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Artigo - LFS - USP

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IX Encontro de Iniciação Científica do <strong>LFS</strong>, 24 julho de 2008.<br />

Construção de um Dispositivo para Calibração de Células de Carga<br />

F. R. Faustino, E. E. Franco, A. G. Gómez<br />

Laboratório de Fenômenos de Superfície – <strong>LFS</strong>, Departamento de Engenharia Mecânica,<br />

Escola Politécnica, Universidade de São Paulo – <strong>USP</strong>, francisco.faustino@poli.usp.br<br />

Resumo<br />

As celulas de carga são os dispositivos mais utilizados na medição de forca, isso devido a<br />

sua excelente linearidade e seu baixo custo. O principio de medição desses dispositivos é<br />

a variação da resistência nos extensômetros (strain gage) que a compõem em função da<br />

carga aplicada. Como a medição da resistência é feita indiretamente a partir da uma<br />

tensão elétrica associada que depende da resistência do extensômetro, a tensão elétrica<br />

de excitação e as propriedades do sistema de aquisição de dados, é necessário um<br />

processo de calibração. Esse processo de calibração consiste em medir a tensão elétrica<br />

para vários valores conhecidos de forca. Neste trabalho foi desenvolvido um dispositivo<br />

adequado para a calibração de células de carga. Para testar o funcionamento do<br />

dispositivo duas células foram calibradas a tração, de 50 e 20 kgf, mostrando a<br />

funcionalidade e eficiência do sistema.<br />

Palavras­chave: Célula de carga, calibração, tração, compressão.<br />

Resumen<br />

Las células de carga son los dispositivos más utilizados en la medición de fuerza, eso se<br />

debe a la excelente linearidad que poseen y a su bajo costo. El principio de medición de<br />

estos dispositivos es la variación en la resistencia de las galgas extensométricas (strain<br />

gages) que la componen en función de la carga aplicada. Como la medición de la<br />

resistencia es hecha indirectamente a partir de un voltaje asociado que depende de la<br />

resistencia de las galgas, la tensión eléctrica de excitación y de las propiedades del<br />

sistema de adquisición de datos, se hace necesario un proceso de calibración. Ese<br />

proceso de calibración consiste en medir el voltaje para varios valores conocidos de<br />

fuerza. En este trabajo fue desarrollado un dispositivo adecuado para la calibración de<br />

células da carga. Para testar el funcionamiento, dos células de carga, de 50 y 20 kgf,<br />

fueron calibradas a tracción mostrando la funcionalidad y eficiencia del sistema.<br />

Palavras­chave: Célula de carga, calibración, tracción, compresión.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

As células de carga são dispositivos utilizados para medir força. Estão constituídos<br />

geralmente por 4 extensômetros (strain gages) conectados na configuração de uma ponte<br />

de Wheatstone, como mostrado na figura 1b, e colados numa peça mecânica<br />

especialmente projetada. Em dois terminais elétricos da célula é aplicada uma tensão


IX Encontro de Iniciação Científica do <strong>LFS</strong>, 24 julho de 2008.<br />

elétrica bem regulada, chamada de excitação. Nos outros dois terminais da célula,<br />

chamados de saída, é medida a tensão elétrica que depende da forca aplicada na célula.<br />

A figura 1a mostra uma célula de carga típica usada para medir forças de traçãocompressão<br />

(Beckwith 1990) .<br />

As células de carga apresentam atualmente uma vasta gama de aplicações: em<br />

balanças comerciais, em automatização e controle de processos industriais e numa<br />

grande quantidade de aparelhos de medição. Em particular, em laboratórios que atuam na<br />

área tribológica como o Laboratório de Fenômenos de Superfície da EP<strong>USP</strong>, as células<br />

de carga são utilizadas em equipamentos de medição tais como: máquinas de ensaio de<br />

pino sobre disco, máquinas para ensaio de desgaste abrasivo a quente e de roda de<br />

borracha, entre outras.<br />

A calibração das células de carga é fundamental para obter medições precisas e<br />

confiáveis. Consiste basicamente em medir a tensão elétrica, ou diretamente a<br />

deformação em alguns casos, na célula de carga a valores conhecidos de forca aplicada<br />

(Holman 2000).<br />

O objetivo principal deste trabalho foi construir e testar um dispositivo para calibração<br />

de células de carga.<br />

a) b)<br />

Figura 1. a) célula de carga típica usada para medir cargas de tração­compressão, b)<br />

esquema elétrico da célula (Aeph do Brasil Indústria e Comercio Ltda.)<br />

2. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS<br />

Na construção do dispositivo de calibração, foram empregados os seguintes<br />

componentes:<br />

1. Tirante: para prender manípulo,(h=520 mm, L=480 mm, esp=25 mm) .<br />

2. Manípulo: para acionar o parafuso roscado.<br />

3. Parafuso roscado, preso à célula de carga(parafuso M12x1.75).<br />

4. Estrutura de aço retangular (680 x 480 x 40 mm, ABNT 1045) .<br />

5. Vibra stop Mac, com as seguintes características:


IX Encontro de Iniciação Científica do <strong>LFS</strong>, 24 julho de 2008.<br />

