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Desporto&Esport ed 6

Revista digital Desporto&Esport (www.desportoeesport.com)Faça o Download desta revista em: https://www.magzter.com/PT/Desporto&Esport;/Desporto-&-Esport/Sports/201599 ou se preferir o Paypall https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport

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Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Edição 6 • 2015<br />

www.desportoeesport.com<br />

FUTEBOL - GESTÃO, NEGÓCIO & MERCADO<br />

Real Madrid: A gestão de Fiorentino Perez & Mercado de ações e clubes<br />

Especiais<br />

Desporto:<br />

Performance &<br />

Altitude<br />

Quais as consequências da altitude na<br />

performance desportiva?<br />

Brasil:<br />

Copa: Legado<br />

Ambiental e<br />

social<br />

Muito se tem falado dos prejuízos económicos,<br />

mas qual o impacto ambiental e social?<br />

PEP<br />

GUARDIOLA<br />

PORQUE É AINDA O NÚMERO 1?<br />

BiCampeões<br />

Benfica<br />

Os pilares da vitória interna da equipa encarnada: Jorge Jesus,<br />

Vieira, Jonas, Luisão, Gaitan…<br />

e mais:<br />

Suplementos<br />

O que dizem os mais recentes estudos científicos sobre<br />

a influência dos suplementos?<br />

Conhecimento técnicotático<br />

As diferentes metodologias de ensino técnico tático em<br />

desportos coletivos<br />

Tour de france 2015<br />

Conheça os segr<strong>ed</strong>os e as metodologias de treino dos<br />

principais candidatos<br />

Doping Genético<br />

Entada um pouco mais do que já é assumidamente a maior<br />

batalha do Comité Olímpico Internacional<br />

A NÃO PERDER! TREINE COMO CRISTIANO RONALDO


Desporto&<strong>Esport</strong><br />

REVISTA DIGITAL<br />

DISPONÍVEL<br />

EM TODAS AS PLATAFORMAS<br />

DE PC A DISPOSITIVOS MÓVEIS.<br />

2 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


EDITORIAL<br />

O que é o futebol atual? Já tudo foi inventado<br />

ou ainda existe espaço para criar novas ideias de<br />

jogo? A inovação ainda faz e/ou deve fazer parte<br />

do vocabulário dos técnicos – novos ou velhos?<br />

Ou, por outro lado, tal qual a moda, tudo o que<br />

nos resta é reciclar ideias antigas e (re)adapta-las<br />

à “modernidade” futebolística. Hoje, no deporto<br />

Rei, talvez a par com a gestão financeira, esta sejam<br />

as perguntas mais pertinentes e ao mesmo tempo<br />

aquelas mais difíceis de achar uma resposta definitiva<br />

e consensual.<br />

Há pouco mais de uma década, José Mourinho,<br />

como retratado na <strong>ed</strong>ição anterior, mudou de<br />

forma decisiva a relação e a gestão do balneário<br />

e, igualmente, na forma como os técnicos devem<br />

abordar a sua comunicação com os adeptos e os<br />

adversários através da imprensa.<br />

Uns anos depois, foi a vez de Pep Guardiola<br />

surpreender com o seu Barcelona – dominador,<br />

invencível e a base para a seleção Espanha campeã<br />

da Europa e do Mundo. Mostrando não só, para<br />

muitos, o melhor futebol de sempre, mas somando-se<br />

ainda a ideia, que Guardiola imprimiu ao seu<br />

futebol: a última inovação tática.<br />

Assim falar e estudar os métodos de trabalho e<br />

as táticas que Pep vem usando nas suas equipas<br />

(Barcelona e Bayern de Munich) é fundamental<br />

para entender o melhor futebol moderno e para<br />

onde este poderá seguir nos próximos anos.<br />

EDITOR<br />

Diogo Sampaio<br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

C OLONISTAS<br />

P<strong>ed</strong>ro M. Silva, Vitor E. Santos,<br />

Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago<br />

Dinis e Rodolfo Resende Pires.<br />

C ONVIDADOS<br />

Mónica M. Neves, Sergio Cardoso,<br />

Samira S. Martin, Manuel Silva,<br />

Andre V. Bairros, Marke G. Dantas,<br />

Clara S. Costa, Marco P. Gu<strong>ed</strong>es<br />

Contatos<br />

contato@desportoeesportcom<br />

Website<br />

www.desportoeesport.com<br />

E, como sempre, muito mais...<br />

Diogo Sampaio, Director<br />

Www.desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 3


Desporto&<strong>Esport</strong><br />

ÍNDICE<br />

Edição 6 • 2015<br />

14<br />

10<br />

34<br />

50<br />

38<br />

Especiais<br />

Pep Guardiola<br />

Porque o técnico espanhol continua a ser o melhor do mundo? Os segr<strong>ed</strong>os<br />

do seu modelo de jogo; Barcelona, Bayern e muito mais…<br />

Futebol & Altitude<br />

Qual a influência da altitude nos futebolistas – maior ou menor<br />

performance? E, em termos de golos – mais ou menos?<br />

Doping genético<br />

Entende melhor aquele que é já assumidamente a maior ameaça para a<br />

verdade desportiva<br />

Copa 2014: Legado<br />

Qual o legado ambiental e social do mundial de seleções no brasil? E, o<br />

que esperar dos jogos olímpicos?<br />

Real Madrid<br />

Entendendo a gestão do presidente Florentino Perez: marketing e ligação<br />

emocional.<br />

74<br />

BiCampeões<br />

Benfica<br />

Os pilares da vitória interna da equipa encarnada: Jorge Jesus,<br />

Vieira, Jonas, Luisão, Gaitan…<br />

4 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


80<br />

FUTEBOL:<br />

UM JOGO DE DECISÕES TÁTICAS<br />

30 Suplementos alimentares<br />

66 Arbitragens: calculando a<br />

influência da fadiga - erros<br />

44 Futebol - Mercado de<br />

ações<br />

72 Aposentadoria na vida de<br />

ex atletas<br />

58 Cafeína & o aumento da<br />

performance desportiva<br />

48 Perfil das personalidades<br />

dos atletas de topo<br />

06 Le tour de France<br />

88 Hitt - o que é? Para que serve?<br />

92 Heleno - a figura<br />

20 Tática em desportos coletivos<br />

62 Efeitos dos alongamentos nos<br />

lances livre<br />

100 Como antecipar a direção dos<br />

penaltis? Futebol&Futsal<br />

52 O efeito do afecto nos jogadores<br />

de andebol<br />

24<br />

Como treinar como o<br />

melhor do mundo - CR7?<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 5


O TREINO E OS SEGREDOS DOS<br />

FAVORITOS À VITÓRIA<br />

A POUCO MAIS DE UM MÊS DA PROVA RAINHA<br />

ENTENDA MELHOR O TOP 4 DESTA MODALIDADE<br />

VINCENZO NIBALI<br />

O CAMPEÃO<br />

Trabalhei duro para este triunfo”! É assim que o “tubarão” da Sicília, como<br />

também e conhecido o ciclista italiano Vincenzo Nibali justificou a sua<br />

vitória no Tour de França em 2014. O siciliano fez uma corrida perfeita<br />

e dominadora do principio ao fim, ganhando quatro das mais dificeis e<br />

etapas nas montanhas dos Alpes e Pirineus. Nibali tornou-se ainda no<br />

sexto ciclista da história a ganhar as três maiores corridas por etapas:<br />

França, Espanha e Italia. Pelas suas palavras, em entrevista ao euronews:<br />

“ É algo de especial e particular porque há apenas algumas pessoas que<br />

o conseguiram. A Volta a Espanha (2010) foi a primeira grande vitória e<br />

deu-me realmente muito. Depois, comecei a trabalhar duro para o “Giro<br />

d’Italia” porque para um italiano essa é uma corrida<br />

muito importante. Acabei no pódio (2011)<br />

e pude tocar ao de leve no sucesso, acaricia-lo<br />

e apaixonar-me por ele. Finalmente, no ano<br />

passado, ganhei a Volta a Itália e, para mim, foi<br />

uma grande emoção porque o “Giro” é a corrida<br />

com que sempre sonhei e que costumava ver<br />

pela TV. Via grandes campeões como o Induraín<br />

ou o Pantani, sempre a correr o “Giro”. A Volta<br />

a França é também uma corrida espetacular e<br />

quando cheguei, em 2012, ao último degrau<br />

deste pódio, disse para mim próprio: “Quem<br />

sabe, um dia, eu também a posso vencer”. E venceu.<br />

Segundo os diretores médicos da Astana, a<br />

sua equipa, a acupuntura não pode curar a parte<br />

estrutural do corpo humano - uma clavícula<br />

quebrada por exemplo. Mas pode funcionar<br />

como uma m<strong>ed</strong>ida paliativa. “Se um ciclista<br />

tem um pouco de dor, o objetivo é mantê-lo no<br />

Tour”, disse o Dr. Sm<strong>ed</strong>t. “Então, depois, um<br />

diagnóstico médico correto deve ser feito.” Aliás,<br />

todos os ciclistas da Astana duas vezes por dia recebem esse tratamento.<br />

Ele usa seis a 10 agulhas cerca de uma polegada de comprimento em pontos-chave<br />

do corpo dos ciclistas: ‘pernas, pés, mãos e até mesmo a cabeça<br />

“para promover a recuperação e relaxamento dos músculos.”


ALBERTO<br />

CONTADOR<br />

O segr<strong>ed</strong>o da sua recuperação: Terapia<br />

celular ativa da INDIBA<br />

Após a aparatosa qu<strong>ed</strong>a que o tirou da volta a<br />

frança do ano passado, poucos foram aqueles<br />

que acr<strong>ed</strong>itavam na sua participação na volta a<br />

Espanha, quanto mais na sua terceira vitória –<br />

tinha vencido em 2008 e 2012.<br />

A sua fratura intra-articular em platô tibial<br />

da perna direita, tinha um prognóstico muito<br />

reservado e deixava muitas dúvidas quanto à real<br />

capacidade do ciclista espanhol em competir aos<br />

mais alto nível.<br />

A solução tinha de ser inovadora e inventiva e<br />

foi: Terapia celular ativa de INDIBA acelera o<br />

processo de consolidação das fraturas devido a<br />

promover a regeneração do tecido ósseo. Como<br />

uma consequência da evolução de sua lesão<br />

aguda, todos os problemas que muitas vezes derivadas<br />

dos tempos de descanso usuais associados<br />

com este tipo de lesão foram evitados.<br />

Agora, após um período de readaptação devido<br />

à paragem nos casos de doping, vamos ver, se é<br />

este ano que Alberto “o pistoleiro” volta a ocupar<br />

o lugar mais alto no pódio do Tour.<br />

Nairo Quintana<br />

Nem só de futebol vive o bom momento desportivo da Colômbia, e Quintana é disso<br />

o melhor exemplo. Excelente na montanha, o atual “detentor” da camisola rosa do<br />

Giro tem como especialidade máxima o contra-relógio de Montanha. O seu sonho<br />

é vencer o Tour, e se possível já em 2015. E, o seu potencial é tão fantástico que<br />

à mesmo quem lhe pergunta se deseja vencer as três grande provas (Italia, França<br />

e Espanha)… num único ano. Quintana não se faz de rogado e diz que está ai para<br />

tentar e ganhar aos melhores.


Os segr<strong>ed</strong>os<br />

de<br />

CHRIS<br />

FROOME<br />

Doenças, médicos e a superação do melhor ciclista da atualidade<br />

1.<br />

Uma vida de doenças: Froome tem sido<br />

atacado por diversas doenças durante a sua<br />

vida desportiva(ver ao lado), o que levou<br />

a que visitasse pelo menos, oito médicos<br />

em pelo menos seis clínicas e hospitais em quatro países nos<br />

últimos três anos, levando mais de uma dúzia de doses de pelo<br />

menos seis m<strong>ed</strong>icamentos diferentes para pelo menos cinco<br />

condições médicas separadas. Aliás, qualquer uma das cinco<br />

doenças que sofreu poderia ter sido o suficiente para frustrar<br />

o sonho de Froome de chegar ao topo. Adicione o fato<br />

de que alguns foram mal diagnosticada e tratada injustamente<br />

e seu sucesso é ainda mais extraordinário.<br />

Doping, Asma e Polêmica: A Asma de<br />

2. Froome mergulhou-o em controvérsia<br />

quando a UCI, entidade mundial do ciclismo,<br />

lhe permitiu ao abrigo da “Utilização<br />

Terapêutica” -permissão especial, em termos leigos - para<br />

tomar 40mg por dia de pr<strong>ed</strong>nisolona corticosteróide durante<br />

o Tour de Romandie, que ele Ganhou. Um substância tida<br />

como dopante já que pode aumentar (artificialmente) a<br />

performance de um ciclista. Froome sempre insistiu que a<br />

droga que ele foi autorizado a tomar simplesmente tratadas<br />

com uma ‘resposta asmática “e lhe permitiu competir, mas<br />

não fornece uma vantagem” em termos de performance<br />

ou um aumento das suas capacidade naturais. A polémica<br />

continua, e não é fácil escolher um lado num desporto tão<br />

marcado pela dopagem. Mas, a saúde dos ciclistas deve ser<br />

sempre colocada em primeiro lugar.


Explicando as doenças<br />

de Froome:<br />

Bilharzia é uma doença tropical causada por vermes<br />

parasitas, contraída através de contato com água contaminada,<br />

que mata até 200.000 pessoas por ano.<br />

Tifóide, uma infecção bacteriana potencialmente fatal<br />

que é extremamente rara no Reino Unido e pode ser<br />

evitada com a vacinação.<br />

Urticária, também conhecido como urticária, uma<br />

condição da pele que produz uma erupção de dor desagradável<br />

(semelhante a uma queimadura), que deixou<br />

Froome em poças de suor à noite, e de se coçar até<br />

sangrar. Blastocistose, outra doença parasitária transmitida<br />

através de alimentos contaminados<br />

ou água que pode causar diarréia, cólicas<br />

abdominais e perda de peso.<br />

Asma, a inflamação crônica das vias aéreas<br />

que milhões de pessoas “comuns”, mas que<br />

é um perigo/dificuldade constante para um<br />

ciclista profissional.<br />

O segr<strong>ed</strong>o da bicicleta de<br />

Froome: menos pintura que retira<br />

à máquina 50g, essencial<br />

para as etapas de montanha.


RFORMANCE & ALTITUDE PERFORMANCE & ALTITUDE P


&<br />

Especial<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Sérgio Cardoso, especialista em saúde com trabalho publicado na<br />

área do futebol<br />

s_cardoso19@hotmail.com<br />

O caso do<br />

futebol<br />

forma como a altitude influência fisicamente e mentalmente a performance dos futebolistas tem sido<br />

alvo de debate por diversos anos, e as conclusões dos vários estudos, bastante variáveis. Para o futebol,<br />

Aa análise mais detalhada parece em consequência do Mundial de futebol de 2010 na Africa do Sul.<br />

Só na primeira fase de qualificação realizaram-se 29 partidas de futebol em altitude e 19<br />

partidas ao nível do mar. Neste sentido, esta foi uma excelente oportunidade para comparar<br />

resultados entre os jogos. Oportunidade essa que não foi desperdiçada e no qual se chegaram<br />

aos seguintes conclusões:<br />

A distância total percorrida por partida é r<strong>ed</strong>uzida em 4% quando em altitude. O que é<br />

mais interessante é que a distância de baixa intensidade (caminhada ou corrida lenta)<br />

é apenas 0,2% menor (estatisticamente é a mesma), mas a distância percorrida em<br />

alta intensidade (sprint) é consideravelmente mais baixa, 11,5% menor - em média<br />

temos menos 2750m a menos de corridas rápidas por jogo. E, uma diminuição de 1059<br />

para 949 sprints por jogo. Isso é cerca de 10 sprints por jogador a menos por jogo.<br />

Assumido que a altitude tem diferentes impactos em diferentes organismos, a realidade<br />

é que em altitude, os jogadores em média diminui um quilómetro na distância percorrida.<br />

O que segundo os cálculos, tem uma enorme impacto no resultado dos jogos, os<br />

estonteantes 30%.<br />

ERFORMANCE & ALTITUDE<br />

PERFORMANCE & ALTITUDE


Diogo Sampaio<br />

Para além das diminuições na<br />

performance os futebolistas<br />

podem ter muitos mais contratempos,<br />

que podem ir muito<br />

além do incomodo originado<br />

pelas condições climatéricas, já<br />

que o organismo dos jogadores<br />

pode sofrer pesadas alterações<br />

no seu funcionamento durante o<br />

período de adaptação à altitude,<br />

e muitas vezes podem ocorrer<br />

problemas como: respiração<br />

mais curta, dores de cabeça,<br />

náuseas, vómitos, tonturas e<br />

chega a ocorrer perda de apetite<br />

e insónias.<br />

A isto soma-se ainda as conclusões<br />

de vários estudos sobre<br />

os riscos na prática desportiva<br />

em altitude, que podem inclusive<br />

advir da necessária alteração<br />

alimentar e nutricional mas<br />

vai muito mais além e em consequência<br />

da diminuição da temperatura<br />

do ar (6,5 graus a cada<br />

1000 metros, aproximadamente)<br />

e aumento da intensidade dos<br />

raios solares, quanto maior for<br />

a altitude, mais o ar é rarefeito e<br />

menor será a pressão atmosférica.<br />

Muitas vezes, a altitude pode<br />

ser totalmente incapacitante.<br />

Ex cima anderson,<br />

ex-FC Porto e Man.<br />

Unit<strong>ed</strong>, após esfoeço<br />

de apenas 30 minutos<br />

num jogo em altitude.<br />

Abaixo, o logo do<br />

Mundial de 2010 na<br />

África do sul, onde se<br />

desenvolveu o estudo<br />

aqui apresentado<br />

“ A distância total percorrida por partida é<br />

r<strong>ed</strong>uzida em 4% quando em altitude”<br />

FORMANCE & ALTITUDE PERFORMANCE & ALTITUDE PE


ALTITUDE E GOLOS MARCADOS<br />

O desgaste influência tremendamente as partidas de futebol; um bom exemplo disso mesmo<br />

é o número de golos marcados nos últimos 15 minutos dos jogos de futebol moderno.<br />

Nomeadamente nos golos marcados. Então, de que forma a altitude influencia o número de<br />

golos em uma partida?<br />

As evidências de uma maior ocorrência de<br />

golos nos últimos 15 minutos das partidas<br />

de futebol são inequívocas. Os números<br />

mostram que mais de 20% to total de golos<br />

em um jogos são marcados nos últimos 15<br />

minutos. Por norma, para além da pressão do<br />

resultado, a fadiga tem sido, e bem, apontada<br />

como a principal causa. E, um dos efeitos do<br />

desgaste é a menor capacidade de “reter” os<br />

altos níveis de concentração necessários para<br />

o futebol moderno, decidido por detalhes. A<br />

altitude influencia, como podemos perceber,<br />

fortemente o desgaste, e o desgaste influencia<br />

negativamente a concentração, e com isso<br />

o jogo. O matemático Patrick E. McSharry,<br />

da Universidade de Oxford, fez uma análise<br />

estatística de 1.460 partidas internacionais<br />

entre equipas de dez países da América do<br />

Sul, por norma com mais jogos em altitude,<br />

durante o período de 1890 a 2004. E chegou<br />

à conclusão que para cada quilômetro (1000<br />

metros) de variação na altitude, a diferença é<br />

de aproximadamente meio golo.<br />

E, chegou-se a outra importante conclusão: A<br />

probabilidade de vencer em casa, no próprio<br />

estádio, sem a influência da altitude é de 0,537.<br />

Mas, esta probabilidade sobe para 0,825 quando<br />

se verificam fortes alterações na altitude<br />

entre a equipa que recebe em altitude em desfavor<br />

da equipa visitante, que por norma joga<br />

ao nível do mar.<br />

RFORMANCE & ALTITUDE<br />

PERFORMANCE & ALTITUDE


Desporto&<strong>Esport</strong><br />

O melhor treinador do Mundo?<br />

UARDIOLA<br />

Pep é técnico principal há menos de uma década,<br />

mas o fascínio gerado pela sua figura e métodos<br />

de trabalho não tem paralelo no futebol moderno.<br />

Entende-los, no entanto, é entender as melhores<br />

ideias do futebol e o melhor que ele tem para oferecer.<br />

Nas próximas páginas olhamos de perto o<br />

perfil do treinador espanhol, e concluímos se ele,<br />

é ou não, o melhor treinador do mundo.


Pep Guardiola<br />

O melhor treinador do Mundo<br />

Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

P<br />

ep Guardiola é técnico principal há menos<br />

de uma década mas o fascínio que exerce<br />

faz com que muitos não o apontem<br />

somente como o melhor<br />

treinador do mundo hoje, mas como o<br />

principal candidato ainda no ativo a melhor<br />

treinador de futebol de sempre. Tal<br />

afirmação pode parecer exagerada, mas a<br />

realidade tende a ir ao encontro com ela.<br />

Guardiola criou as duas melhores equipas<br />

da última década. O seu Barcelona é tido<br />

pela generalidade como a melhor equipa de sempre; e,<br />

para muitos analistas, a sua equipa atual, o Bayern de<br />

Munich é taticamente ainda superior. O seu sucesso não<br />

é, nem pode ser por mero acaso. As suas vitórias não<br />

se originam na sorte. Pep ganha mais, porque é melhor.<br />

Muito Melhor! Mas, primeiro, é preciso desmistificar a<br />

figura, para que possamos compreender o homem e as<br />

suas ideias. A imprensa desportiva especializada afirma<br />

que ele reinventou o futebol. Ele nega-o. O próprio Guardiola<br />

afirma que o seu maior talento é: escutar e observar!<br />

E, saber reconhecer uma boa ideia quando a escuta;<br />

e, sabe modifica-la, adapta-la as suas necessidades e,<br />

acima de tudo, expandi-la e torna-la melhor. “Pep não<br />

é um criador, ele é um inovador”, para usar a frase dita<br />

por aqueles que o acompanham mais de perto. As leituras<br />

mas principalmente as suas viagens tornaram-se celebres,<br />

de tal modo, que ganharam nome: “viagens de<br />

“PEP NÃO É<br />

UM CRIADOR,<br />

É UM<br />

INOVADOR”<br />

iniciação”. Nessas viagens de trabalho, um pouco por todo o<br />

mundo, ele procurava ouvir e aprender com os melhores. Ver<br />

e estudar com os próprios olhos os métodos de trabalho dos<br />

seus ídolos. E, perceber como evoluíram as ideias que recebeu<br />

em primeira mão dos seus treinadores da<br />

sua época de futebolista. E a lista de técnicos<br />

com quem trabalhou é impressionante: Johan<br />

Cruyff, Cesar Luis Menotti, Juan Manuel<br />

Lillo, Marcelo Bielsa e Arrigo Sacchi. E, segundo<br />

Guardiola, todos eles lhe transmitiram<br />

lições importantíssimas e ainda validas para o<br />

seu sucesso atual. Um dos melhores exemplos<br />

de “roubo” e inovação de um conceito antigo foi a implementação<br />

de Lionel Messi como um falso 9 em 2009 pelo<br />

Barcelona. Este “mecanismo tático” não tem nada de novo e<br />

é tão antiga quantos os anos 50, onde foi usada pelas seleções<br />

da Argentina e Hungria. Mas foi arrojado. E foi pensado…<br />

na véspera de visita ao Real Madrid. Guardiola ficou sozinho<br />

no centro de treinos do Barcelona a estudar o adversário.<br />

Quando encontrou a solução, telefonou a Messi. Às 22h30,<br />

o argentino entrou nas instalações do clube, viu e ouviu as<br />

indicações do técnico. No dia seguinte, o Barcelona venceria<br />

no Estádio Santiago Bernabéu por 6-2. Mudar e adaptar<br />

sem m<strong>ed</strong>o de optar por um caminho diferente ao projetado<br />

no início da época: são poucos os treinadores com essa coragem.<br />

Uma equipa, pelas palavras do próprio Guardiola, “é<br />

como um ser vivo que cresce, desenvolve-se, sofre desgraças<br />

e inconvenientes, supera-os, cria expectativas, melhora em<br />

alguns aspetos, piora noutros, e, em resumo, evolui”.<br />

16 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 17


“Sou um ladrão de ideias”<br />

Guardiola lê tudo a quem tem acesso e possa de alguma maneira<br />

ajuda-lo a entender melhor todos os detalhes do que é<br />

treinar hoje uma equipa de futebol de topo, que em muitos<br />

aspetos é tão desafiante quanto gerir uma grande empresa de<br />

milhões.<br />

Procura tudo e todos que possam transmitir-lhe conhecimentos.<br />

E, não só na área do futebol. Um bom exemplo, foi a viagem que<br />

fez de centenas de quilómetros quando murada em Morávia na<br />

Itália, para conhecer e conversar com Julio Velasco, treinador de<br />

Voleibol, após ter assistido uma entrevista dele na televisão.<br />

E, nesses encontros, Guardiola pergunta mais do que responde. Não<br />

por <strong>ed</strong>ucação. Mas por curiosidade. Uma curiosidade de criança; uma<br />

criança que tem curiosidade por tudo e por todas as ideias. Um exemplo:<br />

nós constatamos que o método que Guardiola usa para analisar o<br />

adversário é muito parecido ao do campeão mundial de xadrez Magnus<br />

Carlsen. Pep ficou fascinado por suas ideias. Desde então, ele lê tudo que<br />

lhe cai às mãos sobre xadrez para fazer paralelos e aplicar as técnicas do<br />

xadrez no futebol.<br />

Erradamente, sempre existiram dúvidas sobre a capacidade<br />

de Guardiola. Os seus críticos sempre disseram que fora<br />

de Barcelona não seria nada, na melhor das hipóteses um<br />

técnico banal apenas um pouco mais acima do m<strong>ed</strong>íocre.<br />

Quando ele ingressou no Bayern de Munich foram muitos os seus detratores, e<br />

tantos outros desconfiavam<br />

do que<br />

podia ele fazer numa<br />

equipa que na época<br />

anterior tinha ganho<br />

tudo. Quem nunca<br />

duvidou foi o próprio<br />

“O mais maravilhoso do meu trabalho é imaginar o jogo que vai acontecer<br />

amanhã. Com os jogadores que eu tenho e com todas as minhas ferramentas<br />

à minha disposição, e ao contrário, que é o irá fazer o adversário, gosto<br />

de ficar sonhando com o futuro.”<br />

Guardiola: “Vamos conseguir”, assim como não se contentou em ficar somente nas<br />

virtude táticas da equipa da Baviera deixada por Jupp Heynckes, mesmo sabendo<br />

que “Para melhorar, é preciso piorar primeiro.” E assumiu esse risco lógico. O risco<br />

da perda de confiança, da perda da segurança ou dos mecanismos e dinâmicas.<br />

