Observatório Educação e Cidade Desigualdades de Oportunidades ...
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<strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong><br />
<strong>Desigualda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s Educacionais e<br />
Dimensões da Alfabetização da <strong>Educação</strong> Básica no<br />
Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Coor<strong>de</strong>nação: Prof. Luiz Cesar Queiroz Ribeiro<br />
lcqribeiro@gmail.com, 21 81295259<br />
Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) / UFRJ<br />
Prédio da Reitoria - 5º andar, sala 530<br />
<strong>Cida<strong>de</strong></strong> Universitária - Ilha do Fundão<br />
CEP.: 21941-901- Rio <strong>de</strong> Janeiro-RJ - Brasil<br />
Projeto Submetido<br />
OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO – Edital 2010<br />
Fomento a Estudos e Pesquisas em <strong>Educação</strong><br />
EDITAL Nº 38/2010/CAPES/INEP<br />
1
1. Instituições e Equipe ............................................................................................................. 3<br />
2. Detalhamento do Projeto ..................................................................................................... 6<br />
2.1. Introdução e Linha <strong>de</strong> Pesquisa................................................................................... 6<br />
2.2. Objetivos.................................................................................................................... 16<br />
2.3. Justificativa ................................................................................................................ 16<br />
2.3.1. Objetivo 1: Realizar o monitoramento da evolução do analfabetismo, letramento<br />
e numeramento no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro..................................................................... 16<br />
2.3.2. Objetivo 2: Mapear o grau <strong>de</strong> apropriação e conhecimento dos sistemas <strong>de</strong><br />
informação e <strong>de</strong> avaliação para o planejamento educacional ........................................... 22<br />
2.3.3. Objetivo 3: Realizar um programa <strong>de</strong> formação sobre o uso <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />
informação e <strong>de</strong> avaliação para o planejamento educacional ........................................... 25<br />
2.4. Metodologia............................................................................................................... 27<br />
2.4.1. Objetivo 1: Realizar o monitoramento do analfabetismo, letramento e<br />
numeramento no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro........................................................................ 27<br />
2.4.2. Objetivo 2: Mapear o grau <strong>de</strong> apropriação e conhecimento dos sistemas <strong>de</strong><br />
informação e <strong>de</strong> avaliação para o planejamento educacional ........................................... 28<br />
2.4.3. Objetivo 3: Realizar um programa <strong>de</strong> formação sobre o uso <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />
informação e <strong>de</strong> avaliação para o planejamento educacional ........................................... 30<br />
2.5. Referências ................................................................................................................ 32<br />
3. Ações Previstas e Resultados Esperados............................................................................. 34<br />
4. Cronograma <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s.................................................................................................. 36<br />
5................................................................................................................................................... 39<br />
6. Demais Projetos Financiados .............................................................................................. 42<br />
2
1. Instituições e Equipe<br />
O Projeto “<strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong>s: <strong>Desigualda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s<br />
Educacionais e Dimensões da Alfabetização da <strong>Educação</strong> Básica no Estado do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro” é uma proposta que visa dar continuida<strong>de</strong> aos trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos pelo<br />
<strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong>, financiado pelo <strong>Observatório</strong> da <strong>Educação</strong> em 2007.<br />
O <strong>Observatório</strong> da <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong>s, nos últimos quatro anos, se consolidou<br />
como um núcleo <strong>de</strong> pesquisa que tem como temática central as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s educacionais, consi<strong>de</strong>rando <strong>de</strong> forma integrada os diferentes contextos<br />
e agentes atuantes nesse processo: o da cida<strong>de</strong>, o da escola e o da família. Destaca‐se,<br />
entre as preocupações do grupo, a dimensão territorial <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> acesso<br />
a bens e serviços, bem como mecanismos iníquos <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Esta<br />
parceria tem possibilitado, além da ampla produção acadêmica (07 artigos publicados<br />
em periódicos qualificados e 02 livros), a formação <strong>de</strong> pós‐graduandos (07 teses e<br />
dissertações já <strong>de</strong>fendidas).<br />
O presente projeto articula três subprojetos sobre a temática das<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s educacionais, <strong>de</strong>stacando a questão da alfabetização, e prioriza o<br />
Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro como lócus <strong>de</strong> investigação. Como veremos mais adiante, os<br />
subprojetos se baseiam na utilização dos dados nacionais como o Censo Escolar, a<br />
Prova Brasil e o Censo Demográfico e <strong>de</strong> bases regionais para estudar as relações entre<br />
a segregação resi<strong>de</strong>ncial e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais.<br />
Neste sentido, é nosso interesse consolidar o conhecimento em aspectos pouco<br />
explorados <strong>de</strong> nosso quadro educacional, mas que apresentam importante influência<br />
no estudo e <strong>de</strong>senvolvimento potencial <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> estímulo à qualida<strong>de</strong> e<br />
eqüida<strong>de</strong> da educação brasileira, especificamente com relação à <strong>Educação</strong> Básica. A<br />
proposta ora apresentada aborda às seguintes áreas <strong>de</strong> investigação do Edital:<br />
Ø estudos que valorizem a alfabetização como um processo<br />
essencial ao exercício das práticas sociais <strong>de</strong> leitura,<br />
numeramento, oralida<strong>de</strong> e escrita, ao sucesso escolar, à inserção<br />
no mundo do trabalho e ao pleno exercício da cidadania no<br />
complexo mundo em que vivemos.<br />
3
Ø<br />
avaliação institucional e da aprendizagem: indicadores <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong> do ensino‐aprendizagem, do trabalho didático e da<br />
carreira docente; indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho dos sistemas <strong>de</strong><br />
ensino; <strong>de</strong>terminantes da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino.<br />
O projeto será <strong>de</strong>senvolvido por um núcleo em re<strong>de</strong> com a participação <strong>de</strong><br />
diversos professores atuantes em programas <strong>de</strong> pós‐graduação das principais<br />
universida<strong>de</strong>s do Rio <strong>de</strong> Janeiro nas áreas <strong>de</strong> planejamento urbano, educação e<br />
ciências sociais, conforme mostrado nos quadros I e II.<br />
QUADRO I: INSTITUIÇÕES E PROGRAMAS DE PÓS‐GRADUAÇÃO INTEGRANTES DO PROJETO<br />
Instituição Unida<strong>de</strong> Vinculada Pós‐Graduação<br />
UFRJ<br />
Instituto <strong>de</strong> Planejamento Urbano e<br />
Regional (IPPUR)/ <strong>Observatório</strong> das<br />
Metrópoles<br />
Planejamento Urbano e<br />
Regional<br />
Avaliação CAPES<br />
(2004‐2006)<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Educação</strong> 3<br />
PUC‐Rio Departamento <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Educação</strong> 6<br />
UERJ<br />
Instituto <strong>de</strong> Filosofia e Ciências<br />
Humanas<br />
Ciências Sociais 5<br />
6<br />
QUADRO II: PESQUISADORES INTEGRANTES DO PROJETO<br />
Instituição Unida<strong>de</strong> Vinculada Professor Função Currículo<br />
UFRJ<br />
IPPUR/ <strong>Observatório</strong><br />
das Metrópoles<br />
Luiz Cesar Queiroz<br />
Ribeiro<br />
Cristiane Lasmar<br />
Pacheco<br />
Coor<strong>de</strong>nador<br />
Geral<br />
Pesquisador<br />
http://lattes.cnpq.br/1023521805589135<br />
http://lattes.cnpq.br/5190836288007922<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marcio da Costa Pesquisador http://lattes.cnpq.br/7101633434064668<br />
<strong>Educação</strong> Mariane Koslinski Pesquisador http://lattes.cnpq.br/4896487821943193<br />
PUC‐Rio<br />
UERJ<br />
Departamento <strong>de</strong><br />
<strong>Educação</strong><br />
Instituto <strong>de</strong> Filosofia<br />
e Ciências Humanas<br />
Fátima Alves Coor<strong>de</strong>nador http://lattes.cnpq.br/7612571303644645<br />
Cynthia Paes <strong>de</strong><br />
Carvalho<br />
Jose Ignacio Cano<br />
Gestoso<br />
Pesquisador<br />
Coor<strong>de</strong>nador<br />
http://lattes.cnpq.br/0512449913760180<br />
http://lattes.cnpq.br/0100663725029740<br />
Em que pese o fato da temática ser ainda emergente no Brasil, os<br />
pesquisadores envolvidos nesse projeto contam com reconhecida competência e<br />
experiência acumulada, conforme seus Currículos Lattes facilmente revelam. O fato <strong>de</strong><br />
estarem articulados a partir do <strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong> e do <strong>Observatório</strong> das<br />
Metrópoles, núcleos consolidados e formados sob a égi<strong>de</strong> dos programas <strong>Observatório</strong><br />
4
da <strong>Educação</strong> CAPES/ INEP, Instituto do Milênio, INCT e Núcleo <strong>de</strong> Estudos (INEP/MEC)<br />
assegura forte suporte técnico, conceitual e material. Quanto à infra‐estrutura<br />
disponível para realização do Projeto, estamos contanto principalmente com a<br />
estrutura da PUC‐Rio e da UFRJ, seja no IPPUR, seja na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong>. Os<br />
trabalhos serão sediados nesses locais, que contam com instalações suficientes para o<br />
trabalho necessário. O <strong>Observatório</strong> das Metrópoles (IPPUR/UFRJ) e o Departamento<br />
<strong>de</strong> <strong>Educação</strong> da PUC‐Rio contam com diversos equipamentos computacionais, acervo<br />
bibliográfico nas áreas específicas <strong>de</strong> suas atuações e recursos a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong><br />
comunicação e transferência <strong>de</strong> dados. Também na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> da UFRJ e<br />
no Instituto <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas da UERJ po<strong>de</strong>mos dispor <strong>de</strong> uma sala<br />
reservada com equipamentos <strong>de</strong> informática e comunicação.<br />
Há, nos quatro campi, pleno acesso a bases bibliográficas informatizadas,<br />
através do Portal <strong>de</strong> Periódicos CAPES, além <strong>de</strong> bibliotecas da área <strong>de</strong> ciências<br />
humanas e educação. Os núcleos dispõem, ainda, <strong>de</strong> acervo específico próprio, bem<br />
como <strong>de</strong> licenças <strong>de</strong> programas informacionais específicos – em particular os<br />
necessários ao processamento e tratamento <strong>de</strong> dados espacializados.<br />
O núcleo central da equipe conta com sete professores universitários, com<br />
larga experiência no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas utilizando análise <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong><br />
dados e técnicas quantitativas e qualitativas <strong>de</strong> investigação. Todos acumulam<br />
experiência e publicações nas temáticas eleitas para investigação. Cada um dos<br />
pesquisadores do núcleo central li<strong>de</strong>ra, por sua vez, equipes <strong>de</strong> pesquisadores em<br />
formação, em graus diversos, sendo alunos <strong>de</strong> pós‐graduação, graduação ou mesmo<br />
profissionais em nível <strong>de</strong> pós‐doutorado. Optamos por não relacionar os estudantes<br />
dos diversos níveis que se envolverão no trabalho aqui proposto, por haver alguma<br />
mobilida<strong>de</strong> previsível, conforme o <strong>de</strong>senvolvimento do projeto, ao longo e quatro<br />
anos. Asseveramos, contudo, que dispomos <strong>de</strong> equipes numerosas <strong>de</strong> trabalho, que<br />
permitem sustentar trabalho <strong>de</strong> fôlego como o proposto. Dispomos, ainda, tanto na<br />
equipe quanto em regime <strong>de</strong> colaboração eventual, <strong>de</strong> laços <strong>de</strong> trabalho acadêmico<br />
com profissionais altamente especializados, como no caso da área <strong>de</strong><br />
geoprocessamento, consi<strong>de</strong>rada sensível e inovadora no <strong>de</strong>senho do Projeto. Dessa<br />
forma, trabalhos eventuais serão requisitados a tais profissionais.<br />
5
2. Detalhamento do Projeto<br />
2.1. Introdução e Linha <strong>de</strong> Pesquisa<br />
O Brasil chegou ao início da década <strong>de</strong> 1980 com indicadores educacionais<br />
sofríveis. De acordo com o Censo Populacional <strong>de</strong> 1980, 25% da população acima <strong>de</strong> 15<br />
anos era constituída por pessoas analfabetas, o número absoluto <strong>de</strong> analfabetos era<br />
crescente e o número médio <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> escolarização da população era inferior a<br />
quatro anos. No que diz respeito aos indicadores <strong>de</strong> matrícula e <strong>de</strong> fluxo escolar,<br />
somente 80% da população <strong>de</strong> 7 a 14 anos freqüentava a escola, a taxa <strong>de</strong> nãoaprovação<br />
(reprovação e abandono) no ensino fundamental era <strong>de</strong> 40% e <strong>de</strong> distorção<br />
ida<strong>de</strong> série <strong>de</strong> 76%. Além disso, não existiam indicadores nacionais <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
baseados em <strong>de</strong>sempenho discente.<br />
Nos anos <strong>de</strong> 1990, as políticas recomendadas pelos organismos internacionais<br />
aos países em <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stacam a educação como um dos principais fatores<br />
associados ao aprimoramento do exercício da <strong>de</strong>mocracia, à superação do quadro <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s extremas e ao estímulo ao <strong>de</strong>senvolvimento econômico. No Brasil, na<br />
busca <strong>de</strong> equacionamento <strong>de</strong>ssa nova realida<strong>de</strong>, uma série <strong>de</strong> reformas foi<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada, fazendo com que as questões educacionais fossem colocadas entre as<br />
que <strong>de</strong>mandavam modificações que iam além dos aspectos técnico‐pedagógicos e<br />
equiparava‐se com as <strong>de</strong>mais políticas sociais para as quais era necessária a<br />
re<strong>de</strong>finição dos papéis dos diferentes níveis estatais.<br />
As mudanças legais ocorridas nos últimos anos estão no sentido <strong>de</strong> conferir<br />
maior autonomia e <strong>de</strong>scentralização ao ensino, <strong>de</strong>finir as responsabilida<strong>de</strong>s pela oferta<br />
<strong>de</strong> serviços educacionais entre as esferas <strong>de</strong> governo, propor a colaboração entre<br />
União, Estados e Municípios e criar políticas <strong>de</strong> alocação <strong>de</strong> recursos baseadas no<br />
custo mínimo por aluno, como um dos mecanismos <strong>de</strong> diminuição das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<br />
regionais. Os temas relacionados à qualida<strong>de</strong> sempre estiveram presentes como<br />
motivadores dos esforços <strong>de</strong> reforma educacional, mas assumiram distintos<br />
significados e ênfases nos diversos momentos.<br />
6
Quase <strong>de</strong>z anos após a implementação dos principais processos <strong>de</strong> modificação<br />
da estrutura e do funcionamento da educação brasileira, principalmente no que se<br />
refere à <strong>Educação</strong> Básica observa‐se a melhoria dos indicadores educacionais. No ano<br />
2000, os indicadores associados aos problemas acima mencionados foram reduzidos a<br />
não menos da meta<strong>de</strong> dos valores do ano <strong>de</strong> 1980: a taxa <strong>de</strong> analfabetismo <strong>de</strong> pessoas<br />
acima <strong>de</strong> 15 anos caiu para 13%, com redução pela primeira vez, em 1993, do número<br />
