Etiopatogenia da Hipertensão Arterial, Riscos e Condutas ...
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />
FACULDADE DE ODONTOLOGIA<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ<br />
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/CURSO DE ODONTOLOGIA<br />
MESTRADO INTERINSTITUCIONAL EM ODONTOLOGIA<br />
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CLÍNICA INTEGRADA<br />
ETIOPATOGENIA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL, RISCOS E CONDUTAS<br />
PREVENTIVAS A SEREM EMPREGADAS NO ATENDIMENTO<br />
ODONTOLÓGICO A PACIENTES HIPERTENSOS.<br />
IZAMIR CARNEVALI ARAÚJO<br />
MARIZELI VIANA DE ARAGÃO ARAÚJO<br />
Seminário apresentado à Disciplina de<br />
Fun<strong>da</strong>mentos de Clínica Integra<strong>da</strong>.<br />
Professor Responsável:<br />
Prof. Dr. José Leonardo Simone<br />
Módulo: Dezembro de 2001.<br />
Belém-Pará<br />
2001
2<br />
SUMÁRIO<br />
1- INTRODUÇÃO....................................................................................................... 3<br />
2- EPIDEMIOLOGIA.................................................................................................. 4<br />
3- ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA....................................................................... 6<br />
4- SINAIS E SINTOMAS GERAIS ............................................................................ 7<br />
5- TRATAMENTO MÉDICO ..................................................................................... 9<br />
6- PLANEJAMENTO E TRATAMENTO ODONTOLÓGICO (MÉDICO) ........... 11<br />
ESQUEMAS DE TRATAMENTO ........................................................................... 18<br />
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 25<br />
8- REFERÊNCIAS .................................................................................................... 27
3<br />
1 – INTRODUÇÃO<br />
<strong>Hipertensão</strong> é a elevação anormal <strong>da</strong> pressão sangüínea<br />
sistólica arterial, em repouso, acima de 140 mm Hg e/ou a elevação <strong>da</strong><br />
pressão sangüínea diastólica acima de 90 mm Hg. Aproxima<strong>da</strong>mente 10 a<br />
20 por cento <strong>da</strong> população adulta que freqüenta o dentista são afetados pela<br />
doença. Esta doença implica no endurecimento <strong>da</strong>s paredes vasculares o<br />
que dificulta a passagem do fluxo sangüíneo. Embora, às vezes, se dê maior<br />
importância às elevações diastólicas, demonstrou-se que a hipertensão<br />
sistólica é um fator de risco importante para complicações cardiovasculares<br />
subseqüentes.<br />
Normalmente, a hipertensão é uma doença assintomática até<br />
que se desenvolvam suas complicações que podem levar a<br />
comprometimento do coração, rins, cérebro, olhos e <strong>da</strong>s artérias, limitando a<br />
ativi<strong>da</strong>de e encurtando a vi<strong>da</strong> do paciente. Um indivíduo de 35 anos de<br />
i<strong>da</strong>de, com uma pressão arterial de 150/100, não trata<strong>da</strong>, terá uma duração<br />
de vi<strong>da</strong> 17 anos mais curta do que a média geral.<br />
Silenciosamente e sem apresentar qualquer sintoma, a<br />
hipertensão impede o funcionamento normal dos orgãos mencionados e de<br />
suas artérias, podendo acelerar a aterosclerose o que pode levar à doença<br />
cardíaca congestiva, acidentes vasculares cerebrais e falência renal.<br />
Após o diagnóstico se fazem necessário o uso de<br />
medicamentos entre os quais os diuréticos (Moduretic, Diclotride) e os betabloqueadores<br />
(Inderal), por apresentarem poucos efeitos colaterais.<br />
Os fármacos mais modernos como Capoten (inibidores de<br />
enzimas) e os conversores de angiotensina exemplo o A<strong>da</strong>lat, apresentam<br />
mais reações colaterais como cefaléia e vertigem. Os bloqueadores alfaadrenérgicos,<br />
(Minipress) tem sido administrados a portadores de<br />
hipertensão e hipertrofia prostática, minimizando os fenômenos obstrutivos
4<br />
uretrais. Outro medicamento especial é o vaso dilatador Loniten que reduz a<br />
hipertensão mais grave, trazendo a pressão para níveis aceitáveis.<br />
Assim, a melhor conduta, frente à grande possibili<strong>da</strong>de do<br />
cirurgião-dentista estar adiante de um paciente hipertenso, seria a obtenção<br />
de uma anamnese bem detalha<strong>da</strong>, ressaltando aspectos importantes como a<br />
i<strong>da</strong>de, a hereditarie<strong>da</strong>de e os hábitos de vi<strong>da</strong> deste paciente que muitas<br />
vezes desconhece ser portador <strong>da</strong> doença.<br />
A hipertensão é responsável por uma grande parcela de<br />
internação hospitalar, de incapaci<strong>da</strong>de física e de óbito em pessoas com<br />
afcções cardiovasculares, fatos que criam a necessi<strong>da</strong>de de adoção de<br />
medi<strong>da</strong>s que permitam detectar e controlar a doença, a fim de minimizar os<br />
efeitos deletéreos e aumentar a expectativa e quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> do<br />
hipertenso.<br />
2- EPIDEMIOLOGIA<br />
Em termos de prevalência, é a enti<strong>da</strong>de clínica de maior<br />
representativi<strong>da</strong>de no mundo, admitindo-se que cerca de 10% a 20% dos<br />
adultos sejam acometidos por essa doença, atingindo percentuais acima de<br />
50% para pacientes idosos. Nos Estados Unidos 58 milhôes de americanos<br />
tem hipertensão sendo que 27% (5% <strong>da</strong> raça branca, 2% outros e 20% <strong>da</strong><br />
raça negra) destes não sabem, portanto não participam de nenhum<br />
programa de controle <strong>da</strong> doença. Segundos estudos 80% a 90% são do tipo<br />
essencial e os outros 10% aos de causa renal ou endócrinas.<br />
No que se refere à hipertensão arterial isola<strong>da</strong>mente, estudos<br />
encontraram, quanto à doença coronariana associa<strong>da</strong> a homens de 45 a 62<br />
anos, uma incidência cinco (5) vezes maior do que na população normal,<br />
nos diabéticos e nos obesos os hipertensos são o dobro dos normais.