E isto, pela crença e confiança no seu<br />

estilo de jogo. “A minha forma de jogo<br />

é a minha forma de jogo. Mas também<br />

existem outras, completamente diferentes,<br />

que podem ser bem-suc<strong>ed</strong>idas.<br />

Não interessa se<br />

a minha é a melhor.<br />

Mas ela é a<br />

minha”. E, o O<br />

elemento central<br />

de ser um time<br />

é transformar o<br />

individual em coletivo. A ferramenta<br />

mais importante para alcançar esse objetivo<br />

é a comunicação. E essa é uma<br />

ferramenta difícil de ser alcançada,<br />

18 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


porque, se não for aplicada corretamente, ela pode transformar a melhor<br />

das ideias no pior resultado. Principalmente, em balneários que falam<br />

múltiplas línguas com jogadores com interesses tão próprios e muitas<br />

vezes tão egoístas. Mas, segundo a filosofia de gestão do tecnico espanhol,<br />

é fácil quando as conversas são conduzidas com paixão: quando<br />

as palavras não são suficientes, Pep usa todo o corpo para dizer o que<br />

quer. Ele abraça os jogadores, beija, joga pra frente. E eles respondem<br />

da mesma forma. É só ver como Ribéry ou Boateng comemoram seus<br />

golos com Pep para entender que a boa comunicação precisa de uma boa<br />

dose de paixão. Quando, em março de 2014, o Bayern já era campeão<br />

alemão, Franck Ribéry foi até Guardiola na comemoração do campeonato<br />

e disse: “Eu amo-te! Você está no meu coração”. O mesmo se<br />

passou com Lahm, Robben e tantos outros. Quando o jogador Pierre-<br />

Emile Højbjerg lhe contou em particular que seu pai sofria de cancro,<br />

os dois choraram juntos. O treinador fez tudo o que pôde para apoiar<br />

o jovem jogador e seu pai, que morreu alguns meses depois. Højbjerg<br />

disse recentemente: “O Pep é como um segundo pai para mim”.<br />

Para Pep Guardiola, essas demonstrações de afeto não são parte de um<br />

estilo de gestão ou parte de suas habilidades de liderança. Para ele,<br />

trata-se realmente do amor que tem pelos seus jogadores, os seus companheiros<br />

de equipe, chova ou faça sol. Pep é latino, e isso entende-se<br />

perfeitamente quando olhamos para ele nos jogos: ele salta, sofre, grita<br />

com tudo e todos, quase que conseguimos ver-lhes as rugas a crescer<br />

durante os jogos. Como alguém disse “Pep Guardiola é como a gasolina<br />

que se joga no fogo: o resultado é cada vez mais fogo.” E, essa paixão<br />

transfere-se para os seus jogadores.<br />

“Não podemos estar sempre ao espelho dizendo quão fantásticos somos.<br />

Quando as coisas estão a correr bem é quando existe a necessidade de maior<br />

vigilância. O m<strong>ed</strong>o de perder é a chave para competir. Porque só seremos<br />

lembrados se ganharmos, se vencermos. Se não o fizermos, seremos uma<br />

an<strong>ed</strong>ota.”<br />

Mas, a principal vantagem de Pep Guardiola a todos a “concorrência” é<br />

a constante insatisfação e a necessidade de perguntar sem parar, e sem<br />

m<strong>ed</strong>o de questionar a toda a hora o caminho que definiu. E coragem<br />

para alterar. Muitas vezes fê-lo da noite para o dia.<br />

Os mais próximos, dizem que normalmente ele só se permite cinco<br />

minutos para comemorar uma vitória. Cinco minutos, não mais.<br />

Depois, começa a análise fria e racional do jogo com seus colaboradores<br />

mais próximos e também a preparação para a próxima<br />

partida e o estudo do próximo adversário. Ele adora vencer. Mas<br />

ele exige de si mesmo a busca contínuada do jogo perfeito. Ele<br />

sabe que o jogo perfeito não existe, mas ele não deixa de tentar. O<br />

resultado é importante para ele, mas não basta.<br />

Continua na pág. 56<br />

Gerir a carreira é entender o fim<br />

dos ciclos e mudar<br />

Quando Pep Guardiola anunciou em<br />

2012 que deixaria o cargo de treinador<br />

de futebol do Barcelona, ecoaram<br />

ondas de choque por todo o Mundo do<br />

futebol, adeptos incluídos.<br />

Afinal, o jovem treinador, na altura<br />

com apenas 41 anos, havia conquistado<br />

um total de 14 títulos - três campeonatos<br />

espanhóis, três supertaças espanholas,<br />

duas ligas dos campeões, duas<br />

supertaças europeias, dois mundiais de<br />

clubes e duas Taça da Rei.<br />

Todo este êxito fez dele o melhor técnico<br />

de sempre do Barcelona – equipa<br />

que é tida por muitos como a melhor<br />

equipa do mundo e a base da seleção<br />

espanhola campeã do Mundo e da<br />

Europa. O que poderia passar pela cabeça<br />

de Pep para abandonar um “trono<br />

eterno” num reinado sem fim à vista?<br />

Pep saiu porque entendeu antes de<br />

todos o fim de um ciclo, soube ler a<br />

conjuntura interna, o contexto externa<br />

e as novas oportunidades do “mercado”<br />

futebolístico. Ao sair agora, sai<br />

por cima e em grande como o melhor<br />

e com bilhete e desejo dos adeptos<br />

catalães para regressar no futuro.<br />

Para os que lhe rogavam apenas capacidade<br />

para treinar o FC Barcelona e que<br />

lhe esperava o fracasso quando de lá<br />

saísse, foram totalmente desmentidos<br />

e apenas porque Guardiola mostrou<br />

a coragem de mudar quando o mais<br />

fácil era ficar. Uma lição de gestão de<br />

carreira.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 19


O TREINO E A APRENDIZA<br />

TÉCNICO-TÁTICO EM DES<br />

20 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


GEM DO CONHECIMENTO<br />

PORTOS COLETIVOS:<br />

Tática, Tecnica, cooperação e inteligência<br />

Alessandro Mendonça, especialista desportivo com trabalhos<br />

publicados na área da tática em desportos coletivos<br />

alessandro.palaria@hotmail.com<br />

O<br />

s esportes coletivos têm se apresentado com destaque no<br />

cenário esportivo internacional, e a sua expressividade<br />

vem se confirmando com as participações significativas<br />

de diversas Seleções Nacionais em eventos internacionais como os<br />

Jogos Olímpicos.<br />

Sendo assim, estudar as diferentes metodologias de ensino se torna<br />

cada vez mais importante para que os professores e técnicos que<br />

atuam nas escolinhas de esporte e categorias de base dos clubes<br />

consigam trabalhar cada vez melhor e, com isso, revelar jogadores.<br />

As modalidades esportivas coletivas apresentam dois traços compreendidos<br />

como fundamentais - a cooperação e a inteligência, por<br />

entender que todas seguem uma mesma lógica, que as tornam passíveis<br />

de igual tratamento p<strong>ed</strong>agógico. Considerando apenas duas<br />

diferenças, no caso do voleibol, relacionadas ao espaço físico, pois<br />

as equipes atuam em campos distintos, separadas pela r<strong>ed</strong>e e a forma<br />

de participação dos jogadores que ocorre de forma alternada.<br />

Existem dois parâmetros: o divergente<br />

(criatividade tática) e o convergente<br />

(inteligência tática)<br />

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TÁTICA<br />

NO DESPORTO<br />

Considerando ser muito importante a escolha do método de trabalho para o processo de<br />

ensino-aprendizagem, pesquisamos dois princípios metodológicos: o analítico-sintético e<br />

o global-funcional. Envolvidos nesse contexto, encontramos em alguns estudos publicados<br />

sobre o tema três métodos de ensino - o tradicional (analítico-sintético), o situacional (global-funcional)<br />

e o misto (que utiliza partes dos dois princípios metodológicos).<br />

Para identificar as contribuições que os métodos de ensino apresentaram ao serem aplicados<br />

em equipes de jovens alunos, os estudos tiveram como parâmetro o conhecimento Técnico-<br />

Tático dos jogadores: o Conhecimento Declarativo (CD), que se relaciona à tática - saber o<br />

que fazer, e o Conhecimento Processual (CP), que diz respeito à técnica - saber como fazer.<br />

Ainda, quanto ao CP, existem dois parâmetros: o divergente (criatividade tática), quando<br />

o jogador produz diversas alternativas para uma determinada situação, e o convergente<br />

(inteligência tática) em que o jogador seleciona entre as múltiplas alternativas, uma única,<br />

considerada ótima.<br />

Procuramos então investigar os efeitos que método situacional de ensino pode proporcionar<br />

aos alunos de equipes iniciantes das modalidades coletivas, possibilitando melhora no nível<br />

de conhecimento técnico-tático declarativo e processual.<br />

Os resultados reforçam a ideia de que a tática pode ser trabalhada junto com a técnica, e que<br />

os resultados são bastante significativos. Ainda, por se tratar de alunos iniciantes, que se<br />

motivam ao aprender através do jogo, é possível percebe que o uso do conhecimento técnicotático<br />

é de total importância durante uma partida.<br />

Também foram identificadas diferenças significativas, no caso do voleibol - relacionadas ao<br />

espaço, pois as equipes são divididas pela r<strong>ed</strong>e e cada uma atua em sua respectiva quadra;<br />

a forma de participação dos jogadores que acontece de forma alternada- as equipes têm o<br />

direito de executar as jogadas( 3 contatos) sem que os adversários a impeçam.<br />

Dessa forma, também se questiona a adoção do método de ensino mais eficiente para o<br />

Voleibol. Acr<strong>ed</strong>ito que deve prevalecer a forma correta de execução dos fundamentos antes<br />

que o aluno esteja em contato direto com o jogo, pois pela própria experiência não, o jogo<br />

não terá continuidade, e consequentemente imp<strong>ed</strong>e as trocas de “rallys”, elemento que torna<br />

a partida de Voleibol um grande espetáculo.<br />

Sendo assim, estudar as diferentes metodologias de ensino se torna cada<br />

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Apesar de todos os trabalhos encontrados apresentarem melhoras,<br />

alguns destacavam o conhecimento técnico-tático declarativo,<br />

e outros o conhecimento técnico-tático processual divergente<br />

(criatividade) e convergente (inteligência), que se diferenciavam<br />

de acordo com o tipo de teste realizado pelo pesquisador.<br />

Ainda, vale ressaltar que, ao comparar a ordem de aplicação<br />

dos métodos de ensino, o resultado apresentado foi o seguinte<br />

– o método situacional seguido do método tradicional provocou<br />

maiores ganhos sobre o nível de conhecimento tático processual e<br />

declarativo em relação à sequência que fez uso do método tradicional<br />

seguido do método situacional.<br />

Esse fato nos leva a um questionamento sobre a forma de<br />

planejamento das sessões de treino. Entendo que uma proposta<br />

interessante e facilitadora deve em um primeiro momento motivar<br />

o aluno através da aplicação de algumas formas de jogos<br />

situacionais (método situacional) e, a seguir, levá-lo a perceber a<br />

importância do uso dos fundamentos tecnicamente corretos para<br />

que, de forma consciente execute séries de repetições a fim de<br />

melhorar a execução do fundamento (método tradicional).<br />

Podemos concluir assim, que é determinante a escolha do método<br />

para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem nos<br />

esportes coletivos, mas, também é essencial que o professor trace<br />

de forma clara os objetivos a serem atingidos com os grupos de<br />

maneira que atenda as necessidades coletivas e individuais.<br />

Foi possível perceber que os jogos situacionais são um grande<br />

facilitador do processo de ensino-aprendizagem, pois acrescenta<br />

ao repertório cognitivo dos indivíduos maior conhecimento<br />

técnico-tático, e assim, permitir significativa introdução desses<br />

sujeitos nas diferentes modalidades esportivas.<br />

REFERÊNCIAS<br />

Greco, J. P. Conhecimento Técnico-Tático: O Modelo Pendular do<br />

Comportamento e da Ação Tática nos <strong>Esport</strong>es Coletivos. Revista<br />

Brasileira de Psicologia do <strong>Esport</strong>e e do Exercício. Belo Horizonte.<br />

Vol. 0. 2006. p. 107-129.<br />

Galatti, R. L. P<strong>ed</strong>agogia do <strong>Esport</strong>e: Discutindo o Processo de<br />

Ensino-Aprendizagem na Modalidade Basquetebol. Monografia.<br />

Campinas. Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual<br />

de Campinas. 2002.<br />

Mendonça, H. P. A. A Relação entre o Método de Ensino e o<br />

Conhecimento Técnico-Tático de Jogadores no <strong>Esport</strong>es Coletivos.<br />

TCC. UGF. São Paulo. 2013<br />

Paes, R. R.; Montagner, C. P.; Ferreira, B. H. P<strong>ed</strong>agogia do <strong>Esport</strong>e:<br />

Iniciação e Treinamento em Basquetebol. Rio de Janeiro. Editora<br />

Guanabara. Koogan. 2009.<br />

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Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

TREINE (E SEGREDOS) COMO O MELHOR DO MUNDO<br />

CR7 é tão completo quanto um futebolista pode ser.<br />

Olhando para a história do futebol, é inclusive difícil<br />

pensar em alguém tão absolutamente variado como o<br />

craque português: atlético, rápido, forte, poderoso e<br />

técnico. E, apesar do seu enorme talento, foi o trabalho<br />

e o seu duro regime de treino e nutricional que o<br />

tornaram por 3 vezes o melhor jogador de Mundo.<br />

C<br />

ristiano Ronaldo é um Mix perfeito de diversas disciplinas físicas e de<br />

diversas modalidades calibradas ao milímetro para o futebol. Tão rápido<br />

quanto um velocistas de 100 metros ou forte como um levantador de<br />

pesos, para CR7 tudo parece simples e fácil. Ao ponto, que muito adeptos<br />

do futebol o desconsideram e afirmam que os seus golos acontecem<br />

ou por sorte ou por penalti. Mas nada está mais longe da realidade: o seu<br />

sucesso é fruto de uma forte ética e filosofia de treino praticada 365 dias<br />

por ano, com uma compreensão e consciência exata da importância do trabalho<br />

e do seu papel decisivo para o êxito. O treino da mente é igualmente<br />

importante, aliás, assume um papel tão fundamental quanto o físico para o<br />

sucesso. O foco total, pelas palavras do próprio CR7, “é o único meio para<br />

se atingir o máximo do potencial”, “contornar todas distrações… e manter<br />

a confiança a top”. E, para o foco não sofrer variações negativas, segunda a<br />

filosofia do craque português, é necessário criar e definir objetivos e metas<br />

bem clara, alcançáveis mas ao mesmo tempo ambiciosas. E, não permitir<br />

que nada ou ninguém destruía esses objetivos com o negativismo ou a<br />

falta de crença. E, assumir o “Eu” como o mais importante. Isso pode até<br />

parecer demasiado narcísico, mas, para se ser o melhor é preciso querer<br />

ser-se o melhor. Por fim, é preciso criar rivalidade, verdadeiras ou falsas;<br />

Ronaldo recomenda por exemplo “ Trabalhando com um parceiro de treino<br />

é uma boa maneira de adicionar um pouco de competitividade e ajudar a<br />

empurrar-me. Treinando com alguém que tem um nível físico semelhante a<br />

mim, ajuda-me mentalmente a dar o máximo, ir até para lá do meu limite.”<br />

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São 3 a 4 horas o plano de rotina diária de treino de<br />

Cristiano Ronaldo. E, tudo isto, assente numa dieta<br />

nutricional rigorosa.<br />

A obsessão do CR7 pela rotina diária do treino é bem<br />

conhecida, e o seu plano de treinos nunca é por um<br />

período menor a 3 a 4 horas, onde se inclui também,<br />

uma dieta nutricional rigorosa. Um dos principais objetivos<br />

do treino de Ronaldo, é manter um nível extremamente<br />

baixo de gordura corporal, inferior a 10%.<br />

Esta baixa gordura corporal é fundamental para alcançar<br />

os 33,7 km/h em velocidade de ponta. Um valor<br />

fenomenal para um futebolista. Para se ter uma ideia,<br />

o jamaicano Bolt, velocista dos 100 metros e homem<br />

mais rápido do mundo tem como velocidade de ponta<br />

37,6, apenas mais 3 km/h que CR7.<br />

Esta “apetência” e desejo de Ronaldo em atingir altas<br />

velocidade bem desde c<strong>ed</strong>o. Aurélio Pereira, antigo<br />

técnico de Ronaldo nos juniores do Sporting, explicou<br />

um dos seus curiosos treinos ainda em jovem: “ ele<br />

colocava alguns pesos nas pernas e ia para a rua. Então,<br />

esperava o sinal ficar verde e corria para ganhar dos<br />

carros.”<br />

Um ponto importante no treino de Ronaldo é o sistema<br />

de treino de cardio de 25 a 30 minutos diários.<br />

Alternando em fortes e intensos treinos de sprint máximo,<br />

durante muitos mas curtos períodos de tempos.<br />

CR7 aposta igualmente em exercícios de ginástica para<br />

desenvolver músculos específicos, mas também sua<br />

força total do corpo.<br />

E, obviamente, a tudo isto se junta ainda os treinos<br />

com os seus companheiros do Real Madrid e os treinos<br />

técnicos e com bola. “Seja disciplinado. Mantenha-se<br />

motivado e manter sua rotina é fundamental. Para mim,<br />

não há espaço para facilitar, ser rigoroso é estar mais<br />

perto de Ganhar”, diz Ronaldo.<br />

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A Máquina da Nasa<br />

Ronaldo para o seu treino usa à já mais de uma ano, uma<br />

ferramenta muito especial e única: uma máquina criada<br />

e construída pela Nasa. A agência espacial norte-americana<br />

criou uma máquina para treinar os seus astronautas,<br />

mas que devido às suas especificidades pode trazer<br />

muitos beneficios aos atletas que a usam, já que permite<br />

treinos abaixo do peso do corpo.<br />

Cristiano Ronaldo<br />

transporta consigo<br />

uma forte ética de<br />

trabalho que o tem<br />

levado ao sucesso<br />

aliando a um d<strong>ed</strong>icação<br />

impar e o uso<br />

das mais recentes<br />

ferramentas tecnológicas.<br />

O aparelho foi concebido por engenheiros da NASA para ajudar<br />

no treino dos astronautas e é considerado o melhor equipamento<br />

de fisioterapia do mundo, permitindo uma reabilitação não agressiva<br />

da função muscular e articular. O sistema de antigravidade<br />

permite que Ronaldo corra na passadeira com uma r<strong>ed</strong>ução do peso<br />

do corpo até 80%. O grande benefício é capacita-lo a correr<br />

velocidades e treinos de corrida muito superior à habitual, na<br />

m<strong>ed</strong>ida em que se diminui o peso a ser sustentado. Este recurso<br />

desenvolve uma sensível melhoria<br />

da coordenação motora, contribuindo<br />

tanto para melhorar a velocidade,<br />

quanto para aperfeiçoar a<br />

economia de movimento ou seja,<br />

a eficiência mecânica, fator determinante<br />

de desempenho. E, no<br />

futebol do CR7, onde velocidade<br />

e eficiencia de movimentos são<br />

fatores determinantes para o seu<br />

êxito e para marcar tantos golos.<br />

A passadeira antigravitacional<br />

Alter G custa cerca de 24.500<br />

dólares (18 mil euros).<br />

Como conseguir Abdominais<br />

como os de Ronaldo<br />

Obter abdominais definidos é uma<br />

tarefa árdua, conseguir a definição<br />

atingida por Ronaldo é ainda mais<br />

complicado. O primeiro passo é<br />

eliminar ao máximo do saudável<br />

a gordura corporal. Sem isso não<br />

interessa, ou não fará efeito, fazer<br />

1000 ou 3000 abdominais por dia.<br />

Assim, o primeiro passo é r<strong>ed</strong>uzir<br />

a gordura corporal a 10% ou<br />

mesmo abaixo disso. Depois é dar<br />

no duro como faz CR7. E melhor<br />

a força e definição dos abdominais<br />

deve-se optar por exercícios como<br />

as pranchas e renegade rows, que<br />

mais facilmente eliminam a gordura<br />

corporal. Muito mais que as<br />

flexões comuns. Para além disso,<br />

no caso de Ronaldo ele tem uma<br />

rotina diária 3000 sentar-ups/abd.<br />

Muitas vezes, chega a estar cerca<br />

de uma hora a exercictar-se desta<br />

forma<br />

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Cristiano Ronaldo tem optado por uma abordagem<br />

<strong>ed</strong>ucacional desportiva positiva para com os seus<br />

fãs e adeptos do desporto em geral, não só na<br />

divulgação do futebol mas também na difusão das<br />

técnicas do seus treinos no qual se inclui a o seu<br />

regime nutricional: tão importante como o treino é<br />

a alimentação e o plano nutricional seguido.<br />

A primeira e mais importante dica: Hidratação constante<br />

e uma refeição ligeira entre intervalos de 2 a<br />

4 horas, o que perfaz 6 refeições por dia. CR7 evita<br />

sempre o consumo de alimentos e bebidas com<br />

muito açúcar e nunca toca no álcool, este último<br />

não só por questões físicas, mas acima de tudo por<br />

questões pessoais e familiares. É bem conhecida a<br />

doença de fígado que vitimou o seu pai.<br />

Ao pequeno-almoço deve-se optar por alimentos<br />

com proteínas e carboidratos, como frutas, cereais<br />

integrais, ovos ou leite. Esta é uma das refeições<br />

mais importantes do dia, assim é necessário prestar<br />

muita atenção ao que você come e não se esqueça<br />

de não deixar passar mais de 2-3 horas antes de<br />

comer um pequeno lanche.<br />

A primeira regra sobre o almoço é não comer muita<br />

comida. Você precisa apontar para uma refeição de<br />

baixo teor calórico, com frutas e muitos vegetais.<br />

A última refeição do dia deve consistir em alimentos<br />

ricos em fibras, proteínas, vitaminas e<br />

hidratos de carbono. Poderá optar-se por um peito<br />

de frango, feijão verde, arroz e uma peça de fruta<br />

para a sobremesa.<br />

Aliar o treino a uma alimentação equilibrada é<br />

absolutamente indispensável para se conseguir<br />

atingir os objetivos sejam eles desportivos ou apenas<br />

por saúde.<br />

As dicas alimentares de Cristiano Ronaldo<br />

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“Sinta-se sempre melhor<br />

que o seu adversário”<br />

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SUPLEMENTOS<br />

Definição, regulamentação, comercializ<br />

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ALIMENTARES<br />

ação, segurança e evidência científica<br />

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Mónica Marreiros Neves, Membro da<br />

