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Ano VIII • nº 174<br />

26 de novembro de 2009<br />

<strong>R$</strong> 5,<strong>90</strong>


empoucaspalavras<br />

Há exatos dez anos, circulava a <strong>Roteiro</strong> número 1.<br />

Naquele novembro de 1999, a revista nascia como<br />

suplemento da Gazeta Mercantil, jornal extinto<br />

em maio deste ano. Na página 6, um jovem de 29<br />

anos era destaque da matéria da repórter Danielle<br />

Romani. Seu nome: Gil Guimarães. Sua paixão:<br />

o recém-inaugurado Baco Bar au Vin, na<br />

feirinha Quituart, do Lago Norte.<br />

“Uma paixão pode alterar o destino de um<br />

homem”, escrevia a repórter da <strong>Roteiro</strong> para contar<br />

como um funcionário público largou tudo para abrir<br />

um bar só porque ganhou um livro sobre vinhos<br />

e se encantou pelo tema. De lá para cá, Gil abriu<br />

várias pizzarias, comandou o descolado Azulejaria<br />

e agora, uma década depois, dá seu passo mais arrojado:<br />

inaugura, na ala nova do ParkShopping, uma<br />

forneria que ele próprio define como “uma evolução<br />

do Baco”, e onde promete praticar uma gastronomia<br />

de excelência (página 4).<br />

Proposta semelhante é a dos chefs de 30 bares<br />

e restaurantes da cidade que aceitaram o desafio de<br />

criar pratos com novos cortes de carne suína, para<br />

além da mesmice das costelas e lombinhos. Sorte dos<br />

consumidores, que têm até 20 de dezembro para iniciar<br />

uma maratona gastronômica e experimentar as<br />

delícias criadas especialmente para o Festival Gastronômico<br />

Sabor Suíno (página 7).<br />

Ainda nesta edição, Súsan Faria relata sua viagem<br />

a Machu Picchu, no Peru, a cidade perdida dos incas<br />

(página 24), e Vicente Sá traça o perfil de um dos<br />

mais irrequietos e produtivos artistas da cidade –<br />

o ator e diretor teatral Alexandre Ribondi, um<br />

capixaba que se tornou brasiliense de coração há<br />

41 anos (página 28).<br />

Boa leitura e até a próxima quinzena.<br />

Maria Teresa Fernandes<br />

Editora<br />

32<br />

luzcâmeraação<br />

Baarìa, do italiano Giuseppe Tornatore, abre nesta sextafeira,<br />

27, a V Semana Venezia Cinema, no Cine Brasília<br />

4<br />

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30<br />

águanaboca<br />

picadinho<br />

garfadas&goles<br />

pão&vinho<br />

espaçocidadão<br />

palavradochef<br />

roteirogastronômico<br />

galeriadearte<br />

dia&noite<br />

diáriodeviagem<br />

graves&agudos<br />

brasiliensedecoração<br />

verso&prosa<br />

Marta Spedaletti<br />

ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora <strong>Roteiro</strong> Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – CEP 70322-915 – Tel: 3964.0207<br />

Fax: 3964.0207 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Redação roteirobrasilia@alo.com.br | Editora Maria Teresa Fernandes | Produção<br />

Célia Regina | Capa Carlos Roberto Ferreira sobre foto de Rodrigo Oliveira| Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara,<br />

Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Beth Almeida, Catarina Seligman, Diego Recena, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão,<br />

Luis Turiba, Luiz Recena, Quentin Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos Ferreira, Ricardo Pedreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria<br />

e Vicente Sá | Fotografia Eduardo Oliveira, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Contato Comercial Giselma Nascimento (9985.5881) | Administrativo/<br />

Financeiro Daniel Viana | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Gráfica Coronário.<br />

3


águanaboca<br />

Dez anos de evolução<br />

Um magnífico bufê de antepastos, massas, carnes e frutos do mar é<br />

o carro-chefe do mais ambicioso empreendimento de Gil Guimarães<br />

Por Beth Almeida<br />

Fotos Rodrigo Oliveira<br />

Quem tem mais de 40 anos deve<br />

se lembrar de Festa de Babette, filme<br />

dinamarquês de 1987, dirigido<br />

por Gabriel Axel. A história é<br />

de uma chef de cozinha francesa que foge<br />

da perseguição política ocasionada pela<br />

Comuna de Paris, em 1871, abrigando-se<br />

numa pacata vila dinamarquesa, onde<br />

passa a trabalhar como criada de duas irmãs<br />

solteironas, filhas do pastor local. Depois<br />

de 14 anos vivendo entre pessoas<br />

simples, Babette ganha 10 mil francos na<br />

loteria e resolve aplicar o dinheiro oferecendo<br />

um autêntico banquete com o que<br />

havia de melhor na culinária francesa, para<br />

comemorar o centenário de nascimento<br />

do pastor. Para gente tão simples e religiosamente<br />

austera, ela oferece gastronomia<br />

de alta qualidade, com excelente apresentação<br />

de cada prato, mas aparentando<br />

todo o despojamento possível – o detalhe<br />

mais encantador do filme.<br />

É esse mesmo encanto que busca Gil<br />

Guimarães com sua mais nova casa, a<br />

Forneria Baco, inaugurada em fins de<br />

outubro na nova expansão do ParkShopping.<br />

“É o que eu chamo de gastronomia<br />

casual, ou seja, a alta gastronomia<br />

servida com descontração”, define Gil,<br />

ao eleger o novo empreendimento como<br />

a evolução do Baco, rede de pizzarias<br />

que em 2009 completou dez anos de sucesso.<br />

“A forneria é resultado de meus<br />

sucessos e fracassos no ramo da gastronomia”,<br />

brinca.<br />

A casa pratica a cozinha de mercado,<br />

conceito da nouvelle cuisine que leva em<br />

conta a elaboração do cardápio a partir de<br />

produtos frescos e da estação do ano. A<br />

flexibilidade e a variedade transformam a<br />

refeição na forneria em autêntico banquete,<br />

que pode apresentar surpresas a cada<br />

dia. A refeição começa com um extenso<br />

bufê de antepastos: ceviche de salmão<br />

com pimenta rosa, cogumelos salteados<br />

com aceto balsâmico e tomilho, ovos regados<br />

ao azeite trufado, rosbife de atum<br />

com crosta de gergelim e outras delícias.<br />

4


São mais de 50 opções de pratos, com<br />

massas frescas da casa no cardápio do dia,<br />

além de carnes, peixes e frutos do mar, tudo<br />

preparado na hora e chegando às mesas<br />

sem a necessidade de pedidos. Os garçons<br />

circulam pelo salão e vão compondo<br />

os pratos na frente dos clientes, de acordo<br />

com o apetite e o gosto de cada um. Nesse<br />

circuito, não dá para perder, por exemplo,<br />

o ravióli de figo ao molho com toque de<br />

limão siciliano (hum!!!), o robalo assado,<br />

que pode ser acompanhado por um saboroso<br />

risoto de camarão, ou o caneloni de<br />

mussarela com polpetone, também recheado<br />

com queijo especial da casa. A sobremesa<br />

pode ser um super sundae (super<br />

mesmo, só peça se tiver mais duas pessoas<br />

com quem dividir) ou uma mousse de limão<br />

siciliano assado.<br />

O restaurante também é ótima opção<br />

para a happy hour, com petiscos que já celebrizaram<br />

Gil Guimarães em outras casas,<br />

como a Azulejaria, que funcionou ao<br />

lado do Baco da 408 Sul, o Madrid e o<br />

Barcelona, estes últimos vocacionados<br />

para a culinária espanhola. Assim, o chope<br />

gelado ou a variada carta de vinhos da<br />

casa podem ser acompanhados por pasteizinhos<br />

de calabresa bêbada (regada<br />

com cachaça) ou de catupiry, bolinho de<br />

queijo picante e espetinho de fraldinha,<br />

entre muitas outras opções do cardápio<br />

Em apenas dez anos de trabalho, o restaurateur Gil Guimarães já entrou para a história<br />

da gastronomia brasiliense. Tudo começou com um modesto quiosque na Quituart, do<br />

Lago Norte, em 1999, quando ele acabava de retornar de uma temporada de estudos em<br />

Paris. Sua pizza fez sucesso imediato e logo depois ele abriu a primeira pizzaria, na 309<br />

Norte.<br />

A partir daí, foi um empreendimento atrás do outro, começando pela segunda pizzaria,<br />

na 408 Sul, seguindo-se a Baco em Pedaços, na 303 Sul, e a Baco Napoletana, a única<br />

de vida curta, na 206 Sul. Na mesma 408 Sul, ao lado da pizzaria, Gil abriu o bar Azulejaria,<br />

de perfil jovem e descolado, que contribuiu para a popularização dos espumantes e<br />

das ostras trazidas de Santa Catarina, e dois anos atrás deu lugar ao Madrid, de culinária<br />

espanhola. Em seguida veio o Barcelona, na 206 Sul, especializado em tapas e outras iguarias<br />

catalãs, recentemente transferido a Rodrigo Sanchez e José Luiz Paixão. Mas a Forneria<br />

Baco é, sem dúvida, o maior de todos os seus empreendimentos.<br />

Para marcar os dez anos das pizzarias, ele e o jornalista Luiz Recena, colunista da <strong>Roteiro</strong>,<br />

lançaram, dois meses atrás, o livro Baco: em busca da pizza perfeita, editado pelo Senac-DF.<br />

“O livro é fruto de um bate-papo maravilhoso com o Recena, em que me lembrei<br />

de histórias da pizzaria e da minha vida”, afirma Gil. Foram diversos encontros gravados<br />

em fitas, a partir de um roteiro com algumas perguntas fundamentais e outras sobre detalhes.<br />

“Acredito que conseguimos mostrar que Brasília não é só política”, avalia Recena.<br />

5


águanaboca<br />

de bar. Sem falar nas pizzas: todos os 50<br />

sabores da pizzaria Baco também estão disponíveis<br />

na casa, para a happy hour ou as<br />

refeições.<br />

Um cardápio tão variado não surgiu da<br />

noite para o dia. Foram seis meses de trabalho<br />

desenvolvido junto com o chef Bento<br />

Batista, que trabalhou com Rodrigo Sanchez<br />

e agora comanda a cozinha da Forneria<br />

Baco. O resultado já está agradando a<br />

brasilienses como o casal de funcionários<br />

públicos Luiz e Mariângela Pedroni, clientes<br />

de longa data do Baco da Asa Sul e que<br />

decidiram experimentar a nova casa já na<br />

primeira quinzena de novembro. “Tudo o<br />

que provamos estava delicioso”, afirmou<br />

Luiz. Mariângela reconhece ser difícil escolher<br />

entre tantas opções, por isso achou melhor<br />

experimentar um pedacinho de cada<br />

prato principal. “O que gostei mais foi do<br />

risoto de camarão”, opinou.<br />

A administradora Samira de Castro Haten<br />

almoçou no restaurante no mesmo dia,<br />

por indicação do filho. Foi acompanhada pela<br />

cunhada, Tânia, pela mãe, Alzira, e pela<br />

filha adolescente, Isadora. Todas elogiaram a<br />

suavidade do tempero. “Acertaram em cheio<br />

no meu gosto”, elogiou dona Alzira.<br />

Ainda bem que a casa fica aberta durante<br />

todo o dia, porque depois da refeição é<br />

difícil ir embora. O melhor é relaxar um<br />

pouco no ambiente criado pela arquiteta<br />

Mônica Pinto, que trabalhou o estilo da década<br />

de 50, lembrando bares italianos e<br />

franceses, com mais de 100 quadros e fotos<br />

de feiras e mercados, peças garimpadas em<br />

antiquários paulistanos e piso em ladrilho<br />

hidráulico.<br />

Forneria Baco<br />

ParkShopping, térreo (entrada independente).<br />

De 2ª a 5ª, das 12h às 15h30 e das 18 às 24h;<br />

6ª, das 12 às 15h30 e das 18 à 1h; sábado, das<br />

12 à 1h; domingo, das 12 às 24h.<br />

Vanilla Caffè<br />

Outra novidade gastronômica que o brasiliense ganhou com a nova ala do ParkShopping foi o Vanilla Caffè, que abriu sua segunda<br />

filial em Brasília. A nova loja se soma a outras 24 da rede, que também está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e<br />

Amazonas. A franquia está em plena expansão, e terá 34 lojas pelo Brasil até o final do ano. Até o final de 2012, o plano é que sejam<br />

mais de 100.<br />

A rede foi eleita a melhor franquia de cafeteria do Brasil pela revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, e foi justamente esse<br />

prêmio que despertou o interesse de Guilherme John e Jackeline Natividade, sócios na empreitada: “A ideia de investir no Vanilla<br />

começou com a procura por uma franquia no ramo de alimentação, já que eu e minha sócia somos nutricionistas. Quando soubemos<br />

que o Vanilla Caffè havia ganho o prêmio de melhor franquia de cafeteria, começamos a visitar as lojas e gostamos de tudo,<br />

desde o cardápio até o ambiente aconchegante”.<br />

6


Saborosa<br />

e saudável<br />

Até 20 de dezembro, um festival<br />

de pratos à base de carne suína<br />

Por Eduardo Oliveira<br />

A<br />

carne mais consumida no mundo é a suína, com 42% do<br />

mercado de proteína animal. Mas, apesar de 49% dos<br />

brasileiros preferirem o gosto da carne de porco, esse número<br />

não se reflete no consumo. Enquanto na Europa come-se<br />

por ano 45 quilos per capita, no Brasil o consumo ainda é pequeno:<br />

apenas 13 quilos. Isso porque, até hoje, a imagem que se tem<br />

aqui da criação suína é a de chiqueiros cheios de porcos sujos de<br />

lama comendo lavagem, o que resulta numa carne gordurosa e prejudicial<br />

à saúde.<br />

Isso podia ser verdade há 50 anos, mas hoje a realidade é outra.<br />

Os chiqueiros foram substituídos por granjas com rígido controle<br />

sanitário. No lugar da lavagem, entrou a ração à base de milho<br />

e soja. Como resultado, temos um alimento saudável e nutritivo,<br />

com níveis de colesterol inferiores aos do frango.<br />

Para começar a mudar a imagem da carne suína, o Sindicato<br />

dos Sinocultores do DF (Sindisuínos) e a Associação de Criadores<br />

de Suínos do DF (DFSUIN) estão realizando, em parceria<br />

com a seção local da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes<br />

(Abrasel-DF), o festival gastronômico Sabor Suíno, do qual participam<br />

30 dos melhores restaurantes da cidade. Até 20 de dezembro,<br />

pratos exclusivos à base de carne suína serão vendidos com<br />

três faixas de preço: <strong>R$</strong> 14,<strong>90</strong>, <strong>R$</strong> 24,<strong>90</strong> e <strong>R$</strong> 34,<strong>90</strong>.<br />

