Desporto&Esport ed 6
Revista digital Desporto&Esport (www.desportoeesport.com)Faça o Download desta revista em: https://www.magzter.com/PT/Desporto&Esport;/Desporto-&-Esport/Sports/201599 ou se preferir o Paypall https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport
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Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Edição 6 • 2015<br />
www.desportoeesport.com<br />
FUTEBOL - GESTÃO, NEGÓCIO & MERCADO<br />
Real Madrid: A gestão de Fiorentino Perez & Mercado de ações e clubes<br />
Especiais<br />
Desporto:<br />
Performance &<br />
Altitude<br />
Quais as consequências da altitude na<br />
performance desportiva?<br />
Brasil:<br />
Copa: Legado<br />
Ambiental e<br />
social<br />
Muito se tem falado dos prejuízos económicos,<br />
mas qual o impacto ambiental e social?<br />
PEP<br />
GUARDIOLA<br />
PORQUE É AINDA O NÚMERO 1?<br />
BiCampeões<br />
Benfica<br />
Os pilares da vitória interna da equipa encarnada: Jorge Jesus,<br />
Vieira, Jonas, Luisão, Gaitan…<br />
e mais:<br />
Suplementos<br />
O que dizem os mais recentes estudos científicos sobre<br />
a influência dos suplementos?<br />
Conhecimento técnicotático<br />
As diferentes metodologias de ensino técnico tático em<br />
desportos coletivos<br />
Tour de france 2015<br />
Conheça os segr<strong>ed</strong>os e as metodologias de treino dos<br />
principais candidatos<br />
Doping Genético<br />
Entada um pouco mais do que já é assumidamente a maior<br />
batalha do Comité Olímpico Internacional<br />
A NÃO PERDER! TREINE COMO CRISTIANO RONALDO
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
REVISTA DIGITAL<br />
DISPONÍVEL<br />
EM TODAS AS PLATAFORMAS<br />
DE PC A DISPOSITIVOS MÓVEIS.<br />
2 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
EDITORIAL<br />
O que é o futebol atual? Já tudo foi inventado<br />
ou ainda existe espaço para criar novas ideias de<br />
jogo? A inovação ainda faz e/ou deve fazer parte<br />
do vocabulário dos técnicos – novos ou velhos?<br />
Ou, por outro lado, tal qual a moda, tudo o que<br />
nos resta é reciclar ideias antigas e (re)adapta-las<br />
à “modernidade” futebolística. Hoje, no deporto<br />
Rei, talvez a par com a gestão financeira, esta sejam<br />
as perguntas mais pertinentes e ao mesmo tempo<br />
aquelas mais difíceis de achar uma resposta definitiva<br />
e consensual.<br />
Há pouco mais de uma década, José Mourinho,<br />
como retratado na <strong>ed</strong>ição anterior, mudou de<br />
forma decisiva a relação e a gestão do balneário<br />
e, igualmente, na forma como os técnicos devem<br />
abordar a sua comunicação com os adeptos e os<br />
adversários através da imprensa.<br />
Uns anos depois, foi a vez de Pep Guardiola<br />
surpreender com o seu Barcelona – dominador,<br />
invencível e a base para a seleção Espanha campeã<br />
da Europa e do Mundo. Mostrando não só, para<br />
muitos, o melhor futebol de sempre, mas somando-se<br />
ainda a ideia, que Guardiola imprimiu ao seu<br />
futebol: a última inovação tática.<br />
Assim falar e estudar os métodos de trabalho e<br />
as táticas que Pep vem usando nas suas equipas<br />
(Barcelona e Bayern de Munich) é fundamental<br />
para entender o melhor futebol moderno e para<br />
onde este poderá seguir nos próximos anos.<br />
EDITOR<br />
Diogo Sampaio<br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
C OLONISTAS<br />
P<strong>ed</strong>ro M. Silva, Vitor E. Santos,<br />
Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago<br />
Dinis e Rodolfo Resende Pires.<br />
C ONVIDADOS<br />
Mónica M. Neves, Sergio Cardoso,<br />
Samira S. Martin, Manuel Silva,<br />
Andre V. Bairros, Marke G. Dantas,<br />
Clara S. Costa, Marco P. Gu<strong>ed</strong>es<br />
Contatos<br />
contato@desportoeesportcom<br />
Website<br />
www.desportoeesport.com<br />
E, como sempre, muito mais...<br />
Diogo Sampaio, Director<br />
Www.desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 3
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
ÍNDICE<br />
Edição 6 • 2015<br />
14<br />
10<br />
34<br />
50<br />
38<br />
Especiais<br />
Pep Guardiola<br />
Porque o técnico espanhol continua a ser o melhor do mundo? Os segr<strong>ed</strong>os<br />
do seu modelo de jogo; Barcelona, Bayern e muito mais…<br />
Futebol & Altitude<br />
Qual a influência da altitude nos futebolistas – maior ou menor<br />
performance? E, em termos de golos – mais ou menos?<br />
Doping genético<br />
Entende melhor aquele que é já assumidamente a maior ameaça para a<br />
verdade desportiva<br />
Copa 2014: Legado<br />
Qual o legado ambiental e social do mundial de seleções no brasil? E, o<br />
que esperar dos jogos olímpicos?<br />
Real Madrid<br />
Entendendo a gestão do presidente Florentino Perez: marketing e ligação<br />
emocional.<br />
74<br />
BiCampeões<br />
Benfica<br />
Os pilares da vitória interna da equipa encarnada: Jorge Jesus,<br />
Vieira, Jonas, Luisão, Gaitan…<br />
4 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
80<br />
FUTEBOL:<br />
UM JOGO DE DECISÕES TÁTICAS<br />
30 Suplementos alimentares<br />
66 Arbitragens: calculando a<br />
influência da fadiga - erros<br />
44 Futebol - Mercado de<br />
ações<br />
72 Aposentadoria na vida de<br />
ex atletas<br />
58 Cafeína & o aumento da<br />
performance desportiva<br />
48 Perfil das personalidades<br />
dos atletas de topo<br />
06 Le tour de France<br />
88 Hitt - o que é? Para que serve?<br />
92 Heleno - a figura<br />
20 Tática em desportos coletivos<br />
62 Efeitos dos alongamentos nos<br />
lances livre<br />
100 Como antecipar a direção dos<br />
penaltis? Futebol&Futsal<br />
52 O efeito do afecto nos jogadores<br />
de andebol<br />
24<br />
Como treinar como o<br />
melhor do mundo - CR7?<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 5
O TREINO E OS SEGREDOS DOS<br />
FAVORITOS À VITÓRIA<br />
A POUCO MAIS DE UM MÊS DA PROVA RAINHA<br />
ENTENDA MELHOR O TOP 4 DESTA MODALIDADE<br />
VINCENZO NIBALI<br />
O CAMPEÃO<br />
Trabalhei duro para este triunfo”! É assim que o “tubarão” da Sicília, como<br />
também e conhecido o ciclista italiano Vincenzo Nibali justificou a sua<br />
vitória no Tour de França em 2014. O siciliano fez uma corrida perfeita<br />
e dominadora do principio ao fim, ganhando quatro das mais dificeis e<br />
etapas nas montanhas dos Alpes e Pirineus. Nibali tornou-se ainda no<br />
sexto ciclista da história a ganhar as três maiores corridas por etapas:<br />
França, Espanha e Italia. Pelas suas palavras, em entrevista ao euronews:<br />
“ É algo de especial e particular porque há apenas algumas pessoas que<br />
o conseguiram. A Volta a Espanha (2010) foi a primeira grande vitória e<br />
deu-me realmente muito. Depois, comecei a trabalhar duro para o “Giro<br />
d’Italia” porque para um italiano essa é uma corrida<br />
muito importante. Acabei no pódio (2011)<br />
e pude tocar ao de leve no sucesso, acaricia-lo<br />
e apaixonar-me por ele. Finalmente, no ano<br />
passado, ganhei a Volta a Itália e, para mim, foi<br />
uma grande emoção porque o “Giro” é a corrida<br />
com que sempre sonhei e que costumava ver<br />
pela TV. Via grandes campeões como o Induraín<br />
ou o Pantani, sempre a correr o “Giro”. A Volta<br />
a França é também uma corrida espetacular e<br />
quando cheguei, em 2012, ao último degrau<br />
deste pódio, disse para mim próprio: “Quem<br />
sabe, um dia, eu também a posso vencer”. E venceu.<br />
Segundo os diretores médicos da Astana, a<br />
sua equipa, a acupuntura não pode curar a parte<br />
estrutural do corpo humano - uma clavícula<br />
quebrada por exemplo. Mas pode funcionar<br />
como uma m<strong>ed</strong>ida paliativa. “Se um ciclista<br />
tem um pouco de dor, o objetivo é mantê-lo no<br />
Tour”, disse o Dr. Sm<strong>ed</strong>t. “Então, depois, um<br />
diagnóstico médico correto deve ser feito.” Aliás,<br />
todos os ciclistas da Astana duas vezes por dia recebem esse tratamento.<br />
Ele usa seis a 10 agulhas cerca de uma polegada de comprimento em pontos-chave<br />
do corpo dos ciclistas: ‘pernas, pés, mãos e até mesmo a cabeça<br />
“para promover a recuperação e relaxamento dos músculos.”
ALBERTO<br />
CONTADOR<br />
O segr<strong>ed</strong>o da sua recuperação: Terapia<br />
celular ativa da INDIBA<br />
Após a aparatosa qu<strong>ed</strong>a que o tirou da volta a<br />
frança do ano passado, poucos foram aqueles<br />
que acr<strong>ed</strong>itavam na sua participação na volta a<br />
Espanha, quanto mais na sua terceira vitória –<br />
tinha vencido em 2008 e 2012.<br />
A sua fratura intra-articular em platô tibial<br />
da perna direita, tinha um prognóstico muito<br />
reservado e deixava muitas dúvidas quanto à real<br />
capacidade do ciclista espanhol em competir aos<br />
mais alto nível.<br />
A solução tinha de ser inovadora e inventiva e<br />
foi: Terapia celular ativa de INDIBA acelera o<br />
processo de consolidação das fraturas devido a<br />
promover a regeneração do tecido ósseo. Como<br />
uma consequência da evolução de sua lesão<br />
aguda, todos os problemas que muitas vezes derivadas<br />
dos tempos de descanso usuais associados<br />
com este tipo de lesão foram evitados.<br />
Agora, após um período de readaptação devido<br />
à paragem nos casos de doping, vamos ver, se é<br />
este ano que Alberto “o pistoleiro” volta a ocupar<br />
o lugar mais alto no pódio do Tour.<br />
Nairo Quintana<br />
Nem só de futebol vive o bom momento desportivo da Colômbia, e Quintana é disso<br />
o melhor exemplo. Excelente na montanha, o atual “detentor” da camisola rosa do<br />
Giro tem como especialidade máxima o contra-relógio de Montanha. O seu sonho<br />
é vencer o Tour, e se possível já em 2015. E, o seu potencial é tão fantástico que<br />
à mesmo quem lhe pergunta se deseja vencer as três grande provas (Italia, França<br />
e Espanha)… num único ano. Quintana não se faz de rogado e diz que está ai para<br />
tentar e ganhar aos melhores.
Os segr<strong>ed</strong>os<br />
de<br />
CHRIS<br />
FROOME<br />
Doenças, médicos e a superação do melhor ciclista da atualidade<br />
1.<br />
Uma vida de doenças: Froome tem sido<br />
atacado por diversas doenças durante a sua<br />
vida desportiva(ver ao lado), o que levou<br />
a que visitasse pelo menos, oito médicos<br />
em pelo menos seis clínicas e hospitais em quatro países nos<br />
últimos três anos, levando mais de uma dúzia de doses de pelo<br />
menos seis m<strong>ed</strong>icamentos diferentes para pelo menos cinco<br />
condições médicas separadas. Aliás, qualquer uma das cinco<br />
doenças que sofreu poderia ter sido o suficiente para frustrar<br />
o sonho de Froome de chegar ao topo. Adicione o fato<br />
de que alguns foram mal diagnosticada e tratada injustamente<br />
e seu sucesso é ainda mais extraordinário.<br />
Doping, Asma e Polêmica: A Asma de<br />
2. Froome mergulhou-o em controvérsia<br />
quando a UCI, entidade mundial do ciclismo,<br />
lhe permitiu ao abrigo da “Utilização<br />
Terapêutica” -permissão especial, em termos leigos - para<br />
tomar 40mg por dia de pr<strong>ed</strong>nisolona corticosteróide durante<br />
o Tour de Romandie, que ele Ganhou. Um substância tida<br />
como dopante já que pode aumentar (artificialmente) a<br />
performance de um ciclista. Froome sempre insistiu que a<br />
droga que ele foi autorizado a tomar simplesmente tratadas<br />
com uma ‘resposta asmática “e lhe permitiu competir, mas<br />
não fornece uma vantagem” em termos de performance<br />
ou um aumento das suas capacidade naturais. A polémica<br />
continua, e não é fácil escolher um lado num desporto tão<br />
marcado pela dopagem. Mas, a saúde dos ciclistas deve ser<br />
sempre colocada em primeiro lugar.
Explicando as doenças<br />
de Froome:<br />
Bilharzia é uma doença tropical causada por vermes<br />
parasitas, contraída através de contato com água contaminada,<br />
que mata até 200.000 pessoas por ano.<br />
Tifóide, uma infecção bacteriana potencialmente fatal<br />
que é extremamente rara no Reino Unido e pode ser<br />
evitada com a vacinação.<br />
Urticária, também conhecido como urticária, uma<br />
condição da pele que produz uma erupção de dor desagradável<br />
(semelhante a uma queimadura), que deixou<br />
Froome em poças de suor à noite, e de se coçar até<br />
sangrar. Blastocistose, outra doença parasitária transmitida<br />
através de alimentos contaminados<br />
ou água que pode causar diarréia, cólicas<br />
abdominais e perda de peso.<br />
Asma, a inflamação crônica das vias aéreas<br />
que milhões de pessoas “comuns”, mas que<br />
é um perigo/dificuldade constante para um<br />
ciclista profissional.<br />
O segr<strong>ed</strong>o da bicicleta de<br />
Froome: menos pintura que retira<br />
à máquina 50g, essencial<br />
para as etapas de montanha.
RFORMANCE & ALTITUDE PERFORMANCE & ALTITUDE P
&<br />
Especial<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Sérgio Cardoso, especialista em saúde com trabalho publicado na<br />
área do futebol<br />
s_cardoso19@hotmail.com<br />
O caso do<br />
futebol<br />
forma como a altitude influência fisicamente e mentalmente a performance dos futebolistas tem sido<br />
alvo de debate por diversos anos, e as conclusões dos vários estudos, bastante variáveis. Para o futebol,<br />
Aa análise mais detalhada parece em consequência do Mundial de futebol de 2010 na Africa do Sul.<br />
Só na primeira fase de qualificação realizaram-se 29 partidas de futebol em altitude e 19<br />
partidas ao nível do mar. Neste sentido, esta foi uma excelente oportunidade para comparar<br />
resultados entre os jogos. Oportunidade essa que não foi desperdiçada e no qual se chegaram<br />
aos seguintes conclusões:<br />
A distância total percorrida por partida é r<strong>ed</strong>uzida em 4% quando em altitude. O que é<br />
mais interessante é que a distância de baixa intensidade (caminhada ou corrida lenta)<br />
é apenas 0,2% menor (estatisticamente é a mesma), mas a distância percorrida em<br />
alta intensidade (sprint) é consideravelmente mais baixa, 11,5% menor - em média<br />
temos menos 2750m a menos de corridas rápidas por jogo. E, uma diminuição de 1059<br />
para 949 sprints por jogo. Isso é cerca de 10 sprints por jogador a menos por jogo.<br />
Assumido que a altitude tem diferentes impactos em diferentes organismos, a realidade<br />
é que em altitude, os jogadores em média diminui um quilómetro na distância percorrida.<br />
O que segundo os cálculos, tem uma enorme impacto no resultado dos jogos, os<br />
estonteantes 30%.<br />
ERFORMANCE & ALTITUDE<br />
PERFORMANCE & ALTITUDE
Diogo Sampaio<br />
Para além das diminuições na<br />
performance os futebolistas<br />
podem ter muitos mais contratempos,<br />
que podem ir muito<br />
além do incomodo originado<br />
pelas condições climatéricas, já<br />
que o organismo dos jogadores<br />
pode sofrer pesadas alterações<br />
no seu funcionamento durante o<br />
período de adaptação à altitude,<br />
e muitas vezes podem ocorrer<br />
problemas como: respiração<br />
mais curta, dores de cabeça,<br />
náuseas, vómitos, tonturas e<br />
chega a ocorrer perda de apetite<br />
e insónias.<br />
A isto soma-se ainda as conclusões<br />
de vários estudos sobre<br />
os riscos na prática desportiva<br />
em altitude, que podem inclusive<br />
advir da necessária alteração<br />
alimentar e nutricional mas<br />
vai muito mais além e em consequência<br />
da diminuição da temperatura<br />
do ar (6,5 graus a cada<br />
1000 metros, aproximadamente)<br />
e aumento da intensidade dos<br />
raios solares, quanto maior for<br />
a altitude, mais o ar é rarefeito e<br />
menor será a pressão atmosférica.<br />
Muitas vezes, a altitude pode<br />
ser totalmente incapacitante.<br />
Ex cima anderson,<br />
ex-FC Porto e Man.<br />
Unit<strong>ed</strong>, após esfoeço<br />
de apenas 30 minutos<br />
num jogo em altitude.<br />
Abaixo, o logo do<br />
Mundial de 2010 na<br />
África do sul, onde se<br />
desenvolveu o estudo<br />
aqui apresentado<br />
“ A distância total percorrida por partida é<br />
r<strong>ed</strong>uzida em 4% quando em altitude”<br />
FORMANCE & ALTITUDE PERFORMANCE & ALTITUDE PE
ALTITUDE E GOLOS MARCADOS<br />
O desgaste influência tremendamente as partidas de futebol; um bom exemplo disso mesmo<br />
é o número de golos marcados nos últimos 15 minutos dos jogos de futebol moderno.<br />
Nomeadamente nos golos marcados. Então, de que forma a altitude influencia o número de<br />
golos em uma partida?<br />
As evidências de uma maior ocorrência de<br />
golos nos últimos 15 minutos das partidas<br />
de futebol são inequívocas. Os números<br />
mostram que mais de 20% to total de golos<br />
em um jogos são marcados nos últimos 15<br />
minutos. Por norma, para além da pressão do<br />
resultado, a fadiga tem sido, e bem, apontada<br />
como a principal causa. E, um dos efeitos do<br />
desgaste é a menor capacidade de “reter” os<br />
altos níveis de concentração necessários para<br />
o futebol moderno, decidido por detalhes. A<br />
altitude influencia, como podemos perceber,<br />
fortemente o desgaste, e o desgaste influencia<br />
negativamente a concentração, e com isso<br />
o jogo. O matemático Patrick E. McSharry,<br />
da Universidade de Oxford, fez uma análise<br />
estatística de 1.460 partidas internacionais<br />
entre equipas de dez países da América do<br />
Sul, por norma com mais jogos em altitude,<br />
durante o período de 1890 a 2004. E chegou<br />
à conclusão que para cada quilômetro (1000<br />
metros) de variação na altitude, a diferença é<br />
de aproximadamente meio golo.<br />
E, chegou-se a outra importante conclusão: A<br />
probabilidade de vencer em casa, no próprio<br />
estádio, sem a influência da altitude é de 0,537.<br />
Mas, esta probabilidade sobe para 0,825 quando<br />
se verificam fortes alterações na altitude<br />
entre a equipa que recebe em altitude em desfavor<br />
da equipa visitante, que por norma joga<br />
ao nível do mar.<br />
RFORMANCE & ALTITUDE<br />
PERFORMANCE & ALTITUDE
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
O melhor treinador do Mundo?<br />
UARDIOLA<br />
Pep é técnico principal há menos de uma década,<br />
mas o fascínio gerado pela sua figura e métodos<br />
de trabalho não tem paralelo no futebol moderno.<br />
Entende-los, no entanto, é entender as melhores<br />
ideias do futebol e o melhor que ele tem para oferecer.<br />
Nas próximas páginas olhamos de perto o<br />
perfil do treinador espanhol, e concluímos se ele,<br />
é ou não, o melhor treinador do mundo.