○ Carga estática por peça de 200 Kg.<br />

○ Carga dinâmica por peça de 800 Kg.<br />

○ Diâmetro externo de 62 mm.<br />

○ Diâmetro da borracha de 52 mm.<br />

○ Altura regulável de 25­30 mm.<br />

○ Dureza da borracha de 55 shore A.<br />

○ Deflexão de 2.1 mm/200 kgf;<br />

○ Parafuso de ajuste de ¼” x 2.1 ½”.<br />

6. Mesa de ferro fundido cinzento ­ classe FC­20, com rasgo em T<br />

(475 x 310 x 37 mm) (Chiaverini 1981);<br />

7. Chapa de aço, base da mesa (455 x 385 x 15 mm, SAE 4140);<br />

8. Dinamômetro digital e célula de carga do dinamômetro (100 kgf).<br />

Na calibração das células de carga foram empregados os equipamentos descritos a<br />

seguir (figura 2b):<br />

1. Dinamômetro Digital Instrutherm ­ Modelo DD­300:<br />

○ Escala 100 kgf/220LB/980 N;<br />

○ Indicação mínima: 0,15kg/0,35LB/1,4N;<br />

○ Precisão +/­ 0,5% + 2 dígitos (23+/­5ºC)).<br />

Para a construção do dispositivo foram utilizadas as seguintes máquinas operatrizes e<br />

ferramentas<br />

1. Máquinas operatrizes<br />

○ Serra de fita automática, Franho<br />

○ Torno mecânico horizontal, Romi S30<br />

○ Furadeira de bancada, Yadoya FY­B25<br />

○ Fresadora, Lagun FTV­2<br />

○ As ferramentas utilizadas foram: Jogo de machos de roscar M6, M8, M12<br />

2. Brocas de aço rápido de 6,8 mm; 5,0 mm; 10,30 mm<br />

○ Punção de bico<br />

○ Tinta de traçagem Riscofer<br />

○ Traçador analógico­Digimes<br />

○ Escala ,Esquadro<br />

○ Paquímetro digital de 150 mm­<br />

○ Micrômetro digital de 0­25 mm<br />

○ Fresa de topo de 4 saídas de 10 mm<br />

2.1 Células de carga testadas<br />

As células de carga usadas foram as AEPH TS de 50 e 20 kgf, com as propriedades<br />

mostradas na tabela 1.


IX Encontro de Iniciação Científica do <strong>LFS</strong>, 24 julho de 2008.<br />

Tabela 1. Características fornecidas pelo fabricante das células de carga testadas (Aeph<br />

do Brasil Indústria e Comercio Ltda.)<br />

Célula de carga 20 kgf 50 kgf<br />

Material<br />

Alumínio Anodizado<br />

Sensibilidade 2,0000 mV/V +/­ 10%<br />

Não Linearidade<br />

< 0,03% FSO*<br />

Histerese<br />

< 0,03% FSO<br />

Equilíbrio do Zero +/­ 1%<br />

Faixa Temperatura Operacional<br />

­20ºC a +50ºC<br />

Faixa de Temperatura Nominal<br />

­10ºC a +40ºC<br />

Sobrecarga Segura (Sem Ruptura)<br />

150 % FSO<br />

Sobrecarga de Ruptura<br />

300 % FSO<br />

Tensão Recomendada<br />

10 V<br />

Tensão Máxima de Excitação VDC ou VCA<br />

15 V<br />

Resistência Elétrica Entrada<br />

410 W +/­ 30 W**<br />

Resistência Elétrica Saída<br />

350 W +/­ 3 W<br />

Resistência de Isolação (50 V)<br />

> 2 G W<br />

Grau de Proteção<br />

IP­67<br />

Cabo Blindado 4 X 24 AWG<br />

3,0 m<br />

* FSO: Full Scale Output<br />

** W: ohms<br />

Foram utilizadas rótulas RM­06 e RM­12, acopladas às células de carga de 20 e<br />

50 kg respectivamente, que permitem o alinhamento da força aplicada às célula em modo<br />

tração.<br />

2.2. Aquisição de dados<br />

O sistema de aquisição de dados usado foi o dispositivo CompaqDAQ da National<br />

Instruments, com conectividade USB, e uma placa NI9237, também da National<br />

Instruments, especialmente projetada para esse tipo de sensores. Foi feito um programa<br />

na linguagem C que faz aquisição continua a uma taxa de 1 amostra/s e que fornece um<br />

valor de deformação ( L /L ) direitamente.<br />

3 MÉTODO<br />

3.1 Montagem do dispositivo de calibração<br />

Para a construção do dispositivo de calibração, foram feitos 4 furos passantes de ¼”<br />

na parte inferior de uma estrutura de aço (4) para fixação dos mini vibra stop (5). Na<br />

parte superior, instalou­se uma chapa (7) com 4 furos roscados allien M6. Presa à<br />

chapa com 4 parafusos, colocou­se uma mesa com rasgo em T (6). Em seguida, passouse<br />

à montagem de um tirante em U(1), fixado à estrutura com os parafusos Allien M8.


