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a viagem para o mundo dos mortos, no romanceiro da ... - TEL

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Anais do XIV Seminário Nacional Mulher e Literatura / V Seminário Internacional Mulher e Literatura<br />

Minas, as quais possibilitaram a ela realizar uma <strong>viagem</strong> que transcende o<br />

passado histórico, trata-se de uma <strong>viagem</strong> interior, mas que se volta <strong>para</strong><br />

o exterior e faz com que a escritora medite sobre a condição <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

de Ouro Preto, <strong>no</strong> tempo presente, <strong>da</strong> escrita <strong>dos</strong> poemas, lançando uma<br />

reflexão sobre a efemeri<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong>s coisas.<br />

Adolphina Portella Bonapace, em seu texto crítico Romanceiro<br />

<strong>da</strong> Inconfidência: meditação sobre o desti<strong>no</strong> do homem, tece comentário<br />

relevante sobre a <strong>viagem</strong> de Cecília Meireles <strong>para</strong> o passado histórico de<br />

Minas, pontua:<br />

O sujeito <strong>da</strong> enunciação situado <strong>no</strong> presente <strong>da</strong> narração<br />

tenta “imaginar” esse passado, cuja presença intui na<br />

própria terra em que pisa, em to<strong>da</strong>s as coisas concretas<br />

sobre as quais pousa os olhos... Logo depois, já não<br />

mais imagina: diante dele, cheios de vi<strong>da</strong>, estão seus<br />

“fantasmas”... vozes ecoam <strong>no</strong> <strong>mundo</strong> exterior e <strong>no</strong><br />

segredo <strong>dos</strong> corações. 13<br />

Nesse sentido, o sujeito <strong>da</strong> enunciação, <strong>no</strong> tempo presente,<br />

busca compreender o passado e em sua constante busca se depreende<br />

com vi<strong>da</strong>, com os “fantasmas” e suas “imagens” e “vozes” que ecoam em<br />

Ouro Preto. Sobre as descobertas e encontro do eu, Michel Onfray infere<br />

que: “a <strong>viagem</strong> solicita o desejo e o prazer <strong>da</strong> alteri<strong>da</strong>de; não a diferença<br />

facilmente assimilável, mas a ver<strong>da</strong>deira resistência, a franca oposição, a<br />

dessemelhança maior e fun<strong>da</strong>mental.” 14 . Nos versos do poema “Cenário”,<br />

a morte é associa<strong>da</strong> às imagens de sombras e fantasmas, observemos a<br />

minuciosi<strong>da</strong>de e riqueza de detalhes:<br />

Tudo me chama: a porta, a esca<strong>da</strong>, os muros,<br />

as lajes sobre <strong>mortos</strong> ain<strong>da</strong> vivos,<br />

13 BONAPACE, Adolphina Portella. O Romanceiro <strong>da</strong> Inconfidência: Meditação sobre o<br />

desti<strong>no</strong> do homem. In: Tese de Mestrado em Letras. Facul<strong>da</strong>de de Letras <strong>da</strong> UFRJ. São José:<br />

Rio de Janeiro, 1974, p. 38.<br />

14 ONFRAY, Michel. Teoria <strong>da</strong> Viagem: poética <strong>da</strong> Geografia. Trad. Paulo Neves. Porto Alegre,<br />

RS: L & PM, 2009, p. 60.

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