Ordem dos Nutricionistas, cédula 2138D<br />

monicanevesdietista@gmail.com<br />

A utilização de suplementos alimentares em<br />

Portugal teve um crescimento significativo<br />

nos últimos 15 anos. Este fenómeno pode ser<br />

explicado pela maior divulgação e facilidade<br />

de acesso a informação sobre estes produtos,<br />

associada ao desejo de melhorar o estado de<br />

saúde e à procura da forma física ideal.<br />

O que são os suplementos alimentares?<br />

De acordo com Decreto-Lei nº 136/2003, de<br />

28 de junho, os suplementos alimentares são<br />

géneros alimentícios que se destinam a complementar<br />

e ou suplementar o regime alimentar<br />

normal. São fontes concentradas de determinados<br />

nutrientes ou outras substâncias com efeito<br />

nutricional ou fisiológico, no estado puro ou<br />

combinadas. Os suplementos alimentares são<br />

comercializados de forma doseada em comprimidos,<br />

cápsulas, pastilhas, pós, granulados,<br />

ampolas de líquido, frascos com conta-gotas,<br />

entre outras.<br />

Regulamentação e Fiscalização<br />

Os suplementos alimentares são regulados como géneros alimentícios (substâncias destinadas<br />

à alimentação humana).<br />

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) é a autoridade competente,<br />

ou seja, organismo responsável pela definição, execução e avaliação das políticas de<br />

segurança alimentar. A autoridade competente pode exigir, sempre que necessário,<br />

ao fabricante ou distribuidor a apresentação de estudos de qualidade e segurança dos<br />

suplementos alimentares realizados por entidades com reconhecida competência técnica<br />

nestas áreas. Estas últimas isentas de quaisquer interesses no âmbito da produção,<br />

transformação, importação, exportação e comercialização de suplementos alimentares.<br />

Em Portugal, a fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas para os suplementos<br />

alimentares é feita através de controlos oficiais e compete à Autoridade de Segurança<br />

Alimentar e Económica (ASAE).<br />

“... os suplementos alimentares s<br />

se destinam a complementar e<br />

alimentar no<br />

Comercialização<br />

A comercialização de um suplemento alimentar implica a notificação prévia pelo fabricante<br />

ou distribuidor à autoridade competente, sendo apenas necessário o envio do<br />

modelo de rótulo utilizado para esse produto.<br />

Qualquer alteração das informações relativas ao fabrico, distribuição e colocação no<br />

mercado de um suplemento alimentar deve ser comunicada à autoridade competente, no<br />

prazo de 10 dias úteis após a sua ocorrência.<br />

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Em Portugal, os suplementos alimentares podem ser comercializados<br />

em inúmeros locais, dos quais se destacam farmácias, parafarmácias,<br />

supermercados e lojas da especialidade.<br />

Rotulagem<br />

A denominação de venda dos produtos é a de “suplemento alimentar” e a<br />

rotulagem deve seguir as nomas aplicadas aos géneros alimentícios e deve<br />

ainda conter:<br />

• A toma diária recomendada do produto,<br />

• Uma advertência de que não deve ser exc<strong>ed</strong>ida a toma diária<br />

indicada,<br />

• A indicação de que os suplementos alimentares não devem ser<br />

utilizados como substitutos de um regime alimentar variado,<br />

• Uma advertência de que os produtos devem ser guardados fora do<br />

alcance das crianças.<br />

Riscos associados aos suplementos<br />

Uma vez que não é possível garantir que a informação presente no rótulo<br />

do suplemento alimentar representa o conteúdo que vai ser consumido,<br />

podem acontecer situações de contaminação com substâncias prejudiciais à<br />

saúde e ao desempenho físico. Ao nível da competição desportiva levantase<br />

ainda outra questão: a presença de outras substâncias não mencionadas<br />

no rótulo pode resultar em testes de doping positivos.<br />

Segurança e Qualidade<br />

Existem certificações atribuídas às indústrias que garantem o cumprimento<br />

das exigências rigorosas e dos regulamentos para garantir a segurança e a<br />

qualidade dos produtos, como é o caso da Good Manufacturing Practice<br />

(GMP), do sistema de Análise de Perigo e de Pontos Críticos de Controlo<br />

(HACCP) e das normas ISO 22000 e ISO 17025. Contudo, não garantem<br />

a eficácia do suplemento.<br />

A quem se destina a suplementação alimentar?<br />

Os indivíduos cuja alimentação não supre as necessidades nutricionais<br />

podem beneficiar do consumo de suplementos alimentares específicos.<br />

ão géneros alimentícios que<br />

ou suplementar o regime<br />

rmal.”<br />

Ainda que estes produtos sejam de venda livre, é importante consultar o<br />

seu médico, dietista ou nutricionista, antes de os adquirir. Estes profissionais<br />

reúnem as competências necessárias para o ajudar a escolher o suplemento<br />

mais adequado à sua situação. É importante, contudo, não esquecer<br />

que estes produtos visam complementar uma alimentação variada e não<br />

substituir determinados alimentos.<br />

EVIDÊNCIA<br />

CIENTÍFICA<br />

A análise dos estudos científicos existentes sobre suplementos<br />

alimentares deve ser feita com cautela, sob pena de se<br />

tirar conclusões precipitadas.<br />

Em primeiro lugar, é necessário alertar para o facto de<br />

muitos dos ensaios serem feitos in vitro e em animais, o<br />

que levanta a questão da reprodutibilidade em seres humanos.<br />

Não podemos assumir que os efeitos verificados em<br />

experiências feitas fora de qualquer organismo vivo (in<br />

vitro), em ambiente controlado e fechado de um laboratório,<br />

que permitem acompanhar o processo bioquímico inerente<br />

à administração da substância que se pretende estudar, vão<br />

ocorrer no ser humano após a administração via oral do<br />

suplemento que contém essa substância. Apesar de úteis, os<br />

estudos in vitro são, obviamente, bastante limitados, uma<br />

vez que num organismo vivo ocorrem inúmeros outros processos<br />

(como por exemplo a digestão, absorção e metabolização<br />

hepática), que podem interferir na ação da substância<br />

em estudo. Nenhuma conclusão pode ser retirada antes da<br />

realização de estudos em organismo vivos (in vivo).<br />

Os estudos com animais são, normalmente, os primeiros<br />

estudos in vivo a serem realizados para avaliar a eficácia<br />

de uma dada substância, uma vez que é arriscado testar<br />

diretamente em seres humanos uma substância sobre a qual<br />

existe pouco conhecimento. Podemos transpor para os seres<br />

humanos os resultados obtidos através destes estudos? Não.<br />

Ainda que se tratem de modelos vivos, existem diferenças<br />

fisiológicas entre os animais utilizados em laboratório e os<br />

seres humanos, o que pode levar a respostas completamente<br />

diferentes. Assim, as conclusões resultantes de estudos em<br />

animais também não devem ser transpostas diretamente para<br />

os seres humanos. A realização de ensaios em seres humanos<br />

com a administração oral do suplemento alimentar é um<br />

proc<strong>ed</strong>imento necessário para se poder concluir acerca dos<br />

efeitos do produto em seres humanos.<br />

Outro alerta que deve ser feito prende-se com o tamanho da<br />

amostra. Os estudos existentes sobre suplementos alimentares<br />

apresentam, normalmente, amostras pequenas. Esta<br />

característica pode colocar em causa os resultados obtidos,<br />

uma vez que a amostra pode não ser suficientemente grande<br />

para detetar diferenças estatisticamente significativas.<br />

Por último, é importante salientar a variabilidade interindividual,<br />

que explica o facto de nem todos os indivíduos<br />

responderem da mesma forma à administração de um suplemento<br />

alimentar nas mesmas condições.<br />

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usca pelo ótimo desempenho é uma constante no<br />

esporte de alto rendimento e muitos atletas acabam<br />

Muitos especialistas<br />

A<br />

utilizando meios ilícitos, que é denominado doping. A<br />

dopagem, além de ser um fato eticamente condenável,<br />

já dão como certo<br />

representa risco para quem a usufrui. Com os avanços<br />

da terapia gênica e o possível uso para fins desportivos, o doping<br />

que a próxima batalha genético está enquadrado como prática proibida pela Agência Mundial<br />

Antidoping (WADA) desde 2003. O doping genético caracteriza-se pelo<br />

do Comitê Olímpico<br />

uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos, ou a modulação<br />

da expressão gênica, que tenham a capacidade de aumentar o desempenho<br />

esportivo. Tal prática é realizada por meio de manipulação gênica,<br />

Internacional será o<br />

que pode ser definida como um conjunto de técnicas que permitem a<br />

inserção e expressão de um gene terapêutico em células-alvo. Assim,<br />

controle do doping<br />

atletas poderiam beneficiar-se das técnicas de transferência de genes,<br />

pois uma vez implantada no indivíduo, a expressão de hormônios e<br />

genético...<br />

outras substâncias seriam aumentados assim como o desempenho físico.<br />

Entre os possíveis alvos<br />

primários, estão aqueles<br />

OS DESAFIOS<br />

com intuito de aumento<br />

da resistência (endorfinas,<br />

eritropoietina, enzima<br />

conversora de angiotensina-1,<br />

receptor ativado por<br />

proliferador peroxissomal,<br />

DO DOPING<br />

fator de crescimento endotelial<br />

vascular, fosfoenolpiruvato<br />

carboxiquinase-<br />

C) e aumento de massa/<br />

força muscular (hormônio<br />

do crescimento humano,<br />

GENÉTICO<br />

fator de crescimento 1<br />

semelhante a insulina,<br />

miostatina, folistatina e<br />

actinina alfa-3). Apesar do<br />

conhecimento dos alvos<br />

primários, é reconhecida<br />

a dificuldade de detecção do doping genético, o que estimularia sua<br />

André Valle de Bairros<br />

utilização no meio esportivo. A base para essa opinião era que tanto o<br />

Mestre em Bioquímica Toxicológica<br />

transgene (material gênico inserido no atleta) quanto à proteína expressa<br />

Doutor em Toxicologia e Análises Toxicológicas seriam indistinguíveis de seus homólogos endógenos. Outra questão<br />

andrebairros@yahoo.com.br<br />

refere-se à possibilidade de indivíduos que apresentam alterações em<br />

determinados genes alvos possam demonstrar vantagens naturais sobre<br />

os demais competidores. Um exemplo é o esquiador Eero Mäntyranta,<br />

bi campeão olímpico de cross-country, apresenta uma mutação no gene<br />

do receptor de eritropoetina, tornando-os hipersensíveis a este hormônio,<br />

proporcionando uma maior produção de eritrócitos.<br />

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Assim, um maior aporte de oxigênio chegava aos tecidos, beneficiando<br />

este atleta em relação aos demais.<br />

Em um exame antidoping baseado na análise genética de um atleta,<br />

mutações naturais dificilmente seriam discriminadas de doping<br />

genético e o resultado poderia ser um falso-positivo. Apesar<br />

disso, estratégias analíticas para a detecção do doping genético<br />

têm sido especuladas através da determinação indireta e/ou direta<br />

da manipulação gênica utilizando técnicas moleculares como a<br />

transcriptase reversa seguida reação em cadeia da polimerease<br />

(RT-PCR), microarranjo e métodos cromatográficos acoplados a<br />

espectrometria de massas.<br />

Em relação aos métodos indiretos, estes são baseados na m<strong>ed</strong>ição<br />

dos efeitos do doping genético nas células, tecidos ou em todo o<br />

organismo.<br />

Por exemplo, tem sido demonstrado que após a inserção e/ou<br />

expressão da respectiva proteína recombinante, pode ocorrer<br />

uma resposta imunológica específica com o aumento de<br />

anticorpos no organismo. Isto acontece após administração<br />

de um vetor como o adenovírus. Diante disso, exames imunológicos<br />

que avaliam os anticorpos destes vetores poderiam<br />

ser utilizados.<br />

“Um exemplo é o esquiador Eero Mäntyranta,<br />

bi campeão olímpico de cross-country, apresenta<br />

uma mutação no gene do receptor de eritropoetina,<br />

tornando-os hipersensíveis a este hormônio, proporcionando<br />

uma maior produção de eritrócitos.<br />

Assim, um maior aporte de oxigênio chegava aos<br />

tecidos, beneficiando este atleta em relação aos<br />

demais.”<br />

Entretanto, o atleta pode estar naturalmente infectado com o vetor<br />

como o vírus adeno-associado (AAV), que é largamente disseminado<br />

nos tecidos humanos. Com isso, haveria uma elevada concentração<br />

de anticorpos AAV e o resultado deste exame seria inconclusivo.<br />

Em caso de um resultado positivo para a detecção indireta,<br />

as implicações legais indicam um método direto que identifique<br />

inequivocamente o doping. A detecção direta pode utilizar a análise<br />

direta do transgene, da proteína transgênica e/ou do vetor utilizado<br />

para a introdução do material genético. A determinação de proteínas<br />

alvos necessitam de material biológico de de fácil acesso. Entretanto,<br />

a expressão do transgene geralmente é confinada ao local/tecido onde é<br />

realizada a injeção/inserção do transgene.<br />

Como o tecido muscular seria o principal alvo dessa prática, uma biopsia<br />

muscular seria exigida para revelar possíveis veículos virais ou alteração<br />

de genes, o que torna praticamente inviável no cenário atual do esporte.<br />

Contudo, as proteínas constituintes de hormônios como eritropoietina<br />

e hormônio do crescimento quando secretadas, podem ocasionar algum<br />

“vazamento” para a circulação e possivelmente para a urina. Dessa forma,<br />

as proteínas transgênicas funcionais poderiam gerar alguma informação<br />

para sua detecção em caso de doping.<br />

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O doping<br />

genético<br />

caracteriza-se<br />

pelo<br />

uso não terapêutico<br />

de células,<br />

genes e elementos<br />

gênicos, ou<br />

a modulação<br />

da expressão<br />

gênica, que<br />

tenham a<br />

capacidade<br />

de aumentar<br />

o desempenho<br />

esportivo.<br />

A abordagem para detecção de vetores virais pode ser dirigida<br />

através da detecção de partículas virais, proteínas virais ou ácidos<br />

nucléicos incorporados. Entretanto, a análise direta do vetor<br />

depende de vários fatores como o vírus utilizado, o local onde ocorreu<br />

a transferência gênica e o método para detecção do agente. Além<br />

disso, a região do genoma a ser estudada é vital devido a existência<br />

de diferentes genes que codificam proteínas:<br />

- musculares<br />

- de funções respiratórias ou energéticas<br />

- relacionadas a neurotransmissores cerebrais ou hormônios.<br />

Todas elas, de maneira particular ou em conjunto, podem incrementar<br />

o rendimento de um atleta e nem sempre haverá mudanças<br />

no genoma com a expressão de um gene, o que poderia ocasionar<br />

resultados falso-negativos. Ou seja, o atleta pode ter feito o uso de<br />

manipulação genética e não ser pego no exame antidoping.<br />

Um aspecto pouco discutido é a interação entre genes manipulados<br />

e o uso de fármacos. Deste modo, determinados m<strong>ed</strong>icamentos que<br />

não estão na lista de substâncias proibidas da WADA poderiam ser<br />

acrescentadas. Conseqüentemente, isso acarretaria em novos desafios<br />

analíticos para a detecção do doping. Apesar do alto potencial<br />

de fraude em competições, o doping genético ainda não é uma<br />

realidade.<br />

Isto se deve à imaturidade da terapia gênica, pois o primeiro tratamento<br />

genético aprovado pela Agência Europeia de M<strong>ed</strong>icamento<br />

foi lançado em novembro de 2012 e não envolve nenhum gene<br />

alvo. Assim, a probabilidade de casos positivos de manipulação<br />

gênica para fins desportivos pode ser considerada baixa. De fato,<br />

não há registro de nenhum atleta que tenha feito uso de doping<br />

genético. Porém, trata-se de uma tecnologia muito recente e carece<br />

de mais estudos, pois novos genes poderão ser futuros alvos deste<br />

tipo de doping, o que implicará em novos riscos a saúde do atleta,<br />

bem como na criação de novas metodologias analíticas para evitar<br />

fraudes em atividades desportivas de alto nível.<br />

REFERÊNCIAS<br />

Aquino Neto, F.R. O papel do atleta na soci<strong>ed</strong>ade e o controle de dopagem no esporte.<br />

Revista Brasileira de M<strong>ed</strong>icina do <strong>Esport</strong>e, v. 7, n. 4, p. 138-148, 2001.<br />

Artioli, G.G.; Hirata, R.D.C.; Lancha Junior, A.H. Terapia gênica, doping genético e<br />

esporte: fundamentação e implicações para o futuro. Revista Brasileira de M<strong>ed</strong>icina do<br />

<strong>Esport</strong>e, v. 13, n. 5, p. 317e-321e, 2007.<br />

Azzazy, H.M. Gene Doping. Handbook of Experimental Pharmacology, v. 195, p. 485-<br />

512, 2010.<br />

Baoutina, A.; Alexander, I. E.; Rasko, J.E.J.; Emslie, K.R. Developing strategies for<br />

detection of gene doping. The Journal of Gene M<strong>ed</strong>icine, v. 10, n.1, p. 3–20, 2008.<br />

Bairros, A.V.; Prev<strong>ed</strong>ello, A.A.; Moraes, L.S. Doping genético e possíveis metodologias<br />

de detecção. Revista Brasileira de Ciência do <strong>Esport</strong>e, v. 33, p. 1055-1069, 2011.<br />

Filipp, F. Is science killing the sport? Gene Therapy and its possible abuse in doping.<br />

European Molecular Biology Organization, v. 8, n. 5, p. 433-435, 2007.<br />

Oga, S.; Camargo, M.M.A.; Batistuzzo; J.A.O. Fundamentos de Toxicologia: Dopagem<br />

nos esportes. 4a <strong>ed</strong>ição. São Paulo: Atheneu, 2014.<br />

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Entendendo a gestão de:<br />

FLORENTINO PE<br />

38 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.comALÁT


REZ<br />

ICOS<br />

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Os melhores<br />

jogadores do<br />

Mundo<br />

têm de jogar<br />

no Real<br />

Madrid”<br />

Diogo Sampaio, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

Na sua primeira passagem pelo Real Madrid,<br />

Florentino Perez disse: “ Os melhores jogadores<br />

do Mundo têm de jogar no Real Madrid”.<br />

E, tanto na altura como agora na sua segunda<br />

fase enquanto presidente da equipa de Madrid,<br />

foi o que fez: contratou os melhores e maiores<br />

jogadores de futebol do mundo. Criou uma<br />

equipa de Galácticos. Pode até dizer-se que<br />

mudou o futebol, para muitos não para melhor,<br />

mas, o desporto Rei enquanto espetáculo nunca<br />

mais foi o mesmo. Com Florentino Perez o<br />

futebol “show” fora das quatro linhas deu<br />

um passo em frente, em resultado direto da<br />

sua presidência, que assentou numa estratégia<br />

muito própria de gestão de relacionamento com<br />

os adeptos de futebol, potenciando ao máximo<br />

um relacionamento emocional com os fãs do<br />

Real Madrid muito para além das fronteiras<br />

espanholas. Os ganhos? Hoje o Real Madrid<br />

é a terceira maior marca do mundo, e o maior<br />

clube desportivo, com valor a ascender aos<br />

2,91 mil milhões de euros (segundo a Forbes),<br />

e receitas anuais bem perto dos 600 milhões de euros, chegando<br />

já a ultrapassar esse valor por algumas vezes. E, tal<br />

como prometido pelo atual presidente, no plantel, cinco dos<br />

dez melhores jogadores da atualidade são merengues – isto<br />

claro está, se olharmos por baixo.<br />

Tudo começou com Figo. O craque português na altura<br />

no rival Barcelona foi o trunfo de campanha de Perez,<br />

que concorria pela segunda vez ao cargo de presidente do<br />

clube mais conhecido do Mundo. Num embate, de novo<br />

com Sanz, que todos julgavam impossível de vencer; afinal,<br />

o Real Madrid tinha acabado de ganhar duas ligas dos<br />

campeões depois de uma travessia no deserto de mais de<br />

três décadas.<br />

Pela rotação dos<br />

ponteiros do relógios:<br />

Florentino<br />

Perez; Apresentação<br />

de CR7, Luis<br />

Figo e Zidane; A<br />

tripla de ataque<br />

James, Benzema e<br />

C. Ronaldo.<br />

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A estratégia resultou, Perez venceu, e abriuse<br />

a caixa de Pandora e uma nova era no Real<br />

Madrid começou – e o novo presidente cumpriu<br />

a sua promessa, os melhores do mundo<br />

passaram a vestir o mítico branco. Depois<br />

de Figo, chegou Zidane, depois Ronaldo o<br />

fenómeno e por fim, Beckam o mais popular<br />

futebolista de sempre. Por entre estes<br />

jogadores, muito outros menos m<strong>ed</strong>iáticos<br />

vestiram as cores do Real, e tantos outros<br />

treinadores, a maioria, diga-se, sem sucesso.<br />

Muitos deles, admitiram posteriormente que<br />

não tinham sequer palavra no onze que entrava<br />

em campo. E, muito por isto, a sucesso<br />

desportivo não foi grande, ficou-se por uma<br />

Liga dos Campeões, e pior, viu o seu rival,<br />

o Barcelona, ganhar tudo em Espanha e a<br />

iniciar a sua grande afirmação europeia. O<br />

descontentamento dos adeptos, os fracos<br />

resultados e exibições pouco entusiasmantes<br />

fizeram com que Perez sai-se em 2006; mas<br />

a sua ausência não foi mais que uma pausa, e<br />

logo voltou em 2009, e com um novo trunfo,<br />

e novamente português, Cristiano Ronaldo.<br />

E, a sua estratégia para o clube, ainda que<br />

nos mesmos moldes, surge renovada, ampliada<br />

e melhorada. Em 6 de Julho de 2009, o<br />

Real Madrid FC fez a maior e melhor evento<br />

de relações públicas de sempre de qualquer<br />

entidade desportiva, quando atraiu 80 mil<br />

pessoas, e a cobertura ao vivo de toda a imprensa<br />

mundial, quando apresentou ao mundo<br />

a sua mais recente estrela, Ronaldo vindo do<br />

Man Unit<strong>ed</strong>, por uma verba pertos dos 95<br />

milhões de euros. Neste “megaevento” de<br />

marketing, onde o Real, para além da transferência<br />

em si, o Real não gastou um único<br />

euro, criando na perfeição uma narrativa, ou<br />

se quisermos uma história.<br />

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Uma história para criar emoção e entretenimento<br />

