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anais do ix encontro da pós-graduação em psicologia - UNESP-Assis

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IX Encontro <strong>da</strong> Pós-Gradua<br />

Graduação <strong>em</strong> Psicologia<br />

Mo<strong>do</strong>s de produção <strong>do</strong> conhecimento: desafios <strong>da</strong>s<br />

subjetivi<strong>da</strong>des<br />

ANAIS<br />

CADERNO DE RESUMOS<br />

-=-=-=-=-=-=-<br />

24 e 25 de nov<strong>em</strong>bro de 2011<br />

<strong>Assis</strong>-SP / Brasil<br />

REALIZAÇÃO:<br />

Imag<strong>em</strong>: Andy Warhol, Monalisa, 1963. Silkscreen ink<br />

on synthetic polymer paint on canvas, 112 x 74 cm<br />

Programa de Pós-GraduaP<br />

Graduação <strong>em</strong> Psicologia<br />

Departamento de Psicologia Clínica<br />

Departamento de Psicologia Experimental e <strong>do</strong><br />

Trabalho<br />

Departamento de Psicologia Evolutiva, Social e<br />

Escolar


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”<br />

Reitor<br />

Herman Jacobus Cornelis Voorwald<br />

Vice-Reitor<br />

Julio Cezar Durigan<br />

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS DE ASSIS<br />

Diretor<br />

Mário Sérgio Vasconcelos<br />

Vice-Diretor<br />

Ivan Esperança Rocha<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA<br />

Coordena<strong>do</strong>r<br />

Fernan<strong>do</strong> Silva Te<strong>ix</strong>eira Filho<br />

Vice-Coordena<strong>do</strong>r<br />

Silvio Yasui<br />

IX ENCONTRO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA"<br />

"Mo<strong>do</strong>s de produção <strong>do</strong> conhecimento: desafios <strong>da</strong>s subjetivi<strong>da</strong>des”<br />

24 e 25 de nov<strong>em</strong>bro de 2011 – <strong>Assis</strong>/SP<br />

COMISSÃO ORGANIZADORA<br />

Abílio <strong>da</strong> Costa Rosa<br />

Ana Luísa Antunes Dias<br />

Ariana Campana Rodrigues<br />

Barbara Sinibaldi<br />

Cátia Paranhos Martins<br />

Daniele de Andrade Ferraza<br />

Danilo Marques<br />

Iúri Yrving Müller <strong>da</strong> Silva<br />

Kwame Yonatan <strong>do</strong>s Santos<br />

Leandro Anselmo Todesqui Tavares<br />

Marcos Mariani Casa<strong>do</strong>re<br />

Mateus Pranzetti Paul Gru<strong>da</strong><br />

Paula Ione <strong>da</strong> Costa Quinterno Fiochi<br />

Paulo Victor Bezerra<br />

Sara Gobbo<br />

Sílvio José Benelli<br />

2


SUMÁRIO<br />

APRESENTAÇÃO..............................................................................................................04<br />

PROGRAMAÇÃO ..............................................................................................................05<br />

SESSÕES DE COMUNICAÇÃO ..........................................................................................06<br />

RESUMOS .........................................................................................................................14<br />

3


APRESENTAÇÃO<br />

O Programa de Pós-Graduação <strong>em</strong> Psicologia <strong>da</strong> <strong>UNESP</strong> de <strong>Assis</strong> iniciou suas<br />

ativi<strong>da</strong>des com o Mestra<strong>do</strong>, <strong>em</strong> 1995; <strong>em</strong> 2008, obteve a implantação <strong>do</strong><br />

Doutora<strong>do</strong>. Celebran<strong>do</strong> este acontecimento, os alunos <strong>da</strong>quela primeira turma<br />

de <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s realizaram um evento científico que teve como propósito<br />

principal a integração entre <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, mestra<strong>do</strong> e graduação.<br />

Seguin<strong>do</strong> o mesmo caminho, a “IV turma de <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong>s”, <strong>em</strong> parceria com os<br />

mestran<strong>do</strong>s e graduan<strong>do</strong>s, organiza o “IX ENCONTRO DA PÓS-<br />

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA" – Mo<strong>do</strong>s de produção <strong>do</strong> conhecimento:<br />

desafios <strong>da</strong>s subjetivi<strong>da</strong>des. Trata-se de um evento local, que mantém a<br />

iniciativa inicial, volta<strong>do</strong> para o intercâmbio e a cooperação entre os alunos e<br />

<strong>do</strong>centes <strong>do</strong> <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, mestra<strong>do</strong> e <strong>da</strong> graduação <strong>do</strong> curso de Psicologia.<br />

A programação reúne palestras e debates cujas t<strong>em</strong>áticas buscarão promover e<br />

articular o diálogo entre a produção científica e os produtores de conhecimento,<br />

e sessões de apresentação de trabalhos de pesquisa realiza<strong>do</strong>s por alunos <strong>da</strong><br />

graduação e <strong>da</strong> pós-graduação. Além disso, o Encontro realizará o "Fórum <strong>da</strong><br />

Pós-Graduação <strong>em</strong> Psicologia <strong>da</strong> <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong>"<br />

s", com o objetivo de debater<br />

t<strong>em</strong>áticas importantes e de interesse geral de to<strong>do</strong>s nós, pesquisa<strong>do</strong>res<br />

participantes, além de propostas que vis<strong>em</strong> a melhoria <strong>do</strong> Programa.<br />

O IX Encontro é de suma importância para mantermos um diálogo aberto e<br />

contínuo entre a instituição, o Programa e seus discentes e, ain<strong>da</strong>, o contato<br />

entre to<strong>do</strong>s nós, pesquisa<strong>do</strong>res. É por isso que contamos com a participação de<br />

to<strong>do</strong>s. É uma oportuni<strong>da</strong>de para articularmos posicionamentos e debatermos<br />

questões intimamente relaciona<strong>da</strong>s à nossa formação.<br />

Comissão Organiza<strong>do</strong>ra<br />

4


PROGRAMAÇÃO<br />

Dia 24/11/2011 - Quinta feira<br />

09h00 - Abertura <strong>do</strong> evento<br />

Local: Mini-anfiteatro de História<br />

Palestra de abertura: Psicologia e Direitos Humanos<br />

Palestrante: Gregório Kasi<br />

Coordena<strong>do</strong>r <strong>da</strong> mesa: Prof. Dr. Silvio Yasui (<strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong>).<br />

14h00 - Sessões de apresentação de trabalhos<br />

Local: Salas 3, 5, 7 e 9, no prédio <strong>da</strong> Psicologia; mini-auditório <strong>da</strong> Biblioteca, no<br />

prédio <strong>da</strong> Psicologia; salas 3, 4 e 5, na Central de Aulas <strong>da</strong> História.<br />

Dia 25/11/2011 - Sexta feira<br />

09h00 - Fórum <strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação <strong>em</strong> Psicologia<br />

Local: Anfiteatro <strong>do</strong> CEDAP<br />

Coordena<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Abílio <strong>da</strong> Costa-Rosa (<strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong>).<br />

14h00 - Encerramento <strong>do</strong> evento<br />

Local: Anfiteatro Antônio Merisse<br />

Palestra de encerramento: Medicalização <strong>do</strong> Social<br />

Palestrante: Prof. Dr. Charles Tesser (UFSC)<br />

Coordena<strong>do</strong>r <strong>da</strong> mesa: Prof. Dra. Cristina Amélia Luzio (<strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong>).<br />

5


SESSÕES DE COMUNICAÇÃO<br />

APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS<br />

MESA 1 – Psicologia e Socie<strong>da</strong>de: políticas públicas e saúde coletiva<br />

Local: Mini-anfiteatro <strong>da</strong> Biblioteca (prédio <strong>da</strong> Psicologia)<br />

Coordenação: Silvio Benelli<br />

O DISPOSITIVO INTERCESSOR E O CONTEXTO DAS PRÁTICAS<br />

EDUCATIVAS EM SAÚDE<br />

Paula Ione <strong>da</strong> Costa Quinterno Fiochi, Abílio <strong>da</strong> Costa-Rosa<br />

REDE INTERSETORIAL EM SAÚDE MENTAL: A PROPOSTA DO<br />

FÓRUM PERMANENTE INTERSETORIAL DE SAÚDE MENTAL DA<br />

REGIÃO DE OURINHOS COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO<br />

COMPARTILHADA<br />

Damaris Bezerra de Lima, Silvio Yasui<br />

MAPEAMENTO DA DEMANDA DE SAÚDE MENTAL INFANTIL EM<br />

UM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE<br />

Barbara Sinibaldi, Cristina Amélia Luzio<br />

DISPOSITIVO INTERCESSOR E URGÊNCIA SUBJETIVA: REFLEXÕES<br />

SOBRE A PRÁXIS CLÍNICA NO AMBULATÓRIO PÚBLICO<br />

Sarah Gobbo, Abílio <strong>da</strong> Costa-Rosa<br />

A SOCIOEDUCAÇÃO COMO NOVA POSSIBILIDADE<br />

PARADIGMÁTICA NO CAMPO ASSISTENCIAL<br />

Silvio José Benelli, Abílio <strong>da</strong> Costa-Rosa<br />

A MÚSICA E OFICINAS ARTÍSTICO-MUSICAIS COMO<br />

INSTRUMENTO EM SAÚDE MENTAL: LEVANTAMENTO EM BASES<br />

DE DADOS<br />

Cristina Amélia Luzio, Fabiana Silva Ribeiro, Ricar<strong>do</strong> Gonçalves Conceição,<br />

Tânya Marques Car<strong>do</strong>so<br />

6


MESA 2 – Psicologia e Socie<strong>da</strong>de: saúde coletiva, reforma psiquiátrica e a<br />

medicalização<br />

Local: Sala 3 – Prédio de Psicologia<br />

Coordenação: Daniele de Andrade Ferrazza<br />

UM ESTUDO SOBRE A PRESCRIÇÃO DE PSICOFÁRMACOS NA<br />

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO DO SUDOESTE<br />

PAULISTA<br />

Nívea Maria Oiti Florêncio Kaumagae, Júlia de Castro Campos, Eloá Ulliam,<br />

Daniele de Andrade Ferrazza, Cristina Amélia Luzio<br />

UMA ANÁLISE DOS EFEITOS DO USO A LONGO PRAZO DE<br />

PSICOFÁRMACOS: DA FLUOXETINA AO METILFENIDATO<br />

Kwame Yonatan Poli <strong>do</strong>s Santos, Silvio Yasui, Gustavo Henrique Dionísio<br />

UM ESTUDO SOBRE A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO DE<br />

MEDICALIZAÇÃO DO MAL-ESTAR SOCIAL<br />

Daniele de Andrade Ferrazza, Cristina Amélia Luzio, ; Luiz Carlos <strong>da</strong> Rocha<br />

UM ALINHAVO DE FORÇAS: REFORMA SANITÁRIA, REFORMA<br />

PSIQUIÁTRICA E A SAÚDE COLETIVA NA HUMANIZAÇÃO DO SUS<br />

Catia Paranhos Martins, Cristina Amélia Luzio<br />

CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE DE FREUD E LACAN A UMA<br />

PSICOTERAPIA NA SAÚDE COLETIVA: A CLÍNICA DO SUJEITO NA<br />

SAÚDE PÚBLICA<br />

Waldir Périco, Abílio Costa-Rosa<br />

7


MESA 3 – Psicologia e Processos Clínicos<br />

Local: Sala 4 – Prédio de História (Central de aulas)<br />

Coordenação: Marcos Leandro Klipan<br />

PSICANÁLISE E FEMINILIDADE: DO FALO AO SEIO<br />

Marcos Leandro Klipan, Jorge Luís Ferreira Abrão<br />

CONSULTAS TERAPÊUTICAS WINNICOTTIANAS EM QUADROS DE<br />

ADULTOS COM QUEIXAS DE DEPRESSÃO<br />

Ana Lúcia Volpato, Diana Pancini de Sá Antunes Ribeiro<br />

SÁNDOR FERENCZI A TÉCNICA PSICANALÍTICA: POSICIONAMENTOS<br />

ACERCA DA TÉCNICA ATIVA, DA ELASTICIDADE E DA EMPATIA<br />

Marcos Mariani Casa<strong>do</strong>re, Francisco Hashimoto<br />

A PRODUÇÃO BRASILEIRA SOBRE PSICANÁLISE DE CRIANÇAS NA<br />

REVISTA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE.<br />

Iúri Yrving <strong>da</strong> Silva Muller, Jorge Luís Ferreira Abrão<br />

UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA WINNICOTTIANNA SOBRE O<br />

SOFRIMENTO PSÍQUICO CONTEMPORÂNEO.<br />

Heloisa Aguetoni Cambuí, Carmen Maria Bueno N<strong>em</strong>e<br />

8


MESA 4 – T<strong>em</strong>as <strong>em</strong> “Psicologia e socie<strong>da</strong>de”: Família e Neuro<strong>psicologia</strong><br />

Local: Sala 5 – Prédio de Psicologia<br />

Coordenação: Juliana de Castro Pra<strong>do</strong><br />

A PATERNIDADE E O MÉTODO “ESTADO DA ARTE”<br />

Juliana de Castro Pra<strong>do</strong>, Jorge Luís Ferreira Abrão<br />

O PAPEL DA FAMÍLIA NO USO E ABUSO DE DROGAS POR<br />

ADOLESCENTES: UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA NACIONAL<br />

Guilherme Augusto Campesato, Maria Laura Nogueira Pires<br />

AS AVÓS E SEUS PAPÉIS NA ATUALIDADE<br />

Camila Cuencas Funari Mendes e Silva<br />

PROCESSO DE VALIDAÇÃO DA ESCALA <strong>UNESP</strong> DE HÁBITOS DE<br />

SONO-VERSÃO CRIANÇA<br />

Caroline Batista Vilela, Maria Laura Nogueira Pires<br />

CARATERIZANDO O MEDO DO PARTO: UM ESTUDO COM<br />

GESTANTES DE RISCO DO HOSPITAL REGIONAL DE ASSIS<br />

Eloisa Pelizzon Dib, Maria Luisa Louro de Castro Valente<br />

EFEITOS DO TREINO MUSICAL APÓS DOZE MESES DE PRÁTICA SOB<br />

A MEMÓRIA OPERACIONAL E HABILIDADES<br />

MATEMÁTICAS DE CRIANÇAS<br />

Fabiana Silva Ribeiro, Flávia Heloísa Dos Santos.<br />

9


MESA 5 – T<strong>em</strong>as <strong>em</strong> “Psicologia e Socie<strong>da</strong>de”: Educação e suas vertentes<br />

Local: Sala 7 – Prédio de Psicologia<br />

Coordenação: Paulo Motta<br />

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES SOBRE INDISCIPLINA<br />

EM SALA DE AULA<br />

Kátia Hatsue En<strong>do</strong>, Elizabeth Pi<strong>em</strong>onte Constantino<br />

O PERFIL DO ALUNO DA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL DE ASSIS-SP<br />

SP<br />

Paulo Motta<br />

APROXIMAÇÕES CONCEITUAIS ENTRE AS TEORIAS DE JEAN<br />

PIAGET E PAULO FREIRE: SENHORES DE SEU TEMPO<br />

Maria Elvira Bellotto Martins <strong>do</strong>s Santos<br />

EDUCAÇÃO INTEGRAL: PROBLEMATIZAÇÕES ACERCA DAS<br />

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INTANTIL<br />

Bruno Bezerra de Araujo, Hélio Rebello Car<strong>do</strong>so Júnior<br />

A COMUNALIZAÇÃO NA ERA CONTEMPORÂNEA: O TRIBALISMO<br />

COMO RESISTÊNCIA AOS APELOS DO CAPITAL<br />

Antonio Carlos Barbosa <strong>da</strong> Silva, Marina Coimbra Casadei<br />

AÇÕES PARA REPENSAR A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA – UMA<br />

PROPOSTA DE EDUCAÇÃO LIBERTADORA<br />

Marina Coimbra Casadei, Antonio Carlos Barbosa <strong>da</strong> Silva<br />

10


MESA 6 – T<strong>em</strong>as <strong>em</strong> “Psicologia e Socie<strong>da</strong>de”: Trabalho e seus des<strong>do</strong>bramentos<br />

Local: Sala 5 – Prédio de História (Central de aulas)<br />

Coordenação: Ariana Campana Rodrigues<br />

RELAÇÃO INDIVÍDUO E ORGANIZAÇÃO ESTRATÉGICA: UM<br />

ESTUDO PSICOSSOCIOLÓGICO<br />

Marita Pereira Penariol, Francisco Hashimoto<br />

O ENCONTRO DA LOUCURA COM O TRABALHO NA ECONOMIA<br />

SOLIDÁRIA: A PRODUÇÃO DE UMA PRÁXIS A PARTIR DO<br />

DISPOSITIVO INTERCESSOR NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL<br />

Márcia Campos Andrade, Abílio <strong>da</strong> Costa Rosa<br />

FORMAÇÃO DE TRABALHADORES NO MODELO DE GESTÃO DAS<br />

EMPRESAS ESTRATÉGICAS: UMA EMPRESA JÚNIOR COMO OBJETO<br />

DE ANÁLISE<br />

Eduar<strong>do</strong> Moura <strong>da</strong> Costa, Francisco Hashimoto<br />

A DIMENSÃO CLÍNICA DE OFICINAS DE GERAÇÃO DE TRABALHO E<br />

RENDA NA SAÚDE MENTAL<br />

Ariana Campana Rodrigues, Silvio Yasui<br />

DA CLINICA PARTICULAR A CLINICA SOCIAL: AS CONQUISTAS E<br />

DIFICULDADES DO PROJETO DE GERAÇÃO DE RENDA “CLÍNICA E<br />

CIDADANIA EM CONTEXTO SOCIAL DESFAVORÁVEL”.<br />

Rosana Maria Schwerz, Roberto Yutaka Sagawa<br />

PSICANÁLISE E GERAÇÃO DE RENDA: SUB-CIDADANIA E<br />

EXTERNALIZAÇÃO.<br />

Vinicius Xavier Cintra Marangoni, Roberto Yutaka Sagawa<br />

11


MESA 7 – Psicologia e processos de subjetivação na atuali<strong>da</strong>de (1)<br />

Local: Sala 3 – Prédio de História (Central de aulas)<br />

Coordenação: Paulo Victor Bezerra<br />

MUSICALIDADES E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO: DA<br />

SUBLIMAÇÃO DAS PULSÕES ÀS FORMAÇÕES DOS LAÇOS SOCIAIS.<br />

Leandro Anselmo Todesqui, Tavares; Francisco Hashimoto<br />

APONTAMENTOS ACERCA DA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO EM<br />

DELEUZE<br />

Jéssica Enara Vian, Hélio Rebello Car<strong>do</strong>so Jr.<br />

DEKASSEGUIS: O DIFÍCIL RETORNO<br />

Cizina Célia Fernandes Pereira Resstel, José Sterza Justo.<br />

AS VICISSITUDES DA SUBJETIVIDADE REVELADAS NO MITO DE<br />

DON JUAN<br />

Paulo Victor Bezerra, José Sterza Justo<br />

EXPRESSÕES DO TÉDIO NA CONTEMPORANEIDADE: ANÁLISE DE<br />

LETRAS DE MÚSICAS ROCK E MPB<br />

Adriana Apareci<strong>da</strong> Almei<strong>da</strong> de Oliveira, José Sterza Justo.<br />

A ATUALIDADE: IMPLICAÇÕES PARA A SUBJETIVIDADE<br />

Marcos Paulo Shiozaki, Francisco Hashimoto.<br />

12


MESA 8 – Psicologia e processos de subjetivação na atuali<strong>da</strong>de (2)<br />

Local: Sala 9 – Prédio de Psicologia<br />

Coordenação: Mateus Pranzetti Paul Gru<strong>da</strong><br />

RE-CONHECENDO A PSICOLOGIA NOS ESTUDOS SOBRE<br />

HOMOSSEXUALIDADE E GÊNERO NA ÚLTIMA DÉCADA (2000 –<br />

2010).<br />

Sandra Elena Sposito<br />

DESVELANDO A CONCEPÇÃO DE ADOLESCÊNCIA, POR UMA NOVA<br />

INTENSIDADE JUVENIL: JUVENTUDE, MULTIPLICIDADE E DEVIR<br />

Ana Clara Magalhães Cunha, Soraia G. F. de Paiva Cruz<br />

POR UMA VIDA MENOS ORDINÁRIA: A ARTE COMO MODO DE<br />

SUBJETIVAÇÃO AFEITO AO DEVIR E A INVENTIVIDADE<br />

Roberta Stubs Parpinelli, Fernan<strong>do</strong> Silva Te<strong>ix</strong>eira<br />

HUMOR DEBOCHADO/CRÍTICO NÃO TEM VEZ: O CASO FALHA X<br />

FOLHA<br />

Mateus Pranzetti Paul Gru<strong>da</strong><br />

INTERCESSÃO – UM NOVO MODO DE FAZER PESQUISA<br />

Marina R. <strong>da</strong> R. Paes<br />

13


RESUMOS<br />

EXPRESSÕES DO TÉDIO NA CONTEMPORANEIDADE: ANÁLISE DE<br />

LETRAS DE MÚSICAS ROCK E MPB.<br />

Adriana Apareci<strong>da</strong> Almei<strong>da</strong> de Oliveira – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

José Sterza Justo – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

O pós-moderno, segun<strong>do</strong> Harvey (1998), se caracteriza, sobretu<strong>do</strong>, pela incorporação e<br />

aceitação <strong>do</strong> efêmero e <strong>do</strong> provisório. Nesse cenário de aceleração <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po e<br />

alargamento <strong>do</strong> espaço pre<strong>do</strong>mina a experiência de uma vi<strong>da</strong> frenética, agita<strong>da</strong> e superexposta.<br />

No entanto, aparece, para<strong>do</strong>xalmente, o sentimento de solidão, indiferença e de<br />

vazio associa<strong>do</strong>s a duas formas de subjetivação: a depressão e o tédio. A primeira t<strong>em</strong><br />

si<strong>do</strong> bastante destaca<strong>da</strong> nos dias atuais, enquanto o tédio, propriamente dito, não está<br />

receben<strong>do</strong> a mesma consideração na <strong>psicologia</strong>. O tédio caracteriza-se pelo cansaço de<br />

viver; uma despotencialização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Pode ser entendi<strong>do</strong> como um sintoma <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

acelera<strong>da</strong>, porém, não se trata de um mo<strong>do</strong> de subjetivação novo porque, já no século<br />

XIX, perío<strong>do</strong> áureo <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de, foi capta<strong>do</strong> por importantes intérpretes dessa<br />

época, como Baudelaire. O que pode ser considera<strong>do</strong> uma novi<strong>da</strong>de hoje é a<br />

configuração <strong>do</strong> tédio como um mo<strong>do</strong> de subjetivação típico <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de enquanto<br />

denúncia e recusa <strong>da</strong> aceleração <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po. Nesse senti<strong>do</strong>, o objetivo principal central <strong>da</strong><br />

presente pesquisa é localizar o <strong>em</strong>puxe <strong>do</strong> tédio na moderni<strong>da</strong>de tardia, descrever suas<br />

expressões e analisá-las no quadro atual <strong>da</strong> experiência <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po acelera<strong>do</strong>. Para tanto,<br />

eleger<strong>em</strong>os as manifestações <strong>do</strong> tédio na cultura, toman<strong>do</strong> como corpus letras de<br />

músicas, <strong>do</strong> repertório <strong>da</strong> MPB e <strong>do</strong> Rock Nacional, <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 80 <strong>em</strong> diante, que<br />

vers<strong>em</strong> sobre o tédio. A déca<strong>da</strong> de 80, conheci<strong>da</strong> como a “déca<strong>da</strong> perdi<strong>da</strong>”, é bastante<br />

oportuna para se rastrear manifestações de despotencialização <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>do</strong> sujeito.<br />

Além disso, as produções artístico-culturais constitu<strong>em</strong> um caminho seguro para se<br />

captar as subjetivações <strong>em</strong>ergentes num <strong>da</strong><strong>do</strong> t<strong>em</strong>po e lugar. Estas produções serão<br />

trata<strong>da</strong>s mediante uma Análise de Conteú<strong>do</strong>, na linha proposta por Bardin (2002). De<br />

posse <strong>da</strong>s figurações <strong>do</strong> tédio veicula<strong>da</strong>s por composições musicais será feito um exame<br />

de suas expressões <strong>da</strong> experiência <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