Pep Guardiola<br />
O melhor treinador do Mundo<br />
Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
P<br />
ep Guardiola é técnico principal há menos<br />
de uma década mas o fascínio que exerce<br />
faz com que muitos não o apontem<br />
somente como o melhor<br />
treinador do mundo hoje, mas como o<br />
principal candidato ainda no ativo a melhor<br />
treinador de futebol de sempre. Tal<br />
afirmação pode parecer exagerada, mas a<br />
realidade tende a ir ao encontro com ela.<br />
Guardiola criou as duas melhores equipas<br />
da última década. O seu Barcelona é tido<br />
pela generalidade como a melhor equipa de sempre; e,<br />
para muitos analistas, a sua equipa atual, o Bayern de<br />
Munich é taticamente ainda superior. O seu sucesso não<br />
é, nem pode ser por mero acaso. As suas vitórias não<br />
se originam na sorte. Pep ganha mais, porque é melhor.<br />
Muito Melhor! Mas, primeiro, é preciso desmistificar a<br />
figura, para que possamos compreender o homem e as<br />
suas ideias. A imprensa desportiva especializada afirma<br />
que ele reinventou o futebol. Ele nega-o. O próprio Guardiola<br />
afirma que o seu maior talento é: escutar e observar!<br />
E, saber reconhecer uma boa ideia quando a escuta;<br />
e, sabe modifica-la, adapta-la as suas necessidades e,<br />
acima de tudo, expandi-la e torna-la melhor. “Pep não<br />
é um criador, ele é um inovador”, para usar a frase dita<br />
por aqueles que o acompanham mais de perto. As leituras<br />
mas principalmente as suas viagens tornaram-se celebres,<br />
de tal modo, que ganharam nome: “viagens de<br />
“PEP NÃO É<br />
UM CRIADOR,<br />
É UM<br />
INOVADOR”<br />
iniciação”. Nessas viagens de trabalho, um pouco por todo o<br />
mundo, ele procurava ouvir e aprender com os melhores. Ver<br />
e estudar com os próprios olhos os métodos de trabalho dos<br />
seus ídolos. E, perceber como evoluíram as ideias que recebeu<br />
em primeira mão dos seus treinadores da<br />
sua época de futebolista. E a lista de técnicos<br />
com quem trabalhou é impressionante: Johan<br />
Cruyff, Cesar Luis Menotti, Juan Manuel<br />
Lillo, Marcelo Bielsa e Arrigo Sacchi. E, segundo<br />
Guardiola, todos eles lhe transmitiram<br />
lições importantíssimas e ainda validas para o<br />
seu sucesso atual. Um dos melhores exemplos<br />
de “roubo” e inovação de um conceito antigo foi a implementação<br />
de Lionel Messi como um falso 9 em 2009 pelo<br />
Barcelona. Este “mecanismo tático” não tem nada de novo e<br />
é tão antiga quantos os anos 50, onde foi usada pelas seleções<br />
da Argentina e Hungria. Mas foi arrojado. E foi pensado…<br />
na véspera de visita ao Real Madrid. Guardiola ficou sozinho<br />
no centro de treinos do Barcelona a estudar o adversário.<br />
Quando encontrou a solução, telefonou a Messi. Às 22h30,<br />
o argentino entrou nas instalações do clube, viu e ouviu as<br />
indicações do técnico. No dia seguinte, o Barcelona venceria<br />
no Estádio Santiago Bernabéu por 6-2. Mudar e adaptar<br />
sem m<strong>ed</strong>o de optar por um caminho diferente ao projetado<br />
no início da época: são poucos os treinadores com essa coragem.<br />
Uma equipa, pelas palavras do próprio Guardiola, “é<br />
como um ser vivo que cresce, desenvolve-se, sofre desgraças<br />
e inconvenientes, supera-os, cria expectativas, melhora em<br />
alguns aspetos, piora noutros, e, em resumo, evolui”.<br />
16 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 17
“Sou um ladrão de ideias”<br />
Guardiola lê tudo a quem tem acesso e possa de alguma maneira<br />
ajuda-lo a entender melhor todos os detalhes do que é<br />
treinar hoje uma equipa de futebol de topo, que em muitos<br />
aspetos é tão desafiante quanto gerir uma grande empresa de<br />
milhões.<br />
Procura tudo e todos que possam transmitir-lhe conhecimentos.<br />
E, não só na área do futebol. Um bom exemplo, foi a viagem que<br />
fez de centenas de quilómetros quando murada em Morávia na<br />
Itália, para conhecer e conversar com Julio Velasco, treinador de<br />
Voleibol, após ter assistido uma entrevista dele na televisão.<br />
E, nesses encontros, Guardiola pergunta mais do que responde. Não<br />
por <strong>ed</strong>ucação. Mas por curiosidade. Uma curiosidade de criança; uma<br />
criança que tem curiosidade por tudo e por todas as ideias. Um exemplo:<br />
nós constatamos que o método que Guardiola usa para analisar o<br />
adversário é muito parecido ao do campeão mundial de xadrez Magnus<br />
Carlsen. Pep ficou fascinado por suas ideias. Desde então, ele lê tudo que<br />
lhe cai às mãos sobre xadrez para fazer paralelos e aplicar as técnicas do<br />
xadrez no futebol.<br />
Erradamente, sempre existiram dúvidas sobre a capacidade<br />
de Guardiola. Os seus críticos sempre disseram que fora<br />
de Barcelona não seria nada, na melhor das hipóteses um<br />
técnico banal apenas um pouco mais acima do m<strong>ed</strong>íocre.<br />
Quando ele ingressou no Bayern de Munich foram muitos os seus detratores, e<br />
tantos outros desconfiavam<br />
do que<br />
podia ele fazer numa<br />
equipa que na época<br />
anterior tinha ganho<br />
tudo. Quem nunca<br />
duvidou foi o próprio<br />
“O mais maravilhoso do meu trabalho é imaginar o jogo que vai acontecer<br />
amanhã. Com os jogadores que eu tenho e com todas as minhas ferramentas<br />
à minha disposição, e ao contrário, que é o irá fazer o adversário, gosto<br />
de ficar sonhando com o futuro.”<br />
Guardiola: “Vamos conseguir”, assim como não se contentou em ficar somente nas<br />
virtude táticas da equipa da Baviera deixada por Jupp Heynckes, mesmo sabendo<br />
que “Para melhorar, é preciso piorar primeiro.” E assumiu esse risco lógico. O risco<br />
da perda de confiança, da perda da segurança ou dos mecanismos e dinâmicas.<br />
E isto, pela crença e confiança no seu<br />
estilo de jogo. “A minha forma de jogo<br />
é a minha forma de jogo. Mas também<br />
existem outras, completamente diferentes,<br />
que podem ser bem-suc<strong>ed</strong>idas.<br />
Não interessa se<br />
a minha é a melhor.<br />
Mas ela é a<br />
minha”. E, o O<br />
elemento central<br />
de ser um time<br />
é transformar o<br />
individual em coletivo. A ferramenta<br />
mais importante para alcançar esse objetivo<br />
é a comunicação. E essa é uma<br />
ferramenta difícil de ser alcançada,<br />
18 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
porque, se não for aplicada corretamente, ela pode transformar a melhor<br />
das ideias no pior resultado. Principalmente, em balneários que falam<br />
múltiplas línguas com jogadores com interesses tão próprios e muitas<br />
vezes tão egoístas. Mas, segundo a filosofia de gestão do tecnico espanhol,<br />
é fácil quando as conversas são conduzidas com paixão: quando<br />
as palavras não são suficientes, Pep usa todo o corpo para dizer o que<br />
quer. Ele abraça os jogadores, beija, joga pra frente. E eles respondem<br />
da mesma forma. É só ver como Ribéry ou Boateng comemoram seus<br />
golos com Pep para entender que a boa comunicação precisa de uma boa<br />
dose de paixão. Quando, em março de 2014, o Bayern já era campeão<br />
alemão, Franck Ribéry foi até Guardiola na comemoração do campeonato<br />
e disse: “Eu amo-te! Você está no meu coração”. O mesmo se<br />
passou com Lahm, Robben e tantos outros. Quando o jogador Pierre-<br />
Emile Højbjerg lhe contou em particular que seu pai sofria de cancro,<br />
os dois choraram juntos. O treinador fez tudo o que pôde para apoiar<br />
o jovem jogador e seu pai, que morreu alguns meses depois. Højbjerg<br />
disse recentemente: “O Pep é como um segundo pai para mim”.<br />
Para Pep Guardiola, essas demonstrações de afeto não são parte de um<br />
estilo de gestão ou parte de suas habilidades de liderança. Para ele,<br />
trata-se realmente do amor que tem pelos seus jogadores, os seus companheiros<br />
de equipe, chova ou faça sol. Pep é latino, e isso entende-se<br />
perfeitamente quando olhamos para ele nos jogos: ele salta, sofre, grita<br />
com tudo e todos, quase que conseguimos ver-lhes as rugas a crescer<br />
durante os jogos. Como alguém disse “Pep Guardiola é como a gasolina<br />
que se joga no fogo: o resultado é cada vez mais fogo.” E, essa paixão<br />
transfere-se para os seus jogadores.<br />
“Não podemos estar sempre ao espelho dizendo quão fantásticos somos.<br />
Quando as coisas estão a correr bem é quando existe a necessidade de maior<br />
vigilância. O m<strong>ed</strong>o de perder é a chave para competir. Porque só seremos<br />
lembrados se ganharmos, se vencermos. Se não o fizermos, seremos uma<br />
an<strong>ed</strong>ota.”<br />
Mas, a principal vantagem de Pep Guardiola a todos a “concorrência” é<br />
a constante insatisfação e a necessidade de perguntar sem parar, e sem<br />
m<strong>ed</strong>o de questionar a toda a hora o caminho que definiu. E coragem<br />
para alterar. Muitas vezes fê-lo da noite para o dia.<br />
Os mais próximos, dizem que normalmente ele só se permite cinco<br />
minutos para comemorar uma vitória. Cinco minutos, não mais.<br />
Depois, começa a análise fria e racional do jogo com seus colaboradores<br />
mais próximos e também a preparação para a próxima<br />
partida e o estudo do próximo adversário. Ele adora vencer. Mas<br />
ele exige de si mesmo a busca contínuada do jogo perfeito. Ele<br />
sabe que o jogo perfeito não existe, mas ele não deixa de tentar. O<br />
resultado é importante para ele, mas não basta.<br />
Continua na pág. 56<br />
Gerir a carreira é entender o fim<br />
dos ciclos e mudar<br />
Quando Pep Guardiola anunciou em<br />
2012 que deixaria o cargo de treinador<br />
de futebol do Barcelona, ecoaram<br />
ondas de choque por todo o Mundo do<br />
futebol, adeptos incluídos.<br />
Afinal, o jovem treinador, na altura<br />
com apenas 41 anos, havia conquistado<br />
um total de 14 títulos - três campeonatos<br />
espanhóis, três supertaças espanholas,<br />
duas ligas dos campeões, duas<br />
supertaças europeias, dois mundiais de<br />
clubes e duas Taça da Rei.<br />
Todo este êxito fez dele o melhor técnico<br />
de sempre do Barcelona – equipa<br />
que é tida por muitos como a melhor<br />
equipa do mundo e a base da seleção<br />
espanhola campeã do Mundo e da<br />
Europa. O que poderia passar pela cabeça<br />
de Pep para abandonar um “trono<br />
eterno” num reinado sem fim à vista?<br />
Pep saiu porque entendeu antes de<br />
todos o fim de um ciclo, soube ler a<br />
conjuntura interna, o contexto externa<br />
e as novas oportunidades do “mercado”<br />
futebolístico. Ao sair agora, sai<br />
por cima e em grande como o melhor<br />
e com bilhete e desejo dos adeptos<br />
catalães para regressar no futuro.<br />
Para os que lhe rogavam apenas capacidade<br />
para treinar o FC Barcelona e que<br />
lhe esperava o fracasso quando de lá<br />
saísse, foram totalmente desmentidos<br />
e apenas porque Guardiola mostrou<br />
a coragem de mudar quando o mais<br />
fácil era ficar. Uma lição de gestão de<br />
carreira.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 19
O TREINO E A APRENDIZA<br />
TÉCNICO-TÁTICO EM DES<br />
20 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
GEM DO CONHECIMENTO<br />
PORTOS COLETIVOS:<br />
Tática, Tecnica, cooperação e inteligência<br />
Alessandro Mendonça, especialista desportivo com trabalhos<br />
publicados na área da tática em desportos coletivos<br />
alessandro.palaria@hotmail.com<br />
O<br />
s esportes coletivos têm se apresentado com destaque no<br />
cenário esportivo internacional, e a sua expressividade<br />
vem se confirmando com as participações significativas<br />
de diversas Seleções Nacionais em eventos internacionais como os<br />
Jogos Olímpicos.<br />
Sendo assim, estudar as diferentes metodologias de ensino se torna<br />
cada vez mais importante para que os professores e técnicos que<br />
atuam nas escolinhas de esporte e categorias de base dos clubes<br />
consigam trabalhar cada vez melhor e, com isso, revelar jogadores.<br />
As modalidades esportivas coletivas apresentam dois traços compreendidos<br />
como fundamentais - a cooperação e a inteligência, por<br />
entender que todas seguem uma mesma lógica, que as tornam passíveis<br />
de igual tratamento p<strong>ed</strong>agógico. Considerando apenas duas<br />
diferenças, no caso do voleibol, relacionadas ao espaço físico, pois<br />
as equipes atuam em campos distintos, separadas pela r<strong>ed</strong>e e a forma<br />
de participação dos jogadores que ocorre de forma alternada.<br />
Existem dois parâmetros: o divergente<br />
(criatividade tática) e o convergente<br />
(inteligência tática)<br />
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TÁTICA<br />
NO DESPORTO<br />
Considerando ser muito importante a escolha do método de trabalho para o processo de<br />
ensino-aprendizagem, pesquisamos dois princípios metodológicos: o analítico-sintético e<br />
o global-funcional. Envolvidos nesse contexto, encontramos em alguns estudos publicados<br />
sobre o tema três métodos de ensino - o tradicional (analítico-sintético), o situacional (global-funcional)<br />
e o misto (que utiliza partes dos dois princípios metodológicos).<br />
Para identificar as contribuições que os métodos de ensino apresentaram ao serem aplicados<br />
em equipes de jovens alunos, os estudos tiveram como parâmetro o conhecimento Técnico-<br />
Tático dos jogadores: o Conhecimento Declarativo (CD), que se relaciona à tática - saber o<br />
que fazer, e o Conhecimento Processual (CP), que diz respeito à técnica - saber como fazer.<br />
Ainda, quanto ao CP, existem dois parâmetros: o divergente (criatividade tática), quando<br />
o jogador produz diversas alternativas para uma determinada situação, e o convergente<br />
(inteligência tática) em que o jogador seleciona entre as múltiplas alternativas, uma única,<br />
considerada ótima.<br />
Procuramos então investigar os efeitos que método situacional de ensino pode proporcionar<br />
aos alunos de equipes iniciantes das modalidades coletivas, possibilitando melhora no nível<br />
de conhecimento técnico-tático declarativo e processual.<br />
Os resultados reforçam a ideia de que a tática pode ser trabalhada junto com a técnica, e que<br />
os resultados são bastante significativos. Ainda, por se tratar de alunos iniciantes, que se<br />
motivam ao aprender através do jogo, é possível percebe que o uso do conhecimento técnicotático<br />
é de total importância durante uma partida.<br />
Também foram identificadas diferenças significativas, no caso do voleibol - relacionadas ao<br />
espaço, pois as equipes são divididas pela r<strong>ed</strong>e e cada uma atua em sua respectiva quadra;<br />
a forma de participação dos jogadores que acontece de forma alternada- as equipes têm o<br />
direito de executar as jogadas( 3 contatos) sem que os adversários a impeçam.<br />
Dessa forma, também se questiona a adoção do método de ensino mais eficiente para o<br />
Voleibol. Acr<strong>ed</strong>ito que deve prevalecer a forma correta de execução dos fundamentos antes<br />
que o aluno esteja em contato direto com o jogo, pois pela própria experiência não, o jogo<br />
não terá continuidade, e consequentemente imp<strong>ed</strong>e as trocas de “rallys”, elemento que torna<br />
a partida de Voleibol um grande espetáculo.<br />
Sendo assim, estudar as diferentes metodologias de ensino se torna cada<br />
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Apesar de todos os trabalhos encontrados apresentarem melhoras,<br />
alguns destacavam o conhecimento técnico-tático declarativo,<br />
e outros o conhecimento técnico-tático processual divergente<br />
(criatividade) e convergente (inteligência), que se diferenciavam<br />
de acordo com o tipo de teste realizado pelo pesquisador.<br />
Ainda, vale ressaltar que, ao comparar a ordem de aplicação<br />
dos métodos de ensino, o resultado apresentado foi o seguinte<br />
– o método situacional seguido do método tradicional provocou<br />
maiores ganhos sobre o nível de conhecimento tático processual e<br />
declarativo em relação à sequência que fez uso do método tradicional<br />
seguido do método situacional.<br />
Esse fato nos leva a um questionamento sobre a forma de<br />
planejamento das sessões de treino. Entendo que uma proposta<br />
interessante e facilitadora deve em um primeiro momento motivar<br />
o aluno através da aplicação de algumas formas de jogos<br />
situacionais (método situacional) e, a seguir, levá-lo a perceber a<br />
importância do uso dos fundamentos tecnicamente corretos para<br />
que, de forma consciente execute séries de repetições a fim de<br />
melhorar a execução do fundamento (método tradicional).<br />
Podemos concluir assim, que é determinante a escolha do método<br />
para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem nos<br />
esportes coletivos, mas, também é essencial que o professor trace<br />
de forma clara os objetivos a serem atingidos com os grupos de<br />
maneira que atenda as necessidades coletivas e individuais.<br />
Foi possível perceber que os jogos situacionais são um grande<br />
facilitador do processo de ensino-aprendizagem, pois acrescenta<br />
ao repertório cognitivo dos indivíduos maior conhecimento<br />
técnico-tático, e assim, permitir significativa introdução desses<br />
sujeitos nas diferentes modalidades esportivas.<br />
REFERÊNCIAS<br />
Greco, J. P. Conhecimento Técnico-Tático: O Modelo Pendular do<br />
Comportamento e da Ação Tática nos <strong>Esport</strong>es Coletivos. Revista<br />
Brasileira de Psicologia do <strong>Esport</strong>e e do Exercício. Belo Horizonte.<br />
Vol. 0. 2006. p. 107-129.<br />
Galatti, R. L. P<strong>ed</strong>agogia do <strong>Esport</strong>e: Discutindo o Processo de<br />
Ensino-Aprendizagem na Modalidade Basquetebol. Monografia.<br />
Campinas. Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual<br />
de Campinas. 2002.<br />
Mendonça, H. P. A. A Relação entre o Método de Ensino e o<br />
Conhecimento Técnico-Tático de Jogadores no <strong>Esport</strong>es Coletivos.<br />
TCC. UGF. São Paulo. 2013<br />
Paes, R. R.; Montagner, C. P.; Ferreira, B. H. P<strong>ed</strong>agogia do <strong>Esport</strong>e:<br />
Iniciação e Treinamento em Basquetebol. Rio de Janeiro. Editora<br />
Guanabara. Koogan. 2009.<br />
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Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
TREINE (E SEGREDOS) COMO O MELHOR DO MUNDO<br />
