06.03.2015 Views

o_19eup2iar1eatu9v1j3u1efc1qgna.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

cem pessoas sabiam da existência do projeto iPod. Para finalizá-lo mais rapidamente, a equipe usou o<br />

maior número possível de peças já disponíveis no mercado: o disco da Toshiba, a bateria da Sony,<br />

alguns chips de controle da Texas Instruments.<br />

O projeto básico foi comprado de uma start-up do Vale do Silício chamada PortalPlayer, que<br />

estava trabalhando em designs de referência para players digitais, incluindo uma unidade de estante<br />

para uso em casa e um player portátil do tamanho de um maço de cigarros.<br />

A equipe também usou bastante a expertise já existente na própria Apple. “Não começamos do<br />

início”, disse Rubinstein. “Temos um grupo de engenharia de hardware à nossa disposição. Quando<br />

precisávamos de um adaptador para eletricidade, tínhamos o grupo que cuidava dos adaptadores.<br />

Precisávamos de um display, e tínhamos um grupo responsável por isso também. Usamos a equipe de<br />

arquitetura de hardware. Esse produto se beneficiou muito das tecnologias que já possuíamos.”<br />

O problema mais difícil de resolver era a duração das baterias. Se o drive fosse acessado o<br />

tempo todo, consumiria a carga em pouco tempo. A solução foi carregar diversas músicas em um<br />

banco de chips de memória, o que consome muito menos energia. O disco poderia ser colocado em<br />

modo de espera até que fosse preciso carregar mais músicas. Embora outros fabricantes usassem uma<br />

arquitetura similar para proteção contra impactos, o primeiro iPod tinha um buffer de memória de 32<br />

MB, permitindo que as baterias durassem dez horas em vez de apenas duas ou três.<br />

Após reunir todas as peças, o formato final do iPod ficou evidente. Bastava encaixar todas as<br />

peças de forma natural em uma caixa fina do tamanho aproximado de um baralho de cartas.<br />

“Algumas coisas ficam realmente claras quando pensamos nos materiais que as compõem, e foi<br />

isso o que aconteceu”, disse Rubinstein. “Quando juntamos tudo, a aparência final era óbvia.”<br />

Apesar disso, o grupo de design da Apple, liderado por Jonathan Ive, criou diversos protótipos.<br />

A equipe colaborou de perto com fabricantes e engenheiros, alterando e refinando constantemente o<br />

design.<br />

Para fazer com que o processo de correção de erros fosse simples, os primeiros protótipos do<br />

iPod foram colocados dentro de grandes recipientes de policarbonato do tamanho aproximado de uma<br />

caixa de sapatos, conhecidos como “unidades stealth” (indetectáveis). Como muitas outras empresas<br />

do Vale do Silício, a Apple está sujeita à espionagem industrial por parte de rivais que adorariam dar<br />

uma olhada no que está sendo feito. Alguns observadores sugeriram que as caixas disfarçavam os<br />

protótipos contra eventuais espiões. Os engenheiros, contudo, dizem que elas eram totalmente<br />

funcionais: grandes e acessíveis, tornavam o processo de depuração mais fácil, se houvesse algum<br />

problema.<br />

Para economizar tempo no desenvolvimento do software para o iPod, um sistema operacional<br />

de baixo nível, contendo apenas as coisas básicas, foi instalado para servir de ponto de partida para o<br />

desenvolvimento da interface. O sistema foi licenciado da Pixo, uma start-up do Vale do Silício<br />

fundada por Paul Mercer, ex-engenheiro da Apple que havia trabalhado no Newton e, na época, estava<br />

desenvolvendo um sistema operacional para celulares. O sistema Pixo atuava no nível mais básico:<br />

cuidava de coisas como chamadas para o disco rígido requisitando arquivos de música. Também<br />

continha bibliotecas de código para a criação de interfaces, com comandos para desenhar linhas ou<br />

caixas em uma tela. Não incluía, porém, uma interface com o usuário pronta para uso. A Apple criou a<br />

aclamada interface de usuário do iPod em cima do sistema da Pixo.<br />

A idéia para a click wheel partiu do diretor de marketing da Apple, Phil Schiller, que, em uma<br />

das primeiras reuniões, disse de forma bastante incisiva: “A click wheel é a melhor interface para este<br />

produto.” Schiller também sugeriu que a navegação pelos menus ficasse mais rápida quando a wheel<br />

fosse girada por mais tempo, um toque de gênio que dá ao iPod uma funcionalidade especial. A idéia<br />

para a click wheel talvez não tivesse sido sugerida se o desenvolvimento de produtos na Apple fosse<br />

feito pelo tradicional método seqüencial.<br />

A click wheel do iPod tornou-se seu recurso mais característico. Na época, usar um dispositivo<br />

circular para controlar um MP3 player era inovador, mas também era surpreendentemente funcional.<br />

Os MP3 players dos concorrentes usavam botões comuns em vez disso. A click wheel parece ter sido<br />

um ato de criação mágica. Por que ninguém havia pensado nesse controle antes? Mas a idéia de<br />

Schiller não surgiu do nada: a click wheel, assim como outras variações da scroll wheel— ou roda de<br />

rolagem —, com ou sem clique, são comuns em dispositivos eletrônicos, de diversos modelos de<br />

mouse aos controles encontrados na lateral de alguns Palm Pilots. Os telefones da série BeoCom<br />

fabricados pela Bang & Olufsen têm um seletor similar ao do iPod para navegar por listas de telefones

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!