DESVELANDO A CONCEPÇÃO DE ADOLESCÊNCIA, POR UMA NOVA<br />

INTENSIDADE JUVENIL: JUVENTUDE, MULTIPLICIDADE E DEVIR<br />

Ana Clara Magalhães Cunha – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Soraia G. F. de Paiva Cruz – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa FAPESP)<br />

O presente trabalho intenta interrogar como foi possível a construção <strong>do</strong> conceito de<br />

a<strong>do</strong>lescência, <strong>em</strong> especial a partir <strong>do</strong>s movimentos políticos e econômicos de<br />

(re)organização social <strong>do</strong>s séculos XIX e XX. Partin<strong>do</strong> <strong>da</strong> investigação <strong>da</strong>s produções<br />

14


advin<strong>da</strong>s principalmente <strong>do</strong>s saberes médico e psicológico, encontramos a consoli<strong>da</strong>ção<br />

de uma forma heg<strong>em</strong>ônica de se pensar a a<strong>do</strong>lescência enquanto fase natural de um<br />

processo de desenvolvimento que, pauta<strong>do</strong> na universalização <strong>do</strong>s acontecimentos <strong>da</strong><br />

existência humana e na manutenção <strong>da</strong>s relações sociais, visa à produção de um sujeito<br />

ideal. Por outro la<strong>do</strong>, situar a a<strong>do</strong>lescência <strong>em</strong> sua construção histórica, permite-nos<br />

analisar quais as relações de poder e saber que compõ<strong>em</strong> os discursos e práticas<br />

heg<strong>em</strong>ônicos acerca <strong>do</strong> desenvolvimento humano. Diante disso, atenta aos perigos <strong>da</strong><br />

relativização e generalização de tais processos, utilizamos como nortea<strong>do</strong>ra para nossa<br />

probl<strong>em</strong>atização a perspectiva genealógica, des<strong>do</strong>bra<strong>da</strong> por Michel Foucault, que<br />

enquanto uma perspectiva de trabalho que se opõe à pesquisa <strong>da</strong>s origens investe <strong>em</strong><br />

uma ativi<strong>da</strong>de de desnaturalização de enuncia<strong>do</strong>s; esta nos permite, assim, analisar o<br />

conjunto de saberes que se entrecruzaram e contribuíram para a consoli<strong>da</strong>ção de uma<br />

visão unilateral e universal <strong>da</strong> a<strong>do</strong>lescência, crian<strong>do</strong> uma via única e f<strong>ix</strong>a de relação<br />

com a vi<strong>da</strong>. Em vista disso, é na busca pela construção de linhas de fuga, de produção<br />

de diferença à lógica identitária vigente, que atentamos ao conceito de juventude,<br />

apostan<strong>do</strong> nas multiplici<strong>da</strong>des e abrin<strong>do</strong> caminho para possibili<strong>da</strong>des de novas<br />

discussões, de forma a afirmar a singulari<strong>da</strong>de e a invenção, arriscan<strong>do</strong> novas maneiras<br />

de pensar os processos de subjetivação <strong>da</strong> existência.<br />

CONSULTAS TERAPÊUTICAS WINNICOTTIANAS EM QUADROS DE<br />

ADULTOS COM QUEIXAS DE DEPRESSÃO<br />

Ana Lúcia Volpato – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Diana Pancini de Sá Antunes Ribeiro – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa CAPES)<br />

O presente trabalho se refere ao projeto <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong> <strong>em</strong> an<strong>da</strong>mento. O objetivo geral é<br />

refletir sobre a possibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> uso de Consultas Terapêuticas Winnicottianas <strong>em</strong><br />

adultos com que<strong>ix</strong>as de depressão. Para isso, será necessário recorrer à Teoria <strong>do</strong><br />

Amadurecimento Pessoal, que é a teoria que norteia a condução <strong>da</strong> clínica<br />

winnicottiana. Após o entendimento <strong>da</strong> teoria, será essencial averiguar as condições<br />

ambientais destes adultos – o que se justifica pela teoria. Será importante também<br />

entender o senti<strong>do</strong> atual <strong>do</strong>s quadros depressivos nos adultos (diagnóstico, alcance<br />

terapêutico). Além disso, verificar<strong>em</strong>os sobre a possibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> uso de media<strong>do</strong>r<br />

dialógico para esses quadros. A meto<strong>do</strong>logia a ser utiliza<strong>da</strong> será o estu<strong>do</strong> de caso <strong>em</strong><br />

psicanálise. To<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> de caso apresenta algum tipo de contribuição que vai muito<br />

além de uma confirmação <strong>da</strong> teoria, mas, ao contrário, nos aju<strong>da</strong> a repensar a teoria.<br />

Como apontam Guimarães e Bento (2008, p. 92) “ao se escrever a clínica se está<br />

fazen<strong>do</strong> teoria, isto é, meta<strong>psicologia</strong> e não psicanálise <strong>em</strong> senti<strong>do</strong> clínico”.<br />

Utilizar<strong>em</strong>os, como condução clínica, as Consultas Terapêuticas. As Consultas têm<br />

como característica sua brevi<strong>da</strong>de – fator esse absolutamente conveniente para um<br />

trabalho de mestra<strong>do</strong>, <strong>em</strong> oposição a uma análise clássica que poderia d<strong>em</strong>orar anos<br />

para sua conclusão. Apesar de breve, as Consultas Terapêuticas, como será observa<strong>do</strong>,<br />

são consultas bastante profun<strong>da</strong>s sen<strong>do</strong> marca<strong>da</strong>s exatamente pelo momento de pedi<strong>do</strong><br />

de aju<strong>da</strong> <strong>do</strong> paciente, ou <strong>em</strong> outras palavras, pelo momento <strong>em</strong> que o paciente está<br />

volta<strong>do</strong> à retoma<strong>da</strong> <strong>do</strong> amadurecimento.<br />

15


A COMUNALIZAÇÃO NA ERA CONTEMPORÂNEA: O TRIBALISMO<br />

COMO RESISTÊNCIA AOS APELOS DO CAPITAL<br />

Antonio Carlos Barbosa <strong>da</strong> Silva – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Marina Coimbra Casadei – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A comunalização, fenômeno anterior ao capitalismo moderno, aparece atualmente como<br />

uma força resistente ao estilo de vi<strong>da</strong> neoliberal, o qual é marca<strong>do</strong> pela desigual<strong>da</strong>de,<br />

opressão, egoísmo, competitivi<strong>da</strong>de, interesse e valoriza<strong>da</strong> pelo acumulo de bens. A<br />

comunalização r<strong>em</strong>ete a metáfora de uma nova forma de viver e resistir à socie<strong>da</strong>de<br />

pós-moderna evocan<strong>do</strong> alguns valores ditos nobres (compa<strong>ix</strong>ão, leal<strong>da</strong>de, amizade etc.).<br />

O tribalismo pós-moderno é a forma mais evidente que retratam grupos de indivíduos<br />

que compactuam com ideais comuns, ou seja, um tipo de comunalização. Essas tribos<br />

que se estruturam no mun<strong>do</strong> cont<strong>em</strong>porâneo (confrarias, cooperativas, amigos de<br />

boteco, famílias que se reún<strong>em</strong> periodicamente, grupos de amigos etc.) se impregnam<br />

de uma aura ético-estéticos, onde se reencontram <strong>em</strong> proporções diversas os el<strong>em</strong>entos<br />

que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> à pulsão comunitária, à propensão mística ou à perspectiva ecológica.<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, algumas questões surg<strong>em</strong>: como a comunalização moderna<br />

compreende e li<strong>da</strong> com a leal<strong>da</strong>de e a amizade (valores ditos nobres que sustentavam as<br />

comuni<strong>da</strong>des reais e sua ética <strong>da</strong> simpatia) A comunalização estabelece novos<br />

parâmetros vanguardistas ou apenas reforçam um estilo de vi<strong>da</strong> conserva<strong>do</strong>ra e ingênua<br />

que pre<strong>do</strong>minava nas ditas comuni<strong>da</strong>des reais anterior ao capitalismo moderno Através<br />

<strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia <strong>da</strong> pesquisa participante, com ênfase na etnografia, conviv<strong>em</strong>os com<br />

sujeitos <strong>da</strong> tribo de moto clubes. Os <strong>encontro</strong>s de moto clubes ocorr<strong>em</strong> geralmente <strong>em</strong><br />

ci<strong>da</strong>des <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> país. Nesses <strong>encontro</strong>s motociclistas de diversas facções/ tribos se<br />

reún<strong>em</strong> para extravasar durante alguns dias (geralmente fins de s<strong>em</strong>ana) sentimentos<br />

que não seriam aceitos numa ord<strong>em</strong> social conserva<strong>do</strong>ra. Durante o convívio com os<br />

moto clubes procuramos mapear suas ações inter-relacionais, seus ideários, histórias de<br />

vi<strong>da</strong>, ideologias, o marketing <strong>do</strong>s <strong>encontro</strong>s, as performáticas etc. Com esse<br />

mapeamento, procuramos compreender como essas confrarias, <strong>em</strong> decorrência <strong>da</strong><br />

plastici<strong>da</strong>de de identi<strong>da</strong>des comunitárias de seus m<strong>em</strong>bros, estabelec<strong>em</strong> suas tribos.<br />

Al<strong>em</strong> disso, observar<strong>em</strong>os se os m<strong>em</strong>bros dessa tribo resist<strong>em</strong> aos apelos <strong>do</strong> Capital, se<br />

consegu<strong>em</strong> criar um estilo de vi<strong>da</strong> comunitário, se viv<strong>em</strong> num ambiente que há espaço<br />

para reflexão, leal<strong>da</strong>de, conforto, altruísmo, acolhimento e compa<strong>ix</strong>ão. Com essa<br />

pesquisa perceb<strong>em</strong>os que essas confrarias, <strong>em</strong> decorrência <strong>da</strong> plastici<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

identi<strong>da</strong>des comunitárias de seus m<strong>em</strong>bros, estabelec<strong>em</strong> uma aura ingênua de<br />

convivência. Os moto clubes cobram de seus m<strong>em</strong>bros leal<strong>da</strong>de e ações normativas que<br />

chegam a ser mais rígi<strong>da</strong>s que aquelas estabeleci<strong>da</strong>s pelas leis sociais, portanto, defende<br />

um estilo de vi<strong>da</strong> muito mais conserva<strong>do</strong>r <strong>do</strong> vanguardista. Além disso, observamos que<br />

os m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong> confraria <strong>do</strong>s moto clubes não resist<strong>em</strong> à autoconsciência quan<strong>do</strong> são<br />

questiona<strong>da</strong>s por outras pessoas que viv<strong>em</strong> apartes <strong>da</strong> confraria. Nessas tribos há pouco<br />

espaço para a reflexão e crítica. Entretanto, pode-se observar que essa confraria é um<br />

ambiente <strong>em</strong> que ain<strong>da</strong> existe a leal<strong>da</strong>de, o conforto, o acolhimento e um sist<strong>em</strong>a de<br />

valores que define essa condição fraternal.<br />

16


A DIMENSÃO CLÍNICA DE OFICINAS DE GERAÇÃO DE TRABALHO E<br />

RENDA NA SAÚDE MENTAL<br />

Ariana Campana Rodrigues – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Silvio Yasui – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa FAPESP)<br />

Buscamos neste resumo apresentar uma <strong>da</strong>s discussões <strong>da</strong> pesquisa de mestra<strong>do</strong><br />

intitula<strong>da</strong> “O terapêutico <strong>em</strong> oficinas de geração de ren<strong>da</strong> na saúde mental”.<br />

Investigamos o NOT (Núcleo de Oficinas e Trabalho) <strong>do</strong> Serviço de Saúde Dr. Cândi<strong>do</strong><br />

Ferreira, que é constituí<strong>do</strong> por 17 oficinas de geração de trabalho e ren<strong>da</strong> para atender<br />

pessoas que estão <strong>em</strong> tratamento na rede pública ou priva<strong>da</strong> de saúde mental. A<br />

intenção é pesquisar, a partir <strong>da</strong> escuta de narrativas <strong>do</strong>s participantes e de m<strong>em</strong>órias <strong>da</strong><br />

pesquisa<strong>do</strong>ra, como os oficineiros produz<strong>em</strong> saúde no ato de trabalhar. Os imperativos<br />

<strong>da</strong> produção de bens e serviços na perspectiva <strong>da</strong> Economia Solidária e com inspirações<br />

<strong>do</strong> cooperativismo permeiam o cotidiano institucional que carrega também as insígnias<br />

<strong>da</strong> Saúde Coletiva e <strong>da</strong> Reforma Psiquiátrica. Neste cenário, a perspectiva clínica pode<br />

estar presente numa invenção estilística que t<strong>em</strong> como manifestação a alteri<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong><br />

participante. O oficineiro t<strong>em</strong>, na tentativa de simbolização <strong>do</strong> real <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

trabalho, a localização <strong>da</strong> complexa trama <strong>em</strong> que ele pode aparecer enquanto sujeito.<br />

Encontra-se no trivial <strong>do</strong> cotidiano o nascimento <strong>do</strong> essencial <strong>do</strong> senti<strong>do</strong>, já que é neste<br />

trivial que se apresenta a possibili<strong>da</strong>de de intervenção simples e até mesmo<br />

despretensiosa de que o terapeuta dispõe para a construção de sua clínica, s<strong>em</strong> ter que<br />

usar de recursos clássicos, como por ex<strong>em</strong>plo a interpretação. Esta postura é<br />

especialmente necessária e dedica<strong>da</strong> ao psicótico, pois encaminha o delírio para que ele<br />

perca sua força e sofra um esvaziamento de senti<strong>do</strong> e de gozo. Há que se salientar que<br />

esta é uma proposta a ser realiza<strong>da</strong> no cerne <strong>do</strong> funcionamento institucional <strong>da</strong> oficina,<br />

o que a descaracteriza enquanto a que se faz no setting tradicional e pede por<br />

operacionalizações que ampli<strong>em</strong> e transcen<strong>da</strong>m reflexões sobre seu mo<strong>do</strong> de<br />

funcionamento e de atuação. Conceb<strong>em</strong>os a oficina como um rascunho social que<br />

contém esboços <strong>da</strong>s relações humanas e de determina<strong>da</strong>s maneiras de agir. Neste<br />

ambiente, buscamos balizar o coletivo a partir de ca<strong>da</strong> oficineiro para que construamos<br />

estratégias de invenções de mo<strong>do</strong>s de se apresentar e de se relacionar. A necessi<strong>da</strong>de de<br />

tenaci<strong>da</strong>de profissional renova nossas funções não apenas enquanto coordena<strong>do</strong>res de<br />

determina<strong>da</strong> oficina, mas mais ain<strong>da</strong> enquanto terapeutas capazes de produzir uma<br />

clínica que se dá no ínterim e na singulari<strong>da</strong>de <strong>do</strong> cotidiano. Compreend<strong>em</strong>os a<br />

viabili<strong>da</strong>de de uma pesquisa com tal enfoque t<strong>em</strong>ático por termos atua<strong>do</strong> enquanto<br />

psicóloga neste serviço, fazen<strong>do</strong> questões sobre qual é e como se dá o terapêutico de um<br />

equipamento que t<strong>em</strong> prioritariamente a indicação de gerar ren<strong>da</strong> aos oficineiros.<br />

Buscamos compreender que valor (para além <strong>do</strong> monetário) contém uma oficina nestes<br />

moldes. Em nossa prática, verificamos que eventualmente é preciso que haja um<br />

esvaziamento de senti<strong>do</strong> para que outro senti<strong>do</strong> possa ser produzi<strong>do</strong>. Assim,<br />

conjecturamos que a implicação subjetiva <strong>do</strong> oficineiro e a <strong>do</strong> coordena<strong>do</strong>r configuram<br />

o terreno para que o trabalho se dê na perspectiva <strong>da</strong> geração de saúde.<br />

17


MAPEAMENTO DA DEMANDA DE SAÚDE MENTAL INFANTIL EM UM<br />

MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE<br />

Barbara Sinibaldi – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Cristina Amélia Luzio – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa CAPES)<br />

A trajetória <strong>da</strong> saúde mental e <strong>do</strong>s cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s dispensa<strong>do</strong>s as crianças no Brasil é<br />

acompanha<strong>do</strong> por um vazio histórico no campo <strong>da</strong> atenção pública. A falta de diretrizes<br />

politicas para instituir o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> nesta área, foi preenchi<strong>do</strong> por instituições <strong>em</strong> sua<br />

maioria priva<strong>da</strong>s e/ou filantrópicas que durante muito t<strong>em</strong>po foram as únicas opções,<br />

geran<strong>do</strong> um quadro de desassistência, aban<strong>do</strong>no e exclusão. Atualmente pod<strong>em</strong>os<br />

observar a ampliação <strong>da</strong> rede de atenção, com serviços abertos e ações territoriais,<br />

diminuição <strong>do</strong>s leitos psiquiátricos, redução <strong>da</strong> exclusão social e a tentativa de criar uma<br />

cultura contra os manicômios. Para que de fato ocorram mu<strong>da</strong>nças na concepção saúde<strong>do</strong>ença-cura<br />

presente na socie<strong>da</strong>de, faz se necessário termos como metas a<br />

desmedicalização, a desinstitucionalização e a implicação subjetiva <strong>do</strong>s atores<br />

envolvi<strong>do</strong>s na área <strong>da</strong> saúde mental, <strong>em</strong> oposição a medicalização, objetificação e<br />

institucionalização presentes historicamente nos cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s dispensa<strong>do</strong>s a infância no<br />

Brasil . O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> é conhecer a d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> de saúde mental infantil<br />

nos serviços públicos de saúde de um município de pequeno porte <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> esta<strong>do</strong><br />

de São Paulo. Pretende-se acompanhar e descrever o caminho percorri<strong>do</strong> por essa<br />

clientela na rede pública de saúde, partin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> exame de prontuários encontra<strong>do</strong>s nas<br />

Estratégias de Saúde <strong>da</strong> Família e no Ambulatório de Saúde Mental <strong>do</strong> referi<strong>do</strong><br />

município. Para tanto, será utiliza<strong>da</strong> a meto<strong>do</strong>logia qualitativa. Trata-se de uma<br />

pesquisa-intervenção, ten<strong>do</strong> como referencial teórico a análise institucional. Busca-se<br />

com essa pesquisa, apoiar à consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s a saúde mental infantil <strong>em</strong><br />

serviços de Atenção Primária no paradigma <strong>da</strong> Atenção Psicossocial.<br />

EDUCAÇÃO INTEGRAL: PROBLEMATIZAÇÕES ACERCA DAS<br />

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INTANTIL<br />

Bruno Bezerra de Araujo – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Hélio Rebello Car<strong>do</strong>so Júnior – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa FAPESP)<br />

Este trabalho visa probl<strong>em</strong>atizar a atuação de políticas públicas nos mo<strong>do</strong>s de produção<br />

<strong>da</strong> educação infantil na atuali<strong>da</strong>de. Para isso, selecionamos como objeto de análise o<br />

“Programa Mais Educação” que consiste <strong>em</strong> uma política pública <strong>do</strong> Governo Federal<br />

cuja finali<strong>da</strong>de é melhorar a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ensino brasileiro por meio <strong>da</strong> “Educação<br />

Integral”. Em seu funcionamento, as escolas que obtiveram ba<strong>ix</strong>o IDEB (Índice de<br />

Desenvolvimento <strong>da</strong> Educação Básica) são seleciona<strong>da</strong>s e ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s no Programa. A<br />

partir <strong>da</strong>í, passam a receber recursos <strong>do</strong> MEC para custear a ampliação de sua jorna<strong>da</strong><br />

diária para 7 horas, inserin<strong>do</strong> <strong>em</strong> sua grade ativi<strong>da</strong>des e oficinas que são realiza<strong>da</strong>s no<br />

contraturno <strong>da</strong>quele <strong>em</strong> que o aluno estu<strong>da</strong> regularmente. O objetivo <strong>da</strong> pesquisa<br />

consiste <strong>em</strong> compreender as relações de saber-poder, b<strong>em</strong> como, os mo<strong>do</strong>s de<br />

subjetivação que se produz<strong>em</strong> no campo <strong>da</strong> educação infantil por meio <strong>da</strong> política de<br />

Educação Integral. Para tal, realizamos uma análise discursiva de manuais, diretrizes e<br />

18


leis que norteiam a política de funcionamento <strong>do</strong> Programa Mais Educação, ten<strong>do</strong><br />

como base as concepções de Foucault a respeito de discurso, poder e subjetivação. O<br />

conjunto de materiais analisa<strong>do</strong> é compreendi<strong>do</strong> como uma produção histórica, política<br />

e constitutiva de práticas que formam sujeitos. Assim, ao analisar os materiais<br />

buscamos compreender: (1) a concepção de “infância” e “educação” com o qual o<br />

Programa Mais Educação trabalha; (2) a idéia ou conceito de “Educação Integral” que<br />

se construiu; (3) a forma como se justifica a necessi<strong>da</strong>de de inserção <strong>da</strong> criança <strong>em</strong> uma<br />

escola de t<strong>em</strong>po integral; e (4) os sujeitos que o Programa Mais Educação se propõe a<br />

formar. Percebe-se nos <strong>do</strong>cumentos analisa<strong>do</strong>s a produção uma infância geri<strong>da</strong> pela<br />

noção de risco, uma vez que o Programa Mais Educação, enquanto uma política de<br />

Educação Integral, destina-se apenas às escolas que obtiveram ba<strong>ix</strong>o rendimento no<br />

IDEB. Outro ponto importante é que as noções de proteção e cui<strong>da</strong><strong>do</strong> justificam a<br />

necessi<strong>da</strong>de de uma Educação Integral à criança. Vê-se então, que o Programa Mais<br />

Educação trabalha com a ideia de “gestão <strong>do</strong>s riscos” na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que se constitui<br />

como uma política volta<strong>da</strong> apenas aos alunos de escolas com ba<strong>ix</strong>o rendimento. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, nos questionamos se a política de Educação Integral e consequent<strong>em</strong>ente o<br />

Programa Mais Educação não se constitu<strong>em</strong> <strong>em</strong> nosso país, como um dispositivo de<br />

caráter biopolítico conforme o aporte foucaultiano.<br />

AS AVÓS E SEUS PAPÉIS NA ATUALIDADE<br />

Camila Cuencas Funari Mendes e Silva – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

O presente trabalho pretende questionar como se desenvolvimento de tornar-se avó. Tal<br />

questão se coloca <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de constata<strong>da</strong> na Clínica de Psicologia onde encontramos<br />

um crescente número de avós que se responsabilizam pelos netos. Os papéis<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s por ca<strong>da</strong> m<strong>em</strong>bro familiar vêm se modifican<strong>do</strong> <strong>em</strong> nossa atuali<strong>da</strong>de<br />

devi<strong>do</strong> à longevi<strong>da</strong>de humana. As avós destacam-se nesta construção histórica<br />

tornan<strong>do</strong>-se papel de importante no desenrolar de mu<strong>da</strong>nças e reformulações na família.<br />

Entend<strong>em</strong>os que a presença <strong>da</strong>s avós se torna uma reali<strong>da</strong>de atual devi<strong>do</strong> à melhora<br />

econômica e científica, e com elas, o ser humano alcança uma longevi<strong>da</strong>de e nós já<br />

estamos viven<strong>do</strong> esta reali<strong>da</strong>de, surgin<strong>do</strong> mais um m<strong>em</strong>bro familiar não só presente <strong>em</strong><br />

fotografias, mas que influenciam tanto nos netos quanto nos filhos e de formas<br />

diferencia<strong>da</strong>s. Sen<strong>do</strong> que este presente permite que elas vivam t<strong>em</strong>po suficiente para<br />

tornar<strong>em</strong>-se avós. O nascimento de um (a) neto (a) propicia a eles um momento de<br />

reflexão sobre nova identi<strong>da</strong>de e um novo posicionamento, contu<strong>do</strong> apesar <strong>da</strong><br />

importância desse processo ain<strong>da</strong> encontramos poucos estu<strong>do</strong>s direciona<strong>do</strong>s a este t<strong>em</strong>a.<br />

Este trabalho busca acrescentar sobre esta importante literatura, questionan<strong>do</strong> como<br />

acontece o processo de torna-se avó para uma mulher, como relação a sua subjetivi<strong>da</strong>de.<br />

Quais transformações ocorr<strong>em</strong> com esta mulher que já ocupou os papéis de filhas e de<br />

mães A pesquisa se caracteriza como qualitativa e a meto<strong>do</strong>logia escolhi<strong>da</strong> é a<br />

psicanálise enquanto teoria e méto<strong>do</strong>. A coleta <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s se <strong>da</strong>rá através de entrevistas<br />

s<strong>em</strong>i-estrutura<strong>da</strong>s acerca <strong>do</strong> processo de tornar<strong>em</strong>-se avós.<br />