CR7 é tão completo quanto um futebolista pode ser.<br />
Olhando para a história do futebol, é inclusive difícil<br />
pensar em alguém tão absolutamente variado como o<br />
craque português: atlético, rápido, forte, poderoso e<br />
técnico. E, apesar do seu enorme talento, foi o trabalho<br />
e o seu duro regime de treino e nutricional que o<br />
tornaram por 3 vezes o melhor jogador de Mundo.<br />
C<br />
ristiano Ronaldo é um Mix perfeito de diversas disciplinas físicas e de<br />
diversas modalidades calibradas ao milímetro para o futebol. Tão rápido<br />
quanto um velocistas de 100 metros ou forte como um levantador de<br />
pesos, para CR7 tudo parece simples e fácil. Ao ponto, que muito adeptos<br />
do futebol o desconsideram e afirmam que os seus golos acontecem<br />
ou por sorte ou por penalti. Mas nada está mais longe da realidade: o seu<br />
sucesso é fruto de uma forte ética e filosofia de treino praticada 365 dias<br />
por ano, com uma compreensão e consciência exata da importância do trabalho<br />
e do seu papel decisivo para o êxito. O treino da mente é igualmente<br />
importante, aliás, assume um papel tão fundamental quanto o físico para o<br />
sucesso. O foco total, pelas palavras do próprio CR7, “é o único meio para<br />
se atingir o máximo do potencial”, “contornar todas distrações… e manter<br />
a confiança a top”. E, para o foco não sofrer variações negativas, segunda a<br />
filosofia do craque português, é necessário criar e definir objetivos e metas<br />
bem clara, alcançáveis mas ao mesmo tempo ambiciosas. E, não permitir<br />
que nada ou ninguém destruía esses objetivos com o negativismo ou a<br />
falta de crença. E, assumir o “Eu” como o mais importante. Isso pode até<br />
parecer demasiado narcísico, mas, para se ser o melhor é preciso querer<br />
ser-se o melhor. Por fim, é preciso criar rivalidade, verdadeiras ou falsas;<br />
Ronaldo recomenda por exemplo “ Trabalhando com um parceiro de treino<br />
é uma boa maneira de adicionar um pouco de competitividade e ajudar a<br />
empurrar-me. Treinando com alguém que tem um nível físico semelhante a<br />
mim, ajuda-me mentalmente a dar o máximo, ir até para lá do meu limite.”<br />
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São 3 a 4 horas o plano de rotina diária de treino de<br />
Cristiano Ronaldo. E, tudo isto, assente numa dieta<br />
nutricional rigorosa.<br />
A obsessão do CR7 pela rotina diária do treino é bem<br />
conhecida, e o seu plano de treinos nunca é por um<br />
período menor a 3 a 4 horas, onde se inclui também,<br />
uma dieta nutricional rigorosa. Um dos principais objetivos<br />
do treino de Ronaldo, é manter um nível extremamente<br />
baixo de gordura corporal, inferior a 10%.<br />
Esta baixa gordura corporal é fundamental para alcançar<br />
os 33,7 km/h em velocidade de ponta. Um valor<br />
fenomenal para um futebolista. Para se ter uma ideia,<br />
o jamaicano Bolt, velocista dos 100 metros e homem<br />
mais rápido do mundo tem como velocidade de ponta<br />
37,6, apenas mais 3 km/h que CR7.<br />
Esta “apetência” e desejo de Ronaldo em atingir altas<br />
velocidade bem desde c<strong>ed</strong>o. Aurélio Pereira, antigo<br />
técnico de Ronaldo nos juniores do Sporting, explicou<br />
um dos seus curiosos treinos ainda em jovem: “ ele<br />
colocava alguns pesos nas pernas e ia para a rua. Então,<br />
esperava o sinal ficar verde e corria para ganhar dos<br />
carros.”<br />
Um ponto importante no treino de Ronaldo é o sistema<br />
de treino de cardio de 25 a 30 minutos diários.<br />
Alternando em fortes e intensos treinos de sprint máximo,<br />
durante muitos mas curtos períodos de tempos.<br />
CR7 aposta igualmente em exercícios de ginástica para<br />
desenvolver músculos específicos, mas também sua<br />
força total do corpo.<br />
E, obviamente, a tudo isto se junta ainda os treinos<br />
com os seus companheiros do Real Madrid e os treinos<br />
técnicos e com bola. “Seja disciplinado. Mantenha-se<br />
motivado e manter sua rotina é fundamental. Para mim,<br />
não há espaço para facilitar, ser rigoroso é estar mais<br />
perto de Ganhar”, diz Ronaldo.<br />
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A Máquina da Nasa<br />
Ronaldo para o seu treino usa à já mais de uma ano, uma<br />
ferramenta muito especial e única: uma máquina criada<br />
e construída pela Nasa. A agência espacial norte-americana<br />
criou uma máquina para treinar os seus astronautas,<br />
mas que devido às suas especificidades pode trazer<br />
muitos beneficios aos atletas que a usam, já que permite<br />
treinos abaixo do peso do corpo.<br />
Cristiano Ronaldo<br />
transporta consigo<br />
uma forte ética de<br />
trabalho que o tem<br />
levado ao sucesso<br />
aliando a um d<strong>ed</strong>icação<br />
impar e o uso<br />
das mais recentes<br />
ferramentas tecnológicas.<br />
O aparelho foi concebido por engenheiros da NASA para ajudar<br />
no treino dos astronautas e é considerado o melhor equipamento<br />
de fisioterapia do mundo, permitindo uma reabilitação não agressiva<br />
da função muscular e articular. O sistema de antigravidade<br />
permite que Ronaldo corra na passadeira com uma r<strong>ed</strong>ução do peso<br />
do corpo até 80%. O grande benefício é capacita-lo a correr<br />
velocidades e treinos de corrida muito superior à habitual, na<br />
m<strong>ed</strong>ida em que se diminui o peso a ser sustentado. Este recurso<br />
desenvolve uma sensível melhoria<br />
da coordenação motora, contribuindo<br />
tanto para melhorar a velocidade,<br />
quanto para aperfeiçoar a<br />
economia de movimento ou seja,<br />
a eficiência mecânica, fator determinante<br />
de desempenho. E, no<br />
futebol do CR7, onde velocidade<br />
e eficiencia de movimentos são<br />
fatores determinantes para o seu<br />
êxito e para marcar tantos golos.<br />
A passadeira antigravitacional<br />
Alter G custa cerca de 24.500<br />
dólares (18 mil euros).<br />
Como conseguir Abdominais<br />
como os de Ronaldo<br />
Obter abdominais definidos é uma<br />
tarefa árdua, conseguir a definição<br />
atingida por Ronaldo é ainda mais<br />
complicado. O primeiro passo é<br />
eliminar ao máximo do saudável<br />
a gordura corporal. Sem isso não<br />
interessa, ou não fará efeito, fazer<br />
1000 ou 3000 abdominais por dia.<br />
Assim, o primeiro passo é r<strong>ed</strong>uzir<br />
a gordura corporal a 10% ou<br />
mesmo abaixo disso. Depois é dar<br />
no duro como faz CR7. E melhor<br />
a força e definição dos abdominais<br />
deve-se optar por exercícios como<br />
as pranchas e renegade rows, que<br />
mais facilmente eliminam a gordura<br />
corporal. Muito mais que as<br />
flexões comuns. Para além disso,<br />
no caso de Ronaldo ele tem uma<br />
rotina diária 3000 sentar-ups/abd.<br />
Muitas vezes, chega a estar cerca<br />
de uma hora a exercictar-se desta<br />
forma<br />
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Cristiano Ronaldo tem optado por uma abordagem<br />
<strong>ed</strong>ucacional desportiva positiva para com os seus<br />
fãs e adeptos do desporto em geral, não só na<br />
divulgação do futebol mas também na difusão das<br />
técnicas do seus treinos no qual se inclui a o seu<br />
regime nutricional: tão importante como o treino é<br />
a alimentação e o plano nutricional seguido.<br />
A primeira e mais importante dica: Hidratação constante<br />
e uma refeição ligeira entre intervalos de 2 a<br />
4 horas, o que perfaz 6 refeições por dia. CR7 evita<br />
sempre o consumo de alimentos e bebidas com<br />
muito açúcar e nunca toca no álcool, este último<br />
não só por questões físicas, mas acima de tudo por<br />
questões pessoais e familiares. É bem conhecida a<br />
doença de fígado que vitimou o seu pai.<br />
Ao pequeno-almoço deve-se optar por alimentos<br />
com proteínas e carboidratos, como frutas, cereais<br />
integrais, ovos ou leite. Esta é uma das refeições<br />
mais importantes do dia, assim é necessário prestar<br />
muita atenção ao que você come e não se esqueça<br />
de não deixar passar mais de 2-3 horas antes de<br />
comer um pequeno lanche.<br />
A primeira regra sobre o almoço é não comer muita<br />
comida. Você precisa apontar para uma refeição de<br />
baixo teor calórico, com frutas e muitos vegetais.<br />
A última refeição do dia deve consistir em alimentos<br />
ricos em fibras, proteínas, vitaminas e<br />
hidratos de carbono. Poderá optar-se por um peito<br />
de frango, feijão verde, arroz e uma peça de fruta<br />
para a sobremesa.<br />
Aliar o treino a uma alimentação equilibrada é<br />
absolutamente indispensável para se conseguir<br />
atingir os objetivos sejam eles desportivos ou apenas<br />
por saúde.<br />
As dicas alimentares de Cristiano Ronaldo<br />
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“Sinta-se sempre melhor<br />
que o seu adversário”<br />
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SUPLEMENTOS<br />
Definição, regulamentação, comercializ<br />
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ALIMENTARES<br />
ação, segurança e evidência científica<br />
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Mónica Marreiros Neves, Membro da<br />
Ordem dos Nutricionistas, cédula 2138D<br />
monicanevesdietista@gmail.com<br />
A utilização de suplementos alimentares em<br />
Portugal teve um crescimento significativo<br />
nos últimos 15 anos. Este fenómeno pode ser<br />
explicado pela maior divulgação e facilidade<br />
de acesso a informação sobre estes produtos,<br />
associada ao desejo de melhorar o estado de<br />
saúde e à procura da forma física ideal.<br />
O que são os suplementos alimentares?<br />
De acordo com Decreto-Lei nº 136/2003, de<br />
28 de junho, os suplementos alimentares são<br />
géneros alimentícios que se destinam a complementar<br />
e ou suplementar o regime alimentar<br />
normal. São fontes concentradas de determinados<br />
nutrientes ou outras substâncias com efeito<br />
nutricional ou fisiológico, no estado puro ou<br />
combinadas. Os suplementos alimentares são<br />
comercializados de forma doseada em comprimidos,<br />
cápsulas, pastilhas, pós, granulados,<br />
ampolas de líquido, frascos com conta-gotas,<br />
entre outras.<br />
Regulamentação e Fiscalização<br />
Os suplementos alimentares são regulados como géneros alimentícios (substâncias destinadas<br />
à alimentação humana).<br />
A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) é a autoridade competente,<br />
ou seja, organismo responsável pela definição, execução e avaliação das políticas de<br />
segurança alimentar. A autoridade competente pode exigir, sempre que necessário,<br />
ao fabricante ou distribuidor a apresentação de estudos de qualidade e segurança dos<br />
suplementos alimentares realizados por entidades com reconhecida competência técnica<br />
nestas áreas. Estas últimas isentas de quaisquer interesses no âmbito da produção,<br />
transformação, importação, exportação e comercialização de suplementos alimentares.<br />
Em Portugal, a fiscalização do cumprimento das normas estabelecidas para os suplementos<br />
alimentares é feita através de controlos oficiais e compete à Autoridade de Segurança<br />
Alimentar e Económica (ASAE).<br />
“... os suplementos alimentares s<br />
se destinam a complementar e<br />
alimentar no<br />
Comercialização<br />
A comercialização de um suplemento alimentar implica a notificação prévia pelo fabricante<br />
ou distribuidor à autoridade competente, sendo apenas necessário o envio do<br />
modelo de rótulo utilizado para esse produto.<br />
Qualquer alteração das informações relativas ao fabrico, distribuição e colocação no<br />
mercado de um suplemento alimentar deve ser comunicada à autoridade competente, no<br />
prazo de 10 dias úteis após a sua ocorrência.<br />
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Em Portugal, os suplementos alimentares podem ser comercializados<br />
em inúmeros locais, dos quais se destacam farmácias, parafarmácias,<br />
supermercados e lojas da especialidade.<br />
Rotulagem<br />
A denominação de venda dos produtos é a de “suplemento alimentar” e a<br />
rotulagem deve seguir as nomas aplicadas aos géneros alimentícios e deve<br />
ainda conter:<br />
• A toma diária recomendada do produto,<br />
• Uma advertência de que não deve ser exc<strong>ed</strong>ida a toma diária<br />
indicada,<br />
• A indicação de que os suplementos alimentares não devem ser<br />
utilizados como substitutos de um regime alimentar variado,<br />
• Uma advertência de que os produtos devem ser guardados fora do<br />
alcance das crianças.<br />
Riscos associados aos suplementos<br />
Uma vez que não é possível garantir que a informação presente no rótulo<br />
do suplemento alimentar representa o conteúdo que vai ser consumido,<br />
podem acontecer situações de contaminação com substâncias prejudiciais à<br />
saúde e ao desempenho físico. Ao nível da competição desportiva levantase<br />
ainda outra questão: a presença de outras substâncias não mencionadas<br />
no rótulo pode resultar em testes de doping positivos.<br />
Segurança e Qualidade<br />
Existem certificações atribuídas às indústrias que garantem o cumprimento<br />
das exigências rigorosas e dos regulamentos para garantir a segurança e a<br />
qualidade dos produtos, como é o caso da Good Manufacturing Practice<br />
(GMP), do sistema de Análise de Perigo e de Pontos Críticos de Controlo<br />
(HACCP) e das normas ISO 22000 e ISO 17025. Contudo, não garantem<br />
a eficácia do suplemento.<br />
A quem se destina a suplementação alimentar?<br />
Os indivíduos cuja alimentação não supre as necessidades nutricionais<br />
podem beneficiar do consumo de suplementos alimentares específicos.<br />
ão géneros alimentícios que<br />
ou suplementar o regime<br />
rmal.”<br />
Ainda que estes produtos sejam de venda livre, é importante consultar o<br />
seu médico, dietista ou nutricionista, antes de os adquirir. Estes profissionais<br />
reúnem as competências necessárias para o ajudar a escolher o suplemento<br />
mais adequado à sua situação. É importante, contudo, não esquecer<br />
que estes produtos visam complementar uma alimentação variada e não<br />
substituir determinados alimentos.<br />
EVIDÊNCIA<br />
CIENTÍFICA<br />
A análise dos estudos científicos existentes sobre suplementos<br />
alimentares deve ser feita com cautela, sob pena de se<br />
tirar conclusões precipitadas.<br />
Em primeiro lugar, é necessário alertar para o facto de<br />
muitos dos ensaios serem feitos in vitro e em animais, o<br />
que levanta a questão da reprodutibilidade em seres humanos.<br />
Não podemos assumir que os efeitos verificados em<br />
experiências feitas fora de qualquer organismo vivo (in<br />
vitro), em ambiente controlado e fechado de um laboratório,<br />
que permitem acompanhar o processo bioquímico inerente<br />
à administração da substância que se pretende estudar, vão<br />
ocorrer no ser humano após a administração via oral do<br />
suplemento que contém essa substância. Apesar de úteis, os<br />
estudos in vitro são, obviamente, bastante limitados, uma<br />
vez que num organismo vivo ocorrem inúmeros outros processos<br />
(como por exemplo a digestão, absorção e metabolização<br />
hepática), que podem interferir na ação da substância<br />
em estudo. Nenhuma conclusão pode ser retirada antes da<br />
realização de estudos em organismo vivos (in vivo).<br />
Os estudos com animais são, normalmente, os primeiros<br />
estudos in vivo a serem realizados para avaliar a eficácia<br />
de uma dada substância, uma vez que é arriscado testar<br />
diretamente em seres humanos uma substância sobre a qual<br />
existe pouco conhecimento. Podemos transpor para os seres<br />
humanos os resultados obtidos através destes estudos? Não.<br />
Ainda que se tratem de modelos vivos, existem diferenças<br />
fisiológicas entre os animais utilizados em laboratório e os<br />
seres humanos, o que pode levar a respostas completamente<br />
diferentes. Assim, as conclusões resultantes de estudos em<br />
animais também não devem ser transpostas diretamente para<br />
os seres humanos. A realização de ensaios em seres humanos<br />
com a administração oral do suplemento alimentar é um<br />
proc<strong>ed</strong>imento necessário para se poder concluir acerca dos<br />
efeitos do produto em seres humanos.<br />
Outro alerta que deve ser feito prende-se com o tamanho da<br />
amostra. Os estudos existentes sobre suplementos alimentares<br />
apresentam, normalmente, amostras pequenas. Esta<br />
característica pode colocar em causa os resultados obtidos,<br />
uma vez que a amostra pode não ser suficientemente grande<br />
para detetar diferenças estatisticamente significativas.<br />
Por último, é importante salientar a variabilidade interindividual,<br />
que explica o facto de nem todos os indivíduos<br />
responderem da mesma forma à administração de um suplemento<br />
alimentar nas mesmas condições.<br />
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usca pelo ótimo desempenho é uma constante no<br />
esporte de alto rendimento e muitos atletas acabam<br />
Muitos especialistas<br />
A<br />
utilizando meios ilícitos, que é denominado doping. A<br />
dopagem, além de ser um fato eticamente condenável,<br />
já dão como certo<br />
representa risco para quem a usufrui. Com os avanços<br />
da terapia gênica e o possível uso para fins desportivos, o doping<br />
que a próxima batalha genético está enquadrado como prática proibida pela Agência Mundial<br />
Antidoping (WADA) desde 2003. O doping genético caracteriza-se pelo<br />
do Comitê Olímpico<br />
uso não terapêutico de células, genes e elementos gênicos, ou a modulação<br />
da expressão gênica, que tenham a capacidade de aumentar o desempenho<br />
esportivo. Tal prática é realizada por meio de manipulação gênica,<br />
Internacional será o<br />
que pode ser definida como um conjunto de técnicas que permitem a<br />
inserção e expressão de um gene terapêutico em células-alvo. Assim,<br />
controle do doping<br />
atletas poderiam beneficiar-se das técnicas de transferência de genes,<br />
pois uma vez implantada no indivíduo, a expressão de hormônios e<br />
genético...<br />
outras substâncias seriam aumentados assim como o desempenho físico.<br />
Entre os possíveis alvos<br />
primários, estão aqueles<br />
OS DESAFIOS<br />
com intuito de aumento<br />
da resistência (endorfinas,<br />
eritropoietina, enzima<br />
conversora de angiotensina-1,<br />
receptor ativado por<br />