absoluto <strong>de</strong> analfabetos e, no mesmo ano, o número médio <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> escolarização<br />
atingiu cinco anos. O fluxo escolar apresentou expressiva melhora: em 2000 a taxa <strong>de</strong><br />
não aprovação para o ensino fundamental era <strong>de</strong> 20% e a <strong>de</strong> distorção ida<strong>de</strong> série <strong>de</strong><br />
38%, exatamente a meta<strong>de</strong> dos valores apresentados em 1980. Com a consolidação do<br />
Sistema <strong>de</strong> Avaliação da <strong>Educação</strong> Básica, po<strong>de</strong>‐se contar também com um indicador<br />
nacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho dos alunos.<br />
Até o final da década <strong>de</strong> 1970 e início da década <strong>de</strong> 1980 a melhoria dos<br />
indicadores educacionais explicava‐se principalmente por razões ligadas à mudança da<br />
estrutura <strong>de</strong>mográfica da população brasileira: não só a diminuição das coortes em<br />
ida<strong>de</strong> escolar redundou em menor <strong>de</strong>manda agregada por educação, mas também o<br />
processo <strong>de</strong> urbanização e o nível relativamente maior <strong>de</strong> escolarização das mães<br />
contribuíam para o aumento do número <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> educação completados por<br />
crianças e jovens. Já na década <strong>de</strong> 1990, a melhoria dos indicadores educacionais<br />
<strong>de</strong>ve‐se principalmente à maior eficácia interna do sistema educacional (Silva e<br />
Hasenbalg, 2000).<br />
No entanto, apesar dos avanços obtidos nas décadas anteriores, o Brasil ainda<br />
apresenta graves problemas educacionais. a) as iniciativas para reduzir ainda mais a<br />
taxa <strong>de</strong> analfabetismo não têm logrado êxito; b) estagnação da melhoria do fluxo<br />
escolar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998, permanecendo elevados os índices <strong>de</strong> reprovação escolar e <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fasagem ida<strong>de</strong> série e c) avaliações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> estudantes brasileiros, em<br />
especial o SAEB, apontam para a baixa qualida<strong>de</strong> da educação brasileira, com uma<br />
expressiva parcela dos alunos que completa a 4ª série do Ensino Fundamental sem a<br />
aquisição <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> leitura e matemática.<br />
Tais aspectos constituem‐se em problema no quadro atual da educação no país<br />
e o <strong>de</strong>safio que se coloca para pesquisadores é o <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r como a dinâmica<br />
social e as políticas educacionais relaciona‐se com a evolução dos indicadores<br />
7
educacionais. Durante o período <strong>de</strong> 1990 a 2010, muitas alterações ocorreram no grau<br />
<strong>de</strong> atendimento da <strong>de</strong>manda educacional e no modo pelo quais as diversas esferas do<br />
Estado se organizaram para atendê‐la. Em especial, no período consi<strong>de</strong>rado, houve<br />
alterações expressivas: (a) no grau em que o sistema educacional incorporou as<br />
<strong>de</strong>mandas por educação, o que se refletiu em alterações no fluxo escolar e no perfil<br />
social dos jovens que atingiam os diversos níveis educacionais; (b) na <strong>de</strong>pendência<br />
administrativa da escola que atendia a <strong>de</strong>manda educacional; (c) no próprio perfil<br />
educacional dos pais dos alunos e (d) no modo heterogêneo pelo qual cada um <strong>de</strong>sses<br />
fatores atuou em diferentes regiões do país.<br />
Consi<strong>de</strong>rando o quadro <strong>de</strong> indicadores educacionais expostos acima,<br />
observamos que um dos conceitos chave na educação brasileira é o <strong>de</strong> alfabetização/<br />
analfabetismo. Face às recentes mudanças ocorridas na educação brasileira, é mister a<br />
realização <strong>de</strong> uma análise aprofundada das relações entre as diferentes dimensões<br />
<strong>de</strong>ste conceito com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino. No entanto, cabe ressaltar que, ao longo<br />
dos últimos anos, o próprio conceito <strong>de</strong> alfabetização/ analfabetismo sofreu<br />
alterações. Assim, enquanto o conceito usado pelo IBGE nas suas estatísticas<br />
consi<strong>de</strong>ra alfabetizada a “pessoa capaz <strong>de</strong> ler e escrever pelo menos um bilhete<br />
simples no idioma que conhece”, cada vez mais, no mundo, adota‐se o conceito <strong>de</strong><br />
analfabeto funcional, que incluiria todas as pessoas com menos <strong>de</strong> quatro séries <strong>de</strong><br />
estudos concluídas. Usando este segundo critério, mais a<strong>de</strong>quado à realida<strong>de</strong><br />
econômica e tecnológica do mundo contemporâneo, o número <strong>de</strong> analfabetos passa<br />
<strong>de</strong> 16 milhões para mais <strong>de</strong> 30 milhões <strong>de</strong> brasileiros, consi<strong>de</strong>rando a população <strong>de</strong> 15<br />
anos ou mais. Este número <strong>de</strong>ve ser analisado com atenção para que possamos<br />
i<strong>de</strong>ntificar os impactos <strong>de</strong>correntes da expansão do sistema. De fato, a ampliação do<br />
atendimento escolar teve forte impacto no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração do<br />
analfabetismo, sobretudo nas faixas etárias mais jovens. Por outro lado, o ganho na<br />
escolarida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>ssa população, apesar <strong>de</strong> expressivo, foi insuficiente para<br />
garantir‐lhes, pelo menos, o ensino fundamental completo. O número médio <strong>de</strong> anos<br />
<strong>de</strong> ensino, em 2000, é <strong>de</strong> apenas 6 anos. Neste sentido, com a divulgação do Censo<br />
Demográfico <strong>de</strong> 2010 será possível i<strong>de</strong>ntificar como este indicador, seja <strong>de</strong> analfabeto<br />
mais restrito, seja <strong>de</strong> analfabeto funcional (com menos <strong>de</strong> quatro anos <strong>de</strong><br />
escolarida<strong>de</strong>) evoluiu ao longo dos últimos 20 anos (1990 a 2010) nas diferentes faixas<br />
8
etárias. Essa é a primeira dimensão <strong>de</strong> alfabetização que o presente projeto irá<br />
mobilizar.<br />
Com os dados fornecidos pelo SAEB/ Prova Brasil, verificou‐se que o<br />
<strong>de</strong>sempenho do aluno mediano das escolas públicas fica aquém do rendimento<br />
esperado nas disciplinas <strong>de</strong> matemática e leitura, áreas consi<strong>de</strong>radas fundamentais ao<br />
término da <strong>Educação</strong> Básica (Franco et al., 2007). Consi<strong>de</strong>rando a escala <strong>de</strong><br />
proficiência do SAEB/ Prova Brasil (anexo 1) consi<strong>de</strong>ra‐se como nível <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong><br />
a<strong>de</strong>quado para a série os seguintes valores:<br />
a) Matemática<br />
a. 5º ano do Ensino Fundamental: 225 pontos<br />
b. 9º ano do Ensino Fundamental: 300 pontos<br />
c. 3ª série do Ensino Médio: 350 pontos<br />
b) Leitura<br />
a. 5º ano do Ensino Fundamental: 200 pontos<br />
b. 9º ano do Ensino Fundamental: 275 pontos<br />
c. 3ª série do Ensino Médio: 300 pontos<br />
No entanto, o acompanhamento da evolução do percentual <strong>de</strong> alunos nos<br />
níveis a<strong>de</strong>quados para a série mostra o quanto os alunos estão em <strong>de</strong>fasagem na<br />
aquisição das habilida<strong>de</strong>s. Os Gráficos 1, 2 e 3 mostram, respectivamente, para o 5º<br />
ano, o 9º ano do Ensino Fundamental e para a 3ª série do Ensino Médio estes<br />
percentuais no período <strong>de</strong> 1995 a 2000 em Leitura e Matemática.<br />
GRÁFICO I: EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO EM LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA 5º ANO DO ENSINO<br />
FUNDAMENTAL – BRASIL E REGIÕES<br />
9
FONTE: DE OLHO NAS METAS, 2007<br />
GRÁFICO II: EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO EM LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA 9º ANO DO ENSINO<br />
FUNDAMENTAL – BRASIL E REGIÕES<br />
FONTE: DE OLHO NAS METAS, 2007<br />
GRÁFICO III: EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO EM LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA 3ª SÉRIE DO ENSINO<br />
MÉDIO – BRASIL E REGIÕES<br />
FONTE: DE OLHO NAS METAS, 2007<br />
A análise dos gráficos indica que, no período <strong>de</strong> 12 anos, o percentual <strong>de</strong> alunos<br />
brasileiros no nível a<strong>de</strong>quado para o 5º ano do Ensino Fundamental sempre esteve<br />
abaixo <strong>de</strong> 50%. Em 2007, o percentual <strong>de</strong> alunos em Leitura foi <strong>de</strong> 28% e em<br />
Matemática <strong>de</strong> 24%. Nesse sentido, os alunos estão chegando ao final do primeiro<br />
segmento do Ensino Fundamental sem ter adquirido habilida<strong>de</strong>s, tais como:<br />
• Em Matemática:<br />
10
o Localizar números racionais na forma <strong>de</strong>cimal na reta numérica;<br />
o Reconhecer o gráfico <strong>de</strong> colunas correspon<strong>de</strong>nte a dados apresentados<br />
<strong>de</strong> forma textual;<br />
o I<strong>de</strong>ntificar o gráfico <strong>de</strong> colunas correspon<strong>de</strong>nte a um gráfico <strong>de</strong> setores;<br />
o Resolver problemas envolvendo o cálculo <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> medidas: <strong>de</strong><br />
tempo (dias/anos), <strong>de</strong> temperatura (i<strong>de</strong>ntificando sua representação<br />
numérica na forma <strong>de</strong>cimal); comprimento (m/km) e <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><br />
(ml/L).<br />
• Em Língua Portuguesa:<br />
o Distinguir o sentido metafórico do literal <strong>de</strong> uma expressão;<br />
o Localizar a informação principal;<br />
o Localizar informação em texto instrucional <strong>de</strong> vocabulário complexo;<br />
o I<strong>de</strong>ntificar a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um texto instrucional, com linguagem pouco<br />
usual e com a presença <strong>de</strong> imagens associadas à escrita<br />
No caso do 9º ano do Ensino Fundamental, os indicadores são ainda menos<br />
animadores: em 2007 apenas 20% dos alunos brasileiros encontram‐se no nível <strong>de</strong><br />
habilida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quado em Língua Portuguesa. Para Matemática esse percentual é <strong>de</strong><br />
apenas 14%. Os alunos brasileiros terminam a etapa da educação obrigatória sem<br />
terem habilida<strong>de</strong>s como, por exemplo:<br />
• Em Matemática:<br />
o Resolver problemas envolvendo porcentagens diversas e suas<br />
representações na forma fracionária (incluindo noção <strong>de</strong> juros simples e<br />
lucro);<br />
o Resolver problemas envolvendo operações, estabelecendo relações e<br />
utilizando os elementos <strong>de</strong> um círculo ou circunferência (raio, diâmetro,<br />
corda);<br />
o Reconhecer as diferentes representações <strong>de</strong>cimais <strong>de</strong> um número<br />
fracionário, i<strong>de</strong>ntificando suas or<strong>de</strong>ns (décimos, centésimos, milésimos);<br />
o Analisar gráficos <strong>de</strong> colunas representando diversas variáveis,<br />
comparando seu crescimento.<br />
• Em Língua Portuguesa:<br />
o I<strong>de</strong>ntificar efeitos <strong>de</strong> sentido <strong>de</strong>correntes do uso <strong>de</strong> aspas;<br />
o Reconhecer as intenções do uso <strong>de</strong> gírias e expressões coloquiais;<br />
o I<strong>de</strong>ntificar a tese <strong>de</strong> textos informativos e argumentativos que<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o senso comum com função metalingüística;<br />
o I<strong>de</strong>ntificar, em reportagem, argumento que justifica a tese contrária ao<br />
senso comum.<br />
11
Resultados semelhantes e também preocupantes são encontrados para a 3ª<br />
série do Ensino Médio. Cabe ressaltar que os gráficos mostram as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<br />
regionais: os percentuais <strong>de</strong> alunos com níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quados são menores<br />
nas regiões Norte e Nor<strong>de</strong>ste.<br />
Estes indicadores mobilizam a segunda dimensão <strong>de</strong> alfabetização/<br />
analfabetização do presente projeto: a não aprendizagem <strong>de</strong> conteúdos essenciais nas<br />
etapas fundamentais da educação brasileira. Os indicadores educacionais<br />
apresentados revelam que os sistemas <strong>de</strong> ensino apresentam um <strong>de</strong>sequilíbrio entre<br />
quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> na oferta do Ensino Fundamental.<br />
Na literatura, encontramos uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concepções que sustentam<br />
diferentes conceitos <strong>de</strong> alfabetização e letramento. Por serem termos polissêmicos, há<br />
certa dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> construir um consenso teórico em torno <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>finição. Mas,<br />
apesar <strong>de</strong>ssa dificulda<strong>de</strong>, é importante salientar aspectos gerais que po<strong>de</strong>m conduzir a<br />
uma tentativa <strong>de</strong> conceitualização a<strong>de</strong>quada ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />
Originalmente, os estudos na área <strong>de</strong> educação utilizavam as categorias<br />
“alfabetizado” ou “analfabeto” para diferenciar pessoas que apren<strong>de</strong>ram a linguagem<br />
escrita <strong>de</strong> pessoas que não <strong>de</strong>monstravam o domínio da leitura e da escrita. Com a<br />
complexificação das análises sobre a realida<strong>de</strong> e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferenciar, <strong>de</strong>ntre<br />
os consi<strong>de</strong>rados alfabetizados, aqueles que apenas apren<strong>de</strong>ram os códigos daqueles<br />
que realmente fazem uso social da língua, outros termos como “analfabeto funcional”<br />
e “letrado” passaram a fazer parte da literatura pedagógica. A incorporação <strong>de</strong>stes<br />
novos conceitos exige um <strong>de</strong>talhamento dos sentidos que lhes são conferidos.<br />
De forma abrangente, é possível afirmar que o conceito <strong>de</strong> alfabetização<br />
refere‐se ao processo <strong>de</strong> aprendizagem dos códigos necessários à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler e<br />
escrever. Está, portanto, diretamente relacionado à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a leitura e a<br />
escrita como ferramentas tecnológicas.<br />
Alguns autores, como Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz (2001) e outros,<br />
utilizam também a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> alfabetização para <strong>de</strong>signar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura e<br />
escrita dos códigos e procedimentos na linguagem da matemática, que envolve<br />
numeração, medidas e geometria, qualificando‐a como “alfabetização matemática”.<br />
O conceito <strong>de</strong> alfabetização, portanto, trata <strong>de</strong> elementos mais rudimentares,<br />
que permitem a compreensão e utilização dos códigos específicos <strong>de</strong> cada área do<br />
12
conhecimento – neste caso, Língua Portuguesa e Matemática – numa perspectiva <strong>de</strong><br />
instrumentalização dos indivíduos, necessária para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> níveis mais<br />
elevados <strong>de</strong> proficiência.<br />
Autores como Mary Kato (1986), Leda Verdiani Tfouni (1988), Magda Soares<br />
(1999) inauguraram o uso do termo “letramento” para se referir à apropriação da<br />
linguagem que confira uma capacida<strong>de</strong> mais elevada <strong>de</strong> utilização da leitura e da<br />
escrita em situações reais, em sua prática social. Assim, a <strong>de</strong>finição dos termos<br />
letramento e numeramento diferenciando‐os <strong>de</strong> alfabetização, se fortalece na medida<br />
em que passa a ser necessário distinguir a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura e escrita do seu uso<br />
efetivo em situações sociais que lhe conferem significado.<br />
Magda Soares explicita a origem do termo letramento como uma tradução do<br />
termo literacy.<br />
Literacy é o estado ou condição que assume aquele que apren<strong>de</strong> a ler e<br />
escrever. Implícita nesse conceito está a idéia <strong>de</strong> que a escrita traz<br />
conseqüências sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas,<br />
lingüísticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para<br />
o indivíduo que aprenda a usá‐la. Em outras palavras: do ponto <strong>de</strong> vista<br />
individual, o apren<strong>de</strong>r a ler e escrever – alfabetizar‐se, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser<br />