5<br />
Antes do desenvolvimento dos meios terapêuticos de que hoje<br />
dispomos, a previsão de sobrevi<strong>da</strong> média, para os portadores de doenças<br />
hipertensiva, ao serem diagnosticados, era de 20 anos, dos quais passariam<br />
os primeiros 15 com manifestações predominantemente sintomáticas,<br />
freqüentemente corrigíveis, e os últimos 5 anos com complicações<br />
cardíacas, cerebrais ou renais, geralmente progressivas.<br />
Porém o estudo de grandes grupos hipertensos tem<br />
demonstrado, em sua maioria, que existe significativa redução na incidência<br />
de complicações vasculares nos submetidos a tratamento hipotensor e aos<br />
cui<strong>da</strong>dos de controle e avaliação dos pacientes.<br />
Segundo <strong>da</strong>dos do Centro Nacional de Epidemiologia do<br />
Ministério <strong>da</strong> Saúde do Brasil (1993), estimava-se que 15% dos brasileiros<br />
com 20 anos ou mais fossem hipertensos, o que corresponderia na época a<br />
11.965.565 de hipertensos para um total de 70.771.000 de adultos, atingindo<br />
percentuais acima de 50% para pacientes com mais de 65 anos. Segundo o<br />
Ministério <strong>da</strong> Saúde no Brasil cerca de 30% dos hipertensos do Brasil não<br />
sabem que possuem a doença. Sendo que acomete aproxima<strong>da</strong>mente 10 a<br />
20 % <strong>da</strong> população adulta que freqüenta o cirurgião-dentista.<br />
Noventa por cento dos pacientes hipertensos são portadores<br />
de hipertensão essencial (primária ou idiopática). Este diagnóstico,<br />
simplesmente, indica que o desequilíbrio entre as três variáveis fisiológicas<br />
cita<strong>da</strong>s é de etiologia desconheci<strong>da</strong>. Os 10 por cento de pacientes restantes<br />
têm hipertensão secundária que, na maior parte <strong>da</strong>s vezes, resulta de<br />
doença renal primária, embora a doença renovascular e as lesões <strong>da</strong>s<br />
glândulas adrenais (p. ex., doença de Cushing, aldosteronismo e<br />
feocromocitoma) também possam contribuir para a condição. Enquanto<br />
algumas formas de hipertensão secundária podem ser trata<strong>da</strong>s e cura<strong>da</strong>s<br />
cirurgicamente, o controle <strong>da</strong> hipertensão essencial requer o uso prolongado<br />
de medicamentos que podem afetar o tratamento dentário.
6<br />
3- ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA<br />
Fisiologicamente, a pressão sangüínea arterial é função do<br />
débito cardíaco, do volume líquido intravascular e <strong>da</strong> resistência dos vasos<br />
periféricos, que diminuem a luz vascular impedindo a irrigação normal<br />
provocando o aparecimento <strong>da</strong> hipertensão.<br />
Os níveis pressóricos, bem como outros fatores associados<br />
como diabetes, tabagismo, obesi<strong>da</strong>de, i<strong>da</strong>de acima de 60 anos, história<br />
familiar, presença ou ausência de lesão em órgãos determinam o risco de<br />
comprometimento sistêmico do indivíduo a doença.<br />
A descarga simpática provoca<strong>da</strong> pelo tratamento odontológico<br />
pode desencadear uma crise hipertensiva em pacientes com problemas de<br />
pressão alta, podendo afetar a função de orgãos vitais como coração,<br />
cérebro, rim e pulmão.<br />
A hipertensão, precipitando a aterosclerose, afeta o indivíduo<br />
adversamente. Estudos epidemiológicos demonstraram que a hipertensão<br />
modera<strong>da</strong>, sem tratamento, está associa<strong>da</strong> ao aumento <strong>da</strong> morbi<strong>da</strong>de e<br />
mortali<strong>da</strong>de por doença cerebrovascular, doença vascular periférica, doença<br />
renal e doença cardiovascular. Estudos prospectivos também mostraram<br />
que o controle <strong>da</strong> hipertensão é eficaz na prevenção de acidentes<br />
cerebrovasculares, insuficiência cardíaca congestiva e, em menor grau,<br />
aterosclerose coronária. O tratamento <strong>da</strong> hipertensão modera<strong>da</strong> tem<br />
suscitado controvérsia, mas está-se acumulando evidência de que a<br />
hipertensão modera<strong>da</strong>, não trata<strong>da</strong>, também está associa<strong>da</strong> ao<br />
comprometimento progressivo de órgãos terminais. Visto que, usualmente, a<br />
hipertensão é assintomática, o controle rotineiro é importante na detecção <strong>da</strong><br />
doença e na prevenção de suas seqüelas a longo prazo.<br />
Baseados nestes achados, torna-se possível determinar<br />
diferentes grupos de risco e indicar o melhor tratamento para a hipertensão.<br />
Lesões em ógãos como nas nefropatias, retinopatias, acidentes vascular
7<br />
cerebral, isquemia vascular transitória e cardiopatias como hipertrofia<br />
ventricular, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca também são decisivas<br />
ao optar pelo tratamento medicamentoso associado a mu<strong>da</strong>nças no estilo de<br />
vi<strong>da</strong>. Ao se diagnostica<strong>da</strong>, a hipertensão deve ser trata<strong>da</strong> imediatamente<br />
com medi<strong>da</strong>s preventivas. A indicação do tratamento farmacológico<br />
dependerá dos níveis pressóricos apresentados e reconfirmados (pressão<br />
diastólica acima de 95 mmHg) e <strong>da</strong> eminência ou presença de<br />
complicações.<br />
A alteração pressora uma vez instala<strong>da</strong>, apresenta uma<br />
tendência de crescer e de auto perpetuar-se, devido à ativação de<br />
mecanismos multifatoriais intrínsecos, que tendem a diminuir<br />
significativamente a expectativa de vi<strong>da</strong>.<br />
A solicitação crônica do sistema circulatório por uma função<br />
corporal aumenta<strong>da</strong> pode criar condições apropria<strong>da</strong> para o início <strong>da</strong><br />
elevação de pressão. A partir deste momento, e principalmente quando<br />
associado a fatores de risco como obesi<strong>da</strong>de, fumo, álcool, sedentarismo,<br />
estresse e precedente familiar, instala-se assintomaticamente a hipertensão<br />
arterial, agravando-se lenta (benigna) ou rapi<strong>da</strong>mente (maligna) pela ação<br />
de mecanismos de retroalimentação positiva, ativados e potencializados por<br />
disfunções renais, cardíacas, endócrinas, nervosas, ou por agentes<br />
etiológicos desconhecidos (essenciais).<br />
4- SINAIS E SINTOMAS GERAIS<br />
