globais - Revista PIB
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Plantação de milho e arroz da Odebrecht em Angola: a Embrapa apóia grupos interessados em plantar grãos na África<br />
fotos: Divulgação/Embrapa<br />
uma maneira de calcular quanto se<br />
está emitindo e quanto se está aquecendo.<br />
E isso não é uma conta que<br />
eu faço em um único país – preciso<br />
fazê-la no mundo inteiro. É necessário<br />
haver um modelo global, mas<br />
calibrado regionalmente. Daí a importância<br />
de ter dados tropicais, fornecidos<br />
pelas instituições de ciência<br />
localizadas no Hemisfério Sul.<br />
O que a Embrapa tem a ganhar ao se<br />
aproximar da África e da Ásia?<br />
Uma parte da nossa agenda é humanitária.<br />
Ajudamos os países que,<br />
reconhecidamente, estão numa<br />
situação inferior à do Brasil, em<br />
termos de desenvolvimento e de<br />
nutrição. São essencialmente os<br />
países da África, de boa parte da<br />
América Latina e alguns da Ásia. A<br />
mandioca, por exemplo, não é uma<br />
commodity, mas sim uma planta de<br />
subsistência. Embora ela seja brasileira,<br />
não estamos muito preocupados<br />
com o fato de que tenha<br />
se disseminado por outros países.<br />
Planta-se e consome-se hoje mais<br />
mandioca na Nigéria do que no<br />
Brasil. Nós detemos todo o conhecimento<br />
de manejo dessa cultura.<br />
Quando é para fim industrial, no<br />
entanto, temos uma mandioca que<br />
possui alta produtividade. Pode ser<br />
que valha a pena proteger nosso<br />
domínio tecnológico. Aí entramos<br />
na nossa agenda de negócios.<br />
Como isso funciona?<br />
Temos de gerar renda, dividendos<br />
financeiros e econômicos. Angola<br />
quer usar tecnologia da Embrapa<br />
para produzir milho e soja. Tem<br />
interesse também em produzir biodiesel<br />
para exportar para a Europa.<br />
Nesse sentido, temos recebido muitas<br />
demandas. A Odebrecht e grupos<br />
portugueses estão investindo em<br />
fazendas em Angola. Já Alemanha,<br />
Japão e Coréia estão interessados no<br />
nosso etanol, mas não querem ficar<br />
dependentes desse tipo de combustível,<br />
pois hoje Brasil e Estados Unidos<br />
dominam 80% da produção.<br />
Como a Embrapa encara a demanda<br />
por alimentos de um país, como a<br />
China, cuja economia cresce aceleradamente<br />
há décadas?<br />
Os chineses têm limitações em termos<br />
de terras agricultáveis e de disponibilidade<br />
de água e de energia<br />
para o seu desenvolvimento. Com um<br />
crescimento anual por volta dos 10%,<br />
não conseguem ser auto-suficientes<br />
em alimentos. O segundo problema<br />
Angola quer usar<br />
tecnologia da<br />
Embrapa de produção<br />
de milho, soja e<br />
biodiesel com foco no<br />
mercado europeu<br />
sério que enfrentam é a poluição.<br />
A matriz energética na China tem<br />
por base o carvão, mas a demanda<br />
por outras fontes de combustível<br />
é crescente. Uma parte disso será<br />
importada, mas a outra eles querem<br />
produzir na África. Com isso, resolvem<br />
dois problemas no continente: a<br />
necessidade industrial – 30% do petróleo<br />
importado pela China já vem<br />
da África – e alimentar. A China vai<br />
investir US$ 25 bilhões, nos próximos<br />
cinco anos, na África.<br />
Mas o que a Embrapa pode ganhar<br />
com isso?<br />
A partir de agora, para plantar soja,<br />
milho ou arroz, os chineses terão de<br />
aprender a lidar com os ecossistemas<br />
das regiões tropicais. E quem tem<br />
essa tecnologia? Nós temos, eles não.<br />
Por isso, precisamos ocupar esse espaço.<br />
A nós, não basta somente ser<br />
líderes, ter a tecnologia e não fazer<br />
nada com ela. Temos de transformar<br />
isso em produção, ensinar esses países<br />
a produzir e ganhar com o nosso<br />
conhecimento. Estamos vendo, por<br />
exemplo, grandes oportunidades de<br />
negócios tecnológicos com a Venezuela,<br />
onde acabamos de montar um<br />
escritório. A médio e a longo prazo,<br />
esperamos que esse relacionamento<br />
gere recursos de volta para a Embrapa<br />
e para as empresas brasileiras<br />
que investirem no agronegócio no<br />
país vizinho. z<br />
P I B<br />
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