A iniciativa lançou um desafio para os chefs, como é o caso de<br />

Dudu Camargo, dono de dez restaurantes na cidade, nenhum deles<br />

com carne suína no cardápio. Ele apostou na criatividade para<br />

atrair a clientela ao festival: “Como eu tenho restaurantes distintos,<br />

quis brincar com isso. No meu japonês, o Dudu San, por exemplo,<br />

criei um temaki de contra-filé suíno”, conta. “Eu quis mostrar<br />

a variedade de pratos que se pode fazer com o porco, fugir do lombinho<br />

assado ou da costela”, completa Dudu, adiantando que, se<br />

o público aprovar, as criações entrarão no cardápio.<br />

Outro grande restaurateur da cidade, Jorge Ferreira, dono também<br />

de uma dezena de bares e restaurantes, participa com duas de<br />

suas casas: no Feitiço Mineiro, criou o Lombo à Diamantina, uma<br />

receita bem mineira, com direito a tutu, farofa e couve; já no Bar<br />

do Mercado está sendo servido um petisco à base de carne suína,<br />

ideal para acompanhar um bom chope.<br />

O Piantella, um dos restaurantes mais tradicionais da cidade,<br />

Superquadra de legumes com contra-filé, do Dudu San<br />

Costelinha assada, temperada com molho barbecue, do BSB Grill<br />

adaptou a receita carioca do Filé Oswaldo Aranha, transformando-o<br />

em Lombo Oswaldo Aranha. A picanha suína aparece em<br />

meia dúzia de restaurantes, como é o caso do Onze Gastronomia<br />

(Liberty Mall) e do Patuá (Deck Brasil, no Lago Sul), que apresenta<br />

a picanha ao inusitado e brasileiríssimo molho de caipirinha.<br />

Alguns preferiram a boa e velha costelinha, como o BSB Grill,<br />

que serve o prato para duas pessoas, ao molho barbecue.<br />

O festival vai permitir que o cliente deguste cortes especiais do<br />

porco, e assim pretende iniciar um processo de reeducação da população<br />

com relação à carne suína, mostrando a qualidade do<br />

produto. “A gente entende que a culpa não é do consumidor, mas<br />

de uma cultura que foi passada a ele por gerações. Ele precisa ser<br />

informado melhor para mudar sua visão, mas isso é um processo<br />

a longo prazo, que demandará várias ações”, diz Alexandre Cenci,<br />

presidente do Sindisuínos.<br />

Festival Gastronômico Sabor Suíno<br />

Até 20 de dezembro na Alice Brasserie, Azeite de Oliva, Bar do Mercado,<br />

Barcelona, Belini, Bier Haus, BsB Gril, Buona Cuccina, C’est si bom, Café<br />

Cassis, Calaf, Carpe Diem, Crepe Royale, Dona Lenha, Dudu San, Empório<br />

Santo Antônio, Família Capelli, Feitiço Mineiro, Gula Capital, Le Plateau<br />

D’Argent, Ilê, O Convento, Onze, Patuá, Piantella, Triplex, Unanimità,<br />

Veloce, Vila Borghese, Villa Tevere, Werner e Your’s.<br />

José Filho Gustavo Froner<br />

7


águanaboca<br />

Recanto sírio-libanês<br />

No Buffara, além da autêntica comida árabe,<br />

tem dança do ventre, jogo de gamão e narguilé<br />

Por Ana Cristina Vilela<br />

Fotos Rodrigo Oliveira<br />

Mais de 40 anos de amizade e um<br />

restaurante. Esta é a síntese machadiana<br />

da história de Carlos<br />

Buffara e Mitri Nastas. O primeiro é neto<br />

de avó libanesa e de avô sírio; o segundo,<br />

filho de pais sírios. Os dois nasceram em<br />

Ponta Grossa, no Paraná. Carlos vive há<br />

28 anos em Brasília; Mitre, há apenas um.<br />

Um é funcionário público; o outro, advogado.<br />

Juntos, apreciaram as refeições feitas pelos<br />

pais e avós. Na casa de Carlos, cozinha<br />

libanesa; na de Mitri, tipicamente síria. De<br />

tantos anos de convivência, de tantas trocas<br />

gastronômicas, nasceu o restaurante<br />

Buffara, no Sudoeste, espaço guar necido<br />

com típica comida síria caseira.<br />

Sim, síria, garantem os proprietários.<br />

Porém, depois de algum bate-papo, Mitri<br />

e Carlos concluem que a cozinha do<br />

Buffara é mesmo sírio-libanesa – afinal,<br />

as culinárias dos dois países se parecem<br />

muito: “Temos aqui uma autêntica cozinha<br />

árabe”. A chef, Mitra Nastas, confirma<br />

a autenticidade com o próprio nome<br />

– é filha de Mitri – mas é o pai quem<br />

explica a diferença entre as duas gastronomias.<br />

“Os pratos são basicamente os<br />

mesmos, diferem apenas no tempero e<br />

no modo de preparo. Acredito que nos<br />

sírios o tempero apareça mais.”<br />

Na cozinha do Buffara, só entram ingredientes<br />

originais, importados, exceto<br />

pela carne, que é brasileiríssima, e “muito<br />

selecionada”. O pão também é de uma<br />

empresa da região, Kalifa, que funciona<br />

em Valparaíso. “Pesquisamos muito e escolhemos<br />

o melhor pão feito por aqui”,<br />

garante Carlos.<br />

Os tradicionais babaganoush (pasta de<br />

berinjela), homus (pasta de grão-de-bico), a<br />

coalhada síria e o quibe, feito com trigo<br />

branco importado, estão presentes no cardápio,<br />

é claro. Mas pode-se saborear também<br />

o arich, queijo fresco feito no próprio<br />

restaurante, do qual se origina o chancliche,<br />

que leva até três meses para ficar pronto.<br />

Servido com zaatar (tempero libanês),<br />

com ou sem pimenta, o arich é um tira-gos-<br />

8


to perfeito, assim como as berinjelas em conserva, recheadas com alho e<br />

nozes. De sabor muito forte, são ótimas para acompanhar uma cerveja<br />

gelada, assim como o quibe cru, preparado na hora.<br />

No cardápio principal, destaque para o arroz árabe (carne fresca,<br />

cebola na manteiga e castanhas torradas) e para a kafta de carneiro.<br />

Entre os doces, todos feitos no restaurante, estão o ataief (pastéis fritos,<br />

recheados com ricota ou nozes, regados com calda quente de flor<br />

de laranjeira ou de rosas), que pode ser servido com sorvete, e o mulabie,<br />

creme de farinha fina de arroz com misque (uma resina vegetal),<br />

calda de flor de laranjeira ou de rosas, com damasco ou pistache.<br />

Para beber, suco de uva com essência de rosas, arak, caipiroskas,<br />

sucos, batidas de frutas, cervejas, uísques e vinhos. Para fumar, narguilé.<br />

Para ver, dança do ventre. Para jogar, gamão. A casa, com capacidade<br />

para 120 pessoas, está aberta durante toda a semana e conta<br />

quase sempre com a presença de Carlos e Mitri. Juntos, os dois se deram<br />

uma missão: que o restaurante tenha excelência em gastronomia<br />

e em atendimento.<br />

Quanto à gastronomia, a <strong>Roteiro</strong> foi lá, experimentou e aprovou.<br />

Como a casa ainda é nova, só o tempo poderá mesmo dizer. Mas os<br />

donos estão abertos a sugestões, reclamações, ajustes e mudanças.<br />

Portanto, o Buffara é, a princípio, uma boa (e saborosa) aposta gastronômica,<br />

um novo recanto árabe em Brasília.<br />

Buffara Restaurante<br />

CLSW 103 – Bloco B – Subsolo (3344.0383). Sábados e domingos, bufê<br />

a quilo no almoço. Nos demais horários, serviço à la carte. De 5ª a<br />

sábado, no jantar, apresentações de dança do ventre. Mais informações:<br />

www.restaurantebuffara.com.br.<br />

9


águanaboca<br />

Pane romano<br />

Spoleto comemora dez anos com lançamento de sanduíche italiano<br />

Por Lúcia Leão<br />

Spoleto é o nome de uma pequena e<br />

milenar vila das cercanias de Roma,<br />

que guarda importantes registros<br />

históricos do reino dos césares. Isso lá na<br />

Itália, porque no Brasil a palavra denomina<br />

o delicioso mix de tradição e modernidade<br />

que invadiu, com culinária de qualidade,<br />

a seara dos fast foods, e introduziu<br />

louças, taças de vidro e talheres de metal<br />

nos habitats de descartáveis que eram as<br />

praças de alimentação dos shoppings. Insistindo<br />

sempre que é possível sobreviver,<br />

sem perder a ternura, às atribulações da<br />

vida moderna, o Spoleto comemora dez<br />

anos de existência rendendo-se ao preferido<br />

por nove entre dez famintos apressados:<br />

o sanduíche.<br />

Calma lá, não é bem assim, reage o<br />

chef Gianni Carboni, responsável pelo<br />

cardápio e pelo controle da produção das<br />

duas fábricas de alimentos que abastecem<br />

as mais de 200 franquias do restaurante<br />

espalhadas pelo Brasil, México e Espanha.<br />

O que acaba de ser introduzido no<br />

cardápio do Spoleto é o pane romano, uma<br />

iguaria tão típicamente italiana quanto as<br />

massas, os risotos e os polpettones já oferecidos<br />

pela casa. A começar pelo próprio<br />

pão, como explica Carboni: “Nosso pane<br />

é uma tradição de Roma. A massa leva somente<br />

farinha de trigo importada da Itália,<br />

água puríssima, sal marinho e azeite<br />

italiano, sem nenhum conservante ou aditivo<br />

químico. O resto é puro artesanato,<br />

da melhor qualidade”.<br />

Artesanto em larguíssima escala, já<br />

que todo o pane da rede sairá da fábrica sediada<br />

no Rio de Janeiro. Também em terras<br />

fluminenses, numa unidade industrial<br />

de Petrópolis, são produzidos os recheios,<br />

com um diferencial que promete aguçar<br />

os paladares mais exigentes: peixe, frango<br />

e carne preparados no sistema sous vide,<br />

uma técnica de cozimento desenvolvida<br />

na França na década de 1970 pelo chef<br />

Georges Pralus especialmente para preservar<br />

as qualidades do foie gras.<br />

Aperfeiçoado na década seguinte por<br />

Bruno Goussault, o sistema, que consiste<br />

em submeter o alimento a um cozimento<br />

muito lento, dentro de embalagem lacrada<br />

a vácuo, é adotado desde então por<br />

chefs franceses como Joel Robuchon,<br />

Alain Ducasse e outros estrelados pelo<br />

guia Michelin que empregam a técnica<br />

em seus restaurantes. Além de preservar<br />

todo o sabor e os nutrientes dos alimentos<br />

– já que, lacrados, eles não perdem o sumo<br />

no processo de cozimento – o sous vide<br />

garante absoluta segurança alimentar aos<br />

produtos do Spoleto. “As porções são fracionadas<br />

e embaladas individualmente<br />

antes do cozimento e não têm nenhum<br />

contato atmosférico até serem abertas e<br />

imediatamente servidas. Não há possibilidade<br />

de contaminação”, assegura Gianni<br />

Carboni.<br />

O Spoleto já usava o sous vide – que só<br />

funciona para o cozimento de proteínas –<br />

para preparar seus polpettones, feitos com<br />

carnes processadas, e o “molho Carboni”<br />

de camarões ao vinho branco com creme<br />

de leite. Depois dos bons resultados com<br />

os filés de truta e frango que rechearão os<br />

panes, Gianni trabalha para, em breve, incrementar<br />

o cardápio com o filé de picanha,<br />

“a carne preferida dos brasileiros”.<br />

Os panes são oferecidos nas versões<br />

Salmonado (filé de truta com pasta de alho e<br />

ervas finas, champignon, queijo minas, cebola,<br />

tomate e folhas verdes), Frango (frango<br />

dourado com pasta de gorgonzola, tomate<br />

seco, queijo mussarela, alho poró, tomate<br />

e folhas verdes), Rosbife (carne fria<br />

fatiada com pasta de mostarda, cebola, palmito,<br />

bacon, mussarela, tomate e folhas<br />

verdes) e Spoleto (montado pelo cliente<br />

com uma proteína, uma pasta e até oito ingredientes<br />

à escolha). Os preços variam entre<br />

<strong>R$</strong> 14 e <strong>R$</strong> 18.<br />

Fotos: Divulgação<br />

10


picadinho<br />

Ilha grega<br />

A esquina da 106 Sul vai voltou a ficar movimentada.<br />

O Pipa Bar reabriu suas portas no<br />

dia 25, sob nova direção. A decoração faz<br />

os clientes se sentirem numa ilha grega.<br />

O cardápio também remete à Grecia, com<br />

a saudável e rica culinária mediterrânea.<br />

Pechincha<br />

No Miau que Mia (108 Sul), pagando apenas<br />

<strong>R$</strong> 16,<strong>90</strong> o cliente pode escolher uma carne<br />

ou um peixe na brasa e servir-se à vontade<br />

no bufê de saladas e guarnições. Entre as<br />

opções de grelhados, cortes argentinos,<br />

robalo e carré de cordeiro.<br />

Filé do Moraes<br />

Os paulistanos que moram em Brasília não<br />

precisam mais ficar com saudades do filé<br />

com alho crocante que deu fama ao Moraes<br />

(Praça Júlio Mesquita e Alameda Santos).<br />

Há uma versão candanga muito caprichada<br />

na Toca do Chopp (Quituart e Águas Claras).<br />

O filé pesa 380 gramas e vem acompanhado<br />

com fritas bem sequinhas e uma<br />

saladinha de agrião. Dá muito bem para<br />

duas pessoas e custa <strong>R$</strong> 36. O chef Claude<br />

Capdeville diz que seu Filé do Moraes não é<br />

exatamente igual ao paulista, mas garante:<br />

quem já provou ficou satisfeito. É conferir –<br />

ou não – como diria Caetano Velloso...<br />

Frutos do mar<br />

Os gourmets de Brasília, em especial os do<br />

Lago Sul, acabam de ganhar um excelente<br />

fornecedor. A recém-inaugurada Camarão<br />

Gourmet (QI 23) oferece grande variedade<br />

de peixes e frutos do mar congelados (pacu,<br />

pintado, tambaqui, surubim, abadejo, siri,<br />

bacalhau, lagosta e caranguejo gigante<br />

do ártico). Oferece ainda a consultoria de<br />

culinaristas profissionais para garantir o<br />

sucesso das experiências gastronômicas.<br />

Farra de fim de ano<br />

O Parrilla Madrid (408 Sul) lançou um pacote<br />

especial para as confraternizações de fim de<br />

ano. Por <strong>R$</strong> 39, o cliente poderá se esbaldar,<br />

durante duas horas, com picanha, maminha,<br />

fraldinha e chope. Reservas: 3443.0698.<br />

Camarão e calabresa<br />

Até o domingo, 29, ainda é possível apreciar<br />

os criativos tira-gostos inventados pelas<br />

casas participantes do festival Bar em Bar,<br />

iniciativa da Associação Brasileira de Bares<br />

e Restaurantes (Abrasel). Um dos destaques<br />

é o camarão com calabresa – espeto com<br />

pão no azeite, camarão frito e calabresa<br />

frita no vinho tinto – servido no Bom<br />

Bocado (Aeroporto e Conjunto Nacional).<br />

Fotos: Divulgação<br />

11


Ainda os amigos,<br />

bons e velhos<br />

Luiz Recena<br />

lrecena@hotmail.com<br />

12garfadas&goles<br />

12<br />

A<br />

gente não cansa de falar nos amigos. De falar bem dos amigos. E, às vezes, até mal deles. É porque,<br />

dizem, falar dos amigos até mal serve. Porque nunca é um malzão, é um malzinho, carinhoso. E a<br />

gente vai lembrando deles, a gente com eles, sem eles, convidando-os, esperando-os. Encontrandoos<br />

aqui e ali, de repente, quando o inesperado faz surpresas. Pois outro dia, ao chegar na praia, o guardador<br />

de carros (já nos tratamos por xará), perguntou: “Aquele de Brasília, do menino pequeno, cabelos brancos<br />

iguais ao seus, é seu irmão?”. Respondi que não, que era amigo. Mas, em seguida, emendei: “Não, xará,<br />