para os meios de comunicação, todos baseados<br />

no poder da marca Real Madrid para gerar<br />

emoções e propagar valores como a grandeza<br />

e espetáculo. E, tudo isto, cronometrado ao<br />

segundo, para que as imagens sejam transmitidas<br />

em direto na Asia – um mercado emergente<br />

e em expansão, com uma percentagem cada vez<br />

mais relevante nas contas finais dos grandes<br />

clubes europeus.<br />

A presente gestão de relacionamento de relações<br />

públicas na gestão do clube da capital<br />

espanhola, por parte de Peraz, faz com que<br />

mesmo o clube tenha apenas vencido apenas 7<br />

campeonatos dos últimos 25 anos, e apenas 1<br />

nos últimos 7 anos, que o seu valor enquanto<br />

marca e clube não só se mantenha mas que<br />

cresça. Criando e aumentando a sua receita e<br />

marca valor durante este período, assim como<br />

a legião de fãs, protegendo a sua marca, tanto<br />

enquanto clube como equipa futebolística, da<br />

incerteza dos resultados desportivos. E, por<br />

muito estranho ou contraditório que possa<br />

parecer, este é o objetivo máximo de todos<br />

os clubes, numa era futebolística, em que os<br />

clubes são “mega” empresas globais e, muitos<br />

deles, no mercado de financeiro com cotação<br />

em bolsa.<br />

Em outras palavras, o Real Madrid tem uma grande marca, não<br />

porque ganha mais que os outros, mas porque tem construído<br />

uma relação de confiança com os seus adeptos, que vem tanto<br />

pela compra dos seus produtos, e pelas transmissões de Tv que<br />

perfazem 60% das receitas do Real Madrid. Os vários números<br />

estatísticos e sondagem mostram que apesar das sucessivas épocas<br />

sem um futebol de qualidade ou títulos, que a abordagem de<br />

gestão do relacionamento com os adeptos Mundiais do Real fez<br />

aumenta o estatuto de atual presidente.<br />

Em cima temos Ronaldo<br />

- o fenómeno e florentino<br />

Perez, há altura<br />

o melhor jogador do<br />

mundo e duplamente<br />

venc<strong>ed</strong>or do mundial<br />

de seleções. Ao lado,<br />

Beckam o jogador mais<br />

m<strong>ed</strong>iático da história<br />

do futebol e em baixo a<br />

equipa de sonho, com<br />

Zidade, Figo, Ronaldo<br />

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Os treinadores:<br />

V. Del bosque<br />

Carlos Queiros<br />

(2000-2003)<br />

(2003-2004)<br />

E, é preciso encarar este último ponto<br />

como fundamental, dado que, e em<br />

contraste com clubes de futebol inglês,<br />

onde “bilionários têm os seus próprios<br />

clubes#, o presidente do Real Madrid<br />

tem de ser democraticamente eleito,<br />

pelos mais de 85 mil sócios. As r<strong>ed</strong>es<br />

socias, e a grande aposta nela feitas<br />

por parte da estratégia de marketing<br />

do clube também têm desempenhado<br />

um papel fundamental nesta gestão de<br />

relacionamento e afeitos.<br />

No entanto, é reconhecido por todos<br />

que embora a marca tenha crescido,<br />

os insucessos desportivos não podem<br />

continuar a ser uma constante. Todos<br />

os milionários jogadores que integram<br />

os plantéis do Real Madrid nestes últimos<br />

7 anos, estão associados a recordes<br />

negativo do clube, que só têm memória<br />

igual na década de quarenta e antes da<br />

chegada de Di Stéfano. Os sucessivos<br />

treinadores têm falhado miseravelmente<br />

e só Mourinho com um titulo nacional e<br />

Ancelotti com uma Liga dos Campeões<br />

parecem ter trazido algum do antigo<br />

brilho e chama de campeão da antiga<br />

camisola branca do Real.<br />

Veremos então quando a gestão de F.<br />

Perez dará frutos e quão importante<br />

está a será, definindo um rumo expansionista<br />

para fora da Europa, e a até<br />

quando a sua falta de títulos não será<br />

um demasiado entrave à conquista do<br />

primeiro lugar enquanto marca global,<br />

principalmente quando concorre com<br />

um Barcelona fulgurante e equipas ingleses<br />

financeiramente poderosas.<br />

Jose A. Camacho<br />

(2004-2004)<br />

Vanderlei Luxemburgo<br />

(2004-2005)<br />

Manuel Pellegrini<br />

(2009-2010)<br />

Mariano García Remón<br />

(2004-2004)<br />

Fabio Capello<br />

(2006-2007)<br />

José Mourinho<br />

(2010-2013)<br />

Bale foi de longe a contratação<br />

mais cara das<br />

duas eras de Florentino<br />

Perez, que desembolsou<br />

mais de 100 milhões de<br />

euros pelo seus direitos<br />

económicos e desportivos.<br />

O seu passe<br />

foi tão caro que se<br />

escondeu o valor exato<br />

para não ferir os egos<br />

de outros jogadores.<br />

Carlo Ancelotti<br />

(2013- )<br />

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MERCADO DE AÇÕES<br />

Futebol, clubes e negócio<br />

Marke Geisy Dantas, Graduando em Ciências Contábeis - Universidade<br />

F<strong>ed</strong>eral do Rio Grande do Norte<br />

markegeisy@hotmail.com<br />

Que tipo de negócio é o futebol? Um negócio<br />

que, na maioria dos casos, a principal meta não<br />

é buscar a lucratividade e a sustentabilidade<br />

econômica como qualquer outro tipo de empresa.<br />

O principal objetivo é pagar milhões a um<br />

grupo de homens, que terão a missão de trazer felicidade a<br />

outros milhões de pessoas. Mas, como uma equipe se sustenta?<br />

Será que suas receitas (bilheteria, patrocínios, cotas<br />

de TV, e outras) são suficientes para cobrir os gastos?<br />

O estudo das finanças dos clubes é envolto por diversas<br />

indagações como estas propostas anteriormente. O Livro<br />

Soccernomics responde a uma delas: o futebol não é apenas<br />

um pequeno negócio (já que os autores comparam o<br />

setor com outros), mas também é um mau negócio. E é um<br />

mau negócio por todos os motivos citados, principalmente<br />

sob a ótica do principal objetivo destas entidades: a conquista<br />

esportiva. Entretanto, este pensamento vem mudando<br />

no mercado de forma global, já que diversas fontes de<br />

receita foram adaptadas para os clubes, mantendo assim as<br />

suas continuidades e sustentabilidades financeiras. Caso<br />

os gestores queiram...<br />

Em busca de novas fontes de receitas, alguns clubes de<br />

futebol, em meados da década de 1980, encontraram um<br />

novo caminho para o aumento dos recursos: a abertura<br />

de capital. Esse processo, uma quebra de paradigma para<br />

entidades desportivas, começou no futebol Inglês, com o<br />

Tottenham, em 1983. O Manchester Unit<strong>ed</strong> é o exemplo<br />

mais conhecido. Tornou-se o segundo clube inglês a lançar<br />

ações, em 1991, com intuito de angariar fundos para<br />

se adequar às definições propostas pelo Relatório Taylor<br />

(uma delas, reformar Old Trafford). Coincidentemente<br />

(ou não), o clube começou um período singular de sua<br />

história, conquistando vários títulos e se tornando um<br />

dos maiores clubes da Inglaterra. Os recursos captados<br />

no mercado tornaram-se importantes para o fortalecimento<br />

da Liga Inglesa, já que outros clubes da Inglaterra<br />

passaram também a seguir este modelo. Ajax, Borussia<br />

Dortmund, Juventus, Roma, Lazio, Fenerbahce, Porto,<br />

Benfica e Sporting e tantos outros espalhados por diversos<br />

países europeus, ao longo dos anos que se suc<strong>ed</strong>eram<br />

após a iniciativa dos clubes ingleses, passaram a oferecer<br />

suas ações em bolsas de diversos países. Por exemplo, já<br />

existem índices formados pelas ações de clubes de futebol.<br />

O principal é formado na bolsa Dow Jones, chamado<br />

STOXX® Europe Football Index. No Brasil, o país do<br />

futebol (ainda), o processo de abertura de capital ainda é<br />

uma novidade, pois não existe nenhum clube de futebol<br />

brasileiro com ações na Bolsa de Valores.<br />

Análise aos modelos de gestão dos clubes<br />

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“O futebol não é apenas um<br />

pequeno negócio... mas também é<br />

um mau negócio.”<br />

As equipes, em teoria, com a utilização<br />

destes novos recursos poderiam investi-los<br />

na estrutura e instalações da própria entidade,<br />

contratação de jogadores, reformas<br />

de estádio, com o intuito de obter melhores<br />

resultados. Entretanto, sabemos que o mercado<br />

acionário é perigoso (ou melhor, mais<br />

arriscado do que outros tipos de investimento),<br />

partindo do pressuposto de que os<br />

investidores têm certa racionalidade para<br />

tomar suas decisões. Mas, quando tratamos<br />

do futebol, será que os investidores<br />

seguem a mesma racionalidade para com<br />

outros tipos de empresa? Eis uma nova<br />

questão...<br />

Um primeiro a ponto a ser citado se refere<br />

a dependência dos resultados financeiros<br />

perante os resultados esportivos e, neste<br />

caso, interferindo também no preço das<br />

ações das equipes. Partindo do pressuposto<br />

que uma pessoa, que queira investir<br />

em ações de clubes de futebol pode ser<br />

também um torc<strong>ed</strong>or, o comportamento<br />

do mesmo como investidor pode ser influenciado<br />

por resultados de competições de<br />

futebol, como Copas do Mundo ou campeonatos<br />

internacionais (e as consequentes<br />

conquistas ou derrotas) e até mesmo por<br />

simples vitórias e derrotas corriqueiras do<br />

time de coração nos diversos campeonatos,<br />

influenciando a sua tomada de decisão<br />

futura em relação aos investimentos realizados,<br />

de forma otimista ou pessimista.<br />

A falta de racionalidade pode ter impacto<br />

sobre os preços dos ativos, já que as consequencias<br />

do futebol podem causar emoções<br />

exarcerbadas que alteram o humor do<br />

investidor. Existem dúvidas sobre a viabilidade<br />

para o investidor da permanência ou<br />

não dos investimentos realizados. Investir<br />

nesse tipo de ativo expõe o investidor a<br />

riscos, devido a grande volatilidade dos<br />

preços, ocasionando problemas de liquidez<br />

daquela ação, já que estão sujeitas tanto às<br />

variações, oscilações e riscos do mercado<br />

financeiro per si, quanto as variações relacionadas<br />

ao desempenho esportivo.<br />

Esta preocupação se reflete também em<br />

pesquisas científicas, que visam relacionar<br />

os fatores esportivos com o mercado financeiro.<br />

Diversos são os estudos que relacionam<br />

o impacto de resultados de Copa<br />

do Mundo com o humor dos investidores<br />

em alguns países. Outros investigam resultados<br />

dos clubes dentro de campo com a<br />

variação das ações do mesmo clube. Um<br />

estudo realizado por mim, a alguns anos,<br />

tentou evidenciar qual mês do ano refletia<br />

em maiores volatilidades das ações de<br />

quatro clubes (Ajax da Holanda, Borussia<br />

Dortmund da Alemanha, Juventus da Itália<br />

e Porto de Portugal).<br />

Para cada mês, foi estabelecido um evento<br />

específico do futebol. Janeiro, Junho e<br />

Julho são os meses que as janelas de transferência<br />

são abertas. Abril e Maio são os<br />

meses que terminam o campeonato.<br />

Agosto é o início de temporada dos campeonatos<br />

europeus.<br />

A partir dos desvios-padrões mensais, foi<br />

evidenciado que o evento “começo do<br />

campeonato” (Agosto) é o mês que apresenta<br />

maior volatilidade para os investidores,<br />

talvez, devido ao fato da incerteza<br />

que os investidores/torc<strong>ed</strong>ores têm em<br />

relação ao campeonato e aos clubes em<br />

si, em relação ao desempenho dentro de<br />

campo no decorrer da temporada.<br />

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Em termos de gestão, um clube de futebol que tem a<br />

pretensão de buscar recursos no mercado acionário, ou<br />

pelo menos manter suas ações com uma boa perspectiva<br />

de valorização deve, pelo menos, tentar minimizar<br />

(pois é impossível extingui-la) a dependência do desempenho<br />

financeiro perante os resultados esportivos.<br />

O clube de futebol, como entidade desportiva, uma<br />

empresa, não pode aumentar suas receitas e gerar<br />

maiores lucros apenas nas temporadas que se tornam<br />

campeões de uma liga importante. A gestão de clube<br />

deve primeiramente controlar seus custos operacionais,<br />

oriundos do departamento de futebol. Controle este<br />

que já vem sendo abordado pelo Financial Fair Play<br />

da UEFA. Ademais, realizar previsões e orçamentos<br />

periódicos de receitas, e vinculando-a aos custos e<br />

despesas. Assim, o gestor consegue manter um padrão<br />

de lucratividade, sem depender de conquistas esportivas<br />

para manter um bom desempenho financeiro.<br />

Caso, as conquistas se realizem, o clube terá uma<br />

maior injeção de recursos, não orçados, mas aceitáveis,<br />

melhorando o padrão de lucratividade da equipe. E<br />

com uma maior – ou até mesmo, uma continuidade –<br />

lucratividade, a tendência é que os investidores passem<br />

a procurar as ações daquele clube nas diversas bolsas<br />

espalhadas pelo mundo, auxiliando os clubes e até servindo<br />

de atrativo para investidores e outros clubes que<br />

não abriram o seu capital.<br />

Tottenham em 1983 e<br />

Manchester Unit<strong>ed</strong> em 1991<br />

foram os primeiros a lançar<br />

acções para o mercado<br />

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maior estabilidade<br />

emocional, mais<br />

extrovertidos, mais<br />

autoconfiantes e<br />

maior resistência<br />

mental.”<br />

A<br />

procura de um perfil de personalidade para os atletas de<br />

alto rendimento é e continuará a ser um dos principais<br />

propósitos dos agentes desportivos, o que tem feito com<br />

que exista já uma vasta pesquisa sobre o tema, nomeadamente<br />

estudos comparativos entre atletas de topo e de pessoas regulares<br />

– à falta de melhor expressão. Definindo a personalidade, usando<br />

as palavras de Hernández-Ardieta, como a “organização mais ou<br />

menos estável e duradoura do caráter, temperamento, inteligência<br />

e constituição física de uma pessoa que determina sua forma<br />

peculiar de se ajustar ao ambiente e interagir com ele”. Entende-se<br />

asssim, que não são somente de características psicológicas relacionadas<br />

à personalidade, como também de aspectos físicos.<br />

PAtletas<br />

despor<br />

coletiv<br />

caracte<br />

por ser<br />

extrove<br />

depend<br />

do gru<br />

possui<br />

person<br />

menos<br />

nadas<br />

Egocen<br />

48 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Personalidade<br />

erfil<br />

dos atletas de<br />

topo<br />

de<br />

tos<br />

os<br />

rizam-se<br />

em mais<br />

rtidose<br />

entes<br />

po, e<br />

am uma<br />

alidade<br />

direcioao<br />

ego e<br />

trismo<br />

P<strong>ed</strong>ro M. Silva, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Contato@desportoeesport.com<br />

Apesar dos estudos já existirem desde a<br />

década de 70, os resultados são díspares e<br />

muitas vezes contraditórios, assim vamos<br />

apresentar algumas das ideias chaves,<br />

mesmo que eventualmente possam em alguns<br />

pontos parecer ideias antagónicas. A própria ideia<br />

entre a existência de diferenças de perfil é ainda<br />

alvo debate – o que dá desde já a ideia das diferentes<br />

escolas de pensamento relativamente a este<br />

assunto.<br />

Maresh e colegas, pelas suas pesquisas, afirmam:<br />

“atletas eram mais introvertidos, pensativos<br />

e tinham níveis inferiores de raiva em<br />

relação aos não-atletas... “ e concluem<br />

ainda “... que os atletas<br />

possuíam melhor perfil iceberg,<br />

apresentando menores índices de<br />

tensão, depressão, raiva, fadiga<br />

e confusão mental e maior índice<br />

de fadiga que os não-atletas.<br />

Resumidamente, os atletas apresentavam<br />

características mais<br />

positivas que os não-atletas”.<br />

Por seu lado, Weinberg afirma que : “que atletas de<br />

desportos coletivos caracterizavam-se por ser mais<br />

extrovertidos e dependentes do grupo e possuir<br />

menor direcionamento da orientação ego. Quanto<br />

aos atletas de desportos individuais, estes também<br />

demonstraram ser mais dependentes de um grupo<br />

que os não-atletas; no entanto, diferenciavam-se<br />

por índices mais altos de objetividade e níveis de<br />

ansi<strong>ed</strong>ade mais baixos”. Hernández-Ardieta afirma<br />

por exemplo que os “atletas são mais agressivas,<br />

independentes e mais emocionalmente estáveis e<br />

mais orientadas ao trabalho que as não-atletas”.<br />

Um dos estudos mais abrangentes sobre o tema<br />

desenvolvidos por Dobosz e Beaty apontaram o<br />

fato de os atletas possuírem maior habilidade de<br />

liderança que não-atletas. No referido estudo, separaam<br />

os atletas em diferentes grupos consoante as<br />

modalidades praticadas e as caracteristicas destas,<br />

e encontraram que os corr<strong>ed</strong>ores possuíam menores<br />

níveis de stresse, depressão e raiva que atletas<br />

de esportes coletivos eram menos neuróticos e que<br />

atletas de esportes de resistência eram mais extrovertidos<br />

que os não-atletas. Félix Guillén García e<br />

colegas, contrariam alguns dos factos acima: “os<br />

atletas apresentaram maior índice de insegurança<br />

e retração nas relações pessoais, irritabilidade,<br />

estresse mais freqüente e serem emocionalmente<br />

mais lábeis que os não-atletas”.<br />

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LEGADO<br />

COPA 2014<br />

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A análise dos:<br />

IMPACTOS AMBIENTAIS:<br />

DA COPA DO BRASIL<br />

Clara S. Costa, Professora<br />

universitária de sociologia<br />

Contato@desportoeesport.com<br />

Muitas discussões a cerca dos megaeventos<br />

esportivos têm sido feitas desde 2007,<br />

altura que o Brasil venceu a candidatura<br />

à realização da Copa 2014, envolvem os<br />

benefícios relacionados ao incentivo<br />

ao esporte nacional, ao incremento no<br />

turismo e na economia e às obras de<br />

infraestrutura (sistema de transporte<br />

urbano, aeroportos, arenas esportivas,<br />

comércio, etc). As manifestações<br />

populares em junho de 2013 durante<br />

a Copa das Conf<strong>ed</strong>erações, popularmente<br />

denominadas de “O Gigante<br />

acordou!” ampliaram a discussão<br />

relativa aos gastos dos megaeventos<br />

esportivos e os prejuizos para as<br />

populações brasileiras com enormes<br />

carências sociais. No entanto, para<br />

o debate, poucas são as vezes que o<br />

legado ambiental deixado por esses<br />

eventos esportivos é central, se dando<br />

sempre maior relevância aos impactos<br />

económicos. O que é totalmente<br />

errado, uma vez que a deterioração<br />

da qualidade do ar ou a alteração da<br />

qualidade e das propri<strong>ed</strong>ades físicas<br />

do solo ou o efeito de estufa, podem<br />

ter danos bem mais duradouros que<br />

prejuízos económicos e afetam a todos<br />

por igual.<br />

Segundo as mais recentes estimativas, do<br />

Ministério do Meio Ambiente, calculou-se<br />

que “11 milhões de toneladas de gás carbônico<br />

sejam liberadas por causa das obras<br />

no país. A quantidade é igual ao consumo<br />

de energia de 181 mil domicílios, suficiente<br />

para iluminar um município do tamanho<br />

de Santos (SP) durante um ano. A Copa<br />

das Conf<strong>ed</strong>erações (2013) e a do Mundo<br />

(2014) lançarão 804.396 mil toneladas de<br />

gases de efeito estufa apenas em Minas<br />

Gerais. Cerca de 75% dessas emissões são<br />

provenientes dos deslocamentos de avião,<br />

hosp<strong>ed</strong>agem e alimentação dos turistas.<br />

Essas 804 mil toneladas de GEE correspondem<br />

a um quarto do total emitido<br />

anualmente pela capital, Belo Horizonte.<br />

“Infraestrutura” é a segunda maior categoria<br />

de emissões (16%), seguida por<br />

“Estádios” (5%) e “Operações” (3%).<br />

“Infraestrutura” reúne emissões de GEE<br />

provenientes dos centros de treinamento,<br />

rodovias, BRT (transporte rápido de ônibus),<br />

aeroporto. A categoria “Operações”<br />

corresponde às atividades de toda mão de<br />

obra empregada durante o evento (FIFA ,<br />

voluntários e atletas) e às estruturas temporárias<br />

(Fan Fest, instalações da FIFA<br />

dentro dos estádios, etc.), além da imprensa<br />

internacional, transporte terrestre, cerimônias,<br />

entre outras.<br />

Para o especialista Henriques-Junior a<br />

forma de mitigar os impactos negativos<br />

é pela tecnologia: “a diminuição do uso<br />

de fontes fósseis na geração e uso de<br />

energia, a adoção de fontes energéticas<br />

renováveis, a implementação de novos<br />

modelos nas atividades da agropecuária,<br />

o controle da disposição de resíduos, a<br />

eliminação de desmatamentos e a captura<br />

e armazenamento de carbono”. Em Belo<br />

Horizonte, a proposta de mitigação dos<br />

impactos da reforma do Estádio Mineirão<br />

se baseou, conforme os organizadores,<br />

em reaproveitamento de cerca de 90% dos<br />

resíduos sólidos, doação das antigas cadeiras<br />

para estádios de menor porte do interior<br />

do Estado, reutilização da grama e terra,<br />

doação da madeira das árvores suprimidas<br />

para artesãos, implantação de usina solar<br />

na cobertura do estádio e reservatório para<br />

captação de água da chuva<br />

GEE na atmosfera são o dióxido de carbono<br />

(CO2), metano (CH4), óxido nitroso<br />

(N2O), carbono-fluorados (HFC`s e<br />

PFC`s) e hexafluoreto de enxofre (SF6).<br />

Estes gases estão relacionados com o<br />

aumento do efeito estufa no Planeta. O<br />

aumento desses gases na atmosfera tem<br />

levado a um impacto no equilíbrio da<br />

quantidade de radiação solar do planeta,<br />

tendendo ao aquecimento da superfície<br />

da Terra.<br />

Análise ao legado ambiental da Copa 2014<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 51


Os principais impactos negativos<br />

ambientais<br />

OS IMPACTOS<br />

SOCIAIS<br />

Sugundo o dossier “Megaeventos e violação<br />

de direitos humanos no Brasil”:<br />

Enquanto os governos, organizações internacionais<br />

(FIFA, COI ) e empresas envolvidas<br />

na promoção dos eventos anunciam os<br />

possíveis benefícios, a experiência internacional<br />

das cidades e países onde já houve<br />

a realização de megaeventos demonstrou<br />

que os impactos gerados não significaram<br />

melhorias reais nas condições de vida e na<br />

ampliação dos direitos de toda a população,<br />

sobretudo das pessoas mais pobres<br />

e vulneráveis. Em muitos casos, estes<br />

megaeventos têm gerado efeitos negativos<br />

sobre diversos segmentos sociais, especialmente<br />

sobre aqueles que historicamente<br />

são excluídos/as, como: moradores/as de<br />

assentamentos informais, migrantes,<br />

moradores em situação de rua, trabalhadores/as<br />

sexuais, mulheres, crianças e adolescentes,<br />

comunidades indígenas e afrodescendentes,<br />

vend<strong>ed</strong>ores/as ambulantes e<br />

outros trabalhadores/as informais, inclusive<br />

da construção civil. As remoções e os<br />

despejos forçados destes grupos sociais são<br />

as violações mais comuns no Brasil e em<br />

outros países s<strong>ed</strong>e de megaeventos”.<br />

Não se pode deixar ainda de discutir os<br />

inúmeros despejos de famílias (remoções<br />

involuntárias) em função das obras da<br />

Copa. Segundo o jornal The New York<br />

Times, cerca de 170 mil pessoas devem<br />

ser despejadas até a Copa do Mundo e a<br />

Olimpíadas, para dar lugar a intervenções<br />

urbanas para os eventos. Destaca-se que as<br />

indenizações estão bem abaixo do valor de<br />

mercado e, quando são oferecidas moradias,<br />

as casas ficam a até 60 km de distância<br />

do local de origem. Por fim, o dossier<br />

acima referido reúne casos de impactos e<br />

violações de direitos humanos nas obras e<br />

transformações urbanas empreendidas para<br />

a Copa do Mundo e as Olimpíadas no<br />

Brasil, sobretudo nas áreas de moradia,<br />

trabalho, informação, participação e repre-<br />

Meio Físico<br />

· Deterioração da qualidade do ar.<br />

· Alteração da qualidade e das propri<strong>ed</strong>ades<br />

físicas do solo.<br />

· Aceleração dos processos erosivos.<br />

· Assoreamento de corpos hídricos.<br />

· Modificação da paisagem.<br />

· Impermeabilização do solo e escoamento<br />

superficial.<br />

· Contaminação do solo e das águas<br />

superficiais e subterrâneas.<br />

· Alteração na qualidade das águas<br />

superficiais e subterrâneas.<br />

Meio Biótico<br />

· Assoreamento de corpos hídricos.<br />

· Supressão ou alteração na composição<br />

florística de fragmentos florestais<br />

próximos..<br />

Meio Antrópico – Tráfego<br />

· Elevação do fluxo de p<strong>ed</strong>estres na<br />

área, com aumento de riscos de acidentes.<br />

· Aumento do número de usuários das<br />

linhas alimentadoras.<br />

· Aumento de filas e tempo de percurso<br />

de veículos.<br />

sentação popular, meio ambiente, acesso<br />

a serviços e bens públicos, mobilidade e<br />

segurança pública.<br />

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Algumas ações de mitigação de impactos<br />

ambientais forma realizadas ainda em<br />

2013, como a exigência, na contratação<br />

das estruturas temporárias para o entorno<br />

do estádio e Fan Fest, de requisitos de<br />

sustentabilidade, como lâmpadas com<br />

eficiência energética, instalações sanitárias<br />

que economizem água, uso de<br />

madeira certificada, tintas e adesivos à<br />

base de água e de baixa emissão de COV<br />

(Composto Orgânico Volátil), r<strong>ed</strong>ução<br />

das áreas de ar condicionado, realização<br />

de coleta seletiva e reciclagem de<br />

resíduos gerados.<br />

Existe ainda a proposta de pagamento<br />

por serviços ambientais, como programas<br />

de reflorestamento, e parcerias<br />

para projetos de compensação ambiental.<br />

Outra ideia, a exemplo da Rio+20,<br />

são contribuições financeiras de pessoas<br />

físicas e jurídicas para execução de projetos<br />

de compensação de emissões, já<br />

que o maior volume emitido provém dos<br />

espectadores. Em março de 2013 foi lançado<br />

o Mapa de Conflitos Ambientais de<br />

Minas Gerais, produzido por grupos de<br />

pesquisa de três universidades mineiras:<br />

a Universidade F<strong>ed</strong>eral de São João del-<br />

Rei (UFSJ), a Universidade F<strong>ed</strong>eral de<br />

Minas Gerais (UFMG) e a Universidade<br />

Estadual de Montes Claros (Unimontes)<br />

mudando o termo impacto ambiental,<br />

o termo conflito ambiental pressupõe a<br />

existência de, pelo menos, dois atores<br />

sociais: aquele que causa o problema<br />

ambiental, decorrente de seus interesses<br />

político-econômicos, e aquele que se<br />

organiza, em atitude de contestação. O<br />

futuro dirá as verdadeiras consequencias.<br />

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BARCELONA, PEP GUARDIOLA E TIKI-TAKA<br />