proliferador peroxissomal,<br />
DO DOPING<br />
fator de crescimento endotelial<br />
vascular, fosfoenolpiruvato<br />
carboxiquinase-<br />
C) e aumento de massa/<br />
força muscular (hormônio<br />
do crescimento humano,<br />
GENÉTICO<br />
fator de crescimento 1<br />
semelhante a insulina,<br />
miostatina, folistatina e<br />
actinina alfa-3). Apesar do<br />
conhecimento dos alvos<br />
primários, é reconhecida<br />
a dificuldade de detecção do doping genético, o que estimularia sua<br />
André Valle de Bairros<br />
utilização no meio esportivo. A base para essa opinião era que tanto o<br />
Mestre em Bioquímica Toxicológica<br />
transgene (material gênico inserido no atleta) quanto à proteína expressa<br />
Doutor em Toxicologia e Análises Toxicológicas seriam indistinguíveis de seus homólogos endógenos. Outra questão<br />
andrebairros@yahoo.com.br<br />
refere-se à possibilidade de indivíduos que apresentam alterações em<br />
determinados genes alvos possam demonstrar vantagens naturais sobre<br />
os demais competidores. Um exemplo é o esquiador Eero Mäntyranta,<br />
bi campeão olímpico de cross-country, apresenta uma mutação no gene<br />
do receptor de eritropoetina, tornando-os hipersensíveis a este hormônio,<br />
proporcionando uma maior produção de eritrócitos.<br />
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Assim, um maior aporte de oxigênio chegava aos tecidos, beneficiando<br />
este atleta em relação aos demais.<br />
Em um exame antidoping baseado na análise genética de um atleta,<br />
mutações naturais dificilmente seriam discriminadas de doping<br />
genético e o resultado poderia ser um falso-positivo. Apesar<br />
disso, estratégias analíticas para a detecção do doping genético<br />
têm sido especuladas através da determinação indireta e/ou direta<br />
da manipulação gênica utilizando técnicas moleculares como a<br />
transcriptase reversa seguida reação em cadeia da polimerease<br />
(RT-PCR), microarranjo e métodos cromatográficos acoplados a<br />
espectrometria de massas.<br />
Em relação aos métodos indiretos, estes são baseados na m<strong>ed</strong>ição<br />
dos efeitos do doping genético nas células, tecidos ou em todo o<br />
organismo.<br />
Por exemplo, tem sido demonstrado que após a inserção e/ou<br />
expressão da respectiva proteína recombinante, pode ocorrer<br />
uma resposta imunológica específica com o aumento de<br />
anticorpos no organismo. Isto acontece após administração<br />
de um vetor como o adenovírus. Diante disso, exames imunológicos<br />
que avaliam os anticorpos destes vetores poderiam<br />
ser utilizados.<br />
“Um exemplo é o esquiador Eero Mäntyranta,<br />
bi campeão olímpico de cross-country, apresenta<br />
uma mutação no gene do receptor de eritropoetina,<br />
tornando-os hipersensíveis a este hormônio, proporcionando<br />
uma maior produção de eritrócitos.<br />
Assim, um maior aporte de oxigênio chegava aos<br />
tecidos, beneficiando este atleta em relação aos<br />
demais.”<br />
Entretanto, o atleta pode estar naturalmente infectado com o vetor<br />
como o vírus adeno-associado (AAV), que é largamente disseminado<br />
nos tecidos humanos. Com isso, haveria uma elevada concentração<br />
de anticorpos AAV e o resultado deste exame seria inconclusivo.<br />
Em caso de um resultado positivo para a detecção indireta,<br />
as implicações legais indicam um método direto que identifique<br />
inequivocamente o doping. A detecção direta pode utilizar a análise<br />
direta do transgene, da proteína transgênica e/ou do vetor utilizado<br />
para a introdução do material genético. A determinação de proteínas<br />
alvos necessitam de material biológico de de fácil acesso. Entretanto,<br />
a expressão do transgene geralmente é confinada ao local/tecido onde é<br />
realizada a injeção/inserção do transgene.<br />
Como o tecido muscular seria o principal alvo dessa prática, uma biopsia<br />
muscular seria exigida para revelar possíveis veículos virais ou alteração<br />
de genes, o que torna praticamente inviável no cenário atual do esporte.<br />
Contudo, as proteínas constituintes de hormônios como eritropoietina<br />
e hormônio do crescimento quando secretadas, podem ocasionar algum<br />
“vazamento” para a circulação e possivelmente para a urina. Dessa forma,<br />
as proteínas transgênicas funcionais poderiam gerar alguma informação<br />
para sua detecção em caso de doping.<br />
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O doping<br />
genético<br />
caracteriza-se<br />
pelo<br />
uso não terapêutico<br />
de células,<br />
genes e elementos<br />
gênicos, ou<br />
a modulação<br />
da expressão<br />
gênica, que<br />
tenham a<br />
capacidade<br />
de aumentar<br />
o desempenho<br />
esportivo.<br />
A abordagem para detecção de vetores virais pode ser dirigida<br />
através da detecção de partículas virais, proteínas virais ou ácidos<br />
nucléicos incorporados. Entretanto, a análise direta do vetor<br />
depende de vários fatores como o vírus utilizado, o local onde ocorreu<br />
a transferência gênica e o método para detecção do agente. Além<br />
disso, a região do genoma a ser estudada é vital devido a existência<br />
de diferentes genes que codificam proteínas:<br />
- musculares<br />
- de funções respiratórias ou energéticas<br />
- relacionadas a neurotransmissores cerebrais ou hormônios.<br />
Todas elas, de maneira particular ou em conjunto, podem incrementar<br />
o rendimento de um atleta e nem sempre haverá mudanças<br />
no genoma com a expressão de um gene, o que poderia ocasionar<br />
resultados falso-negativos. Ou seja, o atleta pode ter feito o uso de<br />
manipulação genética e não ser pego no exame antidoping.<br />
Um aspecto pouco discutido é a interação entre genes manipulados<br />
e o uso de fármacos. Deste modo, determinados m<strong>ed</strong>icamentos que<br />
não estão na lista de substâncias proibidas da WADA poderiam ser<br />
acrescentadas. Conseqüentemente, isso acarretaria em novos desafios<br />
analíticos para a detecção do doping. Apesar do alto potencial<br />
de fraude em competições, o doping genético ainda não é uma<br />
realidade.<br />
Isto se deve à imaturidade da terapia gênica, pois o primeiro tratamento<br />
genético aprovado pela Agência Europeia de M<strong>ed</strong>icamento<br />
foi lançado em novembro de 2012 e não envolve nenhum gene<br />
alvo. Assim, a probabilidade de casos positivos de manipulação<br />
gênica para fins desportivos pode ser considerada baixa. De fato,<br />
não há registro de nenhum atleta que tenha feito uso de doping<br />
genético. Porém, trata-se de uma tecnologia muito recente e carece<br />
de mais estudos, pois novos genes poderão ser futuros alvos deste<br />
tipo de doping, o que implicará em novos riscos a saúde do atleta,<br />
bem como na criação de novas metodologias analíticas para evitar<br />
fraudes em atividades desportivas de alto nível.<br />
REFERÊNCIAS<br />
Aquino Neto, F.R. O papel do atleta na soci<strong>ed</strong>ade e o controle de dopagem no esporte.<br />
Revista Brasileira de M<strong>ed</strong>icina do <strong>Esport</strong>e, v. 7, n. 4, p. 138-148, 2001.<br />
Artioli, G.G.; Hirata, R.D.C.; Lancha Junior, A.H. Terapia gênica, doping genético e<br />
esporte: fundamentação e implicações para o futuro. Revista Brasileira de M<strong>ed</strong>icina do<br />
<strong>Esport</strong>e, v. 13, n. 5, p. 317e-321e, 2007.<br />
Azzazy, H.M. Gene Doping. Handbook of Experimental Pharmacology, v. 195, p. 485-<br />
512, 2010.<br />
Baoutina, A.; Alexander, I. E.; Rasko, J.E.J.; Emslie, K.R. Developing strategies for<br />
detection of gene doping. The Journal of Gene M<strong>ed</strong>icine, v. 10, n.1, p. 3–20, 2008.<br />
Bairros, A.V.; Prev<strong>ed</strong>ello, A.A.; Moraes, L.S. Doping genético e possíveis metodologias<br />
de detecção. Revista Brasileira de Ciência do <strong>Esport</strong>e, v. 33, p. 1055-1069, 2011.<br />
Filipp, F. Is science killing the sport? Gene Therapy and its possible abuse in doping.<br />
European Molecular Biology Organization, v. 8, n. 5, p. 433-435, 2007.<br />
Oga, S.; Camargo, M.M.A.; Batistuzzo; J.A.O. Fundamentos de Toxicologia: Dopagem<br />
nos esportes. 4a <strong>ed</strong>ição. São Paulo: Atheneu, 2014.<br />
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Entendendo a gestão de:<br />
FLORENTINO PE<br />
38 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.comALÁT
REZ<br />
ICOS<br />
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Os melhores<br />
jogadores do<br />
Mundo<br />
têm de jogar<br />
no Real<br />
Madrid”<br />
Diogo Sampaio, Colunista<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Na sua primeira passagem pelo Real Madrid,<br />
Florentino Perez disse: “ Os melhores jogadores<br />
do Mundo têm de jogar no Real Madrid”.<br />
E, tanto na altura como agora na sua segunda<br />
fase enquanto presidente da equipa de Madrid,<br />
foi o que fez: contratou os melhores e maiores<br />
jogadores de futebol do mundo. Criou uma<br />
equipa de Galácticos. Pode até dizer-se que<br />
mudou o futebol, para muitos não para melhor,<br />
mas, o desporto Rei enquanto espetáculo nunca<br />
mais foi o mesmo. Com Florentino Perez o<br />
futebol “show” fora das quatro linhas deu<br />
um passo em frente, em resultado direto da<br />
sua presidência, que assentou numa estratégia<br />
muito própria de gestão de relacionamento com<br />
os adeptos de futebol, potenciando ao máximo<br />
um relacionamento emocional com os fãs do<br />
Real Madrid muito para além das fronteiras<br />
espanholas. Os ganhos? Hoje o Real Madrid<br />
é a terceira maior marca do mundo, e o maior<br />
clube desportivo, com valor a ascender aos<br />
2,91 mil milhões de euros (segundo a Forbes),<br />
e receitas anuais bem perto dos 600 milhões de euros, chegando<br />
já a ultrapassar esse valor por algumas vezes. E, tal<br />
como prometido pelo atual presidente, no plantel, cinco dos<br />
dez melhores jogadores da atualidade são merengues – isto<br />
claro está, se olharmos por baixo.<br />
Tudo começou com Figo. O craque português na altura<br />
no rival Barcelona foi o trunfo de campanha de Perez,<br />
que concorria pela segunda vez ao cargo de presidente do<br />
clube mais conhecido do Mundo. Num embate, de novo<br />
com Sanz, que todos julgavam impossível de vencer; afinal,<br />
o Real Madrid tinha acabado de ganhar duas ligas dos<br />
campeões depois de uma travessia no deserto de mais de<br />
três décadas.<br />
Pela rotação dos<br />
ponteiros do relógios:<br />
Florentino<br />
Perez; Apresentação<br />
de CR7, Luis<br />
Figo e Zidane; A<br />
tripla de ataque<br />
James, Benzema e<br />
C. Ronaldo.<br />
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A estratégia resultou, Perez venceu, e abriuse<br />
a caixa de Pandora e uma nova era no Real<br />
Madrid começou – e o novo presidente cumpriu<br />
a sua promessa, os melhores do mundo<br />
passaram a vestir o mítico branco. Depois<br />
de Figo, chegou Zidane, depois Ronaldo o<br />
fenómeno e por fim, Beckam o mais popular<br />
futebolista de sempre. Por entre estes<br />
jogadores, muito outros menos m<strong>ed</strong>iáticos<br />
vestiram as cores do Real, e tantos outros<br />
treinadores, a maioria, diga-se, sem sucesso.<br />
Muitos deles, admitiram posteriormente que<br />
não tinham sequer palavra no onze que entrava<br />
em campo. E, muito por isto, a sucesso<br />
desportivo não foi grande, ficou-se por uma<br />
Liga dos Campeões, e pior, viu o seu rival,<br />
o Barcelona, ganhar tudo em Espanha e a<br />
iniciar a sua grande afirmação europeia. O<br />
descontentamento dos adeptos, os fracos<br />
resultados e exibições pouco entusiasmantes<br />
fizeram com que Perez sai-se em 2006; mas<br />
a sua ausência não foi mais que uma pausa, e<br />
logo voltou em 2009, e com um novo trunfo,<br />
e novamente português, Cristiano Ronaldo.<br />
E, a sua estratégia para o clube, ainda que<br />
nos mesmos moldes, surge renovada, ampliada<br />
e melhorada. Em 6 de Julho de 2009, o<br />
Real Madrid FC fez a maior e melhor evento<br />
de relações públicas de sempre de qualquer<br />
entidade desportiva, quando atraiu 80 mil<br />
pessoas, e a cobertura ao vivo de toda a imprensa<br />
mundial, quando apresentou ao mundo<br />
a sua mais recente estrela, Ronaldo vindo do<br />
Man Unit<strong>ed</strong>, por uma verba pertos dos 95<br />
milhões de euros. Neste “megaevento” de<br />
marketing, onde o Real, para além da transferência<br />
em si, o Real não gastou um único<br />
euro, criando na perfeição uma narrativa, ou<br />
se quisermos uma história.<br />
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Uma história para criar emoção e entretenimento<br />
para os meios de comunicação, todos baseados<br />
no poder da marca Real Madrid para gerar<br />
emoções e propagar valores como a grandeza<br />
e espetáculo. E, tudo isto, cronometrado ao<br />
segundo, para que as imagens sejam transmitidas<br />
em direto na Asia – um mercado emergente<br />
e em expansão, com uma percentagem cada vez<br />
mais relevante nas contas finais dos grandes<br />
clubes europeus.<br />
A presente gestão de relacionamento de relações<br />
públicas na gestão do clube da capital<br />
espanhola, por parte de Peraz, faz com que<br />
mesmo o clube tenha apenas vencido apenas 7<br />
campeonatos dos últimos 25 anos, e apenas 1<br />
nos últimos 7 anos, que o seu valor enquanto<br />
marca e clube não só se mantenha mas que<br />
cresça. Criando e aumentando a sua receita e<br />
marca valor durante este período, assim como<br />
a legião de fãs, protegendo a sua marca, tanto<br />
enquanto clube como equipa futebolística, da<br />
incerteza dos resultados desportivos. E, por<br />
muito estranho ou contraditório que possa<br />
parecer, este é o objetivo máximo de todos<br />
os clubes, numa era futebolística, em que os<br />
clubes são “mega” empresas globais e, muitos<br />
deles, no mercado de financeiro com cotação<br />
em bolsa.<br />
Em outras palavras, o Real Madrid tem uma grande marca, não<br />
porque ganha mais que os outros, mas porque tem construído<br />
uma relação de confiança com os seus adeptos, que vem tanto<br />
pela compra dos seus produtos, e pelas transmissões de Tv que<br />
perfazem 60% das receitas do Real Madrid. Os vários números<br />
estatísticos e sondagem mostram que apesar das sucessivas épocas<br />
sem um futebol de qualidade ou títulos, que a abordagem de<br />
gestão do relacionamento com os adeptos Mundiais do Real fez<br />
aumenta o estatuto de atual presidente.<br />
Em cima temos Ronaldo<br />
- o fenómeno e florentino<br />
Perez, há altura<br />
o melhor jogador do<br />
mundo e duplamente<br />
venc<strong>ed</strong>or do mundial<br />
de seleções. Ao lado,<br />
Beckam o jogador mais<br />
m<strong>ed</strong>iático da história<br />
do futebol e em baixo a<br />
equipa de sonho, com<br />
Zidade, Figo, Ronaldo<br />
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Os treinadores:<br />
V. Del bosque<br />
Carlos Queiros<br />
(2000-2003)<br />
(2003-2004)<br />
E, é preciso encarar este último ponto<br />
como fundamental, dado que, e em<br />
contraste com clubes de futebol inglês,<br />
onde “bilionários têm os seus próprios<br />
clubes#, o presidente do Real Madrid<br />
tem de ser democraticamente eleito,<br />
pelos mais de 85 mil sócios. As r<strong>ed</strong>es<br />
socias, e a grande aposta nela feitas<br />
por parte da estratégia de marketing<br />
do clube também têm desempenhado<br />
um papel fundamental nesta gestão de<br />
relacionamento e afeitos.<br />
No entanto, é reconhecido por todos<br />
que embora a marca tenha crescido,<br />
os insucessos desportivos não podem<br />
continuar a ser uma constante. Todos<br />
os milionários jogadores que integram<br />
os plantéis do Real Madrid nestes últimos<br />
7 anos, estão associados a recordes<br />
negativo do clube, que só têm memória<br />
igual na década de quarenta e antes da<br />
chegada de Di Stéfano. Os sucessivos<br />
treinadores têm falhado miseravelmente<br />
e só Mourinho com um titulo nacional e<br />
Ancelotti com uma Liga dos Campeões<br />
parecem ter trazido algum do antigo<br />
brilho e chama de campeão da antiga<br />
camisola branca do Real.<br />
Veremos então quando a gestão de F.<br />
Perez dará frutos e quão importante<br />
está a será, definindo um rumo expansionista<br />
para fora da Europa, e a até<br />
quando a sua falta de títulos não será<br />
um demasiado entrave à conquista do<br />
primeiro lugar enquanto marca global,<br />
principalmente quando concorre com<br />
um Barcelona fulgurante e equipas ingleses<br />
financeiramente poderosas.<br />
Jose A. Camacho<br />
(2004-2004)<br />
Vanderlei Luxemburgo<br />
(2004-2005)<br />
Manuel Pellegrini<br />
(2009-2010)<br />
Mariano García Remón<br />
(2004-2004)<br />
Fabio Capello<br />
(2006-2007)<br />
José Mourinho<br />
(2010-2013)<br />
Bale foi de longe a contratação<br />
mais cara das<br />
duas eras de Florentino<br />
Perez, que desembolsou<br />
mais de 100 milhões de<br />
euros pelo seus direitos<br />
económicos e desportivos.<br />
O seu passe<br />
foi tão caro que se<br />
escondeu o valor exato<br />
para não ferir os egos<br />
de outros jogadores.<br />
Carlo Ancelotti<br />
(2013- )<br />
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MERCADO DE AÇÕES<br />
Futebol, clubes e negócio<br />
Marke Geisy Dantas, Graduando em Ciências Contábeis - Universidade<br />
F<strong>ed</strong>eral do Rio Grande do Norte<br />
markegeisy@hotmail.com<br />
Que tipo de negócio é o futebol? Um negócio<br />
que, na maioria dos casos, a principal meta não<br />
é buscar a lucratividade e a sustentabilidade<br />
econômica como qualquer outro tipo de empresa.<br />
O principal objetivo é pagar milhões a um<br />
grupo de homens, que terão a missão de trazer felicidade a<br />
outros milhões de pessoas. Mas, como uma equipe se sustenta?<br />
Será que suas receitas (bilheteria, patrocínios, cotas<br />
de TV, e outras) são suficientes para cobrir os gastos?<br />
O estudo das finanças dos clubes é envolto por diversas<br />
indagações como estas propostas anteriormente. O Livro<br />
Soccernomics responde a uma delas: o futebol não é apenas<br />
um pequeno negócio (já que os autores comparam o<br />
setor com outros), mas também é um mau negócio. E é um<br />
mau negócio por todos os motivos citados, principalmente<br />
sob a ótica do principal objetivo destas entidades: a conquista<br />