é irmão daqueles que a gente escolhe”. O baiano parou, pensou e abriu um amplo sorriso em alvinegro,<br />

e lascou: “Taí, o senhor tem razão, tem amigo de verdade que a gente escolhe e vira irmão”. E por aí<br />

seguimos, aprofundando a filosofia da beira do mar.<br />

Longe da areia, em piso limpo e brilhante, doutora Maria Luiza vem de Brasília organizar um Colóquio Brasil-<br />

África. Colóquio é conversa com glamour oficial e, é claro, não poderia haver cenário mais adequado do<br />

que Salvador da Bahia para, digamos, esse ti-ti-ti-ti-ti-ti-ti-ti-ti/tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá entre africanos e nós.<br />

Encontro internacional requer obrigatória presença diplomática e, no nosso caso, aportou em pisos baianos<br />

o doublê de diplomata e jornalista Pedro Luiz Rodrigues, Pedrinho, para nós, repórter que teve a sabedoria<br />

de abandonar o Jornal do Brasil, o antigo, o bom, e atender aos chamados do Barão do Rio Branco. Para o<br />

mundo diplomático, ele é o embaixador que já exerceu suas altas funções na Nigéria e, hoje, chefia o setor<br />

de Relações Internacionais do Senado Federal.<br />

Pois o Pedro Luiz e sua Mara continuam o Pedrinho e a Maroca de sempre. E foi com eles que as garfadas<br />

e os goles se multiplicaram em 48 horas de generosas libações. Primeiro em casa, com tragos e acepipes<br />

ao molho maior da amizade e do reencontro. E depois, na refeição da despedida, uma volta ao Mistura, o<br />

restaurante mais tradicional, mais clássico, do bairro de Itapuã. Perto do farol e perto do Vinícius também.<br />

Clássico é repetir, experimentar<br />

Um restaurante clássico e tradicional mexe pouco<br />

em cardápio. Altera o mínimo, não faz barulho<br />

quando tira algum prato, economiza os tambores<br />

quando põe algo de novo. Assim pudemos voltar ao<br />

risoto de lagosta com molho de trufas, ao badejo e<br />

ao polvo e ao camarão. Supimpas! E às caipiroskas:<br />

de kiwi, voláteis! E uma de limão, que espraiou-se<br />

pela metade da mesa, quando os amigos se empolgaram<br />

numa conversa e o gesto manual nocauteou<br />

aquele copo, insolente obstáculo ao discurso mais<br />

veemente. Ora, pombas!... Lourinhas geladíssimas<br />

reduziram o ímpeto dos comensais e tudo terminou<br />

bem, muito bem. Voltar é preciso.<br />

Às carnes, cavalheiros!<br />

A praia é majoritária, pois não. O que não quer<br />

dizer que ela venha a banir para sempre, de vossa<br />

mesa, o que não seja frutos do mar. Há que resistir!<br />

Os australianos se deram conta e mandaram as<br />

franquias. O Outback do Fernando, no Shopping<br />

Iguatemi, é um bom exemplo de resistência. Há<br />

carnes tipo picanhas, chuletas e a imbatível fraldinha,<br />

todas com nomes cangurus, mas de bons sabores.<br />

E um chope muito gelado, servido em canecos.<br />

Alerta geral: se você não for chegado a um<br />

molho mais picante, avise. Do contrário, dança.<br />

Baiano-japa-chinês-baiano<br />

De onde menos se espera, não sai nada mesmo. E<br />

até de onde se espera pode haver surpresas. Uma<br />

das boas, na Goa, barraca estreante. Sobre ela e o<br />

potencial que tem, já escrevemos. Outro dia, meio<br />

de semana, frequência baixa, o escondidinho não<br />

sairia, pois o teto de aipim estava em falta. A surpresa<br />

veio em forma de olhos puxados. Cláudio<br />

Ochi, o China. Com 26 anos, sabe muito, mas<br />

quer mais. São planos e planos para quem cozinha<br />

em casa desde os doze. Sim, a solução: batata, cozida<br />

com casca, depois limpinha, amassada com requeijão<br />

e pouco, pouquíssimo coentro. Em cima<br />

o teto, embaixo o camarão, é bom, irmão, é bom.


Ícone de ótimo preço<br />

Como era de se esperar, após a estada<br />

em Porto Alegre e as compras, descritas<br />

na última edição, que realizei na importadora<br />

Vinhos do Mundo, aproveitei a chegada<br />

das encomendas para degustar algumas delas.<br />

Não resisto a comentar, com mais vagar,<br />

o excelente tinto Quinta Generación 2006, da<br />

Casa Silva. Tendo sido por muitos anos o vinho<br />

top da produtora, recentemente sobrepujado<br />

pelo Altura, não deixou, nem por isso, de ser<br />

um dos ícones chilenos aos quais eu comumente<br />

presto reverência por se tratarem, em minha<br />

opinião, de alguns dos melhores vinhos do<br />

Novo Mundo – e até, por que não, muitas vezes<br />

fazendo frente a alguns dos grandes nomes do<br />

Velho Mundo.<br />

Trata-se de um vinho de corte, que começou<br />

utilizado-se das castas Cabernet Sauvignon,<br />

Carménère e Petit Verdot, às quais mais tarde<br />

se integrou – com grande sucesso, diga-se de<br />

passagem – a Syrah. Seu nome se deve ao fato<br />

de o comando da Casa Silva estar na sua quinta<br />

geração, o que levou os proprietários a desenvolver<br />

esse super premium como uma homenagem<br />

a si próprios e a seus ancestrais. O nome<br />

sugere o resultado do aprimoramento e da<br />

experiência adquirida pela produtora ao longo<br />

de tanto tempo de dedicada competência e<br />

merecido sucesso.<br />

Poucos sabem que Mario Geisse, proprietário<br />

da Casa de Amadeu, dos melhores produtores<br />

nacionais de espumantes, que nos brinda<br />

com os ótimos Cave Geisse Brut e Nature,<br />

além do novo Terroire,<br />

é também o enólogo<br />

da Casa Silva, do Chile,<br />

autor inconteste do Quinta<br />

Generación e do Altura.<br />

Embora este último seja<br />

resultado do mais prestigiado conceito de<br />

micro-terroire da atualidade, os demais predicados<br />

comuns aos grandes vinhos fazem parte<br />

também da produção do Quinta, que, como<br />

qualquer grande vinho, tem sua diferença estabelecida<br />

pela matéria-prima. Ambos são resultado<br />

de um audacioso estudo de terroir. Em<br />

sua elaboração existe um alto grau de sofisticação,<br />

desde a colheita e seleção das uvas até o<br />

resfriamento em câmara frigorífica, maceração<br />

em frio e fermentação em barricas especialmente<br />

desenhadas. São vinhos sem nenhum<br />

tratamento nem filtração.<br />

Este exemplar de 2006 repete algumas de<br />

suas tradicionais características gustativas e<br />

olfáticas. Seu aroma revela frutas vermelhas<br />

maduras como cerejas e amoras, que evoluem<br />

bem para chocolate e algo de húmus. Seu paladar<br />

reflete as mesmas frutas de bosque, com<br />

ótima integração ao carvalho, no qual descansa<br />

por 13 meses, evoluindo para ameixas com<br />

algo de picante, enchendo o palato com<br />

concentração e grande elegância, que deixam<br />

seus 14% de álcool imperceptíveis, a não ser<br />

pelo agradável “doce de boca”.<br />

O mais interessante para o consumidor é<br />

que o surgimento do Altura e sua condição de<br />

top da Casa Silva não afetou nem empalideceu<br />

a qualidade do Quinta Generación, mas fez com<br />

que seu preço se tornasse muito mais acessível<br />

e, consequentemente, vantajoso. Diria mesmo<br />

imperdível, com o atual desconto oferecido pela<br />

Vinhos do Mundo (de <strong>R$</strong> 149 por <strong>R$</strong> 86,42).<br />

E quem nos garante isso é o próprio Mario<br />

Geisse, que, perguntado sobre que vinho da<br />

Casa Silva escolheria como única e última garrafa<br />

para levar consigo, deu a seguinte resposta:<br />

“Se vou embora sem pagá-lo, Altura. Se<br />

tenho que pagá-lo, Quinta Generación tinto”.<br />

ALEXANDRE<br />

DOS SANTOS<br />

FRANCO<br />

paoevinho<br />

@alo.com.br<br />

pão&vinho<br />

13


aimundo<br />

ribeiro<br />

comunicacaoraimundoribeiro<br />

@gmail.com<br />

O direito<br />

dos fumantes<br />

espaçocidadão<br />

As leis não podem ser excessivamente<br />

provisórias. Mesmo sabendo-se que<br />

o Brasil é um país em permanente<br />

revisão, é preciso que os instrumentos legais<br />

tenham maturação de alguns anos antes de<br />

serem mudados. Caso contrário, o Parlamento<br />

se banaliza. Passa a ser um ambiente onde<br />

as decisões são momentâneas, sem a mínima<br />

perenidade.<br />

O raciocínio cai perfeitamente sobre a Câmara<br />

Legislativa, quando esta Casa discute uma<br />

nova lei de restrição aos fumantes, sabendo-se<br />

que está em vigor a lei distrital 4.307/2009,<br />

desde fevereiro passado, que trata de limitações<br />

para o fumo no Distrito Federal, numa<br />

escala suportável para aqueles que ainda não<br />

conseguiram se libertar desse hábito.<br />

A Lei do Fumo em vigor já foi um grande<br />

avanço e rapidamente foi absorvida pela população.<br />

É claro que houve um período de adaptação,<br />

com as compreensíveis reações, mas é<br />

uma realidade. As pessoas hoje podem fumar<br />

em lugares públicos, desde que haja separação<br />

de ambientes e exaustão adequada.<br />

A permissão para a existência de fumódromos<br />

representa um avanço e serve para inibir o<br />

consumo do tabaco. O livre arbítrio é mantido<br />

e cabe ao cidadão decidir se deve ou não continuar<br />

consumindo cigarros ou charutos, sem<br />

que o Estado interfira nesta sua decisão.<br />

A princípio, parece-me inconstitucional<br />

uma iniciativa que impeça os homens e mulheres<br />

de exercerem a prerrogativa pessoal de<br />

fumar. O que deve se evitar é o incômodo aos<br />

não-fumantes, situação que fica assegurada<br />

com a criação de ambiente próprio para o<br />

consumo de cigarros ou charutos.<br />

Não podemos simplesmente aplicar em<br />

Brasília a experiência proposta pelo Governo<br />

de São Paulo, que tanta polêmica causou.<br />

A nossa geração ainda mantém o hábito do<br />

fumo, gradativamente abandonado, mas ainda<br />

persistente na sociedade brasileira. Poucos<br />

países, a maioria deles na Europa, já adotaram<br />

medidas tão duras quanto essas em debate na<br />

Câmara Legislativa do DF.<br />

Outra argumentação refere-se ao impacto<br />

que uma medida muito dura terá no desempenho<br />

comercial dos bares e restaurantes<br />

da cidade, que já se adaptaram e convenceram<br />

seus clientes fumantes a preservar os<br />

direitos dos não-fumantes. Portanto, diante<br />

de tantos argumentos de difícil contestação,<br />

creio que esta nova Lei do Fumo, radical<br />

e precipitada, não deverá ser aprovada na<br />

Câmara Legislativa.<br />

14


Forno solar<br />

No refeitório da escola, na pequena cidade<br />

de Dinant, na Bélgica, nos anos<br />

70, havia várias mesas enfileiradas,<br />

com lugar para oito alunos. Cada uma delas<br />

e seus ocupantes eram postos sob o comando<br />

de um dos alunos do último ano, que também<br />

eram responsáveis pela elaboração do cardápio<br />

do mês.<br />

Na minha mesa estavam sentados sete alunos,<br />

três de uma mesma família, com 13,14 e<br />

15 anos, além de dois irmãos e dois filhos únicos.<br />

Todos eram muitos especiais. Uns davam<br />

trabalho aos professores, outros tinham conflitos<br />

de relacionamento com a própria família,<br />

e outros, ainda, dificuldades em se adaptar às<br />

regras de vida em sociedade. Mas todos eram<br />

muito unidos na hora em que alguma ameaça<br />

vinha de fora do grupo.<br />

Num fim de semana de outono, fui convidado<br />

pelos três irmãos a visitar sua família em<br />

Maredret, vilarejo de artesãos que remete um<br />

pouco, como conceito, ao povoado de Bichinho,<br />

perto de Tiradentes. Para chegar à casa da<br />

família tive que deixar o carro embaixo de uma<br />

pirambeira e subir a pé. A casa luminosa, aberta<br />

para a natureza, tinha na sala principal um<br />

ateliê onde a mãe fiava a lã tingida com pigmentos<br />

naturais que, depois de prensada num<br />

imenso tear, acabava em tapeçarias contemporâneas,<br />

com representações de sonhos, angústias<br />

e visões.<br />

Do lado de fora da casa, uma fundição estava<br />

em plena atividade. O escultor Felix Roulin, pai<br />

dos três meninos, fundia peças gigantescas para<br />

o espetáculo que o Groupe Plan K iria apresentar<br />

em Bruxelas. A cena era antológica e fascinante<br />

para mim, que nunca tinha assistido a uma<br />

fundição. Felix me fazia pensar no deus Vulcano,<br />

com fogo, cheiro de sulfuroso, calor e fusões.<br />

Sentamo-nos à mesa da sala-cozinha para<br />

conversar. Emanuel me mostrou os desenhos<br />

criados por ele para suas histórias em quadrinhos,<br />

Corantin me deu seus ensaios de poesias<br />

para ler e Pascal me pediu para acompanhá-lo<br />

até o jardim, para me mostrar sua última criação.<br />

O dia estava ensolarado, coisa rara na Bélgica,<br />

mas não única, como as más línguas costumam<br />

falar.<br />

Passamos primeiro pelo galinheiro, onde<br />

levantamos cuidadosamente uma poedeira,<br />

escondida em sua caixa, para sutilmente lhe<br />

retirar uma das suas obras. Com o ovo na mão,<br />

fomos até uma escultura de espelhos assentada<br />

num toco queimado. Meu guia olhou para<br />

ver a posição do sol, deu uma ajustada na sua<br />

obra, ajoelhou-se e quebrou, num gesto certeiro,<br />

a casca do ovo, liberando seu conteúdo,<br />

que parecia refletir a cor do sol e as nuvens no<br />

caleidoscópio. Acreditei, em silêncio, que fosse<br />

um despacho, parte de um ritual de boas vindas<br />

na casa. A gema se cobriu devagar, muito<br />

lentamente, de um véu opaco, e a clara mudou<br />

sua textura gelatinosa, deixando sua transparência<br />

dar lugar à cor branca, com densidade<br />

mais forte.<br />

Atento a novos tipos de cozimentos, mais<br />

tarde tive a possibilidade de comer um ovo estalado<br />

na pedra, numa viagem pelo deserto,<br />

entre a Líbia e o Egito, e no deserto de Atacama,<br />

no Chile, um ovo cozido nas águas<br />

borbulhantes dos gêiseres. Nos Açores,<br />

na Ilha de São Miguel, existe um cozido<br />

tradicional de carnes e legumes com<br />

cozimento lento debaixo da terra, que<br />

aproveita o calor das furnas.<br />

Quem diria que uma experiência<br />

de física nos anos 70, de um garoto de<br />

12 anos, seria uma premonição para<br />

os dias de hoje, com a procura de<br />

energias limpas até na cozinha.<br />

Quentin<br />

Geenen de<br />

Saint Maur<br />

palavradochef<br />

@alo.com.br<br />

15palavradochef<br />

15


oteirogastronômico<br />

MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES DELIVERY MANOBRISTA<br />

