luzcâmeraação Qualquer semelhança... O protagonista de Arranca-me a vida pode estar em qualquer país da América Latina Por Reynaldo Domingos Ferreira É por fixar, em cores mais ou menos adequadas, o perfil de um político machista, assassino e corrupto, como muitos que chegam ao poder não só no México, mas em toda a América Latina, que Arranca-me a vida, de Roberto Sneider, ganha alguma expressão – pois, ao pretender que saia de seu argumento uma heroína do porte de Scarlett OHara (... E o vento levou), resulta em absoluto insucesso. Com roteiro de Sneider, baseado no best-seller homônimo de Angeles Mastretta, a película, ambientada no Estado de Puebla, nas décadas de 30 e 40 do século passado, narra a história de Catalina Guzman (Ana Claudia Talancón), uma jovem ingênua que, certo dia, na praça principal da cidade, conhece o general André Ascensio (Daniel Gimenez Cacho), figura inspirada, ao que consta, na de Maximiliano Ávila Camacho, irmão do ex-presidente Manuel Ávila Camacho (1940-1946). Filha de um produtor de queijos da região, Catalina se deixa facilmente seduzir por Ascensio, que a leva a conhecer o mar. Desse passeio re- sulta um tórrido romance entre os dois e, depois, o casamento, decidido por ele sem consultá-la, e nem mesmo lhe dar possibilidade de saber como é sua vida. Só depois de casada é que Catalina vai conhecendo aos poucos o caráter autoritário do general, candidato ao governo do Estado, bem como os métodos espúrios – como o assassínio de jornalistas – de que ele lança mão a fim de ascender ao poder. Mas, para se orientar como deve proceder, até mesmo para sentir maior prazer nas práticas amorosas com o marido, Catalina recorre a uma cartomante/curandeira (Mariana Peñalva). E não vai tardar muito para que ela venha a descobrir que Ascensio tem muitas amantes e filhos, alguns dos quais ele trará para que sejam criados por ela, que dele já tem dois. De qualquer forma, Catalina, com a subida do marido ao governo, procura tirar proveito da melhor maneira possível de sua posição. Numa noite em que se encontrava na Cidade do México, Catalina – sob cuja ótica a ação é narrada – descobre ao acaso, num teatro vazio, ensaiando uma orquestra, um jovem maestro, barbudo e descabelado, Carlos Vives (José Maria de Tavíria), que também desenha bem o tipo de oposicionista ao governo, por quem ela se apaixona. Fica assim formado o arriscado triângulo amoroso. A produção, a mais cara até agora realizada no México, é bem cuidada no que diz respeito à ambientação (direção de arte) e figurinos. Mas é, sem dúvida, a fotografia de Javier Aguirresarobe o maior trunfo da película, uma vez que a direção de Sneider é convencional, pouco inspirada, que nada faz para evitar, um só instante, o tom arrastado e novelesco da narrativa. Com a ajuda do ator Daniel Gimenez Cacho, entretanto, Sneider consegue bom resultado ao traçar o perfil do general Ascensio, um homem latino-americano “incomum” (como se costuma dizer por aqui), detentor do poder, sempre acima da lei, dono da verdade. Cacho, de bom preparo técnico, compõe bem a personagem, dominando a cena, uma vez que os demais atores – mesmo a intérprete, muito bonita, da protagonista, Catalina Guzman – convencem pouco em suas atuações. Arranca-me a vida (Arráncame la vida) México/2008, 110min. <strong>Roteiro</strong> e direção: Roberto Sneider. Com Ana Claudia Talancón, Daniel Gimenez Cacho, José Maria de Tavíria, Mariana Peñalva. Fotos: Divulgação 34
Apoio: estúdio Vladmir de Carvalho - Cineasta Imprima seu nome na história de Brasília. A partir de <strong>R$</strong> 2,00 você pode. Juntos nós podemos construir a sede da Fundação Athos Bulcão e manter viva a memória desse grande artista. A partir de <strong>R$</strong> 2,00 você pode participar e seu nome ficará impresso na sede da fundação. ATHOS de amor Depósitos no Banco do Brasil, agência: 2863-0 conta corrente: 40303-2 Ou acesse www.fundathos.org.br/novasede PARTICIPE DESSE ATO DE AMOR A BRASÍLIA.