Sinais são manifestações clínicas <strong>da</strong> doença podem ser<br />
percebidos por meio dos sentidos naturais do, homem. Assim, podemos<br />
identificar mu<strong>da</strong>nças de coloração de um dente ou mucosa e etc... Sintomas<br />
correspondem a desvios do normal que somente são percebidos pelo<br />
paciente, que informará ao cirurgião-dentista. O mais clássico exemplo de<br />
sintoma é a dor, portanto por sintomatologia ou quadro clínico se entende
8<br />
um conjunto de sinais e sintomas presentes em determina<strong>da</strong> doença e<br />
constitue a menor parcela do diagnóstico.<br />
A avaliação médica do paciente hipertenso começa pela<br />
história detalha<strong>da</strong> e pelo exame físico. Esta doença esta liga<strong>da</strong> a pessoas<br />
com tensão nervosa e agitação, dieta rica em proteínas e obesi<strong>da</strong>de,<br />
provoca uma estimulação anormal do sistema nervoso simpático por medo,<br />
emoção, angústia, repressão, apresentando como sinais e sintomas as<br />
seguintes características: Dor de cabeça, tonturas, mal-estar, respiração<br />
curta, per<strong>da</strong> de peso, apetite, vômitos, diminuição do apetite sexual e<br />
queixas oculares. A crise pode ocorrer no consultório em decorrência de<br />
uma somatória de estímulos: dor, estresse, injeção de anestésicos com<br />
vasoconstritor. Hipertensos apresentam odontalgias pelo aumento <strong>da</strong><br />
pressão, que provoca uma congestão pulpar. Certos pacientes podem ficar<br />
particularmente tensos e apresentar elevação passageira <strong>da</strong> pressão<br />
arterial, no consultório dentário.<br />
As seguintes categorias constituem orientado razoável para o dentista:<br />
Normal<br />
120/80 mm Hg<br />
Controla<strong>da</strong> até 140/até 90<br />
<strong>Hipertensão</strong> leve 140-160/90-105<br />
<strong>Hipertensão</strong> modera<strong>da</strong> 160-170/105-115<br />
<strong>Hipertensão</strong> grave 170-190/115-125<br />
<strong>Hipertensão</strong> maligna <strong>Hipertensão</strong> grave (freqüentemente<br />
190+/125+) associa<strong>da</strong> a sintomas do<br />
sistema nervoso central, tais como<br />
turvação <strong>da</strong> visão, cefaléia ou alterações<br />
do estado mental.
9<br />
5 – TRATAMENTO MÉDICO<br />
O dentista deveria desempenhar papel principal na detecção <strong>da</strong><br />
hipertensão, pois tem contato com pacientes em inúmeras consultas e em<br />
revisões semestrais: O controle <strong>da</strong> pressão arterial dos pacientes é tarefa<br />
fácil e constitui aspecto importante do tratamento médico-dentário completo,<br />
visto que os pacientes hipertensos freqüentemente são assintomáticos.<br />
A maioria dos médicos tem adotado uma abor<strong>da</strong>gem passo a<br />
passo, no tratamento <strong>da</strong> hipertensão. Para os pacientes com hipertensão<br />
leve, geralmente são prescritos diuréticos. Se os diuréticos não controlarem<br />
a hipertensão, podem ser adiciona<strong>da</strong>s drogas mais potentes (drogas de<br />
“segun<strong>da</strong> ordem”) (Quadros Sinópticos 4-III e 4-IV). Para os pacientes com<br />
hipertensão modera<strong>da</strong>, poderão ser necessárias várias drogas de “segun<strong>da</strong><br />
ordem”. Um regime comum pode incluir o uso <strong>da</strong> hidralazina combina<strong>da</strong> ao<br />
propranolol. Os pacientes com hipertensão grave freqüentemente tomam<br />
drogas ain<strong>da</strong> mais potentes (de “terceira ordem”), tais como a guanetidina ou<br />
o minoxidil, além dos diuréticos.<br />
Além de representar papel decisivo na verificação <strong>da</strong><br />
hipertensão, o dentista também deve saber como a hipertensão pode<br />
complicar o tratamento dentário. A hipertensão mal controla<strong>da</strong> pode<br />
aumentar de modo agudo, diante de situações de tensão, e precipitar a<br />
angina, a insuficiência cardíaca congestiva ou, raramente, um acidente<br />
cerebrovascular (p. ex., apoplexia, hemorragia). A atenção cui<strong>da</strong>dosa com a<br />
pressão arterial, antes do tratamento dentário, diminui o risco do<br />
aparecimento destes problemas O dentista pode avaliar a gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
hipertensão do paciente através <strong>da</strong> história médica, do exame físico e <strong>da</strong><br />
consulta ao médico do paciente. Freqüentemente, os pacientes assinalam<br />
uma história de hipertensão, no questionário <strong>da</strong> saúde. O dentista, então,<br />
deve determinar a época do diagnóstico, o tratamento anterior e o atual<br />
(Quadro Sinóptico 4-IV), e complicações (Quadro Sinóptico 4-I). Mais<br />
importante, o dentista deve informar-se sobre os tipos e doses <strong>da</strong> medicação
10<br />
atual (Quadro Sinóptico 4-V) e notar principalmente modificações recentes<br />
do esquema medicamentoso.<br />
Uma lista dos medicamentos do paciente <strong>da</strong>rá idéia <strong>da</strong><br />
gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hipertensão e alertará o dentista para possíveis efeitos<br />
colaterais capazes de complicar o tratamento dentário (Quadro Sinóptico 4-<br />
VI). Os pacientes que usam diuréticos têm depleção significativa do volume<br />
e ligeiras modificações ortostáticas <strong>da</strong> pressão arterial. Os diuréticos<br />
também podem acarretar redução do potássio sérico, usualmente<br />
assintomática, que pode agravar arritmias em portadores de doenças<br />
cardíacas subjacentes. Os pacientes que usam vasodilatadores potentes,<br />
como hidralazina, prazosin, minoxidil ou guanetidina, podem apresentar<br />
alterações ortostáticas significativas <strong>da</strong> pressão arterial. Ao passar <strong>da</strong><br />
posição horizontal para a posição vertical, o paciente pode sentir-se tonto,<br />
atordoado, e pode até mesmo desmaiar. Assim, é importante tirar a pressão<br />
arterial do paciente em posição horizontal e evitar mu<strong>da</strong>nças bruscas de<br />
posição. Os pacientes devem ser avisados para soerguer-se lentamente e<br />
balançar as pernas antes de levantar, terminado o tratamento. Os pacientes<br />
que tomam reserpina podem apresentar depressão significativa. Alguns<br />
pacientes que estão tomando propranolol podem manifestar insuficiência<br />