19


PROCESSO DE VALIDAÇÃO DA ESCALA <strong>UNESP</strong> DE HÁBITOS DE SONO-<br />

VERSÃO CRIANÇA<br />

Caroline Batista Vilela – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Maria Laura Nogueira Pires – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa PIBIC/CNPq)<br />

Introdução: A prática de comportamentos e a presença de estímulos que preparam as<br />

pessoas para b<strong>em</strong> <strong>do</strong>rmir, que promov<strong>em</strong> a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> sono, que permit<strong>em</strong> sua<br />

duração suficiente e que evitam a sonolência durante o dia são denomina<strong>da</strong>s,<br />

coletivamente, pelo termo higiene <strong>do</strong> sono. A sua importância v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong><br />

crescent<strong>em</strong>ente enfatiza<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong>s d<strong>em</strong>onstrações que mostram que tanto práticas<br />

inadequa<strong>da</strong>s induz<strong>em</strong> sono de pobre quali<strong>da</strong>de, quanto a impl<strong>em</strong>entação de mu<strong>da</strong>nças<br />

positivas promov<strong>em</strong> melhorias no sono (Mindell & Owens, 2003). Não são conheci<strong>do</strong>s,<br />

no Brasil, estu<strong>do</strong>s dedica<strong>do</strong>s à avaliação de rotinas pré-sono <strong>em</strong> crianças, e nesse<br />

contexto, nosso grupo elaborou a Escala <strong>UNESP</strong> de Hábitos de Sono-Versão Criança.<br />

Objetivos: examinar a consistência interna, vali<strong>da</strong>de externa e reprodutibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

Escala <strong>UNESP</strong>. Meto<strong>do</strong>logia: Trata-se de um estu<strong>do</strong> com amostra de conveniência.<br />

Fizeram parte <strong>da</strong> amostra 94 mães, com filhos com i<strong>da</strong>de entre 1 a 12 anos (F:40;<br />

M:54), assinantes <strong>do</strong> termo de consentimento livre e esclareci<strong>do</strong>. O estu<strong>do</strong> foi aprova<strong>do</strong><br />

pelo Comitê de Ética <strong>em</strong> Pesquisa <strong>do</strong> Hospital Regional de <strong>Assis</strong> (parecer 335/2010).<br />

Instrumentos: Escala <strong>UNESP</strong> de Hábitos de Sono – Versão Criança: Análises anteriores<br />

permitiram extrair 17 itens <strong>do</strong> conjunto original (22) que se mostraram suficientes para<br />

avaliar as características de quatro componentes: rotina <strong>do</strong> sono, (conjunto de ativi<strong>da</strong>des<br />

que preced<strong>em</strong> o horário de <strong>do</strong>rmir); alerta fisiológico (conjunto de hábitos diurnos que<br />

promov<strong>em</strong> esta<strong>do</strong> de excitação ou desconforto físico antes <strong>do</strong> horário de <strong>do</strong>rmir);<br />

cognitivo/<strong>em</strong>ocional (engloba el<strong>em</strong>entos indica<strong>do</strong>res de regulação e b<strong>em</strong> estar<br />

<strong>em</strong>ocional pré-sono); ambiente <strong>do</strong> sono (refere-se à composição <strong>do</strong> ambiente de<br />

<strong>do</strong>rmir). Itens supl<strong>em</strong>entares avaliam a presença de que<strong>ix</strong>as de insônia <strong>em</strong> crianças.<br />

Escala de Distúrbios de Sono para Crianças: instrumento com questões fecha<strong>da</strong>s (Bruni<br />

et al.,1996) referentes a comportamentos relaciona<strong>do</strong>s ao sono de crianças. No estu<strong>do</strong><br />

atual, a variável de interesse é a subescala Distúrbios <strong>da</strong> Sonolência Excessiva.<br />

Resulta<strong>do</strong>s: A análise preliminar <strong>da</strong> consistência interna <strong>da</strong> Escala <strong>UNESP</strong> (94<br />

questionários) resultou num alfa de Cronbach de 0,60, um valor satisfatório. A Escala<br />

<strong>UNESP</strong> correlacionou-se positiva e significativamente com a subescala Sonolência<br />

Excessiva de Bruni (r=0,46; p


UM ALINHAVO DE FORÇAS: REFORMA SANITÁRIA, REFORMA<br />

PSIQUIÁTRICA E A SAÚDE COLETIVA NA HUMANIZAÇÃO DO SUS<br />

Catia Paranhos Martins – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Cristina Amélia Luzio – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A t<strong>em</strong>ática <strong>da</strong> humanização <strong>da</strong>s práticas <strong>em</strong> saúde t<strong>em</strong> conquista<strong>do</strong> espaço no debate<br />

acadêmico <strong>da</strong> Saúde Coletiva brasileira nos últimos anos e também t<strong>em</strong> recebi<strong>do</strong><br />

destaque como um <strong>do</strong>s caminhos para as necessárias transformações no fortalecimento<br />

<strong>do</strong> SUS. Foi <strong>em</strong> 2003, a partir <strong>do</strong> reconhecimento de um “SUS que dá certo”, que a<br />

t<strong>em</strong>ática ascendeu à condição de política intitula<strong>da</strong> Política Nacional de Humanização<br />

<strong>da</strong> Atenção e <strong>da</strong> Gestão – HumanizaSUS (PNH). A PNH aglutina forças que tomam<br />

como tarefa a produção de desvios aos mo<strong>do</strong>s instituí<strong>do</strong>s de fazer saúde na superação <strong>do</strong><br />

paradigma heg<strong>em</strong>ônico. Mesmo que não nomea<strong>da</strong> como tal, a humanização já estava<br />

presente nos princípios que norteavam as lutas <strong>do</strong> Movimento Sanitário, sen<strong>do</strong> manti<strong>do</strong>s<br />

na Constituição de 1988. As inovações construí<strong>da</strong>s ao longo <strong>da</strong>s últimas déca<strong>da</strong>s por<br />

diversos atores <strong>em</strong> uma batalha política pelo reconhecimento <strong>da</strong> saúde como direito de<br />

ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e dever <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nos indicam que as Reformas Sanitária e Psiquiátrica, o<br />

SUS e, consequent<strong>em</strong>ente, a humanização <strong>da</strong>s práticas, constitu<strong>em</strong> grandezas que se<br />

engendram e se fortalec<strong>em</strong> na aposta de constantes transformações <strong>da</strong>s concepções <strong>do</strong><br />

cui<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>em</strong> saúde. A PNH, de mo<strong>do</strong> estratégico, consagra o que de melhor t<strong>em</strong> no SUS,<br />

e, por isso mesmo, o que de melhor produziu seus atores; aproveita as inovações<br />

construí<strong>da</strong>s no cotidiano de trabalho e alinha tais experiências teóricas e práticas numa<br />

composição que está <strong>em</strong> consonância com os avanços <strong>da</strong> Saúde Coletiva brasileira. Essa<br />

reflexão, um recorte de nossa pesquisa de <strong>do</strong>utoramento <strong>em</strong> Psicologia pela<br />

<strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong>, está <strong>em</strong> continui<strong>da</strong>de com o trabalho de mestra<strong>do</strong> sobre a<br />

indissociabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção de saúde e de sujeitos, um <strong>do</strong>s princípios <strong>da</strong> referi<strong>da</strong><br />

PNH. Utilizamos nosso acúmulo teórico e prático com a referi<strong>da</strong> Política, através <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong>des de apoio institucional como consultora técnica na região centro-oeste <strong>do</strong> país.<br />

Consideramos assim que a Política Nacional de Humanização contribui com o processo<br />

que está <strong>em</strong> curso na superação <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de heg<strong>em</strong>ônica e que aposta na produção<br />

de outros mo<strong>do</strong>s de fazer saúde que prescin<strong>da</strong>m <strong>da</strong> tutela, <strong>do</strong> controle e <strong>da</strong> compa<strong>ix</strong>ão,<br />

na busca pela produção de co-responsabili<strong>da</strong>de entre os atores. Trata-se de uma tarefa<br />

coletiva que v<strong>em</strong> promoven<strong>do</strong> desvios ao colocar <strong>em</strong> análise o modelo biomédico,<br />

reafirman<strong>do</strong> que o caminho é a meta, numa aposta radical.<br />

DEKASSEGUIS: O DIFÍCIL RETORNO<br />

Cizina Célia Fernandes Pereira Resstel - <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

José Sterza Justo – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

O Brasil começou a se reconhecer como um país de <strong>em</strong>igração, na déca<strong>da</strong> de 1980.<br />

Desde então, de<strong>ix</strong>ou de se representar como um país receptor para se representar como<br />

um país <strong>em</strong>issor de imigrantes. As dificul<strong>da</strong>des econômicas dessa época fizer<strong>em</strong> com<br />

que muitos brasileiros foss<strong>em</strong> procurar melhores oportuni<strong>da</strong>des de vi<strong>da</strong> e trabalho no<br />

21


exterior. Como parte significativa <strong>da</strong>s correntes <strong>em</strong>igratórias desse perío<strong>do</strong> surgiu<br />

aquela que ficou conheci<strong>da</strong> como os “dekasseguis”: descentes de japoneses que<br />

começaram a se deslocar para o Japão. Dekasseguis, na língua Japonesa, significa<br />

“trabalha<strong>do</strong>r estrangeiro” e esse pode ser toma<strong>do</strong> como o senti<strong>do</strong> básico dessa corrente<br />

migratória. Com efeito, o motivo principal a imigração <strong>do</strong>s dekasseguis foi a busca de<br />

um trabalho que pudesse trazer algum retorno financeiro expressivo, suficiente para<br />

adquirir bens duráveis ou iniciar algum <strong>em</strong>preendimento no Brasil. Alguns<br />

permaneciam por um longo t<strong>em</strong>po, tentan<strong>do</strong> acumular a maior poupança possível,<br />

outros intercalavam perío<strong>do</strong>s no Brasil e no Japão e existiam também os que acabavam<br />

f<strong>ix</strong>an<strong>do</strong> residência lá. Dentre tantos probl<strong>em</strong>as e desafios presentes nessa experiência<br />

estão aqueles relaciona<strong>do</strong>s aos filhos. Tiv<strong>em</strong>os a oportuni<strong>da</strong>de de observar que as<br />

crianças têm muita dificul<strong>da</strong>de tanto para se a<strong>da</strong>ptar<strong>em</strong> à cultura japonesa como também<br />

para se reintegrar<strong>em</strong> à cultura brasileira quan<strong>do</strong> retornam. Nossa pesquisa, ain<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

an<strong>da</strong>mento, t<strong>em</strong> como objetivo fazer um levantamento <strong>do</strong>s principais probl<strong>em</strong>as<br />

enfrenta<strong>do</strong>s por essas crianças, quan<strong>do</strong> retornam ao Brasil. Utilizar<strong>em</strong>os entrevistas com<br />

pais e testes projetivos com crianças na fa<strong>ix</strong>a etária de 7 a 10 anos para identificar,<br />

analisar e tentar compreender a constituição <strong>do</strong>s conflitos e <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des de<br />

a<strong>da</strong>ptação <strong>do</strong>s filhos de dekasseguis que retornam ao Brasil. Apesar de ter si<strong>do</strong> uma<br />

política proposital <strong>do</strong> governo japonês favorecer a imigração de descendentes por<br />

considerá-los mais a<strong>da</strong>ptáveis à cultura japonesa não é isso que acontece. Os nipobrasileiros,<br />

mesmo com certa familiari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cultura adquiri<strong>da</strong> na convivência com<br />

familiares e com a comuni<strong>da</strong>de nipônica instala<strong>da</strong> no Brasil, quan<strong>do</strong> chegam ao Japão,<br />

pela primeira vez, sent<strong>em</strong> um profun<strong>do</strong> choque cultural. A língua, os hábitos e os<br />

costumes são senti<strong>do</strong>s como muito diferentes e estranhos. Estranhamento que mobiliza<br />

imagos diversas e profun<strong>da</strong>s alusivas aos vínculos e afetivos e a estruturas psicológicas<br />

básicas. Se para os adultos as experiências de estranhamento <strong>do</strong> presente, alia<strong>da</strong>s aos<br />

fantasmas <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, são bastante penosas e desafia<strong>do</strong>ras, para as crianças, mesmo<br />

com uma carga menor de fantasmas antigos, a edificação dessas estruturas nas<br />

experiências <strong>do</strong> presente, marca<strong>da</strong> pela condição de imigrante, não é menos<br />

probl<strong>em</strong>ática, n<strong>em</strong> menos mobiliza<strong>do</strong>ra de estruturas matrizes de relacionamento<br />

afetivo. As dificul<strong>da</strong>des de a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong>s crianças se expressam com mais visibili<strong>da</strong>de<br />

na escola. Dificul<strong>da</strong>des de aprendizag<strong>em</strong>, de integração, de absorção <strong>da</strong> cultura escolar<br />

japonesa são sintomas de traumas mais básicos e referi<strong>do</strong>s aos relacionamentos afetivos.<br />

Resta mapear os probl<strong>em</strong>as de a<strong>da</strong>ptação mais comuns e percorrer suas conexões com<br />

processos psicológicos básicos.<br />

REDE INTERSETORIAL EM SAÚDE MENTAL: A PROPOSTA DO FÓRUM<br />

PERMANENTE INTERSETORIAL DE SAÚDE MENTAL DA REGIÃO DE<br />

OURINHOS COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO COMPARTILHADA<br />

Damaris Bezerra de Lima – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Silvio Yasui – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

T<strong>em</strong>os por objetivo descrever e analisar o processo de construção <strong>do</strong> Fórum Permanente<br />

Intersetorial de Saúde Mental <strong>da</strong> região de Ourinhos, como instrumento de gestão<br />

compartilha<strong>da</strong> e apoio na formação <strong>da</strong> rede intersetorial regional <strong>em</strong> saúde mental, vez<br />

que a dificul<strong>da</strong>de na <strong>em</strong>ergência de processos instituintes e na reinvenção de espaços<br />

22


coletivos de discussão <strong>da</strong>s probl<strong>em</strong>áticas comuns a diferentes setores é senti<strong>da</strong> não só<br />

pela Saúde Pública, mas por to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de. Ten<strong>do</strong> como princípio a gestão<br />

compartilha<strong>da</strong>, basea<strong>da</strong> nas diretrizes <strong>da</strong> Política Nacional de Humanização, o<br />

Colegia<strong>do</strong> de Gestão Regional de Saúde (CGR) de Ourinhos, composto pelos gestores<br />

de saúde e técnicos de 12 municípios (Bernardino de Campos, Canitar, Chavantes,<br />

Espírito Santo <strong>do</strong> Turvo, Ipaussu, Óleo, Ourinhos, Ribeirão <strong>do</strong> Sul, Salto Grande, Santa<br />

Cruz <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong>, São Pedro <strong>do</strong> Turvo e Timburi), iniciaram uma discussão, com a<br />

participação e apoio acadêmico <strong>da</strong> <strong>UNESP</strong>-<strong>Assis</strong>, na busca de propostas e alternativas<br />

para a Saúde Mental na região, especificamente, num primeiro momento, relaciona<strong>do</strong> à<br />

dependência química. Decidiu-se realizar a I Oficina de Planejamento <strong>da</strong> Política<br />

Intersetorial Regional sobre crack e outras drogas, <strong>em</strong> fevereiro de 2011 que contou<br />

com a participação de profissionais de diferentes setores. Como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> oficina,<br />

estabeleceu-se algumas diretrizes regionais e a proposta <strong>da</strong> criação de uma rede<br />

intersetorial. A maioria <strong>do</strong>s municípios continuou a realizar reuniões mensais para<br />

estabelecer essa rede, seguin<strong>do</strong> as diretrizes propostas e, regionalmente, iniciou-se a<br />

construção <strong>do</strong> Fórum Permanente Intersetorial de Saúde Mental <strong>da</strong> Região de Ourinhos.<br />

O Fórum é um espaço coletivo de discussão, visan<strong>do</strong> refletir sobre as ações e levantar<br />

propostas, no momento, para o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> à dependência química e outros assuntos<br />

relaciona<strong>do</strong>s à saúde mental, visan<strong>do</strong> à quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e a promoção de saúde <strong>da</strong><br />

população. Pressupõe uma gestão compartilha<strong>da</strong> e d<strong>em</strong>ocrática, onde as redes, os<br />

vínculos e a corresponsabilização pod<strong>em</strong> ser consoli<strong>da</strong><strong>do</strong>s, por meio <strong>da</strong> aposta na<br />

produção de sujeitos mais livres, autônomos e capazes, valorizan<strong>do</strong> o protagonismo nas<br />

práticas <strong>em</strong> saúde mental e na efetivação de uma política regional. A possibili<strong>da</strong>de de<br />

formular, concretizar e implantar políticas regionais de saúde mental desta forma,<br />

articulan<strong>do</strong> diferentes saberes e setores, propicia um espaço coletivo <strong>em</strong> que a gestão é<br />

de fato compartilha<strong>da</strong>, por meio de análises, decisões e avaliações construí<strong>da</strong>s<br />

coletivamente, resultan<strong>do</strong> <strong>em</strong> mais e melhor produção de vi<strong>da</strong> e reafirman<strong>do</strong><br />

pressupostos éticos no fazer <strong>em</strong> saúde mental. Para o desenvolvimento dessa pesquisa<br />

será utiliza<strong>da</strong> a meto<strong>do</strong>logia qualitativa e as ativi<strong>da</strong>des de trabalho <strong>da</strong> pesquisa<strong>do</strong>ra<br />

relaciona<strong>da</strong>s à saúde mental, b<strong>em</strong> como as reuniões mensais e as ações <strong>do</strong>s participantes<br />

<strong>do</strong> Fórum serão registra<strong>da</strong>s <strong>em</strong> um diário de campo que apoiará a pesquisa, designa<strong>da</strong><br />

como uma pesquisa-intervenção, utilizan<strong>do</strong> como marco teórico conceitual a análise<br />

institucional.<br />

UM ESTUDO SOBRE A CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO DE<br />

MEDICALIZAÇÃO DO MAL-ESTAR SOCIAL<br />

Daniele de Andrade Ferrazza – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Cristina Amélia Luzio – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Luiz Carlos <strong>da</strong> Rocha – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

RESUMO: Em nossa cont<strong>em</strong>poranei<strong>da</strong>de, qualquer mal-estar social pode estar sujeito a<br />

ser transforma<strong>do</strong> <strong>em</strong> objeto de práticas médicas limita<strong>da</strong>s a sumárias rotulações<br />

diagnósticas s<strong>em</strong>pre acompanha<strong>da</strong>s pela prescrição de algum tipo de psicofármaco<br />

fa<strong>da</strong><strong>do</strong> a promover sua cura. À mercê desse reducionismo pouco atento às<br />

complexi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> ser humano, essa tendência, que propala seu <strong>em</strong>basamento na<br />

moderna neurofisiologia, t<strong>em</strong> promovi<strong>do</strong> uma banalização <strong>do</strong> uso de psicofármacos<br />

23


como principal característica <strong>do</strong> processo de medicalização <strong>da</strong> existência humana. O<br />

presente trabalho probl<strong>em</strong>atiza o atual processo de medicalização <strong>do</strong> social por meio de<br />

um estu<strong>do</strong> sobre a constituição histórica <strong>do</strong> processo de medicalização <strong>do</strong> mal-estar<br />

social como uma manifestação <strong>do</strong> caráter biopolítico <strong>da</strong>s estratégias de controle social<br />

<strong>da</strong> cont<strong>em</strong>poranei<strong>da</strong>de, conforme os estu<strong>do</strong>s de Michel Foucault. No âmbito <strong>da</strong> saúde<br />

mental, as práticas de internação alienistas <strong>do</strong> séc. XIX apresentavam características<br />

tipicamente disciplinares (reclusão, observação deti<strong>da</strong> e continua<strong>da</strong>, tratamento moral).<br />

Já nas estratégias de prevenção <strong>da</strong> degenerescência humana, proferi<strong>da</strong>s na segun<strong>da</strong><br />

metade <strong>da</strong>quele século, na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que estendiam o tratamento moral às<br />

concentrações de populações pauperiza<strong>da</strong>s, pod<strong>em</strong>os ver claros sinais de políticas de<br />

população (biopolíticas) quanto ao que se considerava saúde mental na época. Nessa<br />

configuração, os antigos propósitos de ampliação diagnóstica <strong>da</strong> psiquiatria seriam<br />

ain<strong>da</strong> mais difundi<strong>do</strong>s com a conjunção <strong>da</strong> produção de grandes quanti<strong>da</strong>des de<br />

medicamentos sintetiza<strong>do</strong>s pelas indústrias farmacêuticas já no século XX. Dessa<br />

forma, a expansão <strong>do</strong> alcance de instituições de atendimento <strong>em</strong> saúde mental que<br />

reproduzam o modelo médico tradicional poderá realizar as tendências tão pretéritas de<br />

expandir o atendimento psiquiátrico para amplos contingentes populacionais que, <strong>em</strong><br />

nossos dias, significará a extensão <strong>da</strong> medicação psicofarmacológica para a população<br />

<strong>em</strong> geral. Nesse âmbito pod<strong>em</strong>os pensar que até mesmo o direito universal à saúde,<br />

estabeleci<strong>do</strong> no direito constitucional brasileiro, corre o risco, nos termos <strong>em</strong> que v<strong>em</strong><br />

sen<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong> nos serviços públicos de saúde mental, de constituir-se numa forma de<br />

drogadição <strong>da</strong> população promovi<strong>da</strong> por aparelhos de esta<strong>do</strong> que, ao contrário de<br />

cumprir direitos constitucionais de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, acabaria por colocar <strong>em</strong> risco a própria<br />

autonomia <strong>da</strong> população ao promover sua dependência a drogas distribuí<strong>da</strong>s pelos<br />

serviços estatais de saúde pública.<br />

FORMAÇÃO DE TRABALHADORES NO MODELO DE GESTÃO DAS<br />

EMPRESAS ESTRATÉGICAS: UMA EMPRESA JÚNIOR COMO OBJETO DE<br />

ANÁLISE<br />

Eduar<strong>do</strong> Moura <strong>da</strong> Costa – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Francisco Hashimoto – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa FAPESP)<br />

Pretende-se, com esta iniciação científica, investigar como t<strong>em</strong> ocorri<strong>do</strong> a formação <strong>do</strong>s<br />

universitários brasileiros frente às modificações que o merca<strong>do</strong> de trabalho v<strong>em</strong><br />

passan<strong>do</strong> nas últimas déca<strong>da</strong>s. Contu<strong>do</strong>, nosso foco não é o tradicional paradigma<br />

político-pe<strong>da</strong>gógico instituí<strong>do</strong> nas universi<strong>da</strong>des, mas sim, uma nova tecnologia que<br />

chegou ao fim <strong>do</strong>s anos 80, denomina<strong>da</strong> Empresa júnior. A literatura que trata <strong>da</strong><br />

sociologia <strong>do</strong> trabalho evidencia que surgiram, no capitalismo <strong>do</strong> século XX, <strong>do</strong>is<br />

modelos de produção: o sist<strong>em</strong>a fordista e o toyotista. O toyotismo ou modelo de<br />

produção flexível nasceu como uma alternativa às crises que o fordismo passou a sofrer<br />

após a déca<strong>da</strong> de 70. Esse modelo introduziu novas maneiras de conceber o processo<br />

produtivo, através <strong>do</strong> entendimento de que é o consumo qu<strong>em</strong> dita à produção, além <strong>da</strong><br />

criação <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a kaban, <strong>da</strong>s células de produção, <strong>do</strong>s Círculos de controle de<br />

quali<strong>da</strong>de (CCQ), dentre outras inovações. Tais mu<strong>da</strong>nças no sist<strong>em</strong>a produtivo<br />

atingiram várias cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, tais como a educação, o consumo, a economia,<br />