AQUI NASCEU O MELHOR FUTEBOL DO MUNDO<br />

M<br />

O brilhantismo no Barcelona da era de<br />

Guardiola é indesmentível. O futebol<br />

praticado brilhante. Mas, replica-lo,<br />

para os clubes rivais, era uma tarefa<br />

impossível. O principal problema: como é<br />

que eles faziam aquilo!<br />

elhor futebol de sempre: brilhante, dominador e imbatível! Mesmo os mais críticos<br />

do modelo de Guardiola no FC Barcelona são incapazes de negar a qualidade do<br />

jogo da equipa catalã e a forma como se superiorizou a todos durante um bom<br />

período de anos. Vindo, e tendo apenas experiencia como treinador, das camadas<br />

jovens do mesmo Barcelona, contruiu, renovou e ampliou a ideia de jogo de Johan<br />

Cruijff também ele ex-jogador e treinador do Barça. Cruijff foi para muitos o<br />

maior pensador e um dos mais originais técnicos da história do futebol,<br />

sendo que investiu muito mais energias no ataque. Para ele não existia<br />

problema se sofresse 4 golos, desde que marcasse 5. Guardiola também<br />

queria marcar os mesmos 5 golos, mas não quer sofrer nenhum<br />

e dessa obsessão por manter sempre a bola longe da sua baliza –<br />

A pressão constante sobre o esférico. A caça à bola é constante,<br />

im<strong>ed</strong>iatamente após a sua perda; isto assenta em dois princípios<br />

basilares no modelo de jogo de Guardiola independentemente da<br />

tática: ter sempre a bola e recupera-la ainda na primeira fase de<br />

construção da equipa adversária, onde está mais vulnerável e se<br />

pode criar mais estragos.<br />

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JULEN LOPETEGUI<br />

O QUE ESCREVIA O TECNICO DO FCP<br />

SOBRE O AMIGO GUARDIOLA: MILAN,<br />

TÁTICA, MESSI E MARADONA<br />

O atual treinador do FC Porto, durante uma curta<br />

pausa de treinador em 2009, assinava o blog “Lopeteguía”<br />

no jornal La Información, e nos seus<br />

textos abordou por diversas vezes o amigo a entigo<br />

companheiro no Barcelona. Num dos seus<br />

textos, possivelmente mesmo o mais popular,<br />

Lopetegui comparou o Barça de Pep ao Milan de<br />

Sacchi, descreveu uma lição do catalão e até<br />

convidou Maradona, o então selecionador<br />

argentino, a imitar Guardiola,<br />

e a usar Messi, como este era<br />

usado em Barcelona.<br />

“Jogadores diferentes<br />

fazem um<br />

f u t e b o l<br />

diferente”,<br />

foi assim que o tecnico Basco começou o<br />

texto. “O onze de Guardiola é uma equipa, uma<br />

equipaça, que interpreta o futebol na perfeição<br />

quando não tem a bola.” Comparando de forma<br />

inequívoca o Barça 2009/2010 ao Milan de Arrigo<br />

Sacchi, que ficara na história, por causa da intensa<br />

pressão na hora de defender. Afirmando ainda: “É<br />

uma equipa que toda a gente sabe que joga bem.<br />

(…) Por cima de qualquer consideração, é uma equipa<br />

muito compacta defensivamente.”<br />

O jogo coletivo do Barça, dizia então, estava “acima<br />

de tudo”. Era isso que o cativava, era isso que<br />

ele gritava ao mundo: uma equipa de jogadores<br />

que estão na mesma página é mais importante do<br />

que uma com craques que muitas vezes resolvem<br />

recorrendo à arte individual. Uma clara alusão ao<br />

Real Madrid de Pellegrini e da sua constelação de<br />

estrelas, que na opinião do técnico do FC Porto,<br />

jogavam sempre individualmente e para si.<br />

Os elogios para o amigo Guardiola<br />

eram frequentes: “Encanta-me<br />

como Guardiola gere as<br />

distintas situações.<br />

Dá inteligência e<br />

equilíbrio a<br />

tudo o<br />

F. C. Barcelona<br />

que<br />

r o -<br />

deia a equipa,<br />

e consegue<br />

manter a mesma concentrada<br />

no mais importante,<br />

libertando-a de qualquer<br />

pressão que chegue de fora.” E continua:<br />

“Guardiola elevou à máxima expressão<br />

o significado da palavra ‘equipa’, e saiu-lhe na<br />

perfeição.” Como é facil perceber a paixão pelo<br />

coletivo do Basco já era aqui bem notada. E, nas<br />

suas crónicas Lopetegui aproveitou igualmente<br />

para elogiar a forma como Pep trabalhava com<br />

Messi e lhe “dava asas” ao contrario de Maradona ,<br />

que retirava a magia ao craque argentino:” Porque<br />

o que Pep faz é sacar-lhe as p<strong>ed</strong>ras da mochila<br />

[as que Maradona havia colocado]. Tira-lhe peso<br />

e devolve-lhe o ar que necessita para fazer uma<br />

cueca, arrancar sem pensar, tentar uma loucura<br />

em solitário… A Guardiola não lhe falta exigência.<br />

É tremendamente exigente com os seus jogadores,<br />

m a s<br />

também consigo<br />

mesmo.<br />

E Guardiola sabe que<br />

Messi é um tipo absolutamente<br />

responsável e auto-exigente.”<br />

Não é de estranhar então que hoje o tecnico<br />

Basco tente implementar o mesmo estilo do Barcelona/Guardiola<br />

ao FC Porto.<br />

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“O NOME DE GUARDIOLA NÃO REPRESENTA<br />

SIMPLESMENTE MAIS UM HOMEM; ELE TEM<br />

VINDO A REPRESENTAR UMA FÉ, UMA CRENÇA,<br />

UMA FILOSOFIA; UMA FILOSOFIA QUE ALCANÇA<br />

O SUCESSO DE FORMA CONSISTENTE E AO MAIS<br />

ALTO NÍVEL˝<br />

VIRENDRA KARUNAKAR<br />

A<br />

regra dos 5 segundos, entra nesta<br />

logica, que quando a recuperação<br />

da bola não é im<strong>ed</strong>iata, é preciso<br />

recuar e “compactar” como uma<br />

par<strong>ed</strong>e em apenas 25 a 30 metros. O que para muitas<br />

equipas seria impossível, para o Barcelona de<br />

Pep, não o era, já que o posicionalmente entre os<br />

vários futebolistas é sempre muito próximo. O próprio<br />

Cruijff afirmou que “ o Barcelona ganha a bola<br />

tão rapidamente porque eles não precisam de correr<br />

mais que 10 metros”, e, isso é total mérito de Guardiola.<br />

Após a defesa em “par<strong>ed</strong>e” estar perfeitamente<br />

construída, a equipa como um bloco pressiona novamente,<br />

e dar o máximo sempre que o adversário<br />

controla mal a bola ou faz um passe errado ou menos<br />

certeiro. Existe uma outra “ordem” de Pep: os jogadores<br />

devem intensificar a pressão sempre que o<br />

jogador adversário se vira para a própria baliza. Isto<br />

restringe as suas ações e aumenta a possibilidade do<br />

erro. Na pior das hipóteses, a equipa ganha terreno,<br />

um pouco à imagem do rugby. A pressão nos jogadores<br />

adversário é feita segunda a regra 1:3, em que<br />

um dos jogadores ataca a bola, enquanto 3 jogadores<br />

cercam o portador da bola em forma de anel, com uma<br />

distancia de 3 ou 4 metros, oferecendo várias camadas<br />

de proteção e de reação aos movimentos da bola. No<br />

Barcelona, ao contrário da maioria das equipas, nunca<br />

foi ideia de Guardiola atacar a baliza adversária com<br />

tudo após a recuperação da bola. O Barcelona preferia<br />

reorganizar-se os seus jogadores em campo e movimentar<br />

a bola até encontrarem um passe de penetração para<br />

o centro da grande-área. A posse de bola, e o famoso<br />

Tiki-taka, é a imagem de marca de Guardiola, e baseiase<br />

em dois precipícios: se tens a bola, a equipa adversária<br />

não pode marcar - uma equipa curta e compactada como<br />

era a do Barcelona (e ainda o é com Luiz Enrique) ter a<br />

bola é uma necessidade absoluta. Em segundo, fazer a<br />

equipa adversária correr atras da bola, desgasta-a, o que<br />

irá faze-la cometer mais erros com o avançar do relógio.<br />

Tres jogadores foram fundamentais para o Barcelona de<br />

Pep: iniesta, Xavi e Messi. Sem os dois primeiros, a rotação<br />

da equipa não existiria; e sem Messi, não existiria<br />

a magia, e como sempre acontece no futebol, não se teriam<br />

resolvido as situações em que o coletivo não basta.<br />

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INIESTA, XAVI E MESSI FORAM AS TRÊS PEÇAS FUNDAMENTAIS PARA O ÊXITO<br />

DA EQUIPA DO FC BARCELONA DA ERA DE GUARDIOLA, TANTO INTERNAMENTE<br />

COMO NA EUROPA.<br />

BARCELONA - AS TATÍCAS<br />

OS VÁRIOS MODELOS TÁTICOS DA EQUIPA DE GUARDIOLA<br />

No principio havia o 4-3-3<br />

Na primeira temporada no Barcelona,<br />

Guardiola operou a sua equipa pronominalmente<br />

no 4-3-3, seguro na posse da bole,<br />

movendo a bola constantemente do centro<br />

para as laterais e vice-versa, na constante<br />

procura do desequilíbrio da equipa adversaria,<br />

com uma rapidez de execução acima da<br />

média, com dois ataques no pico da forma,<br />

Thierry Henry e Samuel Eto’o, e o génio<br />

de Lionel Messi a despoletar. Atrás Sergio<br />

Busquets, promovido da equipe B ou Toure,<br />

como médios mais defensivos, e no centro<br />

do terreno Andres Iniesta e Xavi, uma dupla<br />

que era o motor da equipa.<br />

Com a saída de Eto’o e com a experiencia<br />

falhada de Zlatan Ibrahimovic como homem<br />

golo, Messi foi convertido a atacante centro.<br />

Uma decisão acertada já que os números na<br />

concretização de Messi dispararam – 2008-<br />

09 foi a última vez que Messi marcou menos<br />

de 49 golos em todas as competições. Este<br />

modelo tático abdicou do que vulgarmente<br />

é chamado de número 9 e de uma referência<br />

fixa na grande área, viveu sobretudo<br />

da mobilidade e do entendimento dos três<br />

homens da frente.<br />

No ano seguinte, um novo ano de glória<br />

para a equipa do Barcelona, deu-se aquilo<br />

que se convencionou-se chamar-se troca por<br />

troca, David Villa ocuparia o papel de Henry<br />

fora de largura à esquerda após a partida do<br />

francês e P<strong>ed</strong>ro iria assumir o cargo de largura<br />

direita – sendo que este ultimo ocupava<br />

um lugar muito intermitente no onze titular.<br />

Depois apareceu o 4-4-2 que se desdobrava<br />

no 4-1-3-2<br />

Na última época de Guardiola à frente do<br />

Barcelona, apareceu um jogador que haveria<br />

de “obrigar” a mudar a conceção tática da<br />

equipa – Cesc Fabregas.<br />

Uma mudança para o 4-4-2 e a introdução<br />

do conceito de falso 9 e com a substituição<br />

de P<strong>ed</strong>ro por Alexis Sanchez. Com a mobilidade<br />

dos homens da frente o modelo tático<br />

muitas vezes alterava-se para um 4-1-3-2<br />

com Messi e Sanchez na frente. Alves na<br />

lateral e Abidal ao centro eram duas peças<br />

fundamentais para manter a fluidez de jogo<br />

e Busquets assumia para si um papel chave<br />

na manutenção dos equilíbrios.<br />

Do tempo de Guardiola no Barcelona haveria<br />

de ficar também a perceção que o jogo<br />

ofensivo deve começar nos defesas e a<br />

boa qualidade destes com a bola nos pés é<br />

elementar para a equipa. Fica igualmente a<br />

qualidade das desmarcações e do jogo sem<br />

bola de todos os jogadores, na constante<br />

procura de oferecer linhas de passe. Por fim,<br />

salienta-se também a qualidade na recuperação<br />

de bola onde os jogadores funcionavam<br />

como um bloco coeso no desarme do jogador<br />

adversário portador da bola.<br />

Continua na pág. 64<br />

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Desfazendo os mitos<br />

e as meias-verdades<br />

CAFEÍNA & O AUMENTO DA<br />

PERFORMANCE DESPORTIVA<br />

Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

cafeína é a “droga” mais consumida pela nossa soci<strong>ed</strong>ade. As bebidas<br />

energéticas, ao longo das últimas duas décadas, têm-se popularizado<br />

transversalmente entre atletas profissionais e amadores das mais dife- Arentes modalidades.<br />

O café e chás tornam ainda mais acessíveis o consumo de cafeína<br />

aos atletas, o que aumenta cada vez mais o duas importantes<br />

questões: os altos consumos que se verificam hoje de cafeína no<br />

desporto é seguro para a saúde dos desportistas? E a cafeína realmente<br />

melhorar o desempenho atlético?<br />

A cafeína é classificado como um estimulante do sistema nervoso<br />

central, e como todos nós sabemos, é genericamente usada para<br />

aumentar a excitação e atenção e para compensar a fadiga física<br />

e mental. Ela também tem efeitos no sistema cardiovascular, pulmonar<br />

e neuromuscular. Um número de atletas e treinadores consideram<br />

cafeína como um recurso ergogênico. Ou seja, em traços<br />

largos: a sua utilização pode melhorar o desempenho atlético. A<br />

cafeína foi o primeiro colocado no Comitê Olímpico Internacional<br />

(COI) como substância proibida em 1962, retirado em 1972,<br />

em seguida, de novo adicionada em 1984. Em 2003, a Agência<br />

Mundial Anti-Doping (WADA) cafeína foi por fim removida<br />

como uma substância proibida, considerando-se que o seu uso é<br />

apenas um “estimulante suave”.<br />

A NCAA, por seu lado, lista a cafeína como uma substância proibida,<br />

se e só se, os seus níveis na urina exc<strong>ed</strong>erem 15ug / ml. Um<br />

nível bem elevado, ora vejamos: uma uma caneca de café forte<br />

iria apenas apontar entre 4-5 ug / ml, num atleta de 70 kg . Assim,<br />

quantidades moderadas de cafeína como a encontrada no café<br />

ou bebidas energéticas são unicamente considerados um auxílio<br />

ergogênico legal. E segundo estas entidade sem um forte impacto<br />

na performance dos atletas.<br />

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A cafeína é classificado como um estimulante do sistema nervoso<br />

central, e é genericamente usada para aumentar a excitação e<br />

atenção e para compensar a fadiga física e mental.<br />

Efeitos da cafeína sobre o sistema neuromuscular e<br />

sobre as actividades de força e potência são confusas<br />

e muitos estudos contraditórios. Os estudos de<br />

laboratório sobre o tecido muscular mostram que<br />

a cafeína aumenta a força muscular. No entanto, as<br />

concentrações de cafeína utilizadas nestes estudos<br />

em animais exc<strong>ed</strong>em a razoabilidade de consumo;<br />

frequentemente com concentrações entre 100 a<br />

500 vezes mais elevado do que os níveis de sangue<br />

encontrados em humanos, mesmo após o consumo<br />

excessivo de cafeína.<br />

O consenso actualmente é que a ingestão de cafeína<br />

por seres humanos com valores de aproximadamente<br />

300 mg, um valor altíssimo, não tem nenhuma<br />

influencia sobre a força muscular ou poder de<br />

um atleta. Os poucos estudos cr<strong>ed</strong>íveis que apontam<br />

em sentido do aumento de performance, diz que<br />

esse aumento é ligeiro, quase imperceptível e pouco<br />

notado em competição.<br />

Por outro lado, diversos estudos mostraram que a<br />

cafeína r<strong>ed</strong>uz a reacção, a decisão e os tempos de<br />

movimento, devido aos seus efeitos sobre o sistema<br />

nervoso centra. Este efeito pode ser benéfico em<br />

desportos como o Ténis ou futebol, onde reacções<br />

rápidas de movimento são cruciais. Deve salientarse<br />

a cafeína também pode afectar negativamente o<br />

controle do movimento. Aumentar o nervosismo<br />

e r<strong>ed</strong>uzir a firmeza dos músculos e afectar inclusive<br />

as habilidades motoras finas e os movimentos<br />

precisos. Isso em suma significa que prejudica o<br />

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o desempenho técnico de um atleta.<br />

A cafeína no futebol<br />

No futebol, a problemática da cafeína tem sido alvo de<br />

vários estudos recentes sobre os seus efeitos sobre o desempenho<br />

durante os jogos, sempre em competição simulada.<br />

Nestes estudos, quantidades moderadas de cafeína são<br />

dadas 60 minutos antes do exercício.<br />

Em geral, estes estudos mostram que o desempenho físico,<br />

especialmente durante as últimas fases do jogo pode ser<br />

melhorado. Isso inclui a velocidade e número de sprints, a<br />

capacidade de salto e a agilidade. A percepção do esforço<br />

parece ser mantida também. Isso se aplica a ambos os<br />

jogadores masculinos e femininos. Quanto ao desempenho<br />

técnico, os resultados são irregulares. Drible, passe e recepção<br />

melhorou apenas marginalmente em alguns estudos e<br />

não se verificou qualquer alteração. Assim, com base nos<br />

estudos de pesquisa, deve-se concluir que o uso de cafeína<br />

pode beneficiar o desempenho jogo. Em particular, o desempenho<br />

físico e esforço perto do final de um jogo pode<br />

ser melhorado.<br />

Os perigos da cafeína<br />

Em primeiro lugar, é bem sabido que os utilizadores da<br />

cafeína podem desenvolver uma dependência fisiológica.<br />

Ao longo do tempo, como a cafeína é usado numa base<br />

regular, os efeitos benéficos muitas vezes diminuem. Além<br />

disso, as dores de cabeça, fadiga, náusea e irritabilidade<br />

tipicamente ocorrem em indivíduos com dependência de<br />

cafeína quando em abstinência. A dependência psicológica<br />

é também uma realidade. Um atleta que toma cafeína e tem<br />

um jogo excelente em breve poderá sentir que a cafeína é<br />

necessária a fim de competir. Sem ela, o desempenho será<br />

prejudicado. Assim, utilizando cafeína para melhorar o<br />

desempenho pode levar um jogador por uma ladeira escorregadia<br />

para tanto dependência fisiológica e psicológica.<br />

Em segundo lugar, a cafeína pode ter um número de efeitos<br />

secundários indesejados adicionais. Mesmo quantidades<br />

moderadas de cafeína pode causar ansi<strong>ed</strong>ade, nervosismo e<br />

o nervosismo em alguns jogadores, os quais podem prejudicar<br />

drasticamente o desempenho. Além disso, os padrões<br />

de sono podem sair prejudicados.<br />

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Efeito dos alongamentos<br />

nos lances-livre<br />

Rodolfo R. Pires, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Contato@desportoeesport.com<br />

A<br />

importância dos alongamentos e a influência<br />

que podem ou não nos lances livres,<br />

im<strong>ed</strong>iatamente antes do lançamento parece<br />

ter uma maior relevância ao que previamente se fazia<br />

supor. Um estudo desenvolvido Maria Silva e colegas<br />

“Efeitos im<strong>ed</strong>iatos do alongamento dobre o número de<br />

acertos e aprecisão do arremesso de Basquetebol”. Numa<br />

análise com vários atletas onde foram estatisticamente<br />

observados lançamentos sem e com lançamentos livres<br />

chegaram-se às seguintes conclusões: Na primeira análise<br />

(sem alongamentoou aquecimento) 8,25(DP=3,41) acertos.<br />

Onde 5,37(DP=2,82) foram cesta direta, 0,12(DP=0,35)<br />

tabela e cesta e 2,75(DP=1,83) aro e cesta, 1,62(DP=2,72)<br />

tabela e erro e 4,75(DP=2,12) aro e erro. No segundo dia<br />

de coleta estabeleceu-se 10,62 (DP=3,02) acertos com<br />

6,87(DP=3,13) cestas diretas, 0,62(DP=0,91) tabela<br />

e cesta, 3,12(DP=1,64) aro e cesta, 0,87(DP=0,99) tabela<br />

e erro e 3,25(DP=2,60) aro e erro. A análise estatística<br />

dos acertos apontou p=0,01, para as cestas diretas p=0,06,<br />

para os arremessos com tabela e cesta p=0,05, aro e cesta<br />

p=0,37, tabela e erro p= 0,18 e aro e erro p= 0,02.<br />

Pode-se concluir, após estes resultados, que exercicios de<br />

alongamento, quando realizado im<strong>ed</strong>iatamente antes do<br />

lance-livre, aumenta a percentagem número de acertos.<br />

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As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma online<br />

estão abertas para publicação de artigos e matérias<br />

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Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias<br />

informativas, cartoons, contos literários, Banda desenhada<br />

(ficção) e artigos científicos.<br />

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exceção são os artigos científicos pela qual o autor deverá<br />

ter os direitos de republicação.<br />

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“sotaques” não são problema.<br />

3 – No topo do texto deve ser indicada a preferência no<br />

meio de publicação. Ex: Exclusivamente na revista digital.<br />

Exclusivamente na plataforma Web. Ambas. Preferencialmente<br />

na revista digital. Todos os textos com<br />

mais de 600 palavras e devem vir acompanhados de um<br />

pequeno resumo ou Abstract.<br />

...<br />

Estamos à sua espera...<br />

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BAYERN DE MUNICH : SABER FAZER<br />

EVOLUIR UMA IDEIA!<br />

A ANARQUIA TÁTICA… PARA OS ADVERSÁRIOS<br />

Munich viu chegar Guardiola numa altura em que tinha ganho tudo - campeonato, taça e Champions; mas os seus dirigentes<br />

queriam mais, queria dominar por uma década o futebol europeu. Para isso, Guardiola apostou numa formação 4-1-4-1.<br />

A tática imposta por Guardiola teve como objetivo explorar a profundidade do Bayern no meio-campo, especialmente<br />

em torno da capacidade de Toni Kroos para distribuir, circular em todo o meio do campo e igualmente assumir o papel de<br />

organizador de jogo. Enquanto no Barça, Guardiola tinha jogadores de baixa estatura à sua disposição, que eram muito bons na posse; no<br />

Bayern tinha jogadores mais diretas e verticais como Thomas Müller, Arjen Robben e Franck Ribery o que permitia uma maior variação<br />

de passe curto com passe longo, tornando sempre imprevisível o que a equipa ia fazer num determinado momento. Philip Lahm, o melhor<br />

lateral-direito do mundo, foi “re-programado” para jogar como m<strong>ed</strong>io defensivo e passou a fazer dupla com Bastian Schweinsteiger. Esta<br />

mudança mostrou-se fundamental para criar o tipo de jogo que Guardiola tanto gosta e passa pela manutenção da bola o maior tempo possível<br />

e foi igualmente importante para a variação passes – entre curto e longo – bem como transportar o esférico em que Lahm é especialista.<br />

Rafinha, que ocupou a vaga deixada vaga por Lahm na direita também se mostrou um enorme trunfo para o ataque dado que passou a ocupar<br />

por diversas vezes os espaços deixados vagos por Ribery que passou habitar zonas mais centrais no campo.<br />