esportiva. Entretanto, este pensamento vem mudando<br />
no mercado de forma global, já que diversas fontes de<br />
receita foram adaptadas para os clubes, mantendo assim as<br />
suas continuidades e sustentabilidades financeiras. Caso<br />
os gestores queiram...<br />
Em busca de novas fontes de receitas, alguns clubes de<br />
futebol, em meados da década de 1980, encontraram um<br />
novo caminho para o aumento dos recursos: a abertura<br />
de capital. Esse processo, uma quebra de paradigma para<br />
entidades desportivas, começou no futebol Inglês, com o<br />
Tottenham, em 1983. O Manchester Unit<strong>ed</strong> é o exemplo<br />
mais conhecido. Tornou-se o segundo clube inglês a lançar<br />
ações, em 1991, com intuito de angariar fundos para<br />
se adequar às definições propostas pelo Relatório Taylor<br />
(uma delas, reformar Old Trafford). Coincidentemente<br />
(ou não), o clube começou um período singular de sua<br />
história, conquistando vários títulos e se tornando um<br />
dos maiores clubes da Inglaterra. Os recursos captados<br />
no mercado tornaram-se importantes para o fortalecimento<br />
da Liga Inglesa, já que outros clubes da Inglaterra<br />
passaram também a seguir este modelo. Ajax, Borussia<br />
Dortmund, Juventus, Roma, Lazio, Fenerbahce, Porto,<br />
Benfica e Sporting e tantos outros espalhados por diversos<br />
países europeus, ao longo dos anos que se suc<strong>ed</strong>eram<br />
após a iniciativa dos clubes ingleses, passaram a oferecer<br />
suas ações em bolsas de diversos países. Por exemplo, já<br />
existem índices formados pelas ações de clubes de futebol.<br />
O principal é formado na bolsa Dow Jones, chamado<br />
STOXX® Europe Football Index. No Brasil, o país do<br />
futebol (ainda), o processo de abertura de capital ainda é<br />
uma novidade, pois não existe nenhum clube de futebol<br />
brasileiro com ações na Bolsa de Valores.<br />
Análise aos modelos de gestão dos clubes<br />
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“O futebol não é apenas um<br />
pequeno negócio... mas também é<br />
um mau negócio.”<br />
As equipes, em teoria, com a utilização<br />
destes novos recursos poderiam investi-los<br />
na estrutura e instalações da própria entidade,<br />
contratação de jogadores, reformas<br />
de estádio, com o intuito de obter melhores<br />
resultados. Entretanto, sabemos que o mercado<br />
acionário é perigoso (ou melhor, mais<br />
arriscado do que outros tipos de investimento),<br />
partindo do pressuposto de que os<br />
investidores têm certa racionalidade para<br />
tomar suas decisões. Mas, quando tratamos<br />
do futebol, será que os investidores<br />
seguem a mesma racionalidade para com<br />
outros tipos de empresa? Eis uma nova<br />
questão...<br />
Um primeiro a ponto a ser citado se refere<br />
a dependência dos resultados financeiros<br />
perante os resultados esportivos e, neste<br />
caso, interferindo também no preço das<br />
ações das equipes. Partindo do pressuposto<br />
que uma pessoa, que queira investir<br />
em ações de clubes de futebol pode ser<br />
também um torc<strong>ed</strong>or, o comportamento<br />
do mesmo como investidor pode ser influenciado<br />
por resultados de competições de<br />
futebol, como Copas do Mundo ou campeonatos<br />
internacionais (e as consequentes<br />
conquistas ou derrotas) e até mesmo por<br />
simples vitórias e derrotas corriqueiras do<br />
time de coração nos diversos campeonatos,<br />
influenciando a sua tomada de decisão<br />
futura em relação aos investimentos realizados,<br />
de forma otimista ou pessimista.<br />
A falta de racionalidade pode ter impacto<br />
sobre os preços dos ativos, já que as consequencias<br />
do futebol podem causar emoções<br />
exarcerbadas que alteram o humor do<br />
investidor. Existem dúvidas sobre a viabilidade<br />
para o investidor da permanência ou<br />
não dos investimentos realizados. Investir<br />
nesse tipo de ativo expõe o investidor a<br />
riscos, devido a grande volatilidade dos<br />
preços, ocasionando problemas de liquidez<br />
daquela ação, já que estão sujeitas tanto às<br />
variações, oscilações e riscos do mercado<br />
financeiro per si, quanto as variações relacionadas<br />
ao desempenho esportivo.<br />
Esta preocupação se reflete também em<br />
pesquisas científicas, que visam relacionar<br />
os fatores esportivos com o mercado financeiro.<br />
Diversos são os estudos que relacionam<br />
o impacto de resultados de Copa<br />
do Mundo com o humor dos investidores<br />
em alguns países. Outros investigam resultados<br />
dos clubes dentro de campo com a<br />
variação das ações do mesmo clube. Um<br />
estudo realizado por mim, a alguns anos,<br />
tentou evidenciar qual mês do ano refletia<br />
em maiores volatilidades das ações de<br />
quatro clubes (Ajax da Holanda, Borussia<br />
Dortmund da Alemanha, Juventus da Itália<br />
e Porto de Portugal).<br />
Para cada mês, foi estabelecido um evento<br />
específico do futebol. Janeiro, Junho e<br />
Julho são os meses que as janelas de transferência<br />
são abertas. Abril e Maio são os<br />
meses que terminam o campeonato.<br />
Agosto é o início de temporada dos campeonatos<br />
europeus.<br />
A partir dos desvios-padrões mensais, foi<br />
evidenciado que o evento “começo do<br />
campeonato” (Agosto) é o mês que apresenta<br />
maior volatilidade para os investidores,<br />
talvez, devido ao fato da incerteza<br />
que os investidores/torc<strong>ed</strong>ores têm em<br />
relação ao campeonato e aos clubes em<br />
si, em relação ao desempenho dentro de<br />
campo no decorrer da temporada.<br />
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Em termos de gestão, um clube de futebol que tem a<br />
pretensão de buscar recursos no mercado acionário, ou<br />
pelo menos manter suas ações com uma boa perspectiva<br />
de valorização deve, pelo menos, tentar minimizar<br />
(pois é impossível extingui-la) a dependência do desempenho<br />
financeiro perante os resultados esportivos.<br />
O clube de futebol, como entidade desportiva, uma<br />
empresa, não pode aumentar suas receitas e gerar<br />
maiores lucros apenas nas temporadas que se tornam<br />
campeões de uma liga importante. A gestão de clube<br />
deve primeiramente controlar seus custos operacionais,<br />
oriundos do departamento de futebol. Controle este<br />
que já vem sendo abordado pelo Financial Fair Play<br />
da UEFA. Ademais, realizar previsões e orçamentos<br />
periódicos de receitas, e vinculando-a aos custos e<br />
despesas. Assim, o gestor consegue manter um padrão<br />
de lucratividade, sem depender de conquistas esportivas<br />
para manter um bom desempenho financeiro.<br />
Caso, as conquistas se realizem, o clube terá uma<br />
maior injeção de recursos, não orçados, mas aceitáveis,<br />
melhorando o padrão de lucratividade da equipe. E<br />
com uma maior – ou até mesmo, uma continuidade –<br />
lucratividade, a tendência é que os investidores passem<br />
a procurar as ações daquele clube nas diversas bolsas<br />
espalhadas pelo mundo, auxiliando os clubes e até servindo<br />
de atrativo para investidores e outros clubes que<br />
não abriram o seu capital.<br />
Tottenham em 1983 e<br />
Manchester Unit<strong>ed</strong> em 1991<br />
foram os primeiros a lançar<br />
acções para o mercado<br />
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maior estabilidade<br />
emocional, mais<br />
extrovertidos, mais<br />
autoconfiantes e<br />
maior resistência<br />
mental.”<br />
A<br />
procura de um perfil de personalidade para os atletas de<br />
alto rendimento é e continuará a ser um dos principais<br />
propósitos dos agentes desportivos, o que tem feito com<br />
que exista já uma vasta pesquisa sobre o tema, nomeadamente<br />
estudos comparativos entre atletas de topo e de pessoas regulares<br />
– à falta de melhor expressão. Definindo a personalidade, usando<br />
as palavras de Hernández-Ardieta, como a “organização mais ou<br />
menos estável e duradoura do caráter, temperamento, inteligência<br />
e constituição física de uma pessoa que determina sua forma<br />
peculiar de se ajustar ao ambiente e interagir com ele”. Entende-se<br />
asssim, que não são somente de características psicológicas relacionadas<br />
à personalidade, como também de aspectos físicos.<br />
PAtletas<br />
despor<br />
coletiv<br />
caracte<br />
por ser<br />
extrove<br />
depend<br />
do gru<br />
possui<br />
person<br />
menos<br />
nadas<br />
Egocen<br />
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Personalidade<br />
erfil<br />
dos atletas de<br />
topo<br />
de<br />
tos<br />
os<br />
rizam-se<br />
em mais<br />
rtidose<br />
entes<br />
po, e<br />
am uma<br />
alidade<br />
direcioao<br />
ego e<br />
trismo<br />
P<strong>ed</strong>ro M. Silva, Colunista<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Contato@desportoeesport.com<br />
Apesar dos estudos já existirem desde a<br />
década de 70, os resultados são díspares e<br />
muitas vezes contraditórios, assim vamos<br />
apresentar algumas das ideias chaves,<br />
mesmo que eventualmente possam em alguns<br />
pontos parecer ideias antagónicas. A própria ideia<br />
entre a existência de diferenças de perfil é ainda<br />
alvo debate – o que dá desde já a ideia das diferentes<br />
escolas de pensamento relativamente a este<br />
assunto.<br />
Maresh e colegas, pelas suas pesquisas, afirmam:<br />
“atletas eram mais introvertidos, pensativos<br />
e tinham níveis inferiores de raiva em<br />
relação aos não-atletas... “ e concluem<br />
ainda “... que os atletas<br />
possuíam melhor perfil iceberg,<br />
apresentando menores índices de<br />
tensão, depressão, raiva, fadiga<br />
e confusão mental e maior índice<br />
de fadiga que os não-atletas.<br />
Resumidamente, os atletas apresentavam<br />
características mais<br />
positivas que os não-atletas”.<br />
Por seu lado, Weinberg afirma que : “que atletas de<br />
desportos coletivos caracterizavam-se por ser mais<br />
extrovertidos e dependentes do grupo e possuir<br />
menor direcionamento da orientação ego. Quanto<br />
aos atletas de desportos individuais, estes também<br />
demonstraram ser mais dependentes de um grupo<br />
que os não-atletas; no entanto, diferenciavam-se<br />
por índices mais altos de objetividade e níveis de<br />
ansi<strong>ed</strong>ade mais baixos”. Hernández-Ardieta afirma<br />
por exemplo que os “atletas são mais agressivas,<br />
independentes e mais emocionalmente estáveis e<br />
mais orientadas ao trabalho que as não-atletas”.<br />
Um dos estudos mais abrangentes sobre o tema<br />
desenvolvidos por Dobosz e Beaty apontaram o<br />
fato de os atletas possuírem maior habilidade de<br />
liderança que não-atletas. No referido estudo, separaam<br />
os atletas em diferentes grupos consoante as<br />
modalidades praticadas e as caracteristicas destas,<br />
e encontraram que os corr<strong>ed</strong>ores possuíam menores<br />
níveis de stresse, depressão e raiva que atletas<br />
de esportes coletivos eram menos neuróticos e que<br />
atletas de esportes de resistência eram mais extrovertidos<br />
que os não-atletas. Félix Guillén García e<br />
colegas, contrariam alguns dos factos acima: “os<br />
atletas apresentaram maior índice de insegurança<br />
e retração nas relações pessoais, irritabilidade,<br />
estresse mais freqüente e serem emocionalmente<br />
mais lábeis que os não-atletas”.<br />
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LEGADO<br />
COPA 2014<br />
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A análise dos:<br />
IMPACTOS AMBIENTAIS:<br />
DA COPA DO BRASIL<br />
Clara S. Costa, Professora<br />
universitária de sociologia<br />
Contato@desportoeesport.com<br />
Muitas discussões a cerca dos megaeventos<br />
esportivos têm sido feitas desde 2007,<br />
altura que o Brasil venceu a candidatura<br />
à realização da Copa 2014, envolvem os<br />
benefícios relacionados ao incentivo<br />
ao esporte nacional, ao incremento no<br />
turismo e na economia e às obras de<br />
infraestrutura (sistema de transporte<br />
urbano, aeroportos, arenas esportivas,<br />
comércio, etc). As manifestações<br />
populares em junho de 2013 durante<br />
a Copa das Conf<strong>ed</strong>erações, popularmente<br />
denominadas de “O Gigante<br />
acordou!” ampliaram a discussão<br />
relativa aos gastos dos megaeventos<br />
esportivos e os prejuizos para as<br />
populações brasileiras com enormes<br />
carências sociais. No entanto, para<br />
o debate, poucas são as vezes que o<br />
legado ambiental deixado por esses<br />
eventos esportivos é central, se dando<br />
sempre maior relevância aos impactos<br />
económicos. O que é totalmente<br />
errado, uma vez que a deterioração<br />
da qualidade do ar ou a alteração da<br />
qualidade e das propri<strong>ed</strong>ades físicas<br />
do solo ou o efeito de estufa, podem<br />
ter danos bem mais duradouros que<br />
prejuízos económicos e afetam a todos<br />
por igual.<br />
Segundo as mais recentes estimativas, do<br />
Ministério do Meio Ambiente, calculou-se<br />
que “11 milhões de toneladas de gás carbônico<br />
sejam liberadas por causa das obras<br />
no país. A quantidade é igual ao consumo<br />
de energia de 181 mil domicílios, suficiente<br />
para iluminar um município do tamanho<br />
de Santos (SP) durante um ano. A Copa<br />
das Conf<strong>ed</strong>erações (2013) e a do Mundo<br />
(2014) lançarão 804.396 mil toneladas de<br />
gases de efeito estufa apenas em Minas<br />
Gerais. Cerca de 75% dessas emissões são<br />
provenientes dos deslocamentos de avião,<br />
hosp<strong>ed</strong>agem e alimentação dos turistas.<br />
Essas 804 mil toneladas de GEE correspondem<br />
a um quarto do total emitido<br />
anualmente pela capital, Belo Horizonte.<br />
“Infraestrutura” é a segunda maior categoria<br />
de emissões (16%), seguida por<br />
“Estádios” (5%) e “Operações” (3%).<br />
“Infraestrutura” reúne emissões de GEE<br />
provenientes dos centros de treinamento,<br />
rodovias, BRT (transporte rápido de ônibus),<br />
aeroporto. A categoria “Operações”<br />
corresponde às atividades de toda mão de<br />
obra empregada durante o evento (FIFA ,<br />
voluntários e atletas) e às estruturas temporárias<br />
(Fan Fest, instalações da FIFA<br />
dentro dos estádios, etc.), além da imprensa<br />
internacional, transporte terrestre, cerimônias,<br />
entre outras.<br />
Para o especialista Henriques-Junior a<br />
forma de mitigar os impactos negativos<br />
é pela tecnologia: “a diminuição do uso<br />
de fontes fósseis na geração e uso de<br />
energia, a adoção de fontes energéticas<br />
renováveis, a implementação de novos<br />
modelos nas atividades da agropecuária,<br />
o controle da disposição de resíduos, a<br />
eliminação de desmatamentos e a captura<br />
e armazenamento de carbono”. Em Belo<br />
Horizonte, a proposta de mitigação dos<br />
impactos da reforma do Estádio Mineirão<br />
se baseou, conforme os organizadores,<br />
em reaproveitamento de cerca de 90% dos<br />
resíduos sólidos, doação das antigas cadeiras<br />
para estádios de menor porte do interior<br />
do Estado, reutilização da grama e terra,<br />
doação da madeira das árvores suprimidas<br />
para artesãos, implantação de usina solar<br />
na cobertura do estádio e reservatório para<br />
captação de água da chuva<br />
GEE na atmosfera são o dióxido de carbono<br />
(CO2), metano (CH4), óxido nitroso<br />
(N2O), carbono-fluorados (HFC`s e<br />
PFC`s) e hexafluoreto de enxofre (SF6).<br />
Estes gases estão relacionados com o<br />
aumento do efeito estufa no Planeta. O<br />
aumento desses gases na atmosfera tem<br />
levado a um impacto no equilíbrio da<br />
quantidade de radiação solar do planeta,<br />
tendendo ao aquecimento da superfície<br />
da Terra.<br />
Análise ao legado ambiental da Copa 2014<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 51
Os principais impactos negativos<br />
ambientais<br />
OS IMPACTOS<br />
SOCIAIS<br />
Sugundo o dossier “Megaeventos e violação<br />
de direitos humanos no Brasil”:<br />
Enquanto os governos, organizações internacionais<br />
(FIFA, COI ) e empresas envolvidas<br />
na promoção dos eventos anunciam os<br />
possíveis benefícios, a experiência internacional<br />
das cidades e países onde já houve<br />
a realização de megaeventos demonstrou<br />
que os impactos gerados não significaram<br />
melhorias reais nas condições de vida e na<br />
ampliação dos direitos de toda a população,<br />
sobretudo das pessoas mais pobres<br />
e vulneráveis. Em muitos casos, estes<br />
megaeventos têm gerado efeitos negativos<br />
sobre diversos segmentos sociais, especialmente<br />
sobre aqueles que historicamente<br />
são excluídos/as, como: moradores/as de<br />
assentamentos informais, migrantes,<br />
moradores em situação de rua, trabalhadores/as<br />
sexuais, mulheres, crianças e adolescentes,<br />
comunidades indígenas e afrodescendentes,<br />
vend<strong>ed</strong>ores/as ambulantes e<br />
outros trabalhadores/as informais, inclusive<br />
da construção civil. As remoções e os<br />
despejos forçados destes grupos sociais são<br />
as violações mais comuns no Brasil e em<br />
outros países s<strong>ed</strong>e de megaeventos”.<br />
Não se pode deixar ainda de discutir os<br />
inúmeros despejos de famílias (remoções<br />
involuntárias) em função das obras da<br />
Copa. Segundo o jornal The New York<br />
Times, cerca de 170 mil pessoas devem<br />
ser despejadas até a Copa do Mundo e a<br />
Olimpíadas, para dar lugar a intervenções<br />
urbanas para os eventos. Destaca-se que as<br />
indenizações estão bem abaixo do valor de<br />
mercado e, quando são oferecidas moradias,<br />
as casas ficam a até 60 km de distância<br />
do local de origem. Por fim, o dossier<br />
acima referido reúne casos de impactos e<br />
violações de direitos humanos nas obras e<br />
transformações urbanas empreendidas para<br />
a Copa do Mundo e as Olimpíadas no<br />
Brasil, sobretudo nas áreas de moradia,<br />
trabalho, informação, participação e repre-<br />
Meio Físico<br />
· Deterioração da qualidade do ar.<br />
· Alteração da qualidade e das propri<strong>ed</strong>ades<br />
físicas do solo.<br />
· Aceleração dos processos erosivos.<br />
· Assoreamento de corpos hídricos.<br />
· Modificação da paisagem.<br />
· Impermeabilização do solo e escoamento<br />
superficial.<br />
· Contaminação do solo e das águas<br />