24


dentre outros. No nível organizacional criou-se uma nova forma de gestão <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas,<br />

chama<strong>da</strong> por alguns teóricos de estratégica. Em oposição à gestão tecnocrata, a gestão<br />

estratégica prevê a horizontalização <strong>da</strong> hierarquia dirigente, introdução de tarefas mais<br />

intelectualiza<strong>da</strong>s, aumento <strong>da</strong> divisão técnica <strong>do</strong> trabalho e o incr<strong>em</strong>ento <strong>da</strong>s mediações<br />

econômicas, ideológicas e psicológicas. Tal fato fez com que surgiss<strong>em</strong> novas políticas<br />

de recursos humanos e por consequência novas exigências passaram a ser feitas às<br />

instituições forma<strong>do</strong>ras de mão de obra, para que os trabalha<strong>do</strong>res foss<strong>em</strong> melhor<br />

capacita<strong>do</strong>s para essa nova lógica. Nesse contexto, surgiram na déca<strong>da</strong> de 60, dentro <strong>da</strong>s<br />

universi<strong>da</strong>des europeias, as primeiras <strong>em</strong>presas juniores. Elas são propostas como um<br />

compl<strong>em</strong>ento à formação <strong>do</strong>s universitários, na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> que lhes é possibilita<strong>da</strong> a<br />

prestação de consultorias, a vivência <strong>da</strong> dinâmica <strong>em</strong>presarial e o contato direto com o<br />

merca<strong>do</strong> de trabalho. Atualmente, o Brasil é o país que mais possui <strong>em</strong>presas juniores,<br />

soman<strong>do</strong> por volta de 1.200. Objetiva-se investigar como as características <strong>da</strong>s<br />

<strong>em</strong>presas estratégicas, juntamente com suas contradições, são incorpora<strong>da</strong>s pelas<br />

<strong>em</strong>presas juniores e como os indivíduos são forma<strong>do</strong>s a partir delas. Para tanto, utilizarse-á<br />

a experiência de uma <strong>em</strong>presa júnior como objeto de análise. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s serão<br />

interpreta<strong>do</strong>s a luz <strong>da</strong> psicossociologia, a qual utiliza-se <strong>da</strong> sociologia e <strong>da</strong> psicanálise<br />

para investigar a dinâmica <strong>da</strong>s organizações e seus efeitos subjetivos. A meto<strong>do</strong>logia de<br />

pesquisa é de ord<strong>em</strong> qualitativa, assim sen<strong>do</strong>, serão coleta<strong>da</strong>s informações a partir de<br />

observações, estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos e entrevistas com os participantes <strong>da</strong> <strong>em</strong>presa. A<br />

pesquisa encontra-se <strong>em</strong> fase inicial de desenvolvimento, mas lança-se hipótese de que<br />

eles estejam a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> modelos de gestão e formação de maneira aliena<strong>da</strong> e alinha<strong>da</strong> aos<br />

perversos padrões de gestão <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas estratégicas, que pod<strong>em</strong> ter consequências<br />

importantes para a produção <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s futuros trabalha<strong>do</strong>res.<br />

CARATERIZANDO O MEDO DO PARTO: UM ESTUDO COM GESTANTES<br />

DE RISCO DO HOSPITAL REGIONAL DE ASSIS<br />

Eloisa Pelizzon Dib – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Maria Luisa Louro de Castro Valente – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa FAPESP)<br />

Do ponto de vista psicológico, o parto constitui-se <strong>em</strong> um momento <strong>em</strong> que as<br />

expectativas e a ansie<strong>da</strong>de que acompanham a gestante ao longo de meses se<br />

concretizan<strong>do</strong> no real, confirman<strong>do</strong> ou não as esperanças e me<strong>do</strong>s que cercam o parto.<br />

Parte-se <strong>do</strong> pressuposto de que o parto é evento que acompanha to<strong>do</strong> processo de<br />

gestação uma vez que ele já é antecipa<strong>do</strong> sob a forma de expectativas, e continua sen<strong>do</strong><br />

referi<strong>do</strong> após sua conclusão, na forma de l<strong>em</strong>branças e sentimentos que acompanham a<br />

mãe, fazen<strong>do</strong> parte de sua história. Nesse senti<strong>do</strong> o presente estu<strong>do</strong> t<strong>em</strong> como objetivo a<br />

investigação <strong>da</strong>s expectativas <strong>da</strong>s gestantes <strong>em</strong> relação ao parto, e <strong>do</strong>s sentimentos<br />

diante <strong>da</strong> sua vivência, pois o me<strong>do</strong> de suportar ou não a <strong>do</strong>r <strong>do</strong> parto nunca é<br />

desprovi<strong>do</strong> de um significa<strong>do</strong> pessoal e de uma influência cultural. Será usa<strong>da</strong> para<br />

coleta <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s uma entrevista s<strong>em</strong>i - estrutura<strong>da</strong>, como um guia aberto, sen<strong>do</strong><br />

possível introduzir outras questões de acor<strong>do</strong> com o que acontecerá no processo e <strong>em</strong><br />

direção ao interesse <strong>da</strong> investigação. A população alvo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> serão 30 Gestantes de<br />

alto risco que faz<strong>em</strong> o acompanhamento <strong>do</strong> pré-natal no Hospital Regional de <strong>Assis</strong>,<br />

que tenham i<strong>da</strong>de de 14 a 40 anos, e que estiver<strong>em</strong> entre 2° ou 9° mês de gestação .<br />

25


Desta forma será possível ressaltar a importância de entender o me<strong>do</strong> <strong>do</strong> parto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s mulheres, o que auxilia as possibili<strong>da</strong>des de intervenções práticas e preventivas no<br />

momento <strong>do</strong> parto, assim como no pós parto e na relação mãe-bebê. Como identificar<br />

que há mo<strong>do</strong>s diferentes de f<strong>ix</strong>ar esses me<strong>do</strong>s <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> mãe, e que se esses não for<strong>em</strong><br />

explicita<strong>do</strong>s pod<strong>em</strong> gerar níveis altos de angustia, momento esse de escuta e<br />

compreensão, ressaltan<strong>do</strong> a importância de um espaço <strong>em</strong> que a mulher possa expressar<br />

seu desejo, ain<strong>da</strong> que tenha que renunciar, <strong>em</strong> parte, a ele.<br />

EFEITOS DO TREINO MUSICAL APÓS DOZE MESES DE PRÁTICA SOB A<br />

MEMÓRIA OPERACIONAL E HABILIDADES<br />

MATEMÁTICAS DE CRIANÇAS<br />

Fabiana Silva Ribeiro – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Flávia Heloísa Dos Santos – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A ativi<strong>da</strong>de musical, habili<strong>da</strong>des mat<strong>em</strong>áticas e m<strong>em</strong>ória operacional ativam áreas<br />

encefálicas recíprocas e homólogas, contu<strong>do</strong> não há evidências se os conhecimentos<br />

musicais pod<strong>em</strong> ampliar a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> m<strong>em</strong>ória operacional e o des<strong>em</strong>penho <strong>em</strong><br />

tarefas mat<strong>em</strong>áticas. Objetivo: Comparar o efeito <strong>do</strong> treino musical sob a m<strong>em</strong>ória<br />

operacional e habili<strong>da</strong>des mat<strong>em</strong>áticas de crianças iniciantes e veteranas <strong>em</strong> treino<br />

musical, após um intervalo de <strong>do</strong>ze meses. Participantes: 34 crianças de 10 e 11 anos de<br />

i<strong>da</strong>de, de ambos os sexos, <strong>em</strong> treino musical subdivi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> quatro grupos: CIR<br />

(Crianças iniciantes reavalia<strong>da</strong>s que continuavam <strong>em</strong> treino musical - N=07) CIRF<br />

(Crianças iniciantes reavalia<strong>da</strong>s que interromperam o treino musical - N= 09) CVR<br />

(Crianças veteranas reavalia<strong>da</strong>s que continuavam <strong>em</strong> treino musical -N=13) e CVRF<br />

(Crianças veteranas reavalia<strong>da</strong>s que interromperam o treino musical - N=<br />

05). Materiais: Zareki-R- Bateria Neuropsicológica para Avaliação <strong>do</strong> Tratamento <strong>do</strong>s<br />

Números e Cálculos para Crianças e AWMA - Avaliação Automatiza<strong>da</strong> de m<strong>em</strong>ória<br />

operacional. Crianças veteranas exibiram uma capaci<strong>da</strong>de de m<strong>em</strong>ória operacional<br />

superior aos iniciantes e equivalente des<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> habili<strong>da</strong>des<br />

mat<strong>em</strong>áticas. Resulta<strong>do</strong>s: As crianças <strong>do</strong> grupo CIR e CIRF apresentaram melhor<br />

des<strong>em</strong>penho na AWMA e Zareki-R, enquanto que nos grupos CVR e CVRF os<br />

resulta<strong>do</strong>s foram estabiliza<strong>do</strong>s. Conclusão: Os resulta<strong>do</strong>s suger<strong>em</strong> que o treino musical<br />

ampliou a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> m<strong>em</strong>ória operacional, contu<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> não se sabe se este ganho<br />

é igual ou superior ao desenvolvimento associa<strong>do</strong> à i<strong>da</strong>de.<br />

O PAPEL DA FAMÍLIA NO USO E ABUSO DE DROGAS POR<br />

ADOLESCENTES: UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA NACIONAL<br />

Guilherme Augusto Campesato – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Maria Laura Nogueira Pires – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Atualmente o uso de drogas caracteriza um grave probl<strong>em</strong>a social e de saúde pública e,<br />

por conseguinte, o uso e abuso de drogas por a<strong>do</strong>lescente é um fenômeno que t<strong>em</strong> se<br />

26


agrava<strong>do</strong> nas últimas déca<strong>da</strong>s e chama a atenção de pesquisa<strong>do</strong>res e políticas públicas<br />

de combate às drogas, justamente porque a a<strong>do</strong>lescência é um perío<strong>do</strong> critico no<br />

desenvolvimento humano, constituin<strong>do</strong> uma fase de descobertas e questionamentos.<br />

Este estu<strong>do</strong> se propõe a fazer uma revisão na bibliografia nacional sobre à t<strong>em</strong>ática <strong>da</strong><br />

implicação <strong>da</strong> família no uso abusivo de drogas por seus a<strong>do</strong>lescentes, tais como fatores<br />

dentro <strong>da</strong> família que expõe os jovens à drogadicção, quanto fatores que os proteg<strong>em</strong> de<br />

tal situação. Para tanto foram consulta<strong>da</strong>s as base de <strong>da</strong><strong>do</strong>s SciELO, limitan<strong>do</strong>-se o<br />

perío<strong>do</strong> <strong>da</strong>s publicações entre 2000 e 2010, com as seguintes palavras chaves:<br />

a<strong>do</strong>lescência, drogas, família. Foram seleciona<strong>do</strong>s os artigos que respondess<strong>em</strong> as<br />

seguintes perguntas: “qual a importância <strong>da</strong> família no contexto <strong>da</strong> a<strong>do</strong>lescência”;<br />

“como a família media a relação <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente com as drogas”; e “qual a importância<br />

<strong>da</strong> família no tratamento de um a<strong>do</strong>lescente já adicto”. Diante <strong>do</strong>s artigos seleciona<strong>do</strong>s<br />

verificou-se a importância <strong>da</strong> família neste contexto, poden<strong>do</strong> funcionar como um fator<br />

de proteção quan<strong>do</strong> esta é uma família envolvi<strong>da</strong> com o desenvolvimento <strong>do</strong>s seus<br />

filhos, ou um fator de risco quan<strong>do</strong> uma família omissa e s<strong>em</strong> afeto. No tratamento <strong>do</strong><br />

jov<strong>em</strong> adicto, aqueles com base na família possu<strong>em</strong> maiores chances de sucesso. Há<br />

também que se ressaltar questões acerca <strong>do</strong>s estilos parentais. O estilo parental, que é<br />

um conjunto de determina<strong>da</strong>s condutas de interação <strong>do</strong>s pais com os filhos e propicia<br />

um clima <strong>em</strong>ocional específico, também é um <strong>do</strong>s fatores que influenciam a relação <strong>do</strong><br />

jov<strong>em</strong> com o seu ambiente, incluso sua relação com as drogas de abuso. São<br />

enumera<strong>do</strong>s quatro tipos de estilos parentais: pais autoritários (possu<strong>em</strong> muita exigência<br />

e pouco afeto); pais “com autori<strong>da</strong>de” (muito exigentes, mas estão envolvi<strong>do</strong>s<br />

afetivamente com seus filhos); pais indulgentes (estabelec<strong>em</strong> pouco controle e são<br />

muito afetivos); e pais negligentes (pouco controle e pouco afeto). Autores apontam que<br />

o monitoramento, o suporte, o envolvimento por parte <strong>do</strong>s pais para com seus filhos e a<br />

firmeza de medi<strong>da</strong>s disciplinares uni<strong>da</strong>s ao afeto e respeito mútuos, que são<br />

características <strong>do</strong>s pais descritos com o estilo “com autori<strong>da</strong>de”, são práticas<br />

importantes para que os a<strong>do</strong>lescentes consumam menos drogas, sen<strong>do</strong> assim um fator de<br />

proteção. Porém, outros aspectos importantes <strong>da</strong> constituição <strong>do</strong> indivíduo como a<br />

escola, a comuni<strong>da</strong>de <strong>em</strong> que está inseri<strong>do</strong>, o grupo de pares, a mídia e a própria<br />

personali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente dev<strong>em</strong> ser leva<strong>do</strong>s <strong>em</strong> consideração para que se possa<br />

compreender este fenômeno social tão complexo, mas família t<strong>em</strong> papel central neste<br />

contexto por ser o elo entre to<strong>da</strong>s as esferas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente.<br />

UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA WINNICOTTIANNA SOBRE O<br />

SOFRIMENTO PSÍQUICO CONTEMPORÂNEO.<br />

Heloisa Aguetoni Cambuí – <strong>UNESP</strong>/Bauru<br />

Carmen Maria Bueno N<strong>em</strong>e – <strong>UNESP</strong>/Bauru<br />

O paradigma winnicottiano referente à etiologia e à classificação <strong>do</strong>s distúrbios<br />

psíquicos contribuiu de forma original para o desenvolvimento <strong>do</strong> pensamento<br />

psicanalítico. Segun<strong>do</strong> a perspectiva winnicottiana, a experiência de sofrimento<br />

<strong>em</strong>ocional varia de acor<strong>do</strong> com a existência de um self constituí<strong>do</strong>, pela sua inexistência<br />

ou, ain<strong>da</strong>, pela existência de um falso self. Winnicott (1961) relaciona etiologicamente o<br />

sofrimento psíquico, que subjaz ao a<strong>do</strong>ecimento psíquico, a uma intensa e recorrente<br />

privação ambiental nos estágios primitivos <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> indivíduo. Nesse<br />

27


senti<strong>do</strong>, Winnicott (1983) enfatiza a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> existência de um cui<strong>da</strong><strong>do</strong>r como<br />

condição primordial para a constituição psíquica. A teoria psicanalítica winnicottiana<br />

propõe que to<strong>do</strong> ser humano possui uma tendência inata ao amadurecimento <strong>em</strong>ocional<br />

e que, para que esta tendência venha a se realizar, é necessária a existência contínua de<br />

um ambiente facilita<strong>do</strong>r (DIAS, 2003). A partir <strong>do</strong> desenvolvimento de seus<br />

pressupostos a respeito <strong>da</strong> etiologia e <strong>da</strong> classificação <strong>do</strong>s distúrbios psiquicos,<br />

Winnicott (1961) ampliou e propôs alterações significativas na clínica psicanalítica. A<br />

concepção psicopatológica implícita <strong>em</strong> sua obra compreende o sofrimento psíquico, o<br />

a<strong>do</strong>ecimento e a cura, como fenômenos que ocorr<strong>em</strong> na intersubjetivi<strong>da</strong>de, <strong>em</strong> que são<br />

mobiliza<strong>da</strong>s defesas contra as falhas <strong>do</strong> ambiente que levam à impossibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

experiência real <strong>do</strong> ser humano. Medeiros e Aiello-Vaisberg (2010) afirmam a<br />

necessi<strong>da</strong>de de discussões sobre as abor<strong>da</strong>gens <strong>do</strong> sofrimento psíquico, uma vez que<br />

estas, “como qualquer produção humana de conhecimento, encontram-se inseri<strong>da</strong>s <strong>em</strong><br />

contextos políticos, históricos e culturais, indican<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre um posicionamento diante<br />

<strong>do</strong> humano, <strong>do</strong> sofrimento e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>ecimento” (p. 98). Sob a luz <strong>do</strong> pensamento<br />

winnicottiano, é possível tecer reflexões referentes ao sofrimento psíquico<br />

cont<strong>em</strong>porâneo, consideran<strong>do</strong> a atual configuração sociocultural, uma vez que os<br />

indivíduos são precoc<strong>em</strong>ente expostos a experiências de diferentes tipos e níveis de<br />

violência psíquica, que pod<strong>em</strong> levá-los à impossibili<strong>da</strong>de de constituição psíquica e a<br />

um esta<strong>do</strong> de inexistência humana. A reflexão ética, teórica e clínica acerca <strong>do</strong>s<br />

possíveis efeitos <strong>do</strong> contexto sociocultural atual sobre a constituição psíquica gera<br />

diversos questionamentos e instiga a investigação cientfica com o intuito de<br />

compreender suas vicissitudes.<br />

A PRODUÇÃO BRASILEIRA SOBRE PSICANÁLISE DE CRIANÇAS NA<br />

REVISTA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE<br />

Iúri Yrving <strong>da</strong> Silva Müller – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Jorge Luís Ferreira Abrão – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

.<br />

A Psicanálise de Crianças inicia seu percurso na Europa no início <strong>do</strong> século XX,<br />

marca<strong>do</strong> por grandes controvérsias entre Melanie Klein e Anna Freud. No Brasil, essa<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de atendimento psicanalítico começou a ser difundi<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de<br />

1930 e acabou se diss<strong>em</strong>inan<strong>do</strong> <strong>em</strong> práticas institucionais b<strong>em</strong> estrutura<strong>da</strong>s, culminan<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> produção teórica expressiva. Mas é sob os auspícios <strong>da</strong>s Socie<strong>da</strong>des de Psicanálise<br />

que esse ramo <strong>da</strong> ciência psicanalítica <strong>encontro</strong>u maior ressonância para sua aplicação,<br />

divulgação, formação de analistas infantis e produção teórica, que apesar de não<br />

vultosa, t<strong>em</strong> se mostra<strong>do</strong> altamente expressiva. Importante veículo de divulgação <strong>do</strong><br />

pensamento psicanalítico brasileiro, que nos permite acompanhar a evolução <strong>da</strong><br />

produção sobre Psicanálise de Crianças no Brasil, abrangen<strong>do</strong> as últimas déca<strong>da</strong>s, é a<br />

Revista Brasileira de Psicanálise. O periódico t<strong>em</strong> como principal objetivo abranger a<br />

plurali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s diferentes segmentos científicos existentes nos quadros <strong>da</strong>s Socie<strong>da</strong>des<br />

de Psicanálise, garantin<strong>do</strong>, assim, sua expressão no âmbito científico. A presente<br />

pesquisa consiste <strong>em</strong> um estu<strong>do</strong> qualitativo de natureza histórica que busca<br />

circunscrever um segmento <strong>da</strong> psicanálise brasileira, cujo objetivo é caracterizar a<br />

produção sobre Psicanálise de Crianças no Brasil no perío<strong>do</strong> de 1967 a 2007, por<br />

intermédio <strong>do</strong>s artigos de autores nacionais publica<strong>do</strong>s na Revista Brasileira de<br />

28


Psicanálise. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> levantamento <strong>do</strong>s artigos sobre<br />

Psicanálise de Crianças publica<strong>do</strong>s no periódico apontam as seguintes informações: 107<br />

artigos publica<strong>do</strong>s sobre o t<strong>em</strong>a, destes 89 de autoria de psicanalistas nacionais, a<br />

maioria na déca<strong>da</strong> de 1990; Maria P. Manhães e Marisa Pelella Mélega como as autoras<br />

nacionais com maior número de artigos publica<strong>do</strong>s no periódico; uma prevalência de<br />

artigos teóricos <strong>em</strong> que Melanie Klein e seus segui<strong>do</strong>res são os mais cita<strong>do</strong>s. Indican<strong>do</strong>,<br />

assim, maior influência <strong>do</strong> pensamento kleiniano na implantação <strong>da</strong> Psicanálise de<br />

Crianças no Brasil. Tais resulta<strong>do</strong>s ain<strong>da</strong> nos permit<strong>em</strong> a conclusão de que vários<br />

trabalhos iniciais como os de Klein e Anna Freud, inclusive os <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de merec<strong>em</strong><br />

destaque por ter<strong>em</strong> influencia<strong>do</strong> a prática analítica <strong>em</strong> nosso país, seja na Psicanálise de<br />

Crianças seja <strong>em</strong> áreas correlatas nela inspira<strong>da</strong>s. Entre esses trabalhos encontra-se o de<br />

Esther Bick, que <strong>em</strong> 1964 desenvolve a técnica de observação psicanalítica <strong>da</strong> relação<br />

mãe-bebê, que consiste <strong>em</strong> uma observação s<strong>em</strong>anal <strong>da</strong> dupla mãe-bebê, realiza<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

casa durante o primeiro ano de vi<strong>da</strong>. Evidenciamos, também, a ampliação <strong>da</strong>s matrizes<br />

teóricas como esteio <strong>da</strong> prática clínica; juntamente com as contribuições de Melanie<br />

Klein, que já contava com uma vasta tradição no pensamento psicanalítico brasileiro,<br />

outros autores passam a ser cita<strong>do</strong>s com relativa frequência, nota<strong>da</strong>mente Bion,<br />

Winnicott e Francis Tustin. Em linhas abrevia<strong>da</strong>s, procuramos apresentar de maneira<br />

sucinta os trabalhos que marcaram os principais fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> análise infantil<br />

mundial e o pensamento e a produção teórica sobre crianças e a<strong>do</strong>lescentes no meio<br />

psicanalítico brasileiro.<br />

APONTAMENTOS ACERCA DA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO EM<br />

DELEUZE<br />

Jéssica Enara Vian – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Hélio Rebello Car<strong>do</strong>so Jr. – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa FAPESP)<br />

Ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista a preocupação com o hom<strong>em</strong> no que tange a sua constituição como<br />

sujeito, ou a sua sujeição à determina<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, a qual ele integra, Foucault nos<br />

disse que o hom<strong>em</strong> se constrói a partir <strong>da</strong>s relações de produção, de significação e de<br />

poder que exist<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua socie<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> qual ele faz parte inevitavelmente. Se<br />

considerarmos o hom<strong>em</strong> um produto <strong>da</strong> interação <strong>do</strong> indivíduo com o meio social e,<br />

portanto que, <strong>em</strong> certa proporção, sua constituição é dependente <strong>do</strong> seu meio, presumese<br />

alguma regulari<strong>da</strong>de na constituição <strong>do</strong> conjunto de indivíduos de um mesmo meio.<br />

Logo, diferentes socie<strong>da</strong>des conduz<strong>em</strong> diferentes sujeições; deparam o sujeito a<br />

diferentes situações exigin<strong>do</strong> diferentes modulações <strong>do</strong> ser humano. No entanto, a<br />

socie<strong>da</strong>de a qual o sujeito integra não produz os indivíduos como numa linha de<br />

montag<strong>em</strong>, perfeitamente iguais. Muito pelo contrário, os indivíduos de uma mesma<br />

socie<strong>da</strong>de são múltiplos. Isso porque a socie<strong>da</strong>de não é um el<strong>em</strong>ento único e n<strong>em</strong> é<br />

imposto integralmente aos indivíduos; a socie<strong>da</strong>de é o entrecruzamento de diversas<br />

linhas de subjetivação que são interpreta<strong>da</strong>s diferent<strong>em</strong>ente por ca<strong>da</strong> indivíduo que<br />

afeta. Dessa forma pod<strong>em</strong>os dizer que as subjetivi<strong>da</strong>des são s<strong>em</strong>pre constituí<strong>da</strong>s de<br />

multiplici<strong>da</strong>des e singulari<strong>da</strong>des no <strong>encontro</strong> ativo <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> com o mun<strong>do</strong>. Os<br />

componentes que participam <strong>da</strong> subjetivação <strong>do</strong>s indivíduos circulam <strong>em</strong> fluxo pelo<br />

meio social, sen<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>s de forma ativa aos diferentes mo<strong>do</strong>s de viver que o<br />

