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Publica o Agenda 21 - Earth Summit 2002

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Mas é preciso reconhecer que nada avança no plano internacional se as posições tomadas pelos governos estão<br />

em contradição com a legislação nacional. Aqui, as mulheres alcançaram diversas conquistas em muitas áreas<br />

com a nova Constituição e isto garante que o Brasil possa avançar nas conferências internacionais. As mulheres<br />

brasileiras têm trabalhado muito bem.<br />

IV Conferência Mundial sobre População e Desenvolvimento<br />

Cairo 1994<br />

O Programa de Ação da Conferência recomenda que os Estados membros garantam: a)<br />

participação e representação igualitária da mulher em processos políticos; b) melhoria na<br />

educação, emprego e habilidades das mulheres; e c) eliminação de todas as formas de práticas<br />

discriminatórias que impedem o acesso das mulheres ao emprego, recursos e segurança social.<br />

A Conferência também detectou a questão da discriminação de gênero dentro da família, refletida na ampla preferência<br />

por filhos e no tratamento diferenciado de filhos e filhas desde o princípio da vida. Aos governos foram solicitadas<br />

medidas que previnam a mutilação genital feminina, a seleção pré-natal, o uso de meninas na prostituição e a<br />

realização de casamentos sem o consentimento da noiva.<br />

O Plano de Ação Mundial para a População representa um avanço na medida em que condena a coerção nos<br />

programas de controle populacional, isso graças às organizações de mulheres que denunciaram programas de<br />

esterilização compulsória, e que fizeram lobby pelo acesso ao aborto e à contracepção seguros. A Conferência<br />

colaborou para que se tornasse público o sofrimento de milhares de mulheres que morrem vítimas do aborto ou da<br />

falta de acesso a serviços de saúde que lhes permitam exercer o direito humano essencial de optar pela maternidade.<br />

Os direitos reprodutivos, assim como a igualdade de gênero, o empoderamento (empowerment) e a eliminação<br />

da violência contra a mulher, foram caracterizados como fundamentais em todo e qualquer programa integrado de<br />

população e desenvolvimento. O Programa de Ação foi mais além ao focar o papel e as responsabilidades do<br />

homem no planejamento familiar, no cuidado das crianças e nas tarefas domésticas. Ao fazer isso, criou um espaço<br />

para a transformação das relações de gênero e das identidades masculinas e femininas.<br />

Na sessão especial para revisão e avaliação da Plataforma de Ação, realizada em 1999, a Assembléia Geral,<br />

inter alia, enfatizou a igualdade de gênero, o empoderamento (empowerment) feminino, incluindo a promoção e<br />

proteção dos direitos humanos da mulher. A Assembléia Geral também reconheceu o combate à mortalidade<br />

materna e morbidade como prioridades na saúde pública e chamou para a inclusão da perspectiva de gênero em<br />

todos os programas e políticas.<br />

Comentários de Maria Isabel Baltar:<br />

Sendo uma Conferência de População, é importante ressaltar que ela tratou, com ênfase, questões no âmbito da<br />

dinâmica demográfica ou seja, temas referentes à fecundidade, à natalidade, à morbidade e à migração.<br />

Seguindo estes eixos dos elementos da dinâmica da população, gostaria de registrar para a discussão da<br />

<strong>Agenda</strong> das Mulheres duas questões: uma, em torno da fecundidade - os nossos conhecidos direitos reprodutivos<br />

e outra, em torno do relacionamento entre migração e gênero, tema ainda hoje pouco trabalhado.<br />

A Conferência de População avançou ao incluir em seu documento final o conceito de direitos reprodutivos.<br />

Trabalhou com a idéia de direito referente à procriação de modo bem mais abrangente do que se contava na <strong>Agenda</strong><br />

<strong>21</strong> (item G, Capítulo 24).<br />

Para destacar esta abrangência, salientaria:<br />

- a referência explícita à decisão de reprodução livre de discriminação, coerção ou violência ou seja, claramente<br />

contrária a qualquer política populacional coercitiva.<br />

- a preocupação manifestada com a sexualidade e com a saúde sexual.<br />

- e, ainda, a preocupação com a promoção de um relacionamento eqüitativo do ponto de vista de gênero.<br />

O conceito de direitos reprodutivos da Conferência de População e Desenvolvimento passou a ser uma referência<br />

para as demais conferências das Nações Unidas da década de 90 e este conceito deve ser considerado na <strong>Agenda</strong><br />

<strong>21</strong> + 10. Devemos ir mais adiante do que conseguimos chegar na Conferência de População, buscando incluir,<br />

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