Ensino-Aprendizagem da Matemática.pdf
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Vasconcelos, C . (2000). <strong>Ensino</strong>-<strong>Aprendizagem</strong> <strong>da</strong> Matemática: Velhos problemas, Novos desafios.<br />
Millenium, 20<br />
comum, quer concretos, quer hipotéticos, podem ser representados por símbolos, como números,<br />
letras, outros sinais, diagramas, construções geométricas, ou mesmo palavras.<br />
Este processo de abstracção permite que os matemáticos se concentrem nalgumas características <strong>da</strong>s<br />
coisas e alivia-os <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de terem sempre em mente as outras características.<br />
Feitas as abstracções e selecciona<strong>da</strong>s as respectivas representações simbólicas, esses símbolos tornamse<br />
objectos, que podem ser combinados e recombinados de várias maneiras, segundo regras defini<strong>da</strong>s<br />
com precisão.<br />
Os conhecimentos matemáticos acerca <strong>da</strong>s relações abstractas têm vindo a aumentar desde há milhares<br />
de anos e continuam a expandir-se e, por vezes, a ser revistos. Apesar de terem tido início na<br />
experiência prática de contar e medir, estes conhecimentos atravessaram muitos níveis de abstracção e<br />
hoje dependem muito mais <strong>da</strong> lógica interna do que <strong>da</strong> demonstração mecânica. De certa forma, então<br />
a manipulação de abstracções é bastante semelhante a um jogo: começar com algumas regras básicas e<br />
depois fazer todo e qualquer movimento que se a<strong>da</strong>pte a essas regras - o que inclui inventar regras<br />
adicionais e descobrir novas ligações entre as regras já conheci<strong>da</strong>s. O teste <strong>da</strong> vali<strong>da</strong>de de novas ideias é<br />
a sua própria coerência e o facto de se relacionarem logicamente com as próprias regras.<br />
Uma linha central de investigação na Matemática pura consiste em identificar em ca<strong>da</strong> área de estudo<br />
um pequeno conjunto de ideias e regras básicas a partir <strong>da</strong>s quais to<strong>da</strong>s as outras ideias e regras<br />
interessantes naquela área podem ser deduzi<strong>da</strong>s logicamente. Os matemáticos, como os outros<br />
cientistas, ficam particularmente contentes quando descobrem que partes <strong>da</strong> Matemática<br />
anteriormente não relaciona<strong>da</strong>s são deriváveis umas <strong>da</strong>s outras ou de alguma teoria mais geral. Parte<br />
do sentido de beleza que muitos vêem na Matemática não reside na descoberta de fenómenos muito<br />
elaborados ou complexos, mas sim no contrário, na descoberta <strong>da</strong> maior economia e simplici<strong>da</strong>de de<br />
representação e prova científica. À medi<strong>da</strong> que a Matemática evoluiu, foram descobertas ca<strong>da</strong> vez mais<br />
relações entre partes que se tinham desenvolvido separa<strong>da</strong>mente - por exemplo, entre as<br />
representações simbólicas <strong>da</strong> Álgebra e as representações espaciais <strong>da</strong> Geometria. Estas ligações<br />
cruza<strong>da</strong>s permitem obter conhecimentos a desenvolver nas várias partes; em conjunto, reforçam a<br />
crença na correcção e uni<strong>da</strong>de subjacente à estrutura na sua globali<strong>da</strong>de.<br />
Geralmente, uma só ron<strong>da</strong> de raciocínio matemático não produz conclusões satisfatórias e, por isso,<br />
tenta-se alterar a forma de representação ou as próprias operações. Na ver<strong>da</strong>de, dão-se