analfabeto, tornar‐se alfabetizado, adquirir a ‘tecnologia’ do ler e<br />
escrever e envolver‐se nas práticas sociais <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> escrita – tem<br />
conseqüências sobre o indivíduo, e altera seu estado ou condição em<br />
aspectos sociais, psíquicos, culturais, políticos, cognitivos, lingüísticos e<br />
até mesmo econômicos; do ponto <strong>de</strong> vista social, a introdução da escrita<br />
em um grupo até então ágrafo tem sobre esse grupo efeitos <strong>de</strong> natureza<br />
social, cultural, política, econômica, lingüística. O ‘estado’ ou a<br />
‘condição’ que o indivíduo ou grupo social passam a ter, sob o impacto<br />
<strong>de</strong>ssas mudanças, é que é <strong>de</strong>signado por literacy. (Soares, 1999, p. 17‐<br />
18)<br />
Cabe ressaltar uma distinção entre literacy e letramento, pois <strong>de</strong> acordo com<br />
Magda Soares, o primeiro se refere a uma qualida<strong>de</strong> do indivíduo ou grupo social e o<br />
segundo indica o resultado <strong>de</strong> uma ação, qual seja, a <strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r as práticas<br />
sociais <strong>de</strong> leitura e escrita.<br />
Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca (2009), em palestra proferida no IX<br />
Encontro Brasileiro <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> Matemática, procurou diferenciar pelo menos três<br />
formas <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o conceito <strong>de</strong> “numeramento” utilizadas por autores da área.<br />
O primeiro grupo <strong>de</strong> autores compreen<strong>de</strong> a matemática como uma linguagem e o<br />
13
numeramento como um conjunto <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s necessárias para a atuação autônoma<br />
dos sujeitos em situações que envolvem números e dados quantificáveis. No segundo<br />
grupo encontram‐se autores que não consi<strong>de</strong>ram a matemática como linguagem, mas<br />
diferenciam alfabetização (<strong>de</strong>codificação mecânica) <strong>de</strong> letramento matemático ou<br />
numeramento (práticas sociais que envolvem os conhecimentos matemáticos). A<br />
terceira perspectiva engloba autores que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o numeramento como uma<br />
dimensão do letramento, como possibilida<strong>de</strong> dos sujeitos enfrentarem as <strong>de</strong>mandas<br />
da socieda<strong>de</strong> grafocêntrica, apresentando uma compreensão relacionada aos aspectos<br />
culturais que atribuem significados à prática social.<br />
O uso <strong>de</strong> termos como letramento ou numeramento indica uma compreensão<br />
abrangente <strong>de</strong> prática social como um conjunto <strong>de</strong> ações que ajudam a constituir os<br />
indivíduos como agentes históricos, na medida em que prevê que a sua inserção nessa<br />
prática, tanto como indivíduo quanto como grupo social, modifica sua condição <strong>de</strong><br />
existência.<br />
Cabe ressaltar que o uso social do conhecimento, e da linguagem em suas<br />
diferentes formas, é sempre um uso qualificado, ou seja, alguém lê e escreve alguma<br />
coisa ou conta alguma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguma coisa, o que exige a compreensão da<br />
própria prática social real. Em outras palavras, não se po<strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> letramento ou<br />
numeramento <strong>de</strong> forma abstrata, pois o que lhes confere <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é exatamente a<br />
inserção do indivíduo ou do grupo em situações reais <strong>de</strong> interação social.<br />
Neste contexto, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso social da linguagem passa a ser<br />
compreendida como o objetivo mais amplo dos processos <strong>de</strong> ensino e aprendizagem e<br />
passa a nortear a <strong>de</strong>finição dos critérios <strong>de</strong> avaliação do rendimento escolar dos<br />
alunos, como analisam Bonamino, Coscarelli e Franco (2002) ao avaliar os<br />
instrumentos utilizados pelo SAEB e PISA. Estes autores concluem que a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
concepções que envolvem as discussões teóricas sobre letramento (e po<strong>de</strong>ríamos<br />
incluir, sobre numeramento) se refletem na elaboração dos objetivos, critérios e<br />
questões <strong>de</strong>ssas avaliações externas. De todo modo, os resultados da análise indicam a<br />
assunção da concepção <strong>de</strong> letramento como orientadora dos processos avaliativos.<br />
O PISA preocupa‐se não só com as habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura que o sujeito<br />
adquiriu, mas, principalmente, com a forma como ele coloca em prática<br />
essas habilida<strong>de</strong>s quando lida com textos do cotidiano. Há no PISA uma<br />
14
preocupação com o uso da linguagem maior que o que há no SAEB, e<br />
que po<strong>de</strong> ser vista na diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros textuais (todos do<br />
cotidiano) presentes no PISA (gráficos, tabelas, cartazes, panfletos,<br />
propagandas, instruções, trechos <strong>de</strong> peças teatrais, contos, notícias,<br />
textos opinativos, formulário <strong>de</strong> compra, formulário <strong>de</strong> emprego, entre<br />
muitos outros). Essa preocupação com o uso da linguagem é também<br />
perceptível nos objetivos das questões, que muitas vezes exigem do<br />
estudante uma análise crítica do estilo do texto e da eficiência <strong>de</strong>le<br />
naquela situação <strong>de</strong> comunicação, ou a recuperação das intenções<br />
comunicativas do autor ao usar <strong>de</strong>terminado recurso lingüístico (nesses<br />
casos, o estudante precisa pensar e encontrar justificativas para as<br />
escolhas do autor, revelando assim consciência das formas <strong>de</strong><br />
manipulação da língua para a obtenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados efeitos <strong>de</strong><br />
sentido). (Bonamino, Coscarelli e Franco, 2002, p. 110)<br />
Assim, a partir da instituição do SAEB, tornou‐se possível o acompanhamento da<br />
proficiência em leitura e matemática, ou uma aproximação do letramento e do<br />
numeramento, uma vez que a discussão que envolve tais conceitos permeiam a<br />
elaboração das questões, critérios e objetivos <strong>de</strong>ssa avaliação. Tal acompanhamento<br />
só era possível <strong>de</strong> forma agregada segundo os segmentos que compõem a amostra do<br />
SAEB. Entretanto, a introdução da Prova Brasil, em 2005, possibilitou o<br />
acompanhamento da proficiência em leitura e matemática dos sistemas municipais <strong>de</strong><br />
educação e das escolas. Esse instrumento <strong>de</strong> avaliação, junto com os dados do Censo<br />
da <strong>Educação</strong> Básica, permitiu não somente a criação do Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento da<br />
<strong>Educação</strong> Básica (IDEB), como também o estabelecimento <strong>de</strong> metas para os sistemas<br />
públicos <strong>de</strong> educação e para as escolas.<br />
No entanto, para que possamos reverter o quadro apresentado a partir <strong>de</strong><br />
estratégias <strong>de</strong> reforma e melhoria educacional, precisamos da a<strong>de</strong>são dos atores<br />
envolvidos diretamente com a realização das práticas educativas. Todavia, tanto os<br />
mo<strong>de</strong>los e procedimentos <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> funcionamento do sistema educacional<br />
registrados no Censo Escolar, e especialmente aqueles relativos à avaliação externa<br />
dos alunos, escolas e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino continuam ainda fortemente <strong>de</strong>sconhecidos ou<br />
mal compreendidos na comunida<strong>de</strong> escolar. Como conseqüência não há uma<br />
discussão no lócus da escola, principalmente, uma discussão acerca das finalida<strong>de</strong>s,<br />
limites e potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso dos sistemas <strong>de</strong> avaliação e dos dados educacionais<br />
em geral, como ferramenta <strong>de</strong> melhoria da qualida<strong>de</strong> da educação. É necessário então<br />
15
propiciar a aquisição <strong>de</strong>ssas habilida<strong>de</strong>s na comunida<strong>de</strong> escolar. Essa seria a terceira<br />
dimensão mobilizada no projeto: “alfabetização técnica” acerca dos aspectos<br />
referentes a dados educacionais produzidos por sistemas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta.<br />
As dimensões apresentadas sugerem que a abordagem dos tema das<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e da melhoria da qualida<strong>de</strong> da educação <strong>de</strong>vem<br />
integrar as diferentes dimensões <strong>de</strong> alfabetização presentes e necessárias na nossa<br />
socieda<strong>de</strong>. É justamente neste sentido que presente projeto visa contribuir.<br />
2.2. Objetivos<br />
• Objetivo 1: Realizar o monitoramento do analfabetismo, letramento e<br />
numeramento no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
• Objetivo 2: Mapear o grau <strong>de</strong> apropriação e conhecimento dos sistemas<br />
e instrumentos <strong>de</strong> avaliação e planejamento escolar<br />
• Objetivo 3: Realizar um programa <strong>de</strong> formação sobre o uso <strong>de</strong> dados<br />
educacionais para o planejamento escolar<br />
2.3. Justificativa<br />
2.3.1. Objetivo 1: Realizar o monitoramento da evolução do analfabetismo,<br />
letramento e numeramento no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
O primeiro objetivo do projeto é realizar um monitoramento do analfabetismo,<br />
letramento e numeramento, fazendo uso qualificado <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> informação<br />
variados e do conhecimento em geo‐referenciamento e análises espaciais acumulados<br />
por nossa equipe em estudos anteriores. Os estudos já realizados pela equipe que<br />
compõem esse projeto focalizaram as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e a geografia<br />
<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais no município do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Por exemplo, em estudos anteriores, observamos como a organização social do<br />
território afetam resultados escolares, bem como sua conjugação com o que<br />
chamamos <strong>de</strong> quase‐mercados escolares afetam o acesso às escolas municipais <strong>de</strong><br />
maior prestígio e qualida<strong>de</strong> (Alves, Franco & Ribeiro, 2008; Ribeiro & Koslinski, 2009;<br />
Costa e Koslinski, 2009). Neste estudo os contextos sociais dos territórios foram<br />
i<strong>de</strong>ntificados através da aplicação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> tipologias<br />
socioespaciais <strong>de</strong>senvolvidas no <strong>Observatório</strong> das Metrópoles, que emprega as<br />
16
técnicas <strong>de</strong> análise fatorial e construção <strong>de</strong> clusters, tendo como indicadores sócio<br />
<strong>de</strong>mográficos dados do Censo 2000.<br />
Também foram realizados diversos trabalhos que trataram da relação entre<br />
segregação urbana e oportunida<strong>de</strong>s educacionais a partir do conceito <strong>de</strong> geografia <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s. O conceito <strong>de</strong> geografia <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> relaciona o processo <strong>de</strong><br />
tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões ao contexto geográfico dos indivíduos, partindo do argumento<br />
proposto por Wilson (1987) <strong>de</strong> que existem tanto variações objetivas quando<br />
subjetivas associadas ao processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões (Galster & Killen, 1995).<br />
Aqui nos atemos à dimensão da geografia objetiva <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que se<br />
refere à disposição dos equipamentos urbanos no território. Harvey (1980) trata esses<br />
equipamentos como recursos e afirma que sua disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
acessibilida<strong>de</strong> e da proximida<strong>de</strong>. De forma similar os estudos sobre efeito‐vizinhança<br />
partem <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los institucionais para explicar mecanismos mediadores entre<br />
características da vizinhança e resultados escolares. Os referidos mo<strong>de</strong>los partem do<br />
pressuposto <strong>de</strong> que os indivíduos po<strong>de</strong>m ser afetados pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços ou <strong>de</strong><br />
equipamentos públicos que são oferecidos em suas vizinhanças, em termos da<br />
qualida<strong>de</strong>, quantida<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições (Jencks & Meyer, 1990).<br />
Assim po<strong>de</strong>mos pensar em uma geografia <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s tanto no sentido<br />
<strong>de</strong> maior ou menor oferta <strong>de</strong> escolas, bem como no que diz respeito à distribuição<br />
<strong>de</strong>sigual <strong>de</strong> escolas em termos <strong>de</strong> infra‐estrutura e da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino.<br />
A partir <strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong>senvolvida por pesquisas no âmbito do<br />
<strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong> (projeto que faz parte do Projeto CAPES/DEB ‐<br />
<strong>Observatório</strong> da <strong>Educação</strong> INEP/CAPES, edital 2006). Em estudos anteriores, a<br />
geografia <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais no município do Rio <strong>de</strong> Janeiro foi trabalhada<br />
a partir do <strong>de</strong>senvolvimento do índice <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> educacionais. O índice<br />
combinava duas dimensões: (i) a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 6‐14 anos e oferta escolar<br />
(Alves, Bonamino & Lange, 2010). Também foi trabalhada a partir da espacialização<br />
das escolas no município a partir da medida <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho das escolas públicas<br />
(prova Brasil) e <strong>de</strong> indicadores da infra estrutura escolar (Censo escolar). Acumulamos<br />
a partir dos estudos acima <strong>de</strong>scritos uma base <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> escolas georeferenciadas e<br />
procedimentos para a espacialização <strong>de</strong> indicadores educacionais.<br />
17
Preten<strong>de</strong>mos ampliar as análises que já foram realizadas a partir do<br />
monitoramento do analfabetismo, letramento e numeramento, na Região<br />
Metropolitana do Rio <strong>de</strong> Janeiro e, para alguns indicadores, no Estado do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro. Definidos três principais focos <strong>de</strong>sse monitoramento: a) Monitoramento do<br />
analfabetismo no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro; b) Monitoramento do Letramento e do<br />
Numeramento no Ensino Fundamental no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro e c) Letramento e<br />
Numeramento no Ensino Médio no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
O primeiro foco <strong>de</strong> estudo parte <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição clássica <strong>de</strong> alfabetização,<br />
apresentada na justificativa. Assim, o monitoramento da alfabetização no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro preten<strong>de</strong> observar a distribuição espacial (áreas <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração do IBGE) do<br />
analfabetismo no estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, a partir dos dados do censo <strong>de</strong> 1990, 2000<br />
e 2010. Preten<strong>de</strong>‐se observar as principais tendências e modificações ao longo <strong>de</strong>sses<br />
20 anos e refiná‐las levando em conta a evolução e distribuição do analfabetismo por<br />
faixa etária da população. Ou seja, o foco seria observar em que áreas do estado do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro nas quais essa evolução foi mais marcada e em que faixa etária. A<br />
espacialização e monitoramento <strong>de</strong> tendências <strong>de</strong>sses indicadores nos parece<br />
pertinente uma vez que permite:<br />
• observar o aumento ou a diminuição das diferenças entre áreas centrais<br />
e as áreas periféricas do estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro;<br />
• observar tais tendências em gran<strong>de</strong>s aglomerados subnormais/ou nas<br />
favelas que, historicamente, tem concentrado os menores índices <strong>de</strong><br />
escolarização do estado;<br />
As análises propostas nos permitem dar continuida<strong>de</strong> aos estudos sobre as<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais nas gran<strong>de</strong>s metrópoles brasileiras, em<br />
