<br />

através <strong>do</strong> seu Link “Fale conosco”, possibilita a<br />

consulta nos assuntos jurídicos na forma de<br />

perguntas, conten<strong>do</strong> explicações sobre os<br />

principais serviços que a Defensoria Pública<br />

pode prestar, responden<strong>do</strong> na forma de E-mail as<br />

dúvidas <strong>do</strong>s nossos assisti<strong>do</strong>s.<br />

Estamos com um número de Defensores<br />

bastante reduzi<strong>do</strong>. Para que tenham uma idéia o<br />

nosso quadro é de duzentos e noventa e sete<br />

defensores. Estamos com apenas noventa e seis.<br />

Um terço <strong>do</strong> necessário, isso há dez anos atrás.<br />

Com este número reduzi<strong>do</strong>, no ano passa<strong>do</strong>,<br />

tivemos sessenta e quatro mil duzentos e<br />

quarenta e seis atendimentos. É um número<br />

expressivo. Caben<strong>do</strong> para cada um a média de<br />

quase mil assisti<strong>do</strong>s.<br />

Na área da Infância e Juventude tivemos<br />

cinco mil e trezentos e trinta e um atendimentos.<br />

Na área da Família tivemos vinte e oito mil e<br />

quarenta e seis atendimentos. Na área Criminal<br />

tivemos dezessete mil e novecentos e quarenta e<br />

<strong>do</strong>is atendimentos. Com isso, sentimos que<br />

precisamos ter o nosso concurso público e<br />

oxigenar a Defensoria Pública. Buscamos junto<br />

ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a efetivação desse<br />

concurso. O Conselho Superior da Defensoria<br />

Pública já aprovou a comissão que elaborará o<br />

mesmo. Fizemos publicar no Diário Oficial essa<br />

comissão, para que nos próximos cento e vinte<br />

dias, elabore a resolução e o edital <strong>do</strong> concurso<br />

público.<br />

Anunciamos alguns de nossos projetos<br />

em andamento, como o Núcleo de Assistência às<br />

comunidades de Quilombolas/Afrodescendentes,<br />

com atuação inicial em São<br />

Mateus, Conceição da Barra e Santa Leopoldina.<br />

O DNA com mais quinhentos e cinqüenta e


2180 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

cinco exames, que serão efetua<strong>do</strong>s durante o ano<br />

de 2005. A Defensoria Itinerante promoverá a<br />

compra de uma Kombi/Besta para atender às<br />

periferias da Grande Vitória e interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

O “0800”, Sistema de Comunicação<br />

Gratuita com as linhas: 0800-283-9294 para<br />

Vitória, 0800-283-9295 para Cariacica, e 0800-<br />

283-9296 para Cachoeiro de Itapemirim, sul <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>. Implementaremos a Escola Superior da<br />

Defensoria Pública. Temos que reciclar<br />

aprimorar e profissionalizar nossos colegas<br />

Defensores Públicos.<br />

A Proposta de Emenda Constitucional:<br />

adaptação da Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> à<br />

Constituição Federal. Emenda Constitucional nº<br />

45/04 que proporcionou à Defensoria Pública<br />

independência administrativa e financeira, com<br />

direito ao duodécimo. A reforma da Lei<br />

Orgânica Estadual, adequan<strong>do</strong>-a à Constituição<br />

vigente. O Convênio com o Tribunal de Justiça<br />

para implantação de um terminal de andamento<br />

de processos judiciais, na triagem, para agilizar o<br />

atendimento das ações e ter de imediato a<br />

situação processual <strong>do</strong>s assisti<strong>do</strong>s.<br />

Implementação de núcleo: convênio com a<br />

Prefeitura de Colatina, aguardan<strong>do</strong> novo local de<br />

atendimento. A criação de núcleos: em<br />

andamento com as Prefeituras Municipais de<br />

Vitória - nosso objetivo é implementar o CIC,<br />

uma Defensoria Pública – Guarapari, Barra de<br />

São Francisco, Serra, Nova Venécia e<br />

Ecoporanga. A modernização <strong>do</strong>s núcleos da<br />

Defensoria Pública em Cachoeiro de Itapemirim,<br />

Cariacica e Vila Velha.<br />

Consultas através da Internet e de<br />

terminal de andamento de processos judiciais;<br />

promoção de seminários na área da saúde e <strong>do</strong><br />

direito de to<strong>do</strong>s, visan<strong>do</strong> estreitar as posições<br />