64 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


No segundo ano, e após o desaire nas meias-finais<br />

da Champions contra o Real Madrid, Guardiola<br />

fez alterações táticas na equipa, que já se vinham<br />

notando desde o final da época anterior. Guardiola<br />

passou então a usar o que aparentemente uma anarquia tática<br />

permanente, e assente em pelo menos quatro modelos de jogo<br />

usados pelo técnico espanhol: 4-2-3-1, 3-3-3-1, 3-4-3 e o 4-3-3.<br />

Em vários jogos recentes, principalmente após a lesão de Robben,<br />

Pep Guardiola tem mostrado uma preferencia para jogar<br />

em 4-3-3 desdobrando-se em 3-4-3 (figura 2). Com o retorno de<br />

ambos Holger Badstuber para a defesa e Philipp Lahm no meiocampo,<br />

deu o Bayern de Munique um dilema interessante no centro<br />

do meio-campo e uma exigência de que eles abordam onde<br />

David Alaba vai jogar? Contando ainda com Thiago Alcantara<br />

após paragem prolongada por lesão já regressou aos treinos e<br />

com Javi Martinez sempre à espreita. Mas talvez, estes dilemas<br />

não sejam assim tão relevantes: O Bayern de Munique funciona<br />

com um meio-campo com Schweinstegier, Lahm, e Alonso<br />

acrescentando Thiago para a profundidade e rotação. Adicionar<br />

David Alaba à mistura quando Juan Bernat joga e Bayern de<br />

Munique têm os seus dois extremos com um menor fulgor ou<br />

QUATROS MODELOS DE<br />

JOGO: 4-2-3-1, 3-3-3-1, 3-4-<br />

3 E O 4-3-3 - MUTÁVEIS<br />

DE JOGO PARA JOGO E<br />

DURANTE OS JOGOS<br />

lesionados. Junta-se a isso, o fato de que Mario Götze, que tem<br />

funcionado durante toda esta época como um extremo esquerdo,<br />

Lewandowski no meio e Müller no lado direito. Obviamente,<br />

Ribery e Robben nas alas quando em condições físicas. As equipas<br />

de Guadiola têm sempre uma enorme capacidade de reter a<br />

bola, passando entre os vários jogadores o esférico, escondendoa,<br />

conseguindo com isso progr<strong>ed</strong>ir no terreno e criar situações<br />

de golo, ou adormecer o adversário e apostar na verticalidade: A<br />

Verticalidade tenta unir na perfeição dois polos distintos: a posse<br />

de bola e o jogo direto. A Verticalidade mistura elementos de<br />

jogo direto e posse, tornando-o mais atacante e mais agressivo<br />

que o vulgo “tiki-taka” sem que para isso se perca a capacidade<br />

de reter a bola e se coloque a equipa em apuros de uma forma<br />

fácil. A Lateralização do jogo – bola jogada para os lados, para<br />

desequilibrar a posição dos defesas e encontrar espaço; quando<br />

isso não acontece, a bola deve ser jogada para a frente em um<br />

passe longo para rapidamente encontrar os avançados, e num<br />

espaço de segundo ultrapassar todo o miolo do terreno, normalmente<br />

sobrepovoado no futebol moderno.<br />

BEM DEFENDER<br />

PARA MELHOR<br />

ATACAR<br />

Guardiola apostou em uma estratégia<br />

mais defensiva e com maior posse de<br />

bola, após a qu<strong>ed</strong>a nas meias-finais com o<br />

Real Madrid. Voltou a cair na Champions,<br />

mas o sistema continua dinâmico e mais<br />

vivo do que sempre.<br />

Pressionar 100% do jogo é impossível. Guardiola<br />

entende-o na meia-final com o Real Madrid, onde caiu<br />

com uma goleada em casa. E, como o treinador espanhol<br />

bem entendeu, é preferível apostar na inteligência<br />

e tática dos jogadores do que na força, que inevitavelmente<br />

se esgota com o decorrer do jogo. Então<br />

mudou, e alterou, aumentando significativamente o<br />

modelo de jogo da equipa alemã. O sistema táctico da<br />

equipa alterou-se para o 4-2-3-1 ou 4-1-4-1, mudando<br />

ainda para um 3-6-1, com Martinez a trinco, Rafinha<br />

e Lahm de alas, Kroos e Højbjerg no meio, Ribery/<br />

Götze e Robben nas alas e Müller de falso nove como<br />

homem mais avançado. Muitas dessas ideias passaram<br />

para esta presente época, com significativos ganhos<br />

em golos sofrido e na posse de bola. Os números são<br />

interessantíssimos, uma vez que demonstram de forma<br />

clara a mentalidade mais defensiva de ainda maior<br />

posse de bola da equipa alemã, Ao todo, e no mesmo<br />

período, são menos 12 golos sofridos. E subindo em<br />

média mais 10% no índice de posse de bola, cifrandose<br />

agora nos 71%. Elevando para um outro patamar a<br />

ideia que as “equipas de Guardiola jogam e não deixam<br />

jogar, porque o adversário nunca tem a bola“. Os<br />

extremos são fundamentais neste processo, recuando<br />

sempre que a equipa perde a bola, principalmente<br />

quando a equipa joga com 3 defesas; uma das principais<br />

características da forma de trabalhar de Guardiola<br />

é convencer os seus jogadores de que o importante é o<br />

colectivo e só as dinâmicas de grupo interessam, deixando<br />

para segundo plano as necessidade e ambições<br />

pessoas de cada futebolista – já assim tinha acontecido<br />

em Barcelona.<br />

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Arbitragens – calculando a influência da<br />

FADIGA<br />

66 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


ERROS<br />

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Arbitragens, Desgaste e Erros<br />

EXIGÊNCIAS FÍSICAS DAS ARBITRAGENS<br />

Marcos P. Gu<strong>ed</strong>es, especialista e analista do fenómeno desportivo<br />

contato@desportoeesport.com<br />

Nas últimas duas décadas e meia, o futebol profissional experienciou um significativo<br />

avanço nas exigências físicas requeridas pelos atletas - maior intensidade nos jogos e<br />

treinos. Por exemplo, apenas de 2002 para 2006 o número de spints aumentou 50%.<br />

Nesse mesmo período, os médios centro passaram de 10 para 12km percorridos por jogo.<br />

Hoje, em média, percorrem 16 km.<br />

Neste contexto do futebol atual, é<br />

plausível assumir que a exigência física<br />

dos árbitros também tenha sofrido<br />

um aumento significativo. Um tema<br />

pouco tratado, mas fundamental, para<br />

melhor compreender e definir um<br />

treino adequado para uma melhor<br />

adaptação dos profissionais de arbitragem<br />

à potência aeróbia e a potência<br />

anaeróbia dos jogos de futebol<br />

moderno. E ainda mais relevante, se<br />

pensarmos que os árbitros apresentam<br />

em média 15-20 anos a mais que os<br />

jogadores. E, em muito campeonatos,<br />

se trabalha num nível de semiprofissionalismo.Os<br />

mais recentes estudos<br />

demonstraram que os árbitros de elite<br />

do campeonato italiano (série A) são os<br />

que percorrem maior distância durante<br />

os jogos (~13 km), seguidos pelos<br />

árbitros europeus que das competições<br />

europeias (UEFA) (~11,5 km). Alguns<br />

estudos internacionais reportaram que<br />

durante partidas oficiais os mesmos se<br />

deslocam entre 41,8 e 73,8% do tempo<br />

em baixa intensidade (3-13 km/h), 11 a<br />

46,3% em média intensidade (>13-18<br />

km/h) e 4,1 a 17,7% em alta intensidade<br />

(>18 km/h). Somado a isso, a cada<br />

quatro segundos, aproximadamente, há<br />

alteração no modo de deslocamento,<br />

totalizando ~1.300 mudanças. Desse<br />

total ~45% e ~12%, respetivamente,<br />

ocorrem em baixa e alta intensidade.<br />

Assim, temos de considerar que aumento<br />

das exigências físicas do futebol, é<br />

facilmente imaginável que o condicionamento<br />

físico dos árbitros influencie a<br />

qualidade da sua arbitragem. E, o número<br />

de erros por jogo. Principalmente<br />

nos últimos 25 minutos. É importante<br />

salientar que pelo fato do futebol ser<br />

uma modalidade acíclica aberta, diversos<br />

fatores devem influenciar o volume<br />

de deslocamento do árbitro na partida,<br />

tais como o padrão tático das equipes,<br />

condições climáticas, situações específicas<br />

de jogo, estado de fadiga dos<br />

jogadores, entre outros. Na tabela 1,<br />

podemos ver o desgaste do campeonato<br />

Brasileiro<br />

68 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Tabela 1 – Exigência física dos árbitros nas partidas de futebol profissional Brasileiro<br />

Fazendo um curto resumo dos dados<br />

da tabela 1 A distância percorrida,<br />

a velocidade e a frequência cardíaca<br />

foram, respectivamente, 10,50 ± 0,35<br />

km, 6,43 ± 0,26 km/h (média), 19,84 ±<br />

1,56 km/h (máxima), 162,77 ± 7,44 bpm<br />

(média) e 182,22 ± 7,72 bpm (máxima).<br />

Foi evidenciada correlação significativa<br />

entre o VO2máx e a distância percorrida<br />

no segundo tempo (r = 0,517)<br />

(p < 0,05). O VO2máx também apresentou<br />

correlação com a velocidade<br />

“Pelo facto do futebol ser uma modalidade aberta, diversos fatores devem influenciar<br />

o volume de deslocamento do árbitro na partida, tais como o padrão<br />

tático das equipes, condições climáticas, situações específicas de jogo, estado<br />

de fadiga dos jogadores, entre outros”<br />

máxima de deslocamento (r = 0,506)<br />

(p < 0,05). Já o percentual de gordura<br />

apresentou correlação negativa<br />

com a velocidade máxima no segundo<br />

tempo (r = -0,471) (p < 0,05). Sendo<br />

que a idade dos árbitros, quando comparada<br />

com a dos atletas, é superior<br />

em cerca de 10 anos, um valor inferior<br />

ao encontrado em outras modalidades.<br />

Os dados apresentados referem-se ao<br />

estudo de A. Vieira e colegas “O nível<br />

de aptidão física afeta o desempenho<br />

Em diversos estudos, foi detectado uma correlação positiva entre o desempenho<br />

da arbitragem e o VO2máx (r = 0,530) (p < 0,05). Com relação<br />

ao percentual de gordura, o mesmo apresentou correlação negativa<br />

com o desempenho do árbitro em (r = -0,496) (p < 0,05).<br />

Relativamente à hipótese inicial de que<br />

a aptidão física influencia o número de<br />

erros dos árbitros, o mesmo estudo acima<br />

referido confirma essa mesma hipótese:<br />

“ Sendo o futebol dependente, de forma<br />

pr<strong>ed</strong>ominante, do metabolismo aeróbio,<br />

é plausível especular que a maior potência<br />

aeróbia dos árbitros maximize a sua<br />

movimentação durante a partida, permitindo<br />

o acompanhamento das jogadas<br />

de forma mais precisa. Além disso, a<br />

capacidade cardiorrespiratória adequada<br />

maximiza a recuperação entre esforços<br />

intermitentes de alta intensidade, que são<br />

característicos do futebol moderno. Isso<br />

pode facilitar o deslocamento do árbitro<br />

na partida, sem prejuízo no desempenho<br />

das ações em intensidade alta (>18 km/h)<br />

e máxima (>24 km/h).Somado ao exposto<br />

anteriormente, o baixo percentual de<br />

gordura favorece o maior O2 relativo,<br />

além de beneficiar ações relacionadas ao<br />

desenvolvimento de força rápida, como<br />

sprints de curta duração (15-20 m) em<br />

velocidade máxima (>24 km/h). Em contra<br />

partida, o excesso de peso e gordura<br />

corporal poderia afetar, negativamente, o<br />

padrão de movimentação dos árbitros e,<br />

por consequência, o julgamento das jogadas.<br />

Em lances decisivos e polêmicos,<br />

esse acompanhamento poderá determinar<br />

o resultado da partida.” Um treino e preparação<br />

adequadas é indispensável para<br />

eliminar ou precaver erros; assim como<br />

no futuro pode ser importante repensar<br />

(diminuir) a idade limite de 45 anos.<br />

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Gabriella Silva em 2011<br />

anunciou a sua aposentadoria<br />

precoce da natação<br />

com apenas 24 anos<br />

APOSENTADORIA NA VIDA DE EX ATLETAS<br />

“A aposentadoria atlética pode causar dificuldades financeiras,<br />

psicológicas e ocupacionais. O esforço de muitos deles em<br />

manter-se na função exercida se justifica pela necessidade de<br />

postergar a exclusão social pela inatividade, por não saber<br />

exercer outra função e, desta forma, glorificar a si mesmo.<br />

Atletas que se identificam com seus papéis de atleta são<br />

aqueles que tem mais dificuldades com a vida pós-esporte.”<br />

.<br />

Samira Saint Martin<br />

Psicóloga esportiva. Especialista em Terapia Cognitiva.<br />

samira.psicologia@gmail.com<br />

Otema aposentadoria tem despertado discussões em<br />

diversos campos profissionais. Especificamente<br />

na Psicologia, destacam-se estudos sobre as percepções<br />

sociais formuladas sobre esse conceito, questões relativas<br />

ao envelhecimento, reflexões sobre o lugar do trabalho<br />

para o homem e a soci<strong>ed</strong>ade e as decorrências psicológicas<br />

resultantes da dificuldade de adaptação frente ao rompimento<br />

com o trabalho. Decisões, mudanças e dúvidas vocacionais<br />

aparecem não somente no momento da adolescência.<br />

Enquanto para muitos as decisões e mudanças profissionais<br />

são vividas de forma mais tranquila, para outros é muito<br />

difícil tanto se comprometer com escolhas profissionais,<br />

quanto enfrentar períodos de mudança e indecisão.<br />

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Michael Jordan,<br />

indiscutivelmente um<br />

dos melhores basquetebolistas<br />

de sempre,<br />

soube como ninguém<br />

adaptar-se à “reforma<br />

desportiva”, criando<br />

um império de sucesso,<br />

e com uma fortuna<br />

avaliada em mais de<br />

500 milhões de dólares.<br />

Ao se pensar em uma carreira<br />

no esporte, muitos atletas a iniciam<br />

ainda crianças. A carreira<br />

esportiva é composta de uma<br />

sequência de fases, com períodos<br />

de transição, identificados<br />

como: a transição do esporte<br />

infantil para o juvenil, seguida<br />

da transição para o júnior e em<br />

seguida para o adulto; a transição do esporte amador para o profissional<br />

e a transição da carreira esportiva para uma vida pós<br />

esporte. A carreira esportiva em relação a outras é muito curta<br />

e o impacto do término desta, necessita de grandes ajustes na<br />

vida dos atletas. Muitos deles no final da carreira se conscientizam<br />

de que não foram preparados para uma vida pós-esporte,<br />

porque isso acarreta mudanças nos aspectos financeiro, social e<br />

psicológico dos ex atletas.<br />

A qualidade da transição de carreira esportiva e a adaptação à<br />

vida pós esporte depende de fatores atléticos e não atléticos. Os<br />

fatores atléticos são: o término de carreira voluntário e gradual,<br />

a avaliação subjetiva da realização das metas esportivas, planos<br />

de vida pós-esporte, e identidade atlética. Os fatores não<br />

atléticos são: idade e nível <strong>ed</strong>ucacional. Sua influência pode<br />

resultar numa transição bem suc<strong>ed</strong>ida ou em dificuldades no<br />

nível psicológico, físico, social e ocupacional. Essa qualidade<br />

de transição também depende da influência de alguns fatores<br />

específicos, tais como; a causa da aposentadoria, o grau de<br />

identificação com o esporte (identidade atlética), oportunidades<br />

de emprego e <strong>ed</strong>ucação acadêmica na nova vida, qualidade<br />

do suporte social, r<strong>ed</strong>e social dentro e fora do meio esportivo,<br />

habilidade para manter o status e administrar seus negócios.<br />

Dependendo da presença destes fatores, a transição para o término<br />

da carreira esportiva pode levar a um sentimento de início<br />

de uma vida nova, ou em uma dificuldade de adaptação a este<br />

a este novo momento.<br />

Efetivamente o atleta não aposenta quando deixa seu esporte,<br />

pois não existe um sistema previdenciário próprio para essa<br />

categoria, devido ao curto tempo da carreira. Ele simplesmente<br />

pára de jogar e tem que enfrentar a vida fora do<br />

esporte, caso não tenha economias e patrimônio suficientes à<br />

subsistência própria e familiar ao longo da vida. Ele precisa<br />

d<strong>ed</strong>icar-se aos estudos, conseguir um trabalho e vincular-se<br />

à Previdência Social de tal forma que ao completar o tempo<br />

legalmente estabelecido para aposentadoria no país, possa<br />

conseguir seus benefícios.<br />

A aposentadoria atlética pode causar dificuldades financeiras,<br />

psicológicas e ocupacionais. O esforço de muitos deles em<br />

manter-se na função exercida se justifica pela necessidade<br />

de postergar a exclusão social pela inatividade, por não saber<br />

exercer outra função e, desta forma, glorificar a si mesmo.<br />

Atletas que se identificam com seus papéis de atleta são<br />

aqueles que tem mais dificuldades com a vida pós-esporte.<br />

O planejamento financeiro também é uma preocupação,<br />

porque devido a uma mudança no salário, muitos não conseguem<br />

manter o padrão de vida que costumavam ter, como<br />

por exemplo, os jogadores de futebol e os altos salários que<br />

recebem quando estão em atividade.<br />

O término de carreira esportiva tem suas consequências positivas<br />

ou negativas de acordo com os fatores que levam o sujeito<br />

a iniciar essa nova etapa em sua vida e sua capacidade de<br />

enfrentamento. O processo de planejamento da aposentadoria<br />

do esporte e reorientação para uma nova atividade mostram<br />

ser importantes, apresentando também uma adaptação mais<br />

fácil à nova fase da vida do que os atletas que não a fazem.<br />

Apesar de a aposentadoria ser tanto um momento de crise<br />

como de alívio para o atleta, tudo isso depende de como cada<br />

um se posiciona diante deste momento.<br />

Ronaldo, o fenómeno,<br />

é também um<br />

excelente exemplo<br />

de um atleta que<br />

soube reganhar<br />

uma nova vida<br />

profissional após<br />

reforma, mantendose<br />

no negócio do<br />

futebol.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 73


OS PILARES 2014/2015<br />

ÊXI<br />

74 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


BENFIQUISTAS PARA O<br />

TO<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 75


Benfica<br />

Ricardo Reis, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Contato@desportoeesport.com<br />

34<br />

O êxito de uma ideia!<br />

O BiCampeonato conquistado pelo Benfica é o triunfo de uma ideia de<br />

futebol. Para o bem e para o mal, Jorge Jesus nos seus já seis anos ao<br />

comando da equipa da capital, criou e construiu uma ideia de jogo, assente<br />

em princípios basilares, que para o futebol nacional, parece perfeito. E<br />

galvanizante, tanto para os adeptos encarnados, quer para os próprios<br />

jogadores. A debandada dos melhores jogadores no início da época e um<br />

menor fulgor na capacidade para investir em novos jogadores, fez que<br />

nesta presente temporada, que a continuada ideia de jogos de Jesus se<br />

tenha tornando ainda mais crucial para o êxito na conquista do título.<br />

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BiCampeão<br />

O manto protetor<br />

Os adeptos benfiquistas, principalmente no último terço, foram incansáveis<br />

no apoio, tanto em casa como fora, o que fez com que a equipa<br />

encarnada “jogasse sempre em casa”. E, nos momentos, em que os jogadores<br />

benfiquistas relaxaram foram fundamentais para os acordar e revitalizar<br />

para os jogos, eliminando na raiz possíveis dissabores.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 77


Jorge jesus & Luís Filipe Viei<br />

Uma dupla de suces<br />

O sentido da estabilidade<br />

O significado da real importância da conquista do bicampeonato é<br />

ainda incerto, e apenas no futuro se poderá adivinhar se este foi o<br />

cio de uma nova era do futebol português ou apenas um curto hia<br />

domínio de três décadas do FC Porto. No entanto, ninguém melho<br />

o presidente Vieira, entende o sucesso “m<strong>ed</strong>iático” e “politico” de<br />

dois campeonatos ao rival do norte, e pela primeira vez desde 94,<br />

los em corrida direta. Vieira foi capaz de entender o peso de Jesus<br />

amadurecimento de uma “estrutura” capaz de receber e superar f<br />

embates, mesmo quando a vitória não apareceu e, muitos dos que<br />

gabam e elogiam o atual técnico encarnado, p<strong>ed</strong>iam o seu desp<strong>ed</strong>im<br />

Resistindo a tentações do passado, Vieira manteve Jesus, e com iss<br />

esteve sempre mais perto de renovar e ganhar novos títulos.<br />

78 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


a<br />

Dois jogadores mais importantes que todos os outros<br />

so<br />

Jonas<br />

A surpresa<br />

Luisão<br />

O capitão<br />

iníto<br />

do<br />

r que<br />

retirar<br />

venceno<br />

ortes<br />

hoje<br />

ento.<br />

o<br />

Jonas, pouco amado em Valencia, chegou ao<br />

Benfica a custo zero e com muitas desconfianças<br />

dos adeptos benfiquistas. Mas, todas as incertezas<br />

rapidamente desapareceram; com os golos, que o<br />

puseram lado a lado com Jackson pela conquista da<br />

Bota de Ouro, para além da importância dada ao<br />

jogo da equipa encarnada, tanto na mobilidade ao<br />

ataque como na ajuda ao meio campo.<br />

A importância da consistência<br />

“Um campeonato é uma prova de regularidade” – uma “verdade lapalissiana”,<br />

mas que faz todo o sentido usar para definir a época interna da equipa<br />

encarnada. A consistência é a chave para a regularidade. O mesmo presidente,<br />

o mesmo técnico e uma base de plantel que transitou de uma época para a<br />

outro constituíram um forte pilar para conquistar uma consistência chave,<br />

principalmente nos jogos contra os rivais – FC Porto, Sporting e Braga. A<br />

isto soma-se ainda a experiencia de Júlio Cesar; com defesas absolutamente<br />

decisivas em jogos e em momentos chaves do campeonato. Nomeadamente<br />

no dragão, contra o FC Porto, um jogo que se mostrou decisivo para as contas<br />

finais da tabela classificativa.<br />

Vindo do cruzeiro em 2003/2004, o capitão do Benfica,<br />

capturou em si uma “alma” encarnada que lhe<br />

permitem à equipa encarnada ter dentro de campo<br />

uma extensão do técnico e um líder dentro das<br />

quatro linhas e enquanto a partida decorre. A sua<br />

voz de comando, e exibições e performances desportivas<br />

que vêm melhorando com a idade, fazem<br />

dele o principal pilar da boa prestação defensiva<br />

#Colinho?<br />

As arbitragens tornaram-se num dos principais temas<br />

de conversa deste campeonato, de tal modo que virou<br />

hashtag nas r<strong>ed</strong>es sociais - #Colinho. Converter em<br />

pontos os vários erros dos vários clubes de uma liga<br />

como à portuguesa é absolutamente impossível, assim<br />

como avaliar, a influência desses mesmos erros na<br />

tabela final. Assim, dizer que foram “o colinho” que<br />

levou o Benfica ao BiCampeonato é tão errado como<br />

afirmar que não é necessário criar-se mecanismos<br />

para que, por exemplos, as nomeações dos árbitros<br />

e a forma como são feitas não necessitam de maior<br />

esclarecimento, e uma forma de criar finalmente nos<br />

adeptos uma justiça nos jogos, mesmo que existam<br />

erros.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 79


FUTEBOL:<br />

UM JOGO DE DECISÕES T<br />

ENTENDENDO OS PRINCÍPIOS TÁTICOS<br />

DO FUTEBOL MODERNO<br />

Israel Teoldo; João Vitor Assis;<br />

Felippe Cardoso<br />

Israel Teoldo Costa é doutorado em ciências<br />

do desporto, e possui trabalhos acadêmico<br />

publicado na área abordada pelo artigo<br />

israelteoldocosta@gmail.com<br />

Ao longo das últimas décadas houve uma revolução na forma de<br />

se entender e pensar o jogo de futebol, o conhecimento que antes<br />

era empírico, passou a ser consolidado a partir de constatações e<br />

análises científicas dos dados. O jogo e suas componentes (físicas,<br />

técnicas, táticas, psicológicas) passaram a ser amplamente<br />

estudadas, desta forma iniciou-se a era da informação no futebol.<br />

Com as informações coletadas e analisadas os profissionais que<br />

trabalham no futebol começaram a realmente entender o jogo,<br />

organizando suas sessões de treino e aperfeiçoando as principais<br />

capacidades dos jogadores em busca da excelência esportiva,<br />

individual e da equipe.<br />

Para que os jogadores possam atingir a excelência esportiva, os<br />

mesmos devem aprimorar todas as quatro principais componentes<br />

do jogo: físicas, técnicas, táticas, psicológicas. Contudo, a<br />

componente que vai guiar a elaboração das sessões de treino e<br />

sistematizar todo o comportamento dos jogadores é a componente<br />

tática.<br />

Isso ocorre, pois, os primeiros problemas enfrentados pelos jogadores<br />

são de natureza tática. Assim, a melhoria da capacidade<br />

tática na “leitura de jogo” irá influenciar as demais componentes<br />

do jogo além de propiciar uma melhor realização dos comportamentos<br />

dos jogadores na ocupação e/ou na criação de espaços<br />

para os companheiros, relacionando-se diretamente com o objetivo<br />

do jogo de futebol, marcar o gol e evitar sofrer o gol.<br />

Para facilitar didaticamente o ensino e a compreensão das capacidades<br />

táticas do jogo, a literatura vem preconizando que o<br />

treinamento seja pautado na compreensão e no desenvolvimento<br />

80 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

dos princípios táticos do jogo.


