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Apple em tempo integral. Mas pouco antes, em seu discurso, Jobs descreveu a visão da Apple — uma<br />

visão que iria inspirar mais de uma década de inovação na Apple e iria orientar quase tudo o que a<br />

empresa fez, do iPod às suas lojas de varejo e até mesmo sua publicidade.<br />

A estratégia do hub digital talvez seja a coisa mais importante que Jobs já descreveu em um<br />

discurso de abertura. A idéia, que hoje nos parece um tanto óbvia, teve implicações de longo alcance<br />

em quase tudo o que a Apple fez. Ela mostra de que forma a adesão a uma idéia simples e bem<br />

articulada pode orientar com sucesso a estratégia empresarial, assim como influenciar tudo, desde o<br />

desenvolvimento de produtos até o planejamento visual das lojas de varejo.<br />

De barba feita, usando uma camisa preta de gola rule e jeans, Jobs começou seu discurso<br />

pintando um quadro um tanto sombrio da indústria dos computadores. Ele observou que o ano 2000<br />

havia sido um ano difícil para a Apple e para os fabricantes de computadores como um todo. (Em<br />

março de 2000, a bolha ponto-com começou a estourar e as compras de equipamentos de informática<br />

despencaram.) Jobs mostrou ao público um slide de uma lápide funerária sobre a qual se lia AMADO<br />

PC, 1976-2000, DESCANSE EM PAZ.<br />

Jobs observou que muita gente na indústria dos computadores estava preocupada com o fato de<br />

que o PC estava definhando, que seu lugar no centro das coisas tinha acabado. Mas Jobs disse que o<br />

PC não estava definhando de forma alguma: na verdade, estava às portas de sua terceira grande era.<br />

A primeira era de ouro do PC, a era da produtividade, começou em torno de 1980, com a<br />

invenção da planilha, do processamento de textos e da editoração eletrônica. Essa época durou quase<br />

15 anos e impulsionou a indústria, disse Jobs enquanto caminhava pelo palco da Macworld. Então, em<br />

meados dos anos 1990, começou a segunda era de ouro do PC: a era da internet. “A internet levou o<br />

PC a novas alturas, tanto no uso empresarial quanto no pessoal”, observou Jobs.<br />

Agora, contudo, o computador estava entrando em sua terceira grande era: a era do estilo de<br />

vida digital, impulsionada por uma explosão de dispositivos digitais, disse Jobs. Ele observou que todo<br />

mundo tinha telefones celulares, DVD players e câmeras digitais. “Estamos vivendo um estilo de vida<br />

digital com uma explosão de dispositivos digitais”, disse ele. “É realmente grande.”<br />

Mais importante ainda, o computador não era apenas um periférico desse estilo de vida digital,<br />

argumentou Jobs, e sim seu próprio centro. O computador era o “hub digital”, a estação central onde se<br />

conectavam todos os dispositivos digitais. E quando esses dispositivos digitais eram conectados a um<br />

computador, eles se ampliavam: o computador baixava músicas com um MP3 player ou editava vídeos<br />

gravados com uma filmadora digital.<br />

Jobs explicou que começou a entender a idéia de um hub digital depois que a Apple<br />

desenvolveu o iMovie, um aplicativo de edição de vídeo. O aplicativo iMovie permite que as imagens<br />

de uma filmadora digital sejam editadas no computador, tornando a câmera muito mais valiosa do que<br />

seria por contra própria. “Isso torna a sua filmadora digital dez vezes mais valiosa, porque você pode<br />

converter gravações não editadas em filmes incríveis, com vários tipos de cortes e fusões, com créditos<br />

e trilha sonora”, disse Jobs. “Você pode converter uma gravação que provavelmente jamais assistiria<br />

de novo em sua filmadora em uma peça de comunicação incrivelmente emocional. Profissional.<br />

Pessoal. É espantoso... o valor dela se multiplica.”<br />

Tudo isso parece óbvio agora, mas, na época, poucas pessoas usavam seus computadores para<br />

tais tarefas e esta não era, em absoluto, a cultura predominante. Jobs, contudo, não era o único a<br />

reconhecer que o computador estava se tornando um dispositivo de estilo de vida. Bill Gates havia<br />

falado sobre o “estilo de vida digital” naquela mesma semana durante seu discurso no Consumer<br />

Electronics Show em Las Vegas. Craig Barrett, CEO da Intel, também estava fazendo discursos<br />

observando que o computador é “realmente o centro do mundo digital”.<br />

Mas a articulação de Jobs tornou-se uma declaração de missão para a Apple. O “hub digital”<br />

era o reconhecimento de uma importante tendência na indústria dos computadores e o estabelecimento<br />

do lugar da Apple dentro dessa indústria. Isso permitiu que Jobs olhasse para as tecnologias<br />

emergentes e o comportamento dos consumidores para então formular estratégias adequadas para os<br />

produtos. (Mais sobre o hub digital no capítulo 7.)<br />

Produtos como força gravitacional<br />

Parte do processo na Apple é focalizar os produtos, meta final que orienta e informa a<br />

inovação. A inovação aleatória é um desperdício. Tem que haver uma direção, algo que possa<br />

impulsionar tudo ao mesmo tempo. Algumas empresas do Vale do Silício desenvolvem novas

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