especial na RMRJ, mostrando que essas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s não se esgotam em mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
segregação resi<strong>de</strong>ncial do tipo centro‐periferia, mas se manifestam a partir <strong>de</strong><br />
múltiplos centros <strong>de</strong>ntro das metrópoles, bem como das cida<strong>de</strong>s pólo das metrópoles.<br />
Já o segundo foco <strong>de</strong> mapeamento refere‐se às análises sobre a distribuição<br />
espacial dos indicadores <strong>de</strong> Letramento e numeramento no Ensino Fundamental para<br />
o Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e em especial para a Região Metropolitana do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro. Em geral, estudos que focalizam as oportunida<strong>de</strong>s educacionais consi<strong>de</strong>ram a<br />
proficiência média das escolas. Um dos estudos que conduzimos no âmbito do<br />
18
“<strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong>s” focalizou a geografia <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />
educacionais no município do Rio <strong>de</strong> Janeiro levando em conta a média das escolas na<br />
Prova Brasil 2007. Entretanto, tal procedimento não permite uma análise refinada para<br />
observar a espacialização das escolas <strong>de</strong> acordo com a porcentagem <strong>de</strong> alunos que não<br />
atingiram competências a<strong>de</strong>quadas à série que frequentam.<br />
O estudo aqui proposto focaliza a distribuição espacial dos níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s<br />
para o primeiro e segundo seguimentos do Ensino Fundamental. Portanto,<br />
consi<strong>de</strong>rando a população que frequenta as escolas <strong>de</strong> ensino fundamental regulares,<br />
preten<strong>de</strong>mos observar a distribuição <strong>de</strong> alunos, ainda assim não adquiriram<br />
competências básicas em leitura e numeramento, a partir das categorias <strong>de</strong><br />
habilida<strong>de</strong>s em leitura e matemática e níveis da escala <strong>de</strong> proficiência, conforme<br />
explicitados na seção 2.1.<br />
A partir do uso da série histórica da Prova Brasil (2005 a 2009, pelo menos)<br />
preten<strong>de</strong>mos observar a porcentagem <strong>de</strong> alunos com competências ina<strong>de</strong>quadas no<br />
5º ano e no 9º ano em cada escola pública <strong>de</strong> Ensino Fundamental nos municípios que<br />
pertencem a RMRJ. A partir das bases georeferenciadas <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> Ensino<br />
Fundamental do município do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e do georeferenciamento das escolas dos<br />
<strong>de</strong>mais municípios da RMRJ, po<strong>de</strong>remos espacializar tais informações, no sentido <strong>de</strong><br />
observar as principais mudanças ao longo <strong>de</strong>sses anos no que diz respeito:<br />
• A progressão da porcentagem dos alunos com proficiência a<strong>de</strong>quada e<br />
ina<strong>de</strong>quada durante esse período ao longo da RMRJ e do município do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
• Ao acirramento ou diminuição <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s educacionais nas áreas<br />
centrais e periféricas da RMRJ e do município do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
• Ao acirramento ou diminuição das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s educacionais no<br />
asfalto e na favela, em especial no município do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Tal análise se justifica uma vez que em estudos anteriores já observamos o<br />
impacto da organização social do território sobre a distribuição <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />
educacionais no município do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Observamos que tais <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s se<br />
manifestam <strong>de</strong> forma peculiar na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, uma vez que seu mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> segregação resi<strong>de</strong>ncial não se caracteriza somente a partir do mo<strong>de</strong>lo centroperiferia,<br />
uma vez que encontramos favelas ao longo <strong>de</strong> toda a cida<strong>de</strong> e uma especial<br />
19
concentração nas áreas mais abastadas da cida<strong>de</strong>. Entretanto esta proximida<strong>de</strong> não<br />
significa maior interação entre diferentes grupos sociais. O efeito <strong>de</strong> tal organização<br />
social do território po<strong>de</strong> ser observado, <strong>de</strong> um lado, a partir das menores proficiências<br />
das escolas localizadas em áreas periféricas da cida<strong>de</strong>. De outro, nas áreas mais<br />
abastada do município do Rio <strong>de</strong> Janeiro, observamos proficiências diferenciadas <strong>de</strong><br />
escolas próximas e mais distantes das favelas (Ribeiro & Koslinski, 2009). Assim<br />
po<strong>de</strong>remos ampliar tais análises <strong>de</strong> forma a incluir a RMRJ e uma <strong>de</strong>finição mais<br />
refinada que abarca a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> em leitura e numeramento à<br />
série frequentada pelos alunos.<br />
Já o terceiro foco <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> mapeamento centra‐se no Ensino Médio no<br />
estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Com a utilização do mesmo arcabouço teórico metodológico<br />
relativo à a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> em leitura e numeramento, preten<strong>de</strong>mos<br />
observar a distribuição espacial <strong>de</strong> alunos do Ensino Médio no Estado do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro. Para realização das análises acima <strong>de</strong>scritas preten<strong>de</strong>mos usar as bases georeferenciadas<br />
das escolas da RMRJ e a base <strong>de</strong> dados do SAERJ ‐ Sistema <strong>de</strong> Avaliação<br />
Educacional do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, da Secretaria <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> do Estado do Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro. O SAERJ teve início em 2008 e avalia o <strong>de</strong>sempenho em Língua Portuguesa<br />
e em Matemática <strong>de</strong> alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do<br />
Ensino Médio, em Língua Portuguesa e em Matemática, produzindo seus resultados<br />
nas escalas do Sistema Nacional <strong>de</strong> Avaliação da <strong>Educação</strong> Básica – SAEB. Entretanto,<br />
para espacializar tais indicadores, precisamos geo‐referenciar as escolas <strong>de</strong> Ensino<br />
Médio do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro fora da RMRJ. A partir da espacialização e<br />
monitoramento dos indicadores para o ensino médio no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
preten<strong>de</strong>mos:<br />
• Observar progressão e as diferenças dos indicadores nos municípios<br />
metropolitanos e não‐metropolitanos do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro;<br />
• Monitorar as diferenças internas a Região Metropolitana do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro e, assim, i<strong>de</strong>ntificar a relação do complexo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
segregação resi<strong>de</strong>ncial da RMRJ e a distribuição <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s no<br />
Ensino Médio no território <strong>de</strong>ssa metrópole.<br />
20
Tais análises, mais uma vez, nos permitirão refinar e expandir certas hipóteses<br />
sobre a organização social do território e oportunida<strong>de</strong>s educacionais. Por exemplo,<br />
em estudos anteriores, observamos um possível efeito‐metrópoles sobre a distribuição<br />
<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais (Ribeiro & Koslinski, 2009a). Este suposto efeito foi<br />
observado a partir dos menores IDEBs dos municípios metropolitanos e não<br />
metropolitanos, principalmente nas regiões Sul, Su<strong>de</strong>ste e Centro‐Oeste. Propusemos<br />
hipóteses explicativas para este fenômeno tais como a precarização do trabalho,<br />
segregação resi<strong>de</strong>ncial, precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> moradia, menor atendimento a pré‐escola e<br />
violência, característicos das gran<strong>de</strong>s metrópoles. Em suma, as metrópoles brasileiras<br />
não seriam capazes <strong>de</strong> prover um mínimo <strong>de</strong> bem estar necessário para a oferta <strong>de</strong><br />
escolarização <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>.<br />
O Ensino Médio nos parece um nível educacional ainda mais relevante para<br />
tratar das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais no contexto metropolitano,<br />
dada a gran<strong>de</strong> integração dos municípios da RM Rio <strong>de</strong> Janeiro. Tal integração é<br />
observada, entre outros fatores, pelos freqüentes movimentos pendulares <strong>de</strong> jovens<br />
que diariamente se <strong>de</strong>slocam entre municípios por motivo <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> estudo.<br />
Dessa forma, po<strong>de</strong>remos observar <strong>de</strong> um lado a configuração e a evolução das<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s no Ensino Médio tanto no que diz respeito às oportunida<strong>de</strong>s nas<br />
metrópoles em comparação com as regiões não metropolitanas, bem como às<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s intra‐metropolitanas.<br />
Acreditamos que estes monitoramentos envolvendo as diferentes dimensões<br />
<strong>de</strong> alfabetização (analfabetismo, letramento e numeramento) e também diferentes<br />
segmentos da <strong>Educação</strong> Básica nos permitirão observar, a partir <strong>de</strong> um novo ângulo, a<br />
relação entre organização social do território e oportunida<strong>de</strong>s educacionais. Mais<br />
precisamente no que concerne às diferenças <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s entre a região<br />
metropolitana e os <strong>de</strong>mais municípios do Estado Rio <strong>de</strong> Janeiro, como também às<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s intra‐metropolitanas. Dessa forma po<strong>de</strong>remos dar continuida<strong>de</strong> às<br />
investigações anteriores (Ribeiro, Koslinski, Alves & Lasmar, no prelo), que já<br />
apontaram para o território como importante dimensão para pensar as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<br />
De outro lado, tal monitoramento permite observar avanços na educação na<br />
última década e o aumento e diminuição das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s educacionais <strong>de</strong>ntro do<br />
21
território do Estado e da Região Metropolitana do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Tais estudos po<strong>de</strong>m<br />
servir como importantes instrumentos para os formuladores <strong>de</strong> políticas educacionais,<br />
uma vez que permitirão i<strong>de</strong>ntificar os locais em que a educação básica não alcançou as<br />
metas a<strong>de</strong>quadas para cada segmento do Ensino Fundamental e Médio.<br />
2.3.2. Objetivo 2: Mapear o grau <strong>de</strong> apropriação e conhecimento dos sistemas<br />
<strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> avaliação para o planejamento educacional<br />
Conforme é razoável supor, estratégias <strong>de</strong> reforma e melhoria educacional<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m fortemente <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são dos atores envolvidos diretamente com a realização<br />
das práticas educativas. Mesmo se pensadas como dispositivos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, tais<br />
iniciativas só po<strong>de</strong>m ser efetivas se conseguirem alcançar legitimida<strong>de</strong> entre os que<br />
lhes são diretamente relacionados. Qualquer procedimento <strong>de</strong> imposição unilateral,<br />
<strong>de</strong> políticas educacionais, está propenso a se tornar apenas mais um modismo, como<br />
<strong>de</strong>senhado para uma escala macro por Cunha (1991).<br />
As tentativas <strong>de</strong> consolidação <strong>de</strong> políticas educacionais com base em evidências<br />
são relativamente recentes e ainda não plenamente estabelecidas em nosso país,<br />
enfrentando resistências consi<strong>de</strong>ráveis nos mais diversos meios. Se tem havido<br />
reações intensas, ainda que hoje mais brandas, nos meios acadêmicos educacionais,<br />
parece claro que dispomos <strong>de</strong> sistemas sólidos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> informações<br />
educacionais, não mais apenas sobre aspectos estáticos/estruturais, como sobre as<br />
condições <strong>de</strong> oferta expressas no Censo Escolar. A introdução, nos anos 1990, <strong>de</strong><br />
sistemas <strong>de</strong> avaliação externa da aprendizagem a partir do SAEB abriu possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> abordagens mais complexas da evolução dos sistemas escolares no Brasil, a partir<br />
<strong>de</strong> seus indicadores mais relevantes – o <strong>de</strong>sempenho educacional dos alunos. Cabe<br />
ressaltar que os mo<strong>de</strong>los e procedimentos vêm sendo aperfeiçoados<br />
ininterruptamente ao longo dos últimos quinze anos.<br />
Todavia, tanto os mo<strong>de</strong>los e procedimentos <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> funcionamento do<br />
sistema educacional registrados no Censo Escolar, e especialmente aqueles relativos à<br />
avaliação externa dos alunos, escolas e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino continuam ainda fortemente<br />
<strong>de</strong>sconhecidos ou mal compreendidos entre os agentes que atuam na ponta dos<br />
sistemas educacionais, como os pesquisadores proponentes do presente projeto têm<br />
22
contatado em seu intenso convívio docente e em pesquisas <strong>de</strong> campo na ponta <strong>de</strong><br />
sistemas educacionais. As reações diante <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>sconhecimento ou da compreensão<br />
superficial e pouco informada variam da rejeição liminar à completa submissão. Ambas<br />
são igualmente nefastas ao potencial uso produtivo <strong>de</strong>stas informações no sentido <strong>de</strong><br />
contribuir para o planejamento das necessárias ações <strong>de</strong> melhoria da qualida<strong>de</strong> do<br />
ensino. Por outro lado, abordagens <strong>de</strong> cunho sobretudo político‐filosófico acerca <strong>de</strong><br />
implicações gerais da adoção <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> avaliação centralizados circulam<br />
intensamente e muitas vezes são objeto <strong>de</strong> intenso <strong>de</strong>bate nas diversas instâncias e<br />
organizações sociais envolvidas. Observa‐se, no entanto, pouca investigação<br />
sistemática sobre os impactos <strong>de</strong> tais sistemas no plano dos agentes mais diretamente<br />
envolvidos na ação educacional, seja no plano da escola, seja nas diferentes instâncias<br />
<strong>de</strong> gestão das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino.<br />
Po<strong>de</strong>mos afirmar que temos encontrado fortes lacunas na apreensão dos<br />
resultados gerados por nossos ricos sistemas <strong>de</strong> informação e avaliação educacional,<br />
especialmente entre professores e pessoal técnico/direções no nível das escolas e<br />
instâncias intermediárias <strong>de</strong> gestão das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino. Deste quadro <strong>de</strong>correm<br />
conseqüências políticas e propriamente educacionais relevantes: limitações na<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão <strong>de</strong> políticas educacionais com base em evidências;<br />
<strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso dos resultados no planejamento pedagógico e das<br />
re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, como insumos <strong>de</strong> formação docente, inclusive. Em que pese os<br />
consi<strong>de</strong>ráveis esforços <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> informações – particularmente sobre o<br />
IDEB – que o MEC/INEP vem realizando a partir da mídia e do portal do Ministério, não<br />
encontramos avaliações <strong>de</strong> impacto <strong>de</strong>stas ações e parecem ser ainda escassas<br />
aquelas que chegam a alcançar a ponta dos sistemas educacionais gerando leituras<br />
responsáveis e condições <strong>de</strong> uso das informações pelos agentes escolares e técnicos<br />
intermediários das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino. De maneira geral, o que ganha maior repercussão<br />
pública são os rankings <strong>de</strong> escolas, municípios ou estados. Diante <strong>de</strong>les, é usual nos<br />