jurídicas e de fornecimento de remédio para os<br />

assisti<strong>do</strong>s necessita<strong>do</strong>s, de medicamentos<br />

especiais. O Projeto Mutirão Penal: convênio<br />

com o Departamento Penitenciário <strong>do</strong> Ministério<br />

da Justiça – DEPEN – “Agilização de processos<br />

e direitos da população carcerária na Execução<br />

Penal de Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo”. A<br />

solicitação de aumento de estagiários no quadro<br />

da Defensoria Pública já foi feita e aguardamos<br />

com ansiedade a liberação. A criação de uma<br />

central de atendimento aos defensores públicos<br />

na confecção de petições, utilizan<strong>do</strong> os recursos<br />

<strong>do</strong>s estagiários; comunicação de prisão decreto<br />

que visa garantir aos hipossuficientes o princípio<br />

constitucional da democratização <strong>do</strong> acesso à<br />

justiça e ampla defesa; projeto de Lei que<br />

estabelece a obrigatoriedade de espaço físico<br />

destinan<strong>do</strong> instalações próprias para a defensoria<br />

pública em prédio onde funcionam órgãos <strong>do</strong><br />

Poder Judiciário, tribunais e outras providencias.<br />

Apenas para encerrar, dizer que o<br />

fortalecimento da Defensoria Pública é, portanto,<br />

uma condição indispensável para a efetivação da<br />

igualdade legal e para a realização <strong>do</strong>s direitos<br />

<strong>do</strong>s nossos hipossuficientes. (Muito bem!)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Neste momento, para<br />

abrilhantar ainda mais esta sessão, convidamos<br />

novamente os corais da Escola Estadual Emílio<br />

Espírito Santo Carneiro, <strong>do</strong> Bairro Vale<br />

Encanta<strong>do</strong>, e da Escola Estadual Pedro<br />

Herkenhoff, <strong>do</strong> Bairro Cobilândia, regi<strong>do</strong>s pelo<br />

Maestro Sandro Gomes.<br />

O Grupo cantará a Música “Carinhoso”,<br />

composição de Pixinguinha. (Palmas)<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) – Uma belíssima apresentação <strong>do</strong>s<br />

corais da Escola Estadual Emílio Espírito Santo<br />

Carneiro, <strong>do</strong> Bairro Vale Encanta<strong>do</strong>, e da Escola<br />

Estadual Pedro Herkenhoff, <strong>do</strong> Bairro<br />

Cobilândia, regi<strong>do</strong> pelo Maestro Sandro Gomes.<br />

Realmente as palmas foram merecidas.<br />

Isso nos dá aquela confiança de que realmente é<br />

feito um grande trabalho para nossas futuras<br />

gerações. Esse é o trabalho que o Espírito Santo<br />

e o Brasil precisam. Parabéns ao Maestro Sandro<br />

Gomes e a todas as crianças que se apresentaram<br />

nesta Casa.<br />

Isso tu<strong>do</strong> é pela importância <strong>do</strong>s<br />

defensores públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo,<br />

pelo trabalho que os senhores e senhoras<br />

realizam neste Esta<strong>do</strong>.<br />

Passaremos à entrega <strong>do</strong>s diplomas aos<br />

defensores públicos, que serão homenagea<strong>do</strong>s<br />

nesta tarde, nesta sessão.<br />

Autorizo o locutor que pertence ao nosso<br />

Cerimonial, que faça a leitura <strong>do</strong>s currículos e<br />

que proceda à chamada <strong>do</strong>s defensores que serão<br />

homenagea<strong>do</strong>s por nós.<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos a Dra.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2181<br />

Marinete Brandão para receber seu certifica<strong>do</strong><br />

das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes.<br />

A Dra. Marinete Brandão é aposentada e<br />

colabora<strong>do</strong>ra da Defensoria Pública<br />

(A homenageada recebe o<br />

certifica<strong>do</strong> e flores) (Palmas)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos a Dra.<br />

