Atividade 2 1 2 3 Explique, com as suas palavras, de que modo a prática da ciência normal pode levar a uma revolução científica. O que significa dizer que dois paradigmas são incomensuráveis Qual o papel da comunidade científica na proposta kuhniana sua resposta 1. 2. 3. 10 <strong>Aula</strong> <strong>11</strong> História e Filosofi a da Ciência
Antes e depois de Kuhn... Esperamos, até aqui, ter conseguido delinear uma visão (ainda que breve e incompleta) da atividade científica e do seu processo de desenvolvimento histórico, a partir do referencial de Thomas S. Kuhn. Vimos que esse autor faz uma análise da ciência bastante diferente da realizada por Popper, por exemplo. Em sua abordagem, Kuhn enfatiza o caráter de ruptura presente no desenvolvimento da ciência, compreendendo-o como uma sequência de períodos de “ciência normal” intercalados por “revoluções científicas”. Além desses dois conceitos, devemos a esse autor uma série de outros, tais como: comunidade científi ca, paradigma, incomensurabilidade. Outro aspecto interessante da filosofia de Kuhn (que muitos preferem chamar de “sociologia da ciência”...) é a atenção dada à História da Ciência em sua fundamentação. Como dissemos no início desta aula, “A estrutura das revoluções científi cas” teve um grande impacto no mundo da Filosofia da Ciência. Embora seja uma simplificação, não seria absurdo pensarmos em Filosofia da Ciência, no século XX, “antes” e “depois” de Kuhn. Conceitos kuhnianos transcenderam sua esfera de aplicação, tais como o de paradigma e o de revolução científica, que passaram a ser utilizados indiscriminadamente nas mais diversas situações e contextos. Muitos cientistas e fi lósofos enalteceram a análise de Kuhn, por sua clareza e contribuição à compreensão da ciência. Outros, por sua vez, sentiram-se atingidos por expressões como “ciência normal”, à qual atribuíram um tom pejorativo (afinal, quem quer ser um cientista “normal”). As décadas que se seguiram à publicação da “Estrutura” deixaram evidente que a contribuição de Kuhn foi significativa, embora alguns de seus conceitos tenham sido objeto de outras críticas e considerações – de caráter mais construtivo e menos emotivo... A falta de clareza em relação ao próprio conceito de paradigma, por exemplo, foi algo levantado por alguns críticos. Aparentemente, vários sentidos poderiam ser atribuídos ao termo ‘paradigma’ a partir da leitura da obra. O próprio Kuhn assume, num Posfácio escrito em 1969, que há certa ambiguidade nessa conceituação. O autor procura discutir a questão e chega a propor outro conceito (o de “matriz disciplinar”) para esclarecer melhor a noção de paradigma. Um conceito kuhniano ainda mais controverso é o de incomensurabilidade. Os partidários de uma visão continuísta certamente não aceitam uma interpretação do desenvolvimento histórico da ciência que lance mão da ideia de ruptura. No entanto, mesmo entre os simpatizantes de uma visão descontinuísta há aqueles que consideram esse conceito pouco claro. Se levarmos a fundo o significado de ‘incomensurabilidade’, teremos que admitir que não se pode comparar, sob nenhum aspecto, dois paradigmas diferentes separados por uma revolução científi ca, tal como a mecânica de Newton e a relatividade de Einstein, por exemplo. Mas, o próprio Kuhn admite que um novo paradigma deve “preservar parte das realizações científi cas passadas”, dando um pequeno espaço para se pensar em algum tipo de “sobreposição” entre paradigmas distintos e sucessivos. Paradigma Não entraremos, aqui, nesse detalhe. Queremos apenas apontar alguns focos de críticas ao trabalho de Kuhn. <strong>Aula</strong> <strong>11</strong> História e Filosofi a da Ciência <strong>11</strong>