Riscos e benefÃcios do uso dos inibidores seletivos da ... - Febrasgo
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No entanto, outro estu<strong>do</strong> não confirmou esta evidência.<br />
As mulheres seleciona<strong>da</strong>s tinham entre 13 e<br />
17 semanas de gestação. As gestantes <strong>do</strong> grupo experimental<br />
(n=413) receberam tratamento antes <strong>da</strong> 21ª<br />
semana, enquanto aquelas <strong>do</strong> grupo controle (n=410),<br />
após o parto. Apesar de o tratamento melhorar as<br />
condições gengivais, não houve diferença estatística<br />
entre os grupos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s no que se refere à época de<br />
nascimento e peso <strong>do</strong> recém-nasci<strong>do</strong> 20 .<br />
Há grande heterogenei<strong>da</strong>de nos estu<strong>do</strong>s disponíveis<br />
para aferir a relação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de mensuração<br />
<strong>da</strong> <strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal e os desfechos indesejáveis <strong>da</strong><br />
gestação, não sen<strong>do</strong> possível realizar metanálise. Em<br />
36 pesquisas seleciona<strong>da</strong>s, foram utiliza<strong>da</strong>s 13 diferentes<br />
definições para a <strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal. Pelas limitações<br />
meto<strong>do</strong>lógicas <strong>da</strong>s pesquisas, os autores não puderam<br />
afirmar adequa<strong>da</strong>s conclusões sobre o real efeito <strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal nos desfechos <strong>da</strong> gestação 31 .<br />
Pré-eclâmpsia<br />
A pré-eclâmpsia acomete 5 a 8% <strong>da</strong>s gestantes<br />
<strong>do</strong>s países em desenvolvimento e está relaciona<strong>da</strong><br />
à alta morbimortali<strong>da</strong>de materna e fetal 32 . Gestantes<br />
que desenvolvem pré-eclâmpsia têm maior<br />
risco de morte se compara<strong>da</strong>s com as pacientes sem<br />
esta condição 33 . Por outro la<strong>do</strong>, o nascimento de<br />
recém-nasci<strong>do</strong>s prematuros e/ou de baixo peso em<br />
decorrência de condições mórbi<strong>da</strong>s maternas pode<br />
causar prejuízos permanentes nas crianças, tais como:<br />
asma 34 , alterações visuais, motoras e cognitivas 35 ,<br />
dentre outras.<br />
Apesar de a etiologia <strong>da</strong> pré-eclâmpsia ain<strong>da</strong> permanecer<br />
parcialmente desconheci<strong>da</strong>, relacionam-se alguns<br />
fatores de risco, tais como: primipari<strong>da</strong>de, obesi<strong>da</strong>de,<br />
alterações renais, dentre outras. No entanto, nos últimos<br />
anos, tem-se estu<strong>da</strong><strong>do</strong> a influência <strong>da</strong>s infecções na<br />
pré-eclâmpsia, incluin<strong>do</strong>-se como possível sua relação<br />
com a <strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal 16 .<br />
Poucos estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s relacionaram o risco<br />
entre perio<strong>do</strong>ntite e pré-eclâmpsia, mas a maioria encontrou<br />
aumento <strong>do</strong> risco relativo de desenvolvimento<br />
de pré-eclâmpsia em gestantes com <strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal<br />
15-19 . Mais recentemente, outros autores conduziram<br />
estu<strong>do</strong> tipo caso-controle, em que associaram a <strong>do</strong>ença<br />
perio<strong>do</strong>ntal com a pré-eclâmpsia, apresentan<strong>do</strong> razão<br />
de chances de 4,1 36 e 7,9 37 .<br />
Por outro la<strong>do</strong>, em pesquisa reunin<strong>do</strong> 345 pacientes<br />
(115 casos e 230 controles) não se encontrou<br />
sustentação para a relação de risco, sugerin<strong>do</strong> que as<br />
outras pesquisas talvez tenham falhas meto<strong>do</strong>lógicas,<br />
como tamanho amostral inadequa<strong>do</strong> e análises estatísticas<br />
inapropria<strong>da</strong>s 38 .<br />