Nely Menezes Pereira para receber seu<br />

certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Dr. Pedro Valls Feu<br />

Rosa.<br />

A Dra. Nely Menezes Pereira é<br />

Coordena<strong>do</strong>ra de Direito Penal da Defensoria<br />

Pública.<br />

(A homenageada recebe o<br />

certifica<strong>do</strong> e flores) (Palmas)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos a Dra.<br />

Regina Potiguara Brandão para receber seu<br />

certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra<br />

Alves.<br />

A Dra. Regina Potiguara é Coordena<strong>do</strong>ra<br />

de Direito Cível da Defensoria Pública.<br />

(A homenageada recebe o<br />

certifica<strong>do</strong> e flores) (Palmas)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos o Sr.<br />

Marcos Antônio de Oliveira Farizel para receber<br />

seu certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Dr. João Nogueira<br />

da Silva Neto.<br />

O Dr. Marcos Antônio de Oliveira<br />

Farizel é Coordena<strong>do</strong>r de Direitos Humanos da<br />

Defensoria Pública.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos a Dra.<br />

Vera Lúcia Figueire<strong>do</strong> Rodrigues para receber<br />

seu certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Dr. João Nogueira<br />

da Silva Neto.<br />

A Dra. Vera Lúcia Figueire<strong>do</strong> Rodrigues<br />

é Coordena<strong>do</strong>ra de Direito Constitucional e<br />

Administrativo e Coordena<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Projeto DNA.<br />

(A homenageada recebe o<br />

diploma e flores)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos o Dr.<br />

Francisco Galimberti para receber seu<br />

certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Verea<strong>do</strong>r Sr. Altamiro<br />

Thadeu Frontino Sobreiro.<br />

O Dr. Francisco Galimberti é Defensor<br />

Público, atuante no norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos o Dr.<br />

Eurico Eugênio Travaglia, representa<strong>do</strong> pelo Dr.<br />

Anselmo Travaglia, para receber seu certifica<strong>do</strong><br />

das mãos <strong>do</strong> Verea<strong>do</strong>r Sr. Altamiro Thadeu<br />

Frontino Sobreiro.<br />

O Dr. Eurico Eugênio Travaglia é<br />

Defensor, atuante no sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos o Sr.<br />

Moacir Pires Gonçalves Júnior para receber seu<br />

certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Verea<strong>do</strong>r Sr. Altamiro<br />

Thadeu Frontino Sobreiro.<br />

O Sr. Moacir Pires Gonçalves Júnior é<br />

Estagiário da Defensoria Pública, melhor<br />

destaque, Representan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os estagiários da<br />

Defensoria Pública.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Convi<strong>do</strong> o Sr.<br />

Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves para receber seu


2182 - Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Gilson<br />

Gomes e da Verea<strong>do</strong>ra Sandra Gomes<br />

O Sr. Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves é<br />

Defensor Geral.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

certifica<strong>do</strong>)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Convi<strong>do</strong> o Sr. João<br />

Nogueira para receber seu certifica<strong>do</strong> das mãos<br />

<strong>do</strong> Sr. Deputa<strong>do</strong> Gilson Gomes e da Verea<strong>do</strong>ra<br />

Sandra Gomes.<br />

O Sr. João Nogueira é Presidente da<br />

Associação <strong>do</strong>s Defensores Públicos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

certifica<strong>do</strong>)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Passaremos à entrega<br />

<strong>do</strong> Diploma Amigos da Defensoria.<br />

Convi<strong>do</strong> o Sr. Alex Pandini,<br />

representa<strong>do</strong> por sua esposa Roberta Leppaus<br />

Pandini, para receber seu Diploma Amigos da<br />

Defensoria, das mãos <strong>do</strong> Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra<br />

Alves.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convi<strong>do</strong> o Sr. Carlos<br />

Leite, apresenta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> programa Café com Leite,<br />

da TV Capixaba, para receber seu Diploma<br />

Amigos da Defensoria, das mãos <strong>do</strong> Dr.<br />

Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

diploma)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Faremos a entrega <strong>do</strong><br />