29


sujeito apresenta no decorrer <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Segun<strong>do</strong> Deleuze, o sujeito se constitui no<br />

entrelaço <strong>da</strong>s relações estabeleci<strong>da</strong>s entre o sujeito e o mun<strong>do</strong> externo e a sua<br />

probl<strong>em</strong>atização desses <strong>encontro</strong>s, de ca<strong>da</strong> afetação com a qual ele se depara. Desse<br />

mo<strong>do</strong>, a socie<strong>da</strong>de não compõe os sujeitos absolutamente, o sujeito constitui-se por<br />

relações associativas entre os el<strong>em</strong>entos de sua experiência, ou seja, no contato com as<br />

diferentes situações com as quais se depara a ca<strong>da</strong> instante de sua vi<strong>da</strong> e que ao lhe<br />

afetar leva-o a probl<strong>em</strong>atizar, transformar-se ou fugir. Deleuze nos fala <strong>da</strong>s vivências<br />

como um atravessamento de linhas que tec<strong>em</strong> os sujeitos traçan<strong>do</strong> movimentos de fuga<br />

e transformação.<br />

A PATERNIDADE E O MÉTODO “ESTADO DA ARTE”<br />

Juliana de Castro Pra<strong>do</strong> – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Jorge Luís Ferreira Abrão – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A Paterni<strong>da</strong>de é um fenômeno que foi pouco abor<strong>da</strong><strong>do</strong> durante muito t<strong>em</strong>po pelos<br />

pesquisa<strong>do</strong>res, vin<strong>do</strong> a ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong> apenas <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980, quan<strong>do</strong> a mulher, ten<strong>do</strong><br />

consoli<strong>da</strong><strong>do</strong> seu espaço no merca<strong>do</strong> de trabalho, colocou <strong>em</strong> cheque o lugar social <strong>do</strong><br />

hom<strong>em</strong>, b<strong>em</strong> como o modelo familiar patriarcal existente, considera<strong>do</strong> modelo familiar<br />

correspondente <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de brasileira. Até então, pesquisas preconizavam a relação<br />

existente entre a díade mãe-filho, consideran<strong>do</strong> de importância não tão significativa, o<br />

papel <strong>do</strong> pai para o curso de desenvolvimento <strong>da</strong> criança, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> ao papel<br />

materno. Apesar <strong>do</strong> recente interesse por parte de pesquisa<strong>do</strong>res <strong>em</strong> se estu<strong>da</strong>r as<br />

mu<strong>da</strong>nças de expectativas <strong>em</strong> relação ao papel paterno, pouco ain<strong>da</strong> se sabe a respeito<br />

de como os pais estão li<strong>da</strong>n<strong>do</strong> e vivencian<strong>do</strong> tais mu<strong>da</strong>nças, de que maneira estes pais<br />

se avaliam neste papel e quais sentimentos apresentam <strong>em</strong> relação à paterni<strong>da</strong>de. Isto<br />

nos leva a in<strong>da</strong>gar a respeito <strong>do</strong> pequeno (porém crescente) número de trabalhos<br />

produzi<strong>do</strong>s no Brasil sobre a paterni<strong>da</strong>de, b<strong>em</strong> como o interesse recente por esta<br />

t<strong>em</strong>ática, por parte de pesquisa<strong>do</strong>res, ao priorizar<strong>em</strong> transformações e implicações <strong>da</strong><br />

paterni<strong>da</strong>de no modelo familiar cont<strong>em</strong>porâneo (brasileiro). Por este estar <strong>em</strong> transição,<br />

v<strong>em</strong> modifican<strong>do</strong> as relações conjugais existentes e influencian<strong>do</strong> o papel que o pai<br />

ocupa no âmbito familiar. Pode-se supor que, sen<strong>do</strong> a paterni<strong>da</strong>de um conceito também<br />

<strong>em</strong> transição, estu<strong>do</strong>s sobre ela não se comparam, <strong>em</strong> termos quantitativos, aos<br />

trabalhos produzi<strong>do</strong>s sobre a materni<strong>da</strong>de. Não existin<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> um trabalho que tenha<br />

sist<strong>em</strong>atiza<strong>do</strong> os estu<strong>do</strong>s e pesquisas produzi<strong>do</strong>s sobre a paterni<strong>da</strong>de, torna-se difícil<br />

afirmar precisamente o que v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> estu<strong>da</strong><strong>do</strong> sobre este t<strong>em</strong>a no Brasil, b<strong>em</strong> como os<br />

méto<strong>do</strong>s de pesquisa utiliza<strong>do</strong>s para alcançar este objetivo. O presente projeto de<br />

pesquisa t<strong>em</strong> por objetivo identificar e sist<strong>em</strong>atizar os trabalhos brasileiros produzi<strong>do</strong>s<br />

sobre a paterni<strong>da</strong>de, investigan<strong>do</strong> nos trabalhos encontra<strong>do</strong>s, aspectos como: o lugar que<br />

o pai t<strong>em</strong> assumi<strong>do</strong> na família cont<strong>em</strong>porânea brasileira; de que forma a relação pai e<br />

filho se constitui hoje; quais os autores brasileiros que se dedicaram a estu<strong>da</strong>r este t<strong>em</strong>a<br />

a partir <strong>do</strong> enfoque psicanalítico; e as concepções de paterni<strong>da</strong>de vigentes na família<br />

cont<strong>em</strong>porânea brasileira, a partir de autores brasileiros. A meto<strong>do</strong>logia utiliza<strong>da</strong> no<br />

projeto será a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> “Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Arte”, buscan<strong>do</strong> mapear, delimitar e discutir o<br />

que se t<strong>em</strong> produzi<strong>do</strong> a respeito <strong>da</strong> Paterni<strong>da</strong>de no Brasil na atuali<strong>da</strong>de, e de quais<br />

formas estu<strong>do</strong>s sobre este t<strong>em</strong>a estão sen<strong>do</strong> realiza<strong>da</strong>s. Inicialmente será feito um<br />

levantamento de artigos produzi<strong>do</strong>s no Brasil sobre o t<strong>em</strong>a Paterni<strong>da</strong>de, nas bases de<br />

30


<strong>da</strong><strong>do</strong>s: Scielo, Lilacs e BVS Psi, consideran<strong>do</strong> buscas pelas seguintes palavras-chave:<br />

paterni<strong>da</strong>de, função paterna, pai, relação pai-criança, relações pai-filho, família,<br />

estrutura familiar. Serão analisa<strong>do</strong>s e prioriza<strong>do</strong>s nos artigos encontra<strong>do</strong>s, os aspectos já<br />

menciona<strong>do</strong>s no objetivo deste projeto. Desta forma, o pesquisa<strong>do</strong>r terá condição de<br />

construir um trabalho de forma sist<strong>em</strong>atiza<strong>da</strong>, contribuin<strong>do</strong> com estu<strong>do</strong>s sobre a<br />

Paterni<strong>da</strong>de na socie<strong>da</strong>de cont<strong>em</strong>porânea brasileira, além de colaborar e facilitar através<br />

<strong>da</strong> sist<strong>em</strong>atização de trabalhos produzi<strong>do</strong>s sobre este t<strong>em</strong>a, o conhecimento<br />

(quantitativo) de tu<strong>do</strong> o que v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> a respeito <strong>da</strong> t<strong>em</strong>ática proposta.<br />

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES SOBRE INDISCIPLINA<br />

EM SALA DE AULA<br />

Kátia Hatsue En<strong>do</strong> – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Elizabeth Pi<strong>em</strong>onte Constantino – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A contribuição <strong>da</strong> Psicologia, referente aos t<strong>em</strong>as indisciplina e representações sociais,<br />

apresenta-se <strong>em</strong> quanti<strong>da</strong>de reduzi<strong>da</strong>. Por isso a presente pesquisa pode facilitar o<br />

entendimento <strong>do</strong>s profissionais <strong>da</strong> área sobre o t<strong>em</strong>a, visto que tal compreensão revelase<br />

um desafio para a educação. O objetivo geral desta pesquisa de mestra<strong>do</strong>, <strong>em</strong><br />

an<strong>da</strong>mento, é identificar as representações sociais de professores <strong>do</strong> ensino médio e<br />

técnico sobre indisciplina <strong>em</strong> sala de aula. Mais especificamente: a) analisar as<br />

representações, causas e possíveis alternativas para li<strong>da</strong>r com a indisciplina <strong>em</strong> sala de<br />

aula, atribuí<strong>da</strong>s pelos professores; b) comparar as representações de professores <strong>do</strong><br />

ensino médio, técnico e de professores de ambos os tipos de ensino. O referencial<br />

teórico desta investigação será a teoria <strong>da</strong>s representações sociais. Para a coleta de<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s pretende-se utilizar entrevistas individuais s<strong>em</strong>i-estrutura<strong>da</strong>s. Os materiais para<br />

coleta <strong>do</strong>s relatos serão um grava<strong>do</strong>r, papel e caneta. Os participantes serão professores,<br />

de ambos os sexos, <strong>do</strong> ensino médio e/ou técnico de uma escola técnica estadual <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de de Paraguaçu Paulista. Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s serão analisa<strong>do</strong>s por meio <strong>da</strong> Análise<br />

de Conteú<strong>do</strong>. Pretende-se definir três e<strong>ix</strong>os t<strong>em</strong>áticos acerca <strong>da</strong> indisciplina<br />

(representação, causas e alternativas para li<strong>da</strong>r com a t<strong>em</strong>ática) e, a partir deles,<br />

caracterizar categorias e subcategorias. As informações obti<strong>da</strong>s serão apresenta<strong>da</strong>s com<br />

as categorias descritas <strong>em</strong> tabelas e as frequências {f(n)} encontra<strong>da</strong>s, que não<br />

corresponderão ao número de sujeitos, mas sim, às respostas múltiplas. Como<br />

profissional participante <strong>do</strong> cotidiano <strong>da</strong> escola pode-se apontar, mediante observações<br />

deste contexto, que os professores apresentam uma concepção tradicional <strong>da</strong><br />

indisciplina e a identificam como falta de educação, desobediência, atribuin<strong>do</strong>-a,<br />

principalmente, a questões familiares e outros probl<strong>em</strong>as individuais <strong>do</strong>s alunos. Com<br />

isso, percebe-se a necessi<strong>da</strong>de de desenvolver estu<strong>do</strong>s que vis<strong>em</strong> refletir com os<br />

profissionais a questão <strong>da</strong> indisciplina, a fim de que eles possam transformar a sua<br />

prática <strong>do</strong>cente.<br />

31


UMA ANÁLISE DOS EFEITOS DO USO A LONGO PRAZO DE<br />

PSICOFÁRMACOS: DA FLUOXETINA AO METILFENIDATO<br />

Kwame Yonatan Poli <strong>do</strong>s Santos – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Silvio Yasui – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Gustavo Henrique Dionísio – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A socie<strong>da</strong>de atual vive desde a déca<strong>da</strong> de 50 uma “revolução psicofarmacológica”, <strong>em</strong><br />

que os avanços tecnológicos <strong>da</strong> psiquiatria e <strong>da</strong> neurologia possibilitaram a criação de<br />

dispositivos que consegu<strong>em</strong> visualizar o funcionamento físico-químico <strong>do</strong> cérebro, essa<br />

tecnologia revolucionou o campo <strong>da</strong> saúde mental, de maneira que o paradigma de<br />

tratamento de sofrimento psíquico passou ser basea<strong>do</strong> no balanceamento neuroquímico<br />

<strong>do</strong> cérebro e, conseqüent<strong>em</strong>ente, a busca de tal homeostase se dá pela ingestão de<br />

psicotrópicos. Dessa forma, mu<strong>do</strong>u-se também o jeito de se ver o sintoma, esse passou a<br />

ser o alvo a ser elimina<strong>do</strong> no tratamento, visto como uma causa <strong>em</strong> si, um fenômeno<br />

ateórico, s<strong>em</strong> história. A partir <strong>da</strong> teoria psicanalítica t<strong>em</strong>os outra visão <strong>da</strong>s<br />

manifestações sintomáticas, sab<strong>em</strong>os <strong>da</strong> importância <strong>do</strong> sintoma, pois esse possui uma<br />

“positivi<strong>da</strong>de simbólica”, ain<strong>da</strong> que ele seja uma maneira precária (porque no processo<br />

de<strong>ix</strong>aria muito sofrimento ao sujeito) de resolução de um conflito psíquico, não<br />

pod<strong>em</strong>os ignorar que é uma tentativa subjetiva de auto-cura, e uma vez silencia<strong>da</strong> essa<br />

expressivi<strong>da</strong>de, resultaria conjuntamente no apagamento <strong>da</strong> singulari<strong>da</strong>de <strong>do</strong> sujeito.<br />

Além <strong>do</strong> que a psiquiatria possui relações estreitas com a indústria farmacêutica, de<br />

mo<strong>do</strong> que a psiquiatria concebe patologias para que <strong>em</strong> segui<strong>da</strong> o segun<strong>do</strong> já venha com<br />

a pílula para seu tratamento. E os psicotrópicos mais vendi<strong>do</strong>s como antidepressivos<br />

(fluoxetina, certralina, etc) e o metilfeni<strong>da</strong>to (Ritalina, Conserta) são destina<strong>do</strong>s a<br />

r<strong>em</strong>ediar o mal-estar produzi<strong>do</strong> e compartilha<strong>do</strong> na nossa socie<strong>da</strong>de. Por ex<strong>em</strong>plo, a<br />

depressão e o Transtorno de déficit de atenção e hiperativi<strong>da</strong>de (TDAH), que são as<br />

duas patologias medica<strong>da</strong>s com fluoxetina e o metilfeni<strong>da</strong>to, respectivamente, e que por<br />

coincidência, ou não, possu<strong>em</strong> no repertório <strong>do</strong>s seus quadros clínicos uma descrição <strong>da</strong><br />

nossa cont<strong>em</strong>poranei<strong>da</strong>de. A depressão nos incomo<strong>da</strong> por sua vagarosi<strong>da</strong>de existencial<br />

<strong>em</strong> uma cultura que exige rapidez e, por outro la<strong>do</strong>, o TDAH extrapola de forma<br />

contraproducente uma série de características cultua<strong>da</strong>s como atenção multifocal e a<br />

realização de várias tarefar simultâneas. Nesse cenário, esse projeto de pesquisa<br />

qualitativa, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> psicanálise como referencial analítico, pretende analisar os<br />

efeitos <strong>do</strong> uso a longo prazo <strong>da</strong> fluoxetina e o metilfeni<strong>da</strong>to. Serão entrevista<strong>do</strong>s sujeitos<br />

que usam esses psicofármacos por três anos ou mais. Visa-se, com esse estu<strong>do</strong>,<br />

aprofun<strong>da</strong>r a discussão a respeito <strong>do</strong> crescimento <strong>em</strong> nossa <strong>da</strong> utilização de<br />

psicofármacos no tratamento de saúde mental.<br />

MUSICALIDADES E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO: DA SUBLIMAÇÃO<br />

DAS PULSÕES ÀS FORMAÇÕES DOS LAÇOS SOCIAIS.<br />

Leandro Anselmo Todesqui Tavares – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Orienta<strong>do</strong>r: Francisco Hashimoto – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Desde o seu nascimento a Psicanálise mantém estreita relação para com o campo <strong>da</strong>s<br />

artes, pois, através delas, lhe foi possível encontrar as mais irrestritas possibili<strong>da</strong>des de<br />

32


expressão humana, toman<strong>do</strong>-as neste senti<strong>do</strong> como passíveis de ser<strong>em</strong> analisa<strong>do</strong>s sob<br />

seu prisma, poden<strong>do</strong> por fim compreendê-las como resultantes de processos de<br />

subjetivação característicos <strong>da</strong>queles que <strong>em</strong>preend<strong>em</strong> os processos criativos de tais<br />

obras. Como se não bastass<strong>em</strong> as referências habituais que a Psicanálise enquanto saber<br />

teórico faz ao campo <strong>da</strong>s artes, o seu próprio saber-fazer enquanto práxis é, <strong>da</strong> mesma<br />

maneira, muito próximo e similar aos processos criativos de uma forma geral,<br />

sustentan<strong>do</strong>-se a partir de um méto<strong>do</strong> <strong>em</strong> que extrapola as determinações <strong>da</strong> ciência<br />

clássica positivista . Já no campo <strong>da</strong>s artes, a musicali<strong>da</strong>de parece evidenciar umas <strong>da</strong>s<br />

mais primitivas tentativas de articular/expressar uma linguag<strong>em</strong> possível por parte <strong>do</strong><br />

hom<strong>em</strong>, de mo<strong>do</strong> que perceb<strong>em</strong>os sua potência como devir diretamente articula<strong>da</strong> a<br />

processos psíquicos enquanto estruturação <strong>do</strong> Sujeito. Sen<strong>do</strong> assim, a pesquisa <strong>em</strong><br />

an<strong>da</strong>mento é de cunho teórico e propõe-se a debruçar-se no campo <strong>da</strong> arte musical, ou<br />

simplesmente <strong>da</strong>s musicali<strong>da</strong>des, de maneira que através deste nos seja possível<br />

desenvolver hipóteses passíveis de ser<strong>em</strong> articula<strong>da</strong>s ao campo clínico compreendi<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

ponto de vista <strong>do</strong> referencial teórico <strong>da</strong> Psicanálise. Os objetivos desta pesquisa se<br />

consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> compreender e aprofun<strong>da</strong>r os conhecimentos acerca <strong>do</strong> processo de<br />

sublimação <strong>da</strong>s pulsões, <strong>em</strong> especial a ativi<strong>da</strong>de sublimatória implícita nas produções de<br />

musicali<strong>da</strong>des e na constituição <strong>da</strong>s formações <strong>do</strong>s laços sociais. Especificamente<br />

analisar o processo de sublimação <strong>da</strong>s pulsões como possível saí<strong>da</strong> de condições de<br />

“mal-estar” relaciona<strong>do</strong> com as ativi<strong>da</strong>des criativas nas produções de musicali<strong>da</strong>des,<br />

b<strong>em</strong> como investigar a constituição <strong>da</strong>s formações <strong>do</strong>s laços sociais, e suas<br />

particulari<strong>da</strong>des, a partir <strong>da</strong> compreensão destes como fenômeno psicológico<br />

atravessa<strong>do</strong> pelas produções de diferentes formas possíveis de musicali<strong>da</strong>des. A<br />

pesquisa <strong>em</strong> desenvolvimento suscita inúmeras possibili<strong>da</strong>des de articulação com o<br />

campo clínico psicanalítico. Entend<strong>em</strong>os aqui por meio <strong>da</strong> Psicanálise como sen<strong>do</strong> o<br />

campo clínico aquele pelo qual o Sujeito se constitui, onde se estrutura psiquicamente<br />

por meio <strong>da</strong> inter-subjetivi<strong>da</strong>de, <strong>em</strong> suma, o campo <strong>da</strong>s relações e constituição <strong>da</strong>s<br />

subjetivi<strong>da</strong>des por excelência. Sen<strong>do</strong> assim, de acor<strong>do</strong> com nossos objetivos, revisitar e<br />

aprofun<strong>da</strong>r o conceito de sublimação na Psicanálise por meio de nosso objeto de estu<strong>do</strong><br />

- as musicali<strong>da</strong>des – nos possibilita situarmos a relevância clínica de tal conceito na<br />

cont<strong>em</strong>poranei<strong>da</strong>de levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> consideração os limites de uma análise segun<strong>do</strong> as<br />

últimas considerações de Freud e Lacan – o que nos r<strong>em</strong>ete a reflexões que cont<strong>em</strong>pl<strong>em</strong><br />

o pathos e a pulsão de morte no sujeito. Da mesma maneira, o interesse <strong>em</strong> pensar a<br />

formação <strong>do</strong>s laços sociais por meio <strong>da</strong>s musicali<strong>da</strong>des nos coloca <strong>em</strong> articulação direta<br />

com questões referentes às formações sociais e as produções de formas possíveis de<br />

subjetivação na atuali<strong>da</strong>de.<br />

O ENCONTRO DA LOUCURA COM O TRABALHO NA ECONOMIA<br />

SOLIDÁRIA: A PRODUÇÃO DE UMA PRÁXIS A PARTIR DO DISPOSITIVO<br />

INTERCESSOR NA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL<br />

Márcia Campos Andrade – Universi<strong>da</strong>de Estadual de Maringá/UEM<br />

Abílio <strong>da</strong> Costa Rosa – <strong>UNESP</strong>-<strong>Assis</strong><br />

O presente trabalho se refere à tese de <strong>do</strong>utoramento, <strong>em</strong> produção, que t<strong>em</strong> como<br />

t<strong>em</strong>ática o <strong>encontro</strong> <strong>da</strong> loucura com o trabalho na Economia Solidária. Um t<strong>em</strong>a<br />

incipiente no cenário brasileiro que se configura como um campo multirreferencia<strong>do</strong> de<br />

33


pesquisa que d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> a participação <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de como instância de produção de<br />

conhecimento, de análise e reflexão crítica e de defesa <strong>do</strong> direito humano ao trabalho.<br />

T<strong>em</strong>os como objetivo produzir uma práxis universitária de produção de conhecimento a<br />

partir <strong>da</strong> interlocução dialógica, como intercessor, com a práxis cotidiana de produção e<br />

reprodução <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> através <strong>do</strong> trabalho coletivo e autogestionário, como um fazer que é<br />

saber <strong>do</strong>s que li<strong>da</strong>m com a experiência <strong>da</strong> loucura, através <strong>da</strong>s oficinas de geração de<br />

trabalho e ren<strong>da</strong> no âmbito <strong>da</strong> Atenção Psicossocial. A meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> é a <strong>do</strong><br />

Dispositivo Intercessor (DI) como intercessão no campo produzi<strong>do</strong> no contexto de um<br />

CAPs; e a <strong>do</strong> Dispositivo Intercessor como meio de produção de conhecimento<br />

(DIMPC), produzi<strong>do</strong> a partir <strong>da</strong> própria práxis <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r na relação com a práxis<br />

<strong>do</strong>s que compõe o campo <strong>da</strong> intercessão, após sua saí<strong>da</strong> deste. Dessa forma, o DI e o<br />

DIMPC formam o dispositivo de intercessão-pesquisa que está referencia<strong>do</strong> no<br />

Materialismo Histórico, na Psicanálise Lacaniana, na Análise Institucional e na<br />

Esquizoanálise. Esse intento requer a utilização de recursos meto<strong>do</strong>lógicos que<br />

caracteriz<strong>em</strong> a pesquisa como uma dialogia entre sujeitos, diferent<strong>em</strong>ente <strong>da</strong> ciência<br />

moderna fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> no Positivismo e suas dicotômicas relações entre indivíduosocie<strong>da</strong>de,<br />

teoria-prática, sujeito-objeto, quanti<strong>da</strong>de-quali<strong>da</strong>de, pesquisa<strong>do</strong>r-pesquisa<strong>do</strong>.<br />

O Dispositivo Intercessor busca romper com tais dicotomias e se inscreve no processo<br />

de Transição Paradigmática (SANTOS, 2000) <strong>em</strong> curso na ciência e na socie<strong>da</strong>de<br />

cont<strong>em</strong>porânea pautan<strong>do</strong>-se pela ação protagonista <strong>do</strong>s que contribu<strong>em</strong> com a pesquisa<br />

e pela não separação entre o fazer e o conhecer <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r. Para isso, t<strong>em</strong> a<br />

multirreferenciali<strong>da</strong>de como paradigma epist<strong>em</strong>ológico e como ferramentas o diário de<br />

campo, a análise de implicação e a cartografia <strong>do</strong>s afetos. O campo de intercessão na<br />

Atenção Psicossocial é a oficina de geração de trabalho e ren<strong>da</strong>. Esta foi constituí<strong>da</strong> a<br />

partir <strong>da</strong> ação <strong>do</strong> intercessor e se configura como um espaço coletivo onde ca<strong>da</strong> um<br />

pode narrar sua história de vi<strong>da</strong> de trabalho e nesse fio de conversa tecer uma história<br />

coletiva de relacionamento com a loucura com suas rupturas e impossibili<strong>da</strong>des, mas<br />

também de sonhos, idéias, projetos e pulsão desejante. Dessa maneira, se é possível<br />

pensar nesse espaço como um território onde os que dele participam li<strong>da</strong>m com a<br />

experiência <strong>da</strong> loucura e, também, como um agenciamento coletivo que produz práticas<br />

com potência de promover a desconstrução <strong>do</strong> isolamento, a superação <strong>da</strong> tutela e uma<br />

outra contratuali<strong>da</strong>de social. Dessa forma, o trabalho na Economia Solidária como um<br />

direito humano configura-se como um dispositivo produtor de outros processos de<br />

subjetivação contra-heg<strong>em</strong>ônicos à histórica relação entre loucura e trabalho. Eis o<br />

cenário, o contexto e o pretexto <strong>da</strong> produção de conhecimento <strong>em</strong> curso nesta tese.<br />