cardíaca congestiva ou respiração difícil. Ocasionalmente, tem sido descrita<br />
uma síndrome de suspensão, após a interrupção súbita do tratamento pela<br />
clonidina. Cefaléia, palpitações, suores e elevação <strong>da</strong> pressão arterial<br />
podem aparecer depois <strong>da</strong> última dose. Os pacientes que necessitam de<br />
grandes doses de clonidina (e.g., acima de 0,6 mg por dia) para controlar a<br />
pressão arterial podem necessitar <strong>da</strong> substituição por outras drogas antihipertensivas,<br />
em caso de tratamento dentário cirúrgico extenso (p. ex., Tipo<br />
VI em hospital), quando for previsto que não poderão tomar medicamentos<br />
por via bucal por mais de 24 horas.<br />
Durante o exame inicial, todo novo paciente deve ter sua<br />
pressão sanguínea anota<strong>da</strong>. To<strong>da</strong>s as leituras acima de 140/ 90 (sistólica e<br />
diastólica, ou ambas) devem ser verifica<strong>da</strong>s nas consultas seguintes. Se a
11<br />
pressão do paciente foi inferior a 140/90, basta repetir a verificação<br />
anualmente. O paciente com hipertensão deve ser avaliado repeti<strong>da</strong>mente.<br />
A ansie<strong>da</strong>de que acompanha o exame dentário pode ser responsável pela<br />
elevação temporária <strong>da</strong> pressão arterial em pessoa normal sob os demais<br />
aspectos. Entretanto, resultados repetidos acima de 150/100, em qualquer<br />
paciente, justificam o encaminhamento do paciente ao médico para<br />
avaliação.<br />
6- PLANEJAMENTO E TRATAMENTO ODONTOLÓGICO (MÉDICO)<br />
Categorias de tratamento dentário<br />
a. Procedimentos não - cirúrgicos<br />
1. Tipo I – Exame/radiografias, instruções sobre higiene bucal, moldes para<br />
modelos de estudo.<br />
2. Tipo II – Restaurações simples, profilaxia (supragengival), ortodontia<br />
3. Tipo II – Restaurações mais complexas, raspagem e polimento <strong>da</strong> raiz<br />
(subgengival), endodontia.<br />
b. Procedimentos cirúrgicos<br />
1. Tipo IV – Extrações simples, curetagem/gengivoplastia.<br />
2. Tipo V – Extrações múltiplas, cirurgia com retalho ou gengivectomia,<br />
extração de dente incluso, apicetomia.<br />
3. Tipo VI – Extrações de to<strong>da</strong> uma arca<strong>da</strong>/em to<strong>da</strong> a boca ou cirurgia com<br />
retalho, extração de múltiplos dentes inclusos, cirurgia ortognática.
12<br />
Depois de conhecido o tipo de hipertensão, o dentista pode<br />
fazer o plano de tratamento (Fig.1). Não há substitutivo para o tratamento<br />
médico prolongado.<br />
Paciente<br />
História<br />
Sem história de<br />
hipertensão<br />
Com história de<br />
hipertensão<br />
Pressão arterial<br />
Pressão arterial<br />
Normotenso Sistólica > 140<br />
ou Diastólica > 90<br />
Conduta normal<br />
Normal<br />
Encaminhar ao médico<br />
Conduta normal com<br />
redução de tensão<br />
Leve (140-160/90-105)<br />
Consulta médica, com ou<br />
sem se<strong>da</strong>ção para cirurgia<br />
Grave (170-190/115-125)<br />
Consulta médica<br />
Apenas Tipo I, adiar os<br />
demais tratamentos<br />
Modera<strong>da</strong> (160-170/105-115)<br />
Consulta médica<br />
Se<strong>da</strong>ção para cirurgia menor (Tipo IV)<br />
Hospitalização (Tipo V:VI)<br />
Figura 1. Orientação para o tratamento dentário dos pacientes hipertensos.<br />
O controle <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong>de é um complemento terapêutico<br />
importante no tratamento dentário do paciente hipertenso. A relação com o<br />
paciente, portanto, é fun<strong>da</strong>mental. À medi<strong>da</strong> que as dificul<strong>da</strong>des do<br />
tratamento dentário aumentam, o mesmo acontece com o grau de ansie<strong>da</strong>de
13<br />
do paciente. Antes de tratamentos dentários que podem gerar ansie<strong>da</strong>de, o<br />
dentista deve tirar a pressão arterial do paciente, a fim de verificar o estado<br />
do paciente no momento <strong>da</strong> consulta. A hipertensão mal controla<strong>da</strong> pode<br />
exigir reescalonamento do tratamento ou necessitar de se<strong>da</strong>ção<br />
complementar.<br />
Vários efeitos colaterais sintomáticos, tais como desidratação,<br />
hipotensão ortostática, se<strong>da</strong>ção, impotência, xerostomia e depressão, estão<br />
associados a alguns dos medicamentos prescritos comumente para a<br />
hipertensão. O médico, portanto, na escolha combinação de drogas e <strong>da</strong><br />
dose, deve, obter o equilíbrio entre a eficácia no controle <strong>da</strong> pressão arterial<br />
e os efeitos colaterais que podem afetar de modo adverso a cooperação do<br />
paciente. O controle ideal <strong>da</strong> pressão arterial requer interação prolonga<strong>da</strong><br />
entre médico interessado e o paciente desejoso de cooperar.<br />
As drogas anti-hipertensivas constituem os meios mais<br />
importantes de tratamento, devendo ser considera<strong>da</strong>s auxiliares to<strong>da</strong>s as<br />
demais medi<strong>da</strong>s. É preferível salientar o papel <strong>da</strong>s drogas anti-hipertensivas<br />
e interferir o mínimo possível no tipo de vi<strong>da</strong> do paciente. A ênfase excessiva<br />
na dieta, na restrição do sal e do fumo, excluindo o tratamento<br />
medicamentoso é, provavelmente, uma atitude que não se justifica.<br />
Depois de considerar devi<strong>da</strong>mente o efeito <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong>de sobre<br />
o tratamento dentário específico planejado, pode ser segui<strong>da</strong> a seguinte<br />
orientação.<br />
Pacientes com <strong>Hipertensão</strong> Leve ou Controla<strong>da</strong>. O paciente com<br />
hipertensão leve ou controla<strong>da</strong> suportará todos os tratamentos não<br />
cirúrgicos e cirúrgicos simples (Tipos I II III e IV) executados normalmente.<br />
As extrações múltiplas, ou a cirurgia periodontal por quadrantes ou em to<strong>da</strong><br />
a arca<strong>da</strong>, ou outros atos cirúrgicos (Tipos V e VI), podem exigir o emprego<br />
<strong>da</strong>s várias técnicas de se<strong>da</strong>ção, incluindo analgesia pela inalação de N 2 O/O 2<br />
ou se<strong>da</strong>tivos ou tranqüilizantes por via oral, como o diazepam (Valium),<br />
algum tempo antes <strong>da</strong> consulta.