ÁTICAS<br />

A ORGANIZAÇÃO E O<br />

ENTENDIMENTO<br />

DO JOGO DE<br />

FUTEBOL A PARTIR<br />

DE PRINCÍPIOS<br />

Os princípios táticos de jogo se originam de uma<br />

construção teórica e se concretizam nos comportamentos<br />

dos jogadores no campo de jogo. Eles<br />

têm por característica a simplicidade de transmissão<br />

dos conceitos inerentes à tática, a consciência<br />

dos jogadores sobre estes conceitos e a seleção<br />

e execução da ação em relação estreita com as<br />

capacidades motoras. Quando associados a componente<br />

tática, estes princípios trazem normas de<br />

base através das quais os jogadores, em grupo,<br />

individual ou coletivamente, orientam seus comportamentos<br />

durante o desenvolvimento das fases<br />

(ofensiva e defensiva) e transições de jogo.<br />

Para Garganta e Pinto (1994), os princípios táticos<br />

podem ser definidos como um conjunto de normas<br />

sobre o jogo que proporcionam aos jogadores a<br />

possibilidade de atingir rapidamente soluções<br />

táticas para os problemas advindos da situação de<br />

jogo que defrontam. Por possuírem esse caráter,<br />

os princípios táticos precisam ser subentendidos e<br />

estar presentes nos comportamentos dos jogadores<br />

durante uma partida.<br />

Para facilitar a transmissão dos princípios por<br />

parte dos treinadores e a compreensão dos mesmos<br />

pelos jogadores, torna-se imprescindível<br />

o entendimento da organização e da estrutura<br />

destes princípios em categorias. Na literatura<br />

pode-se encontrar diferentes designações para<br />

se referir e caracterizar os princípios. Contudo,<br />

percebe-se certa harmonia das ideias em volta<br />

dos constructos teóricos os quais relacionam a<br />

organização tática dos jogadores no campo de<br />

jogo com base em quatro categorias de princípios:<br />

gerais, operacionais, fundamentais e específicos.<br />

A figura abaixo apresenta a proposta de Teoldo e<br />

colaborados (2009) para três das quatro categorias<br />

de princípios táticos.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 81


Massimiliano<br />

Allegri e Luiz<br />

Enrique são os<br />

dois técnicos finalistas<br />

da Liga<br />

dos Campeões,<br />

e como tal, dois<br />

dos melhores<br />

treinadores<br />

de futebol do<br />

Mundo!<br />

Nesta organização, destacamse<br />

características importantes<br />

para cada categoria de princípios<br />

táticos do jogo. Os princípios<br />

gerais recebem essa denominação<br />

pelo fato dos comportamentos<br />

a ele relacionados, serem<br />

comuns às diferentes fases do<br />

jogo e às regras de ação presentes<br />

em vários esportes coletivos de invasão e às outras categorias<br />

de princípios – operacionais, fundamentais e específicos.<br />

Assim, as regras de ação destes princípios são pautadas em três<br />

conceitos advindos das relações espaciais e numéricas entre os<br />

jogadores da equipe e os adversários nas zonas de disputa pela<br />

bola; sendo eles: i) não permitir a inferioridade numérica, ii)<br />

evitar a igualdade numérica e iii) procurar criar a superioridade<br />

numérica.<br />

Os princípios operacionais se relacionam a conceitos e atitudes<br />

pré-definidas e comuns para as duas fases do jogo, sendo na<br />

defesa: i) anular as situações de finalização, ii) recuperar a bola,<br />

iii) imp<strong>ed</strong>ir a progressão do adversário, iv) proteger a baliza e v)<br />

r<strong>ed</strong>uzir o espaço de jogo adversário; e no ataque: i) conservar a<br />

bola, ii) construir ações ofensivas, iii) progr<strong>ed</strong>ir pelo campo de<br />

jogo adversário, iv) criar situações de finalização e v) finalizar<br />

à baliza adversária.<br />

Já os princípios fundamentais representam um conjunto de<br />

regras básicas que orientam as ações dos jogadores e da equipe<br />

nas duas fases do jogo (defesa e ataque), com o objetivo de<br />

desequilibrar a organização da equipe adversária, promover<br />

a organização da própria equipe e permitir que os jogadores<br />

intervenham de maneira apropriada nos espaços mais críticos<br />

do campo, que dizem respeito ao local onde estão a bola e o<br />

centro de jogo. Os princípios fundamentais são categorizados<br />

por Teoldo e colaboradores (2009) em cinco princípios para<br />

cada fase de jogo condizentes com os seus objetivos, sendo<br />

na defesa: i) contenção, ii) cobertura defensiva, iii) equilíbrio,<br />

iv) concentração e v) unidade defensiva; e, no ataque: i) penetração,<br />

ii) mobilidade, iii) cobertura ofensiva iv) espaço e v)<br />

unidade ofensiva.<br />

A quarta categoria de princípios, refere-se aos princípios específicos.<br />

Estes princípios com o próprio nome diz, advém de<br />

uma forma específica de se jogar e conceber o jogo, estando<br />

diretamente relacionados com as ideias de jogo do treinador/<br />

professor e com o modelo de jogo adotado por uma equipe.<br />

Assim, não há contornos definitivos que permitem organizálos<br />

e classificá-los como os demais princípios presentes nas<br />

primeiras três categorias.<br />

Uma vez conhecidas estas quatro categorias de princípios<br />

o professor deve então organizar os seus conteúdos para<br />

o processo de ensino na diferentes fases de formação dos<br />

jovens jogadores. Assim, recomenda-se que os princípios<br />

gerais sejam ensinados a partir dos 6/7 anos de idade quando<br />

as crianças no seu processo maturacional e de desenvolvimento<br />

motor, cognitivo e social, deixam a fase egocêntrica e<br />

passam para a uma fase de maior sociabilidade. Como estes<br />

PARA QUE OS JOGADORES POSSAM ATINGIR A EXCELÊNCIA<br />

ESPORTIVA, OS MESMOS DEVEM APRIMORAR TODAS AS<br />

QUATRO PRINCIPAIS COMPONENTES DO JOGO: FÍSICAS,<br />

TÉCNICAS, TÁTICAS, PSICOLÓGICAS.<br />

princípios têm por base conceitos que necessitam da presença<br />

de outras crianças para sua operacionalização e compreensão,<br />

seria improdutivo tentar ensiná-los durante a fase egocêntrica<br />

da criança. Aliados aos princípios gerais, os princípios<br />

operacionais também devem ser ensinados nos primeiros anos<br />

de experimentação esportiva da fase de maior socialização<br />

da criança; isto porque as regras de ação presentes nestas<br />

duas categorias de princípios são responsáveis por facilitar<br />

a compreensão da lógica do jogo. Por se tratar de regras que<br />

utilizam operações concretas, espera-se que através da disseminação<br />

e compreensão dos seus conceitos os alunos sejam<br />

capazes de aprender o jogo e desenvolvê-lo em contexto<br />

formal e informal. Na sequência, os princípios fundamentais<br />

do jogo devem ser introduzidos no processo de ensino do<br />

jogo de Futebol. Como estes princípios requerem pensamento<br />

abstrato e testagem de hipóteses para o preenchimento<br />

de espaço e movimentação em campo, os mesmos devem<br />

ser ensinados por volta dos 12/13 anos, quando o estágio de<br />

desenvolvimento cognitivo da criança já estará maduro ou em<br />

fase final de maturação.<br />

82 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Figura 2: Princípios Táticos do Jogo de Futebol propostos por Teoldo et al. (2009)<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 83


Instrumentos de detecção<br />

da componente tática<br />

em jogadores de futebol<br />

durante o processo de<br />

formação<br />

Identificar jogadores talentosos para o futebol<br />

é algo importante para a manutenção do<br />

rendimento na modalidade. Quanto antes se<br />

identifica estes jogadores mais tempo se tem<br />

para desenvolvê-los e possibilitar que o seu<br />

“talento” siga se atualizando.<br />

Na literatura alguns instrumentos têm sido<br />

propostos e permitem avaliar as capacidades<br />

táticas e decisórias dos jogadores de futebol<br />

de diferentes idades, estes instrumentos podem<br />

auxiliar aos pesquisadores e treinadores a identificarem<br />

jogadores talentosos desde muito<br />

c<strong>ed</strong>o.<br />

O primeiro instrumento a ser utilizado já nos<br />

primeiros anos de formação no futebol (6 a 7<br />

anos de idade) foi desenvolvido por pesquisadores<br />

alemães coordenados pelo Prof. Dr. Klaus<br />

Roth. O instrumento é denominado KORA,<br />

e permite avaliar o desempenho tático em<br />

todos os jogos esportivos coletivos. O KORA<br />

permitem avaliar dois parâmetros inerentes às<br />

capacidades táticas: oferecer-se e orientar-se<br />

(O.O) e reconhecer espaços (R.E). No conjunto<br />

de atividades e jogos que são aplicados para<br />

oportunizar tarefas táticas, o primeiro refere-se<br />

84 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

percepção do jogador em obter a ótima<br />

posição no momento exato; e o segundo<br />

corresponde à capacidade do jogador<br />

em reconhecer as chances para se<br />

chegar ao gol.<br />

Esses dois parâmetros táticos são<br />

comuns às modalidades esportivas nas<br />

quais as estruturas do jogo se caracterizam<br />

pela invasão do campo adversário,<br />

apresentam situações de oposição e<br />

colaboração e solicitam a utilização de<br />

habilidades técnicas realizadas com os<br />

pés, mãos e raquetes/bastões. O objetivo<br />

da avaliação é determinar o nível<br />

de inteligência de jogo e de criatividade<br />

tática, pelo que os dois parâmetros<br />

são avaliados sob as perspectivas dos<br />

pensamentos convergente e divergente<br />

e suas relações com a inteligência e a<br />

criatividade tática, respectivamente.<br />

A partir dos 08 anos de idade quando<br />

se encerra a fase egocêntrica da<br />

criança, torna-se possível avaliar suas<br />

capacidades táticas e decisórias a partir<br />

de critérios um pouco mais complexos.<br />

Neste contexto, surge o Game<br />

Performance Evaluation Tool – GPET<br />

(GARCÍA-LÓPEZ et al., 2013).internacional,<br />

transporte terrestre, cerimônias,<br />

entre outras. Neste contexto, surge o<br />

Game Performance Evaluation Tool –<br />

GPET (GARCÍA-LÓPEZ et al., 2013).<br />

O GPET é um instrumento que permite<br />

avaliar as tomadas de decisões táticas<br />

dos jogadores e o seu nível de eficiência<br />

e eficácia nestas tomadas de decisões<br />

no jogo. Esta avaliação é realizada em<br />

duas situações durante o jogo: on-the-ball<br />

(ações com bola) e off-the-ball (ações<br />

sem bola), e permite avaliar as equipes<br />

que estão atacando e defendendo. O<br />

GPET avalia ainda o desempenho no<br />

jogo em dois níveis diferentes. No primeiro<br />

nível, avalia a adequação das ações<br />

para os problemas táticos ou demandas<br />

situacionais. No segundo nível, o GPET<br />

avalia de modo separado os componentes<br />

cognitivos de desempenho nas tomadas<br />

de decisão dos componentes de desempenho<br />

referentes à execução das habilidades<br />

motoras. Os resultados fornecidos<br />

pelo GPET possibilitam o entendimento<br />

da qualidade da tomada de decisão tática<br />

dos jogadores no jogo sendo um instrumento<br />

de avaliação importante, e de<br />

grande relevância de utilização em categorias<br />

mais novas (i.e. dos 08 até os<br />

12 anos de idade). Após os 12-13 anos<br />

de idade a criança já é consegue pensar<br />

abstratamente o seu conhecimento acerca<br />

da complexidade do jogo aumenta. Desta<br />

forma, os critérios para avaliação dos<br />

seus comportamentos frente às demandas<br />

do jogo devem ser compreendidos<br />

em aspectos mais minuciosos. Assim a<br />

avaliação baseada nos princípios táticos<br />

fundamentais demonstra-se de grande<br />

valia. Para esta avaliação, o instrumento<br />

que tem sido utilizado é o Sistema de<br />

Avaliação Tática no Futebol - FUT-<br />

SAT desenvolvido pelo professor Israel<br />

Teoldo da Costa coordenador do Núcleo<br />

de Pesquisa e Estudos em Futebol da<br />

Universidade F<strong>ed</strong>eral de Viçosa. O<br />

Sistema de Avaliação Tática no Futebol<br />

- FUT-SAT foi concebido com o intuito<br />

de propiciar aos treinadores, professores<br />

e investigadores um meio de ac<strong>ed</strong>er, com<br />

maior especificidade e objetividade, às<br />

informações que refletem comportamentos<br />

táticos desempenhados pelos jogadores<br />

em situações de jogo.


acompanhamento do desenvolvimento<br />

dos jogadores e equipes. Ele permite<br />

ainda quantificar o desempenho tático<br />

dos jogadores e os percentuais de acerto<br />

e erro deles em cada um dos princípios<br />

táticos ou no jogo de modo geral. O<br />

FUT-SAT permite também uma avaliação<br />

do conhecimento tático processual<br />

dos jogadores.<br />

Alguns estudos utilizando este instrumento<br />

tem sido conduzidos pelo Núcleo<br />

de Pesquisa e Estudos em Futebol<br />

(NUPEF), na Universidade F<strong>ed</strong>eral<br />

de Viçosa, coordenado pelo Prof. Dr.<br />

Israel Teoldo da Costa. Nestas pesquisas,<br />

a utilização do FUT-SAT permitiu<br />

encontrar resultados pertinentes quanto<br />

à i) comparação do conhecimento<br />

tático processual dos jogadores entre<br />

categorias; ii) o efeito da idade relativa<br />

DENTRE OS INSTRUMENTOS CITADOS ACIMA,<br />

ATUALMENTE TEM O FUT-SAT VEM GANHANDO UM GRANDE DESTAQUE<br />

NO DIA A DIA DOS CLUBES DE FUTEBOL E NOS LABORATÓRIOS DE<br />

PESQUISA. ISTO ACONTECE, POIS ESTE INSTRUMENTO É UTILIZADO<br />

COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DOS COMPORTAMENTOS TÁTICOS<br />

INDIVIDUAIS E OU COLETIVOS, ALÉM DE SERVIR COMO INSTRUMENTO<br />

DE ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO DOS JOGADORES E<br />

EQUIPES. ELE PERMITE AINDA QUANTIFICAR O DESEMPENHO TÁTICO DOS<br />

JOGADORES E OS PERCENTUAIS DE ACERTO E ERRO DELES EM CADA UM<br />

DOS PRINCÍPIOS TÁTICOS OU NO JOGO DE MODO GERAL.<br />

A sua estrutura conceptual está alicerçada<br />

nos princípios tácticos fundamentais<br />

do jogo de Futebol. Estes princípios<br />

foram eleitos por representarem os<br />

aspectos centrais do processo de ensino<br />

e treino das capacidades táticas.<br />

Além disso, esse conjunto de princípios<br />

possui m<strong>ed</strong>idas objetivas da movimentação<br />

dos jogadores consoante à gestão<br />

do espaço de jogo por eles realizada.<br />

Além disto, a presença destes princípios<br />

na estrutura central do FUT-SAT ajuda<br />

a compreender a organização tática do<br />

jogo, uma vez que a dinâmica das suas<br />

interações e aplicações operacionaliza<br />

e caracteriza tanto o modelo quanto o<br />

nível de jogo das equipes.<br />

Assim, o FUT-SAT é um instrumento<br />

que permite a avaliação dos comportamentos<br />

e desempenhos táticos dos jogadores<br />

de futebol em situações de jogo.<br />

Permite ainda a avaliação da qualidade<br />

dos comportamentos realizados, o local<br />

de realização das ações no campo de<br />

jogo e seus respectivos resultados para<br />

a equipe. Apontamentos e tendências<br />

de estudos com FUT-SAT.<br />

Dentre os instrumentos citados acima,<br />

atualmente tem o FUT-SAT vem ganhando<br />

um grande destaque no dia a dia<br />

dos clubes de futebol e nos laboratórios<br />

de pesquisa. Isto acontece, pois este<br />

instrumento é utilizado como ferramenta<br />

de avaliação dos comportamentos<br />

táticos individuais e ou coletivos,<br />

além de servir como instrumento de<br />

no desempenho tático dos jogadores;<br />

iii) variação do desempenho tático dos<br />

jogadores de acordo com o resultado<br />

do jogo iv) variação do desempenho<br />

e comportamento tático em relação<br />

aos estatutos posicionais do jogadores;<br />

v) influência de constrangimentos nos<br />

jogos (como na utilização de jogadores<br />

curingas) nos comportamentos<br />

dos jogadores e, vi) relação entre as<br />

capacidades perceptivo-cognitivas e<br />

desempenho tático dos jogadores.<br />

Na próxima página apresentaremos<br />

algumas das principais conclusões do<br />

trabalho:<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 85


86 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

i) Comparação do conhecimento<br />

tático processual dos jogadores entre<br />

categorias: Os resultados apontaram<br />

diferenças no comportamento tático de<br />

jogadores de futebol em diversas categorias.<br />

Os jogadores das categorias<br />

maiores apresentaram maior eficiência<br />

de realização nos princípios táticos<br />

ofensivos e defensivos, quando comparados<br />

aos jogadores de categorias<br />

menores. Isso demonstra a importância<br />

do processo de treinamento deliberado<br />

para a qualificação e formação de jogadores<br />

com melhor proficiência tática.<br />

ii) O efeito da idade relativa<br />

no desempenho tático dos jogadores:<br />

Foram encontrados resultados que<br />

mostraram que para jogadores de uma<br />

mesma categoria o período de nascimento<br />

não influencia na eficiência<br />

tática defensiva e ofensiva dos mesmos,<br />

apontando que o efeito da idade relativa<br />

não interfere no desempenho tático dos<br />

jogadores.<br />

iii) Variação do desempenho tático<br />

dos jogadores de acordo com o<br />

resultado do jogo: Em pesquisas que<br />

compraram o desempenho tático dos<br />

jogadores das equipes perd<strong>ed</strong>oras e<br />

venc<strong>ed</strong>ores, os resultados mostraram<br />

que jogadores da equipe venc<strong>ed</strong>ora<br />

apresentaram um elevado desempenho<br />

tático defensivo e ofensivo.<br />

iv) Variação do desempenho e<br />

comportamento tático em relação aos<br />

estatutos posicionais do jogadores:<br />

Pesquisa com jogadores de futebol da<br />

categoria sub 15, identificaram não<br />

haver diferenças no comportamento<br />

tático entre jogadores de diferentes<br />

estatutos posicionais, demonstrando<br />

que o nível de conhecimento tático do<br />

jogador não varia significativamente<br />

em função das diferentes posições. Isto<br />

se deve ao fato dos jogadores desta categoria<br />

ainda não estarem especializados<br />

em uma posição específica, sendo<br />

capazes de realizar ações táticas e funções<br />

inerentes a diferentes posições.<br />

v) Influência de constrangimentos<br />

nos jogos nos comportamentos dos<br />

jogadores: Em relação a modificação da<br />

estrutura do treinamento com inclusão<br />

de constrangimentos, estudos indicaram<br />

que a utilização de jogadores curinga<br />

em apoio interno e externo exerce<br />

influência no comportamento tático<br />

dos jogadores, e poderá ser útil nos<br />

treinamentos para evitar o confronto<br />

direto entre jogadores e proporcionar<br />

movimentações defensivas que permitam<br />

uma marcação nos adversários que<br />

estão em profundidade e largura para<br />

receber o passe.<br />

vi) Relação entre as capacidades<br />

perceptivo-cognitivas e desempenho<br />

tático dos jogadores: Os resultados do<br />

FUT-SAT também podem ser correlacionados<br />

com algumas variáveis cognitivas<br />

como as estratégias de busca visual<br />

e a eficiência cognitiva. As pesquisas<br />

têm apontado que os jogadores que<br />

possuem melhor desempenho tático<br />

apresentam um padrão de busca visual<br />

mais amplo e adequado, conseguindo<br />

retirar uma maior numero de informações<br />

do ambiente em períodos de<br />

tempo relativamente mais curtos. Além<br />

do mais esses jogadores são cognitivamente<br />

mais eficientes o que possibilita<br />

a realização de ações mais adequadas<br />

no contexto do jogo<br />

GARCÍA-LÓPEZ, L. M.; GONZÁLEZ-<br />

VÍLLORA, S.; GUTIÉRREZ, D.;<br />

SERRA, J. Development and validation<br />

of the game performance evaluation<br />

tool (GPET) in Soccer. 2013.<br />

GARGANTA, J.; PINTO, J. O ensino<br />

do futebol. . In: A. Graça e J. Oliveira<br />

(Ed.). O ensino dos jogos desportivos:<br />

Centro de Estudos dos Jogos<br />

Desportivos, 1994, p.97-137.<br />

TEOLDO, I.; GARGANTA, J.;<br />

GRECO, P. J.; MESQUITA, I.<br />

Princípios Táticos do Jogo de Futebol:<br />

Conceitos e Aplicação. Revista Motriz,<br />

v.15, n.3, p.657-668. 2009.


