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Carlos Henrique Gomes da Silva. - PPG-PMUS - Museu de ...

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culturais mais abrangentes e inovadores. É aqui que, ain<strong>da</strong> segundo a autora<br />

encontra-se o ponto <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e ambigui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> política cultural do regime, o<br />

fato <strong>de</strong> agregar em seu projeto i<strong>de</strong>ológico intelectuais <strong>da</strong>s mais diferentes correntes <strong>de</strong><br />

pensamento, tais como os mo<strong>de</strong>rnistas, positivistas, integralistas, católicos e,<br />

inclusive, socialistas.<br />

Assim entendido, o Estado Novo apresentou um projeto político-i<strong>de</strong>ológico<br />

articulado, em que se cunhou a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> cultura como uma questão <strong>de</strong> organização<br />

política. Essa abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong>u o suporte necessário ao Estado para criar aparatos e<br />

instituições <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s à divulgação <strong>de</strong> uma “cultura oficial”, apregoa<strong>da</strong> pelo po<strong>de</strong>r<br />

político.<br />

Neste sentido, chamados para participar do programa político-i<strong>de</strong>ológico do Estado<br />

Novo, os intelectuais mo<strong>de</strong>rnistas se viram confrontados com o problema <strong>de</strong> conciliar<br />

sua posição <strong>de</strong> atores sociais comprometidos com valores <strong>da</strong> cultura e com uma ética<br />

do saber, com a <strong>de</strong> políticos, cujo indispensável era agir visando alcançar resultados.<br />

Assim, conforme sugere Velloso (1982, p.45), <strong>de</strong> agora em diante atuando no interior<br />

<strong>da</strong> burocracia estatal, esses intelectuais vão interpretar o pensamento do regime pelo<br />

viés político-i<strong>de</strong>ológico na formação <strong>de</strong> uma cultura nacional.<br />

Apesar <strong>de</strong> serem os interpretes e i<strong>de</strong>alizadores do projeto cultural estadonovista,<br />

ou seja, seguirem a linha <strong>da</strong> centralização i<strong>de</strong>ológica nacionalista, o que marcou a<br />

atuação dos intelectuais mo<strong>de</strong>rnistas atraídos para o corpo institucional, em órgãos<br />

estatais como o SPHAN, <strong>de</strong>staca Fonseca (1997, p.98), foi a autonomia que os<br />

mesmos tiveram em sua atuação na burocracia do governo. Segundo a autora, essa<br />

certa in<strong>de</strong>pendência se <strong>de</strong>u pelo fato <strong>de</strong> que,<br />

Des<strong>de</strong> o início, a área do patrimônio ficou à margem do propósito <strong>de</strong><br />

exortação cívica que caracterizava a atuação do ministério na área<br />

educacional. A cultura produzi<strong>da</strong> pelo SPHAN sequer era articula<strong>da</strong><br />

com os conteúdos dos projetos educacionais ou com os instrumentos<br />

<strong>de</strong> persuasão i<strong>de</strong>ológica do Estado Novo; esses conteúdos eram<br />

mais compatíveis com a vertente ufanista do mo<strong>de</strong>rnismo. Durante o<br />

Estado Novo, o SPHAN funcionou efetivamente como um espaço<br />

privilegiado, <strong>de</strong>ntro do Estado, para a concretização <strong>de</strong> um projeto<br />

mo<strong>de</strong>rnista (FONSECA, 1997, p.98).<br />

Ao analisar o programa e a prática política <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> pelos mo<strong>de</strong>rnistas no<br />

SPHAN, Fonseca (1997, p.121) expõe que, <strong>de</strong> modo autônomo, esses intelectuais<br />

exerceram, durante o Estado Novo, um papel político fun<strong>da</strong>mental na construção <strong>da</strong>

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