Doença perio<strong>do</strong>ntal e complicações obstétricas: há relação de risco?<br />
As explicações para esta relação poderiam se basear,<br />
por exemplo, nas lesões en<strong>do</strong>teliais freqüentemente<br />
encontra<strong>da</strong>s em gestantes com pré-eclâmpsia. Sabe-se<br />
que algumas citocinas inflamatórias, principalmente<br />
o TNF-alfa, têm capaci<strong>da</strong>de de lesar o en<strong>do</strong>télio vascular<br />
39 , sen<strong>do</strong> este fator uma <strong>da</strong>s citocinas presentes e<br />
dissemina<strong>da</strong>s na <strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal.<br />
Outras pesquisas encontraram patógenos perio<strong>do</strong>ntais<br />
em placas de ateroma após análises laboratoriais 40 , sugerin<strong>do</strong><br />
relação <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal com aterosclerose,<br />
sen<strong>do</strong> sugeri<strong>da</strong> também a similari<strong>da</strong>de entre as lesões<br />
vasculares placentárias e as lesões ateroscleróticas 18 .<br />
Após avaliação <strong>da</strong> presença de bactérias perio<strong>do</strong>ntopatogênicas<br />
em placentas humanas, observou-se<br />
que 50% <strong>da</strong>quelas pertencentes a gestantes com préeclâmpsia<br />
tiveram colonização positiva para Actinobacillus<br />
actinomycetemcomitans, F<strong>uso</strong>bacterium nucleatum ssp.,<br />
Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia, Tannerella<br />
forsythensis e Treponema denticola, enquanto no grupo<br />
controle (sem pré-eclâmpsia), as bactérias foram encontra<strong>da</strong>s<br />
em apenas 14,3% <strong>da</strong>s placentas, sen<strong>do</strong> estas<br />
diferenças estatisticamente significantes 41 . Esta parece<br />
ser uma evidência importante a favor <strong>da</strong> disseminação<br />
hematogênica de bactérias bucais. Interessantemente,<br />
não se descreve associação com infecção amniótica e<br />
prematuri<strong>da</strong>de neste estu<strong>do</strong>, que poderia ser uma correlação<br />
mais plausível <strong>do</strong> ponto de vista biológico <strong>do</strong><br />
que com pré-eclâmpsia.<br />
Deve-se lembrar que gestantes com pré-eclâmpsia,<br />
independente de afecções bucais, apresentam aumento<br />
<strong>do</strong>s níveis plasmáticos de algumas citocinas, tais como:<br />
IL-6 42 , IL-8 43 , TNF-alfa 44 e IL-10 43 . Este aumento seria<br />
decorrente de um esta<strong>do</strong> inflamatório generaliza<strong>do</strong>,<br />
embora a significância destas alterações na patogênese<br />
<strong>da</strong> pré-eclâmpsia ain<strong>da</strong> permaneça obscura 43 .<br />
Alguns autores analisaram a relação entre <strong>do</strong>ença<br />
perio<strong>do</strong>ntal e pré-eclâmpsia em revisão sistemática e,<br />
apesar de encontrarem associação entre as duas afecções,<br />
os autores sugerem mais pesquisas neste senti<strong>do</strong>, já que,<br />
até o momento, a literatura é escassa 27 .<br />
A relação de risco entre infecção perio<strong>do</strong>ntal e<br />
complicações gestacionais tem mereci<strong>do</strong> atenção na<br />
atuali<strong>da</strong>de. Há muitos resulta<strong>do</strong>s já publica<strong>do</strong>s, em<br />
que os próprios autores discutem as limitações de suas<br />
conclusões. É possível que esta situação decorra <strong>da</strong><br />
complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s complicações obstétricas, com as<br />
quais se encontraram ou se buscam associações com a<br />
<strong>do</strong>ença perio<strong>do</strong>ntal. A pré-eclâmpsia, por exemplo, é<br />
uma alteração que apresenta etiologia ain<strong>da</strong> desconheci<strong>da</strong>,<br />
com diversos fatores de risco.<br />
O papel <strong>da</strong>s citocinas, principal elo entre <strong>do</strong>ença<br />
perio<strong>do</strong>ntal e complicações gestacionais, também<br />
Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(7):372-7<br />
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