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />

CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />

Armazém do Ferreira<br />

Sweet Cake<br />

BARes<br />

Restaurante inspirado no Rio de<br />

Janeiro dos anos 40. O buffet,<br />

com cerca de 20 tipos de frios,<br />

sanduíches e rodadas de empadas<br />

e quibes, com a performance do<br />

garçom Tampinha, são boas opções<br />

para os frequentadores.<br />

202 Norte (3327.8342)<br />

CC: Todos<br />

Bar Brasília<br />

Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem<br />

decoração caprichada, com móveis e<br />

objetos da primeira metade do século<br />

XX. Destaques para os pasteizinhos.<br />

Sugestão de gourmet: Cordeiro<br />

ensopado com ingredientes<br />

especiais, que realçam seu sabor.<br />

506 Sul Bloco A (3443.4323)<br />

CC: Todos<br />

Bar do Mercado<br />

Em ambiente aconchegante,<br />

com decoração pontuada por<br />

arte e história, pode-se tomar<br />

um cafezinho ou um chope para<br />

acompanhar o pastel de bacalhau,<br />

o sanduíche de mortadela ou<br />

o autêntico Bauru. No almoço,<br />

cardápio paulistano.<br />

509 Sul (3244.7999)<br />

CC: todos<br />

Bar Brahma<br />

A casa de Brasília segue a proposta das<br />

outras filiais, com shows, ótima comida e<br />

o tradicional chope cremoso. Frequentado<br />

por grandes personalidades da política<br />

e da música. A decoração é inspirada<br />

nas décadas de 50 a 70. Aos sábdos,<br />

a tradicional feijoada acompanhada de<br />

chorinho, samba de raiz e outras atrações. O<br />

cardápio assinado pelo chef Olivier Anquier.<br />

201 Sul (3224.9313)<br />

CC: todos<br />

confeitarias buffet de restaurante<br />

buffet de festa<br />

É um dos mais renomados buffets de<br />

festa da cidade, com mais de dez anos<br />

de experiência. Além dos salgados<br />

e doces finos oferecidos no buffet,<br />

destaque para o Risoto de Foie-Gras, o<br />

Carré de Cordeiro ao Molho de Alecrim<br />

e o Filé ao Molho de Tâmaras.<br />

QI 21 do Lago Sul (3366.3531)<br />

412 Sul (3345.3531)<br />

Camarão 206<br />

Cardápio variado, sabor e qualidade.<br />

Buffet no almoço é o carro-chefe,<br />

com mais de 10 pratos quentes,<br />

diversos tipos de saladas e várias<br />

opções de sobremesa, a <strong>R$</strong> 39,<strong>90</strong><br />

( 2ª a 6ª) e <strong>R$</strong> 44,<strong>90</strong> (sáb, dom e<br />

feriados) por pessoa.<br />

206 Sul (3443.4841), Liberty Mall<br />

e Brasília Shopping cc: todos<br />

Scenarius Grill<br />

De segunda a sexta-feira serve<br />

executivos e servidores públicos<br />

do centro da cidade. Aos domingos,<br />

o público se transforma: são famílias<br />

inteiras que vão saborear delícias<br />

como a anchova negra e o bife<br />

ancho.<br />

SCS Q. 3 Bl. A - Ed. Paranoá<br />

(3224.0585 / 3039.1234)<br />

CC: Todos<br />

Praliné<br />

O cardápio é bastante variado, com<br />

tortas doces e salgadas, bolos,<br />

geleias, quiches, tarteletes, chás,<br />

cafés e sucos naturais. Promoção:<br />

Café da manhã, de segunda a sexta<br />

por <strong>R$</strong> 12,<strong>90</strong> e Chá da tarde às terças<br />

por <strong>R$</strong> 20,50 (Buffet por pessoa).<br />

205 Sul Bl. A lj. 3<br />

(3443.74<strong>90</strong>) CC: V<br />

brasileiros<br />

contemporâneos<br />

Café Antiquário<br />

À beira do lago, diante da vista mais bela de<br />

Brasília, a casa atrai todos que desejam unir<br />

ambiente agradável, boa cozinha e música.<br />

Almoçar um rico grelhado e tomar café<br />

ao fim da tarde são apenas algumas das<br />

ecléticas delícias do restaurante. O piano<br />

sofistica o ambiente de 18h às 20h30 todos<br />

os dias. As noites são de jazz e blues ao vivo.<br />

Pontão do Lago Sul<br />

(3248.7755) CC: Todos<br />

16


BSB Grill<br />

San Marino<br />

Desde 1998 oferece as melhores e os<br />

mais diversos cortes nobres de carne:<br />

Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe,<br />

Picanha, além de peixe na brasa, esfirras,<br />

quibes e outras especialidades árabes.<br />

Adega climatizada e espaço reservado<br />

completam os ambientes das casas.<br />

O Rodízio de massas e galetos<br />

está com preços especiais: de<br />

domingo a quarta por <strong>R$</strong> 15,80 e<br />

de quinta a sábado por <strong>R$</strong> 17,80.<br />

No almoço, Buffet com saladas,<br />

pratos executivos e grelhados<br />

304 Norte (3326.0976)<br />

413 Sul (3346.0036) CC: A, V<br />

GRELHADOS<br />

209 Sul (3443.5050)<br />

CC: Todos<br />

Villa Borghese<br />

O charme da decoração e a<br />

iluminação à luz de velas dão<br />

o clima romântico. Aberto<br />

diariamente para almoço e jantar.<br />

Sugestão: Tagliatelle Del Mare<br />

(Tagliatelle em saboroso molho de<br />

azeite extra virgem, tomate, alho,<br />

manjericão e camarões grandes),<br />

por <strong>R$</strong> 45,00.<br />

ITALIANOS<br />

201 Sul (3226.5650) CC: Todos<br />

Roadhouse Grill<br />

Criado nos EUA, foi eleito por três anos<br />

consecutivos o preferido da família<br />

americana. Com mais de 100 lojas,<br />

seus generosos pratos foram criados,<br />

pesquisados e inspirados nas raízes da<br />

América. Conheça tais delícias: ribs,<br />

steaks, pasta, hambúrgueres.<br />

S.Clubes Sul Tr. 2 ao lado do<br />

Pier 21 (3321.8535)<br />

Terraço Shopping (3034.8535)<br />

Tacolino Mexican Fast Food<br />

Fast food de comida mexicana com<br />

mais de 20 opções no cardápio.<br />

Nachos (a partir de <strong>R$</strong> 3,<strong>90</strong>), tacos,<br />

burritos, quesadillas e molhos que<br />

podem ser combinados em combos<br />

pequenos ou grandes e ainda pratos<br />

executivos (a partir de <strong>R$</strong> 9,<strong>90</strong>). Para<br />

a sobremesa, churros, casquinhas,<br />

sundaes e milk shakes. Dom. a 4ª de<br />

12h à 0h. 5ª a sáb. de 12h às 5h.<br />

405 Sul<br />

CC: V, R, VR, Sodexho<br />

MEXICANOS<br />

Oliver<br />

Próximo ao Eixo Monumental, apresenta<br />

espetacular vista para um tranquilo campo<br />

de golfe, sem prédios ao redor. O ambiente<br />

composto por piso de pedras vindas<br />

de Pirenópolis e móveis de Tiradentes<br />

(MG) conferem ainda mais rusticidade<br />

ao restaurante. Elaboradas pelo gourmet<br />

Carlos Guerra, as receitas internacionais<br />

têm base na culinária mediterrânea.<br />

Brasília Golfe Center - SCES<br />

Trecho 2 (3323.5961) CC: Todos<br />

www.restauranteoliver.com.br<br />

Bottarga Ristorante<br />

Alta gastronomia em ambiente surpreendente,<br />

o Bottarga é um restaurante exclusivo,<br />

integrado ao Espaço Maria Tereza. O menu<br />

é uma leitura contemporânea da culinária<br />

franco-italiana e foi desenvolvido pelo<br />

renomado chef Felipe Bronze. Conta com<br />

carnes, massas, peixes, risotos, além do<br />

almoço executivo. Carta com mais de 340<br />

rótulos. Almoço: 3ª a dom. 12h30 à 15h /<br />

Jantar: 3ª a sáb. 19h30 à 0h.<br />

SHIS QI 5 Cj. 9 Bl. D - Espaço<br />

Maria Tereza (3248.0124) CC: V e M<br />

INTERNACIONAIS<br />

ITALIANOS<br />

Oca da Tribo<br />

Saboroso e diversificado buffet,<br />

com produtos orgânicos e carnes<br />

exóticas. No domingo, pratos<br />

especiais, como o bacalhau de<br />

natas e o arroz de pequi. Horário: de<br />

segunda à sexta, das 11:30 às 15h<br />

e sábados, domingos e feriados, das<br />

12 às 16h.<br />

SCS trecho 2 (3226.9880)<br />

CC: Todos<br />

naturais<br />

17


oteirogastronômico<br />

MÚSICA AO VIVO ACESSO PARA DEFICIENTES DELIVERY MANOBRISTA<br />

ESPAÇO VIP ÁREA EXTERNA FRALDÁRIO BANHEIRO PARA DEFICIENTE<br />

CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R<br />

Mitzu<br />

O maior restaurante japonês de<br />

Brasília, com capacidade para atender<br />

até 240 pessoas em seus cinco salões<br />

e dez tatames. Serve buffet de 3ª a<br />

domingo, com mais de 50 deliciosas<br />

sugestões, entre sushi, sashimi e<br />

pratos quentes, além de cardápio<br />

á la carte.<br />

116 Sul (3245.1780)<br />

CC: Todos<br />

Peixes e frutos do mar<br />

Restaurante Badejo<br />

A tradicional moqueca capixaba leva o<br />

tempero mineiro no Restaurante Badejo,<br />

com 19 anos de história em Belo<br />

Horizonte e 15 em São Paulo. Agora<br />

é a vez de Brasília conhecer o autêntico<br />

sabor da cozinha capixaba.<br />

SCES - Trecho 4 - Lote 1B<br />

Academia de Tênis<br />

Setor de Clubes Sul<br />

(3316.6866) CC: V e M<br />

Nippon<br />

Baco<br />

ORIENTAIS<br />

Tradicional e inovador. Sushis e<br />

sashimis ganham toques inusitados.<br />

Exemplo disso é o sushi de atum<br />

picado, temperado com gengibre e<br />

cebolinha envolto em fina camada de<br />

salmão. As novidades são fruto de<br />

muita pesquisa do proprietário Jun Ito.<br />

403 Sul (3224.0430 /<br />

3323.5213) CC: Todos<br />

PIZZARIAS<br />

Premiada por todas as revistas.<br />

Massas originais da Itália, vinhos<br />

e ambiente. No cardápio, pizzas<br />

tradicionais e exóticas. Novidades são<br />

uma constante. Opção de rodízio em<br />

dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª<br />

e domingo, e na 408 Sul, às 2 as .<br />

309 Norte (3274.8600), 408 Sul<br />

(3244.2292) CC: Todos<br />

Baco Delivery (3223.0323)<br />

Gordeixo<br />

Ambiente agradável, comida boa e<br />

área de lazer para as crianças fazem<br />

o sucesso da casa desde 1987. No<br />

almoço, além das pizzas, o buffet de<br />

massas preparadas na hora, onde<br />

o cliente escolhe os molhos e os<br />

ingredientes para compor seu prato.<br />

306 Norte (3273.8525)<br />

CC: V, M e D<br />

Belini<br />

Feitiço Mineiro<br />

Padaria<br />

A casa premiada é um misto de<br />

padaria, delikatessen, confeitaria<br />

e restaurante. O restaurante serve<br />

risotos, massas e carnes. Destaque<br />

para o café gourmet, único torrado na<br />

própria loja, para as pizzas especiais<br />

e os buffets servidos na varanda.<br />

A culinária de raiz das Minas Gerais<br />

e uma programação cultural que<br />

inclui músicos de renome nacional e<br />

eventos literários. Diariamente, buffet<br />

com oito a nove tipos de carnes.<br />

Destaque para a leitoa e o pernil à<br />

pururuca, servidos às 6 as e domingos.<br />

Peixes e frutos do mar<br />

113 Sul (3345.0777) CC: Todos<br />

Peixe na Rede<br />

A vedete do cardápio é a tilápia, servida<br />

de 30 maneiras. O frescor é garantido<br />

pela criteriosa criação em cativeiro na<br />

fazenda exclusiva do restaurante, a<br />

100 Km de Bsb. Há também pratos de<br />

camarão e bacalhau.<br />

405 Sul (3242.1938)<br />

309 Norte (3340.6937)<br />

CC: Todos<br />

Regionais<br />

306 Norte (3272.3032)<br />

CC: Todos<br />

Fulô do Sertão<br />

Ambiente colorido e acolchegante. No<br />

cardápio, pratos tradicionais como<br />

escondidinho, arrumadinho, galinha<br />

cabidela, tapiocas e cuscuz, além<br />

das exclusividades da casa como<br />

o acarajé paraibano e nhoque do<br />

sertão. À noite, música de qualidade<br />

com clima romântico à luz de velas,<br />

perfeito para momentos especiais.<br />

404 NORTE – Bloco B<br />

(3201-0129) CC: V, M, D<br />

18


galeriadearte<br />

Grandes mestres,<br />

grandes obras<br />

No Museu da<br />

República, a<br />

arte vai aonde<br />

o povo está<br />

Por Maria Teresa Fernandes<br />

Dos gabinetes do Banco Central virão<br />

Portinari e Volpi. Da Caixa<br />

Econômica Federal, Tarsila e Poteiro.<br />

Do Itamaraty, Djanira e Burle Marx.<br />

Um a um, tal qual num congresso em que<br />

são aguardadas personalidades importantes<br />

da economia e da diplomacia, os trabalhos<br />

de grandes artistas brasileiros vão<br />

chegando ao belo e monumental Museu<br />

da República. A partir do dia 5 de dezembro,<br />

essas 170 “celebridades” estarão reunidas<br />

na mostra Entreséculos, que pretende<br />

diminuir a distância entre a obra de arte<br />

e o cidadão comum.<br />

Sugerida pelo presidente Lula, e com<br />

curadoria de Wagner Barja e Xico Chaves,<br />

a exposição contextualiza a arte brasileira<br />

em todas as épocas, sem seguir um<br />

circuito tradicional, meramente cronológico.<br />

Foram feitos recortes temáticos, que<br />

exploram outras vertentes e afinidades.<br />

Desta forma, será possível ver lado a lado,<br />

Anita Malfatti (1889-1964)<br />

por exemplo, trabalhos de artistas como<br />

Aleijadinho, Rubem Valentim e Arthur<br />

Bispo do Rosário. Em comum, o fato de<br />

todos pertencerem à raça negra.<br />

“Montamos várias ilhas, sem seguir<br />

uma linha do tempo linear. Partimos das<br />

afinidades para revelar coisas que muitas<br />

vezes passam despercebidas”, explica Barja.<br />

De acordo com Xico Chaves, “o conjunto<br />

de obras compreende a diversidade<br />

de linguagens, suportes e conceitos que<br />

formam a maior parte desta galáxia que se<br />

expande entre o Século XX e este<br />

momento, representada por diversos<br />