superficiais e subterrâneas.<br />
· Alteração na qualidade das águas<br />
superficiais e subterrâneas.<br />
Meio Biótico<br />
· Assoreamento de corpos hídricos.<br />
· Supressão ou alteração na composição<br />
florística de fragmentos florestais<br />
próximos..<br />
Meio Antrópico – Tráfego<br />
· Elevação do fluxo de p<strong>ed</strong>estres na<br />
área, com aumento de riscos de acidentes.<br />
· Aumento do número de usuários das<br />
linhas alimentadoras.<br />
· Aumento de filas e tempo de percurso<br />
de veículos.<br />
sentação popular, meio ambiente, acesso<br />
a serviços e bens públicos, mobilidade e<br />
segurança pública.<br />
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Algumas ações de mitigação de impactos<br />
ambientais forma realizadas ainda em<br />
2013, como a exigência, na contratação<br />
das estruturas temporárias para o entorno<br />
do estádio e Fan Fest, de requisitos de<br />
sustentabilidade, como lâmpadas com<br />
eficiência energética, instalações sanitárias<br />
que economizem água, uso de<br />
madeira certificada, tintas e adesivos à<br />
base de água e de baixa emissão de COV<br />
(Composto Orgânico Volátil), r<strong>ed</strong>ução<br />
das áreas de ar condicionado, realização<br />
de coleta seletiva e reciclagem de<br />
resíduos gerados.<br />
Existe ainda a proposta de pagamento<br />
por serviços ambientais, como programas<br />
de reflorestamento, e parcerias<br />
para projetos de compensação ambiental.<br />
Outra ideia, a exemplo da Rio+20,<br />
são contribuições financeiras de pessoas<br />
físicas e jurídicas para execução de projetos<br />
de compensação de emissões, já<br />
que o maior volume emitido provém dos<br />
espectadores. Em março de 2013 foi lançado<br />
o Mapa de Conflitos Ambientais de<br />
Minas Gerais, produzido por grupos de<br />
pesquisa de três universidades mineiras:<br />
a Universidade F<strong>ed</strong>eral de São João del-<br />
Rei (UFSJ), a Universidade F<strong>ed</strong>eral de<br />
Minas Gerais (UFMG) e a Universidade<br />
Estadual de Montes Claros (Unimontes)<br />
mudando o termo impacto ambiental,<br />
o termo conflito ambiental pressupõe a<br />
existência de, pelo menos, dois atores<br />
sociais: aquele que causa o problema<br />
ambiental, decorrente de seus interesses<br />
político-econômicos, e aquele que se<br />
organiza, em atitude de contestação. O<br />
futuro dirá as verdadeiras consequencias.<br />
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BARCELONA, PEP GUARDIOLA E TIKI-TAKA<br />
AQUI NASCEU O MELHOR FUTEBOL DO MUNDO<br />
M<br />
O brilhantismo no Barcelona da era de<br />
Guardiola é indesmentível. O futebol<br />
praticado brilhante. Mas, replica-lo,<br />
para os clubes rivais, era uma tarefa<br />
impossível. O principal problema: como é<br />
que eles faziam aquilo!<br />
elhor futebol de sempre: brilhante, dominador e imbatível! Mesmo os mais críticos<br />
do modelo de Guardiola no FC Barcelona são incapazes de negar a qualidade do<br />
jogo da equipa catalã e a forma como se superiorizou a todos durante um bom<br />
período de anos. Vindo, e tendo apenas experiencia como treinador, das camadas<br />
jovens do mesmo Barcelona, contruiu, renovou e ampliou a ideia de jogo de Johan<br />
Cruijff também ele ex-jogador e treinador do Barça. Cruijff foi para muitos o<br />
maior pensador e um dos mais originais técnicos da história do futebol,<br />
sendo que investiu muito mais energias no ataque. Para ele não existia<br />
problema se sofresse 4 golos, desde que marcasse 5. Guardiola também<br />
queria marcar os mesmos 5 golos, mas não quer sofrer nenhum<br />
e dessa obsessão por manter sempre a bola longe da sua baliza –<br />
A pressão constante sobre o esférico. A caça à bola é constante,<br />
im<strong>ed</strong>iatamente após a sua perda; isto assenta em dois princípios<br />
basilares no modelo de jogo de Guardiola independentemente da<br />
tática: ter sempre a bola e recupera-la ainda na primeira fase de<br />
construção da equipa adversária, onde está mais vulnerável e se<br />
pode criar mais estragos.<br />
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JULEN LOPETEGUI<br />
O QUE ESCREVIA O TECNICO DO FCP<br />
SOBRE O AMIGO GUARDIOLA: MILAN,<br />
TÁTICA, MESSI E MARADONA<br />
O atual treinador do FC Porto, durante uma curta<br />
pausa de treinador em 2009, assinava o blog “Lopeteguía”<br />
no jornal La Información, e nos seus<br />
textos abordou por diversas vezes o amigo a entigo<br />
companheiro no Barcelona. Num dos seus<br />
textos, possivelmente mesmo o mais popular,<br />
Lopetegui comparou o Barça de Pep ao Milan de<br />
Sacchi, descreveu uma lição do catalão e até<br />
convidou Maradona, o então selecionador<br />
argentino, a imitar Guardiola,<br />
e a usar Messi, como este era<br />
usado em Barcelona.<br />
“Jogadores diferentes<br />
fazem um<br />
f u t e b o l<br />
diferente”,<br />
foi assim que o tecnico Basco começou o<br />
texto. “O onze de Guardiola é uma equipa, uma<br />
equipaça, que interpreta o futebol na perfeição<br />
quando não tem a bola.” Comparando de forma<br />
inequívoca o Barça 2009/2010 ao Milan de Arrigo<br />
Sacchi, que ficara na história, por causa da intensa<br />
pressão na hora de defender. Afirmando ainda: “É<br />
uma equipa que toda a gente sabe que joga bem.<br />
(…) Por cima de qualquer consideração, é uma equipa<br />
muito compacta defensivamente.”<br />
O jogo coletivo do Barça, dizia então, estava “acima<br />
de tudo”. Era isso que o cativava, era isso que<br />
ele gritava ao mundo: uma equipa de jogadores<br />
que estão na mesma página é mais importante do<br />
que uma com craques que muitas vezes resolvem<br />
recorrendo à arte individual. Uma clara alusão ao<br />
Real Madrid de Pellegrini e da sua constelação de<br />
estrelas, que na opinião do técnico do FC Porto,<br />
jogavam sempre individualmente e para si.<br />
Os elogios para o amigo Guardiola<br />
eram frequentes: “Encanta-me<br />
como Guardiola gere as<br />
distintas situações.<br />
Dá inteligência e<br />
equilíbrio a<br />
tudo o<br />
F. C. Barcelona<br />
que<br />
r o -<br />
deia a equipa,<br />
e consegue<br />
manter a mesma concentrada<br />
no mais importante,<br />
libertando-a de qualquer<br />
pressão que chegue de fora.” E continua:<br />
“Guardiola elevou à máxima expressão<br />
o significado da palavra ‘equipa’, e saiu-lhe na<br />
perfeição.” Como é facil perceber a paixão pelo<br />
coletivo do Basco já era aqui bem notada. E, nas<br />
suas crónicas Lopetegui aproveitou igualmente<br />
para elogiar a forma como Pep trabalhava com<br />
Messi e lhe “dava asas” ao contrario de Maradona ,<br />
que retirava a magia ao craque argentino:” Porque<br />
o que Pep faz é sacar-lhe as p<strong>ed</strong>ras da mochila<br />
[as que Maradona havia colocado]. Tira-lhe peso<br />
e devolve-lhe o ar que necessita para fazer uma<br />
cueca, arrancar sem pensar, tentar uma loucura<br />
em solitário… A Guardiola não lhe falta exigência.<br />
É tremendamente exigente com os seus jogadores,<br />
m a s<br />
também consigo<br />
mesmo.<br />
E Guardiola sabe que<br />
Messi é um tipo absolutamente<br />
responsável e auto-exigente.”<br />
Não é de estranhar então que hoje o tecnico<br />
Basco tente implementar o mesmo estilo do Barcelona/Guardiola<br />
ao FC Porto.<br />
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“O NOME DE GUARDIOLA NÃO REPRESENTA<br />
SIMPLESMENTE MAIS UM HOMEM; ELE TEM<br />
VINDO A REPRESENTAR UMA FÉ, UMA CRENÇA,<br />
UMA FILOSOFIA; UMA FILOSOFIA QUE ALCANÇA<br />
O SUCESSO DE FORMA CONSISTENTE E AO MAIS<br />
ALTO NÍVEL˝<br />
VIRENDRA KARUNAKAR<br />
A<br />
regra dos 5 segundos, entra nesta<br />
logica, que quando a recuperação<br />
da bola não é im<strong>ed</strong>iata, é preciso<br />
recuar e “compactar” como uma<br />
par<strong>ed</strong>e em apenas 25 a 30 metros. O que para muitas<br />
equipas seria impossível, para o Barcelona de<br />
Pep, não o era, já que o posicionalmente entre os<br />
vários futebolistas é sempre muito próximo. O próprio<br />
Cruijff afirmou que “ o Barcelona ganha a bola<br />
tão rapidamente porque eles não precisam de correr<br />
mais que 10 metros”, e, isso é total mérito de Guardiola.<br />
Após a defesa em “par<strong>ed</strong>e” estar perfeitamente<br />
construída, a equipa como um bloco pressiona novamente,<br />
e dar o máximo sempre que o adversário<br />
controla mal a bola ou faz um passe errado ou menos<br />
certeiro. Existe uma outra “ordem” de Pep: os jogadores<br />
devem intensificar a pressão sempre que o<br />
jogador adversário se vira para a própria baliza. Isto<br />
restringe as suas ações e aumenta a possibilidade do<br />
erro. Na pior das hipóteses, a equipa ganha terreno,<br />
um pouco à imagem do rugby. A pressão nos jogadores<br />
adversário é feita segunda a regra 1:3, em que<br />
um dos jogadores ataca a bola, enquanto 3 jogadores<br />
cercam o portador da bola em forma de anel, com uma<br />
distancia de 3 ou 4 metros, oferecendo várias camadas<br />
de proteção e de reação aos movimentos da bola. No<br />
Barcelona, ao contrário da maioria das equipas, nunca<br />
foi ideia de Guardiola atacar a baliza adversária com<br />
tudo após a recuperação da bola. O Barcelona preferia<br />
reorganizar-se os seus jogadores em campo e movimentar<br />
a bola até encontrarem um passe de penetração para<br />
o centro da grande-área. A posse de bola, e o famoso<br />
Tiki-taka, é a imagem de marca de Guardiola, e baseiase<br />
em dois precipícios: se tens a bola, a equipa adversária<br />
não pode marcar - uma equipa curta e compactada como<br />
era a do Barcelona (e ainda o é com Luiz Enrique) ter a<br />
bola é uma necessidade absoluta. Em segundo, fazer a<br />
equipa adversária correr atras da bola, desgasta-a, o que<br />
irá faze-la cometer mais erros com o avançar do relógio.<br />
Tres jogadores foram fundamentais para o Barcelona de<br />
Pep: iniesta, Xavi e Messi. Sem os dois primeiros, a rotação<br />
da equipa não existiria; e sem Messi, não existiria<br />
a magia, e como sempre acontece no futebol, não se teriam<br />
resolvido as situações em que o coletivo não basta.<br />
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INIESTA, XAVI E MESSI FORAM AS TRÊS PEÇAS FUNDAMENTAIS PARA O ÊXITO<br />
DA EQUIPA DO FC BARCELONA DA ERA DE GUARDIOLA, TANTO INTERNAMENTE<br />
COMO NA EUROPA.<br />
BARCELONA - AS TATÍCAS<br />
OS VÁRIOS MODELOS TÁTICOS DA EQUIPA DE GUARDIOLA<br />
No principio havia o 4-3-3<br />
Na primeira temporada no Barcelona,<br />
Guardiola operou a sua equipa pronominalmente<br />
no 4-3-3, seguro na posse da bole,<br />
movendo a bola constantemente do centro<br />
para as laterais e vice-versa, na constante<br />
procura do desequilíbrio da equipa adversaria,<br />
com uma rapidez de execução acima da<br />
média, com dois ataques no pico da forma,<br />
Thierry Henry e Samuel Eto’o, e o génio<br />
de Lionel Messi a despoletar. Atrás Sergio<br />
Busquets, promovido da equipe B ou Toure,<br />
como médios mais defensivos, e no centro<br />
do terreno Andres Iniesta e Xavi, uma dupla<br />
que era o motor da equipa.<br />
Com a saída de Eto’o e com a experiencia<br />
falhada de Zlatan Ibrahimovic como homem<br />
golo, Messi foi convertido a atacante centro.<br />
Uma decisão acertada já que os números na<br />
concretização de Messi dispararam – 2008-<br />
09 foi a última vez que Messi marcou menos<br />
de 49 golos em todas as competições. Este<br />
modelo tático abdicou do que vulgarmente<br />
é chamado de número 9 e de uma referência<br />
fixa na grande área, viveu sobretudo<br />
da mobilidade e do entendimento dos três<br />
homens da frente.<br />
No ano seguinte, um novo ano de glória<br />
para a equipa do Barcelona, deu-se aquilo<br />
que se convencionou-se chamar-se troca por<br />
troca, David Villa ocuparia o papel de Henry<br />
fora de largura à esquerda após a partida do<br />
francês e P<strong>ed</strong>ro iria assumir o cargo de largura<br />
direita – sendo que este ultimo ocupava<br />
um lugar muito intermitente no onze titular.<br />
Depois apareceu o 4-4-2 que se desdobrava<br />
no 4-1-3-2<br />
Na última época de Guardiola à frente do<br />
Barcelona, apareceu um jogador que haveria<br />
de “obrigar” a mudar a conceção tática da<br />
equipa – Cesc Fabregas.<br />
Uma mudança para o 4-4-2 e a introdução<br />
do conceito de falso 9 e com a substituição<br />
de P<strong>ed</strong>ro por Alexis Sanchez. Com a mobilidade<br />
dos homens da frente o modelo tático<br />
muitas vezes alterava-se para um 4-1-3-2<br />
com Messi e Sanchez na frente. Alves na<br />
lateral e Abidal ao centro eram duas peças<br />
fundamentais para manter a fluidez de jogo<br />
e Busquets assumia para si um papel chave<br />
na manutenção dos equilíbrios.<br />
Do tempo de Guardiola no Barcelona haveria<br />
de ficar também a perceção que o jogo<br />
ofensivo deve começar nos defesas e a<br />
boa qualidade destes com a bola nos pés é<br />
elementar para a equipa. Fica igualmente a<br />
qualidade das desmarcações e do jogo sem<br />
bola de todos os jogadores, na constante<br />
procura de oferecer linhas de passe. Por fim,<br />
salienta-se também a qualidade na recuperação<br />
de bola onde os jogadores funcionavam<br />
como um bloco coeso no desarme do jogador<br />
adversário portador da bola.<br />
Continua na pág. 64<br />
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Desfazendo os mitos<br />
e as meias-verdades<br />
CAFEÍNA & O AUMENTO DA<br />
PERFORMANCE DESPORTIVA<br />
Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
cafeína é a “droga” mais consumida pela nossa soci<strong>ed</strong>ade. As bebidas<br />
energéticas, ao longo das últimas duas décadas, têm-se popularizado<br />
transversalmente entre atletas profissionais e amadores das mais dife- Arentes modalidades.<br />
O café e chás tornam ainda mais acessíveis o consumo de cafeína<br />
aos atletas, o que aumenta cada vez mais o duas importantes<br />
questões: os altos consumos que se verificam hoje de cafeína no<br />
desporto é seguro para a saúde dos desportistas? E a cafeína realmente<br />
melhorar o desempenho atlético?<br />
A cafeína é classificado como um estimulante do sistema nervoso<br />
central, e como todos nós sabemos, é genericamente usada para<br />
aumentar a excitação e atenção e para compensar a fadiga física<br />
e mental. Ela também tem efeitos no sistema cardiovascular, pulmonar<br />
e neuromuscular. Um número de atletas e treinadores consideram<br />
cafeína como um recurso ergogênico. Ou seja, em traços<br />
largos: a sua utilização pode melhorar o desempenho atlético. A<br />
cafeína foi o primeiro colocado no Comitê Olímpico Internacional<br />
(COI) como substância proibida em 1962, retirado em 1972,<br />
em seguida, de novo adicionada em 1984. Em 2003, a Agência<br />
Mundial Anti-Doping (WADA) cafeína foi por fim removida<br />
como uma substância proibida, considerando-se que o seu uso é<br />
apenas um “estimulante suave”.<br />
A NCAA, por seu lado, lista a cafeína como uma substância proibida,<br />
se e só se, os seus níveis na urina exc<strong>ed</strong>erem 15ug / ml. Um<br />
nível bem elevado, ora vejamos: uma uma caneca de café forte<br />
iria apenas apontar entre 4-5 ug / ml, num atleta de 70 kg . Assim,<br />
quantidades moderadas de cafeína como a encontrada no café<br />
ou bebidas energéticas são unicamente considerados um auxílio<br />
ergogênico legal. E segundo estas entidade sem um forte impacto<br />
na performance dos atletas.<br />
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A cafeína é classificado como um estimulante do sistema nervoso<br />
central, e é genericamente usada para aumentar a excitação e<br />
atenção e para compensar a fadiga física e mental.<br />
Efeitos da cafeína sobre o sistema neuromuscular e<br />
sobre as actividades de força e potência são confusas<br />
e muitos estudos contraditórios. Os estudos de<br />
laboratório sobre o tecido muscular mostram que<br />
a cafeína aumenta a força muscular. No entanto, as<br />
concentrações de cafeína utilizadas nestes estudos<br />
em animais exc<strong>ed</strong>em a razoabilidade de consumo;<br />
frequentemente com concentrações entre 100 a<br />
500 vezes mais elevado do que os níveis de sangue<br />
encontrados em humanos, mesmo após o consumo<br />
excessivo de cafeína.<br />
O consenso actualmente é que a ingestão de cafeína<br />
por seres humanos com valores de aproximadamente<br />
300 mg, um valor altíssimo, não tem nenhuma<br />
influencia sobre a força muscular ou poder de<br />
um atleta. Os poucos estudos cr<strong>ed</strong>íveis que apontam<br />
em sentido do aumento de performance, diz que<br />
esse aumento é ligeiro, quase imperceptível e pouco<br />
notado em competição.<br />
Por outro lado, diversos estudos mostraram que a<br />
cafeína r<strong>ed</strong>uz a reacção, a decisão e os tempos de<br />
movimento, devido aos seus efeitos sobre o sistema<br />
nervoso centra. Este efeito pode ser benéfico em<br />
desportos como o Ténis ou futebol, onde reacções<br />
rápidas de movimento são cruciais. Deve salientarse<br />
a cafeína também pode afectar negativamente o<br />
controle do movimento. Aumentar o nervosismo<br />
e r<strong>ed</strong>uzir a firmeza dos músculos e afectar inclusive<br />
as habilidades motoras finas e os movimentos<br />
precisos. Isso em suma significa que prejudica o<br />
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o desempenho técnico de um atleta.<br />
A cafeína no futebol<br />
No futebol, a problemática da cafeína tem sido alvo de<br />
vários estudos recentes sobre os seus efeitos sobre o desempenho<br />
durante os jogos, sempre em competição simulada.<br />
Nestes estudos, quantidades moderadas de cafeína são<br />
dadas 60 minutos antes do exercício.<br />
Em geral, estes estudos mostram que o desempenho físico,<br />
especialmente durante as últimas fases do jogo pode ser<br />
melhorado. Isso inclui a velocidade e número de sprints, a<br />
capacidade de salto e a agilidade. A percepção do esforço<br />
parece ser mantida também. Isso se aplica a ambos os<br />
jogadores masculinos e femininos. Quanto ao desempenho<br />
técnico, os resultados são irregulares. Drible, passe e recepção<br />
melhorou apenas marginalmente em alguns estudos e<br />
não se verificou qualquer alteração. Assim, com base nos<br />
estudos de pesquisa, deve-se concluir que o uso de cafeína<br />
