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software do Apple II com alterações mínimas. A GUI — interface gráfica com o usuário — do Mac<br />

representou uma nova maneira de interagir com computadores, e Jobs quis obrigar os desenvolvedores<br />

de software a adotá-la completamente.<br />

A cada mês, durante vários meses, Manock e Oyama faziam novos modelos e Jobs reunia a<br />

equipe para obter seu feedback. Cada vez que havia um novo modelo, todos os anteriores eram<br />

enfileirados junto a ele para que houvesse uma comparação. “Já pelo quarto modelo, eu quase não o<br />

distinguia do terceiro, mas Steve era sempre crítico e peremptório, dizendo que adorava ou odiava um<br />

detalhe que eu mal percebia”, recordava Hertzfeid. Manock e Oyama fizeram cinco ou seis protótipos<br />

antes que Jobs finalmente desse a sua aprovação, e então voltaram sua atenção para transformá-lo em<br />

um gabinete que pudesse ser produzido em massa. Para celebrar — e para reconhecer a arte de todo<br />

aquele esforço —, Jobs deu uma “festa da assinatura”, que foi comemorada com champanhe e com as<br />

assinaturas dos principais membros da equipe na face interna do gabinete. “Os artistas assinam suas<br />

obras”, explicou Jobs. (9)<br />

Entretanto, quando o Mac foi finalmente lançado, em janeiro de 1984, era uma máquina muito<br />

pouco potente. Para economizar dinheiro. Jobs tinha incluído apenas 128K de memória, menos do que<br />

a máquina de fato precisava. Operações simples, como copiar arquivos, tornavam-se esforços penosos,<br />

exigindo que os usuários ficassem botando e tirando discos do drive. Os primeiros usuários amaram a<br />

idéia do Mac, mas não seu uso na prática. “O que me apaixonou (e acho que isso vale para todos que<br />

compraram a máquina logo no início) não foi a máquina em si, pois ela era ridiculamente lenta e pouco<br />

potente, mas a idéia romântica da máquina”, escreveu Douglas Adams, autor de ficção científica.” (10)<br />

Felizmente, o principal engenheiro de hardware do Mac, Burrell Smith, previu que isto iria<br />

acontecer, e secretamente incluiu a capacidade de expandir a memória para 512K, tendo acrescentado<br />

várias linhas físicas de circuitos adicionais à placa lógica principal do Mac — contra ordens expressas<br />

de Jobs. Foi graças ao fato de Smith ter pensado adiante, no entanto, que a Apple pôde lançar uma<br />

versão muito melhorada do Mac, com mais memória, poucos meses depois.<br />

Desembalando um Apple<br />

Jobs prestava atenção a todos os detalhes do design da máquina, inclusive o da embalagem. Na<br />

verdade. Jobs decidiu que a embalagem do primeiro Macintosh seria parte integrante da apresentação<br />

aos consumidores de sua “revolucionária” plataforma computacional.<br />

Nos idos de 1984, ninguém fora de uns poucos laboratórios de pesquisa havia visto algo<br />

remotamente parecido com o Macintosh. Os computadores pessoais eram usados por engenheiros de<br />

óculos e hobbistas. Os computadores eram comprados em partes e soldados em uma mesa de oficina.<br />

Executavam cálculos matemáticos e eram controlados por misteriosos comandos digitados usando um<br />

cursor que piscava na tela.<br />

Em lugar disto. Jobs e a equipe do Mac haviam produzido uma máquina amigável com ícones e<br />

menus em inglês claro e simples, tudo controlado por um desconhecido dispositivo para apontar e<br />

clicar — o mouse.<br />

Para ajudar os consumidores a familiarizarem-se com o mouse e os demais componentes do<br />

Mac, Jobs decidiu que eles deveriam montar o Mac sozinhos assim que o tirassem da caixa. O ato de<br />

montar a máquina iria apresentar ao usuário todos os seus componentes e transmitir-lhe uma sensação<br />

de como funcionavam.<br />

Todas as peças — o computador, o teclado, o mouse, os cabos, os discos e o manual — eram<br />

embaladas separadamente. Jobs ajudou a desenhar a caixa minimalista decorada com uma foto em<br />

branco e preto do Mac e alguns rótulos na fonte Apple Garamond. Naquela época. Jobs falava em<br />

“elegância” e “gosto”, mas suas idéias sobre embalagem apresentaram à indústria da tecnologia a<br />

“rotina de desembalagem”, um ritual de familiarização que tem sido adotado por todos, da Dell aos<br />

fabricantes de telefones celulares.<br />

A Apple ainda desenha cuidadosamente suas embalagens tendo em mente as lições<br />

introdutórias.<br />

Em 1999, Jonathan Ive disse à revista Fast Company que a embalagem do primeiro iMac foi<br />

cuidadosamente desenhada para apresentar a máquina ao novo consumidor. Os acessórios do iMac,<br />

teclado e manual eram todos embalados em uma peça de espuma que também servia como uma mesa<br />

para segurá-los. Quando o consumidor retirava esta primeira peça de embalagem de espuma, via a alça

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