artistas”. As lacunas, comuns<br />

a qualquer museu, ele explica<br />

que são preenchidas por<br />

imagens, utilizando-se os recursos<br />

da tecnologia disponível.<br />

Assim, o visitante poderá contemplar<br />

obras que percorrem as<br />

mais diversas linguagens e escolas,<br />

do barroco de Aleijadinho ao<br />

academicismo de Pedro Américo<br />

de Figueiredo. Dos modernistas – Tarsila,<br />

Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Portinari,<br />

Vicente do Rego Monteiro, etc – ao contemporâneo<br />

de Beatriz Milhazes e Carmela<br />

Gross. Sem faltar, claro, o trabalho de<br />

artistas radicados em Brasília, como Athos<br />

Bulcão, Glênio Bianchetti, Francisco Galeno,<br />

Ralph Gehre, Elder Rocha, Glênio<br />

Lima e Douglas Marques de Sá.<br />

Estarão também em Entreséculos obras<br />

procedentes do Museu de Arte de Brasília,<br />

o MAB, e do Museu da República,<br />

cujo acervo foi doado pela Polícia Federal<br />

– cerca de 200 peças dos modernistas Portinari,<br />

Volpi e Tarsila do Amaral.<br />

Até chegar à concepção final da exposição,<br />

os dois curadores visitaram as instituições<br />

da cidade que abrigam obras de arte.<br />

Para se ter uma idéia da dimensão desse<br />

trabalho, só o acervo do Banco Central<br />

contém 4.500 obras. O da Universidade<br />

de Brasília, ligado ao Decanato de Extensão<br />

da UnB – Casa da Cultura da América<br />

Latina – mantém 1.400 peças, entre<br />

obras de arte moderna e contemporânea,<br />

coleções etnográficas e objetos da cultura<br />

popular.<br />

Com toda essa riqueza artística à mão,<br />

os organizadores prometem encantar o expectador<br />

que for ao Museu da República<br />

até 30 de janeiro de 2010. Coisa que não<br />

será difícil.<br />

Cícero Dias (1<strong>90</strong>7-2003)<br />

19


dia&noite<br />

teatrodemáscaras<br />

Mummenschanz (lê-se mómenchás) é o nome de um grupo suíço que há 37 anos<br />

encanta espectadores de todas as gerações. Sem texto falado, música ou cenário, seus<br />

atores trabalham apenas com máscaras bizarras feitas de diversos materiais e de<br />

objetos de uso cotidiano, como fita crepe, saco de papel, caixa de papelão e massa de<br />

modelar. Idealizado por Bernie Schuerch e Andreas Bosshard, dois estudantes suíços,<br />

em plena efervecência cultural dos anos 70, o grupo fez da transgressão e do humor<br />

material para um trabalho que virou referência mundial em criatividade. Em turnê pelo<br />

Brasil, a companhia Mummenschanz estará em Brasília dias 3 e 4 de dezembro, às<br />

21h, na Sala Villa-Lobos. Ingressos a <strong>R$</strong> 100 e <strong>R$</strong> 50. Informações: 3325. 6256.<br />

baladadeumpalhaço<br />

Será tripla a homenagem que a 10ª Mostra Dulcina<br />

de Moraes fará a Plínio Marcos (1935/1999). Dias 26<br />

e 27, Kiko Barros, filho do dramaturgo paulista, fará<br />

uma palestra sobre a obra do pai na Faculdade de<br />

Artes Dulcina de Morais. Depois, dias 11, 12 e 13,<br />

estará em cartaz a peça Balada de um palhaço, que<br />

Plínio Marcos escreveu em 1986, logo após ter<br />

sofrido um ataque cardíaco. O personagem principal,<br />

palhaço Bobo Plin, é uma espécie de alterego do<br />

autor, que chegou a assinar bilhetes com esse nome.<br />

Finalmente, nos dias 15 e 16, a Faculdade Dulcina<br />

fará uma oficina de cinco horas sobre os modos de<br />

gestão coletiva e produção cultural. Informações:<br />

3349. 4113.<br />

aviúvadenelson<br />

Ele tinha tanta raiva da crítica teatral que resolveu se vingar<br />

dela com a peça Viúva, porém honesta. Em 1957, o dramaturgo<br />

Nelson Rodrigues (1912/1980) escreveu a história de<br />

Ivonete, filha do dono de um jornal que se casa com Dorothy<br />

Dalton, um foragido do Serviço de Assistência aos Menores,<br />

e o transforma em crítico teatral. Dirigida por Adriano e Fernando<br />

Guimarães, a nova montagem da peça de Nelson Rodrigues<br />

estará no Teatro Dulcina de Moraes (SDS) até 3 de<br />

dezembro. Segundo Fernando, o impulso anárquico de Nelson<br />

funciona como metralhadora giratória e o leva a demolir<br />

todos os valores: “é falsa a família, falsa a psicanálise, falso<br />

o jornalismo, falso o patriotismo, falsos os pudores, tudo<br />

falso”. De quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h.<br />

Censura: 14 anos. Entrada franca. Informações: 3224.5369.<br />

João Teles Divulgação<br />

colôniadeférias<br />

Teatro, dança, música, circo, literatura e muita brincadeira. Essa é a proposta da Cia. Artística Mapati para ocupar a<br />

criançada nas férias que se aproximam. A partir de 7 de dezembro, e durante dez semanas, o grupo promete estimular<br />

a criatividade dos participantes da colônia de férias. No final de cada semana (às sextas-feiras), o Mapati promete<br />

mostrar o resultado da brincadeira aos pais. Inscrições: 707 Norte, Bloco K, nº 5. Informações: 3347.3920.<br />

20


cerradovirtual<br />

Depois de três anos de interrupção, está de volta, agora maior, o projeto que reúne<br />

talentos locais e ainda pouco conhecidos do rock e da black music. A programação do<br />

Cerrado Virtual, cujo palco estará montado no Mané Garrincha dias 27 e 28, inclui<br />

Raimundos, Rappa e Marcelo D2 (foto), mas também os novos Turbo Trio, Instituto,<br />

Érika Martins (homenageando Legião Urbana) e Peter Perfeito (lembrando Tom<br />

Capone, produtor musical brasiliense que morreu em 2004, logo após deixar o Grammy<br />

Latino, em Los Angeles, para o qual recebeu cinco indicações). Nos mais de 3.000 m 2 de<br />

área coberta vão se revezar mais de 20 atrações, entre elas a banda norte americana de<br />

hip hop Public Enemy. A partir das 18h30, com ingressos a <strong>R$</strong> 20 por noite, ou <strong>R$</strong> 30 as<br />

duas. À venda nas lojas Mormaii e na pizzaria Dom Bosco de Taguatinga.<br />

Washington Possat<br />

jorgemautner<br />

Um show para exaltar a democracia,<br />

os direitos humanos e o respeito às<br />

minorias. Esse é o mote da apresentação<br />

do cantor, músico e escritor<br />

Jorge Mautner no teatro da Caixa<br />

Cultural, dias 28 e 29. Acompanhado<br />

de Nelson Jacobina, na guitarra e no<br />

violão, apresenta músicas de Revirão,<br />

seu novo CD. Logo após o show do dia<br />

28, Mautner autografa o livro Filho do<br />

Holocausto – uma autobiografia tropicalista<br />

publicada pela Ediouro – no<br />

foyer da Caixa Cultural. Disco, show,<br />

livro, tudo confirma o que disse dele<br />

Gilberto Gil: “Ele é um experimentador<br />

de situações, um militante de<br />

todos os partidos, ora São Jorge, ora<br />

o dragão”. Ingressos a <strong>R$</strong> 20 e <strong>R$</strong> 10.<br />

Bilheteria: 3206.6456.<br />

Priscila Azul<br />

Divulgação<br />

noitepreta<br />

Depois de reunir 1.500 pessoas em sua<br />

primeira edição na boate Blue Space,<br />

Preta Gil volta a Brasília para a segunda<br />

rodada de sua Noite Preta, agora no<br />

Marina Hall. Será dia 27, às 23h30,<br />

com ingressos entre <strong>R$</strong> 30 e<br />

<strong>R$</strong> 120. Após o show, a festa<br />

continua com as pic-ups de Jeff<br />

Valle, Felipe Lira e Laurize. Ótima oportunidade<br />

para verificar se o que o crítico<br />

musical Mauro Ferreira diz em seu blog<br />

procede: “Show de Preta Gil não é show,<br />

é evento”. Informações: 3306.3014.<br />

céuembrasília<br />

“O que mais me inspira na vida é mesmo o dia<br />

a dia, é estar presente de verdade nas situações<br />

mais simples: no café que você toma com um<br />

amigo, na fralda que eu troco da minha filha,<br />

nos problemas e alegrias que surgem. Um<br />

pouco de preguiça não faz mal a ninguém.<br />

O Dorival Caymmi é que estava certo!”. Essa<br />

é a bem humorada explicação do nome de<br />

seu segundo CD, Vagarosa. Vem aí a cantora<br />

e compositora Céu, que faz show no Teatro<br />

Brasília dia 28, às 21h. No repertório, os<br />

sambas Sobre o amor e seu trabalho silencioso,<br />

Vira lata e os reggaes Cangote, Cumadi e<br />

Cordão da insônia. Ingressos a <strong>R$</strong> 40 e <strong>R$</strong> 20.<br />

Divulgação<br />

21


dia&noite<br />

obomfilho...<br />

Ele morou em Brasília durante 22 anos, a partir da época em que seu pai, o<br />

arquiteto Alcides da Rocha Miranda, projetou, nos anos 60, os dois primeiros<br />

prédios do campus da UNB - a Faculdade de Educação e o Auditório Dois<br />

Candangos. Considerado o “pai da geração 80”, Luiz Áquila foi professor de<br />

desenho da UNB até 1972, estudou fora do país e é hoje um dos mais importantes<br />

artistas brasileiros vivos e em atividade. Expôs em Brasília pela última<br />

vez em 1987 e agora volta à cidade para apresentar a exposição Luiz Áquila e<br />

suas aventuras na arte na Caixa Cultural, até 3 de janeiro. Trata-se de um<br />

balanço de sua produção desde aquela época até hoje e um reencontro com a<br />

cidade que o abrigou durante muito tempo. “Não será uma retrospectiva”,<br />

explica Áquila, “mas sim 22 anos pontuados em alguns momentos de pintura e<br />

desenho”. Serão expostas 14 pinturas sobre telas, cheias de cores, volúpia, energia e talento, mais seis desenhos “celestiais”<br />

e cinco “devaneios” sobre papel. De terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca.<br />

Luiz Áquila<br />

Divulgação<br />

Divulgação<br />

artenaïf<br />

O artista plástico brasiliense<br />

Rocha Maia acaba de receber<br />

mais um prêmio. Desta vez,<br />

foi o primeiro colocado na<br />

categoria naïf do Salão das<br />

Artes de São José do Rio<br />

Preto, cidade distante 451<br />

km de São Paulo. O trabalho<br />

premiado (foto) tem o sugestivo<br />

título Cai fora que coroné<br />

chegô na casa de marquesa. É composto por três telas que retratam uma cena<br />

muito comum no sertão nordestino: a dos pequenos lugarejos que só são elevados<br />

a cidade quando recebem um bordel. A visita dos coronéis e a rotina nesses locais<br />

em que as moças acolhidas pelas marquesas (donas dos bordéis) recebem os<br />

clientes estão presente na obra. O artista explica: “O primeiro quadro mostra a<br />

chegada do coronel à casa da marquesa; o segundo ilustra a sala em que é recebido<br />

pelas moças; o terceiro, o quarto do bordel em que estão o coronel e a sua<br />

preferida”. Parabéns ao artista brasiliense.<br />

crianças<br />

Também na Casa da América Latina está a mostra Infância e paz, com obras<br />

do acervo do Museu da Infância da Universidade do Extremo Sul Catarinense<br />

(Unesc). São livros, filmes, obras de arte, brinquedos, desenhos e<br />

esculturas. Os destaques são quatro painéis bordados ilustrados<br />

por alunos de uma escola de Criciúma, contendo os direitos<br />

das crianças. Estão na mostra, ainda, imagens da infância<br />

clicadas em vários países pela fotógrafa argentina radicada<br />

em Santa Catarina, Virginia Maria Yunes. Até 7<br />

de fevereiro, de terça a sexta, das 10 às 20h; sábados,<br />

domingos e feriados das 12 às 18h. Entrada franca.<br />

Itinerânciasnegras<br />

Gláucio Dettmar fotografou a<br />

comunidade Kalunga dos Vão das<br />

Almas, próxima a Cavalcante, em<br />

Goiás. Leopoldo Silva registrou<br />

imagens de comunidades de cinco<br />

Estados brasileiros que sofrem<br />

ameaças de expropriação territorial.<br />

Essa foi a forma que os dois encontraram<br />

para marcar o Mês da Consciência<br />

Negra. Na mostra Itinerâncias<br />

negras, com curadoria de Ana<br />

Queiroz e Débora Silva Santos,<br />

estão 40 fotos dos fotógrafos, que<br />

podem ser vistas até 7 de fevereiro<br />

na Casa da América Latina (SCS,<br />

Edifício Anápolis). De terça a<br />

sexta-feira, das 10 às 20h; sábados,<br />

domingos e feriados, das 12 às 18h.<br />

Entrada franca.<br />

Leopoldo Silva<br />

Gláucio Dettmar<br />

22


afrançanobrasil<br />

Um dos bons frutos do recém-findo Ano da França no Brasil é o portal<br />

digital que agrega as bibliotecas nacionais francesa e brasileira. No endereço<br />

http://bndigital.bn.br/francebr, mais de 1.300 documentos – manuscritos, jornais e fotografias<br />

– estão disponíveis para quem quiser conhecer a história da relação entre os dois<br />

países. A ideia surgiu num encontro entre Muniz Sodré, presidente da Fundação Biblioteca<br />

Nacional, e Bruno Racine, presidente da Biblioteca Nacional Francesa (BNF), em<br />

2008. “Ambos estavam desenvolvendo o processo de digitalização dos seus acervos e<br />

aproveitaram o Ano da França no Brasil para reunir todo o material, do Século XVI aos<br />

anos 1930, que tratava das relações entre os países”, explicou Jérémie Desjardins, do<br />

Consulado da França no Rio de Janeiro. Entre os autores disponíveis no portal está<br />

Michel Riaudel, professor de português na Universidade de Poitiers que estudou o<br />

impacto do Brasil na literatura francesa do Século XIX, sobretudo na obra de Júlio Verne.<br />