<strong>de</strong>pararmos com sentimentos <strong>de</strong> injustiça e <strong>de</strong> arbitrarieda<strong>de</strong>, principalmente, em<br />
meio ao professorado e aos gestores locais (escolares ou não). Finalmente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
nossa experiência nos meios <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores, po<strong>de</strong>mos afirmar que neles<br />
grassa igualmente enorme <strong>de</strong>sconhecimento acerca das finalida<strong>de</strong>s, limites e<br />
potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso dos sistemas <strong>de</strong> avaliação e dos dados educacionais em geral.<br />
23
A intenção <strong>de</strong>ssa parte <strong>de</strong> nossa proposta é conhecer as formas pelas quais os<br />
professores, gestores e técnicos das instâncias intermediárias das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino se<br />
apropriam e reinterpretam as informações emanadas dos sistemas acima<br />
mencionados. Partimos da suposição <strong>de</strong> que a maioria ainda se sente bastante alheio a<br />
tal questão e, em geral, existe uma forte confusão, ao lado <strong>de</strong> resistências apriorísticas<br />
– in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> conhecimento razoável do tema. Po<strong>de</strong>ríamos então levantar a<br />
hipótese <strong>de</strong> que haveria uma espécie <strong>de</strong> “analfabetismo técnico” acerca dos aspectos<br />
referentes a dados educacionais produzidos por sistemas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta. Essas são,<br />
todavia, assertivas a serem verificadas e <strong>de</strong>senvolvidas com maior rigor. Postulamos<br />
ainda que os fenômenos referentes à alfabetização e futuro <strong>de</strong>senvolvimento escolar,<br />
ten<strong>de</strong>m a ser menos reconhecidos e enfrentados, na ponta dos sistemas educacionais,<br />
por força do “analfabetismo” acima <strong>de</strong>scrito.<br />
Esse subprojeto se <strong>de</strong>dicará a investigar, no âmbito do Estado e da cida<strong>de</strong> do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, como professores gestores e técnicos das instâncias intermediárias das<br />
re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino atuantes nos diferentes níveis <strong>de</strong> ensino público recebem,<br />
incorporam, interpretam, se apropriam – ou não ‐ das informações e indicadores<br />
educacionais em gran<strong>de</strong> escala.<br />
Além dos sistemas <strong>de</strong> informações implantados pelo INEP, o Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
ainda dispõe <strong>de</strong> sistemas próprios <strong>de</strong> avaliação externa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho: a Prova Rio e<br />
o SAERJ. Ao lado da Prova Brasil, do SAEB, do ENEM, e do Censo Escolar. Tais sistemas<br />
e os mecanismos utilizados pelas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino para disseminar suas informações<br />
constituirão importante acervo <strong>de</strong> informações e referências para esta investigação,<br />
<strong>de</strong>vendo proporcionar conhecimento <strong>de</strong>talhado sobre as argumentações<br />
<strong>de</strong>senvolvidas em referência ao tema <strong>de</strong>lineado por parte dos agentes dos sistemas<br />
públicos <strong>de</strong> ensino do Rio <strong>de</strong> Janeiro, do nível básico. Essa investigação gerará insumos<br />
para o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>stes profissionais como os que se<br />
encontram <strong>de</strong>lineados no próximo item, possibilitando ainda o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
novas tecnologias <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> resultados e <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> docentes e<br />
gestores, que <strong>de</strong>verão ser elaboradas em colaboração com estes agentes, conforme<br />
apresentado a seguir.<br />
24
2.3.3. Objetivo 3: Realizar um programa <strong>de</strong> formação sobre o uso <strong>de</strong> sistemas<br />
<strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> avaliação para o planejamento educacional<br />
A experiência <strong>de</strong> docência e pesquisa <strong>de</strong> vários membros da equipe junto a<br />
escolas e órgãos regionais <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação dos sistemas <strong>de</strong> ensino tem mostrado as<br />
consi<strong>de</strong>ráveis lacunas na apreensão dos resultados gerados pelos sistemas <strong>de</strong><br />
informação e avaliação educacional entre professores e pessoal técnico/gestores tanto<br />
no nível das escolas, como nos órgãos intermediários (superintendências ou<br />
coor<strong>de</strong>nadorias regionais). Como já assinalado, é inegável a relevância da<br />
compreensão dos dados educacionais – em particular os gerados pelo Censo Escolar e<br />
pelos sistemas <strong>de</strong> avaliação em larga escala como o SAEB, a Prova Brasil e o ENEM –<br />
para viabilizar a<strong>de</strong>são e uso efetivo pelos diferentes agentes do sistema educacional<br />
como insumos para o planejamento e monitoramento <strong>de</strong> suas ações com vistas à<br />
melhoria da qualida<strong>de</strong> do ensino oferecido e do <strong>de</strong>sempenho escolar alcançado. Por<br />
esta razão propomos o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> formação dos<br />
profissionais envolvidos diretamente com a realização das práticas educativas e na<br />
gestão das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino.<br />
Acreditamos po<strong>de</strong>r contribuir para a formação em serviço <strong>de</strong> professores,<br />
coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos e diretores das escolas, além <strong>de</strong> técnicos e gestores das<br />
secretarias <strong>de</strong> educação responsáveis pela condução das políticas educacionais nas<br />
instâncias intermediárias dos sistemas (do Município do Rio <strong>de</strong> Janeiro e da re<strong>de</strong><br />
estadual no Rio <strong>de</strong> Janeiro) tanto através da divulgação e <strong>de</strong>bate sistemático acerca<br />
dos resultados das pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas através <strong>de</strong> publicações e da realização <strong>de</strong><br />
eventos, como através <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> formação/capacitação, voltados sobretudo para os<br />
gestores e técnicos (das re<strong>de</strong>s e das escolas) sobre o uso <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> avaliação e<br />
das <strong>de</strong>mais informações educacionais disponibilizadas pelo INEP e pelas secretarias <strong>de</strong><br />
educação para o planejamento educacional e escolar.<br />
A opção por concentrar os esforços <strong>de</strong> formação junto aos técnicos e gestores<br />
das escolas e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino vincula‐se tanto a construção <strong>de</strong> uma perspectiva <strong>de</strong><br />
sustentabilida<strong>de</strong> no longo prazo <strong>de</strong>ste investimento, como também na consi<strong>de</strong>ração<br />
<strong>de</strong> seu potencial <strong>de</strong> multiplicação <strong>de</strong>stes conhecimentos junto aos professores, uma<br />
vez que parte consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>stes profissionais ou atua também diretamente nas<br />
escolas ou mantém com elas relações <strong>de</strong> supervisão ou coor<strong>de</strong>nação das ativida<strong>de</strong>s<br />
25
pedagógicas e <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores. Nesse sentido, a metodologia <strong>de</strong> trabalho<br />
preverá seu envolvimento progressivo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a organização das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong><br />
dados da investigação prevista no objetivo III (Apropriação e conhecimento dos<br />
sistemas e instrumentos <strong>de</strong> avaliação e planejamento escolar) do presente projeto. A<br />
perspectiva é contribuir para a articulação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionais com inserção<br />
em diferentes instâncias das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, que se envolva <strong>de</strong> forma participativa no<br />
processo <strong>de</strong> pesquisa, otimizando o investimento em sua própria formação e<br />
viabilizando processos progressivamente amplificados <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> agentes<br />
educacionais “na ponta dos sistemas”.<br />
A aproximação dos agentes educacionais do processo <strong>de</strong> pesquisa preten<strong>de</strong><br />
promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um olhar também investigativo e reflexivo<br />
(Perrenoud, 1993) nestes profissionais da educação, que lastreie uma atitu<strong>de</strong><br />
permanente <strong>de</strong> reflexão crítica sobre suas práticas, favorecendo sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
análise da realida<strong>de</strong> educacional e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação dos nexos (causais ou não) entre as<br />
práticas pelas quais são diretamente responsáveis e suas conseqüências expressas<br />
também nos dados coletados através dos sistemas <strong>de</strong> avaliação e <strong>de</strong>mais informações<br />
sobre o funcionamento dos sistemas <strong>de</strong> ensino, numa perspectiva que se aproxima da<br />
discussão <strong>de</strong> diversos autores sobre formação <strong>de</strong> professores‐pesquisadores (André,<br />
2006; Nóvoa, 1991).<br />
Finalmente, a formação <strong>de</strong> profissionais da educação proposta visa ampliar sua<br />
compreensão sobre os processos escolares e a gestão das políticas educacionais ao<br />
nível das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino a partir das evidências encontradas nas pesquisas e dados<br />
disponíveis tanto no seu próprio ambiente <strong>de</strong> trabalho, como os das bases <strong>de</strong> dados do<br />
MEC/INEP, <strong>de</strong> forma a promover sua efetiva responsabilização solidária sobre os<br />
resultados educacionais como estratégia <strong>de</strong> melhoria da qualida<strong>de</strong> dos serviços<br />
oferecidos que se concretiza no monitoramento, avaliação e replanejamento escolar e<br />
educacional.<br />
26
2.4. Metodologia<br />
2.4.1. Objetivo 1: Realizar o monitoramento do analfabetismo, letramento e<br />
numeramento no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Para a realização das análises envolvendo o monitoramento da alfabetização no<br />
Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro utilizaremos a metodologia que vem possibilitando a<br />
espacialização <strong>de</strong> dados do Censo Demográfico não somente por área <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração<br />
do IBGE, mas a partir da espacialização dos dados por Áreas <strong>de</strong> Pon<strong>de</strong>rações Especiais<br />
para o Rio <strong>de</strong> Janeiro (AREAPERJ). As AREARERJ foram elaboradas pelo <strong>Observatório</strong><br />
das Metrópoles a partir das Áreas <strong>de</strong> Pon<strong>de</strong>ração originais do IBGE, quando da<br />
divulgação do Censo Demográfico <strong>de</strong> 2000. Essas unida<strong>de</strong>s territoriais originais do IBGE<br />
são formadas por agrupamentos <strong>de</strong> setores censitários realizados com o intuito <strong>de</strong><br />
garantir que as informações amostrais coletadas sejam representativas<br />
estatisticamente. No caso das AREAPERJ, foram criadas novas unida<strong>de</strong>s a partir do<br />
agrupamento dos setores censitários sub‐nomais ‐ conforme classificação do IBGE ‐ e<br />
que, na maioria das vezes, coinci<strong>de</strong> com as áreas <strong>de</strong> Favela. Portanto, a espacialização<br />
<strong>de</strong> dados a partir das AREAPERJ nos permite, aproximadamente, separar áreas <strong>de</strong><br />
favela e não favela. Para este estudo utilizaremos os dados sobre analfabetismo das<br />
bases do Censo 1990, 2000 e 2010.<br />
Para o <strong>de</strong>senvolvimento das <strong>de</strong>mais análises utilizaremos as bases <strong>de</strong> escolas<br />
públicas <strong>de</strong> Ensino Fundamental da Região Metropolitana do Rio <strong>de</strong> Janeiro que já<br />
consolidamos. No entanto, para realizar as análises propostas para o Ensino Médio,<br />
preten<strong>de</strong>mos georeferenciar escolas públicas <strong>de</strong> Ensino Médio do Estado do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro e também utilizar as bases <strong>de</strong> dados da avaliação do ensino médio do SAERJ da<br />
Secretaria Estadual <strong>de</strong> <strong>Educação</strong>, além das seguintes bases do INEP: a) Prova Brasil,<br />
microdados, 2005, 2007, 2009 e 2011 e b) IDEB, 2005, 2007, 2009 e 2011.<br />
A metodologia a ser adotada nos estudos baseia‐se em trabalho anterior<br />
(Alves, Lange e Bonamino, no prelo) que <strong>de</strong>senvolveu um índice <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />
educacionais para a cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro que combinava duas dimensões <strong>de</strong>manda<br />
<strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> 6 a 14 anos e oferta escolar. Esta última dimensão foi construída a partir<br />
<strong>de</strong> dois indicadores: acesso a escola a pé (acessibilida<strong>de</strong>) e a distribuição espacial da<br />
27
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolas.<br />
Os dados utilizados foram do Censo Escolar e do Censo<br />
<strong>de</strong>mográfico. No referido estudo, a provisão <strong>de</strong> escolas foi mo<strong>de</strong>lada a partir <strong>de</strong> dois<br />
indicadores: acesso à escola caminhando (curta distância) e distribuição da quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> escolas, representando as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escolha. Todas as tarefas analíticas são<br />
realizadas por meio <strong>de</strong> um Sistema Geográfico <strong>de</strong> Informações (GIS), que é um sistema<br />
composto <strong>de</strong> dispositivos para coleta, administração, análise e visualização espacial <strong>de</strong><br />
dados. Em um GIS, várias camadas <strong>de</strong> dados espaciais po<strong>de</strong>m ser analisadas,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> sua localização no espaço, permitindo, assim, relacionar diversas<br />
informações em uma localização. A concepção analítica usada nessa pesquisa é similar<br />
à análise multicritério baseada em raster, usando as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong><br />
geoprocessamento e geoestática, bem como conceitos <strong>de</strong> geomarketing. O quadro III<br />
sintetiza as principais bases que serão utilizadas em cada uma das análises propostas:<br />
Quadro III: Dimensões e Bases <strong>de</strong> Dados utilizadas nas análises do objetivo I da proposta<br />
Dimensão Período Nível <strong>de</strong> abrangência Base <strong>de</strong> Dados<br />
Analfabetismo em<br />
diferentes faixas etárias<br />
1990, 2000 e<br />
2010<br />
Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Municípios do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Censo Demográfico<br />
(BGE)<br />
Letramento e<br />
Numeramento no Ensino<br />
Fundamental<br />
(5º e 9º anos)<br />
2005, 2007, 2009<br />
e 2011<br />
Municípios do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Região Metropolitana do Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro<br />
<strong>Cida<strong>de</strong></strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Censo Escolar (INEP)<br />
Prova Brasil (INEP)<br />
Letramento e<br />
Numeramento no Ensino<br />
Médio<br />
(3ª série)<br />
2008, 2009 Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Municípios do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Censo Escolar (INEP)<br />
Prova Brasil (INEP)<br />
SAERJ (SEE‐ RJ)<br />
2.4.2. Objetivo 2: Mapear o grau <strong>de</strong> apropriação e conhecimento dos sistemas<br />
<strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> avaliação para o planejamento educacional<br />
A metodologia mais a<strong>de</strong>quada ao tratamento inicial <strong>de</strong>ssa parte <strong>de</strong> nossa<br />
proposta é a dos grupos focais, que vai se tornando mais usual no contexto acadêmico<br />
brasileiro e que nos é bastante familiar.<br />
Através <strong>de</strong> grupos focais, po<strong>de</strong>m ser conhecidos os significados das ações<br />
sociais dos agentes, permitindo, por meio da interação em ambiente razoavelmente<br />
controlado, extrair opiniões mais próximas <strong>de</strong> tipos i<strong>de</strong>ais, úteis para compreensão dos<br />
complexos problemas sociais com que lidam as ciências humanas (Weber, 1979). Em<br />
nosso caso, po<strong>de</strong>m ser úteis tanto para produção <strong>de</strong> conhecimento acadêmico quanto<br />
