05.03.2015 Views

Artigo Marcio Rangel - Museu de Astronomia e Ciências Afins

Artigo Marcio Rangel - Museu de Astronomia e Ciências Afins

Artigo Marcio Rangel - Museu de Astronomia e Ciências Afins

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cultura Material e Patrimônio <strong>de</strong> C&T<br />

que constitui, ou completa <strong>de</strong>terminado texto" (ARAÚJO, 1986, p. 477). Incluem-se, nos<br />

conceitos <strong>de</strong> iconografia ou ilustração, as imagens obtidas tanto através <strong>de</strong> métodos<br />

manuais <strong>de</strong> representação, como <strong>de</strong>senho, pintura e gravura, quanto <strong>de</strong> reprodução<br />

técnica, como a fotografia.<br />

Em uma ilustração científica, as representações <strong>de</strong>vem ser, sobretudo, claras e<br />

precisas cientificamente, e não necessariamente esteticamente atraentes. Atualmente,<br />

elas vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a produção manual e fotográfica até as imagens digitalizadas. Há<br />

fotografias feitas, essencialmente, para a publicação científica, cuja funcionalida<strong>de</strong> como<br />

ilustração científica tem sido discutida em relação à do <strong>de</strong>senho científico. Existem, por<br />

outro lado, numerosas obras contendo reproduções <strong>de</strong> representações <strong>de</strong> animais e<br />

plantas através <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho, pintura e gravura, cuja beleza plástica tem merecido<br />

estudos. Tais imagens, em geral, trazem os elementos essenciais que esse tipo <strong>de</strong><br />

representação exige: verossimilhança e atenção aos <strong>de</strong>talhes, que permitem, por<br />

exemplo, a i<strong>de</strong>ntificação dos seres representados ou a melhor compreensão <strong>de</strong><br />

fenômenos naturais <strong>de</strong>scritos, ou seja, sua qualida<strong>de</strong> didática (FORD, 1992). Por estas<br />

características, são <strong>de</strong>nominadas ilustrações científicas.<br />

Em seu artigo, “Nas frestas entre a ciência e a arte: uma série <strong>de</strong> ilustrações <strong>de</strong><br />

barbeiros do Instituto Oswaldo Cruz”, Oliveira e Conduru (2004), mencionam o fato <strong>de</strong><br />

que os exemplos mais populares <strong>de</strong> ilustração científica sejam os que aparecem nos<br />

relatos dos viajantes que exploravam os territórios pouco conhecidos pela Europa no<br />

século XIX. “Merecem <strong>de</strong>staque as ilustrações das obras <strong>de</strong> Spix, Saint-Hilaire,<br />

Humboldt, Burmeister e Descourtilz” (DE PAULA, 1997; KURY & SÁ, 1999, in: OLIVEIRA;<br />

CONDURU, 2004). De fato, as investigações científicas e as expedições a terras pouco<br />

conhecidas, especialmente no século XIX, estimularam o <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>de</strong>senho<br />

científico, sobretudo o <strong>de</strong> botânica, já que eram necessários o testemunho fiel das<br />

<strong>de</strong>scobertas e a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> plantas com potencial uso na farmacologia, química e<br />

agricultura (OLIVEIRA; CONDURU, 2004).<br />

O recém-criado Instituto <strong>de</strong> Manguinhos queria estabelecer sua influência política<br />

e hegemônica no campo das ciências biomédicas no Brasil (BENCHIMOL; TEIXEIRA,<br />

1993), <strong>de</strong> modo que não se poupariam esforços para somar qualida<strong>de</strong>s estéticas às<br />

científicas nessas ilustrações, elaborando-as a cores e imprimindo-as em gráfica <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>. Ter-se-ia lançado mão <strong>de</strong> práticas artísticas para melhorar a funcionalida<strong>de</strong> da<br />

293

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!