DÊ-NOS<br />

UM LIKE<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 87


HIIT<br />

HIGH INTENSITY INTERVAL TRAIN<br />

O QUE É O TREINO HIIT? E PARA QUE SERVE?<br />

P<strong>ed</strong>ro M. Silva, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Contato@desportoeesport.com<br />

HIIT é a sigla de “High Intensity Interval<br />

Training” que em tradução livre fica:<br />

Treinamento Com Intervalos de Alta<br />

Intensidade”. Este tipo de treino é simplesmente<br />

uma combinação de períodos de atividades<br />

muito altas com períodos de treinos<br />

leves. Os períodos em alta vão aumentar o<br />

aceleramento do metabolismo.<br />

HIIT pode ser realizado como qualquer<br />

tipo de treino cardiovascular. A maioria das<br />

pessoas faz uma combinação de corrida e<br />

caminhada. Mas treino em bicicleta, natação<br />

ou dança aeróbica também são frequentemente<br />

usados como disciplinas base para<br />

este tipo de treino.<br />

Hiit é utilizado, e uma das melhores formas,<br />

de queimar gordura, que com mesmo nos<br />

treinos de menor intensidade o corpo continua<br />

a queimar gordura, isto claro está, se os<br />

treinos de alta intensidade forem sempre no<br />

máximo – 100% a todo o momento.<br />

O HIIT pode e deve ser executado por pessoas<br />

com todos os níveis de aptidão física,<br />

desde que se evolua gradualmente no treino.<br />

No começo os treinos de alta intensidade<br />

podem durar menos, com o tempo a resistên-<br />

88 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


ING<br />

cia aumenta e o nível de treino também.<br />

Sandro Lenzi em “Treino HIIT –<br />

Um dos mais eficientes métodos de<br />

queima de gordura” explica porque<br />

este treino é tão eficiente na queima<br />

de gordura: “O fenômeno que explica<br />

a razão de os exercícios mais intensos<br />

serem mais eficientes para a queima<br />

de gordura é designado por EPOC.<br />

Durante muito tempo o senso comum<br />

e até mesmo alguns profissionais<br />

da <strong>ed</strong>ucação física acr<strong>ed</strong>itavam que<br />

bastava calcular o gasto calórico<br />

durante a atividade física em questão.<br />

Mas como no organismo humano<br />

nada é tão linear, diversas pesquisas<br />

foram feitas para buscar de fato como<br />

o gasto calórico poderia auxiliar no<br />

emagrecimento e na queima de gordura.<br />

Desta maneira, diversos estudos<br />

foram feitos a fim de provar que o<br />

gasto calórico total da atividade era<br />

muito mais importante que apenas o<br />

seu gasto durante a prática.<br />

Com isso, a intensidade ganhou<br />

muito mais força na prescrição dos<br />

treinamentos, ganhando um espaço<br />

que era pr<strong>ed</strong>ominantemente dos exercícios<br />

aeróbicos de baixa intensidade.<br />

Hoje é muito comum encontrarmos<br />

pessoas que buscam emagrecer e<br />

investem na musculação, no Crossfit<br />

ou nos aeróbicos de alta intensidade,<br />

como é o caso do HIIT.”<br />

O HIIT é muito eficiente na melhoria<br />

do metabolismo referente as células<br />

musculares, que por sua vez promovem<br />

a queima da gordura e com<br />

isso tem um aumento na produção de<br />

r<strong>ed</strong>utores de gordura.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 89


Hitt é a combinação de períodos de atividades muito<br />

altas com períodos de treinos leves. Os períodos em<br />

alta vão aumentar o aceleramento do metabolismo.<br />

Em um recente estudo de 2012 dirigido por Dr. Sousa,<br />

foram avaliadas 12 mulheres sem pratica de exercício<br />

físico regular, que foram submetidas a três métodos de treino<br />

diferentes. Divididas em 3 grupos, o grupo A realizou<br />

treinos aeróbicos contínuos, o grupo B realizou treinos<br />

intervalados de alta intensidade (HIIT) e o grupo C realizou<br />

treino de resistência. Todos os treinos foram realizados em<br />

25 minutos. Ao final de 8 semanas de treino, foi possível<br />

verificar uma r<strong>ed</strong>ução no percentual de gordura de -8% no<br />

grupo A, de 16% no grupo B e de 11% no grupo C.<br />

Existem ainda alguns estudos que fazem uma correlação<br />

direita entre o treino hiit e perdas de apetite, sendo que em<br />

métodos de treino comuns acontece o oposto. Como se isso<br />

não bastasse, a discrepância foi muito mais em alimentos<br />

gordurosos e em doces. O seu consumo era diminuído em<br />

16%.<br />

De maneira básica, o programa HIIT segue uma linha,<br />

mas ao mesmo tempo é bastante dinâmico, principalmente<br />

pela escolha dos exercícios:<br />

– Começar com uma razão de 1:4 de treino para descanso<br />

na Fase 1, utilizando um período total de treino de cerca de<br />

15 minutos.<br />

– Na Fase 2 aumente o tempo de treino, elevando a razão<br />

para 1:2 e o tempo total de exercício fisico para cerca de<br />

17 minutos.<br />

– Na Fase 3, a taxa de descanso é r<strong>ed</strong>uzida pela metade,<br />

chegando em uma razão de 1:1. O tempo total de treino é<br />

aumentado e chega a 18,5 minutos.<br />

– No final, na Fase 4, a taxa de descanso é r<strong>ed</strong>uzida novamente<br />

pela metade, tornando assim a razão para 2:1 e o<br />

tempo total de treino para 20 minutos.<br />

90 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


O HIIT é muito eficiente na melhoria do<br />

metabolismo referente as células musculares,<br />

que por sua vez promovem a queima<br />

da gordura e com isso tem um aumento na<br />

produção de r<strong>ed</strong>utores de gordura”<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 91


A FIGURA:<br />

HELENO<br />

Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, irritadiço, galã e um dos<br />

melhores futebolistas brasileiros de sempre!<br />

G<br />

énio e louco, todos temos um pouco. Heleno de Freitas – um<br />

dos ídolos maiores do Botafogo, é um dos mais acabados<br />

exemplos de um génio que se alimentava da sua loucura.<br />

Sempre polemico, Heleno era nervoso em campo e um “bon vivant” fora<br />

dele; nervoso e irritadiço mesmo com os seus companheiros de equipa<br />

valeram-lhe o apelido “Gilda” (personagem da atriz americana Rita<br />

Hayworth). Heleno era conduzindo por “aquilo a que talvez só os gênios<br />

têm direito: o egocentrismo como núcleo da vida.” Por isso, era um solitário,<br />

e como tantos naquele tempo, lembremos por exemplo Garrincha,<br />

com uma vida marcada pela tragédia e pela dor. O seu maior sonho era<br />

disputar um Mundial de futebol, mostrar o seu talento ao mundo, mas<br />

devido à guerra, no auge da sua carreira, a Copa foi cancelado em duas<br />

ocasiões, 1942 e 1946. Apesar dos 204 golos em 233 jogos, nunca foi<br />

campeão, pelos vários clubes por onde passou - Botafogo, a 1948 e 1950,<br />

Vasco (1949), Boca Juniors (1951), América do Rio (1951), Atletico<br />

Barranquilla (1951 e 52) e Santos (1953). Desde c<strong>ed</strong>o foi amarrado pelo<br />

vício em drogas: lança-perfume e éter. E, os seus últimos anos marcados<br />

92 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

pela demência e em virtude de um dos muitos casos sexuais.<br />

Ricardo Reis, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Contato@desportoeesport.com


“O futebol<br />

heróico e elegante<br />

de<br />

Heleno de<br />

Freitas despertou<br />

em<br />

mim a paixão<br />

pelo futebol.<br />

Avassaladora<br />

paixão<br />

da qual, com<br />

a graça de<br />

Deus, jamais<br />

hei de me<br />

curar. Heleno<br />

de Freitas<br />

foi a personalidade<br />

mais fascinante<br />

e também<br />

a mais<br />

dramática<br />

que conheci<br />

nos estádios”,<br />

Armando<br />

Nogueira<br />

Heleno de Freitas, nasceu em 12 de<br />

fevereiro de 1920 em São João<br />

Nepomuceno, e é tido como o primeiro<br />

“craque problema” do futebol<br />

brasileiro. Nascido em “berço de<br />

ouro”, algo já na altura usual para<br />

um futebolista, estudou no Colégio<br />

São Bento e depois obteve o bacharelado<br />

em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito<br />

do Rio de Janeiro (atual Faculdade Nacional de Direito da UFRJ).<br />

Heleno era um génio que se sabia génio – um Cristiano Ronaldo<br />

dos anos 40 que contava golos como se contasse os segundos nos<br />

ponteiros do relógio. É o quarto maior artilheiro da história do<br />

Botafogo. Foram 204 bolas nas r<strong>ed</strong>es adversárias em 234 partidas<br />

com a camisa alvinegra. Mas a vida marcada pelo álcool, cigarro,<br />

drogas a que se juntava o temperamento explosivo e arrogante,<br />

acabaram por afastá-lo c<strong>ed</strong>o do futebol. Por problemas de saúde e<br />

por não conseguir se relacionar com os outros jogadores, achavase<br />

sempre superior, chegou ao ponto de, no final da carreira, ser<br />

rejeitado em equipas até quando se oferecia para jogar de graça.<br />

A fama enquanto jogador alcançou também reputação, merecida,<br />

de galã, que como dizem as cronicas da altura, misturava<br />

a grandeza que Carlos Gardel já tinha com a melancolia que Jack<br />

Kerouac ainda teria. Vestia-se e penteava-se como uma estrela de<br />

Hollywood e “atraia as mulheres feito ímã ao circular pelos bailes<br />

cariocas ou pelas praias de Copacabana. A fama de mulherengo<br />

inclui boatos de que s<strong>ed</strong>uziu até Eva Perón quando esteve na<br />

Argentina.” Acabaria por ser a sua ruina. No cinema, foi imortalizado<br />

no filme Heleno, com Rodrigo Santoro no papel principal.<br />

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The Hustler é<br />

um filme sobre<br />

princípios. Sobre<br />

valores morais. A<br />

postura das pessoas<br />

diante da vida, da<br />

soci<strong>ed</strong>ade e da<br />

corrupção”<br />

T<br />

H<br />

94 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


The Hustler, de Robert Rossen, lançado em 1961, é um grande<br />

filme, que com o passar dos anos se transformou numa lenda e<br />

num dos melhores registos cinematográficos de crescimento do<br />

homem, de menino para homem. Tudo isto, entre fumo, álcool<br />

e mesas de bilhar.<br />

Vitor E. Santos, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Contato@desportoeesport.com<br />

he<br />

PERDER COMO UM MENINO.<br />

PARA SE GANHAR COMO<br />

UM HOMEM.<br />

ustler<br />

Paul Newman é protagonista num filme sobre<br />

corrupção, bilhar, amor e crescimento interior.<br />

O Filme acompanha a narrativa de Eddie Felson (um Newman de 30 anos) o hustler do título original, o vigarista,<br />

mal traduzido para português, que vive de pequenos golpes em mesas de bilhar, com muito fumo e álcool,<br />

com o seu sócio, Charlie - um homem de meia-idade. Mas, tudo muda, quando ambos atravessam meia América,<br />

de Oakland para New York, para defrontarem Minnesota Fats – o rei do bilhar que não perde uma partida há<br />

15 anos e parceiro do crime organizado local. Eddie, orgulhosamente ingénuo, desafia-o, perdendo ao fim de<br />

24 horas de jogo seguido, não por ser tecnicamente inferior, mas por falta de mentalidade desportiva à altura<br />

do oponente. A partir daqui, é uma caminhada vertiginosa para o fundo; sem dinheiro ou amigos, Eddie acaba<br />

com as mãos partidas, e a sua técnica superior diminuída para sempre. Mas, recupera, onde é mais importante,<br />

como um homem, deixando para o passado o orgulho de menino. Sara, a heroína da história, é o grande motor<br />

da história e o par romântico. The Hustler é um filme sobre princípios. Sobre valores morais. A postura das pessoas<br />

diante da vida, da soci<strong>ed</strong>ade e da corrupção. E, como somos ou não vergados por ela.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 95


FUTEBOL & FUTSAL:<br />

COMO ANTECIPAR A<br />

DOS REMATE NOS PE<br />

96 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


DIRECÇÃO<br />

NALTIS?<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 97


LINGUAGEM COR<br />

A resposta:<br />

Diogo Sampaio, Director da Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

Alexandre Monteiro na 2 <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong> escreve:<br />

“No desporto existe uma “linguagem escondida” que os jogadores,<br />

treinadores e maior parte dos intervenientes no jogo<br />

usam, a Linguagem Corporal. Normalmente durante um jogo, o<br />

jogador não pergunta ou indica as suas intenções de uma forma<br />

verbal “ Posso passar-te a bola? Desmarca-te! Vou lançar a bola<br />

para a direita! Vou fintar! Vou dar um murro no lado direito!”,<br />

Maior parte da linguagem no desporto faz-se de uma forma<br />

não-verbal.Os melhores atletas são muito bons a ler linguagem<br />

corporal, são muito intuitivos a emitir sinais não-verbais e ainda<br />

a captar e entender as pistas não-verbais dos adversários e treinadores.<br />

Os atletas excelentes dominam esta linguagem e usamna<br />

para dissimular a sua estratégia (Fintas, dissimular golpes,<br />

dissimular passes…), ou antecipar a estratégia do adversário<br />

(“cortar” a bola ao adversário, adivinhar o lado de marcação de<br />

uma penalidade, para onde irá ser atirada a bola, perceber qual<br />

o golpe do adversário, …). A linguagem corporal é uma linguagem<br />

simples e mais verdadeira que todos nós já conhecemos e<br />

“ falamos”, o meu objetivo é relembrar os seus significados e<br />

criar uma consciência sobre os sinais, movimentos e expressões<br />

em prol de melhores resultados. A linguagem corporal influencia<br />

o comportamento do jogador antes e durante jogo, se o jogador<br />

optar por uma postura de confiança, peito para fora, ombros<br />

levantados, cabeça levantada, irá elevar os níveis de testosterona<br />

logo melhorar o seu desempenho e rendimento durante o jogo.<br />

Sabia que a confiança de um Guarda-r<strong>ed</strong>es durante a marcação<br />

de uma penalidade sobe aumentando a possibilidade de defesa,<br />

se o jogador que marca a penalidade exibir uma postura submissa<br />

(Cabeça Baixa, peito encolhido, ombros descaídos)…”<br />

E, as capacidades de “ler” o corpo do adversário e “adivinhar”<br />

o sentido do remate é algo que é feito desde sempre pelos<br />

guarda-r<strong>ed</strong>es. Quando um penalti é cobrado, os guarda-r<strong>ed</strong>es<br />

costumam observar a posição do corpo e a direcção dos olhos<br />

do jogador para tentar adivinhar o lado em que a bola será lançada.<br />

Essas pistas, são no entanto disfarçadas e alteradas pelos<br />

“especialistas” de marcação de penaltis. Mas, existe uma realidade<br />

objectiva: a linguagem corporal não mente! E, como um<br />

grupo de cientistas da Universidade de Greenwich descobriu,<br />

os guarda-r<strong>ed</strong>es estavam à procura dos sinais nos sítios errados<br />

e deviam estar a olhar para os ombros e para a perna de apoio.<br />

98 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


PORAL!<br />

A bola atinge o centro da baliza quando o ângulo médio da<br />

perna de apoio do atleta em relação ao chão é de 56,5 graus<br />

e o ângulo médio dos ombros é de 4,9 graus. Se o ângulo da<br />

perna aumentar para 65,5o e o ângulo dos ombros continuar<br />

em torno de 5o, a bola atingirá o lado direito da r<strong>ed</strong>e.<br />

O segr<strong>ed</strong>o: Os ombros e a Perna de apoio<br />

Para o estudo em questão, colocou-se uma maquina de filmar<br />

atrás da baliza, à altura dos olhos de um guarda-r<strong>ed</strong>es<br />

de estatura média e com a lente ajustada para simular a sua<br />

visão. A câmera filmou 46 cobranças de penaltis. O filme foi<br />

transferido para o computador e submetido a um software de<br />

análise de movimento. O programa m<strong>ed</strong>iu os ângulos da perna<br />

de apoio, do ombro, da bacia, dos pés e do tronco do jogador,<br />

durante sua corrida e im<strong>ed</strong>iatamente antes do remate.<br />

A análise estatística permitiu concluir que apenas os ângulos<br />

do ombro e da perna de apoio em relação ao chão estão<br />

associados à direcção do remate. Essas m<strong>ed</strong>idas, no entanto,<br />

só permitem prever se a bola será lançada no centro, no lado<br />

direito ou esquerdo.<br />

O estudo constatou que a bola atinge o centro da baliza quando<br />

o ângulo médio da perna de apoio do atleta em relação ao chão<br />

é de 56,5 graus e o ângulo médio dos ombros é de 4,9 graus. Se<br />

o ângulo da perna aumentar para 65,5o e o ângulo dos ombros<br />

continuar em torno de 5o, a bola atingirá o lado direito da r<strong>ed</strong>e.<br />

Quando a bola vai na direção contrária, é o ângulo do ombro<br />

que varia (chega a 9,6o). Nesse caso o ângulo da perna fica em<br />

torno de 56,6o.<br />

O filme foi mostrado a 10 guarda-r<strong>ed</strong>es e foi-lhe p<strong>ed</strong>ido para<br />

adivinhar a direcção do remate. Foi dada uma resposta. E<br />

novamente as imagens foram mostradas, mas após os guardar<strong>ed</strong>es<br />

terem os dados do estudo. Verificou-se um aumento de<br />

9% no acerto da direcção da bola após o remate. Pode parecer<br />

pouco mas é a diferença é enorme e foi conseguida sem treino.<br />

Na pratica, este conhecimento pode significar a vitória ou a<br />

derrota numa grande competição. Imagine-se numa final do<br />

campeonato do Mundo, empatado após os 90 minutos e o prolongamento,<br />

e tem de ser decidida pela marcação de grandes<br />

penalidades.<br />

Que guarda-r<strong>ed</strong>es prefere ter a defender as suas cores? Um que<br />

nunca ouviu falar deste estudo?<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 99


O efeito do afeto no<br />

Jogador de andebol<br />

Tiago Dinis, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Contato@desportoeesport.com<br />

Qual o efeito na<br />

performance na<br />

alteração do afeto e<br />

de alguns parâmetros<br />

fisiológicos (frequência<br />

cardíaca e cortisol)<br />

em 100 • Desporto&<strong>Esport</strong> atletas • www.desportoeesport.com de andebol?<br />

Os efeitos psicológicos e psicossomáticos na performance fisiológica<br />

dos atletas decorrentes da prática de desporto em competição<br />

desempenham um papel fundamental. Nos diversos<br />

estudos, numa área em expansão investigativa acelerada, mostra<br />

importantes evidências na conduta de atletas antes, durante e pósjogo,<br />

por exemplo, demonstrarem que quando em um patamar<br />

físico ótimo é alcançado, em situações em que a tática de jogo<br />

é equivalente entre adversários, o fator decisivo para a vitória<br />

consiste em como o atleta percebe e se comporta frente ao ambiente<br />

competitivo. O poder do afeto e o estado afetivo influencia<br />

claramente a perceção de esforço dos atletas. O professor António<br />

Damásio afirma inclusive que “o afeto é capaz de provocar um<br />

mapeamento cerebral inconsciente do estado fisiológico do corpo<br />

- Hipótese do Marcador Somático”, nomeadamente na sua dimensão<br />

de curta duração, por exemplo estado de humor.<br />

Sabido que os estados psicológicos e as alterações do afeito<br />

influenciam a performance desportivas, resta saber, em termos<br />

de valor, qual a preponderância na prática. Um exelente estudo<br />

de Priscila Garcia de Rocha e colegas “Efeito da alteração ambiental<br />

sobre componentes psicológicos e parâmetros fisiológicos<br />

durante corrida em atletas” relativamente ao andebol, abre uma<br />

grande porta para esta problematica.


Talvez, uma das conclusões<br />

mais importantes do estudo<br />

mencionado, é de facto a relevância<br />

do papel da perceção<br />

que o atleta tem do seu ambiente,<br />

representado no estudo<br />

pela informação sobre o<br />

tempo de corrida, e a influência<br />

de aspetos psicológicos<br />

sobre as respostas fisiológicas<br />

durante o exercício físico. Por<br />

exemplo, lendo os valores do<br />

cortisol (a secreção de cortisol<br />

se dá a partir de um estímulo<br />

estressante) “pode causar<br />

mudanças no estado afetivo,<br />

inclusive durante o exercício<br />

físico.<br />

É um hormônio catabólico,<br />

que aumenta a disponibilidade<br />

energética no sangue, assim<br />

como as funções simpáticas.<br />

No entanto, os mecanismos<br />

do cortisol durante o exercício<br />

físico ainda não são conclusivos.<br />

Todavia, a possibilidade de<br />

m<strong>ed</strong>ir a resposta fisiológica<br />

pode mascarar o papel do<br />

afeto e da real influência psicológica<br />

em resposta ao esforço<br />

físico”.<br />

O MAIS IMPORTANTE É<br />

MESMO A CONSCIÊNCIA<br />

DO ESTADO AFETIVO<br />

A realidade, como sugere o estudo, é que a percepção<br />

subjetiva do esforço não é adequada para<br />

experiência subjetiva no “mundo real”, sendo<br />

que, no entanto, quanto maior a percepção subjetiva<br />

do esforço. Isto segue em concordação<br />

com vários autores - Hardy e Rejeski (1989),<br />

Parfitt, Markland e Holmes (1994), Parfitt, Rose<br />

e Markland (2000), cujas as “conclusões afirmam<br />

que a percepção subjetiva do esforço e a escala de<br />

afeto não possuem sensibilidade na mesma proporção<br />

para avaliar a influência psicológica sobre<br />

o esforço físico; no entanto, o afeto (sentimentos)<br />

do atleta pode alterar a percepção subjetiva do<br />

esforço”.<br />

Para mais dados sobre este estudo, pode consulta-lo em: http://www.<br />

scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722010000200020<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 101


M<br />

N<br />

He hasn<br />

Ou “Fal<br />

102 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


OTIVAÇÃO PELA<br />

EGATIVIDADE<br />

DURANTE 15 ANOS, STUART BINGHAM NÃO GANHOU<br />

QUALQUER TORNEIO, FOI PROVOCADO E HUMILHA-<br />

DO, VINGOU-SE VENCENDO.<br />

Durante os primeiros 15 anos como profissional<br />

de snooker, o jogador inglês<br />

Stuart Bingham, não saiu como venc<strong>ed</strong>rot<br />

de qualquer torneio profissional.<br />

Até que foi provocado e até humilhado<br />

por um adversário lhe deu a inspiração<br />

e a moticição necessária para inverter<br />

os maus resultados e finalmente vencer<br />

e tornar-se em um dos melhores. O<br />

adversário, Mark Allen que o desdenhou<br />

dizendo “He hasn”t got the bottle”,<br />

”t got the bottle<br />

ta de nervo”<br />

No emblemático Crucible Theater de<br />

Sheffield, que é a Meca do snooker, e na<br />

noite em que vencia o mais importante<br />

troféu de bilhar, Bingham não esqueceu a<br />

“boca” que lhe mudou a vida, nos festejos<br />

como o novo e surpreendente campeão<br />

do mundo, após derrotar o favorito Shaun<br />

Murphy por 18-15. “Quero agradecer ao<br />

Mark Allen. Graças a ele as coisas mudaram<br />

radicalmente para mim nos últimos anos”,<br />

O inglês mostrou assim ao Mundo, que na<br />

maioria das vezes a melhor forma lidar com<br />

as criticas é usa-las como moticação.<br />

expressão idiomática que pretendia apontar<br />

a “falta de nervo” ou incapacidade<br />

para se superar nos momentos chaves.<br />

Foi o que o inglês precisava ouvir e para<br />

se motivar para a vitória, para a maior<br />

vitória da sua carreira e para a carreira de<br />

qualquer jogador de bilhar.<br />

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DO MUNDO<br />

Um indivíduo atirar-se de uma qu<strong>ed</strong>a de água com mais de 18 metros de<br />

altura enfiado num singelo caiaque não só é ligeiramente perigoso como<br />

também é um desporto. E estes são os melhores do mundo.<br />

Aconteceu na região mexicana de Chiapas, mais concretamente nas<br />

Cascatas de Agua Azul, o primeiro Rey Del Rio Waterfall World<br />

Championships. Uma competição em que caiaquistas de variadíssimos<br />

países se atiram de três violentas cascatas seguidas, a maior delas com<br />

mais de 18 metros (“60 feet”, nas palavras de um dos atletas).<br />

Nesta prova o tempo não contou – os homens e os caiaques foram avaliados<br />

pelo estilo e pela progressão na água. O que se compreende: não<br />

é sensato apressar um homem à beira de um precipício de 18 metros,<br />

mesmo que rodeado de água.<br />

Na categoria estilo, não deixa de ser impressionante que estes atletas,<br />

indiferentes à altura das qu<strong>ed</strong>as de água, façam ainda acrobacias com<br />

as embarcações.<br />

Impressione-se:<br />

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BTT<br />

As<br />

TIMOR<br />

As fantásticas condições naturais e paisagísticas da ilha de Timor-Leste tornam<br />

este país ideal para a prática da BTT e os principais corr<strong>ed</strong>ores e marcas<br />

começam a entender isso mesmo.<br />

Tiago Dinis, Colunista<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Contato@desportoeesport.com<br />

condições naturais e paisagísticas de<br />

determinados zonas, para muitos desportos<br />

ao ar livre, tornam determinados países perfeitos<br />

para a prática dessas modalidades. Um<br />

dos melhores exemplos é a volta a França,<br />

sem os Alpes e Pireneus, não seria a prova<br />

rainha do ciclismo.<br />

Timor-Leste pode muito bem tornar-se na<br />

prova rainha do BTT. Os primeiros passos<br />

estão dados. Nos últimos cinco anos,<br />

de forma consistente e crescente, tem-se<br />

desenvolvido uma bem-suc<strong>ed</strong>ida e concorrida<br />

prova de BTT, muito bem acolhida<br />

pelos amantes e desportistas da modalidade.<br />

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LA LIGA, JOGOS,<br />

PIRATARIA E PREJUÍZOS<br />

O Observatório de Pirataria e Hábitos de Consumo de Conteúdos<br />

Digitais de Espanha divulgou no passado mês de Março, que<br />

foram 139 milhões os jogos pirateados em 1,8 milhões de lares;<br />

e tudo isto apenas em Espanha. Os prejuízos; € 509 milhões.<br />

Segundo o jornal o Observador: “Pela primeira vez, este observatório,<br />

que elaborou o estudo em colaboração com a Liga<br />

espanhola de futebol, recolheu dados relativos à pirataria digital<br />

na transmissão de jogos.<br />

“O futebol é um dos conteúdos mais consumidos e somos a<br />

indústria mais global. Por isso, precisamos que nos defendam<br />

como produto”, disse o diretor de projetos estratégicos da Liga<br />

espanhola, Ignacio Martinez, na apresentação do relatório.<br />

O mesmo responsável reconheceu que a Liga está “extremamente<br />

preocupada” com este problema e garantiu que o organismo<br />

“continua a fazer grandes esforços” para se proteger da<br />

pirataria, porque “está a jogar-se a vida” de um setor que “é uma<br />

grande indústria, que representa 0,8% do PIB espanhol”.<br />

“Um em cada cinco internautas consome futebol de forma pirata,<br />

uma prática que é um grande problema que devemos resolver,<br />

já que temo que podemos passar por tempos difíceis. Estamos a<br />

jogar a vida do nosso setor”, alertou Ignacio Martinez.<br />

A pirataria digital continua a bater recordes em Espanha. Em<br />

2013, 84% dos conteúdos digitais consumidos eram piratas. Em<br />

2014, o valor subiu para quase 88%”.<br />

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