Diploma de Honra ao Mérito aos Defensores<br />

destaques.<br />

Convi<strong>do</strong> a Dra. Eva Roncali, com a<br />

pontuação de 612.300 pontos, para receber seu<br />

certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra<br />

Alves.<br />

(A homenageada recebe o<br />

certifica<strong>do</strong>)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Convi<strong>do</strong> a Dra. Alba<br />

de Lima, com a pontuação de 613.000 pontos,<br />

para receber seu certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Dr.<br />

Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves.<br />

(A homenageada recebe o<br />

certifica<strong>do</strong>)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Convi<strong>do</strong> a Dra.<br />

Nádia de Oliveira, com a pontuação de 639.300<br />

pontos, para receber seu certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong><br />

Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves.<br />

(A homenageada recebe o<br />

certifica<strong>do</strong>)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Convi<strong>do</strong> o Dr.<br />

Roberto Leppaus, com a pontuação de 665.500<br />

pontos, para receber seu certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong><br />

Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

certifica<strong>do</strong>)<br />

O SR. CERIMONIALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Convi<strong>do</strong> o Dr.<br />

Francisco Galibert, com a pontuação de 834.600<br />

pontos, para receber seu certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong><br />

Dr. Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves.<br />

(O homenagea<strong>do</strong> recebe o<br />

certifica<strong>do</strong>)<br />

O SR. CERIMONALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) - Convidamos a Srª<br />

Nilma Lopes, com a pontuação 842.800, para<br />

receber o seu certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Sr.<br />

Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves. (Pausa)


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2183<br />

Convidamos a Srª Elisabeth Erlacher,<br />

com a pontuação 1.082.200 , para receber o seu<br />

certifica<strong>do</strong> das mãos <strong>do</strong> Sr. Florisval<strong>do</strong> Dutra<br />

Alves. (Pausa)<br />

(A homenageada recebe o<br />

certifica<strong>do</strong>)<br />

O SR. CERIMONALISTA –<br />

(ADEMIR PAZOLINI) – Com a palavra o Sr.<br />

Presidente Gilson Gomes.<br />

O SR. PRESIDENTE – (GILSON<br />

GOMES) - Aproveitamos a oportunidade de<br />

estar ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> brilhante desembarga<strong>do</strong>r, Dr.<br />

Pedro Valls Feu Rosa, para render nossas<br />

homenagens ao Poder Judiciário <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Espírito Santo por homenagear as mulheres <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo ao escolher a primeira<br />

desembarga<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo,<br />

Drª. Catharina Maria Novaes Barcellos, que foi<br />

defensora pública. Essas lembranças são justas.<br />

(Palmas)<br />

O Dr. Pedro Valls Feu Rosa é um jovem<br />

e brilhante desembarga<strong>do</strong>r que participou da<br />

votação, da escolha da Drª. Catharina Maria<br />

Novaes Barcellos. O Tribunal de Justiça, em que<br />

confiamos muito, ao dar essa oportunidade a<br />

uma mulher, que hoje ocupa tantos espaços com<br />

sapiência, competência, honestidade e<br />

profissionalismo, deu um grande passo para<br />

continuar a merecer a confiança da sociedade<br />

capixaba. Já havia passa<strong>do</strong> a hora de fazer essa<br />

homenagem.<br />

Dr. Pedro Valls Feu Rosa, leve deste<br />

parlamentar as nossas homenagens, que ficarão<br />

registradas nos Anais deste Poder, pela belíssima<br />

e justa escolha da Drª Catharina. Transmita aos<br />

demais desembarga<strong>do</strong>res nossos votos de que o<br />

Tribunal de Justiça, merecidamente, continue<br />

sen<strong>do</strong> a justiça com que to<strong>do</strong>s sonhamos.<br />

Parabéns a V.Exª e a to<strong>do</strong>s os seus Pares.<br />

Agradecemos também a to<strong>do</strong>s os<br />

defensores públicos que compareceram a esta<br />

Casa. Fizemos questão de registrar no nosso<br />

discurso que, apesar de sermos simpatizante e<br />

admira<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s defensores, nosso requerimento<br />