Referências: SANTOS, B. S. A crítica <strong>da</strong> razão in<strong>do</strong>lente: contra o desperdício <strong>da</strong><br />

experiência. São Paulo: Cortez, 2000. 415p.<br />

PSICANÁLISE E FEMINILIDADE: DO FALO AO SEIO<br />

Marcos Leandro Klipan – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Jorge Luís Ferreira Abrão – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

O objetivo deste trabalho é trazer algumas discussões sobre aquilo que é proposta de<br />

nosso projeto de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> intitula<strong>do</strong> – até a presente <strong>da</strong>ta – de A noção de f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de<br />

<strong>em</strong> Melanie Klein. Nesse projeto, buscar<strong>em</strong>os investigar o t<strong>em</strong>a “f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de” na obra<br />

de Melanie Klein, a fim de traçar um percurso histórico e epist<strong>em</strong>ológico sobre o<br />

34


significa<strong>do</strong> deste conceito <strong>em</strong> sua obra. Partir<strong>em</strong>os <strong>da</strong>s considerações trazi<strong>da</strong>s por Joel<br />

Birman – <strong>em</strong> seus trabalhos Cartografias <strong>do</strong> f<strong>em</strong>inino, de 1999 e Gramáticas <strong>do</strong><br />

erotismo: a f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de e as suas fronteiras de subjetivação <strong>em</strong> psicanálise, de 2001 –<br />

que o entende como um movimento diferente, ao final <strong>da</strong> obra de S. Freud, sobre a<br />

concepção desse autor sobre mo<strong>do</strong>s de subjetivação que não perpassariam o campo<br />

fálico. Segun<strong>do</strong> Birman o registro fálico traria implicações b<strong>em</strong> conheci<strong>da</strong>s como<br />

aquelas mais probl<strong>em</strong>áticas na obra freudiana que coloca, no final <strong>da</strong>s contas, a mulher<br />

como um ser faltante e invejoso <strong>do</strong> pênis e que encontraria, por ex<strong>em</strong>plo, na<br />

materni<strong>da</strong>de – e de preferência de um filho varão – uma maneira mais “completa” de se<br />

colocar no mun<strong>do</strong>. O registro fálico, segun<strong>do</strong> Birman seria algo muito comum <strong>em</strong> nossa<br />

socie<strong>da</strong>de ocidental há muitos séculos. Dessa forma, buscar<strong>em</strong>os desenvolver a tese de<br />

que essa noção de f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de, como uma via alternativa e não oposta – ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista<br />

que o campo fálico não foi supera<strong>do</strong> – seria capta<strong>da</strong> por Klein desde o início de sua obra<br />

e atravessa<strong>da</strong> <strong>em</strong> muitos campos de seu pensamento, até o momento explícito e mais<br />

notório que é quan<strong>do</strong> essa autora coloca o seio como cena principal <strong>da</strong> gênese psíquica e<br />

<strong>da</strong> luta <strong>da</strong>s pulsões de vi<strong>da</strong> e morte. O campo <strong>da</strong> f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de, então, seria um universo<br />

primário desse campo de subjetivação, sen<strong>do</strong> o fálico, algo secundário, tal como Freud<br />

havia constata<strong>do</strong> <strong>em</strong> parte final de sua obra. O redimensionamento desse campo sexual,<br />

tal como discute Birman permitiria à psicanálise dialogar de outras formas com as novas<br />

d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s e fenômenos <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de, nesses t<strong>em</strong>pos chama<strong>do</strong>s pós-moderno. Talvez, o<br />

campo <strong>da</strong> f<strong>em</strong>inili<strong>da</strong>de seria o percurso de tornar nosso t<strong>em</strong>po realmente pós-moderno,<br />

pois escaparíamos <strong>da</strong>s hierarquizações e limites rígi<strong>do</strong>s trazi<strong>do</strong>s pelo registro fálico.<br />

SÁNDOR FERENCZI A TÉCNICA PSICANALÍTICA: POSICIONAMENTOS<br />

ACERCA DA TÉCNICA ATIVA, DA ELASTICIDADE E DA EMPATIA<br />

Marcos Mariani Casa<strong>do</strong>re – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Francisco Hashimoto – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A psicanálise é uma ciência que, num contexto histórico, pode ser considera<strong>da</strong> como<br />

bastante recente, mas já figura entre nós há mais de um século. Nesse ínterim, muitos<br />

foram os nomes importantes que construíram esse movimento histórico psicanalítico;<br />

Sán<strong>do</strong>r Ferenczi se destaca dentre os primeiros grandes psicanalistas principalmente<br />

pelo ímpeto e priori<strong>da</strong>de na busca constante por melhoras terapêuticas de seus pacientes<br />

e, ain<strong>da</strong>, pela aguça<strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de clínica e inovações técnicas postula<strong>da</strong>s que<br />

acabaram por influenciar, direta ou indiretamente, boa parte <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

posterior <strong>da</strong> teoria psicanalítica. Traz<strong>em</strong>os, neste presente trabalho, um pequeno recorte<br />

acerca <strong>da</strong>s constatações técnicas propostas por Ferenczi e que se referenciam a seus<br />

escritos localiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> parte <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1920: mais especificamente, é discuti<strong>da</strong> a<br />

ascensão e declínio (contra-indicações) <strong>da</strong> sua proposta de uma “técnica ativa” na<br />

clínica e, para além desta <strong>em</strong>preita<strong>da</strong>, as noções de tato, <strong>em</strong>patia ou “sentir com”<br />

(Einfühlung) e elastici<strong>da</strong>de, presentes no artigo de 1930, denomina<strong>do</strong> “Elastici<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

técnica psicanalítica”. As propostas inova<strong>do</strong>ras de Ferenczi traziam, para além de<br />

constatações, críticas bastante pertinentes e contundentes que não se f<strong>ix</strong>avam apenas no<br />

setting terapêutico e na relação transferencial, mas estendiam-se também para o papel<br />

exerci<strong>do</strong> pelo analista e pela psicanálise e, ain<strong>da</strong>, para a instituição e formação<br />

psicanalítica.<br />

35


A ATUALIDADE: IMPLICAÇÕES PARA A SUBJETIVIDADE<br />

Marcos Paulo Shiozaki – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Francisco Hashimoto – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa CAPES)<br />

Definir a atuali<strong>da</strong>de não representa uma tarefa simples, quan<strong>do</strong> se leva <strong>em</strong> consideração<br />

as diversi<strong>da</strong>des nominais (cont<strong>em</strong>porânea, moderno reflexivo, moderno líqui<strong>do</strong>, pósmoderno,<br />

hipermoderno, socie<strong>da</strong>de narcísica etc.) e ideológicas que nos rodeiam. Então,<br />

entendê-la, contextualizan<strong>do</strong>-a, se mostra necessário para também compreender as<br />

diversas vicissitudes que esse t<strong>em</strong>po implica para nossa subjetivi<strong>da</strong>de. Para isso, serão<br />

analisa<strong>do</strong>s alguns fatores (históricos, sociológicos e filosóficos) que nos auxiliarão<br />

nessa tarefa, consideran<strong>do</strong> principalmente, duas características importantes para esse<br />

entendimento: a metanarrativa e as pequenas narrativas. Dessa maneira, buscar<strong>em</strong>os<br />

conduzir uma discussão sobre essas mu<strong>da</strong>nças entre as narrativas cita<strong>da</strong>s, destacan<strong>do</strong> o<br />

impacto que essa modificação implicou para a subjetivi<strong>da</strong>de.<br />

APROXIMAÇÕES CONCEITUAIS ENTRE AS TEORIAS DE JEAN PIAGET<br />

E PAULO FREIRE: SENHORES DE SEU TEMPO<br />

Maria Elvira Bellotto Martins <strong>do</strong>s Santos – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Trabalhan<strong>do</strong> muitos anos na educação escolar, s<strong>em</strong>pre estiv<strong>em</strong>os interessa<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

compreender melhor os requisitos necessários para que a relação educa<strong>do</strong>r-educan<strong>do</strong><br />

e/ou ensino-aprendizag<strong>em</strong> pudesse favorecer o desenvolvimento cognitivo <strong>do</strong> indivíduo<br />

e contribuir para a formação de um sujeito com iniciativas de transformação de sua<br />

reali<strong>da</strong>de individual e social. Após o contato com as obras de Jean Piaget e Paulo Freire,<br />

encontramos nesses autores muitos indicativos de que é através <strong>da</strong> construção <strong>do</strong><br />

conhecimento que se criam possibili<strong>da</strong>des de desenvolvimento individual e de<br />

transformação social. Além disso, perceb<strong>em</strong>os vários pontos congruentes <strong>em</strong> suas<br />

teorias. Visan<strong>do</strong> nos aprofun<strong>da</strong>r nessa perspectiva, definimos como objetivo, para a<br />

presente pesquisa, realizar um estu<strong>do</strong> teórico buscan<strong>do</strong> refletir sobre as aproximações<br />

conceituais entre as teorias de Jean Piaget e Paulo Freire. Mais especificamente<br />

pretend<strong>em</strong>os: a) procurar evidências de que aproximações conceituais ocorr<strong>em</strong>,<br />

principalmente, <strong>em</strong> função <strong>da</strong> funcionali<strong>da</strong>de e aspectos dialéticos presentes nas<br />

concepções de construção de conhecimento dessas teorias; b) desvelar o equívoco que<br />

se comete ao se considerar Piaget um autor volta<strong>do</strong> apenas para questões cognitivas e<br />

Freire um autor apenas interessa<strong>do</strong> <strong>em</strong> debater questões sócio-educacionais e culturais.<br />

Para atingir tais objetivos, a<strong>do</strong>tamos uma meto<strong>do</strong>logia qualitativa, na qual, inicialmente,<br />

far<strong>em</strong>os um rastreamento <strong>da</strong>s obras desses autores, procuran<strong>do</strong> localizar os conceitos<br />

que, ao nosso ver, indicam possíveis aproximações conceituais. Posteriormente,<br />

seleciona<strong>da</strong>s as obras mais significativas para a pesquisa, realizar<strong>em</strong>os um estu<strong>do</strong><br />

comparativo <strong>do</strong>s conceitos apreendi<strong>do</strong>s e far<strong>em</strong>os os apontamentos que justificam tais<br />

aproximações.<br />

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INTERCESSÃO – UM NOVO MODO DE FAZER PESQUISA<br />

Marina R. <strong>da</strong> R. Paes – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A proposta meto<strong>do</strong>lógica <strong>da</strong> psicanálise <strong>em</strong> extensão como Intercessão trata-se de uma<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de <strong>em</strong> construção fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> <strong>em</strong> parâmetros qualitativos, os quais elaboram<br />

uma nova forma de fazer pesquisa. Basicamente, o intercessor exerceria uma função<br />

simbólica que contribuiria para a suspensão de certos senti<strong>do</strong>s já sedimenta<strong>do</strong>s (neste<br />

caso no âmbito <strong>do</strong> Fórum Permanente de Saúde Mental <strong>da</strong> Região de <strong>Assis</strong>) para a<br />

criação de outros. Parte <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentação teórica <strong>da</strong> pesquisa propõe <strong>da</strong>r contorno aos<br />

mo<strong>do</strong>s de produção de subjetivi<strong>da</strong>de que estão <strong>em</strong> jogo, consideran<strong>do</strong>-se se nos<br />

referir<strong>em</strong>os ao conhecimento ou ao saber como articula<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s discursos produzi<strong>do</strong>s<br />

tanto na prática <strong>da</strong> Intercessão quanto na pesquisa propriamente dita. Essa é uma <strong>da</strong>s<br />

questões instiga<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong>s aulas de Meto<strong>do</strong>logia <strong>da</strong> Pesquisa <strong>em</strong> Psicologia, através<br />

<strong>da</strong> quais se sugeriu que <strong>em</strong>preendêss<strong>em</strong>os uma análise e releitura <strong>do</strong> texto elabora<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

coautoria pelo orienta<strong>do</strong>r de mestra<strong>do</strong> e um de seus orientan<strong>do</strong>s, publica<strong>do</strong> na coletânea<br />

de artigos relaciona<strong>do</strong>s à t<strong>em</strong>ática <strong>da</strong> disciplina. Nesta primeira etapa pretende-se<br />

revisitar mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de pesquisa que se pens<strong>em</strong> similares à proposta meto<strong>do</strong>lógica de<br />

Intercessão-pesquisa, assim como os fun<strong>da</strong>mentos teóricos <strong>do</strong>s quais esta se utiliza a<br />

fim de delimitar as diferenças e marcar a singulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Intercessão. Isto porque até o<br />

presente momento não é muito clara a diferenciação entre conceitos e práticas como as<br />

<strong>da</strong> intercessão e intervenção. Pensa-se que isso se deve à recenti<strong>da</strong>de <strong>da</strong> propositura. De<br />

ant<strong>em</strong>ão, o mais importante desta proposta não são os meios ou fins <strong>da</strong> pesquisa, senão<br />

o processo precursor dela, figura<strong>do</strong> no posicionamento <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, incluin<strong>do</strong> seu<br />

desejo e sua ética frente à probl<strong>em</strong>ática que elaborará. Não há propriamente uma<br />

investigação a ser feita, mas uma participação num determina<strong>do</strong> campo, <strong>em</strong> interação<br />

com os sujeitos que o constro<strong>em</strong> (e só assim é possível pensar o próprio campo). Essa<br />

inserção se alternará com reflexões que poderão interessar aos s<strong>em</strong>elhantes, mas que<br />

têm por implicação a transformação, a ativação de um movimento, <strong>do</strong> compromisso de<br />

questionamento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social. Especificamente, visa-se ativar esta dinâmica<br />

probl<strong>em</strong>atizan<strong>do</strong> o conceito de sujeito implica<strong>do</strong> neste âmbito, neste espaço de<br />

participação social, com vistas a fazer com que as falas retorn<strong>em</strong> aos falantes com<br />

possibili<strong>da</strong>de de reconstrução e reordenação de um dispositivo que se propõe<br />

descentraliza<strong>do</strong>r, d<strong>em</strong>ocrático e inclusivo de to<strong>do</strong>s os sujeitos envolvi<strong>do</strong>s na produção<br />

<strong>da</strong> Saúde Mental Coletiva. No processo que se segue credita-se tanto à pesquisa<strong>do</strong>ra<br />

quanto ao Fórum Permanente de Saúde Mental <strong>da</strong> Região de <strong>Assis</strong> o referente de<br />

intercessores, partin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s pressupostos éticos pelos quais se formaram. Contu<strong>do</strong>, à<br />

medi<strong>da</strong> que essa reflexão se desenvolva, poder<strong>em</strong>os expor os interditos para que tal<br />

aconteça.<br />

AÇÕES PARA REPENSAR A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA – UMA<br />

PROPOSTA DE EDUCAÇÃO LIBERTADORA<br />

Marina Coimbra Casadei – <strong>UNESP</strong>-<strong>Assis</strong><br />

Antonio Carlos Barbosa <strong>da</strong> Silva – <strong>UNESP</strong>-<strong>Assis</strong><br />

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O presente trabalho é o relato de experiência de um projeto apoia<strong>do</strong> pelo Pró-reitoria de<br />

extensão (PROEX) <strong>da</strong> Unesp, que teve por objetivo elaborar e aplicar oficinas<br />

psicope<strong>da</strong>gógicas junto a um grupo de alunos <strong>da</strong> rede publica <strong>do</strong> município de <strong>Assis</strong>-<br />

SP, com a clara intenção de suscitar reflexões acerca <strong>da</strong> situação educacional brasileira<br />

e <strong>da</strong> influência de probl<strong>em</strong>as sociais na aquisição <strong>do</strong> saber na era cont<strong>em</strong>porânea. A<br />

escola atualmente continua sen<strong>do</strong> uma instituição conserva<strong>do</strong>ra, presa aos moldes<br />

rígi<strong>do</strong>s <strong>da</strong> moderni<strong>da</strong>de e utiliza um méto<strong>do</strong> de educação bancária, na qual o aluno é o<br />

depositário de informações e conteú<strong>do</strong>s, muitas vezes desconexos <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de. A partir<br />

<strong>da</strong> proposta <strong>da</strong> educação liberta<strong>do</strong>ra procuramos compreender e romper com a violência<br />

que ocorre no ensino hoje. A pe<strong>da</strong>gogia liberta<strong>do</strong>ra almeja o surgimento de uma<br />

educação conscientiza<strong>do</strong>ra (que significa entender o fato <strong>em</strong> sua completude e agir com<br />

critici<strong>da</strong>de), que possibilite ao aluno uma visão crítica <strong>do</strong>s <strong>em</strong>aranha<strong>do</strong>s históricos,<br />

sociais e culturais que envolv<strong>em</strong> sua vi<strong>da</strong> – fator que o favoreça ser agente participativo<br />

de sua própria historia. A prática <strong>da</strong> educação liberta<strong>do</strong>ra pode perpassar por to<strong>da</strong>s as<br />

esferas escolares, pois se dá através <strong>do</strong> diálogo, estabeleci<strong>da</strong> entre o professor e o aluno,<br />

horizontalmente. O material utiliza<strong>do</strong> pelo educa<strong>do</strong>r deve ter coerência com o cotidiano<br />

<strong>do</strong> educan<strong>do</strong>, desta maneira há necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r se inserir na comuni<strong>da</strong>de na<br />

qual esta sen<strong>do</strong> pratica<strong>da</strong> a educação a fim de compreender a cultura ali prega<strong>da</strong>. Em<br />

nossas intervenções (oficinas psicope<strong>da</strong>gógicas s<strong>em</strong><strong>anais</strong> que evidenciavam a<br />

importância <strong>da</strong> reflexão acerca <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as sociais e escolares) procuramos romper<br />

com o caráter aliena<strong>do</strong>r <strong>da</strong> educação, compactuamos com o ser pensante que há <strong>em</strong> ca<strong>da</strong><br />

aluno e evidenciamos a capaci<strong>da</strong>de de transformação de ca<strong>da</strong> sujeito. A partir de nossas<br />

oficinas pud<strong>em</strong>os perceber que os alunos começaram a olhar a educação de forma mais<br />

crítica e a utilizaram como ferramenta para a transformação social e não como meros<br />

el<strong>em</strong>entos para a<strong>da</strong>ptação social, e mais, conseguiram atribuir um significa<strong>do</strong> a<br />

educação, o que antes muitos deles não tinham defini<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> escola. Dessa<br />

forma, tiv<strong>em</strong>os a clareza de que esses tipos de ações são essenciais para questionar os<br />

discursos de poder, controle e liquidez que <strong>do</strong>minam a educação cont<strong>em</strong>porânea.<br />

RELAÇÃO INDIVÍDUO E ORGANIZAÇÃO ESTRATÉGICA: UM ESTUDO<br />

PSICOSSOCIOLÓGICO<br />

Marita Pereira Penariol – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Francisco Hashimoto – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

(Bolsa PIBIC/CNPq)<br />

O mun<strong>do</strong> cont<strong>em</strong>porâneo t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> marca<strong>do</strong> pelo desenvolvimento tecnológico,<br />

mu<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a concepção de t<strong>em</strong>po e espaço. Nesse senti<strong>do</strong>, a organização sofre alterações<br />

significativas no seu processo de gestão. O que impera, portanto, são as organizações<br />

estratégicas que priorizam o planejamento a curto prazo, a busca de conhecimento<br />

permanente e criam indivíduos joga<strong>do</strong>res – aqueles que estão determina<strong>do</strong>s a vencer, a<br />

ter sucesso, mesmo <strong>em</strong> situações mais complexas (ENRIQUEZ, 1997). A relação entre<br />

o hom<strong>em</strong> e o modelo de produção faz com que o indivíduo se ligue à organização de<br />

diferentes formas. Pagés e outros autores (1993) mencionam que o indivíduo liga-se à<br />

organização tanto por vantagens econômicas, satisfações ideológicas, laços materiais e<br />

morais quanto por laços psicológicos. O objetivo geral desse trabalho consiste <strong>em</strong><br />

compreender como se estabelece a relação entre o indivíduo e as organizações<br />

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estratégicas. Compreender ain<strong>da</strong>, como se dá a ruptura dessa relação e as consequências<br />

desse processo para o indivíduo. Especificamente, pretende-se contextualizar as<br />

organizações estratégicas, focan<strong>do</strong> as questões <strong>da</strong> relação indivíduo-organização. Além<br />

de compreender como se estabelece a relação <strong>do</strong> indivíduo com a organização,<br />

consideran<strong>do</strong> o processo de projeção, identificação e introjeção. Por último, analisar o<br />

processo de ruptura <strong>do</strong> indivíduo e as consequências desse processo. Este estu<strong>do</strong><br />

fun<strong>da</strong>menta-se na psicossociologia que considera o indivíduo s<strong>em</strong>pre relaciona<strong>do</strong> ao<br />

coletivo, ao afetivo e institucional, aos processos inconscientes e sociais para a<br />

compreensão <strong>da</strong>s relações de trabalho no mun<strong>do</strong> cont<strong>em</strong>porâneo. Desta forma, busca-se<br />

analisar as relações <strong>do</strong> indivíduo com o social nas suas dimensões <strong>em</strong>ocionais,<br />

subjetivas e inconscientes e o psiquismo, modela<strong>do</strong> pela cultura, língua e pela<br />

socie<strong>da</strong>de. Considera o sujeito e a sua historici<strong>da</strong>de, as suas capaci<strong>da</strong>des e resistências<br />

que levam os indivíduos e os grupos a produzir<strong>em</strong> a sua história, e a procurar<strong>em</strong><br />

transformar o mun<strong>do</strong> e ain<strong>da</strong>, provocar<strong>em</strong> mu<strong>da</strong>nças neles mesmos (GAULEJAC, 2001,<br />

p.37). É um estu<strong>do</strong> teórico reflexivo, a partir de autores <strong>da</strong> Psicanálise e Sociologia<br />

(Psicossociologia) que pretende contribuir para a compreensão <strong>da</strong>s relações de trabalho<br />

no cont<strong>em</strong>porâneo e saúde mental <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r. Ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que o trabalho é um<br />

meio de inserção profissional, social e pessoal que contribui para a produção de<br />

subjetivi<strong>da</strong>de, o desligamento <strong>do</strong> indivíduo <strong>em</strong> relação à organização não significa<br />

apenas a per<strong>da</strong> <strong>do</strong> <strong>em</strong>prego, mas de to<strong>da</strong> uma história construí<strong>da</strong> nesse ambiente.<br />

Constata-se a relevância <strong>do</strong> trabalho para a produção de subjetivi<strong>da</strong>de, identificação<br />

com a organização estratégica, b<strong>em</strong> como a construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de pessoal e social.<br />

No entanto, a ruptura dessa relação e a per<strong>da</strong> <strong>do</strong> trabalho pod<strong>em</strong> significar a per<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

própria história <strong>do</strong> sujeito.<br />

HUMOR DEBOCHADO/CRÍTICO NÃO TEM VEZ: O CASO FALHA X<br />

FOLHA<br />

Mateus Pranzetti Paul Gru<strong>da</strong> – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Na atuali<strong>da</strong>de, notamos um fenômeno muito curioso com relação aos discursos<br />

humorísticos. Mesmo estan<strong>do</strong> imersos <strong>em</strong> uma Socie<strong>da</strong>de Humorística – como cunhou<br />

Gilles Lipovetsky <strong>em</strong> “A Era <strong>do</strong> Vazio” – completamente permea<strong>da</strong> pelo discurso <strong>do</strong><br />

humor <strong>em</strong> suas mais diversas instâncias sociais e discursivas (mo<strong>da</strong>, publici<strong>da</strong>de,<br />

cobertura jornalística, meio político, dentre tantas outras), perceb<strong>em</strong>os um<br />

recrudescimento e patrulhamento a certas manifestações humorísticas. Assim, v<strong>em</strong>os<br />

que somente o humorismo de viés inofensivo, leve e meramente entretenimento é aceito<br />

e, de fato, compõe a Socie<strong>da</strong>de Humorística pontua<strong>da</strong> por Lipovetsky, pois qualquer<br />

outro tipo de humor, calca<strong>do</strong> na crítica, na acidez, dentre outras características – e,<br />

gostamos de salientar ve<strong>em</strong>ent<strong>em</strong>ente, que estas são extr<strong>em</strong>amente constituintes deste<br />

gênero <strong>da</strong> linguag<strong>em</strong>, como é perceptível ao recorrermos à história desta expressão <strong>da</strong><br />

linguag<strong>em</strong> – é rechaça<strong>do</strong>, condena<strong>do</strong> e até mesmo motiva coerções físicas e jurídicas<br />