pode beneficiar o desempenho jogo. Em particular, o desempenho<br />
físico e esforço perto do final de um jogo pode<br />
ser melhorado.<br />
Os perigos da cafeína<br />
Em primeiro lugar, é bem sabido que os utilizadores da<br />
cafeína podem desenvolver uma dependência fisiológica.<br />
Ao longo do tempo, como a cafeína é usado numa base<br />
regular, os efeitos benéficos muitas vezes diminuem. Além<br />
disso, as dores de cabeça, fadiga, náusea e irritabilidade<br />
tipicamente ocorrem em indivíduos com dependência de<br />
cafeína quando em abstinência. A dependência psicológica<br />
é também uma realidade. Um atleta que toma cafeína e tem<br />
um jogo excelente em breve poderá sentir que a cafeína é<br />
necessária a fim de competir. Sem ela, o desempenho será<br />
prejudicado. Assim, utilizando cafeína para melhorar o<br />
desempenho pode levar um jogador por uma ladeira escorregadia<br />
para tanto dependência fisiológica e psicológica.<br />
Em segundo lugar, a cafeína pode ter um número de efeitos<br />
secundários indesejados adicionais. Mesmo quantidades<br />
moderadas de cafeína pode causar ansi<strong>ed</strong>ade, nervosismo e<br />
o nervosismo em alguns jogadores, os quais podem prejudicar<br />
drasticamente o desempenho. Além disso, os padrões<br />
de sono podem sair prejudicados.<br />
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Efeito dos alongamentos<br />
nos lances-livre<br />
Rodolfo R. Pires, Colunista<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Contato@desportoeesport.com<br />
A<br />
importância dos alongamentos e a influência<br />
que podem ou não nos lances livres,<br />
im<strong>ed</strong>iatamente antes do lançamento parece<br />
ter uma maior relevância ao que previamente se fazia<br />
supor. Um estudo desenvolvido Maria Silva e colegas<br />
“Efeitos im<strong>ed</strong>iatos do alongamento dobre o número de<br />
acertos e aprecisão do arremesso de Basquetebol”. Numa<br />
análise com vários atletas onde foram estatisticamente<br />
observados lançamentos sem e com lançamentos livres<br />
chegaram-se às seguintes conclusões: Na primeira análise<br />
(sem alongamentoou aquecimento) 8,25(DP=3,41) acertos.<br />
Onde 5,37(DP=2,82) foram cesta direta, 0,12(DP=0,35)<br />
tabela e cesta e 2,75(DP=1,83) aro e cesta, 1,62(DP=2,72)<br />
tabela e erro e 4,75(DP=2,12) aro e erro. No segundo dia<br />
de coleta estabeleceu-se 10,62 (DP=3,02) acertos com<br />
6,87(DP=3,13) cestas diretas, 0,62(DP=0,91) tabela<br />
e cesta, 3,12(DP=1,64) aro e cesta, 0,87(DP=0,99) tabela<br />
e erro e 3,25(DP=2,60) aro e erro. A análise estatística<br />
dos acertos apontou p=0,01, para as cestas diretas p=0,06,<br />
para os arremessos com tabela e cesta p=0,05, aro e cesta<br />
p=0,37, tabela e erro p= 0,18 e aro e erro p= 0,02.<br />
Pode-se concluir, após estes resultados, que exercicios de<br />
alongamento, quando realizado im<strong>ed</strong>iatamente antes do<br />
lance-livre, aumenta a percentagem número de acertos.<br />
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BAYERN DE MUNICH : SABER FAZER<br />
EVOLUIR UMA IDEIA!<br />
A ANARQUIA TÁTICA… PARA OS ADVERSÁRIOS<br />
Munich viu chegar Guardiola numa altura em que tinha ganho tudo - campeonato, taça e Champions; mas os seus dirigentes<br />
queriam mais, queria dominar por uma década o futebol europeu. Para isso, Guardiola apostou numa formação 4-1-4-1.<br />
A tática imposta por Guardiola teve como objetivo explorar a profundidade do Bayern no meio-campo, especialmente<br />
em torno da capacidade de Toni Kroos para distribuir, circular em todo o meio do campo e igualmente assumir o papel de<br />
organizador de jogo. Enquanto no Barça, Guardiola tinha jogadores de baixa estatura à sua disposição, que eram muito bons na posse; no<br />
Bayern tinha jogadores mais diretas e verticais como Thomas Müller, Arjen Robben e Franck Ribery o que permitia uma maior variação<br />
de passe curto com passe longo, tornando sempre imprevisível o que a equipa ia fazer num determinado momento. Philip Lahm, o melhor<br />
lateral-direito do mundo, foi “re-programado” para jogar como m<strong>ed</strong>io defensivo e passou a fazer dupla com Bastian Schweinsteiger. Esta<br />
mudança mostrou-se fundamental para criar o tipo de jogo que Guardiola tanto gosta e passa pela manutenção da bola o maior tempo possível<br />
e foi igualmente importante para a variação passes – entre curto e longo – bem como transportar o esférico em que Lahm é especialista.<br />
Rafinha, que ocupou a vaga deixada vaga por Lahm na direita também se mostrou um enorme trunfo para o ataque dado que passou a ocupar<br />
por diversas vezes os espaços deixados vagos por Ribery que passou habitar zonas mais centrais no campo.<br />
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No segundo ano, e após o desaire nas meias-finais<br />
da Champions contra o Real Madrid, Guardiola<br />
fez alterações táticas na equipa, que já se vinham<br />
notando desde o final da época anterior. Guardiola<br />
passou então a usar o que aparentemente uma anarquia tática<br />
permanente, e assente em pelo menos quatro modelos de jogo<br />
usados pelo técnico espanhol: 4-2-3-1, 3-3-3-1, 3-4-3 e o 4-3-3.<br />
Em vários jogos recentes, principalmente após a lesão de Robben,<br />
Pep Guardiola tem mostrado uma preferencia para jogar<br />
em 4-3-3 desdobrando-se em 3-4-3 (figura 2). Com o retorno de<br />
ambos Holger Badstuber para a defesa e Philipp Lahm no meiocampo,<br />
deu o Bayern de Munique um dilema interessante no centro<br />
do meio-campo e uma exigência de que eles abordam onde<br />
David Alaba vai jogar? Contando ainda com Thiago Alcantara<br />
após paragem prolongada por lesão já regressou aos treinos e<br />
com Javi Martinez sempre à espreita. Mas talvez, estes dilemas<br />
não sejam assim tão relevantes: O Bayern de Munique funciona<br />
com um meio-campo com Schweinstegier, Lahm, e Alonso<br />
acrescentando Thiago para a profundidade e rotação. Adicionar<br />
David Alaba à mistura quando Juan Bernat joga e Bayern de<br />
Munique têm os seus dois extremos com um menor fulgor ou<br />
QUATROS MODELOS DE<br />
JOGO: 4-2-3-1, 3-3-3-1, 3-4-<br />
3 E O 4-3-3 - MUTÁVEIS<br />
DE JOGO PARA JOGO E<br />
DURANTE OS JOGOS<br />
lesionados. Junta-se a isso, o fato de que Mario Götze, que tem<br />
funcionado durante toda esta época como um extremo esquerdo,<br />
Lewandowski no meio e Müller no lado direito. Obviamente,<br />
Ribery e Robben nas alas quando em condições físicas. As equipas<br />
de Guadiola têm sempre uma enorme capacidade de reter a<br />
bola, passando entre os vários jogadores o esférico, escondendoa,<br />
conseguindo com isso progr<strong>ed</strong>ir no terreno e criar situações<br />
de golo, ou adormecer o adversário e apostar na verticalidade: A<br />
Verticalidade tenta unir na perfeição dois polos distintos: a posse<br />
de bola e o jogo direto. A Verticalidade mistura elementos de<br />
jogo direto e posse, tornando-o mais atacante e mais agressivo<br />
que o vulgo “tiki-taka” sem que para isso se perca a capacidade<br />
de reter a bola e se coloque a equipa em apuros de uma forma<br />
fácil. A Lateralização do jogo – bola jogada para os lados, para<br />
desequilibrar a posição dos defesas e encontrar espaço; quando<br />
isso não acontece, a bola deve ser jogada para a frente em um<br />
passe longo para rapidamente encontrar os avançados, e num<br />
espaço de segundo ultrapassar todo o miolo do terreno, normalmente<br />
sobrepovoado no futebol moderno.<br />
BEM DEFENDER<br />
PARA MELHOR<br />
ATACAR<br />
Guardiola apostou em uma estratégia<br />
mais defensiva e com maior posse de<br />
bola, após a qu<strong>ed</strong>a nas meias-finais com o<br />
Real Madrid. Voltou a cair na Champions,<br />
mas o sistema continua dinâmico e mais<br />
vivo do que sempre.<br />
Pressionar 100% do jogo é impossível. Guardiola<br />
entende-o na meia-final com o Real Madrid, onde caiu<br />
com uma goleada em casa. E, como o treinador espanhol<br />
bem entendeu, é preferível apostar na inteligência<br />
e tática dos jogadores do que na força, que inevitavelmente<br />
se esgota com o decorrer do jogo. Então<br />
mudou, e alterou, aumentando significativamente o<br />
modelo de jogo da equipa alemã. O sistema táctico da<br />
equipa alterou-se para o 4-2-3-1 ou 4-1-4-1, mudando<br />
ainda para um 3-6-1, com Martinez a trinco, Rafinha<br />
e Lahm de alas, Kroos e Højbjerg no meio, Ribery/<br />
Götze e Robben nas alas e Müller de falso nove como<br />
homem mais avançado. Muitas dessas ideias passaram<br />
para esta presente época, com significativos ganhos<br />
em golos sofrido e na posse de bola. Os números são<br />
interessantíssimos, uma vez que demonstram de forma<br />
clara a mentalidade mais defensiva de ainda maior<br />
posse de bola da equipa alemã, Ao todo, e no mesmo<br />
período, são menos 12 golos sofridos. E subindo em<br />
média mais 10% no índice de posse de bola, cifrandose<br />
agora nos 71%. Elevando para um outro patamar a<br />
ideia que as “equipas de Guardiola jogam e não deixam<br />
jogar, porque o adversário nunca tem a bola“. Os<br />
extremos são fundamentais neste processo, recuando<br />
sempre que a equipa perde a bola, principalmente<br />
quando a equipa joga com 3 defesas; uma das principais<br />
características da forma de trabalhar de Guardiola<br />
é convencer os seus jogadores de que o importante é o<br />
colectivo e só as dinâmicas de grupo interessam, deixando<br />
para segundo plano as necessidade e ambições<br />
pessoas de cada futebolista – já assim tinha acontecido<br />
em Barcelona.<br />
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Arbitragens – calculando a influência da<br />
FADIGA<br />
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ERROS<br />
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Arbitragens, Desgaste e Erros<br />
EXIGÊNCIAS FÍSICAS DAS ARBITRAGENS<br />
Marcos P. Gu<strong>ed</strong>es, especialista e analista do fenómeno desportivo<br />
contato@desportoeesport.com<br />
Nas últimas duas décadas e meia, o futebol profissional experienciou um significativo<br />
avanço nas exigências físicas requeridas pelos atletas - maior intensidade nos jogos e<br />
treinos. Por exemplo, apenas de 2002 para 2006 o número de spints aumentou 50%.<br />
Nesse mesmo período, os médios centro passaram de 10 para 12km percorridos por jogo.<br />
Hoje, em média, percorrem 16 km.<br />
Neste contexto do futebol atual, é<br />
plausível assumir que a exigência física<br />
dos árbitros também tenha sofrido<br />
um aumento significativo. Um tema<br />
pouco tratado, mas fundamental, para<br />
melhor compreender e definir um<br />
treino adequado para uma melhor<br />
adaptação dos profissionais de arbitragem<br />
à potência aeróbia e a potência<br />
anaeróbia dos jogos de futebol<br />
moderno. E ainda mais relevante, se<br />
pensarmos que os árbitros apresentam<br />
em média 15-20 anos a mais que os<br />
jogadores. E, em muito campeonatos,<br />
se trabalha num nível de semiprofissionalismo.Os<br />
mais recentes estudos<br />
demonstraram que os árbitros de elite<br />
do campeonato italiano (série A) são os<br />
que percorrem maior distância durante<br />
os jogos (~13 km), seguidos pelos<br />
árbitros europeus que das competições<br />
europeias (UEFA) (~11,5 km). Alguns<br />
estudos internacionais reportaram que<br />
durante partidas oficiais os mesmos se<br />
deslocam entre 41,8 e 73,8% do tempo<br />
em baixa intensidade (3-13 km/h), 11 a<br />
46,3% em média intensidade (>13-18<br />
km/h) e 4,1 a 17,7% em alta intensidade<br />
(>18 km/h). Somado a isso, a cada<br />
quatro segundos, aproximadamente, há<br />
alteração no modo de deslocamento,<br />
totalizando ~1.300 mudanças. Desse<br />
total ~45% e ~12%, respetivamente,<br />
ocorrem em baixa e alta intensidade.<br />
Assim, temos de considerar que aumento<br />
das exigências físicas do futebol, é<br />
facilmente imaginável que o condicionamento<br />
físico dos árbitros influencie a<br />
qualidade da sua arbitragem. E, o número<br />
de erros por jogo. Principalmente<br />
nos últimos 25 minutos. É importante<br />
salientar que pelo fato do futebol ser<br />
uma modalidade acíclica aberta, diversos<br />
fatores devem influenciar o volume<br />
de deslocamento do árbitro na partida,<br />
tais como o padrão tático das equipes,<br />
condições climáticas, situações específicas<br />
de jogo, estado de fadiga dos<br />
jogadores, entre outros. Na tabela 1,<br />
podemos ver o desgaste do campeonato<br />
Brasileiro<br />
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Tabela 1 – Exigência física dos árbitros nas partidas de futebol profissional Brasileiro<br />
Fazendo um curto resumo dos dados<br />
da tabela 1 A distância percorrida,<br />
a velocidade e a frequência cardíaca<br />
foram, respectivamente, 10,50 ± 0,35<br />
km, 6,43 ± 0,26 km/h (média), 19,84 ±<br />
1,56 km/h (máxima), 162,77 ± 7,44 bpm<br />
(média) e 182,22 ± 7,72 bpm (máxima).<br />
Foi evidenciada correlação significativa<br />
entre o VO2máx e a distância percorrida<br />
no segundo tempo (r = 0,517)<br />
(p < 0,05). O VO2máx também apresentou<br />
correlação com a velocidade<br />
“Pelo facto do futebol ser uma modalidade aberta, diversos fatores devem influenciar<br />
o volume de deslocamento do árbitro na partida, tais como o padrão<br />
tático das equipes, condições climáticas, situações específicas de jogo, estado<br />
de fadiga dos jogadores, entre outros”<br />
máxima de deslocamento (r = 0,506)<br />
(p < 0,05). Já o percentual de gordura<br />
apresentou correlação negativa<br />
com a velocidade máxima no segundo<br />
tempo (r = -0,471) (p < 0,05). Sendo<br />
que a idade dos árbitros, quando comparada<br />
com a dos atletas, é superior<br />
em cerca de 10 anos, um valor inferior<br />
ao encontrado em outras modalidades.<br />
Os dados apresentados referem-se ao<br />
estudo de A. Vieira e colegas “O nível<br />
de aptidão física afeta o desempenho<br />
Em diversos estudos, foi detectado uma correlação positiva entre o desempenho<br />
da arbitragem e o VO2máx (r = 0,530) (p < 0,05). Com relação<br />
ao percentual de gordura, o mesmo apresentou correlação negativa<br />
com o desempenho do árbitro em (r = -0,496) (p < 0,05).<br />
Relativamente à hipótese inicial de que<br />
a aptidão física influencia o número de<br />
erros dos árbitros, o mesmo estudo acima<br />
referido confirma essa mesma hipótese:<br />
“ Sendo o futebol dependente, de forma<br />
pr<strong>ed</strong>ominante, do metabolismo aeróbio,<br />
é plausível especular que a maior potência<br />
aeróbia dos árbitros maximize a sua<br />
movimentação durante a partida, permitindo<br />
o acompanhamento das jogadas<br />
de forma mais precisa. Além disso, a<br />
capacidade cardiorrespiratória adequada<br />
maximiza a recuperação entre esforços<br />
intermitentes de alta intensidade, que são<br />
característicos do futebol moderno. Isso<br />
pode facilitar o deslocamento do árbitro<br />
na partida, sem prejuízo no desempenho<br />
das ações em intensidade alta (>18 km/h)<br />
e máxima (>24 km/h).Somado ao exposto<br />
anteriormente, o baixo percentual de<br />
gordura favorece o maior O2 relativo,<br />
além de beneficiar ações relacionadas ao<br />
desenvolvimento de força rápida, como<br />
sprints de curta duração (15-20 m) em<br />
velocidade máxima (>24 km/h). Em contra<br />
partida, o excesso de peso e gordura<br />
corporal poderia afetar, negativamente, o<br />
padrão de movimentação dos árbitros e,<br />
por consequência, o julgamento das jogadas.<br />
Em lances decisivos e polêmicos,<br />
esse acompanhamento poderá determinar<br />
o resultado da partida.” Um treino e preparação<br />
adequadas é indispensável para<br />
eliminar ou precaver erros; assim como<br />
no futuro pode ser importante repensar<br />
(diminuir) a idade limite de 45 anos.<br />
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Gabriella Silva em 2011<br />
anunciou a sua aposentadoria<br />
precoce da natação<br />
com apenas 24 anos<br />
APOSENTADORIA NA VIDA DE EX ATLETAS<br />
“A aposentadoria atlética pode causar dificuldades financeiras,<br />
psicológicas e ocupacionais. O esforço de muitos deles em<br />
manter-se na função exercida se justifica pela necessidade de<br />
postergar a exclusão social pela inatividade, por não saber<br />
exercer outra função e, desta forma, glorificar a si mesmo.<br />
Atletas que se identificam com seus papéis de atleta são<br />
aqueles que tem mais dificuldades com a vida pós-esporte.”<br />
.<br />
Samira Saint Martin<br />
Psicóloga esportiva. Especialista em Terapia Cognitiva.<br />
samira.psicologia@gmail.com<br />
Otema aposentadoria tem despertado discussões em<br />
diversos campos profissionais. Especificamente<br />
na Psicologia, destacam-se estudos sobre as percepções<br />
sociais formuladas sobre esse conceito, questões relativas<br />
ao envelhecimento, reflexões sobre o lugar do trabalho<br />
para o homem e a soci<strong>ed</strong>ade e as decorrências psicológicas<br />
resultantes da dificuldade de adaptação frente ao rompimento<br />
com o trabalho. Decisões, mudanças e dúvidas vocacionais<br />
aparecem não somente no momento da adolescência.<br />
Enquanto para muitos as decisões e mudanças profissionais<br />
são vividas de forma mais tranquila, para outros é muito<br />
difícil tanto se comprometer com escolhas profissionais,<br />
quanto enfrentar períodos de mudança e indecisão.<br />
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Michael Jordan,<br />
indiscutivelmente um<br />
dos melhores basquetebolistas<br />
de sempre,<br />
soube como ninguém<br />
adaptar-se à “reforma<br />
desportiva”, criando<br />
um império de sucesso,<br />
e com uma fortuna<br />
avaliada em mais de<br />
500 milhões de dólares.<br />
Ao se pensar em uma carreira<br />
no esporte, muitos atletas a iniciam<br />
ainda crianças. A carreira<br />
esportiva é composta de uma<br />
sequência de fases, com períodos<br />
de transição, identificados<br />
como: a transição do esporte<br />
infantil para o juvenil, seguida<br />
da transição para o júnior e em<br />
seguida para o adulto; a transição do esporte amador para o profissional<br />
e a transição da carreira esportiva para uma vida pós<br />
esporte. A carreira esportiva em relação a outras é muito curta<br />
e o impacto do término desta, necessita de grandes ajustes na<br />
