JEAN PIAGET
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o do espaço é devida essencialmente à coordenação de movimenndo-sc<br />
aqui a estreita relação que une este desenvolvimento ao da<br />
ia senso-motora.<br />
ausalidade é, primeiramente, ligada à atividade em seu egocentrisligação<br />
que fica muito tempo fortuita para o sujeito, entre um<br />
empírico e uma ação qualquer que o atraiu.<br />
ssim que, puxando os cordões que pendem do alto de seu berço, o<br />
escobre a agitação de todos os brinquedos suspensos na cobertura,<br />
ntão causalisticamente o puxar os cordões e o efeito geral desta<br />
Ele se servirá logo deste esquema causal para agir à distância sobre<br />
coisa: ele puxará o cordão para continuar um balanço que observa<br />
tros de seu berço, para fazer durar um assovio ouvido do fundo de<br />
o etc. Esta espécie de causalidade mágica ou "mágico-fenomenista"<br />
egocentrismo causal primitivo. No curso do segundo ano, ao<br />
, a criança reconhece as relações de causalidade dos objetos entre<br />
vando e espacializando, deste modo, as causas.<br />
bjetivação das séries temporais é paralela à causalidade. Em suma,<br />
os domínios encontramos esta espécie de revolução copérnica. Esta<br />
inteligência senso-motora sair do seu egocentrismo inconsciente<br />
ra se situar em um "universo", não importando quão prático e pouco<br />
" este seja.<br />
volução da afetividade durante os dois primeiros anos dá lugar a<br />
o que, no conjunto, corresponde, exatamente, àquele estabelecido<br />
o estudo das funções motoras e cognitivas. Existe, com efeito,<br />
lo constante entre a vida afetiva e a intelectual. Demos aí apenas um<br />
mas veremos que esse paralelismo se seguirá no curso de todo o<br />
vimento da infância e adolescência. Tal constatação só surpreende<br />
e reparte, de acordo com o senso comum, a vida do espírito em dois<br />
mentos estanques: o dos sentimentos e o do pensamento. Mas, nada<br />
lso e superficial. Na realidade, o elemento que é preciso sempre<br />
na análise da vida mental, é a "conduta" propriamente dita, concemo<br />
procuramos expor rapidamente na nossa introdução — como um<br />
cimento ou fortalecimento do equilíbrio. Ora, toda conduta supõe<br />
ntos ou uma técnica: são os movimentos e a inteligência. Mas, toda<br />
mplica também modificações e valores finais (o valor dos fins): são<br />
entos. Afetividade e inteligência são, assim, indissociáveis e consdois<br />
aspectos complementares de toda conduta humana.<br />
do assim, é claro que ao primeiro estágio de técnicas reflexas<br />
derão os impulsos instintivos elementares, ligados à alimentação,<br />
assim como estas espécies de reflexos afetivos que são as emoções primárias.<br />
Mostrou-se, com efeito, recentemente, a proximidade das emoções com o<br />
sistema fisiológico das atitudes ou posturas; os primeiros medos, por exemplo,<br />
podem estar ligados à perda de equilíbrio ou a bruscos contrastes entre<br />
um acontecimento fortuito e a atitude anterior.<br />
Ao segundo estágio (percepções e hábitos), assim como ao começo da<br />
inteligência senso-motora, corresponde uma série de sentimentos elementares<br />
ou afetos perceptivos ligados às modalidades da atividade própria: o<br />
agradável e o desagradável, o prazer e a dor etc., assim como os primeiros<br />
sentimentos de sucesso e fracasso. Na medida em que estes estados afetivos<br />
dependem da própria ação e não ainda da consciência das relações mantidas<br />
com as outras pessoas, este nível da afetividade testemunha uma espécie de<br />
egocentrismo geral, e dá a ilusão, se atribuímos falsamente ao bebé uma<br />
consciência de seu eu, de uma espécie de amor a si próprio e de uma atividade<br />
desse eu. De fato, o lactente começa por se interessar essencialmente por seu<br />
corpo, seus movimentos e pelos resultados destas ações. Os psicanalistas<br />
chamaram de "narcisismo" a este estágio elementar da afetividade, mas é<br />
preciso compreender que é um narcisismo sem Narciso, isto é, sem a<br />
consciência pessoal propriamente dita. j£<br />
Ao contrário, com o^esenyolvimento da inteligência e com a consequente<br />
elaboração de um universo exterior, e principalmente com a construção<br />
do esquema do "objeto", aparece um terceiro nível de afetividade: este<br />
é caracterizado, retomando o vocabulário da psicanálise, pela "escolha do<br />
objeto", isto é, pela objetivação dos sentimentos e pela sua projeção sobre<br />
outras atividades que não apenas a do euJNote-se que com o progresso das<br />
condutas inteligentes, os sentimentos ligados à própria atividade se diferenciam<br />
e se multiplicam: alegrias e tristezas ligadas ao sucesso e ao fracasso<br />
dos atos intencionais, esforços e interesses ou fadigas e desinteresses etc.<br />
Mas estes estados afetivos permanecem muito tempo ligados apenas, como<br />
os afetos perceptivos, às ações do sujeito, sem delimitação precisa entre<br />
aquilo que lhe pertence especificamente e aquilo que pode ser atribuído ao<br />
mundo exterior, isto é, a outras fontes possíveis de atividades e de causalidade.<br />
Por outro lado, quando do quadro global e indiferenciado das ações e<br />
percepções primitivas, destacam-se, cada vez mais nítidos, os "objetos"<br />
concebidos como exteriores ao eu e independentes dele, a situação se<br />
transforma completamente. De uma parte, encontramos a estreita correlação<br />
com a construção do objeto, a consciência do "eu" começando a se afirmar<br />
como pólo interior da realidade, em oposição ao pólo externo objetivo; mas,<br />
de outra parte, os objetos concebidos, em analogia a esse "eu", como ativos,