àqueles que se utilizam deste, por assim dizer, tipo de humor. A partir <strong>do</strong> que<br />

colocamos, chamamos atenção para um caso que julgamos ilustrativo de nossas<br />

pontuações. Tal fato ocorreu <strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s de set<strong>em</strong>bro de 2010, na época <strong>da</strong> eleição<br />

presidencial brasileira, quan<strong>do</strong> os irmãos Lino e Mario Bocchini criaram um blog<br />

parodian<strong>do</strong> e satirizan<strong>do</strong> o jornal Folha de S. Paulo e sua cobertura dita imparcial <strong>do</strong><br />

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pleito. Ao sítio virtual, os Bocchini deram o nome de Falha de S. Paulo. Em menos de<br />

um mês no ar, os Lino e Mario foram notifica<strong>do</strong>s judicialmente pelo periódico alvo,<br />

sen<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong>s a retirar imediatamente o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> sítio <strong>da</strong> web, sob pena de multa<br />

diária equivalente a R$ 10.000 (valor considera<strong>do</strong> exorbitante pelo juiz, o qual diminuiu<br />

a quantia para R$ 1.000). Além de responder<strong>em</strong> a um processo movi<strong>do</strong> pelo grupo<br />

Folha, o qual alega uso indevi<strong>do</strong> de sua marca e exige <strong>da</strong> dupla uma indenização <strong>em</strong><br />

dinheiro.<br />

UM ESTUDO SOBRE A PRESCRIÇÃO DE PSICOFÁRMACOS NA<br />

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO DO SUDOESTE<br />

PAULISTA<br />

Nívea Maria Oiti Florêncio Kaumagae – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Júlia de Castro Campos – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Eloá Ulliam – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Daniele de Andrade Ferrazza – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Cristina Amélia Luzio – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

O presente trabalho apresenta uma discussão sobre o processo de medicalização <strong>do</strong><br />

social, aqui, concebi<strong>do</strong> como o movimento de tornar médico tu<strong>do</strong> aquilo que pode<br />

perfeitamente ser entendi<strong>do</strong> como <strong>da</strong> ord<strong>em</strong> <strong>do</strong> social, <strong>do</strong> político, <strong>do</strong> cultural, <strong>do</strong><br />

existencial (AMARANTE, 2007). A idéia <strong>da</strong> medicalização surgiu a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de<br />

1960, com autores como Illich, Foucault e Freidson que lançaram um olhar crítico para a<br />

corporação médica, critican<strong>do</strong> na metade <strong>do</strong> século XX, o avanço <strong>da</strong> medicina <strong>em</strong> relação<br />

aos novos exames de diagnósticos, as novas classes de medicamentos e as novas técnicas<br />

cirúrgicas, aspectos que foram decisivos para que a medicina se infiltrasse no dia-a-dia<br />

<strong>da</strong>s pessoas. O atual sist<strong>em</strong>a de saúde SUS, propõe a concepção de um sujeito múltiplo,<br />

que deve ser assisti<strong>do</strong> por uma equipe interdisciplinar com atuação transdisciplinar.<br />

Entretanto, apesar desses princípios e propostas que visam estratégias mais atentas as<br />

especifici<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s sujeitos atendi<strong>do</strong>s nesses serviços, constata-se na atuali<strong>da</strong>de a ênfase<br />

pela prescrição generaliza<strong>da</strong> de psicofármacos. A presente pesquisa teve como objetivo<br />

estu<strong>da</strong>r o atendimento referente a questões relaciona<strong>da</strong>s à Saúde Mental, com atenção<br />

especial as prescrições de psicofármacos, <strong>em</strong> algumas uni<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Estratégia <strong>da</strong> Saúde <strong>da</strong><br />

Família de uma ci<strong>da</strong>de de médio porte <strong>do</strong> su<strong>do</strong>este paulista. Esta pesquisa foi realiza<strong>da</strong>,<br />

por meio <strong>do</strong> exame de registros de prontuários de três Uni<strong>da</strong>des de Saúde <strong>da</strong> Família que<br />

compõ<strong>em</strong> a Rede Pública de Saúde <strong>do</strong> município. Os prontuários foram escolhi<strong>do</strong>s<br />

aleatoriamente, dentro de uma lista de pessoas que já faz<strong>em</strong> uso de psicotrópicos. Foram<br />

analisa<strong>do</strong>s, até o presente momento, 30 prontuários de famílias ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s na ESF,<br />

totalizan<strong>do</strong> 148 pessoas entre adultos e crianças. Dentre os pacientes que apresentaram<br />

que<strong>ix</strong>a <strong>em</strong> saúde mental, apenas 50% obteve diagnóstico e quase to<strong>do</strong>s (85%) receberam<br />

prescrição de psicofármacos. Apesar <strong>da</strong> ausência de que<strong>ix</strong>a específica no âmbito <strong>da</strong> saúde<br />

mental, a maioria <strong>do</strong>s usuários acaba quase s<strong>em</strong>pre medica<strong>da</strong>, principalmente com<br />

ansiolíticos, ten<strong>do</strong> como grande destaque o medicamento de nome comercial<br />

“Diazepam”. Além <strong>do</strong>s ansiolíticos, outros medicamentos muito prescritos foram os<br />

antiepilépticos e os antidepressivos, cujos nomes comerciais mais encontra<strong>do</strong>s foram:<br />

Rivotril, Carbamazepina e Fluoxetina. A principal especiali<strong>da</strong>de médica prescritora é o<br />

próprio clínico geral que atua nas Uni<strong>da</strong>des de Saúde <strong>da</strong> Família. Com isso, percebe-se<br />

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que <strong>em</strong> nenhum momento foi investiga<strong>da</strong> a etiologia <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença, sen<strong>do</strong> possível que <strong>em</strong><br />

alguns casos sequer haja uma <strong>do</strong>ença propriamente dita. Fato que mostra que o único<br />

tratamento pratica<strong>do</strong> entre os médicos, salvo raras exceções, seja apenas a prescrição de<br />

medicamentos psicofarmacológicos. Pode-se concluir também que nenhum paciente teve<br />

alta <strong>do</strong> tratamento medicamentoso – a não aqueles que aban<strong>do</strong>naram o tratamento-,<br />

perpetuan<strong>do</strong> por to<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> indivíduo, tornan<strong>do</strong>-o dependente <strong>do</strong> medicamento e,<br />

consequent<strong>em</strong>ente, de seus efeitos colaterais que, posteriormente, também poderão ser<br />

medica<strong>do</strong>s, levan<strong>do</strong> os indivíduos a uma crescente "bola de neve" de dependência<br />

química e psicológica, num processo de total diminuição <strong>da</strong> autonomia desses sujeitos.<br />

O PERFIL DO ALUNO DA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL DE ASSIS-SP<br />

Paulo Tadeu Motta – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Existe uma procura crescente pelas vagas ofereci<strong>da</strong>s pelos cursos técnicos. As<br />

matrículas cresceram para além <strong>do</strong>s 70%, entre 2002 e 2010. Em 2002 o número de<br />

matricula<strong>do</strong>s na educação profissional era de 650 mil alunos. Em 2010, esse número<br />

chegava a mais de 1,1 milhão. Tornou-se fun<strong>da</strong>mental voltarmos o olhar para tal<br />

segmento educacional, pois, as mu<strong>da</strong>nças no merca<strong>do</strong> de trabalho formal, alia<strong>do</strong> a<br />

promulgação <strong>da</strong> Lei nº 11.741, que desvincula o Ensino Médio <strong>da</strong> Educação<br />

Profissional, forçou-nos a compreender uma população diferencia<strong>da</strong>, que hoje se<br />

encontra nos bancos escolares <strong>da</strong> Educação Profissional. Após a aplicação de<br />

questionários e <strong>da</strong> utilização <strong>do</strong> critério socioeconômico <strong>da</strong> ABIPEME (Associação<br />

Brasileira de Institutos de Pesquisa de Merca<strong>do</strong>) o perfil <strong>do</strong> aluno que está matricula<strong>do</strong><br />

nos diversos cursos <strong>da</strong> Escola Técnica Estadual Pedro D’Arcádia Neto, <strong>em</strong> <strong>Assis</strong>, é o de<br />

uma população com uma pequena superiori<strong>da</strong>de numérica f<strong>em</strong>inina, nasci<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> sua<br />

maioria, na ci<strong>da</strong>de de <strong>Assis</strong>, com i<strong>da</strong>de média <strong>em</strong> torno de 24 anos, que estu<strong>da</strong>m no<br />

perío<strong>do</strong> noturno, são solteiros, s<strong>em</strong> filhos, moram com os pais, muito interessa<strong>do</strong>s nas<br />

novas tecnologias, trabalham, não freqüentam a biblioteca, são oriun<strong>do</strong>s de escola<br />

pública, apresentam objetivos claros e esperam uma boa formação volta<strong>da</strong> para o<br />

merca<strong>do</strong> de trabalho, pretend<strong>em</strong>, <strong>em</strong> curto prazo, trabalhar e continuar estu<strong>do</strong>s<br />

universitários; entend<strong>em</strong> que a Internet, os amigos e a televisão atend<strong>em</strong> suas<br />

necessi<strong>da</strong>des de lazer e depend<strong>em</strong> financeiramente <strong>do</strong>s pais, que por sua vez,<br />

apresentam o Ensino Médio completo e trabalham, <strong>em</strong> sua maioria, na área de serviços.<br />

Os respondentes caracterizam-se por pertencer<strong>em</strong> às classes socioeconômicas B e C.<br />

O DISPOSITIVO INTERCESSOR E O CONTEXTO DAS PRÁTICAS<br />

EDUCATIVAS EM SAÚDE<br />

Paula Ione <strong>da</strong> Costa Quinterno Fiochi – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Abílio <strong>da</strong> Costa-Rosa – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A partir <strong>do</strong> surgimento <strong>da</strong> Política Nacional de Educação Permanente <strong>em</strong> Saúde <strong>em</strong><br />

2005, investimentos governamentais têm si<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> esta<strong>do</strong>s e municípios para a<br />

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concretização desta política. Para isso foi necessário articulações e mobilização de<br />

profissionais e gestores <strong>da</strong> Saúde. Enquanto uma prática educativa no campo <strong>da</strong> saúde<br />

estes trabalhos visam uma modificação <strong>da</strong> lógica <strong>do</strong>minante quanto à hierarquia de<br />

saberes, ao lugar <strong>do</strong>s sujeitos, à relação médico-paciente, à participação popular, entre<br />

outros. Inseri<strong>do</strong>s <strong>em</strong> tais contextos constatamos as dificul<strong>da</strong>des de se modificar os<br />

paradigmas vigentes desde o profissional forma<strong>do</strong>r, passan<strong>do</strong> pelo profissional forma<strong>do</strong><br />

até a população atendi<strong>da</strong> nos serviços. Em momento posterior a essa experiência,<br />

pretend<strong>em</strong>os nos inserir de outra forma, não mais como facilita<strong>do</strong>r de Educação<br />

Permanente, mas como intercessor. Nesse senti<strong>do</strong>, por meio <strong>do</strong> dispositivo intercessor,<br />

nossa inserção neste campo terá no horizonte a proposta de uma intercessão nessas<br />

relações, pauta<strong>do</strong>s nos referenciais <strong>do</strong> próprio dispositivo (Costa-Rosa, 2008) e nos de<br />

nossa formação, a saber, a perspectiva <strong>da</strong> psicanálise de J. Lacan. A partir de Um lugar,<br />

pretend<strong>em</strong>os operar com o dispositivo e posteriormente no lugar de sujeito no Discurso<br />

<strong>da</strong> Histérica questionar e produzir algum saber sobre a práxis na Universi<strong>da</strong>de. Nosso<br />

campo de intercessão será o campo <strong>da</strong>s equipes <strong>da</strong> Atenção Básica <strong>em</strong> Saúde. Por hora,<br />

iniciamos nossas reflexões sobre os processos educativos na saúde, no que se refere à<br />

concepção de sujeito nessas práticas; aos universais <strong>da</strong> saúde, como integrali<strong>da</strong>de e<br />

equi<strong>da</strong>de; ao saber-to<strong>do</strong> <strong>da</strong>s práticas educativas; à noção de completude desses saberes e<br />

ao sintoma Educação/Saúde para to<strong>do</strong>s.<br />

AS VICISSITUDES DA SUBJETIVIDADE REVELADAS NO MITO DE DON<br />

JUAN<br />

Paulo Victor Bezerra – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

José Sterza Justo – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

A história de Don Juan compõe o panteão <strong>do</strong>s mitos Modernos ao la<strong>do</strong> de figuras como<br />

Fausto, Don Qu<strong>ix</strong>ote e Hamelet. Sua execução no teatro <strong>da</strong>ta de 1630 sob o título El<br />

Burla<strong>do</strong>r de Sevilla y Convi<strong>da</strong><strong>do</strong> de Piedra, assina<strong>da</strong> por Tirso de Molina. Desde suas<br />

primeiras montagens o enre<strong>do</strong> <strong>encontro</strong>u ressonância no imaginário coletivo de mo<strong>do</strong><br />

tal a se tornar amplamente referencia<strong>do</strong> e frequent<strong>em</strong>ente rea<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> por grandes<br />

expoentes <strong>da</strong> arte como Molière, Mozart, Lord Byron e José Saramago. O objetivo<br />

desse trabalho é analisar o mito de Don Juan tal como ele se expressa <strong>em</strong> obras literárias<br />

e cin<strong>em</strong>atográficas, identifican<strong>do</strong> as expressões <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de e suas transformações<br />

ao longo desses 400 anos. Para analisar tais representações, utilizamos como referência<br />

meto<strong>do</strong>lógica a Análise de Conteú<strong>do</strong>. As a<strong>da</strong>ptações <strong>do</strong> plot conservaram o mito vívi<strong>do</strong><br />

e pulsante na medi<strong>da</strong> <strong>em</strong> atualizam as instituições sociais de acor<strong>do</strong> com seus contextos,<br />

manten<strong>do</strong>, porém, a conflitiva principal: a relação insurgente <strong>do</strong> Indivíduo para com as<br />

instituições de controle e administração moral <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Essa ‘conflitiva principal’,<br />

não por acaso, representa o conflito <strong>do</strong> Indivíduo com sua socie<strong>da</strong>de; o conflito entre o<br />

Desejo e a Lei. Conflito esse que, no mito, é s<strong>em</strong>pre media<strong>do</strong> pela sexuali<strong>da</strong>de<br />

trapaceira ou excedi<strong>da</strong>. Num primeiro momento Don Juan apresenta-se como o conflito<br />

entre a realização individual e a religião católica, ou poderíamos dizer, entre o mau uso<br />

<strong>do</strong> livre-arbítrio e suas consequências nefastas para a alma. Uma revisão detalha<strong>da</strong><br />

desse contexto revelou que o mito surgiu como um dispositivo <strong>da</strong> Contra-Reforma para<br />

combater o individualismo e a crise de valores que se irrompeu com a falência <strong>do</strong>s<br />

ideais Renascentistas. Com o passar <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po e o advento <strong>da</strong> Moderni<strong>da</strong>de, Don Juan<br />

encarna uma luta política para com o Projeto racionaliza<strong>do</strong>r e o uso <strong>da</strong> violência para a<br />

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<strong>em</strong>ancipação. Deslocan<strong>do</strong> o conflito <strong>do</strong> terreno <strong>da</strong> religião para as instituições sociais<br />

<strong>em</strong>ergentes. Em 1973, curtin<strong>do</strong> o lega<strong>do</strong> <strong>da</strong> revolução f<strong>em</strong>inista, Don Juan mantém seu<br />

viés político ao vir à tona como uma mulher sedutora e insaciável, interpreta<strong>da</strong> por<br />

Brigitte Bar<strong>do</strong>t. Em 1995 o enre<strong>do</strong> é a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> por Hollywood, colocan<strong>do</strong> o mito <strong>em</strong> dia<br />

com o vazio existencial <strong>da</strong> cultura <strong>do</strong> consumo e suas (des)ilusões. Os conflitos porém<br />

são resolvi<strong>do</strong>s com internação manicomial, análise e psicotrópicos. Já <strong>em</strong> 2005 o plot é<br />

revisto e amplia<strong>do</strong> por José Saramago, que lhe imprime, através <strong>da</strong> falência <strong>do</strong> inferno<br />

como instância punitiva, as características <strong>do</strong> sujeito atual. Além de questionar e<br />

ridicularizar os resíduos <strong>da</strong> igreja Católica, Don Juan encena a falência <strong>da</strong> honra<br />

masculina e a santi<strong>da</strong>de f<strong>em</strong>inina, <strong>em</strong> uma atmosfera de mal-estar psicológico e de<br />

conflito existencial <strong>do</strong> próprio mito. S<strong>em</strong> a pretensão de esgotar o assunto, esta<br />

dissertação de mestra<strong>do</strong> revela as transformações <strong>do</strong> sujeito <strong>em</strong> suas relações com as<br />

instâncias legislativas e punitivas que as diversas atualizações <strong>do</strong> mito de Don Juan<br />

reflet<strong>em</strong>.<br />

POR UMA VIDA MENOS ORDINÁRIA: A ARTE COMO MODO DE<br />

SUBJETIVAÇÃO AFEITO AO DEVIR E A INVENTIVIDADE<br />

Roberta Stubs Parpinelli – UEM, <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Fernan<strong>do</strong> Silva Te<strong>ix</strong>eira Filho – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Traçan<strong>do</strong> aproximações entre arte, vi<strong>da</strong> e <strong>psicologia</strong>, e acreditan<strong>do</strong> na pertinência de<br />

processos de subjetivação mais inventivos, investimos aqui no dispositivo arte enquanto<br />

um dispara<strong>do</strong>r de mo<strong>do</strong>s de subjetivação singularmente plurais, subjetivi<strong>da</strong>des teci<strong>da</strong>s<br />

de compostos traços finitos no qual o eu e o outro o são <strong>em</strong> diferença e uni<strong>da</strong>de. Num<br />

deslizamento <strong>da</strong>s margens que d<strong>em</strong>arcam o dentro/fora, bonito/feio, bom/mal, etc., a<br />

arte alcança um deslocamento de percepções e afecções habituais, destituin<strong>do</strong> um<br />

território acostuma<strong>do</strong> e inauguran<strong>do</strong> um espaço a ser cria<strong>do</strong>. Atualmente, pode-se dizer<br />

que, a concepção de arte t<strong>em</strong>-se desloca<strong>do</strong> para o próprio processo de criação. Um<br />

deslocamento de atenção que enfatiza não a obra acaba<strong>da</strong>, mas a relação de senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

artista com sua obra, aquém e além de um resulta<strong>do</strong> final. Segun<strong>do</strong> Rolnik (2002) fica<br />

explicito que a “[...] arte é uma prática de probl<strong>em</strong>atização: decifração de signos,<br />

produção de senti<strong>do</strong>, criação de mun<strong>do</strong>s [...]”, não se reduzin<strong>do</strong> ao objeto resulta<strong>do</strong><br />

dessa prática, mas voltan<strong>do</strong>-se a prática como um to<strong>do</strong>: “[...] prática estética que abraça<br />

a vi<strong>da</strong> como potência de criação <strong>em</strong> diferentes meios onde ela opera”. Neste contexto,<br />

Bourriaud (2009) introduz o termo estética relacional ao afirmar que hoje “a prática<br />

artística aparece como um campo fértil de experimentações sociais, como um espaço<br />

parcialmente poupa<strong>do</strong> à uniformização <strong>do</strong>s comportamentos(13)”, esboçan<strong>do</strong> portanto<br />

várias utopias de proximi<strong>da</strong>de, de recuperação de elos relacionais investi<strong>do</strong>s de senti<strong>do</strong>.<br />

Em oposição inventiva aos dispositivos normativos e de controle que decompõ<strong>em</strong> o<br />

vínculo social, “a ativi<strong>da</strong>de artística, por sua vez, tenta efetuar ligações modestas, abrir<br />

algumas passagens obstruí<strong>da</strong>s, pôr <strong>em</strong> contato níveis de reali<strong>da</strong>des aparta<strong>do</strong>s.(p.11)”.<br />

Assim, a dimensão relacional é uma questão candente <strong>da</strong> arte atual, ten<strong>do</strong> como objeto<br />

estético <strong>em</strong> si as relações hom<strong>em</strong>-mun<strong>do</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, ter a relação como objeto<br />

estético pressupõe também a criação destas relações, que acaba por ganhar vi<strong>da</strong> na<br />

imprevisibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>encontro</strong>. Numa espécie de co-autoria os sujeitos “comuns” se<br />

experienciam enquanto estetas e experimentam um mo<strong>do</strong> de subjetivação inventivo,<br />

43


destituin<strong>do</strong> a ideia de que o criar é proprie<strong>da</strong>de exclusiva <strong>do</strong> artista e integran<strong>do</strong> a<br />

inventivi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> sua dinâmica relacional. A arte torna-se suporte de experiências e<br />

acaba por restituir o mun<strong>do</strong> como experiência a ser vivi<strong>da</strong> ao explorar e criar “espaçost<strong>em</strong>pos<br />

relacionais, experiências inter-humanas que tentam se libertar [...] onde se<br />

elaboram sociali<strong>da</strong>des alternativas [...] um interstício social no qual são possíveis<br />

experiências e novas ‘possibili<strong>da</strong>des de vi<strong>da</strong>’” (BOURRIAUD, 2009, p. 62). Numa<br />

perspectiva crítico-inventiva a relação arte e vi<strong>da</strong>, mais <strong>do</strong> que pôr <strong>em</strong> cheque a esfera<br />

autônoma <strong>da</strong> arte, probl<strong>em</strong>atiza e faz vibrar sua relação com a esfera não autônoma <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> (GIL, 2005), probl<strong>em</strong>atizan<strong>do</strong> a produção de subjetivi<strong>da</strong>des assujeita<strong>da</strong>s, pouco<br />

íntimas de uma relação inventiva enquanto produção de si e de mun<strong>do</strong>s.<br />

Probl<strong>em</strong>atização que convi<strong>da</strong> a produção, que procede por diferenciação e favorece a<br />

criação e o devir, colocan<strong>do</strong> também a subjetivi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> obra. Falamos pois de uma<br />

“subjetivi<strong>da</strong>de estética” (Rolnik, 2002), menos liga<strong>da</strong> a uma concepção essencialista e<br />

estática de subjetivi<strong>da</strong>de e mais implica<strong>da</strong> com o processo de criação e transformação<br />

<strong>da</strong> própria existência. Referências: BOURRIAUD, Nicolas. Estética Relacional. São<br />

Paulo: Martins Fontes, 2009. GIL, José. Escrito sobre arte e artistas. Lisboa: Relógio<br />

D'Água Editores, 2005. ROLNIK, Suely. Subjetivi<strong>da</strong>de <strong>em</strong> obra. Lygia Clark, artista<br />

cont<strong>em</strong>porânea. In: Bartucci, Giovanna (org). Psicanálise, Arte e Estéticas de<br />

subjetivação, Imago, 2002.<br />

DA CLINICA PARTICULAR A CLINICA SOCIAL: AS CONQUISTAS E<br />

DIFICULDADES DO PROJETO DE GERAÇÃO DE RENDA “CLÍNICA E<br />

CIDADANIA EM CONTEXTO SOCIAL DESFAVORÁVEL”<br />

Rosana Maria Schwerz – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Roberto Yutaka Sagawa – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Pensan<strong>do</strong> na ampliação <strong>do</strong> alcance <strong>da</strong> <strong>psicologia</strong> clinica para além <strong>do</strong>s modelos clínicos<br />

tradicionais e de consultório, buscan<strong>do</strong> atingir novas formas de promoção de saúde<br />

mental, ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, e auxiliar na geração de ren<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias <strong>em</strong> carência econômica e<br />

social, alian<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> as ideias <strong>da</strong> economia soli<strong>da</strong>ria e <strong>da</strong> psicanalise o artigo visa<br />

discutir o desenvolvimento e os <strong>em</strong>pecilhos encontra<strong>do</strong>s no projeto “Clínica e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />

<strong>em</strong> contexto social desfavorável” desenvolvi<strong>do</strong> na ci<strong>da</strong>de de <strong>Assis</strong> desde o ano de 2005<br />

e coordena<strong>do</strong> pelo Prof. Dr. Roberto Yutaka Sagawa. O projeto surgiu no ano de 2005 a<br />

partir <strong>do</strong> núcleo de estagio curricular “psicoterapia psicanalítica e saúde mental<br />

coletiva”, sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> inicialmente no CAPSA – Circulo <strong>do</strong>s amigos <strong>do</strong>s pobres<br />