não foi vota<strong>do</strong> pela nossa exclusiva simpatia. Os<br />

parlamentares votaram à unanimidade para que<br />

acontecesse esta justa homenagem da sociedade<br />

capixaba pelos valorosos trabalhos que os<br />

defensores públicos têm presta<strong>do</strong> aos menos<br />

favoreci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo.<br />

Acreditamos que esta Casa, ao instituir<br />

as sessões solenes, que já existiam há anos mas<br />

estavam sen<strong>do</strong> esquecidas, está mostran<strong>do</strong> ao<br />

povo capixaba que este Poder tem sensibilidade,<br />

tem capacidade de reconhecer no seio da<br />

sociedade as instituições que merecem a<br />

confiança <strong>do</strong> povo capixaba.<br />

Parabéns a to<strong>do</strong>s que vieram a esta Casa,<br />

convida<strong>do</strong>s e homenagea<strong>do</strong>s, e ao Sr.<br />

Florisval<strong>do</strong> Dutra Alves, que tem si<strong>do</strong> um<br />

brilhante defensor, queri<strong>do</strong> por sua classe,<br />

homem correto, honesto e retrata nesta Casa o<br />

que é a Defensoria Pública <strong>do</strong> nosso Esta<strong>do</strong>,<br />

orgulho de to<strong>do</strong>s nós.<br />

Como Parlamentar mais antigo com<br />

mandato no Espírito Santo, teremos<br />

oportunidade de votar a lei que dará a tão<br />

sonhada e justa independência financeira ao<br />

órgão. (Palmas)<br />

Como já dizia o poeta: “Sonho que se<br />

sonha junto, torna-se realidade”.<br />

Nada mais haven<strong>do</strong> a tratar, vou encerrar<br />

a presente sessão convocan<strong>do</strong> os Srs. Deputa<strong>do</strong>s<br />

para a próxima, ordinária, e para qual designo:<br />

EXPEDIENTE:<br />

O que ocorrer.<br />

ORDEM DO DIA:<br />

Votação, com discussão única encerrada, em<br />

regime de urgência, <strong>do</strong>s projetos n.ºs 117/2005 e<br />

244/2004. Votação da redação final <strong>do</strong> Projeto de<br />

Resolução n.º 298/2004.<br />

Está encerrada a sessão.<br />

Encerra-se a sessão às dezessete horas<br />

e quarenta e quatro minutos.


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 1<br />

ATOS <strong>LEGISLATIVO</strong>S<br />

RESOLUÇÃO Nº 2.239<br />

Admite na Ordem <strong>do</strong> Mérito<br />

“Domingos Martins”.<br />

A MESA DA ASSEMBLÉIA<br />

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO<br />

SANTO, usan<strong>do</strong> das atribuições que lhe são<br />

conferidas pelo artigo 17, XXVI <strong>do</strong> Regimento<br />

Interno, aprova<strong>do</strong> pela Resolução nº 1600, de<br />

11.12.1991, combina<strong>do</strong> com os artigos 2º da<br />

Resolução 1.390, de 10.10.1984 e 4º da Resolução nº<br />

1391, de 17.10.1984, promulga a seguinte Resolução:<br />

Art. 1º Admite na Ordem <strong>do</strong> Mérito<br />

“Domingos Martins” no Grau de “Comenda<strong>do</strong>r” o Sr.<br />

Guilherme de Oliveira Estrella, conceden<strong>do</strong>-lhe as<br />

insígnias e o Diploma <strong>do</strong> respectivo Grau.<br />

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na<br />

data de sua publicação.<br />

Palácio Domingos Martins, em 20 de maio<br />

de 2005.<br />

CÉSAR COLNAGO<br />

Presidente<br />

MARCELO SANTOS<br />

1º Secretário<br />

REGINALDO ALMEIDA<br />

2º Secretário<br />

ATOS ADMINISTRATIVOS<br />

ATOS DA MESA<br />

ATO N.º 1.035<br />

A MESA DA ASSEMBLÉIA<br />

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO<br />

SANTO, usan<strong>do</strong> de suas atribuições legais, resolve:<br />

NOMEAR, na forma <strong>do</strong> artigo 12, inciso II,<br />

da Lei Complementar n.º 46, de 31 de janeiro de<br />

1994, ELENIR FRANCISCA NOVAES, para<br />

exercer o cargo em comissão de Assistente de<br />

Gabinete de Representação Parlamentar, código<br />

ASGRP, da Secretaria da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, no<br />

gabinete <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Robson Vaillant, a partir de<br />

