Artigo Marcio Rangel - Museu de Astronomia e Ciências Afins
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Cultura Material e Patrimônio <strong>de</strong> C&T<br />
diversida<strong>de</strong> que restou será invariavelmente perdida antes mesmo que possamos<br />
conhecê-la.<br />
As coleções zoológicas brasileiras constituem um acervo inesgotável <strong>de</strong><br />
informação essencial que <strong>de</strong>verá, no futuro, propiciar <strong>de</strong>scobertas importantes ainda fora<br />
do alcance tecnológico <strong>de</strong>sta geração. Com o advento da revolução molecular, elas<br />
passaram a representar bancos genéticos on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser armazenadas alíquotas <strong>de</strong><br />
tecidos, imprescindíveis aos estudos <strong>de</strong> biologia molecular e biotecnologia.<br />
As coleções também representam uma herança cultural; um testemunho da rica<br />
história do <strong>de</strong>scobrimento e da expansão da socieda<strong>de</strong> brasileira em seu território<br />
nacional. Nas coleções científicas, encontramos representantes da fauna já extinta, que<br />
habitou um dia os ecossistemas alterados <strong>de</strong> forma irreversível pela ação antrópica.<br />
Neste sentido, as coleções constituem um suporte essencial para os estudos <strong>de</strong><br />
caracterização e impacto ambiental. Entretanto, cabe sublinhar, que essas coleções<br />
passam a ganhar importância científico-cultural, apenas após a condução <strong>de</strong> estudos que<br />
propiciem, às mesmas, acesso <strong>de</strong> valor. Isto significa dizer que, por maior valor intrínseco<br />
que possuam, os objetos <strong>de</strong> uma coleção só passam a adquirir status <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong><br />
herança natural ou cultural <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estudados e tornados acessíveis à coletivida<strong>de</strong>.<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Ao preservamos o patrimônio científico brasileiro, estamos realizando, a partir do<br />
presente, uma ligação direta com o nosso passado, com o <strong>de</strong>senvolvimento da ciência e<br />
dos homens que contribuíram para a sua consolidação. Mais do que nos remeter ao<br />
passado, a preservação do patrimônio científico simultaneamente nos remete para o<br />
futuro, alimentando-nos com indícios, materiais ou não, que nos auxiliam no<br />
estabelecimento <strong>de</strong> diretrizes para as nossas ações. Compreen<strong>de</strong>ndo o patrimônio como<br />
nossa herança, como legado dos que nos antece<strong>de</strong>ram, como matéria-prima do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento científico, po<strong>de</strong>mos afirmar que o legado <strong>de</strong> Costa Lima foi <strong>de</strong>cisivo<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento e consolidação da entomologia agrícola brasileira. Sua atuação<br />
no Instituto Oswaldo Cruz, na Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura e Medicina Veterinária, suas<br />
publicações e sua coleção nortearam diversos pesquisadores que tiveram como base <strong>de</strong><br />
ação todo o patrimônio formado por ele. A história <strong>de</strong> sua coleção reflete a própria<br />
história da entomologia agrícola no Brasil. Po<strong>de</strong>mos afirmar que Costa Lima é o que<br />
costumam <strong>de</strong>signar <strong>de</strong> “homem patrimônio”.<br />
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