Divulgação<br />

Divulgação<br />

lolitasdosolnascente<br />

É no bairro de Harajuko, em<br />

Tóquio, que estilosos jovens<br />

japoneses se reúnem. Por<br />

algumas horas, o ParkShopping<br />

será a sucursal desse<br />

bairro, com direito a lolitas<br />

desfilando alegremente por<br />

seus corredores e tudo. Na<br />

tarde de 3 de dezembro, a top<br />

model japonesa Misako Aoki,<br />

espécie de diplomata pop do governo de seu país, estará passeando<br />

pelo shopping com garotas brasilienses e depois, durante<br />

um chá tipicamente oriental, vai falar de sua experiência como<br />

divulgadora do moderno jeito japonês de se vestir. A iniciativa é<br />

da Embaixada do Japão, que pretende divulgar o trabalho de<br />

Misako, sua embaixadora kuwaii que, em japonês, quer dizer<br />

meiguice. Programa pra lá de teen.<br />

vamosouvirmúsica?<br />

Apesar de não ter conseguido espaço na Martins<br />

Penna, sala que há décadas abriga o seu recital<br />

todos os anos, a professora e compositora Neusa<br />

França estará com seus alunos de piano no Teatro<br />

Levino de Alcântara, da Escola de Música (602<br />

Sul), dia 6 de dezembro, às 17h30. Além de composições<br />

dos grandes mestres internacionais Bach,<br />

Mendehlsson, Schumann, Chopin e Grieg, o<br />

programa inclui músicas dos brasileiros Villa-<br />

Lobos, Cláudio Santoro, Radamés Gnatalli, Tom<br />

Jobim e da própria Neusa França, como sua série<br />

de valsas seresteiras e o Hino Oficial de Brasília. Os<br />

alunos de piano da professora dividirão o palco com<br />

músicos da cidade, entre eles o saxofonista Vadim<br />

Arsky e os pianistas Ana Claudia Brito, Dib Franciss<br />

e Maria Emília Osório. Entrada franca.<br />

23


diáriodeviagem<br />

Sonho realizado<br />

POR Súsan Faria<br />

Conhecer a capital arqueológica da<br />

América Latina – Cusco – é o sonho<br />

de milhares de turistas,<br />

sobretudo quando se quer ir a Machu<br />

Picchu, a 110 km dali. Não fosse o mal<br />

das alturas, uma região agradabilíssima.<br />

Tentamos – eu e a amiga também jornalista<br />

Rosana Tonetti – evitar o mal. Comida<br />

leve, em Lima, e às 6h20 da manhã chegamos<br />

à cidade, conhecida como o umbigo<br />

do mundo, na região dos Andes, 3.400<br />

metros acima do nível do mar<br />

Antes de o avião pousar, a poltrona<br />

parecia flutuar. Descemos. Impossível<br />

conter o enjôo. Um cusquenho nos dá algodão<br />

embebido em álcool para aliviar o<br />

ar rarefeito. “É assim mesmo. O soroche<br />

(mal da altitude) ou bota a pessoa pra correr<br />

daqui ou ela vira fruta de exportação”.<br />

No hotel, a sensação de um tijolo na cabeça<br />

e outro no peito, o frio intenso da serra,<br />

descanso, chá de coca, movimentos leves.<br />

Aos poucos, me recupero.<br />

Não falta o que fazer na sedutora Cusco,<br />

de 300 mil habitantes: a catedral, em<br />

ouro e prata, restaurantes, bares, boates,<br />

centros culturais, museus, mercados, praças.<br />

Em especial, a Plaza de Armas, o<br />

Ukukus Bar, com decoração inusitada e<br />

música andina para bailar, as ruínas e lugarejos<br />

próximos, como Pisaq, antiga cidade<br />

dentro de um parque arqueológico,<br />

e Ollantaytambo, planejada pelos incas<br />

entre as montanhas.<br />

A fisioterapeuta Cláudia Selestrin, 32<br />

anos, de São Paulo, ficou impressionada<br />

com as riquezas de Cusco e o quanto circulam<br />

ali euros, dólares e soles. “Só o boleto<br />

para entrada nas atrações da cidade<br />

custa 130 soles (cerca de <strong>R$</strong> 100), mas esse<br />

dinheiro vai para Lima”, lamenta. Durante<br />

duas semanas, Cláudia estudou espanhol<br />

na escola de Cusco. Aulas de gramática,<br />

culinária, visita aos portadores de<br />

necessidades especiais e conversas com<br />

pessoas que perambulam pela cidade.<br />

A paulista Nathália Massoni, 25 anos,<br />

estudante de Relações Internacionais, não<br />

se conforma: “Cusco tem turismo, uma<br />

agricultura forte e muitos pobres. As diferenças<br />

sociais são gritantes”. Na Plaza de<br />

Armas, ponto central da cidade, turistas<br />

de vários cantos do mundo, restaurantes,<br />

boates, igrejas barrocas belíssimas e o as-<br />

Conheça<br />

Em Lima: restaurante Cosmos,<br />

na Plaza San Martin (causa<br />

rellena, pollo al sillau e ensalada<br />

por 10 soles); mercados do<br />

centro; Plaza Presidente Kennedy,<br />

em Miraflores; Igreja San<br />

Francisco, com visitas guiadas às<br />

catacumbas; shopping Larcomar<br />

e bares do bairro Barranco.<br />

Em Cusco: Ukukus Bar, na Calle<br />

Plateros, 316; danças folclóricas<br />

no Centro Qosqo de Arte Nativa,<br />

na Avenida El Sol, das 18h30 às<br />

20h; Catedral, construída sobre<br />

o antigo templo Suntur Wasi<br />

e o Palácio Del Inca Wiracocha,<br />

com pinturas cusquenhas e<br />

objetos em prata; Mosteiro, na<br />

Avenida El Sol; Ollantaytambo,<br />

a 78 km de Cusco, e povoados<br />

nos arredores (incluídos no city<br />

tour arqueológico).<br />

Águas Calientes: feira de<br />

artesanato, bares, restaurantes,<br />

boate.<br />

24


sédio dos vendedores de pratas, roupas<br />

de alpaca, quadros e artesanato.<br />

Em Machu Picchu, menos fria e menos<br />

alta (2.400 metros acima do nível do<br />

mar), o mal das alturas já não existe. O ar<br />

fresco, as montanhas alcançando as nuvens,<br />

vento, pedras e construções milenares<br />

trazem paz espiritual e a memória<br />

das histórias de homens notáveis, que ao<br />

verem a destruição em Cusco – a grande<br />

capital do império inca – fugiram dali para<br />

preservar a grande obra. Eles destruíram<br />

os caminhos que levavam a Machu<br />

Picchu e evitaram que os espanhóis massacrassem<br />

o que construíram.<br />

É possível chegar à cidade perdida<br />

dos incas de helicóptero, ônibus ou percorrendo<br />

trilhas a pé. Pode-se ir pelo Peru<br />

ou pela Bolívia. O pacote de três dias (city<br />

tour em Cusco, ônibus e trem para Águas<br />

Calientes, com pernoite, ingresso para<br />

Machu Picchu, guia e retorno a Cusco)<br />

custa em torno de US$ 220. Uma média<br />

de 1.500 a 2.500 turistas por dia conhecem<br />

Machu Picchu (“montanha velha”<br />

em quíchua, idioma indígena ainda hoje<br />

falado por mais de dez milhões de pessoas<br />

ao longo dos Andes).<br />

Muito mais se pode descobrir no Peru:<br />

ao norte, Lambayeque, Trujillo e Cajamarca;<br />

ao sul, Puno, Lago Titicaca,<br />

Ilhas de Uros, Arequipa, Nasca, Ica, Pisco.<br />

Apesar da desorganização no trânsito<br />

e nos estacionamentos, uma nação hospitaleira,<br />

cordial, com boa culinária e muitas<br />

tradições. Com a vantagem de o real<br />

valer pelo menos um terço a mais do que<br />

o Sol. E antes que o Sendero Luminoso<br />

– que tanto matou e assustou o país – volte,<br />

pois parece que tenta se reorganizar.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Dicas de viagem<br />

• Para economizar, melhor comprar o trecho de viagem completo (Brasília/São Paulo/Lima/Cusco).<br />

• Pelo menos dez dias antes da viagem, vacine-se contra a febre-amarela.<br />

• Leve blusas comuns e poucas calças, cachecol, luvas, toquinha, tênis, meias, uma blusa impermeável (chove muito),<br />

uma segunda pele (fininha) e outra de frio;<br />

• Prenda a mala com cadeados e não coloque nada de valor nos bolsos.<br />

• Leve uma mochila com blusa e roupas íntimas. Caso a mala se extravie, você terá o que trocar.<br />

• Nos aeroportos do Peru, pagam-se separadamente as taxas de embarque (US$ 31 em Lima).<br />

• Antes de embarcar para Cusco, tome sorojchi pills (cafeína, ácido acetil salicílico e salófeno) para combater o mal da altitude.<br />

• Em Lima, ande com a bolsa no piso do carro e os vidros fechados. Antes de tomar um táxi, combine o preço. Os taxistas<br />

não usam taxímetro. Quando lhe derem o preço de uma mercadoria, pechinche. Peça um desconto de pelo menos um terço.<br />

25


graves&agudos<br />

Pop<br />

radiofônico<br />

Conhecido<br />

no Brasil<br />

desde a novela<br />

A favorita,<br />

Jason Mraz faz<br />

apresentação<br />

única em<br />

Brasília<br />

Por Heitor Menezes<br />

A<br />

essa altura, o cantor norte-americano<br />

Jason Mraz já virou o gringo<br />

simpático da vez, o favorito das<br />

globais, a atração perfeita do domingão,<br />

enfim, o protótipo do artista charmoso<br />

cuja aparição abaixo da linha do Equador<br />

arremessa o estrogênio ao infinito e além.<br />

Já vimos isso antes com incontáveis cantantes<br />

que aqui aportaram com aquele poder<br />

de sedução “passa o rodo”. Sorte dele.<br />

Ficando na música, a notícia é que Jason<br />

Mraz e seu chapeuzinho estarão no<br />

palco do Marina Hall neste sábado, 28. O<br />

músico de 32 anos é mais conhecido no<br />

Brasil como intérprete da balada I’m yours,<br />

que rolava na novela A favorita.<br />

Mraz (o nome tem origem na Repúbli-<br />

ca Tcheca) vem sedimentando, já faz uma<br />

década, um amálgama de folk, rock, surf<br />

music, reggae e outras coisas ligadas às<br />

raízes musicais norte-americanas (hiphop,<br />

jazz, blues rural e afins). Seu trabalho<br />

tem sido comumente comparado ao<br />

de Dave Mathews e John Mayer, que um<br />

dia ainda serão lembrados pela boa música.<br />

O cantor também passou por academia<br />

de arte dramática e modula bem o<br />

tenor, o que certamente o ajuda a se distinguir<br />

entre tantos.<br />

Acima de tudo, o rapaz transita com<br />

tranquilidade na via da boa canção pop radiofônica,<br />

razão de quase todos os artistas<br />

que se assemelham, e não faz feio. Remedy<br />

(I won’t worry), You and I both e Lucky, além<br />

da citada I’m yours, caem bem no gosto do<br />

ouvinte da música pop de fácil acesso. Pop<br />

Bil Zelman<br />

inofensivo e sem arestas, como manda o<br />

figurino do bom mocismo, aliás.<br />

Jason Thomas Mraz lançou o primeiro<br />

disco em 2002 (Waiting for my rocket to<br />

come), um ao vivo em 2004 (Tonight, not<br />

again) e outro de estúdio em 2005 (Mr. A-<br />

Z). Em 2008, saiu We sing, we dance, we<br />

steal things, o que contém o single I’m<br />

yours; e em 2009, o recém-saído do forno<br />

Jason Mraz’s beautiful bess: live on earth, outro<br />

registro ao vivo em CD/DVD, que<br />

atualiza sua jornada musical.<br />

Por que ver e ouvir Jason Mraz? Descartando<br />

o fator oba-oba e atributos que<br />

aqui não convém comentar, porque o<br />

som dele é legal, ponto. Mas também<br />

porque vale a pena conferir ao vivo e em<br />

cores, ali pertinho da Vila Planalto, a<br />

obra de um músico “de nível internacional”<br />

que vem crescendo a cada ano. Particularmente,<br />

vale pelo domínio dos mecanismos<br />

da canção. Juntar letra e melodia<br />

com maestria e simplicidade é algo<br />

que compete aos dotados de sensibilidade<br />

de expressão. No universo pop, isso<br />

conta muito.<br />

Sim, e tem a juventude, a flor da idade,<br />

o romance, a urgência contagiante de<br />

ser feliz. Como diz a letra de I’m yours:<br />

“There’s no need to complicate / Our time<br />

is short / This is our fate / I’m yours”<br />

(“Não há motivos para complicar / Nosso<br />

tempo é curto / Este é o nosso destino /<br />

Eu sou seu”). Omar Khayyam? Rubaiyat?<br />

Não, Jason Mraz.<br />

Jason Mraz<br />

28/11, às 21h30, no Marina Hall. Ingressos:<br />

pista – <strong>R$</strong> 200; Premium – <strong>R$</strong> 400 (inteira),<br />

à venda nas redes Mormaii, Chili Beans e<br />

Dom Bosco ou em www.livepass.com.br.<br />

26


Simplicidade criativa<br />

Edu Krieger apresenta a Brasília seu universo de canções<br />

Por Bruno Henrique Peres<br />

Quem ainda não conheceu algumas das composições do carioca Edu Krieger pelas<br />

vozes de Pedro Luís, Fabiana Cozza, Teresa Cristina, Roberta Sá ou Sílvia Machete<br />

– esta em trilha sonora de novela global – terá a oportunidade de<br />

conferir o trabalho do artista em sua totalidade neste sábado, 28, na<br />

Sala Cássia Eller da Funarte. “Eu esperei muito pelo momento certo de vir<br />

a Brasília. Estou com vontade de chegar logo!”, avisa o músico, que<br />

achou curioso um ginásio lotado entoar três canções suas (Maria do Socorro,<br />

Novo amor e Ciranda do mundo) em show da cantora Maria Rita,<br />

que também já abriu seu baú de composições.<br />

Edu Krieger está lançando seu segundo álbum, Correnteza, produzido<br />

por Lucas Marcier. O título sugere a forma como tem sido a evolução<br />

de seu trabalho desde o lançamento do primeiro disco, em 2007. As mudanças,<br />

acredita o músico, talvez não sejam facilmente perceptíveis, mas, para<br />

ele, a boa receptividade do público e da crítica proporcionou segurança para avançar,<br />

tendo conquistado, já em 2007, o prêmio de artista revelação do ano pela Associação<br />