1º.05.2005, por solicitação <strong>do</strong> próprio Deputa<strong>do</strong>,<br />

contida no processo n.º 052633-0.<br />

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em<br />

24 de maio de 2005.<br />

CÉSAR COLNAGO<br />

Presidente<br />

MARCELO SANTOS<br />

1º Secretário<br />

REGINALDO ALMEIDA<br />

2º Secretário<br />

ATO N.º 1.036<br />

A MESA DA ASSEMBLÉIA<br />

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO<br />

SANTO, usan<strong>do</strong> de suas atribuições legais, resolve:<br />

NOMEAR, na forma <strong>do</strong> artigo 12, inciso II,<br />

da Lei Complementar n.º 46, de 31 de janeiro de<br />

1994, NALÉCIA CAETANO MORAES, para<br />

exercer o cargo em comissão de Assistente de<br />

Gabinete de Representação Parlamentar, código<br />

ASGRP, da Secretaria da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, no<br />

gabinete <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Paulo Foletto, por solicitação<br />

<strong>do</strong> próprio Deputa<strong>do</strong>, contida no processo n.º 052659-<br />

0.<br />

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em<br />

24 de maio de 2005.<br />

CÉSAR COLNAGO<br />

Presidente<br />

MARCELO SANTOS<br />

1º Secretário<br />

REGINALDO ALMEIDA<br />

2º Secretário<br />

ATO N.º 1.037<br />

A MESA DA ASSEMBLÉIA<br />

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO<br />

SANTO, usan<strong>do</strong> de suas atribuições legais, resolve:<br />

TORNAR SEM EFEITO, o Ato n.º 966, de<br />

05.05.2005, publica<strong>do</strong> em 06.05.2005, que nomeou<br />

RAQUEL LIMA DE ARAUJO, para exercer o<br />

cargo em comissão de Assistente de Gabinete de<br />

Representação Parlamentar, código ASGRP, no<br />

gabinete <strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Robson Vaillant, por<br />

solicitação <strong>do</strong> próprio Deputa<strong>do</strong>, contida no processo<br />

n.º 052632-0.<br />

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em<br />

24 de maio de 2005.


2 – Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005<br />

CÉSAR COLNAGO<br />

Presidente<br />

MARCELO SANTOS<br />

1º Secretário<br />

REGINALDO ALMEIDA<br />

2º Secretário<br />

ATOS DO DIRETOR GERAL<br />

PORTARIA N.º 117<br />

O DIRETOR GERAL DA SECRETARIA<br />

DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO<br />

DO ESPÍRITO SANTO, usan<strong>do</strong> de suas atribuições<br />

legais, resolve:<br />

CONSIDERAR TRANSFERIDAS, para o<br />

perío<strong>do</strong> de 01 a 30.07.2005, as férias regulamentares,<br />

referentes ao exercício de 2005, da servi<strong>do</strong>ra<br />

LARISSA ALTOÉ CONTARATO, matrícula n.º<br />

202351, exercen<strong>do</strong> o cargo em comissão de<br />

Assistente Legislativo, código ALCPT, da Secretaria<br />

da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, marcadas anteriormente<br />