para estabelecer pontos <strong>de</strong> partida na relação com professores e <strong>de</strong>mais profissionais<br />
28
que atuam na gestão das escolas e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino que integrarão as ativida<strong>de</strong>s nosso<br />
objetivo III <strong>de</strong> formação.<br />
Propomos realizar, no primeiro ano do trabalho, até 28 grupos focais com cerca<br />
<strong>de</strong> 10 profissionais (coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos, diretores, técnicos <strong>de</strong> secretarias e<br />
instâncias intermediárias ou regionais <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação das re<strong>de</strong>s) cada, escolhidos<br />
pelos critérios clássicos <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> tal técnica (Krueger, 1991; Morgan, 1988;<br />
Greenbaum, 1998; Templeton, 1994). Seguindo um princípio <strong>de</strong> espelhamento,<br />
preten<strong>de</strong>mos a seguinte composição dos estratos dos grupos focais:<br />
Nível<br />
Localização<br />
Desempenho<br />
Alto Baixo<br />
1º segmento Ensino Capital 2 2<br />
Fundamental Metropolitana 2 2<br />
2º segmento Ensino Capital 2 2<br />
Fundamental Metropolitana 2 2<br />
Ensino Médio<br />
Capital 2 2<br />
Metropolitana 2 2<br />
Secretarias <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> e SME‐RJ 2<br />
Coor<strong>de</strong>nadorias Regionais SEDUC‐RJ 2<br />
Escolas<br />
Os quatro estratos se justificam por serem presumivelmente compostos com<br />
diferentes níveis <strong>de</strong> exposição aos dados educacionais em pauta, bem como afeitos a<br />
conjuntos <strong>de</strong> dados diferentes. O princípio <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong>verá ser seguido, talvez<br />
reduzindo o número <strong>de</strong> grupos necessários. Os professores participantes dos grupos<br />
<strong>de</strong>verão ser regentes, escolhidos aleatoriamente, segundo os estratos acima, a partir<br />
<strong>de</strong> relações <strong>de</strong> escolas incluídas nas categorias i<strong>de</strong>ntificadas. Preferencialmente, os<br />
integrantes <strong>de</strong> cada grupo não <strong>de</strong>vem se conhecer previamente, mas essa é uma regra<br />
nem sempre tomada com rigi<strong>de</strong>z. Os mesmos critérios serão perseguidos no caso dos<br />
gestores. Mo<strong>de</strong>radores, relatores e observadores são disponíveis em nossas equipes,<br />
que já contam com boa experiência no uso <strong>de</strong>ssa técnica. Os grupos terão gravações<br />
<strong>de</strong> áudio, posteriormente tratadas com softwares específicos, bem como analisadas<br />
com recursos informacionais a<strong>de</strong>quados.<br />
A análise das informações coletadas nos grupos focais, além <strong>de</strong> gerar insumos<br />
para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação (objetivo III), propiciarão o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um survey<br />
posterior (2012), <strong>de</strong> forma a permitir tratar quantitativamente as informações sobre<br />
29
apreensão dos indicadores educacionais em meio a uma amostra representativa do<br />
professorado do Rio <strong>de</strong> Janeiro. O <strong>de</strong>talhamento do survey seria precoce, no<br />
momento, mas po<strong>de</strong>mos antecipar que os instrumentos a serem utilizadas e o<br />
<strong>de</strong>senho para sua aplicação se baseará tanto os relatórios conclusivos dos grupos<br />
focais, como os resultados parciais alcançados na pesquisa do objetivo 1.<br />
2.4.3. Objetivo 3: Realizar um programa <strong>de</strong> formação sobre o uso <strong>de</strong> sistemas<br />
<strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> avaliação para o planejamento educacional<br />
Para implementar os cursos <strong>de</strong> formação, serão <strong>de</strong>senhados tanto suportes<br />
didáticos em papel – apostilas com textos sintéticos e exercícios ou jogos <strong>de</strong> simulação<br />
<strong>de</strong> situações do cotidiano escolar e da gestão das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino – como também<br />
elaborados softwares didáticos <strong>de</strong>senvolvidos numa perspectiva lúdica (Rouco &<br />
Resen<strong>de</strong>, 2003). Em diversas áreas <strong>de</strong> formação profissional esse tipo <strong>de</strong> metodologia<br />
tem se mostrado eficiente para promover uma interação criativa, particularmente<br />
entre técnicos e gestores, favorecendo ambientes <strong>de</strong> cooperação dinâmica e<br />
comprometida com os resultados.<br />
A proposta é utilizar os resultados das pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas, em particular<br />
as do objetivo III (Apropriação e conhecimento dos sistemas e instrumentos <strong>de</strong><br />
avaliação e planejamento escolar e educacional) para i<strong>de</strong>ntificar situações do cotidiano<br />
envolvendo a disseminação e uso <strong>de</strong> dados relacionados aos sistemas ou às escolas.<br />
Espera‐se encontrar um conjunto <strong>de</strong> situações que comportem diferentes<br />
encaminhamentos estratégicos em termos <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> ações ou<br />
encaminhamentos no plano da escola ou da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino, com várias possibilida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> resultados, <strong>de</strong>safiando os profissionais a expressarem e problematizarem sua<br />
leitura ou análise dos dados e com ela construir coletivamente alternativas e <strong>de</strong>talhar<br />
sua implementação, i<strong>de</strong>ntificando recursos e obstáculos, assim como formas criativas<br />
<strong>de</strong> superá‐los. Estas situações e processos, uma vez i<strong>de</strong>ntificados <strong>de</strong>verão ser<br />
elaborados didaticamente também na forma <strong>de</strong> jogos – fundamentalmente a partir da<br />
idéia <strong>de</strong> simulação e do estímulo à argumentação ou <strong>de</strong>bate grupal – gerando insumos<br />
para sua consolidação em softwares <strong>de</strong> jogos interativos (<strong>de</strong>senvolvidos a princípio<br />
30
através da linguagem LUA 1 ), que simulem situações problemas (por exemplo, como<br />
melhorar meu IDEB?; ou ainda, como combater a evasão?), diversos<br />
encaminhamentos possíveis <strong>de</strong> solução e as conseqüências das opções <strong>de</strong>finidas pelos<br />
participantes.<br />
Além da formação mais teórica sobre as políticas <strong>de</strong> avaliação, os processos <strong>de</strong><br />
coleta e transformação das informações das escolas e sistemas em bases <strong>de</strong> dados e<br />
índices, serão também <strong>de</strong>senvolvidos jogos <strong>de</strong> simulação <strong>de</strong> situações e resolução <strong>de</strong><br />
problemas <strong>de</strong> planejamento pedagógico e educacional fazendo uso dos dados, como<br />
estratégia para consolidar o conhecimento adquirido e favorecer seu uso posterior nas<br />
práticas educativas e <strong>de</strong> gestão nos diferentes níveis.<br />
O objetivo III será <strong>de</strong>senvolvido fundamentalmente a partir do segundo ano do<br />
projeto, após o mapeamento da situação das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino e escolas, e da análise<br />
dos indicadores educacionais e sua evolução nos últimos anos. A etapa inicial das<br />
pesquisas do Objetivo I <strong>de</strong>verá subsidiar o <strong>de</strong>senho do trabalho <strong>de</strong> investigação<br />
previsto no objetivo II e a <strong>de</strong>corrente i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> profissionais (a princípio, nove<br />
nesta etapa e outros nove no ano seguinte – 3º Ano do projeto) que passarão a<br />
colaborar com o <strong>de</strong>senho e implementação das ativida<strong>de</strong>s dos objetivos II e III.<br />
Propomos a organização <strong>de</strong> um seminário <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 40 horas para estes<br />
profissionais, que focalizará a apresentação e discussão dos dados coletados nas<br />
pesquisas <strong>de</strong>scritas no objetivo I. A partir daí o grupo se incorpora à equipe e passa a<br />
participar das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e formação (objetivos II e III). No terceiro ano do<br />
Projeto, serão selecionados mais nove profissionais para se integrar às ativida<strong>de</strong>s –<br />
totalizando 18 bolsistas ‐, cuja formação inicial <strong>de</strong>verá ser organizada e executada<br />
pelos <strong>de</strong>mais já integrados ao processo, sob a supervisão da equipe <strong>de</strong> pesquisadores.<br />
A expectativa é <strong>de</strong> que a partir do terceiro ano do Projeto, estes profissionais possam<br />
1 “Lua é uma linguagem <strong>de</strong> programação po<strong>de</strong>rosa, rápida e leve, projetada para esten<strong>de</strong>r<br />
aplicações. Lua combina sintaxe simples para programação procedural com po<strong>de</strong>rosas construções<br />
para <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> dados baseadas em tabelas associativas e semântica extensível. Lua é uma<br />
linguagem estabelecida e robusta, usada em muitas aplicações industriais (e.g., Adobe's Photoshop<br />
Lightroom), com ênfase em sistemas embutidos (e.g., o middleware Ginga para TV digital) e jogos<br />
(e.g., World of Warcraft). Lua é atualmente a linguagem <strong>de</strong> script mais usada em jogos. Lua tem um<br />
sólido manual <strong>de</strong> referência e existem vários livros sobre a linguagem. Várias versões <strong>de</strong> Lua foram<br />
lançadas e usadas em aplicações reais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua criação em 1993.” (http://www.lua.org/)<br />
31
começar a <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação nas escolas e <strong>de</strong>mais órgãos das<br />
respectivas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, multiplicando assim os conhecimentos e experiências<br />
adquiridos, na perspectiva da sustentabilida<strong>de</strong> do processo e da agregação durável <strong>de</strong><br />
capacida<strong>de</strong> formativa aos órgãos gestores locais da educação.<br />
2.5. Referências<br />
ANDRÉ, M. (org.) O Papel da pesquisa na formação e na prática dos professores.<br />
Campinas: Papirus, 5 ed.; 2006.<br />
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WILSON, W. J.. The Truly Disadvantaged: the inner city, the un<strong>de</strong>rclass and public<br />
policy. Chicago: University of Chicago Press, 1987.<br />
3. Ações Previstas e Resultados Esperados<br />
Formação <strong>de</strong> Pesquisadores<br />
• Consolidar o <strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong> como núcleo <strong>de</strong> formação<br />
interdisciplinar na temática <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais;<br />
• Aprimorar o ambiente acadêmico nos quais já trabalham 5 pós‐graduandos na<br />
temática <strong>de</strong> avaliação da educação. Formar 3 doutores e 2 mestres com<br />
formação já em curso;<br />
• Formar, na área do projeto, 18 mestres e 3 doutores, ingressantes a partir <strong>de</strong><br />
2011;<br />
• Oferecer oportunida<strong>de</strong>s para que alunos <strong>de</strong> iniciação científica e pósgraduandos<br />
<strong>de</strong> outros grupos passem por nossos laboratórios, oficinas e cursos.<br />
• Capacitar 18 profissionais das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino estadual e municipal na cida<strong>de</strong><br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Pesquisa<br />
• Publicação, no período 2011 a 2014, <strong>de</strong> 30 artigos ou capítulos <strong>de</strong> livros em<br />
veículos qualificados na área;<br />
34
• Publicação <strong>de</strong> dois livros<br />
• Promoção <strong>de</strong> um evento científico<br />
Difusão da cultura <strong>de</strong> avaliação<br />
• Participação, no período 2011 a 2014, em 40 eventos que difundam os resultados<br />
<strong>de</strong> avaliação educacional.<br />
• Divulgação <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> pesquisa em publicações não acadêmicas.<br />
Formação <strong>de</strong> profissionais da educação básica<br />
• Formar gestores escolares (coor<strong>de</strong>nadores, orientadores e diretores) que usem os<br />
resultados dos sistemas <strong>de</strong> avaliação e outros dados educacionais – produzidos no<br />
âmbito das secretarias e do INEP/MEC – para o planejamento escolar e<br />
pedagógico.<br />
• Formar técnicos e gestores das secretarias <strong>de</strong> educação e órgãos intermediários<br />
ou regionais <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação dos sistemas <strong>de</strong> ensino que façam uso dos dados<br />
educacionais – produzidos no âmbito das secretarias e do INEP/MEC – para o<br />
monitoramento e planejamento educacional.<br />
• Formar multiplicadores das secretarias <strong>de</strong> educação para a elaboração e condução<br />
<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação dos <strong>de</strong>mais profissionais e responsáveis das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
ensino no que diz respeito ao uso dos dados educacionais, em particular os das<br />
avaliações em larga escala e do Censo Escolar.<br />
• Desenvolver material didático inovador (inclusive software) para formação<br />
docente e <strong>de</strong> gestores e técnicos da educação básica.<br />
35
4. Cronograma <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s<br />
Organizamos o cronograma em semestres, a partir <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2011.<br />
Ativida<strong>de</strong>s<br />
1º Objetivo 2º Objetivo 3º Objetivo<br />
2011<br />
1º<br />
Georeferenciamento das escolas públicas<br />
do Ensino Fundamental (EF) dos<br />
municípios da Região Metropolitana do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro (RMRJ).<br />
Georeferenciamento das escolas públicas<br />
do Ensino Médio (EM) da RMRJ.<br />
Seleção <strong>de</strong> integrantes e realização <strong>de</strong><br />
até 28 grupos focais com profissionais<br />
dos sistemas educacionais públicos.<br />
2011<br />
2º<br />
Análise dos níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
proficiência a<strong>de</strong>quadas para o 5º e 9º<br />
anos do EF em matemática e leitura nos<br />
municípios da RMRJ.<br />
Análise dos níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
proficiência a<strong>de</strong>quadas para o 5º e 9º<br />
anos do EF em matemática e leitura para<br />
as escolas da cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Análise da evolução <strong>de</strong>ste indicador ao<br />
longo dos anos <strong>de</strong> 2005, 2007 e 2009.<br />
Tratamento do material colhido nos<br />
grupos focais e análise;<br />
Início da elaboração <strong>de</strong> materiais,<br />
métodos e procedimentos a serem<br />
adotados no Programa <strong>de</strong> Formação<br />
<strong>de</strong>scrito.<br />
36
2012<br />
1º<br />
2012<br />
2º<br />
2013<br />
1º<br />
Mapeamento do indicador <strong>de</strong><br />
analfabetismo nas diferentes faixas<br />
etárias dos municípios do Estado do RJ.<br />
Análise da evolução do indicador <strong>de</strong><br />
analfabetismo <strong>de</strong> 1990, 2000 e 2010.<br />
Incluir o ano <strong>de</strong> 2011 na análise da<br />
evolução <strong>de</strong>ste indicador ao longo dos<br />
anos. (Iniciado em 2011.2).<br />
Análise dos níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
proficiência a<strong>de</strong>quadas para o 5º e 9º<br />
anos do EM em matemática e leitura nos<br />
municípios da RMRJ.<br />
Análise dos níveis <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
proficiência a<strong>de</strong>quadas para o 5º e 9º<br />
anos do EM em matemática e leitura para<br />
as escolas da cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
Análise da evolução <strong>de</strong>ste indicador ao<br />
longo dos anos <strong>de</strong> 2005, 2007, 2009 e<br />
2011.<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> teses e dissertações,<br />
disseminação <strong>de</strong> resultados<br />
Elaboração <strong>de</strong> relatórios analíticos a<br />
partir dos achados dos grupos focais.<br />
Preparação <strong>de</strong> um survey com atores<br />
presentes na ponta dos sistemas<br />
educacionais.<br />
Aplicação do survey com atores na<br />
ponta do sistema educacional.<br />
Análise do survey.<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> teses e<br />
dissertações, disseminação <strong>de</strong><br />
resultados<br />
Conclusão da elaboração <strong>de</strong> materiais,<br />
métodos e procedimentos a serem<br />
adotados no Programa <strong>de</strong> Formação<br />
previsto.<br />
Seleção dos participantes iniciais do<br />
Programa <strong>de</strong> Formação.<br />
Realização do mo<strong>de</strong>lo experimental <strong>de</strong><br />
Programa <strong>de</strong> Formação.<br />
Revisão dos materiais, métodos e<br />
