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Riscos e benefícios do uso dos inibidores seletivos da ... - Febrasgo

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Introdução<br />

O diagnóstico pré-natal com o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> cariótipo<br />

fetal e testes genéticos continua sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong><br />

por meio de méto<strong>do</strong>s invasivos, pre<strong>do</strong>minantemente<br />

amniocentese clássica (AMC) entre a 16ª e a 20ª semanas<br />

e biópsia de vilo corial (BVC) entre a 10ª e a 12ª<br />

semanas 1 . A recente descoberta <strong>da</strong> presença de DNA<br />

fetal no plasma materno representa possibili<strong>da</strong>de futura<br />

<strong>do</strong> desenvolvimento de técnica não invasiva para<br />

diagnóstico de <strong>do</strong>enças fetais 2 .<br />

A principal indicação para ambos os procedimentos<br />

(AMC e BVC) tem si<strong>do</strong> a i<strong>da</strong>de materna avança<strong>da</strong><br />

(igual ou superior a 35 anos), por estar associa<strong>da</strong> a<br />

risco eleva<strong>do</strong> de anormali<strong>da</strong>des cromossômicas fetais 3 .<br />

Outras indicações freqüentes são alterações <strong>do</strong>s testes<br />

de rastreamento pré-natal de trissomia, ocorrência de<br />

anormali<strong>da</strong>de cromossômica em gravidez anterior,<br />

identificação de marca<strong>do</strong>res fetais de cromossomopatias<br />

pela ultra-sonografia, ansie<strong>da</strong>de <strong>do</strong> casal e teste<br />

de paterni<strong>da</strong>de 4,5 .<br />

A BVC foi introduzi<strong>da</strong> na prática médica em<br />

1980, sen<strong>do</strong> inicialmente realiza<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> sexta<br />

semana de gravidez e por via transcervical (BVC-TC) 6,7 .<br />

Posteriormente, a via transab<strong>do</strong>minal (BVC-TA) foi<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> como alternativa, objetivan<strong>do</strong> reduzir os riscos<br />

de complicações, sobretu<strong>do</strong> de infecção e interrupção<br />

<strong>da</strong> gravidez 6 .<br />

Foi descrito que a amniocentese precoce (AMP)<br />

acarreta maior risco de abortamento espontâneo (4,4<br />

versus 2,3%) e pé torto congênito (1,8 versus 0,2%)<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>da</strong> com a BVC-TA, realiza<strong>da</strong>s no mesmo<br />

perío<strong>do</strong> 8 . Estu<strong>do</strong> ran<strong>do</strong>miza<strong>do</strong> comparan<strong>do</strong> BVC-TC,<br />

BVC-TA e AMC revela taxas de per<strong>da</strong>s gestacionais<br />

totais de 10,9, 6,3 e 6,4%, respectivamente. Quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>is procedimentos (BVC-TC e BVC-TA),<br />

as taxas de per<strong>da</strong>s gestacionais espontâneas foram de 7,7<br />

e 3,7%, respectivamente 9 . Em publicação mais recente,<br />

comparan<strong>do</strong> a AMC e a BVC, to<strong>da</strong>via sem indicação<br />

<strong>da</strong> via de abor<strong>da</strong>gem, as taxas de per<strong>da</strong>s gestacionais<br />

nos <strong>do</strong>is grupos foram semelhantes nos últimos cinco<br />

anos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> (1998 a 2003) 10 . Os resulta<strong>do</strong>s de um<br />

estu<strong>do</strong> ran<strong>do</strong>miza<strong>do</strong> internacional incluin<strong>do</strong> 3.775 casos<br />

entre 11 e 14 semanas demonstraram ser a BVC-TA<br />

um méto<strong>do</strong> mais seguro que a AMP, estan<strong>do</strong> esta última<br />

associa<strong>da</strong> a maior risco de pé torto congênito e<br />

interrupção <strong>da</strong> gravidez 11 .<br />

No início de 1990, foi descrito uma possível associação<br />

de BVC com defeitos congênitos em membro<br />

de recém-nasci<strong>do</strong> submeti<strong>do</strong> a este procedimento na<br />

nona semana de gravidez 12 . Mais tarde, diversos relatos<br />

foram publica<strong>do</strong>s identifican<strong>do</strong> a BVC como causa <strong>da</strong>s<br />