14<br />
Paciente com <strong>Hipertensão</strong> Modera<strong>da</strong>. O paciente com hipertensão<br />
modera<strong>da</strong> não diagnostica<strong>da</strong> deve ser encaminhado ao médico para<br />
avaliação. O paciente com hipertensão diagnostica<strong>da</strong>, trata<strong>da</strong>, mas ain<strong>da</strong><br />
assim modera<strong>da</strong>, deve voltar ao médico a fim de rever o tratamento e,<br />
possivelmente, para tratamento mais intensivo. O dentista deve consultar o<br />
médico do paciente, ao iniciar o plano de tratamento, para tomar possível a<br />
integração dos tratamentos médicos e dentário. Os pacientes com<br />
hipertensão modera<strong>da</strong> podem ser submetidos a tratamentos não cirúrgicos<br />
(Tipos I e II e grande parte do Tipo III) pelos métodos normais. Preparos<br />
para coroas e pontes (algum Tipo III) e todos os atos cirúrgicos simples (Tipo<br />
IV) devem utilizar se<strong>da</strong>ção complementar. Os atos cirúrgicos intermediários<br />
e extensos (Tipos V e VI), geralmente não devem ser executados no<br />
consultório, nos pacientes com hipertensão modera<strong>da</strong>. Na hipertensão mal<br />
controla<strong>da</strong>, a cirurgia dentária pode acompanhar-se de sangramento<br />
abun<strong>da</strong>nte. Precedi<strong>da</strong> de se<strong>da</strong>ção adequa<strong>da</strong> ou anestesia geral, a cirurgia<br />
pode ser mais bem executa<strong>da</strong> em ambiente cirúrgico hospitalar, onde existe<br />
suporte médico para controle <strong>da</strong> hipertensão agu<strong>da</strong>. Com operador treinado<br />
e experiente, em consultório bem equipado para atendimento de<br />
emergências, pode justificar-se o tratamento, fora do hospital, de alguns<br />
pacientes que necessitam de cirurgia modera<strong>da</strong>mente complica<strong>da</strong> (Tipo V).<br />
Paciente com <strong>Hipertensão</strong> Grave. O paciente com hipertensão grave deve<br />
ser submetido apenas ao exame (Tipo I) e encaminhado ao médico para<br />
controle, antes de tratamento dentário adicional.<br />
Paciente com <strong>Hipertensão</strong> Maligna. A hipertensão maligna é uma urgência<br />
médica e o paciente deve ser encaminhado ao médico para intervenção<br />
imediata.<br />
Deve-se considerar ain<strong>da</strong> a chama<strong>da</strong> “hipertensão do jaleco<br />
branco”, uma condição de elevação <strong>da</strong> pressão nota<strong>da</strong> apenas na clínica,<br />
quando ele se encontra na expectativa ou tensão do atendimento<br />
odontológico ou médico, mas que se mantém normal em outras situações<br />
cotidianas.
15<br />
Hoje utiliza-se Monitoramento Ambulatorial <strong>da</strong> Pressão<br />
<strong>Arterial</strong> (MAPA) como alternativa para “hipertensão do jaleco branco” ou<br />
controle domiciliar, ela permite que seja realiza<strong>da</strong> um grande número de<br />
medi<strong>da</strong>s, usualmente em 24 horas ou na rotina do paciente, possibilitando o<br />
conhecimento do perfil de variações <strong>da</strong> pressão arterial na vigília e no sono.<br />
Equipamentos utilizados para a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> pressão arterial pelo<br />
profissional, paciente ou familiar:<br />
Esfigmomanômetro de coluna de mercúrio;<br />
Esfigmomanômetro anéroide;<br />
Aparelhos oscilométricos semi ou automáticos com deflagação manual de<br />
medi<strong>da</strong> no braço, no pulso ou no dedo.<br />
Exemplos de avaliação e tratamento dentário do paciente hipertenso<br />
Avaliação<br />
Três pacientes comparecem ao consultório para tratamento<br />
dentário extenso. Em todos, verifica-se que a pressão arterial (PA) é de<br />
165/105.<br />
Paciente Nº 1 (PA 165/105). Este paciente jamais foi informado de que é<br />
hipertenso, não está tomando remédios e não se submete a exame médico<br />
há dois anos.<br />
Paciente Nº 2 (PA 165/105). Teve sua hipertensão diagnostica<strong>da</strong> três anos<br />
atrás. Atualmente, está tomando 50 mg de hidroclorotiazi<strong>da</strong> (Hydrodiuril) e<br />
0,2 mg de clonidina, por dia. O paciente não consulta o médico há mais de<br />
um ano.<br />
Paciente Nº 3 (PA 165/105). Teve sua hipertensão diagnostica<strong>da</strong> dois anos<br />
atrás. No momento, está tomando 100 mg de guanetidina e 80 mg de
16<br />
rurosemi<strong>da</strong> (Lasix) diariamente. Tem sido acompanhado de perto pelo<br />
médico e sua medicação tem sido reajusta<strong>da</strong> mensalmente.<br />
Discussão do tratamento dentário<br />
Embora os pacientes tenham hipertensão modera<strong>da</strong>, a<br />
natureza de sua doença é diferente, assim como o tratamento dentário<br />
adequado.<br />
Paciente Nº 1. É portador de hipertensão modera<strong>da</strong> não diagnostica<strong>da</strong><br />
anteriormente. Este paciente deve ser encaminhado ao médico para<br />
avaliação. A probabili<strong>da</strong>de de a avaliação médica revelar hipertensão<br />
essencial é de 90 por cento. Diferente <strong>da</strong>s formas secundárias de<br />
hipertensão, que podem ser abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s cirurgicamente, a hipertensão<br />
essencial exige tratamento prolongado. O médico, provavelmente, a<br />
princípio tentará controlar a pressão arterial com diuréticos. Se o controle<br />