procedimentos adotados.<br />
Desenvolvimento e realização do mo<strong>de</strong>lo<br />
pleno <strong>de</strong> Programa <strong>de</strong> Formação previsto.<br />
2013<br />
2º<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> teses e dissertações,<br />
disseminação <strong>de</strong> resultados<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> teses e<br />
dissertações, disseminação <strong>de</strong><br />
resultados<br />
Desenvolvimento e realização do mo<strong>de</strong>lo<br />
pleno <strong>de</strong> Programa <strong>de</strong> Formação previsto.<br />
37
2014<br />
1º<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> teses e dissertações,<br />
disseminação <strong>de</strong> resultados<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> teses e<br />
dissertações, disseminação <strong>de</strong><br />
resultados<br />
Desenvolvimento e realização do mo<strong>de</strong>lo<br />
pleno <strong>de</strong> Programa <strong>de</strong> Formação previsto.<br />
Avaliação geral do Programa <strong>de</strong><br />
Formação.<br />
2014<br />
2º<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> teses e dissertações,<br />
disseminação <strong>de</strong> resultados<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> teses e<br />
dissertações, disseminação <strong>de</strong><br />
resultados<br />
Desenvolvimento e realização do mo<strong>de</strong>lo<br />
pleno <strong>de</strong> Programa <strong>de</strong> Formação previsto.<br />
Avaliação geral do Programa <strong>de</strong><br />
Formação.<br />
38
Cronograma Financeiro<br />
Bolsas<br />
Outras<br />
<strong>de</strong>spesas<br />
(Custeio)<br />
(R$)<br />
Despesas Ano 1 Ano 2<br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Modalida<strong>de</strong>s<br />
Duração<br />
(Meses)<br />
(Nº <strong>de</strong><br />
Bolsistas)<br />
Valor<br />
(R$)<br />
Subtotal<br />
(Ano 1)<br />
Duração<br />
(Meses)<br />
(Nº <strong>de</strong><br />
Bolsistas)<br />
Valor<br />
(R$)<br />
Subtotal<br />
(Ano 2)<br />
TOTAL<br />
Coor<strong>de</strong>nação<br />
(R$ 1.500,00) 12 3 1.500,00 54.000,00 12 3 1.500,00 54.000,00 108.000,00<br />
Doutorado<br />
(R$ 1.800,00) 12 3 1.800,00 64.800,00 12 3 1.800,00 64.800,00 129.600,00<br />
Mestrado<br />
(R$ 1.200,00) 12 9 1.200,00 129.600,00 12 9 1.200,00 129.600,00 259.200,00<br />
Prof. Ed.<br />
Básica<br />
(R$ 765,00) 12 0 765 0,00 12 9 765 82.620,00 82.620,00<br />
Aluno<br />
Graduação<br />
(R$ 400,00) 12 18 400 86.400,00 12 18 400 86.400,00 172.800,00<br />
Material <strong>de</strong><br />
Consumo 7.000,00 7.000,00 14.000,00<br />
Diárias<br />
Passagens<br />
Reuniões nacionais 8 x 2 x 3 x<br />
300,00 = R$14.400,00<br />
Seminário Internacional 8 x5x<br />
300,00 = R$12.000,00<br />
Aéreas: Seminário Internacional,<br />
participantes convidados 2 x<br />
2.200,00= R$4.400,00<br />
26.400,00<br />
4.400,00<br />
Reuniões nacionais 8 x 2 x 3 x 300,00 =<br />
R$14.400,00<br />
Seminário Internacional 8 x5x 300,00 =<br />
R$12.000,00<br />
Aéreas: Seminário Internacional,<br />
participantes convidados 2 x 2.200,00=<br />
R$4.400,00<br />
26.400,00<br />
15.600,00<br />
4.400,00 8.800,00<br />
5.<br />
Capital<br />
Serviços <strong>de</strong><br />
Terceiros<br />
Aéreas: Reunião Abave; reuniões da<br />
re<strong>de</strong>; 3x3x500,00=R$3.000,00<br />
Serviços <strong>de</strong><br />
Terceiros<br />
3.000,00<br />
9.200,00<br />
Aéreas: Reunião Abave; reuniões da<br />
re<strong>de</strong>; 3x3x500,00=R$3.000,00<br />
3.000,00 6.000,00<br />
Serviços <strong>de</strong> Terceiros 9.200,00 18.400,00<br />
Capital<br />
(R$ 8.000,00) Equipamento 8.000,00 Equipamento 8.000,00 16.000,00<br />
TOTAL ANOS 1 e 2 831.020,00<br />
39
Bolsas<br />
Outras<br />
<strong>de</strong>spesas<br />
(Custeio)<br />
(R$)<br />
Despesas Ano 3 Ano 4<br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Modalida<strong>de</strong>s<br />
Duração<br />
(Meses)<br />
(Nº <strong>de</strong><br />
Bolsistas)<br />
Valor<br />
(R$)<br />
Subtotal<br />
(Ano 1)<br />
Duração<br />
(Meses)<br />
(Nº <strong>de</strong><br />
Bolsistas)<br />
Subtotal<br />
(Ano 2)<br />
Valor (R$)<br />
TOTAL<br />
Coor<strong>de</strong>nação<br />
(R$ 1.500,00) 12 3 1.500,00 54.000,00 12 3 1.500,00 54.000,00 108.000,00<br />
Doutorado<br />
(R$ 1.800,00) 12 3 1.800,00 64.800,00 12 3 1.800,00 64.800,00 129.600,00<br />
Mestrado<br />
(R$ 1.200,00) 12 9 1.200,00 129.600,00 12 9 1.200,00 129.600,00 259.200,00<br />
Prof. Ed.<br />
Básica<br />
(R$ 765,00) 12 18 765 165.240,00 12 18 765 165.240,00 330.480,00<br />
Aluno<br />
Graduação<br />
(R$ 400,00) 12 18 400 86.400,00 12 18 400 86.400,00 172.800,00<br />
Material <strong>de</strong><br />
Consumo 7.000,00 7.000,00 14.000,00<br />
Diárias<br />
Passagens<br />
Reuniões nacionais 8 x 2 x 3 x 300,00<br />
= R$14.400,00<br />
Seminário Internacional 8 x5x 300,00<br />
= R$12.000,00<br />
Aéreas: Seminário Internacional,<br />
participantes convidados 2 x<br />
2.200,00= R$4.400,00<br />
Reuniões nacionais 8 x 2 x 3 x 300,00 =<br />
R$14.400,00<br />
26.400,00 Seminário Internacional 8 x5x 300,00 =<br />
4.400,00<br />
R$12.000,00<br />
Aéreas: Seminário Internacional,<br />
participantes convidados 2 x 2.200,00=<br />
R$4.400,00<br />
26.400,00<br />
15.600,00<br />
4.400,00 8.800,00<br />
Capital<br />
Aéreas: Reunião Abave; reuniões da<br />
re<strong>de</strong>; 3x3x500,00=R$3.000,00<br />
3.000,00<br />
Aéreas: Reunião Abave; reuniões da<br />
re<strong>de</strong>; 3x3x500,00=R$3.000,00<br />
Serviços <strong>de</strong><br />
Terceiros Serviços <strong>de</strong> Terceiros 9.200,00 Serviços <strong>de</strong> Terceiros<br />
Capital<br />
(R$ 8.000,00) Equipamento 8.000,00 Equipamento<br />
3.000,00 6.000,00<br />
9.200,00 18.400,00<br />
8.000 16.000,00<br />
TOTAL ANOS 3 e 4 1.078.880,00<br />
40
Bolsas<br />
Custeio<br />
Capital<br />
ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4<br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Quantida<strong>de</strong><br />
Quantida<strong>de</strong><br />
(Nº <strong>de</strong> Subtotal (Nº <strong>de</strong> Subtotal (Nº <strong>de</strong> Subtotal (Nº <strong>de</strong><br />
Bolsistas) (Ano 1) Bolsistas) (Ano 2) Bolsistas) (Ano 3) Bolsistas)<br />
Subtotal<br />
(Ano 4)<br />
TOTAL<br />
Modalida<strong>de</strong>s<br />
Coor<strong>de</strong>nação (R$<br />
1.500,00) 3 54.000,00 3 54.000,00 3 54.000,00 3 54.000,00 216.000,00<br />
Doutorado (R$<br />
1.800,00) 3 64.800,00 3 64.800,00 3 64.800,00 3 64.800,00 259.200,00<br />
Mestrado (R$<br />
1.200,00) 9 129.600,00 9 129.600,00 9 129.600,00 9 129.600,00 518.400,00<br />
Prof. Ed. Básica<br />
(R$ 765,00) 0 0,00 9 82.620,00 18 165.240,00 18 165.240,00 413.100,00<br />
Aluno Graduação<br />
(R$ 400,00) 18 86.400,00 18 86.400,00 18 86.400,00 18 86.400,00 345.600,00<br />
TOTAL DE BOLSAS 1.752.300,00<br />
50.000,00 50.000,00 50.000,00 50.000,00<br />
TOTAL DE CUSTEIO 200.000,00<br />
8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00<br />
TOTAL POR ANO<br />
TOTAL DE CAPITAL 32.000,00<br />
392.800,00 475.420,00 558.040,00 558.040,00<br />
TOTAL DO PROJETO 1.984.300,00<br />
A seleção dos bolsistas será realizada conforme: a) os editais públicos <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> candidatos ao mestrado e doutorado dos Programas <strong>de</strong><br />
Pós-Graduação em <strong>Educação</strong> das três universida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> se alocam os núcleos <strong>de</strong> pesquisa da re<strong>de</strong>; b) a sintonia do perfil acadêmico dos candidatos<br />
com as linhas <strong>de</strong> pesquisa do presente projeto.<br />
41
6. Demais Projetos Financiados<br />
INCT <strong>Observatório</strong> das Metrópoles: território, coesão social e governança. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador<br />
O <strong>Observatório</strong> das Metrópoles é um grupo que funciona em re<strong>de</strong>, reunindo instituições e<br />
pesquisadores dos campos universitário, governamental e não governamental. A equipe<br />
constituída no <strong>Observatório</strong> vem trabalhando há 17 anos, envolvendo 97 principais<br />
pesquisadores e 59 instituições <strong>de</strong> forma sistemática e articulada sobre os <strong>de</strong>safios<br />
metropolitanos colocados ao <strong>de</strong>senvolvimento nacional, tendo como referência a<br />
compreensão das mudanças das relações entre socieda<strong>de</strong>, economia, Estado e os<br />
territórios conformados pelas gran<strong>de</strong>s aglomerações urbanas brasileiras. O <strong>Observatório</strong><br />
das Metrópoles tem como uma das suas principais características reunir Programas <strong>de</strong><br />
Pós‐graduação em estágios distintos <strong>de</strong> consolidação, o que tem permitido virtuosa prática<br />
<strong>de</strong> cooperação e intercâmbio científico através da ampla circulação <strong>de</strong> práticas e<br />
experiências acadêmicas. Por outro lado, o <strong>Observatório</strong> das Metrópoles procura aliar suas<br />
ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e ensino com a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que contribuam para a<br />
atuação dos atores governamentais e da socieda<strong>de</strong> civil no campo das políticas públicas<br />
voltadas para esta área. Neste momento, o <strong>Observatório</strong> das Metrópoles integra o<br />
Programa Institutos Nacionais <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia ‐ INCT e, através <strong>de</strong>ste dará<br />
continuida<strong>de</strong> às suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa abrangendo todas as 5 Gran<strong>de</strong>s Regiões do<br />
país (Norte, Centro‐Oeste, Nor<strong>de</strong>ste, Su<strong>de</strong>ste e Sul) , buscando formação <strong>de</strong> recursos<br />
humanos, extensão e transferência <strong>de</strong> resultados para a socieda<strong>de</strong> e para os governos<br />
envolvidos com a questão metropolitana. As Instituições reunidas hoje no <strong>Observatório</strong><br />
das Metrópoles vêm trabalhando <strong>de</strong> maneira sistemática sobre 11 metrópoles e uma<br />
aglomeração urbana: Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba,<br />
Goiânia, Recife, Salvador, Natal, Fortaleza, Belém e a aglomeração urbana <strong>de</strong> Maringá.<br />
Financiador(es): Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico ‐ Auxílio<br />
financeiro / Fundação Carlos Chagas Filho <strong>de</strong> Amparo à Pesq. do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro ‐<br />
Auxílio financeiro.<br />
Desenvolvimento <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> geoprocessamento para análise social do<br />
território e difusão <strong>de</strong> informação e conhecimentos<br />
O propósito <strong>de</strong>ste projeto é criar um novo modo <strong>de</strong> produzir conhecimento. Atualizar e<br />
inovar o modo <strong>de</strong> trabalho através da análise espacial utilizando as novas ferramentas<br />
disponíveis, discutir conceitos e a difusão do saber através da Internet são os objetivos<br />
principais e preten<strong>de</strong>mos criar as bases necessárias para que estas ativida<strong>de</strong>s realizadas<br />
pelos pesquisadores comprometidos com a análise do espaço. Preten<strong>de</strong>‐se criar um banco<br />
<strong>de</strong> dados georreferenciado com todas as bases <strong>de</strong> informações do <strong>Observatório</strong> das<br />
Metrópoles centralizado para facilitar o trabalho futuro <strong>de</strong> análises espaciais.<br />
Financiador(es): Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico ‐ Bolsa.<br />
Quasemercado oculto: escolas públicas em disputa<br />
Esse projeto preten<strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> um fenômeno pouco estudado no contexto<br />
brasileiro: a disputa por escolas públicas que não po<strong>de</strong>riam ser caracterizadas como <strong>de</strong><br />
elite ou <strong>de</strong> excelência . Para tratar do tema, <strong>de</strong>stacamos a relevância atual do assunto,<br />
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consi<strong>de</strong>rando recentes iniciativas <strong>de</strong> política educacional propugnadas pelo Governo<br />
Fe<strong>de</strong>ral brasileiro e as reações que suscitam. Ainda que não voltadas intencionalmente à<br />
formação do quase‐mercado, uma breve discussão <strong>de</strong> tais políticas po<strong>de</strong> contribuir para o<br />
esclarecimento da temática. Em seguida, procuramos <strong>de</strong>limitar o uso do conceito <strong>de</strong><br />
quase‐mercado para compreen<strong>de</strong>r uma faceta altamente iníqua dos sistemas públicos <strong>de</strong><br />
ensino no Brasil. Tal conceito, frequentemente associado à prescrição <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />
reformas educacionais, é aqui adotado por seu potencial analítico. Recorremos à já vasta<br />
literatura internacional <strong>de</strong>dicada ao assunto, procurando sistematizá‐la e <strong>de</strong>stacar os<br />
pontos que nos auxiliam a pensar o fenômeno em sua face brasileira. Conforme observado<br />
em outros países, o que se <strong>de</strong>nomina quase‐mercado educacional caracteriza mecanismos<br />
complexos, que quão mais ocultos ou sutis, promovem marcante <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s educacionais. Há, porém, resultados controversos sobre os efeitos do<br />
funcionamento <strong>de</strong> quase‐mercados educacionais relativamente abertos e fortemente<br />
regulados, que po<strong>de</strong>riam promover redução na <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social <strong>de</strong> acesso a escolas<br />
diferenciadas. A <strong>de</strong>speito das controvérsias em torno do tema, parece‐nos que a forma<br />
como se dá a distribuição <strong>de</strong> vagas escolares públicas na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
semelhante ao que ocorre em quase todo o Brasil contribui fortemente para consolidar<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais transformadas em vantagens e <strong>de</strong>svantagens escolares. Essa<br />
condição ressalta a relevância social da temática e do estudo proposto. Nossas<br />
formulações iniciais emergem <strong>de</strong> estudo já realizado por nossa equipe, sendo o presente<br />
projeto <strong>de</strong>sdobramento e continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigações a que vimos.<br />
Financiador(es): Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico ‐ Bolsa /<br />
Instituto Nacional <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas Educacionais ‐ Auxílio financeiro.<br />
Juventu<strong>de</strong> e Violência no Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Estudos especializados e intervenções públicas mais amplas a respeito do<br />
problema da violência e da criminalida<strong>de</strong> no Brasil têm, entre seus poucos pontos <strong>de</strong><br />
convergência, o reconhecimento da centralida<strong>de</strong> ocupada pela juventu<strong>de</strong> como segmento<br />
especialmente envolvido, tanto do lado da vitimização, como entre perpetradores da<br />
violência. Essa é uma tendência internacional, mas tem saltado aos olhos, sobretudo no<br />
campo da vitimização, as altas taxas <strong>de</strong> jovens vítimas fatais da violência no Brasil<br />
(Lengruber, 2004). O Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro, com <strong>de</strong>staque a para sua Região<br />
Metropolitana, tem sobressaído como um dos espaços mais graves em que tal tendência é<br />
observada. Diante <strong>de</strong>sse quadro, uma série <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> prevenção têm sido propostas<br />
voltadas especificamente para a juventu<strong>de</strong>. Nos <strong>de</strong>bates públicos sobre o tema, o espaço<br />
escolar aparece sempre com uma dupla chave. O fracasso escolar é comumente encarado<br />
como um flanco aberto para o jovem se voltar para o mundo do crime. Em contrapartida,<br />
um investimento efetivo na escolarização dos jovens po<strong>de</strong>ria funcionar (assim se supõe)<br />
como instrumento <strong>de</strong> prevenção em todos os seus três níveis (primária, secundária e<br />
terciária). A questão geral que buscamos respon<strong>de</strong>r é: existe uma diferença entre as<br />
experiências e percepções da violência dos jovens escolarizados regularmente e as<br />
daqueles não escolarizados? Nessa mesma linha, haveria então divergências ainda mais<br />
extremas, conforme esperados entre os jovens comuns, escolarizados ou não, e aqueles<br />
associados ao chamado mundo do crime? Há diferenças relevantes nas percepções dos<br />
jovens segundo a experiência mais ou menos integradora vivida em suas trajetórias<br />
escolares? É possível que programas educacionais voltados especificamente para jovens<br />
em situação <strong>de</strong> risco, como o Programa Nacional <strong>de</strong> Inclusão <strong>de</strong> Jovens exerçam algum<br />