Complicações materno-fetais <strong>da</strong> biópsia de vilo corial: experiência de um centro especializa<strong>do</strong> <strong>do</strong> Nordeste <strong>do</strong> Brasil<br />

malformações. Em 1992, a Organização Mundial <strong>da</strong><br />

Saúde (OMS) analisou os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de 138.996 gravidezes<br />

submeti<strong>da</strong>s à BVC, revelan<strong>do</strong> um total de 77 fetos e<br />

recém-nasci<strong>do</strong>s com defeitos de membros (64,6% de<br />

membros superiores, 12,5% inferiores e 20,8% em ambos)<br />

13 . Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s, no entanto, estavam<br />

de acor<strong>do</strong> com a distribuição de defeitos de membros<br />

fetais em diversos estu<strong>do</strong>s populacionais. Os autores<br />

concluíram que não havia evidências de aumento <strong>do</strong><br />

risco de defeitos de membros fetais após a realização<br />

de BVC, bem como não existia associação entre a i<strong>da</strong>de<br />

gestacional e a gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença 14 .<br />

Com relação a complicações maternas, existem<br />

poucos relatos, sen<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong>s per<strong>da</strong> de líqui<strong>do</strong><br />

amniótico, hemorragias obstétricas tardias e corioamnionite<br />

9 que, entretanto, não foram confirma<strong>da</strong>s por<br />

outros autores 15 .<br />

Embora a BVC seja considera<strong>da</strong>, na atuali<strong>da</strong>de, um<br />

procedimento seguro pela baixa freqüência de complicações<br />

16 , é um méto<strong>do</strong> dependente <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

opera<strong>do</strong>r e <strong>da</strong> curva de aprendiza<strong>do</strong> 6,10,15,17 . O ver<strong>da</strong>deiro<br />

risco <strong>da</strong> BVC ain<strong>da</strong> não é bem defini<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong> pela<br />

inexistência de trabalhos ran<strong>do</strong>miza<strong>do</strong>s, comparan<strong>do</strong><br />

pacientes expostas ao procedimento com não expostas.<br />

A maioria <strong>da</strong>s publicações tem compara<strong>do</strong> a BVC com<br />

a AMC <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> trimestre, ou com a AMP, realiza<strong>da</strong><br />

na mesma época <strong>da</strong> BVC 11,18 . As publicações nacionais<br />

sobre o assunto são escassas, alguns com casuísticas<br />

pequenas e publica<strong>da</strong>s há quase duas déca<strong>da</strong>s 19,20 . O<br />

objetivo desse trabalho foi avaliar as complicações<br />

maternas e fetais decorrentes <strong>da</strong> realização de BVC-TA,<br />

com a finali<strong>da</strong>de de conhecer a segurança de sua<br />

aplicabili<strong>da</strong>de na prática obstétrica como méto<strong>do</strong> de<br />

diagnóstico fetal.<br />

Méto<strong>do</strong>s<br />

O desenho de estu<strong>do</strong> é uma série de casos com 958<br />

gestantes com gravidezes únicas, submeti<strong>da</strong>s à BVC-TA<br />

para diagnóstico pré-natal, no perío<strong>do</strong> de 1990 a 2006,<br />

em serviço de referência para Medicina Fetal, Clínica<br />

Dr. Antonio Carlos Vieira Lopes, e na Materni<strong>da</strong>de<br />

Climério de Oliveira <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia<br />

(MCO-UFBA). Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s em formulário<br />

cria<strong>do</strong> e padroniza<strong>do</strong> para o estu<strong>do</strong>. To<strong>da</strong>s as pacientes<br />

concor<strong>da</strong>ram em assinar um termo de consentimento<br />

livre e esclareci<strong>do</strong> e o protocolo de pesquisa foi submeti<strong>do</strong><br />

e aprova<strong>do</strong> pelo Comitê de Ética em Pesquisa<br />

<strong>da</strong> MCO-UFBA.<br />

A média de i<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s pacientes foi 36,3±<br />

4,9 anos, com limites de 15 e 47 anos, e a mediana,<br />

37 anos. As medianas <strong>do</strong> número de gestações, partos<br />

Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(7):360-7<br />

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