Paulista de Críticos de Arte (APCA).<br />

Essa autoconfiança e a cumplicidade adquirida no processo de produção<br />

do álbum proporcionaram a Eduardo Krieger mais uma frente de trabalho.<br />

Ele está produzindo os discos de Roberta Nistra e Elisa Addor,<br />

outras duas promessas da cena musical carioca. “Eu dialogo naturalmente<br />

com os nomes da minha geração, e isso me agrada<br />

muito. Para mim, não seria válido compor, se eu<br />

não mantivesse essa proximidade com meus contemporâneos”.<br />

A inspiração do músico para compor é fruto da<br />

observação do cotidiano. Krieger defende o contato<br />

contínuo com a rua e as pessoas, como forma de aprimorar<br />

a inserção da poesia em acontecimentos ordinários<br />

do dia a dia. E o resultado final, um conjunto de impressões<br />

e recordações, agrada aos ouvidos e pode render<br />

surpresas. “É um somatório de tudo o que eu já ouvi. As notas<br />

musicais vão se agrupando de outra maneira, e surgem melodias<br />

novas. Não são cópias, já que tudo é muito verdadeiro, e<br />

eu divido isso com o público. É a ideia de que nada se perde, tudo<br />

se transforma”, resume.<br />

Em 2010, Edu Krieger vai percorrer parte da Europa e o Japão,<br />

defendendo a música popular brasileira. No Brasil, ele deve ampliar<br />

o alcance do que chama de “raio de ação”, indo além do eixo<br />

Rio-São Paulo. Pela estrada, atento ao que acontece a seu redor, o<br />

músico deve pensar já em um terceiro disco. “O que me move realmente<br />

é o ímpeto criativo”, justifica.<br />

Edu Krieger<br />

28/11, às 21h, na Sala Cássia Eller da<br />

Funarte, no Eixo Monumental. Ingressos:<br />

<strong>R$</strong> 10 e <strong>R$</strong> 5, à venda no local. Mais<br />

informações: 3322.2045.<br />

Divulgação<br />

27


asilienesdecoração<br />

Máquina de ideias<br />

Por Vicente Sá<br />

Fotos Rodrigo Oliveira<br />

Já se passaram mais de 40 anos, mas<br />

ele continua a olhar para a cidade com<br />

os olhos de um viajante, um recémchegado.<br />

Daí, talvez, esse gostar tanto,<br />

esse amor tão grande por Brasília. Em suas<br />

mais de 30 peças, a cidade sempre aparece,<br />

implícita ou explicitamente, coadjuvante<br />

ou estrela principal. Seus personagens<br />

quase sempre moram aqui e recebem<br />

no rosto, ainda pela manhã, a brisa<br />

do Lago Paranoá.<br />

Alexandre Dumas Ribondi veio do<br />

Espírito Santo ainda rapazote, em 1968,<br />

com pouco mais de 15 anos. Embora já tivesse<br />

rodado com a família por várias cidades<br />

do Estado, foi a primeira vez que se<br />

aventurou numa viagem tão grande. Do<br />

menino que foi em Mimoso do Sul, trouxe<br />

na bagagem a vontade de contar histórias<br />

como os dois Dumas franceses, pai e<br />

filho, e um romance manuscrito aos 11<br />

anos, ilustrado com fotos da revista O<br />

Cruzeiro. Dos pais, ele italiano e ela brasileira,<br />

herdou a devoção aos santos e o<br />

olhar atravessado para a igreja.<br />

Em Brasília a vocação pelas palavras e<br />

o desejo de fazer teatro se juntaram e ele<br />

passou a praticar ambos na UnB. “A cidade<br />

ainda era pequena. E era bom porque<br />

nós estávamos ajudando a construir uma<br />

cidade, inclusive culturalmente, e não sabíamos”,<br />

lembra. Frasista reconhecido,<br />

orgulha-se de dizer que é do tempo em<br />

que sair, em Brasília, queria dizer ir ao<br />

Beirute qualquer noite da semana. “Não<br />

havia opções, enquanto hoje se perde horas<br />

escolhendo um lugar”.<br />

Aos 22 anos, bateu uma imensa vontade<br />

de viajar. Largou tudo e foi para a França,<br />

fazer História da Arte na Université de<br />

Provence. Um curso lento, para uma mente<br />

jovem e inquieta. Resultado: abandono.<br />

Para quem esperava que ele passasse a viver<br />

boemiamente em terras francesas, uma<br />

reviravolta no enredo. Ribondi uniu-se a<br />

um chef de cozinha austríaco, uma alemã,<br />

uma judia sul-africana e outro jornalista<br />

brasileiro, Romário Schetino, e abriu uma<br />

casa de chá em Paris, onde passou a vender<br />

também brigadeiro, uma das poucas<br />

coisas que sabia preparar. O detalhe é que<br />

ele detestava e até hoje detesta chá. Não<br />

podia dar certo por muito tempo.<br />

Assim, ele deixou as xícaras de lado e<br />

viajou para a Alemanha, passando a trabalhar<br />

num centro para jovens ligado a uma<br />

igreja. Numa das cartas que escreveu ao irmão,<br />

o publicitário Ludovico Ribondi,<br />

anunciou a descoberta de um aparelho fantástico,<br />

uma máquina que filmava sem filme<br />

e que possibilitava, logo em seguida, assistir<br />

na TV a todo o material produzido. O<br />

objeto que tanto encantou Ribondi como<br />

fez seu irmão duvidar seriamente de sua sanidade<br />

mental era nada mais nada menos<br />

que um singelo aparelho de videocassete.<br />

De volta ao Brasil, retomou seus contatos<br />

com o teatro e passou a escrever pequenas<br />

peças de humor. Em 1980 estourou<br />

com a peça Crepe Susete, o beijo da Grapette,<br />

inaugurando o besteirol brasiliense. A peça<br />

ficou em cartaz por mais de seis meses, o<br />

que não era – e ainda não é – nada comum<br />

em Brasília, e fez tanto sucesso que gerou<br />

uma continuação, Crepe Susete 2. O ator<br />

Chico Sant’Anna assistiu à primeira montagem<br />

e trabalhou na segunda. “Eu tive o prazer<br />

de trabalhar com o Ribondi, que é não<br />

só um grande autor como também um diretor<br />

criativo, que sabe exatamente o que quer<br />

e por isso consegue ótimos resultados”.<br />

28


Alexandre Ribondi não pode parar. Enquanto se prepara para<br />

uma nova temporada de Cru, escreve mais um livro e uma peça.<br />

De lá pra cá, muitos sucessos rolaram.<br />

Ribondi escreveu e dirigiu dezenas de peças,<br />

atuou no teatro e no cinema (A idade<br />

da Terra, O sonho não acabou, O cego que<br />

gritava luz), publicou contos em antologias<br />

e também dois livros – Na companhia<br />

dos homens e Da vida dos pássaros.<br />

No ano passado, sua peça Nunca fui<br />

santo, sobre um padre que quer dar às hóstias<br />

sabores de tapioca, coco ralado e leite<br />

condensado, e no cartaz aparece oferecendo<br />

uma camisinha aos fiéis também em<br />

forma de hóstia, causou grande polêmica<br />

na cidade. Muitos católicos fizeram manifestações<br />

em frente ao teatro e pediram a<br />

interdição da peça. Ele, que estudou em<br />

colégios de padres, apenas sorri ao lembrar<br />

o episódio e atribui ao seu lado italiano<br />

esse olhar atravessado para a igreja.<br />

Hoje, Ribondi está escrevendo um livro<br />

em seu blog na internet (O cão que dizia eu<br />

te amo) e uma nova peça teatral (Vera finalmente<br />

viu). Mas, ao contrário do que acontece<br />

com a maioria das pessoas, para ele a dificuldade<br />

é não criar: “Eu sou um poço sem<br />

fundo de muitas coisas e adoro contar e inventar<br />

histórias. Não dá para parar”.<br />

“O Ribondi é uma verdadeira máquina<br />

de idéias. Sempre está trabalhando em<br />

um ou dois textos, sempre dirigindo e atuando.<br />

É de um dinamismo incrível. Agora,<br />

quando Brasília se aproxima dos 50<br />

anos, ele está completando 40 de teatro<br />

puramente brasiliense”, afirma Sérgio Sartório,<br />

também ator e diretor teatral.<br />

Para quem já morou na França, Portugal<br />

Alemanha e Peru, Ribondi é bem candango<br />

e adora criar suas peças caminhando<br />

em passeios pela cidade que escolheu<br />

para viver. Seus passeios não são os oficiais,<br />

dispensam o Parque da Cidade ou<br />

gramados da UnB. Ele gosta de caminhar<br />

por outros caminhos. Seus lugares preferidos<br />

são os terrenos à beira do Lago Paranoá<br />

ou as pequenas vielas atrás dos comércios<br />

da W3 Norte. “Eu adoro Brasília<br />

de todos os jeitos. E gosto muito dessa<br />

Brasília desconhecida e não vista. Pequenos<br />

botequins com mesinhas rústicas e<br />

garrafas de farinha e pimenta sobre a mesa,<br />

eu acho demais. Parece e ao mesmo<br />

tempo não parece Brasília”, filosofa.<br />

O Beirute continua sendo sua referência,<br />

tanto o da Asa Sul quanto o da Norte.<br />

Por não comer carne, acabou por tornar-se<br />

um exímio cozinheiro, tendo como seu car-<br />

ro-chefe o ratatouille com polenta, uma criação<br />

que traduz bem seu temperamento.<br />

Para quem ainda não conhece o trabalho<br />

desse brasiliense de coração, recomendamos<br />

uma peça de sua autoria intitulada<br />

Cru, que estará em cartaz de 3 a 13 de dezembro<br />

no Teatro Goldoni da Casa<br />

D’Itália. A obra, encenada com muito sucesso<br />

no primeiro semestre deste ano, inclusive<br />

no Festival Internacional Cena<br />

Contemporânea 2009, trata da violência,<br />

um tema muito atual e que diz respeito a<br />

todos nós, reféns do medo urbano. Mesmo<br />

ambientada no interior do país, a peça<br />

discute a situação em que vive a grande<br />

maioria dos brasileiros, desde as superquadras<br />

brasilienses, passando pelas grandes<br />

cidades, até os pontos mais escondidos<br />

da vastidão amazônica.<br />

É apenas uma amostra do trabalho de<br />

Ribondi, mas é também um bom começo<br />

para quem quer conhecer sua obra.<br />

Cru<br />

De 3 a 13/12 (5ª a sábado, às 21h;<br />

domingos, às 20h) no Teatro Goldoni da<br />

Casa d’Italia (EQS 208/209). Ingressos: 5ª e<br />

6ª feira, <strong>R$</strong> 20 e <strong>R$</strong> 10; sábado e domingo:<br />

