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Ive disse que mantê-lo simples foi a filosofia geral de design para a máquina. “Queríamos nos<br />

livrar de tudo que não fosse absolutamente essencial, mas não se vê este esforço”, disse. “Muitas vezes<br />

começamos do zero. 'Precisamos desta peça? Podemos fazê-la desempenhar a função das outras quatro<br />

peças?' Reduzir e reduzir acabou se tornando um exercício, mas isto torna mais fácil a construção, e,<br />

para as pessoas, torna mais fácil trabalhar.”<br />

Então Ive lançou-se em uma apaixonada descrição de vinte minutos sobre o design do novo<br />

computador. Ele ainda se estenderia mais, se não tivesse sido interrompido por um membro da equipe<br />

de RP da Apple, que lhe lembrou que ele tinha outros compromissos. Para Ive, aquilo era mais forte<br />

que ele. O design é sua vocação. E só fazê-lo começar e ele vai falar extensivamente, com grande<br />

sinceridade e entusiasmo, sobre o design de algo tão ilusoriamente simples quanto um fecho para um<br />

painel de acesso. Antes de nos despedirmos, pedi a Ive que comparasse o Power Mac G5 aos<br />

computadores de alto design do mundo dos PCs que rodam Windows, como os da Alienware ou da<br />

Falcon Northwest. Estas máquinas às vezes se parecem com carros customizados de alta potência,<br />

sendo decoradas com labaredas pintadas ou grades cromadas.<br />

“As coisas se tornam realmente mais potentes quando você não sobrepõe um verniz fingindo<br />

que sejam potentes”, disse ele. “Eu o vejo como uma ferramenta. Ele é uma ferramenta extremamente<br />

potente. Não existe fachada de plástico que reforce o fato de que é uma ferramenta realmente potente.<br />

É muito, muito óbvio que ele é o que é.” E continuou: “Do ponto de vista de um designer, não estamos<br />

em um jogo de aparências. Ele é muito utilitário. É o uso do material de uma forma bastante<br />

minimalista.”<br />

A explicação improvisada de Ive sobre o gabinete de alumínio do computador revela muita<br />

coisa sobre o processo de design que o produziu: o impulso de reduzir e simplificar, a atenção aos<br />

detalhes e o respeito aos materiais. Além disso, há a paixão e a garra de Ive. Todos esses fatores<br />

contribuem para o singular processo de design de Ive.<br />

Uma queda por protótipos<br />

Jonathan Ive e sua mulher, Heather, moram com seus pequenos gêmeos em uma casa próxima<br />

ao alto de Twin Peaks, tendo a vista de São Francisco. A casa é descrita como “sem ostentação”, mas<br />

Ive dirige um carro que já figurou em filmes de James Bond — um Aston Martin de 200 mil dólares.<br />

No início, ele queria projetar carros. Fez um curso na Central Saint Martins Art School, em<br />

Londres, mas achou os alunos estranhos demais. “Eles faziam 'vrum, vrum' quando estavam<br />

desenhando”, disse ele. (18) Preferiu, então, matricular-se em um curso de design de produtos na<br />

Newcastle Polytechnic.<br />

Foi em Newcastle que Ive adquiriu uma queda por protótipos. Clive Grinyer, estudante como<br />

ele e mais tarde um de seus colegas, lembra uma visita ao apartamento de Ive em Newcastle. Ficou<br />

perplexo ao vê-lo cheio de centenas de modelos em foamcore do seu projeto final: uma combinação de<br />

aparelho para surdez com microfone para auxiliar os professores a comunicarem-se com alunos surdos.<br />

A maioria dos estudantes de design construía cinco ou seis modelos do seu projeto. Ive “se<br />

concentrava naquilo que estava tentando realizar com mais intensidade do que qualquer pessoa que já<br />

conheci”, disse Grinyer. (19)<br />

Parece estranho, mas Ive não tinha a menor afinidade com computadores quando era estudante.<br />

“Todo o tempo que passei na faculdade, tive sérios problemas com os computadores”, disse Ive.<br />

“Estava convencido de que era tecnicamente inepto.” (20) Mas pouco antes de sair de Newcastle, em<br />

1989, ele descobriu o Mac. “Lembro-me de ter ficado estupefato com o fato de ser tão melhor do que<br />

qualquer outra coisa que eu já tivesse tentado usar”, disse. “Fiquei impressionado com o cuidado com<br />

que era tratada toda a experiência do usuário. Tive uma sensação de conexão, por meio do objeto, com<br />

seus designers. Comecei a me informar mais sobre a empresa: como havia sido fundada, seus valores e<br />

sua estrutura. Quanto mais eu ficava sabendo sobre essa companhia ousada — quase rebelde —, mais<br />

ela me atraía, por apontar, muito claramente, para uma alternativa em uma indústria complacente e<br />

criativamente falida. A Apple defendia ideais e tinha uma razão de ser que não era apenas obter<br />

lucros.”<br />

Com o passar dos anos, os computadores o impressionavam cada vez mais. Em uma entrevista<br />

para a revista Face, explicou que é fascinado por sua natureza multifuncional. “Nenhum outro produto<br />

muda de funções como um computador”, disse. “O iMac pode ser uma jukebox, uma ferramenta para<br />

editar vídeos, um modo de organizar fotografias. Você pode desenhar com ele, escrever com ele.

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