não for conseguido com as doses ideais de diuréticos, será necessário<br />
acrescentar drogas de segun<strong>da</strong> ordem, tais como a metildopa ou o<br />
propranolol. O tratamento dentário deste paciente deverá limitar-se a<br />
procedimentos não cirúrgicos (Tipos I, II e III). A medi<strong>da</strong> que a pressão for<br />
razoavelmente controla<strong>da</strong>, podem ser executados tratamentos mais<br />
extensos, usando técnicas de se<strong>da</strong>ção simples, tais como inalação de N 2<br />
O/O 2 ou diazepam (Valium) por via oral.<br />
Paciente Nº 2. Este paciente também tem hipertensão modera<strong>da</strong> e começou<br />
um tratamento anti-hipertensivo. Entretanto, as doses baixas de diuréticos e<br />
a clonidina, medicamento de segun<strong>da</strong> ordem, não controlaram<br />
suficientemente sua pressão arterial. Além disso, não consulta o médico há<br />
um ano. O dentista deve comunicar-se com o médico para reavaliação do<br />
estado do paciente, e deve prever modificações do esquema terapêutico a<br />
fim de assegurar melhor controle <strong>da</strong> pressão arterial. Tratamento dentário<br />
mais complexo deve ser adiado até ser atingido um nível de pressão
17<br />
“controla<strong>da</strong>”. Com a pressão atual do paciente, entretanto, o dentista pode<br />
fazer o exame e executar normalmente tratamentos simples (Tipos I e II).<br />
Para restaurações mais extensas (Tipo III) poderá ser necessário o emprego<br />
de técnicas de se<strong>da</strong>ção simples, tais como diazepam por via oral ou<br />
Inalação de N 2 O/O 2 . Procedimentos cirúrgicos simples (Tipo IV) poderão<br />
exigir se<strong>da</strong>ção mais intensa, como o uso de diazepam por via endovenosa.<br />
Para os atos cirúrgicos mais extensos (Tipos V e VI) é aconselhável a<br />
hospitalização, a fim de se<strong>da</strong>r o observar de perto o paciente. Alguns atos<br />
cirúrgicos extensos (Tipo V) podem ser realizados por um operador hábil,<br />
fora do hospital, com se<strong>da</strong>ção adequa<strong>da</strong>.<br />
A dose de cionidina administra<strong>da</strong> a este paciente é bastante<br />
baixa, e a “hipertensão em ricochete” pela suspensão <strong>da</strong> droga não constitui<br />
preocupação séria. Nos pacientes que fazem uso de doses eleva<strong>da</strong>s de<br />
clonidina, e nos quais se espera não poderem tomar medicamentos por via<br />
oral por mais de 24 horas, deve-se consultar o médico, e talvez seja<br />
necessário o uso de anti-hipertensivos alternativos, durante o tratamento.<br />
O Paciente Nº 3 tem hipertensão modera<strong>da</strong>, mesmo com o uso de agentes<br />
anti-hipertensivos razoavelmente potentes (guanetidina e furosemi<strong>da</strong>).<br />
Apesar do tratamento médico ativo e <strong>da</strong> observação atenta pelo médico, a<br />
pressão arterial deste paciente não está bem controla<strong>da</strong>, não se podendo<br />
esperar melhora. O médico do paciente deve ser consultado, a fim de<br />
discutir o melhor modo de tratamento durante o atendimento dentário. O<br />
exame e algumas restaurações simples (Tipos I e II) podem ser feitos<br />
normalmente, porém poderá ser necessária se<strong>da</strong>ção leve complementar<br />
com diazepam oral ou inalado de N 2 O/O 2 . A pressão arterial deve ser<br />
verifica<strong>da</strong> com freqüência, durante o tratamento dentário. O tratamento não<br />
cirúrgico extenso e a cirurgia simples (Tipos III e IV) necessitarão de<br />
se<strong>da</strong>ção complementar. A cirurgia periodontal e bucal extensa (Tipos V e VI)<br />
será realiza<strong>da</strong> de modo mais seguro em hospital, com se<strong>da</strong>ção mais<br />
profun<strong>da</strong> ou anestesia geral. Como o paciente está tomando guanetidina e<br />
furosemi<strong>da</strong>, as alterações ortostáticas <strong>da</strong> pressão arterial constituem
18<br />
preocupação significativa. Deve-se avisar o paciente para se levantar<br />
lentamente, depois do tratamento dentário, e balançar as pernas durante um<br />
ou dois minutos, antes de ficar de pé, para evitar problemas com a<br />
hipotensão ortostática.<br />
Estes exemplos servem para mostrar que embora possam ser<br />
encontra<strong>da</strong>s pressões idênticas, o tratamento médico e dentário e as<br />
possíveis complicações <strong>da</strong> medição são completamente diferentes.<br />
A prevenção do ataque de hipertensão pode ser feita pelo<br />
preparo psíquico do paciente e administração de barbitúricos cerca de 30<br />
minutos antes <strong>da</strong> intervenção com autorização médica, e vasodilatadores<br />
coronarianos como aminofilina, via sublingual (extrema utili<strong>da</strong>de na redução<br />
rápi<strong>da</strong> de uma crise), não se deve usar drogas com vasoconstritores e evitar<br />
sessões prolonga<strong>da</strong>s e procedimentos dolorosos.<br />
ESQUEMAS DE TRATAMENTO<br />
QUADRO SINOPTICO 4-I<br />
HIPERTENSÃO: INFORMAÇÃO GERAL<br />
DEFINIÇÃO<br />
Pressão sangüínea arterial em repouso acima de 140, sistólica,<br />
ou 90, diastólica, ou ambas.<br />
INCIDÊNCIA<br />
Dez a vinte por cento dos pacientes adultos.<br />
SINTOMAS<br />
Assintomática na maioria dos pacientes. Ocasionalmente pode<br />
causar cefaléia, turvação <strong>da</strong> visão ou alteração do estado mental.