efeito sobre tais percepções e experiências? A resposta a essa questão é crucial para<br />
dimensionarmos o lugar da escola como espaço <strong>de</strong> socialização.<br />
Financiador(es): Financiadora <strong>de</strong> Estudos e Projetos ‐ Auxílio financeiro.<br />
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<strong>Cida<strong>de</strong></strong>, escola e família: estudos sobre <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />
educacionais a partir <strong>de</strong> dados longitudinais<br />
O tema das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais não po<strong>de</strong> prescindir <strong>de</strong><br />
uma análise que consi<strong>de</strong>re, <strong>de</strong> forma integrada, os diferentes contextos atuantes nesse<br />
processo: o da cida<strong>de</strong>, o da escola e o da família. Este é justamente o principal objetivo<br />
<strong>de</strong>ste projeto: analisar características do contexto da cida<strong>de</strong>, da escola e da família que<br />
maximizam os <strong>de</strong>sfechos educacionais bem sucedidos eficácia escolar e que minimizam a<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> na distribuição social da educação eqüida<strong>de</strong> escolar.<br />
Financiador(es): Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico ‐ Auxílio<br />
financeiro.<br />
<strong>Observatório</strong> da <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong>s<br />
O Projeto <strong>Observatório</strong> da <strong>Educação</strong> no Contexto Sócio‐Territorial está baseado em<br />
proposta <strong>de</strong> colaboração do Laboratório <strong>de</strong> Avaliação da <strong>Educação</strong> (LAEd/ PUC‐Rio) e do<br />
<strong>Observatório</strong> das Metrópoles (UFRJ).O presente projeto situa‐se na área <strong>de</strong> <strong>Educação</strong><br />
Básica e possui como objetivos:Investigar o efeito do espaço social que caracteriza os<br />
diversos municípios sobre o <strong>de</strong>sempenho dos alunos que lá estudam.Investigar o efeito<br />
das escolhas familiares <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s escolares sobre o aprendizado dos alunos <strong>de</strong> distintas<br />
origens sociais.Investigar o efeito <strong>de</strong> diferentes políticas educacionais nacionais sobre o<br />
<strong>de</strong>sempenho escolar dos estudantes <strong>de</strong> diferentes países. Acompanhar como evolui no<br />
médio curso (2000 a 2006 e 2000 a 2009) o <strong>de</strong>sempenho escolar <strong>de</strong> diferentes países.<br />
Explorar, por meio <strong>de</strong> investigação qualitativa em escolas, os processos escolares<br />
relacionados com os fatores <strong>de</strong>terminantes do sucesso e do fracasso escolar.<br />
Financiador(es): Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior ‐ Bolsa /<br />
Instituto Nacional <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas Educacionais ‐ Auxílio financeiro / Coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior ‐ Auxílio financeiro.<br />
A influência da família no <strong>de</strong>sempenho da Geração Escolar 2005<br />
O Projeto é <strong>de</strong>senvolvido em colaboração com o <strong>Observatório</strong> Sociológico Família‐<br />
Escola (OSFE) da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> da UFMG e o projeto GERES 2005. Tem como<br />
objetivo principal avaliar as práticas familiares relacionadas com a escolarização <strong>de</strong><br />
crianças do primeiro segmento do Ensino Fundamental e investigar as influências <strong>de</strong>stas<br />
práticas sobre o <strong>de</strong>sempenho escolar. O projeto será <strong>de</strong>senvolvido com uma amostra <strong>de</strong><br />
famílias <strong>de</strong> alunos participantes do GERES na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte <strong>de</strong> escolas<br />
privadas, municipais, estaduais com a aplicação <strong>de</strong> um questionário que será respondido<br />
pela família.<br />
Financiador(es): Instituto Nacional <strong>de</strong> Estudos e Pesquisas Educacionais ‐ Auxílio<br />
financeiro.<br />
GERES Estudo longitudinal da geração escolar 2005<br />
O objetivo central é o <strong>de</strong> investigar quais práticas educativas e quais condições<br />
escolares contribuem para a promoção <strong>de</strong> eficácia educativas e quais condições escolares<br />
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contribuem para a promoção <strong>de</strong> eficácia escolar (isto é, aumento do aprendizado médio<br />
dos alunos) e <strong>de</strong> eqüida<strong>de</strong> intraescolar (isto é, diminuição do impacto da origem social do<br />
aluno em seu aprendizado na escola). Objetivos subsidiários incluem: <strong>de</strong>senvolvimento e<br />
validação <strong>de</strong> instrumentos a<strong>de</strong>quados para surveys educacionais nas séries iniciais do<br />
Ensino Fundamental; i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> características escolares que aumentam a<br />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfechos educativos socialmente valorizados, tais como a promoção <strong>de</strong><br />
séries ou ciclos ao longo dos anos e a minimização do absenteísmo.<br />
Financiador(es): Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico ‐ Auxílio<br />
financeiro / Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior ‐ Auxílio<br />
financeiro / Fundação Ford ‐ Auxílio financeiro.<br />
Gestão e construção da qualida<strong>de</strong> do ensino na educação básica<br />
O Projeto preten<strong>de</strong> estudar as relações entre a gestão <strong>de</strong> escolas públicas<br />
municipais e o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> seus alunos nas avaliações da Prova Brasil 2005, 2007 e<br />
2009. A investigação sobre as relações entre os diferentes agentes escolares (gestores,<br />
técnicos e docentes) com ênfase na li<strong>de</strong>rança pedagógica da equipe gestora, nas relações<br />
da equipe com o corpo docente e a interação com as famílias, a fim <strong>de</strong> dimensionar seus<br />
efeitos sobre os processos <strong>de</strong> construção da qualida<strong>de</strong> do ensino e sobre o <strong>de</strong>sempenho<br />
escolar do alunado. A perspectiva metodológica proposta combina o <strong>de</strong>senvolvimento e<br />
utilização <strong>de</strong> diferentes abordagens <strong>de</strong> pesquisa, tais como análise documental combinada<br />
com a pesquisa e análise estatística junto às bases <strong>de</strong> dados do INEP (Censo Escolar e<br />
resultados da Prova Brasil) e da Secretaria Municipal <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro;<br />
pesquisa qualitativa através <strong>de</strong> entrevistas agentes escolares e observações do cotidiano<br />
escolar em escolas da re<strong>de</strong> municipal.<br />
Contextos Institucionais e Construção da Qualida<strong>de</strong> do Ensino na <strong>Educação</strong> Básica<br />
O objetivo principal da pesquisa é estudar a gestão escolar <strong>de</strong> estabelecimentos<br />
bem avaliados na Prova Brasil 2005 e 2007 da re<strong>de</strong> pública municipal <strong>de</strong> ensino<br />
fundamental no Rio <strong>de</strong> Janeiro, focalizando as relações <strong>de</strong>senvolvidas tanto no ambiente<br />
escolar como na interação com as famílias, dimensionado seus efeitos sobre os processos<br />
<strong>de</strong> construção da qualida<strong>de</strong> do ensino ministrado e sobre o <strong>de</strong>sempenho escolar do<br />
alunado.<br />
Financiador(es): Fundação Carlos Chagas Filho <strong>de</strong> Amparo à Pesq. do Estado do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro ‐ Auxílio financeiro.<br />
Projeto <strong>de</strong> Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens<br />
O objetivo do projeto é mensurar a incidência do fenômeno dos homicídios contra<br />
jovens, estudar as políticas preventivas existentes no Brasil, mobilizar a opinião pública e<br />
subsidiar as políticas públicas.<br />
Dinâmica socioespacial na metrópole no Rio <strong>de</strong> Janeiro: a configuração <strong>de</strong> novas<br />
espacialida<strong>de</strong>s<br />
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A pesquisa no seu estágio atual vem discutindo o papel da segregação social na<br />
criação da nova espacialida<strong>de</strong> que tem marcado a metrópole do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
década <strong>de</strong> 1990, reconfigurando a clássica dualida<strong>de</strong> entre centro/rico e periferia/ pobre<br />
mostrando uma dinâmica social muito mais complexa. O estudo <strong>de</strong>ssas novas modalida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> segregação sócioespacial conduz ao atual <strong>de</strong>bate acerca dos impactos da reestruturação<br />
econômica sobre as estruturas social e espacial das gran<strong>de</strong>s metrópoles. É no marco <strong>de</strong>ssa<br />
reflexão que se preten<strong>de</strong> investigar a metrópole do Rio <strong>de</strong> Janeiro, através <strong>de</strong> duas<br />
abordagens. A primeira refere‐se ao sub‐projeto 'Habitação em Área Central para Famílias<br />
<strong>de</strong> Baixa Renda" que focaliza a experiência do Programa Novas Alternativas criado pela<br />
Secretaria Municipal <strong>de</strong> Habitação do Rio <strong>de</strong> Janeiro/SMHRJ, bem como Programa, o Morar<br />
Carioca, também integrante da atual política habitacional da SMHRJ, focalizando o<br />
Empreendimento Saú<strong>de</strong>: um conjunto habitacional‐ <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> condomínio fechado<strong>de</strong><br />
150 moradias das quais 78 já estão prontas. A segunda abordagem, conta com a<br />
parceria do <strong>Observatório</strong> <strong>de</strong> Políticas Urbanas e Gestão Municipal do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa<br />
e Planejamento Urbano e Regional da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro IPPUR/‐<br />
UFRJ. Nessa ótica, indaga‐se qual o papel das atuais transformações econômicas<br />
estruturação do espaço urbano e na configuração <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados processos <strong>de</strong><br />
segregação urbana. A presente proposta <strong>de</strong> pesquisa que focaliza inicialmente o bairro do<br />
Méier ‐ vem somar‐se ao conjunto <strong>de</strong> estudos qualitativos sobre alguns bairros cariocas<br />
que o <strong>Observatório</strong> vem realizando. Os objetivos da pesquisa, em suas linhas mais gerais,<br />
buscam avaliar os princípios segundo os quais se organiza o espaço social da metrópole do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, bem como participar e contribuir para o <strong>de</strong>bate atual sobre os impactos das<br />
transformações econômicas sobre as estruturas social e espacial das gran<strong>de</strong>s metrópoles.<br />
Financiador(es): Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico ‐ Bolsa /<br />
Fundação Carlos Chagas Filho <strong>de</strong> Amparo à Pesq. do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro ‐ Bolsa /<br />
Universida<strong>de</strong> do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro ‐ Bolsa.<br />
<strong>Cida<strong>de</strong></strong> e Escola: Estudos sobre <strong>Desigualda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s Educacionais na<br />
Região Metropolitana do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
O projeto baseia‐se na colaboração do Departamento <strong>de</strong> <strong>Educação</strong>/Laboratório <strong>de</strong><br />
Avaliação da <strong>Educação</strong> (LAEd/ PUC‐Rio), do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e Planejamento Urbano<br />
e Regional/ Coor<strong>de</strong>nação do <strong>Observatório</strong> das Metrópoles (UFRJ) e do Grupo <strong>de</strong> Estudos e<br />
Pesquisas dos Sistemas Educacionais (GESED) da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> (UFRJ). O<br />
problema geral pela qual este grupo se articula situa‐se na temática da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s, como condicionante sociológico <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e<br />
trajetória escolar. No entanto, <strong>de</strong>staca‐se, entre as preocupações do grupo, a dimensão<br />
territorial <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> acesso a bens e serviços, bem como mecanismos iníquos<br />
<strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Este projeto articula dois subprojetos sobre a temática das<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s educacionais e prioriza a Região Metropolitana do Rio <strong>de</strong> Janeiro como<br />
lócus <strong>de</strong> investigação, bem como o ensino fundamental e o ensino médio. Os principais<br />
objetivos do projeto são: investigar os mecanismos do contexto e da escola sobre os<br />
resultado escolares e mapear a geografia <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, utilizando‐se dos dados do<br />
Censo Escolar, Prova Brasil e Censo Demográfico para estudar as relações entre a<br />
segregação resi<strong>de</strong>ncial e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s educacionais.<br />
Financiador(es): Faperj<br />
Estudos sobre os Determinantes Socioeconômicos, Raciais e Geográficos das<br />
<strong>Desigualda<strong>de</strong>s</strong> no Sistema <strong>de</strong> Ensino<br />
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Desenvolver conhecimento sobre graves aspectos da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social relacionados à<br />
estrutura <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s ofertada pelos sistemas públicos <strong>de</strong> educação e sobre as<br />
formas como esta é “apropriada” por diferentes segmentos da população. Nesse sentido,<br />
serão realizados os seguintes projetos <strong>de</strong> pesquisa (com características também <strong>de</strong><br />
projetos <strong>de</strong> formação técnico‐científica nas áreas investigadas): 1 – Segregação<br />
Resi<strong>de</strong>ncial, Geografia <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s Educacionais e Segmentação Escolar; 2 – O<br />
Funcionamento <strong>de</strong> Quase‐Mercados Educacionais e a Segmentação Escolar; 3 – Escola e<br />
Efeito/Vizinhança – o impacto da segregação resi<strong>de</strong>ncial sobre o <strong>de</strong>sempenho escolar <strong>de</strong><br />
alunos do ensino fundamental; e 4 –<strong>Desigualda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Cor ou Raça nos Indicadores<br />
Educacionais Brasileiros: um levantamento geral das bases <strong>de</strong> dados disponíveis para o<br />
estudo do comportamento das tendências <strong>de</strong> curto e médio prazo e a formulação <strong>de</strong><br />
políticas públicas pró‐equida<strong>de</strong>.<br />
Financiador(es): INEP/ Núcleo <strong>de</strong> Estudos.<br />
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TERMO DE COMPROMISSO<br />
Eu, como coor<strong>de</strong>nador do Projeto <strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong>:<br />
<strong>Desigualda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s Educacionais e as Dimensões da Alfabetização<br />
da <strong>Educação</strong> Básica no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>claro minha concordância<br />
quanto ao cumprimento e execução do referido projeto, que está sendo submetido no<br />
âmbito do Edital nº 38/2010/CAPES/INEP.<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, 01 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2010.<br />
___________________________________<br />
Luiz Cesar <strong>de</strong> Queiroz Ribeiro<br />
Professor titular do IPPUR/UFRJ
TERMO DE COMPROMISSO<br />
Eu, como coor<strong>de</strong>nador do Projeto <strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong>:<br />
<strong>Desigualda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s Educacionais e as Dimensões da Alfabetização<br />
da <strong>Educação</strong> Básica no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>claro minha concordância<br />
quanto ao cumprimento e execução do referido projeto, que está sendo submetido no<br />
âmbito do Edital nº 38/2010/CAPES/INEP.<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, 01 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2010.<br />
Fatima C. <strong>de</strong> M. Alves
TERMO DE COMPROMISSO<br />
Eu, como participante do Projeto <strong>Observatório</strong> <strong>Educação</strong> e <strong>Cida<strong>de</strong></strong>:<br />
<strong>Desigualda<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s Educacionais e as Dimensões da Alfabetização<br />
da <strong>Educação</strong> Básica no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>claro minha concordância<br />
quanto ao cumprimento e execução do referido projeto, que está sendo submetido no<br />
âmbito do Edital nº 38/2010/CAPES/INEP.<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, 01 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2010.<br />
Cynthia Paes <strong>de</strong> Carvalho