<strong>do</strong> Pão de Santo Antônio, localiza<strong>do</strong> na Vila Operaria <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de <strong>Assis</strong> e<br />

posteriormente no CRAS – Centro de Referencia <strong>da</strong> Atenção Social, localiza<strong>do</strong> no<br />

Jardim Paraná. A d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> inicial era para pronto atendimento ten<strong>do</strong> como objetivo<br />

auxiliar os usuários a pensar<strong>em</strong> na sua condição social e <strong>em</strong>ocional, por<strong>em</strong> no decorrer<br />

<strong>do</strong>s atendimentos percebeu-se que havia outras d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s como a geração de ren<strong>da</strong> e<br />

conquista de autonomia <strong>do</strong>s usuários, e a partir disso foram implanta<strong>do</strong>s projetos como<br />

Horta Comunitária, Grupo de artesanato, fabricação de amaciante, sabão, etc., visan<strong>do</strong><br />

abarcar o máximo possível às necessi<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s usuários <strong>do</strong> CAPSA, <strong>do</strong> CRAS e <strong>da</strong><br />

população <strong>em</strong> geral. Por<strong>em</strong>, ao longo desses anos o projeto não prosperou como<br />

deseja<strong>do</strong>, muitas dificul<strong>da</strong>des surgiram principalmente relaciona<strong>da</strong>s à descontinui<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> grupo e desinteresse <strong>do</strong>s participantes, e isso permitiu levantar algumas questões<br />

44


eferentes ao planejamento e execução desses projetos e a forma de viver <strong>do</strong>s indivíduos<br />

atualmente. Debaten<strong>do</strong> tanto pontos positivos quanto negativos e dialogan<strong>do</strong> com<br />

relatos de outros projetos de geração de ren<strong>da</strong>, busca-se questionar a pratica desses<br />

projetos, e utilizan<strong>do</strong> a <strong>psicologia</strong> e as aberturas propostas pela psicanalise pensar <strong>em</strong><br />

meios de sair <strong>do</strong> consultório e <strong>do</strong> atendimento individual e trabalhar com sujeito e a<br />

economia, ou seja, individual e social rompen<strong>do</strong> com essa visão presente <strong>em</strong> muitas<br />

cooperativas e projetos de que só é possível cui<strong>da</strong>r <strong>do</strong>s indivíduos se o social estiver<br />

favorável ou a partir <strong>da</strong> modificação <strong>do</strong> social.<br />

RE-CONHECENDO A PSICOLOGIA NOS ESTUDOS SOBRE<br />

HOMOSSEXUALIDADE E GÊNERO NA ÚLTIMA DÉCADA (2000 – 2010)<br />

Sandra Elena Sposito – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Sabe-se que há uma diversi<strong>da</strong>de de posições teóricas e epist<strong>em</strong>ológicas na <strong>psicologia</strong><br />

que apresentam modelos ou conceitos, muitas vezes contraditórios e opostos, que<br />

explicam a subjetivi<strong>da</strong>de humana. Nessa trama de abor<strong>da</strong>gens distintas que caracteriza a<br />

<strong>psicologia</strong> hoje, o espaço reserva<strong>do</strong> à homossexuali<strong>da</strong>de varia de acor<strong>do</strong> com o modelo<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo profissional, b<strong>em</strong> como suas concepções e práticas. Apesar <strong>da</strong> aparente<br />

diversi<strong>da</strong>de, pod<strong>em</strong>-se <strong>em</strong>preender análises que identificam aspectos filosóficosepist<strong>em</strong>ólogicos<br />

comuns às diferentes concepções teóricas, b<strong>em</strong> como aspectos<br />

ideológicos e ain<strong>da</strong> a perspectiva histórica que traz à tona as características que<br />

favoreceram a <strong>em</strong>ergência de conceitos e práticas situa<strong>da</strong>s num determina<strong>do</strong> momento<br />

<strong>da</strong> história <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Este conjunto de fatores, associa<strong>do</strong>s ao momento histórico<br />

impõ<strong>em</strong> valores éticos, sócio-ecônomicos e culturais aos constructos teóricos, além de<br />

<strong>da</strong>r visibili<strong>da</strong>de ao conjunto de forças e discursos que legitimam o conhecimento<br />

científico produzi<strong>do</strong> à época. Para compreender o que a <strong>psicologia</strong> t<strong>em</strong> na atuali<strong>da</strong>de<br />

contribuí<strong>do</strong> com a compreensão <strong>da</strong> homossexuali<strong>da</strong>de, e assim derivan<strong>do</strong> suas práticas<br />

cotidianas, é necessário acessar o arcabouço acadêmico que circunscreve a ciência<br />

psicológica e promover leituras acerca desse conhecimento científico, proporcionan<strong>do</strong><br />

reflexões e se necessário propor redirecionamentos <strong>da</strong> relação entre <strong>psicologia</strong> e<br />

sexuali<strong>da</strong>de. Posto isso, objetiva-se verificar a persistência ou permanência de<br />

paradigmas mais amplos, que extrapol<strong>em</strong> a análise por abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> e ain<strong>da</strong> observar a<br />

presença de novas linhas de pensamento e categorias conceituais que possam revelar<br />

avanços importantes que enfim represent<strong>em</strong> diferentes práticas profissionais. Neste<br />

contexto, é fun<strong>da</strong>mental marcar historicamente o momento <strong>da</strong> publicação <strong>da</strong> Resolução<br />

<strong>do</strong> Conselho Federal de Psicologia 01/99, oficializa<strong>da</strong> <strong>em</strong> março de 1999 que definiu<br />

que os profissionais <strong>da</strong> Psicologia não pod<strong>em</strong> tratar a homossexuali<strong>da</strong>de como <strong>do</strong>ença,<br />

desvio ou perversão, n<strong>em</strong> propor tratamentos de “cura” ou reversão. A partir desse<br />

marco cronológico, a proposta desta pesquisa é identificar, catalogar e analisar a<br />

produção acadêmica nos cursos de Pós-Graduação <strong>em</strong> Psicologia (dissertações e teses)<br />

com a t<strong>em</strong>ática <strong>da</strong> homossexuali<strong>da</strong>de, enfatizan<strong>do</strong> também a interface desses estu<strong>do</strong>s<br />

com a categoria gênero. Concomitante, realizar-se-á entrevistas com os principais<br />

representantes <strong>da</strong> Psicologia na discussão <strong>da</strong> homossexuali<strong>da</strong>de que contribuíram para a<br />

instauração e manutenção <strong>do</strong>s pressupostos formaliza<strong>do</strong>s na referi<strong>da</strong> Resolução CFP<br />

01/99. Desta forma, espera-se lançar luzes sobre o entendimento de como a Psicologia<br />

45


contribuiu para o desenvolvimento de uma postura de enfrentamento <strong>da</strong> patologização<br />

<strong>da</strong> homossexuali<strong>da</strong>de e quais as principais vertentes de discussão.<br />

DISPOSITIVO INTERCESSOR E URGÊNCIA SUBJETIVA: REFLEXÕES<br />

SOBRE A PRÁXIS CLÍNICA NO AMBULATÓRIO PÚBLICO<br />

Sarah Gobbo – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Abilio <strong>da</strong> Costa-Rosa – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Muitos avanços ocorreram no âmbito <strong>da</strong>s políticas públicas para o campo <strong>da</strong> Saúde<br />

Mental, entretanto, o desafio que nos cabe é analisar os efeitos que tais mu<strong>da</strong>nças estão<br />

possibilitan<strong>do</strong>, <strong>em</strong> termos de produção de saúde, aos sujeitos que d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>m<br />

tratamento. A questão <strong>do</strong> sofrimento psíquico e seus diferentes des<strong>do</strong>bramentos e<br />

probl<strong>em</strong>áticas na clínica cont<strong>em</strong>porânea têm si<strong>do</strong> concebi<strong>do</strong>s a partir de uma<br />

perspectiva que torna o sujeito um objeto de intervenções. Nesse senti<strong>do</strong> não<br />

de<strong>ix</strong>ar<strong>em</strong>os de refletir sobre o processo medicaliza<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s práticas psi, pois as que<strong>ix</strong>as<br />

que enunciam tanto a ineficácia como um consumo abusivo de psicofármacos são ca<strong>da</strong><br />

vez mais frequentes, tornan<strong>do</strong>-se motivo de preocupação <strong>em</strong> termos de saúde pública.<br />

Trata-se de uma discussão que, apesar de polêmica e de ressonâncias políticas, torna-se<br />

de fun<strong>da</strong>mental importância quan<strong>do</strong> se colocam <strong>em</strong> análise os efeitos terapêuticos e<br />

éticos <strong>da</strong>s ofertas de tratamento. Nosso questionamento parte de um trabalho no qual se<br />

pretende experimentar, no contexto de um ambulatório, a possibili<strong>da</strong>de de uma práxis<br />

clínica que se contraponha ao discurso medicaliza<strong>do</strong>r. Nosso intuito é operar a partir de<br />

uma oferta de escuta aos sujeitos que estejam fazen<strong>do</strong> tratamento exclusivo com<br />

psicofármacos. Trabalhar<strong>em</strong>os na perspectiva <strong>da</strong> Clínica <strong>da</strong> Urgência Subjetiva, um<br />

dispositivo clínico-institucional orienta<strong>do</strong> pela clínica psicanalítica que introduz a<br />

questão <strong>da</strong> urgência para além <strong>da</strong> perspectiva médica. Nas entrevistas procurar<strong>em</strong>os<br />

analisar até que ponto o tratamento estrutura<strong>do</strong> apenas pelos psicotrópicos contribui<br />

para a cronificação <strong>do</strong>s impasses psíquicos vivi<strong>do</strong>s pelos mesmos. Fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong>s nas<br />

atuais propostas políticas para o fortalecimento <strong>do</strong> SUS, acreditamos que apenas a<br />

articulação entre prática e conhecimento poderia nos orientar nesse horizonte. Para a<br />

reflexão deste trabalho utilizar<strong>em</strong>os o Dispositivo Intercessor como mo<strong>do</strong> de aproximar<br />

a práxis na saúde coletiva, a inserção no campo, e a produção de conhecimento na<br />

universi<strong>da</strong>de. Uma meto<strong>do</strong>logia que v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> discuti<strong>da</strong> no Laboratório<br />

Transdisciplinar de Intercessão-pesquisa <strong>em</strong> Processos de Subjetivação e<br />

“Subjetivi<strong>da</strong>dessaúde”, associa<strong>do</strong> ao Grupo de Pesquisa Saúde Mental e Saúde<br />

Coletiva. Seu propósito é questionar e transformar a contradição saúde-a<strong>do</strong>ecimento que<br />

se reflete nas práticas de Atenção <strong>em</strong> saúde mental; a a<strong>da</strong>ptação <strong>do</strong> individuo a<br />

reali<strong>da</strong>de, no caso <strong>do</strong> sofrimento psíquico; a divisão <strong>do</strong> trabalho e seu mo<strong>do</strong> de<br />

organização, tanto na formação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, quanto na produção <strong>do</strong><br />

conhecimento. Trata-se de conceber a produção de saber no próprio ato, ou seja, é<br />

através de sua implicação que o trabalha<strong>do</strong>r pode operar <strong>em</strong> diferentes contextos e<br />

probl<strong>em</strong>áticas. Sua entra<strong>da</strong> no campo de trabalho não significa, a priori, qualquer tipo<br />

de intervenção ou imposição. Como intercessor analisa constant<strong>em</strong>ente seu campo de<br />

atuação consideran<strong>do</strong>, principalmente, a produção de subjetivi<strong>da</strong>de presente neste, ou<br />

seja, que o processo de subjetivação se constitui na construção <strong>da</strong>s relações ou de uma<br />

prática terapêutica, na qual o sujeito que d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> a atenção está implica<strong>do</strong> na co-<br />

46


produção e gestão <strong>da</strong> saúde.<br />

A SOCIOEDUCAÇÃO COMO NOVA POSSIBILIDADE PARADIGMÁTICA<br />

NO CAMPO ASSISTENCIAL<br />

Silvio José Benelli – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Abílio <strong>da</strong> Costa-Rosa – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Tanto as idéias quanto as práticas <strong>da</strong> <strong>Assis</strong>tência Social e <strong>da</strong> política nacional para a<br />

criança e o a<strong>do</strong>lescente, consubstancia<strong>da</strong>s no Estatuto <strong>da</strong> Criança e <strong>do</strong><br />

A<strong>do</strong>lescente/ECA, têm si<strong>do</strong> associa<strong>da</strong>s ao termo “socioeducativo. Será que o termo<br />

“socioeducativo” poderia aspirar a se constituir/instituir como um conceito capaz de<br />

designar um paradigma realmente alternativo ao Paradigma Filantrópico que ain<strong>da</strong> seria<br />

heg<strong>em</strong>ônico no campo <strong>da</strong> <strong>Assis</strong>tência Social, no que se refere à atenção ofereci<strong>da</strong> à<br />

criança e ao a<strong>do</strong>lescente pobres Propomos que o termo “socioeducativo” poderia ser<br />

fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> numa perspectiva dialética, crítica e radical. A expressão<br />

“socioeducativo”, na acepção encontra<strong>da</strong> no campo social e nos <strong>do</strong>cumentos oficiais,<br />

significaria a instrumentalização de recursos pe<strong>da</strong>gógicos e educacionais de mo<strong>do</strong> a<br />

produzir efeitos psicológicos, morais e terapêuticos, visan<strong>do</strong> à adequação social de<br />

crianças e de a<strong>do</strong>lescentes pobres. Mas esse termo, toma<strong>do</strong> como conceito, poderia<br />

incluir a dimensão política e transforma<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social. Parece perfeitamente<br />

legítimo pleitearmos uma interpretação <strong>do</strong> “socioeducativo” como um conceito capaz de<br />

expressar um senti<strong>do</strong> mais condizente com os interesses <strong>do</strong>s atores sociais <strong>do</strong> polo<br />

subordina<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> a perspectiva política e politizante <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social. A Atenção<br />

Socioeducativa, configuran<strong>do</strong> um novo paradigma assistencial, teria como seu objetivo<br />

maior a viabilização de direitos para famílias e indivíduos, considera<strong>do</strong>s como ci<strong>da</strong>dãos<br />

e como sujeitos: a) no plano científico, o atendimento socioassistencial é basea<strong>do</strong> na<br />

concepção <strong>do</strong> sujeito como ci<strong>da</strong>dão de direitos, traduzi<strong>da</strong> pelos conceitos de defesa, de<br />

proteção integral, de controle social popular, de promoção e de transformação social. O<br />

sujeito é entendi<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> produtor e ao mesmo t<strong>em</strong>po uma produção coletiva e<br />

dialética <strong>do</strong> contexto social e suas d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s e necessi<strong>da</strong>des precisam ser acolhi<strong>da</strong>s a<br />

partir de uma compreensão sócio-histórica; b) no plano técnico, as atitudes eticamente<br />

situa<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s diversos profissionais inclu<strong>em</strong> a acolhi<strong>da</strong>, a escuta, a visita, o<br />

encaminhamento, o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação <strong>do</strong> processo de<br />

atendimento; c) no plano teórico-conceitual, a prática socioeducativa baseia-se <strong>em</strong><br />

múltiplas perspectivas: na Psicanálise <strong>do</strong> campo de Freud a Lacan, instrumentalizan<strong>do</strong>se<br />

com os conceitos de sujeito <strong>do</strong> inconsciente, de transferência e ética, e ain<strong>da</strong>, nas<br />

vertentes filosóficas e sociológicas <strong>do</strong> Materialismo Histórico Dialético (Marx), <strong>da</strong><br />

Genealogia (Foucault) e <strong>da</strong> Filosofia <strong>da</strong> Diferença (Deleuze); d) no plano políticojurídico,<br />

parte-se <strong>da</strong>quilo que a lei estabelece, institui, com o objetivo de impl<strong>em</strong>entar<br />

efetivamente a lei e promover a conquista de novos direitos, amplian<strong>do</strong> a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia na<br />

direção de uma d<strong>em</strong>ocracia popular; e) no plano sociocultural, faz-se circular discursos<br />

que dê<strong>em</strong> visibili<strong>da</strong>de às práticas dialeticamente alternativas à Atenção Filantrópica:<br />

escuta psicanalítica <strong>da</strong>s d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>s inconscientes, formação <strong>da</strong> consciência crítica e<br />

política, processos de organização popular, movimentos de reivindicação, processos<br />

institucionais que se paut<strong>em</strong> pela ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>do</strong>s sujeitos de direitos, trabalhan<strong>do</strong><br />

coletivamente para a materialização efetiva de tais direitos. É fun<strong>da</strong>mental desconstruir<br />

47


os discursos heg<strong>em</strong>ônicos que associam, s<strong>em</strong> mais, a pobreza com a criminali<strong>da</strong>de e<br />

to<strong>do</strong> o imaginário autoritário, intolerante e repressivo típico <strong>do</strong> reacionarismo político<br />

ain<strong>da</strong> vigente.<br />

A MÚSICA E OFICINAS ARTÍSTICO-MUSICAIS COMO INSTRUMENTO EM<br />

SAÚDE MENTAL: LEVANTAMENTO EM BASES DE DADOS<br />

Cristina Amélia Luzio – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Fabiana Silva Ribeiro – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Ricar<strong>do</strong> Gonçalves Conceição – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Tânya Marques Car<strong>do</strong>so – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

As oficinas entendi<strong>da</strong>s como ativi<strong>da</strong>des artísticas ofereci<strong>da</strong>s pelos Centros de Atenção<br />

Psicossocial (CAPS) aos sujeitos <strong>em</strong> sofrimento psíquico se configuram na literatura e<br />

fun<strong>da</strong>mentação psicológica como espaços de produção de subjetivi<strong>da</strong>de e de construção<br />

de novos mo<strong>do</strong>s existenciais. Particularmente abor<strong>da</strong>mos neste artigo a música como<br />

ferramenta de algumas práticas <strong>em</strong> saúde mental, utiliza<strong>da</strong> como intercessor clínico ou<br />

como instrumento artístico que acaba por ter uma funcionali<strong>da</strong>de terapêutica, justifica<strong>do</strong><br />

teoricamente pela capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> música de trazer a reali<strong>da</strong>de individual e social <strong>do</strong><br />

usuário <strong>do</strong> serviço de saúde mental para além <strong>do</strong> verbal, no intento de promover a<br />

interlocução, a interação, a produção subjetiva de senti<strong>do</strong> e o aumento <strong>da</strong> rede de<br />

contratuali<strong>da</strong>de social deste sujeito. A partir dessas pr<strong>em</strong>issas, além <strong>do</strong> fato <strong>do</strong>s autores<br />

ter<strong>em</strong> uma produção de pesquisas de iniciação científica e projetos de mestra<strong>do</strong><br />

concernentes à música relaciona<strong>da</strong> à áreas <strong>da</strong>(s) <strong>psicologia</strong>(s), surgiu a necessi<strong>da</strong>de de<br />

se fazer este levantamento junto às bases de <strong>da</strong><strong>do</strong>s digitais: Acervus, Bir<strong>em</strong>e, Capes,<br />

Cátedra/Athena, Dé<strong>da</strong>lus, Fiocruz, IBICT, Jstor, ProBe, Project Muse, PUC e Ufscar de<br />

artigos ou teses que possuíss<strong>em</strong> os unitermos “Saúde mental” e “Música”<br />

concomitant<strong>em</strong>ente, sen<strong>do</strong> algumas dessas bases acessíveis apenas <strong>em</strong> computa<strong>do</strong>res <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de, para se tomar conhecimento <strong>da</strong>s produções desta t<strong>em</strong>ática. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

indicaram uma relativa escassez de publicações a respeito <strong>do</strong>s t<strong>em</strong>as, uma vez que<br />

foram encontra<strong>do</strong>s cinco (5) artigos e somente uma (1) dissertação. Conclui-se que a<br />

produção científica nacional nesta área deve ser amplia<strong>da</strong>, sobretu<strong>do</strong> se considerarmos<br />

que a música t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> amplamente utiliza<strong>da</strong> <strong>em</strong> serviços de atenção psicossociais, além<br />

<strong>da</strong> importância de se utilizar descritores mais apropria<strong>do</strong>s nas publicações.<br />

PSICANÁLISE E GERAÇÃO DE RENDA: SUB-CIDADANIA E<br />

EXTERNALIZAÇÃO.<br />

Vinicius Xavier Cintra Marangoni – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Roberto Yutaka Sagawa – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Este trabalho se baseia <strong>em</strong> uma articulação <strong>da</strong> Psicologia com a geração de ren<strong>da</strong> nos<br />

termos de uma Economia Solidária. Trata-se de prestar um serviço comunitário à<br />

população local e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, criar condições de vir a produzir um saber sobre o<br />

48


sujeito que torne possível articular a saúde mental, a psique inconsciente e a assunção<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia <strong>em</strong> um contexto social desfavorável. No caso <strong>do</strong>s grupos de geração de<br />

ren<strong>da</strong> que ocorr<strong>em</strong> com a participação <strong>da</strong> Associação de Mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Complexo<br />

Prudenciana, <strong>em</strong> <strong>Assis</strong>, a proposta de produzir saber é a de refletir sobre os obstáculos e<br />

dificul<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s sujeitos e <strong>da</strong>s instituições assistencialistas que reforçam a “subci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia”<br />

<strong>do</strong>s sujeitos que se acomo<strong>da</strong>ram às práticas instituí<strong>da</strong>s e um mo<strong>do</strong> de ser<br />

psíquico que se baseia na externalização, segun<strong>do</strong> o conceito de S. Freud.<br />

CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE DE FREUD E LACAN A UMA<br />

PSICOTERAPIA NA SAÚDE COLETIVA: A CLÍNICA DO SUJEITO NA<br />

SAÚDE PÚBLICA<br />

Waldir Périco – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

Abílio <strong>da</strong> Costa-Rosa – <strong>UNESP</strong>/<strong>Assis</strong><br />

T<strong>em</strong>os como objetivo principal pensar a clínica na Atenção Psicossocial à luz <strong>do</strong><br />

referencial teórico, ético e meto<strong>do</strong>lógico psicanalítico, consideran<strong>do</strong> os parâmetros <strong>do</strong><br />

Mo<strong>do</strong> Psicossocial. Especialmente, trata-se de fun<strong>da</strong>mentar, a partir de uma prática,<br />

uma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de psicoterapia para a clínica <strong>do</strong> recalcamento (clínica <strong>da</strong>s neuroses) na<br />

Saúde Coletiva na qual a psicanálise <strong>do</strong> campo de Freud e Lacan é aplica<strong>da</strong>. Como<br />

idealizou Freud, é possível a contribuição <strong>da</strong> psicanálise nas instituições que ofertam<br />

Atenção ao sofrimento psíquico para as classes socioeconomicamente desfavoreci<strong>da</strong>s<br />

É com Freud, revisita<strong>do</strong> por Lacan, que esperamos d<strong>em</strong>onstrar que sim: se para Freud<br />

tal tarefa nos d<strong>em</strong>an<strong>da</strong> “a<strong>da</strong>ptar a nossa técnica às novas condições” é com os avanços<br />

teóricos, técnicos e éticos realiza<strong>do</strong>s por Lacan que a psicanálise se encontra melhor<br />

prepara<strong>da</strong> para <strong>da</strong>r uma contribuição singular à Saúde Pública. Nessa perspectiva, o<br />

psicoterapeuta parte essencialmente de uma orientação ética que visa inserir o sujeito na<br />

clínica. Esse sujeito, que não se confunde com o indivíduo, mas está relaciona<strong>do</strong> com o<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>do</strong> hom<strong>em</strong> na linguag<strong>em</strong>, é sujeito como corte, como efeito de<br />

enunciação que bifurca um senti<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong> e que anuncia uma noção de inconsciente como<br />

processo de produção de senti<strong>do</strong> novo e contínuo. Trata-se de um sujeito capaz de<br />

subjetivar seus impasses por meio <strong>do</strong> restabelecimento <strong>da</strong> sua aptidão simbólica. S<strong>em</strong><br />

de<strong>ix</strong>ar de la<strong>do</strong> a autonomia <strong>do</strong> sujeito, essa mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de psicoterapia deverá estar<br />

eticamente pauta<strong>da</strong> pela oferta de dispositivos que favoreçam a produção de<br />

subjetivi<strong>da</strong>des singulariza<strong>da</strong>s, como defini<strong>da</strong> no Mo<strong>do</strong> Psicossocial.<br />

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