19<br />
COMPLICAÇÕES<br />
Seqüelas comuns <strong>da</strong> hipertensão prolonga<strong>da</strong>, sem tratamento:<br />
a. Doença cerebrovascular.<br />
b. Doença renal.<br />
c. Doença <strong>da</strong>s artérias coronárias.<br />
ETIOLOGIA<br />
Essencial (primária ou idiopática) em 90%. Secundária a<br />
doenças do parênquima renal, renovasculares ou <strong>da</strong>s adrenais, em 10%.<br />
QUADRO SINÓPTICO 4-II<br />
HIPERTENSÃO: TRATAMENTO MÉDICO<br />
OBJETIVO DO EXAME E DOS ESTUDOS MÉDICOS<br />
Excluir as formas secundárias de hipertensão.<br />
TRATAMENTO MÉDICO<br />
<strong>Hipertensão</strong> essencial: Terapia medicamentosa,<br />
<strong>Hipertensão</strong> secundária: Em casos selecionados, pode ser<br />
abor<strong>da</strong><strong>da</strong> e cura<strong>da</strong> cirurgicamente.<br />
PROBLEMAS PARA O MÉDICO<br />
Excluir a hipertensão secundária.<br />
Tentar obter o equilíbrio entre medicamentos eficazes e o<br />
mínimo de efeitos colaterais.
20<br />
QUADRO SINÓPTICO 4-III<br />
HIPERTENSÃO: TERAPIA MÉDICA<br />
GRAVIDADE<br />
Leve<br />
Modera<strong>da</strong><br />
TRATAMENTO<br />
Diuréticos (com ou sem suplemento de<br />
potássio)<br />
Diuréticos e um medicamento de “Segun<strong>da</strong><br />
ordem”, como:<br />
Metildopa (Aldomet)<br />
Clonidina (Catapres)<br />
Propranolol (Inderal)<br />
Metoprolol (Lopressor)<br />
Hidralazina (Apresoline)<br />
Prazosin (Minipres)<br />
Reserpina (Serpasil)<br />
Grave<br />
Diuréticos e combinações de medicamentos<br />
de segun<strong>da</strong> ordem, tais como hidralazina e<br />
propranolol<br />
Diuréticos e guanetidina<br />
Diuréticos e minoxidil
21<br />
QUADRO SlNÓPTICO 4-IV<br />
ESQUEMAS TERAPÉUTICOS PARA A HIPERTENSÃO ESSENCIAL<br />
Diuréticos de<br />
LIMITES DA DOSE TOTAL DIÁRIA USUAL<br />
Primeira Ordem<br />
Medicamentos de<br />
Segun<strong>da</strong> Ordem<br />
Medicamentos de<br />
Terceira Ordem<br />
Clorotiazi<strong>da</strong><br />
Hidroclorotiazi<strong>da</strong><br />
Clortalidona<br />
Triantereno<br />
Espironolactona<br />
Metolazona<br />
Clonidina<br />
Hidralazina<br />
Metildopa<br />
Prazosin<br />
Propranolol<br />
Metoprolol<br />
Reserpina<br />
Guanetidina<br />
Minoxide<br />
500-1.000 mg<br />
50-100 mg<br />
50-100 mg<br />
200-300 mg<br />
100-200 mg<br />
2,5-10 mg<br />
0,2-0,8 mg<br />
40-200 mg<br />
500-2.000 mg<br />
3-40 mg<br />
80-320 mg<br />
50-400 mg<br />
0,25-0,50 mg<br />
10-150 mg<br />
1-40 mg
22<br />
QUADRO SINÓPTICO 4-V<br />
DROGAS ANTI-HIPERTENSIVAS USADAS COMUMENTE<br />
Diuréticos<br />
Combinação de<br />
Diuréticos<br />
Outras Drogas Não<br />
Diuréticas<br />
Combinação de Drogas<br />
Drogas com clonidina<br />
(Catapres)<br />
Drogas com metildopa<br />
(Aldomet)<br />
Drogas com reserpina<br />
(Serpasi1)<br />
NOME COMERCIAL<br />
Diuril<br />
Esidrix, Hidrodiuril<br />
Al<strong>da</strong>ctona<br />
Hygroton<br />
Dyrenium<br />
Diulol<br />
Lasix<br />
Edecrin<br />
Dyazide<br />
Al<strong>da</strong>ctazide<br />
Aldomet<br />
Serpasil<br />
Apresoline<br />
Catapres<br />
Inderal<br />
Lopressor<br />
Minipres<br />
Ismelin<br />
Combipres<br />
Aldocor<br />
Aldoril<br />
Diupres<br />
Hidropres<br />
Regroton<br />
Serpasil-Apresoline<br />
Serpasil-Esidrilx<br />
Ser-Ap-Es<br />
NOME GENÉRICO<br />
Clorotiazi<strong>da</strong><br />
Hidroclorotiazi<strong>da</strong><br />
Espironolactona<br />
Clortalidona<br />
Triantereno<br />
Metolazona<br />
Furosemi<strong>da</strong><br />
Ácido etacrínico<br />
Hidroclorotiazi<strong>da</strong> e triantereno<br />
Espironolactona e hidroclorotiazi<strong>da</strong><br />
Metildopa<br />
Reserpina<br />
Hidralazina<br />
Cloridina<br />
Propranolol<br />
Metoprolol<br />
Prazosin<br />
Guanetidina<br />
Clonidina e clortalidona<br />
Metildopa e clorotiazi<strong>da</strong><br />
Metildopa e hidroclorotiazi<strong>da</strong><br />
Reserpina e clorotiazi<strong>da</strong><br />
Reserpina e hidroclorotiazi<strong>da</strong><br />
Reserpina e Clortalidona<br />
Reserpina e hidralazina<br />
Reserpina e hidroclorotiazi<strong>da</strong><br />
Reserpina, hidralazina e<br />
hidroclorotiazi<strong>da</strong>
23<br />
QUADRO SINÓPTICO 4-VI<br />
EFEITOS COLATERAIS COMUNS DOS MEDICAMENTOS ANTI-<br />
HIPERTENSIVOS<br />
MEDICAMENTOS<br />
Diuréticos<br />
Metildopa<br />
Propranolol<br />
Clonidina<br />
Reserpina<br />
Guanetidina<br />
EFEITOS COLATERAIS<br />
Desidratação, hipocalemia<br />
Sonolência, impotência<br />
Broncoespasmo e insuficiência<br />
cardíaca congestiva, em alguns<br />
pacientes<br />
Xerostomia, raramente hipertensão<br />
em ricochete<br />
Se<strong>da</strong>ção, depressão<br />
Hipotensão postural, diarréia<br />
QUADRO SINÓPTICO 4-VII<br />
AVALIAÇÃO DA HIPERTENSÃO PELO DENTISTA<br />
HISTÓRIA (PARA DETERMINAR A GRAVIDADE)<br />
Época em que a hipertensão foi descoberta.<br />
Esquema terapêutico – atual e modificações recentes, doses e<br />
combinação de medicamentos.<br />
Presença de complicações em órgãos terminais – apoplexia,<br />
doença renal, doença <strong>da</strong>s artérias coronárias.