conforme Portaria n.º 476/04.<br />

Secretaria da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, em<br />

24 de maio de 2005.<br />

JARBAS RIBEIRO DE ASSIS JÚNIOR<br />

Diretor Geral da Secretaria<br />

PORTARIA N.º 118<br />

O DIRETOR GERAL DA SECRETARIA<br />

DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO<br />

DO ESPÍRITO SANTO, usan<strong>do</strong> de suas atribuições<br />

legais, resolve:<br />

TRANSFERIR, as férias regulamentares,<br />

referentes ao exercício de 2005, da servi<strong>do</strong>ra<br />

MARIDALVA DEL FIUME MOSCHEN,<br />

matrícula n.º 203954, ocupante <strong>do</strong> cargo efetivo de<br />

Analista Legislativo, código AL, <strong>do</strong> Quadro<br />

Permanente de Secretaria da Assembléia <strong>Legislativa</strong>,<br />

marcadas anteriormente conforme Portaria n.º 476/04,<br />

reservan<strong>do</strong>-lhe o direito de gozá-las integralmente em<br />

época oportuna.<br />

Diretor Geral da Secretaria<br />

RESUMO DE CONTRATO DE<br />

COMPLEMENTAÇÃO EDUCACIONAL<br />

1. CONTRATANTE: ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO<br />

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

2. CONTRATADO: PATRÍCIA DOS ANJOS SILVA<br />

3. ESPECIFICAÇÃO: ESTÁGIO EDUCACIONAL – 2º<br />

GRAU<br />

4. VIGÊNCIA: 13.05.2005 a 12.05.2006<br />

5. VALOR MENSAL<br />

DO CONTRATO:<br />

6. DOTAÇÃO<br />

ORÇAMENTÁRIA: 3.3.90.39.00<br />

R$192,00 (cento e noventa e <strong>do</strong>is<br />

reais)<br />

Secretaria da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, em<br />

19 de maio de 2005.<br />

JARBAS RIBEIRO DE ASSIS JÚNIOR<br />

Diretor Geral da Secretaria<br />

ATOS DO SUBDIRETOR GERAL<br />

ERRATA<br />

No Aviso de Dispensa de Licitação, data<strong>do</strong><br />

em 16 de maio de 2005 e publica<strong>do</strong> no DPL <strong>do</strong> dia 17<br />

de maio de 2005, referente aquisição de papel carta,<br />

onde se lê:<br />

“(...) constante <strong>do</strong> Processo 043981-0 (...)”<br />

Leia-se:<br />

“(...) constante <strong>do</strong> Processo 052161-0 (...)”<br />

Secretaria da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, em<br />

24 de maio de 2005.<br />

LUIZ ALBERTO DAROS<br />

Subdiretor Geral da Secretaria<br />

Secretaria da Assembléia <strong>Legislativa</strong>, em<br />

24 de maio de 2005.<br />

JARBAS RIBEIRO DE ASSIS JÚNIOR


Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 3<br />

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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA<br />

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO


ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA<br />

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

DIRETORIAS DO <strong>PODER</strong> <strong>LEGISLATIVO</strong><br />

SECRETARIA GERAL<br />

DIRETOR GERAL DA SECRETARIA<br />

JARBAS RIBEIRO DE ASSIS JUNIOR<br />

SECRETÁRIO GERAL DA MESA<br />

CARLOS EDUARDO CASA GRANDE<br />

PROCURADOR GERAL<br />

HÉLIO GUALBERTO VASCONCELLOS<br />

SUBDIRETOR GERAL<br />

SUBPROCURADOR GERAL<br />

LUIZ ALBERTO DAROS<br />

JULIO CESAR BASSINI CHAMUN<br />

SEC. DA MESA P/ASSUNTOS ECONÔMICOS RICARDO FERREIRA DOS SANTOS<br />

Assessoria Militar – ASLM<br />

Diretor Legislativo – DLA<br />

Diretor Legislativo – DLAE<br />

Diretor Legislativo – DLMD<br />

Diretor Legislativo – DLCPD<br />

Diretor Legislativo – DLR<br />

Diretor Legislativo – DLPL<br />

Diretor Legislativo – DLP<br />

Diretor Legislativo – DLMAE<br />

Diretor Legislativo – DLDI<br />

Diretor Legislativo – DLCPT<br />

Diretor Legislativo – DLTP<br />

Guilherme Coelho da Rocha<br />

João <strong>do</strong>s Santos Pires Filho<br />

Ricar<strong>do</strong> Wagner Viana Pereira<br />

Jocymar Geral<strong>do</strong> Lyra<br />

Paulo Marcos Lemos<br />

Naciene Luzia Modenesi Vicente<br />

Pio Jorge Pedrini<br />

Eduar<strong>do</strong> Rios Santos<br />

Aril<strong>do</strong> José Cassaro<br />

Marcelo Siano Lima<br />

Simone Silvares Itala Rizk

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