<strong>R$</strong> 30 e <strong>R$</strong> 15. Reservas: 3443.0606.<br />

Classificação indicativa: 16 anos.<br />

29


verso&prosa<br />

Achados e perdidos<br />

Sempre haverá mistérios ao redor de<br />

Clarice. Insondáveis labirintos. Clarice<br />

mergulha em seu caos interior e<br />

nos arrasta. “Escrevo-te em desordem, eu<br />

sei. Mas é como vivo. Eu só trabalho com<br />

achados e perdidos.” Por mais que se<br />

leiam seus livros, se estude sua obra, sempre<br />

restará aquela ponta de estranhamento<br />

indevassável. Talvez aí esteja o grande<br />

fascínio de Clarice Lispector, que buscou<br />

em sua obra a revelação do enigma que é<br />

de todos – a vida – e só conseguiu tornar<br />

ainda maior o mistério.<br />

Cada frase de Clarice porta um estranhamento,<br />

um susto, um mergulho na escuridão.<br />

Mas é, também, um ponto de<br />

identificação com admiradores reverentes<br />

ou fãs de última hora. Frases, objetos, fotos,<br />

um pouco de tudo de Clarice compõe<br />

a exposição Clarice Lispector – A hora da<br />

estrela, que o Centro Cultural Banco do<br />

Brasil oferece ao público entre 2 de dezembro<br />

e 14 de março. Uma exposição<br />

que traz consigo a alma da escritora.<br />

“Clarice não tem fãs, e sim romeiros<br />

que a seguem por onde vá”, define Júlia<br />

Peregrino, curadora da exposição, ao lado<br />

do poeta Ferreira Gullar. A cenografia é<br />

de Daniela Thomas e Felipe Tassara.<br />

Montada pela primeira vez em 2007, no<br />

Museu da Língua Portuguesa, em São<br />

Paulo, para marcar os 30 anos de morte<br />

da escritora, foi vista por 400 mil pessoas<br />

durante os nove meses em que permaneceu<br />

aberta. No ano passado recebeu mais<br />

de 100 mil visitantes no CCBB do Rio de<br />

Janeiro, em dois meses. Em Brasília, espera-se<br />

movimento semelhante.<br />

É impossível descrever o que o espectade<br />

Clarice<br />

Exposição no CCBB marca os 30 anos de morte da grande escritora<br />

Por Alexandre Marino<br />

dor verá na exposição, assim como é impossível<br />

descrever seus livros. Júlia Peregrino<br />

explica que não se pretende contar a<br />

vida de Clarice, mas mostrar flashes de sua<br />

obra e despertar a curiosidade do visitante,<br />

oferecendo-lhe a oportunidade de se identificar<br />

com ela. “Para quem não a conhece,<br />

é o momento de descobri-la”, afirma.<br />

Ver é a pura loucura do corpo. Esta<br />

frase de Clarice dará as boas vindas ao visitante,<br />

logo à entrada da exposição. O<br />

misterioso olhar da escritora parecerá<br />

questioná-lo, mas na verdade apenas o<br />

guiará, através de outras frases e imagens.<br />

30


E o espectador, hipnotizado, entrará, passo<br />

a passo, no mundo de Clarice, para no<br />

final vê-la em suas únicas imagens em movimento,<br />

em vídeo editado a partir de uma<br />

entrevista gravada poucos meses antes de<br />

sua morte.<br />

Uma das surpresas da exposição é<br />

uma sala forrada com 1.169 gavetas, das<br />

quais 51 podem ser abertas pelo visitante.<br />

E o que há nelas? Objetos pessoais, documentos...<br />

Bem, não prejudiquemos a descoberta.<br />

A sala é uma metáfora da obra de<br />

Clarice Lispector, sempre cheia de gavetas<br />

a guardar segredos, algumas a chave, outras<br />

abertas, muitas impenetráveis.<br />

Jogos de espelhos, composições de<br />

sombras e luzes... Clarice sempre tentou<br />

dizer o que sabia indizível. Na exposição,<br />

amostras dessa luta solitária, revelada por<br />

rascunhos, desenhos, listas de afazeres,<br />

correções, cartas, além, é claro, de seus livros.<br />

Uma extensa correspondência com<br />

outros autores e uma curiosa carta enviada<br />

ao presidente Getúlio Vargas, expondo<br />

sua insatisfação com a demora de seu processo<br />

de nacionalização e o argumento de<br />

que muito vinha fazendo pelo Brasil.<br />

Fotos: Divulgação<br />

Nascida na Ucrânia, de família judaica,<br />

Clarice chegou ainda criança ao Brasil.<br />

Morou primeiro em Maceió e Recife, e depois<br />

foi para o Rio de Janeiro. Aos 23<br />

anos, provocou sensação no meio literário<br />

com seu primeiro livro, Perto do coração<br />

selvagem. Nascida em 1920, morreu no<br />

Rio de Janeiro, em 1977, na véspera de<br />

seu aniversário. Publicou 26 livros, traduzidos<br />

em 15 idiomas.<br />

Casada com diplomata, viveu na Itália,<br />

Suíça e Estados Unidos e conheceu<br />

grande número de países e cidades<br />

– esse seu lado viajante também<br />

está presente na exposição. O acervo<br />

que compõe a mostra pertence ao filho de<br />

Clarice, Paulo Gurgel Valente, e está sob<br />

a guarda da Fundação Casa de Rui Barbosa,<br />

no Rio. Uma história cuidadosamente<br />

preservada, de uma autora que ocupa lugar<br />

único na literatura brasileira.<br />

Clarice Lispector – A hora da estrela<br />

De 2/12 a 14/3/2010 no Centro Cultural<br />

Banco do Brasil. De 3ª a domingo, das 9h às<br />

21h, com entrada franca. Mais informações:<br />

3310.7087<br />

31


luzcâmeraação<br />

Cena de Baarìa, de Giuseppe Tornatore<br />

Marta Spedaletti<br />

A Itália de Veneza<br />

No Cine Brasília, os principais filmes que participaram da<br />

edição 2009 do mais antigo festival de cinema do mundo<br />

Por Sérgio Moriconi<br />

Ao lado de Cannes e Berlim o mais<br />

prestigiado evento cinematográfico<br />

do planeta, Veneza apresenta<br />

já há cinco anos, apenas em São Paulo e<br />

Brasília, uma mostra do melhor cinema<br />

contemporâneo italiano. Este ano, a grande<br />

sensação vai ser a exibição, na noite de abertura<br />

(nesta sexta-feira, 27), do novo filme do<br />

italiano Giuseppe Tornatore, vencedor do<br />

Oscar de 1989 com Cinema Paradiso. Superprodução<br />

ambientada na Sicília natal de<br />

Tornatore, Baarìa – fortíssimo candidato<br />

ao Oscar 2010 – é a saga de uma família de<br />

camponeses sicilianos submetidos econômica<br />

e politicamente a um “coronel” da pequena<br />

cidade de Bagheria. O enredo se desenvolve<br />

durante várias décadas nos períodos<br />

pré e pós fascistas de Mussolini.<br />

A semana traz também Lo spazio bianco,<br />

de Francesca Comencini, outra veterana<br />

dos anos 80. Coincidentemente, Comencini<br />

apresentou seu filme de estréia,<br />

Pianoforte, em Veneza, em 1983. Essa<br />

obra autobiográfica causou impacto pela<br />

forma como a realizadora expôs abertamente<br />

sua experiência de tóxico-depen-<br />

dente. Longas posteriores – La luce del lago,<br />

por exemplo – são também relatos intimistas<br />

e sinceros, quase sussurrados,<br />

dos conflitos das protagonistas femininas.<br />

Annabelle Partagée, rodado em 19<strong>90</strong> na<br />

França, onde a cineasta vivia, segue a mesma<br />

trilha. Em Lo spazio bianco, Comencini<br />

acompanha as ansiedades de uma mulher<br />

de quarenta que se muda para Nápoles<br />

na esperança de encontrar um novo<br />

sentido para sua vida.<br />

Seguindo os passos de Comencini,<br />

Susanna Nicchiarelli debutou em longa<br />

igualmente em Veneza. Drama sobre a<br />

passagem da adolescência para a vida<br />

adulta, Cosmonauta tem elementos de fábula<br />

ao narrar os desejos da protagonista<br />

e de seu irmão de se tornarem cosmonautas<br />

russos, influenciados pelas histórias<br />

que ouviram do pai comunista, morto<br />

quando ainda eram crianças. Também<br />

por influência do pai, a jovem rejeita o catolicismo,<br />

“ópio do povo”, segundo a cartilha<br />

marxista-leninista.<br />

A V Semana Venezia Cinema privilegia<br />

mais um diretor estreante, o também<br />

escritor Valério Mieli. Dieci inverni é um<br />

drama romântico entre um jovem e uma<br />

jovem que descobrem ser mais do que<br />

apenas dois bons amigos. Fecham a programação<br />

Il grande sogno, dirigido pelo veterano<br />

ator Michele Placido, que esporadicamente<br />

faz as vezes de diretor, e La doppia<br />

ora, suspense com elementos cômicos<br />

dirigido por um outro estreante, Giuseppe<br />

Capotondi.<br />

A presença de diretores estreantes em<br />

Veneza foi uma longa reivindicação de muitos<br />

críticos e do público italianos. A mudança<br />

mais radical do festival veio na virada<br />

dos anos 2000, quando foi criada a mostra<br />

Cinema Del Presente e prêmios específicos<br />

para “primeiro filme” e “filme mais marginal”.<br />

Nada mal, não é mesmo? Num momento<br />

em que o Festival de Brasília vem<br />

sendo questionado sobre que rumos tomar<br />

daqui para frente, Veneza pode servir como<br />

uma boa referência. Caminhando a passos<br />

largos para o seu centenário, o festival italiano<br />

vem servindo nos últimos anos como<br />

um bom termômetro do que acontece na<br />

arte cinematográfica do planeta.<br />

Uma analogia entre Veneza e Brasília<br />

não deixa de ser interessante. Ambos os<br />

festivais surgiram em meio a governos autoritários.<br />

Em 1934, a Itália vivia a ascensão<br />

32


do fascismo, cujo partido já havia conseguido<br />

maioria parlamentar em 1924, logo em<br />

seguida à impressionante Marcha Sobre<br />

Roma, organizada pelo movimento Fascio<br />

de Combatimento – os chamados “camisas<br />

pretas”. Alçado ao poder, Mussolini concentrou<br />

suas forças na conquista de colônias.<br />

Intitulado em sua primeira edição Esposizione<br />

Internacionale D’Arte Cinematográfica,<br />

o festival surgiu atrelado à Bienal<br />

de Veneza. Ao contrário de Brasília, ele<br />

não se transformou num fórum de contestação<br />

ao regime vigente. Sua primeira década<br />

de existência evidencia um perfil burguês,<br />

conservador, no sentido de trazer as<br />

maiores produções e estrelas de cinema européias<br />

e norte-americanas.<br />

A qualidade dos filmes selecionados<br />

era inquestionável. A nós a liberdade, de<br />

René Clair, Frankenstein, de James Whale<br />

e A felicidade não se compra, de Frank Capra,<br />

entre outros, transformaram-se em<br />

clássicos do cinema. Em 1934, o festival,<br />

que teve em sua história períodos competitivos<br />

e não-competitivos, criou a Copa<br />

Mussolini. Naquele ano, o prêmio para<br />

melhor filme estrangeiro foi para O homem<br />

de Aran, de Robert Flaherty, documentário<br />

emblemático para realizadores<br />

de esquerda de todo o mundo. Flaherty<br />

dividia as atenções do público com diretores,<br />

astros e estrelas do quilate de George<br />

Cukor, Clark Gable e Claudette<br />

Colbert, embaralhando dessa forma as<br />

cartas, diluindo qualquer tentativa de definir<br />

a linha política do festival.<br />

Assim como em Cannes, Brasília ou<br />

qualquer certame competitivo de arte, contradições<br />

não faltaram na longa história do<br />

Festival de Veneza. Com o fim da guerra,<br />

a queda de Mussolini, no fim dos anos 40<br />

e em toda a década de 50 o Lido de Veneza<br />

abrigou todas as obras-primas do neo-realismo<br />

italiano. Passaram por suas telas<br />

Paisà (1946), de Roberto Rossellini, e A<br />

terra treme (1948), de Luchino Visconti,<br />

obras muito bem acolhidas pelo público,<br />

mas recebidas friamente pela crítica, que<br />

preferiu bajular os gigantes Orson Welles,<br />

John Huston, Laurence Olivier, David Lean<br />

e Jean Renoir, em detrimento de futuros<br />

ícones do movimento (o neo-realismo)<br />

mais importante do cinema italiano em todos<br />

os tempos, fundamental também para<br />

o cinema de todos os continentes.<br />

Contradições continuaram ao longo<br />

dos frenéticos anos 60, época de um novo<br />

iluminismo libertário também na Itália.<br />

Em Brasília, em 1968, o júri do nosso<br />

festival deixou de premiar Macunaíma, de<br />

Joaquim Pedro de Andrade, consensualmente<br />

um dos dez maiores filmes brasileiros<br />

de todos os tempos, escolhendo o insosso<br />

Memórias de Helena, de David Neves.<br />

Veneza cometeu pecado semelhante<br />

– e por duas vezes – com o gigante Luchino<br />

Visconti. Seu Senso (1954) foi preterido<br />

em favor do hoje inteiramente esquecido<br />

Giulietta e Romeo, de Renato Castellani,<br />

e, muito pior, Rocco e seus irmãos – análogo<br />

em importância a Macunaíma – deixou<br />

de ganhar o cobiçado Leão de Ouro,<br />

em 1960, concedido a A passagem do Reno,<br />

de André Cayatte, outro filme esquecido<br />

nas calendas do tempo.<br />

V Semana Venezia Cinema<br />

27/11 a 2/12 no Cine Brasília (EQS 106/ 107).<br />

Abertura dia 27/11, às 20h30, com Baarìa,<br />

e demais sessões às 19h30. 28/11, Dieci<br />

inverni; 29/11, Cosmonauta; 30/11,<br />

Il grande sogno; 1/12, Lo spazio Bianco;<br />

2/12, La doppia ora.<br />

33


luzcâmeraação<br />

Qualquer<br />

semelhança...<br />

O protagonista de Arranca-me a vida pode<br />

estar em qualquer país da América Latina<br />

Por Reynaldo Domingos Ferreira<br />

É<br />

por fixar, em cores mais ou menos<br />

adequadas, o perfil de um político<br />

machista, assassino e corrupto, como<br />

muitos que chegam ao poder não só<br />

no México, mas em toda a América Latina,<br />

que Arranca-me a vida, de Roberto<br />

Sneider, ganha alguma expressão – pois,<br />

ao pretender que saia de seu argumento<br />

uma heroína do porte de Scarlett OHara<br />

(... E o vento levou), resulta em absoluto insucesso.<br />

Com roteiro de Sneider, baseado no<br />

best-seller homônimo de Angeles Mastretta,<br />

a película, ambientada no Estado de<br />

Puebla, nas décadas de 30 e 40 do século<br />

passado, narra a história de Catalina Guzman<br />

(Ana Claudia Talancón), uma jovem<br />

ingênua que, certo dia, na praça principal<br />

da cidade, conhece o general André Ascensio<br />

(Daniel Gimenez Cacho), figura<br />

inspirada, ao que consta, na de Maximiliano<br />

Ávila Camacho, irmão do ex-presidente<br />

Manuel Ávila Camacho (1940-1946).<br />

Filha de um produtor de queijos da<br />

região, Catalina se deixa facilmente<br />

seduzir por Ascensio, que a<br />

leva a conhecer o mar.<br />

Desse passeio re-<br />

sulta um tórrido romance entre os dois e,<br />

depois, o casamento, decidido por ele sem<br />

consultá-la, e nem mesmo lhe dar possibilidade<br />

de saber como é sua vida. Só depois<br />

de casada é que Catalina vai conhecendo<br />

aos poucos o caráter autoritário do<br />

general, candidato ao governo do Estado,<br />

bem como os métodos espúrios – como o<br />

assassínio de jornalistas – de que ele lança<br />

mão a fim de ascender ao poder.<br />

Mas, para se orientar como deve proceder,<br />

até mesmo para sentir maior prazer<br />

nas práticas amorosas com o marido, Catalina<br />

recorre a uma cartomante/curandeira<br />

(Mariana Peñalva). E não vai tardar<br />

muito para que ela venha a descobrir que<br />

Ascensio tem muitas amantes e filhos, alguns<br />

dos quais ele trará para que sejam<br />

criados por ela, que dele já tem dois. De<br />

qualquer forma, Catalina, com a subida<br />

do marido ao governo, procura tirar proveito<br />

da melhor maneira possível de sua<br />

posição.<br />

Numa noite em que se encontrava na<br />

Cidade do México, Catalina – sob cuja<br />

ótica a ação é narrada – descobre ao acaso,<br />

num teatro vazio,<br />

ensaiando uma<br />

orquestra, um<br />

jovem maestro,<br />

barbudo e descabelado,<br />

Carlos Vives (José Maria de Tavíria),<br />

que também desenha bem o tipo de<br />

oposicionista ao governo, por quem ela se<br />

apaixona. Fica assim formado o arriscado<br />

triângulo amoroso.<br />

A produção, a mais cara até agora realizada<br />

no México, é bem cuidada no que diz<br />

respeito à ambientação (direção de arte) e<br />

figurinos. Mas é, sem dúvida, a fotografia<br />

de Javier Aguirresarobe o maior trunfo da<br />

película, uma vez que a direção de Sneider<br />

é convencional, pouco inspirada, que nada<br />

faz para evitar, um só instante, o tom<br />

arrastado e novelesco da narrativa.<br />

Com a ajuda do ator Daniel Gimenez<br />

Cacho, entretanto, Sneider consegue bom<br />

resultado ao traçar o perfil do general Ascensio,<br />

um homem latino-americano “incomum”<br />

(como se costuma dizer por aqui),<br />

detentor do poder, sempre acima da lei,<br />

dono da verdade. Cacho, de bom preparo<br />

técnico, compõe bem a personagem, dominando<br />

a cena, uma vez que os demais<br />

atores – mesmo a intérprete, muito bonita,<br />

da protagonista, Catalina Guzman – convencem<br />

pouco em suas atuações.<br />

Arranca-me a vida (Arráncame la vida)<br />

México/2008, 110min. <strong>Roteiro</strong> e direção:<br />

Roberto Sneider. Com Ana Claudia Talancón,<br />

Daniel Gimenez Cacho, José Maria de<br />

Tavíria, Mariana Peñalva.<br />

Fotos: Divulgação<br />

34


Apoio:<br />

estúdio<br />

Vladmir de Carvalho - Cineasta<br />

Imprima seu nome na história de Brasília. A partir de <strong>R$</strong> 2,00 você pode.<br />

Juntos nós podemos construir a sede da Fundação Athos Bulcão e manter viva a memória desse grande<br />

artista. A partir de <strong>R$</strong> 2,00 você pode participar e seu nome ficará impresso na sede da fundação.<br />

ATHOS<br />

de amor<br />

Depósitos no Banco do Brasil,<br />

agência: 2863-0 conta corrente: 40303-2<br />

Ou acesse www.fundathos.org.br/novasede<br />

PARTICIPE DESSE ATO<br />

DE AMOR A BRASÍLIA.


Prepare-se para<br />

o aniversário de<br />

Brasília curtindo<br />

os eventos em<br />

comemoração<br />

aos 50 anos da cidade.<br />

NOVEMBRO 2009<br />

Dias 04 e 05 – Convenção<br />

de Líderes Educacionais<br />

Centro de Convenções Ulysses Guimarães – 9h<br />

Dias 11 a 13 – IV Reunião de<br />

Secretários de Educação<br />

Consed/Unesco – 9h às 18h<br />

Dias 17 a 24 – Festival de Brasília<br />

do Cinema Brasileiro<br />

Dias 20 a 29 – Feira do Livro<br />

Shopping Pátio Brasil<br />

Dias 20 a 22 – Festa dos Estados<br />

EXPOBRASÍLIA, Parque da Cidade<br />

Dias 23 a 27 – Fórum Mundial<br />

de Educação Profissional e Tecnológica<br />

Centro de Convenções Ulysses Guimarães – 9h<br />

Dia 27 – Lançamento do Livro Efemérides<br />

As grandes datas de Brasília e JK<br />

Biblioteca Nacional de Brasília – 17h<br />

Dias 27 e 28 – Cerrado Virtual<br />

Elevado do Mané Garrincha – 20h<br />

Fotos: Museu da República – Alison Santos, Panteão da República – Verônica Lacerda,<br />

Parque de Diversões – Débora Quatrin, Memorial JK – Marcos Santos<br />

Brasília é muito mais.

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