24<br />
EXAME (REGISTRO DA PRESSÃO ARTERIAL)<br />
Tirar a pressão arterial na primeira consulta e anualmente, em<br />
todos os pacientes.<br />
Nos pacientes com valores iniciais de 140/90 ou mais, tirar a<br />
pressão arterial em to<strong>da</strong>s as consultas.<br />
Tirar a pressão arterial de todos os pacientes antes dos<br />
tratamentos Tipos IV-VI.<br />
Tirar a pressão arterial durante tratamento prolongado de<br />
pacientes com diagnóstico de hipertensão ou suspeito de ser hipertenso.<br />
QUADRO SINÓPTICO 4-VIII<br />
CONDUTA PARA O TRATAMENTO DENTÁRIO ESPECIFICO*<br />
PRESSÃO ARTERIAL TIPO DE<br />
TRATAMENTO<br />
Controla<strong>da</strong> (PA 140/90) e I, II, III, (IV)<br />
Leve (PA 140-160/90-105)<br />
Modera<strong>da</strong><br />
(PA 160-170/105/115)<br />
Grave<br />
(PA 170-190/115-125)<br />
(IV), V, VI<br />
I, II, (III)<br />
(III), IV<br />
V, VI<br />
Somente I<br />
CONDUTA<br />
Normal, com ou sem<br />
encaminhamento ao médico<br />
Idêntica, com ou sem<br />
“técnicas de se<strong>da</strong>ção”<br />
Encaminhamento ao médico<br />
ou revisão do tratamento<br />
médico com o mesmo<br />
Idêntica mais “técnicas de<br />
se<strong>da</strong>ção”<br />
Hospitalização<br />
Encaminhamento ao médico;<br />
outros tipos de tratamento<br />
devem ser adiados até ser<br />
instituído tratamento médico<br />
adequado<br />
<strong>Hipertensão</strong> maligna EMERGÊNCIA MÉDICA,<br />
consultar o médico<br />
imediatamente
25<br />
* A primeira consideração no tratamento dentário adequado do paciente<br />
hipertenso é o controle e o tratamento a longo prazo pelo médico. As<br />
“técnicas de se<strong>da</strong>ção” são úteis apenas como complemento a curto prazo,<br />
para completar certos tratamentos dentários e controlar adequa<strong>da</strong>mente a<br />
ansie<strong>da</strong>de que pode afetar de modo adverso a pressão arterial.<br />
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
- A redução no grau de estresse, bem como o controle <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong>de e do<br />
medo frente a um tratamento odontológico são benéficos no atendimento<br />
a pacientes hipertensos.<br />
- A administração de anestésicos locais associados a vasoconstritores<br />
adrenérgicos não deve ser indica<strong>da</strong> a hipertensos que fazem uso de<br />
medicação, pois estes pacientes podem ser susceptíveis a possíveis<br />
precipitações de episódios hipertensivos.<br />
- Dentre os vasoconstritores adrenérgicos associados aos anestésicos<br />
locais utilizados na Odontologia, a epinefrina é a mais indica<strong>da</strong> em<br />
hipertensos controlados no estágio I ou II.<br />
- A classificação dos pacientes pelos tipos de hipertensão é importante na<br />
indicação <strong>da</strong>s categorias de tratamento dentários, evitando acidentes em<br />
orgãos terminais, (coração-infarto, cérebro-avc e rins-falência).<br />
- No tratamento dentário do paciente hipertenso é necessário o controle e<br />
o tratamento a longo prazo pelo médico.<br />
- As técnicas de se<strong>da</strong>ção são úteis apenas como complemento a curto<br />
prazo, para completar certos tratamentos e controlar adequa<strong>da</strong>mente a<br />
ansie<strong>da</strong>de que pode afetar de modo adverso a pressão arterial.<br />
- O Monitoramento ambulatorial <strong>da</strong> pressão arterial (MAPA) é muito<br />
importante para o paciente acompanhar as alterações que esta sujeito no
26<br />
seu dia e assim perceber onde ocorrem alterações significativas e passar<br />
a evitá-las.<br />
- Para manter a pressão normal é importante além do fator<br />
hereditarie<strong>da</strong>de, controlar: obesi<strong>da</strong>de, ingestão de sal, bebi<strong>da</strong>s<br />
alcóolicas, realizar ativi<strong>da</strong>des físicas, evitar o fumo e o estresse.<br />
- Os hipertensos devem ser orientados dos sinais e sintomas <strong>da</strong><br />
hipertensão, para controle e acesso aos cui<strong>da</strong>dos imediatos necessários.<br />
- A crise pode ocorrer no consultório em decorrência de uma somatória de<br />
estímulos: dor, estresse, injeção de anestésicos com vasoconstritor. A<br />
prevenção do ataque de hipertensão pode ser feita pelo preparo psíquico<br />
do paciente e administração de barbitúricos cerca de 30 minutos antes <strong>da</strong><br />
intervenção com autorização médica, e com vasodilatadores<br />
coronarianos como aminofilina, via sublingual (extrema utili<strong>da</strong>de na<br />
redução rápi<strong>da</strong> de uma crise), não se deve usar drogas com<br />
vasoconstritores e evitar sessões prolonga<strong>da</strong>s e procedimentos<br />
dolorosos.<br />
- Uma anamnese bem detalha<strong>da</strong>, uma anestesia mais eficaz com a<br />
associação do vasoconstritor epinefrina bem como o controle <strong>da</strong><br />
ansie<strong>da</strong>de e do medo frente a um tratamento odontológico são benéficos<br />
no atendimento a pacientes hipertensos.<br />
- O alto índice <strong>da</strong> doença indica a necessi<strong>da</strong>de de adoção de uma rotina<br />
de verificação de pressão arterial antes de iniciar qualquer tipo de<br />
tratamento, pois o diagnóstico <strong>da</strong> hipertensão arterial pode servir para<br />
evitar reações adversas no trans e pós-operatório.<br />
- A adoção desta conduta pelo cirurgião-dentista é fun<strong>da</strong>mental, pois com<br />
o diagnóstico precoce <strong>da</strong> doença beneficia-se o profissional, que irá<br />
preparar um plano de tratamento baseado nas condições sistêmicas do<br />
paciente, diminuindo ou evitando a ocorrência de crises hipertensivas.
27<br />
8- REFERÊNCIAS<br />
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