IX Encontro de Iniciação Científica do <strong>LFS</strong>, 24 julho de 2008.<br />

Neste processo, foram utilizadas as máquinas operatrizes mencionadas na seção<br />

materiais e equipamentos.<br />

Observe­se que o dispositivo foi montado de maneira que, se necessário, poderá ser<br />

modificado, já que todas as fixações são feitas com parafusos roscados, exceto às das<br />

estruturas, cujo conjunto foi soldado.<br />

3.2 Calibração à tração<br />

A Figura 2b mostra a montagem realizada para o ensaio de calibração das células de<br />

carga à tração. Inicialmente, a célula de carga do dinamômetro foi sujeita ao parafuso<br />

roscado, e a esta foi pendurada à célula de carga a ser calibrada. Na mesa com rasgo em<br />

T foram montados 2 ganchos presos a um pino, que foi acoplado à parte inferior da célula<br />

de carga a ser calibrada. O objetivo de este pino foi prender a parte inferior da célula a ser<br />

calibrada à mesa, evitando assim o seu deslocamento.<br />

a) b)<br />

Figura 2. a) dispositivo de calibração, b) dispositivo de calibração com a célula de carga<br />

de 50 kgf instalada.


IX Encontro de Iniciação Científica do <strong>LFS</strong>, 24 julho de 2008.<br />

Acionando­se o manípulo, tracionam­se as células de carga. O valor de deformação<br />

da célula de carga a ser calibrada é indicado pelo Programa de Aquisição de Dados,<br />

criado pelo Eng. Ediguer Franco, e o valor de carga é indicado pelo dinamômetro. Por<br />

meio deste processo, realizou­se a calibração das duas células. Para a célula de 50 kgf<br />

foram realizadas 9 medições, com cargas de 5 em 5 kg aproximadamente.<br />

Quanto à célula de 20kgf, foram 6 medições, para cargas de 4 em 4 Kgf<br />

aproximadamente.<br />

Figura 3. Deformação obtida em função da carga.<br />

4. RESULTADOS<br />

Na Figura 2a pode ser observado o dispositivo de calibração construído. Na Figura<br />

3 são mostrados os resultados de deformação em função da carga aplicada nas duas


IX Encontro de Iniciação Científica do <strong>LFS</strong>, 24 julho de 2008.<br />

células de carga. Pode ser observado, para ambas células de carga, que a relação entre<br />

força aplicada e deformação apresenta um comportamento totalmente linear (R 2 =1) como<br />

era esperado. Portanto, com estes gráficos será possível calcular qualquer carga aplicada<br />

a cada uma das células calibradas medindo o valor de deformação (com ajuda do<br />

programa de computador desenvolvido para esta finalidade).<br />

Durante o ensaio de calibração foi observada uma dificuldade para aplicar um<br />

valor preciso de carga, este problema poderia ser corrigido colocando uma mola entre a<br />

haste do parafuso do manípulo e a célula de carga, embora este fato não influencia nos<br />

resultados, esta modificação poderá ser feita posteriormente para melhorar o dispositivo<br />

construído.<br />

5. CONCLUSÕES<br />

Com o dispositivo construído foi possível realizar calibração de células de carga<br />

submetidas a cargas de tração.<br />

As células de carga calibradas apresentaram uma relação linear entre carga aplicada e<br />

deformação.<br />

Foi possível obter curvas de calibração para as células de carga ensaiadas, o que<br />

permitirá determinar as cargas de tração aplicadas a estas células em ensaios<br />

posteriores.<br />

6. AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem à professora Izabel Machado pela ajuda na realização deste<br />

trabalho.<br />

7. REFERÊNCIAS<br />

Beckwith, T.G., Buck, N.L., “Mechanical measurements”, 4th edition, Ed. Addison­Wesley<br />

Inc., London, England, 1990.<br />

Holman, J.P., “Experimental methods for engineers", 7th edition, Ed. McGraw­Hill Science<br />

Engineering, New York, 2000.<br />

Chiaverini, V., ”Aços e Ferros Fundidos”, 4a edição, Ed. Associação Brasileira de Metais<br />

(ABM), S.Paulo, Brazil, 1981.

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