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grandes produtores rurais, e a
agricultura familiar, por pequenos
proprietários de terras. “Elas não são
rivais, mas complementares. A falta
de conhecimento e informação sobre
o agronegócio brasileiro, desperta
preconceitos incabíveis”.
Nesta entrevista, ele analisa o
atual momento do agronegócio
brasileiro, fala sobre políticas
públicas para o setor e ressalta a
importância da agricultura familiar
e da agricultura orgânica. Ele diz
também que os biocombustíveis
oferecem ótimas oportunidades
para o agronegócio nacional.
Como o senhor avalia o atual
momento do agronegócio brasileiro?
O agronegócio brasileiro vive um momento
de profunda transição. A FAO
estabeleceu, no final do ano passado,
um cenário global apontando que a
procura por alimento deverá crescer
cerca de 70% até 2050. Esse crescimento
está diretamente relacionado
com o aumento da população e da renda
nos países emergentes. Por outro
lado, está caracterizado o fato, em relação
às questões ambientais, de que o
petróleo não será o produto que atenderá
todas as demandas universais de
energia e combustível em geral. Há dados
que ilustram essa tendência: EUA,
União Europeia e Japão, somados,
possuem hoje 50 veículos para cada
cem habitantes, ao passo que a China
e Índia, responsáveis por mais de um
Temos três
grandes vantagens
perante os demais
países: extensão
territorial; o melhor
clima do mundo;
e agricultores
modernos
terço da população mundial, contam
com cinco carros por cem habitantes.
No ano passado, a China foi o país
que mais comprou carro no mundo.
A consequência desse cenário abre
possibilidades para o biocombustível
brasileiro. Não é por outra razão que,
pelo menos, 20 fundos internacionais
estão investindo em nosso País
em tecnologias de biocombustíveis e
energias limpas e renováveis.
O agronegócio continua sendo
responsável por grande parte da
balança comercial brasileira?
Sem dúvida. No ano passado, o saldo
comercial do agronegócio foi praticamente
uma vez e meia o saldo comercial
do Brasil inteiro. Se não fosse
o agronegócio, teríamos um déficit
comercial insuperável.
Que balanço o senhor faz das
políticas agrícolas nos últimos
anos?
Algumas foram formidáveis. O Brasil
avançou com a lei de inovação tecnológica,
que permitiu saltos qualitativos
na questão da pesquisa e ciência
rural. Avançou na legislação da biossegurança
e reformulamos a lei da
armazenagem. Tivemos um salto com
a lei dos produtos orgânicos, que deu
ao País uma posição invejável. Nas
questões ambientais, estabelecemos
procedimentos específicos para
o recolhimento de embalagens de
agrotóxicos. Na área operacional, o
Ministério da Agricultura criou um sistema
estratégico, que sinaliza o que
vai acontecer no mundo nos próximos
30 anos. Esse sistema aponta, especialmente
para o governo, quais ações
devem ser colocadas em prática para
que as potencialidades desenhadas se
transformem em realidade. Fizemos a
reforma da Conab, da Embrapa e do
Inmet. Tudo isso tem gerado resultados
extraordinários para o agronegócio.
Criamos os novos mecanismos
de comércio, que permitem a redução
da presença do Estado na comercialização
agrícola e na crescente participação
das bolsas de mercadorias
e futuros. Resumindo, houve um conjunto
de avanços significativos, no entanto,
insuficientes. Há ainda alguns
temas pendentes, como o endividamento
da agricultura.
Em relação à agricultura orgânica,
o Brasil tem potencial para
produzir em grande escala?
A agricultura orgânica vem crescendo
no mundo inteiro e no Brasil. Nós
fizemos a lei dos orgânicos e seu regulamento.
No início, havia muito de-
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