vida dos atletas. Muitos deles no final da carreira se conscientizam<br />
de que não foram preparados para uma vida pós-esporte,<br />
porque isso acarreta mudanças nos aspectos financeiro, social e<br />
psicológico dos ex atletas.<br />
A qualidade da transição de carreira esportiva e a adaptação à<br />
vida pós esporte depende de fatores atléticos e não atléticos. Os<br />
fatores atléticos são: o término de carreira voluntário e gradual,<br />
a avaliação subjetiva da realização das metas esportivas, planos<br />
de vida pós-esporte, e identidade atlética. Os fatores não<br />
atléticos são: idade e nível <strong>ed</strong>ucacional. Sua influência pode<br />
resultar numa transição bem suc<strong>ed</strong>ida ou em dificuldades no<br />
nível psicológico, físico, social e ocupacional. Essa qualidade<br />
de transição também depende da influência de alguns fatores<br />
específicos, tais como; a causa da aposentadoria, o grau de<br />
identificação com o esporte (identidade atlética), oportunidades<br />
de emprego e <strong>ed</strong>ucação acadêmica na nova vida, qualidade<br />
do suporte social, r<strong>ed</strong>e social dentro e fora do meio esportivo,<br />
habilidade para manter o status e administrar seus negócios.<br />
Dependendo da presença destes fatores, a transição para o término<br />
da carreira esportiva pode levar a um sentimento de início<br />
de uma vida nova, ou em uma dificuldade de adaptação a este<br />
a este novo momento.<br />
Efetivamente o atleta não aposenta quando deixa seu esporte,<br />
pois não existe um sistema previdenciário próprio para essa<br />
categoria, devido ao curto tempo da carreira. Ele simplesmente<br />
pára de jogar e tem que enfrentar a vida fora do<br />
esporte, caso não tenha economias e patrimônio suficientes à<br />
subsistência própria e familiar ao longo da vida. Ele precisa<br />
d<strong>ed</strong>icar-se aos estudos, conseguir um trabalho e vincular-se<br />
à Previdência Social de tal forma que ao completar o tempo<br />
legalmente estabelecido para aposentadoria no país, possa<br />
conseguir seus benefícios.<br />
A aposentadoria atlética pode causar dificuldades financeiras,<br />
psicológicas e ocupacionais. O esforço de muitos deles em<br />
manter-se na função exercida se justifica pela necessidade<br />
de postergar a exclusão social pela inatividade, por não saber<br />
exercer outra função e, desta forma, glorificar a si mesmo.<br />
Atletas que se identificam com seus papéis de atleta são<br />
aqueles que tem mais dificuldades com a vida pós-esporte.<br />
O planejamento financeiro também é uma preocupação,<br />
porque devido a uma mudança no salário, muitos não conseguem<br />
manter o padrão de vida que costumavam ter, como<br />
por exemplo, os jogadores de futebol e os altos salários que<br />
recebem quando estão em atividade.<br />
O término de carreira esportiva tem suas consequências positivas<br />
ou negativas de acordo com os fatores que levam o sujeito<br />
a iniciar essa nova etapa em sua vida e sua capacidade de<br />
enfrentamento. O processo de planejamento da aposentadoria<br />
do esporte e reorientação para uma nova atividade mostram<br />
ser importantes, apresentando também uma adaptação mais<br />
fácil à nova fase da vida do que os atletas que não a fazem.<br />
Apesar de a aposentadoria ser tanto um momento de crise<br />
como de alívio para o atleta, tudo isso depende de como cada<br />
um se posiciona diante deste momento.<br />
Ronaldo, o fenómeno,<br />
é também um<br />
excelente exemplo<br />
de um atleta que<br />
soube reganhar<br />
uma nova vida<br />
profissional após<br />
reforma, mantendose<br />
no negócio do<br />
futebol.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 73
OS PILARES 2014/2015<br />
ÊXI<br />
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BENFIQUISTAS PARA O<br />
TO<br />
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Benfica<br />
Ricardo Reis, Colunista<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Contato@desportoeesport.com<br />
34<br />
O êxito de uma ideia!<br />
O BiCampeonato conquistado pelo Benfica é o triunfo de uma ideia de<br />
futebol. Para o bem e para o mal, Jorge Jesus nos seus já seis anos ao<br />
comando da equipa da capital, criou e construiu uma ideia de jogo, assente<br />
em princípios basilares, que para o futebol nacional, parece perfeito. E<br />
galvanizante, tanto para os adeptos encarnados, quer para os próprios<br />
jogadores. A debandada dos melhores jogadores no início da época e um<br />
menor fulgor na capacidade para investir em novos jogadores, fez que<br />
nesta presente temporada, que a continuada ideia de jogos de Jesus se<br />
tenha tornando ainda mais crucial para o êxito na conquista do título.<br />
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BiCampeão<br />
O manto protetor<br />
Os adeptos benfiquistas, principalmente no último terço, foram incansáveis<br />
no apoio, tanto em casa como fora, o que fez com que a equipa<br />
encarnada “jogasse sempre em casa”. E, nos momentos, em que os jogadores<br />
benfiquistas relaxaram foram fundamentais para os acordar e revitalizar<br />
para os jogos, eliminando na raiz possíveis dissabores.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 77
Jorge jesus & Luís Filipe Viei<br />
Uma dupla de suces<br />
O sentido da estabilidade<br />
O significado da real importância da conquista do bicampeonato é<br />
ainda incerto, e apenas no futuro se poderá adivinhar se este foi o<br />
cio de uma nova era do futebol português ou apenas um curto hia<br />
domínio de três décadas do FC Porto. No entanto, ninguém melho<br />
o presidente Vieira, entende o sucesso “m<strong>ed</strong>iático” e “politico” de<br />
dois campeonatos ao rival do norte, e pela primeira vez desde 94,<br />
los em corrida direta. Vieira foi capaz de entender o peso de Jesus<br />
amadurecimento de uma “estrutura” capaz de receber e superar f<br />
embates, mesmo quando a vitória não apareceu e, muitos dos que<br />
gabam e elogiam o atual técnico encarnado, p<strong>ed</strong>iam o seu desp<strong>ed</strong>im<br />
Resistindo a tentações do passado, Vieira manteve Jesus, e com iss<br />
esteve sempre mais perto de renovar e ganhar novos títulos.<br />
78 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
a<br />
Dois jogadores mais importantes que todos os outros<br />
so<br />
Jonas<br />
A surpresa<br />
Luisão<br />
O capitão<br />
iníto<br />
do<br />
r que<br />
retirar<br />
venceno<br />
ortes<br />
hoje<br />
ento.<br />
o<br />
Jonas, pouco amado em Valencia, chegou ao<br />
Benfica a custo zero e com muitas desconfianças<br />
dos adeptos benfiquistas. Mas, todas as incertezas<br />
rapidamente desapareceram; com os golos, que o<br />
puseram lado a lado com Jackson pela conquista da<br />
Bota de Ouro, para além da importância dada ao<br />
jogo da equipa encarnada, tanto na mobilidade ao<br />
ataque como na ajuda ao meio campo.<br />
A importância da consistência<br />
“Um campeonato é uma prova de regularidade” – uma “verdade lapalissiana”,<br />
mas que faz todo o sentido usar para definir a época interna da equipa<br />
encarnada. A consistência é a chave para a regularidade. O mesmo presidente,<br />
o mesmo técnico e uma base de plantel que transitou de uma época para a<br />
outro constituíram um forte pilar para conquistar uma consistência chave,<br />
principalmente nos jogos contra os rivais – FC Porto, Sporting e Braga. A<br />
isto soma-se ainda a experiencia de Júlio Cesar; com defesas absolutamente<br />
decisivas em jogos e em momentos chaves do campeonato. Nomeadamente<br />
no dragão, contra o FC Porto, um jogo que se mostrou decisivo para as contas<br />
finais da tabela classificativa.<br />
Vindo do cruzeiro em 2003/2004, o capitão do Benfica,<br />
capturou em si uma “alma” encarnada que lhe<br />
permitem à equipa encarnada ter dentro de campo<br />
uma extensão do técnico e um líder dentro das<br />
quatro linhas e enquanto a partida decorre. A sua<br />
voz de comando, e exibições e performances desportivas<br />
que vêm melhorando com a idade, fazem<br />
dele o principal pilar da boa prestação defensiva<br />
#Colinho?<br />
As arbitragens tornaram-se num dos principais temas<br />
de conversa deste campeonato, de tal modo que virou<br />
hashtag nas r<strong>ed</strong>es sociais - #Colinho. Converter em<br />
pontos os vários erros dos vários clubes de uma liga<br />
como à portuguesa é absolutamente impossível, assim<br />
como avaliar, a influência desses mesmos erros na<br />
tabela final. Assim, dizer que foram “o colinho” que<br />
levou o Benfica ao BiCampeonato é tão errado como<br />
afirmar que não é necessário criar-se mecanismos<br />
para que, por exemplos, as nomeações dos árbitros<br />
e a forma como são feitas não necessitam de maior<br />
esclarecimento, e uma forma de criar finalmente nos<br />
adeptos uma justiça nos jogos, mesmo que existam<br />
erros.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 79
FUTEBOL:<br />
UM JOGO DE DECISÕES T<br />
ENTENDENDO OS PRINCÍPIOS TÁTICOS<br />
DO FUTEBOL MODERNO<br />
Israel Teoldo; João Vitor Assis;<br />
Felippe Cardoso<br />
Israel Teoldo Costa é doutorado em ciências<br />
do desporto, e possui trabalhos acadêmico<br />
publicado na área abordada pelo artigo<br />
israelteoldocosta@gmail.com<br />
Ao longo das últimas décadas houve uma revolução na forma de<br />
se entender e pensar o jogo de futebol, o conhecimento que antes<br />
era empírico, passou a ser consolidado a partir de constatações e<br />
análises científicas dos dados. O jogo e suas componentes (físicas,<br />
técnicas, táticas, psicológicas) passaram a ser amplamente<br />
estudadas, desta forma iniciou-se a era da informação no futebol.<br />
Com as informações coletadas e analisadas os profissionais que<br />
trabalham no futebol começaram a realmente entender o jogo,<br />
organizando suas sessões de treino e aperfeiçoando as principais<br />
capacidades dos jogadores em busca da excelência esportiva,<br />
individual e da equipe.<br />
Para que os jogadores possam atingir a excelência esportiva, os<br />
mesmos devem aprimorar todas as quatro principais componentes<br />
do jogo: físicas, técnicas, táticas, psicológicas. Contudo, a<br />
componente que vai guiar a elaboração das sessões de treino e<br />
sistematizar todo o comportamento dos jogadores é a componente<br />
tática.<br />
Isso ocorre, pois, os primeiros problemas enfrentados pelos jogadores<br />
são de natureza tática. Assim, a melhoria da capacidade<br />
tática na “leitura de jogo” irá influenciar as demais componentes<br />
do jogo além de propiciar uma melhor realização dos comportamentos<br />
dos jogadores na ocupação e/ou na criação de espaços<br />
para os companheiros, relacionando-se diretamente com o objetivo<br />
do jogo de futebol, marcar o gol e evitar sofrer o gol.<br />
Para facilitar didaticamente o ensino e a compreensão das capacidades<br />
táticas do jogo, a literatura vem preconizando que o<br />
treinamento seja pautado na compreensão e no desenvolvimento<br />
80 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
dos princípios táticos do jogo.
ÁTICAS<br />
A ORGANIZAÇÃO E O<br />
ENTENDIMENTO<br />
DO JOGO DE<br />
FUTEBOL A PARTIR<br />
DE PRINCÍPIOS<br />
Os princípios táticos de jogo se originam de uma<br />
construção teórica e se concretizam nos comportamentos<br />
dos jogadores no campo de jogo. Eles<br />
têm por característica a simplicidade de transmissão<br />
dos conceitos inerentes à tática, a consciência<br />
dos jogadores sobre estes conceitos e a seleção<br />
e execução da ação em relação estreita com as<br />
capacidades motoras. Quando associados a componente<br />
tática, estes princípios trazem normas de<br />
base através das quais os jogadores, em grupo,<br />
individual ou coletivamente, orientam seus comportamentos<br />
durante o desenvolvimento das fases<br />
(ofensiva e defensiva) e transições de jogo.<br />
Para Garganta e Pinto (1994), os princípios táticos<br />
podem ser definidos como um conjunto de normas<br />
sobre o jogo que proporcionam aos jogadores a<br />
possibilidade de atingir rapidamente soluções<br />
táticas para os problemas advindos da situação de<br />
jogo que defrontam. Por possuírem esse caráter,<br />
os princípios táticos precisam ser subentendidos e<br />
estar presentes nos comportamentos dos jogadores<br />
durante uma partida.<br />
Para facilitar a transmissão dos princípios por<br />
parte dos treinadores e a compreensão dos mesmos<br />
pelos jogadores, torna-se imprescindível<br />
o entendimento da organização e da estrutura<br />
destes princípios em categorias. Na literatura<br />
pode-se encontrar diferentes designações para<br />
se referir e caracterizar os princípios. Contudo,<br />
percebe-se certa harmonia das ideias em volta<br />
dos constructos teóricos os quais relacionam a<br />
organização tática dos jogadores no campo de<br />
jogo com base em quatro categorias de princípios:<br />
gerais, operacionais, fundamentais e específicos.<br />
A figura abaixo apresenta a proposta de Teoldo e<br />
colaborados (2009) para três das quatro categorias<br />
de princípios táticos.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 81
Massimiliano<br />
Allegri e Luiz<br />
Enrique são os<br />
dois técnicos finalistas<br />
da Liga<br />
dos Campeões,<br />
e como tal, dois<br />
dos melhores<br />
treinadores<br />
de futebol do<br />
Mundo!<br />
Nesta organização, destacamse<br />
características importantes<br />
para cada categoria de princípios<br />
táticos do jogo. Os princípios<br />
gerais recebem essa denominação<br />
pelo fato dos comportamentos<br />
a ele relacionados, serem<br />
comuns às diferentes fases do<br />
jogo e às regras de ação presentes<br />
em vários esportes coletivos de invasão e às outras categorias<br />
de princípios – operacionais, fundamentais e específicos.<br />
Assim, as regras de ação destes princípios são pautadas em três<br />
conceitos advindos das relações espaciais e numéricas entre os<br />
jogadores da equipe e os adversários nas zonas de disputa pela<br />
bola; sendo eles: i) não permitir a inferioridade numérica, ii)<br />
evitar a igualdade numérica e iii) procurar criar a superioridade<br />
numérica.<br />
Os princípios operacionais se relacionam a conceitos e atitudes<br />
pré-definidas e comuns para as duas fases do jogo, sendo na<br />
defesa: i) anular as situações de finalização, ii) recuperar a bola,<br />
iii) imp<strong>ed</strong>ir a progressão do adversário, iv) proteger a baliza e v)<br />
r<strong>ed</strong>uzir o espaço de jogo adversário; e no ataque: i) conservar a<br />
bola, ii) construir ações ofensivas, iii) progr<strong>ed</strong>ir pelo campo de<br />
jogo adversário, iv) criar situações de finalização e v) finalizar<br />
à baliza adversária.<br />
Já os princípios fundamentais representam um conjunto de<br />
regras básicas que orientam as ações dos jogadores e da equipe<br />
nas duas fases do jogo (defesa e ataque), com o objetivo de<br />
desequilibrar a organização da equipe adversária, promover<br />
a organização da própria equipe e permitir que os jogadores<br />
intervenham de maneira apropriada nos espaços mais críticos<br />
do campo, que dizem respeito ao local onde estão a bola e o<br />
centro de jogo. Os princípios fundamentais são categorizados<br />
por Teoldo e colaboradores (2009) em cinco princípios para<br />
cada fase de jogo condizentes com os seus objetivos, sendo<br />
na defesa: i) contenção, ii) cobertura defensiva, iii) equilíbrio,<br />
iv) concentração e v) unidade defensiva; e, no ataque: i) penetração,<br />
ii) mobilidade, iii) cobertura ofensiva iv) espaço e v)<br />
unidade ofensiva.<br />
A quarta categoria de princípios, refere-se aos princípios específicos.<br />
Estes princípios com o próprio nome diz, advém de<br />
uma forma específica de se jogar e conceber o jogo, estando<br />
diretamente relacionados com as ideias de jogo do treinador/<br />
professor e com o modelo de jogo adotado por uma equipe.<br />
Assim, não há contornos definitivos que permitem organizálos<br />
e classificá-los como os demais princípios presentes nas<br />
primeiras três categorias.<br />
Uma vez conhecidas estas quatro categorias de princípios<br />
o professor deve então organizar os seus conteúdos para<br />
o processo de ensino na diferentes fases de formação dos<br />
jovens jogadores. Assim, recomenda-se que os princípios<br />
gerais sejam ensinados a partir dos 6/7 anos de idade quando<br />
as crianças no seu processo maturacional e de desenvolvimento<br />
motor, cognitivo e social, deixam a fase egocêntrica e<br />
passam para a uma fase de maior sociabilidade. Como estes<br />
PARA QUE OS JOGADORES POSSAM ATINGIR A EXCELÊNCIA<br />
ESPORTIVA, OS MESMOS DEVEM APRIMORAR TODAS AS<br />
QUATRO PRINCIPAIS COMPONENTES DO JOGO: FÍSICAS,<br />
TÉCNICAS, TÁTICAS, PSICOLÓGICAS.<br />
princípios têm por base conceitos que necessitam da presença<br />
de outras crianças para sua operacionalização e compreensão,<br />
seria improdutivo tentar ensiná-los durante a fase egocêntrica<br />
da criança. Aliados aos princípios gerais, os princípios<br />
operacionais também devem ser ensinados nos primeiros anos<br />
de experimentação esportiva da fase de maior socialização<br />
da criança; isto porque as regras de ação presentes nestas<br />
duas categorias de princípios são responsáveis por facilitar<br />
a compreensão da lógica do jogo. Por se tratar de regras que<br />
utilizam operações concretas, espera-se que através da disseminação<br />
e compreensão dos seus conceitos os alunos sejam<br />
capazes de aprender o jogo e desenvolvê-lo em contexto<br />
formal e informal. Na sequência, os princípios fundamentais<br />
do jogo devem ser introduzidos no processo de ensino do<br />
jogo de Futebol. Como estes princípios requerem pensamento<br />
abstrato e testagem de hipóteses para o preenchimento<br />
de espaço e movimentação em campo, os mesmos devem<br />
ser ensinados por volta dos 12/13 anos, quando o estágio de<br />
desenvolvimento cognitivo da criança já estará maduro ou em<br />
fase final de maturação.<br />
82 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Figura 2: Princípios Táticos do Jogo de Futebol propostos por Teoldo et al. (2009)<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 83
Instrumentos de detecção<br />
da componente tática<br />
em jogadores de futebol<br />
durante o processo de<br />
formação<br />
Identificar jogadores talentosos para o futebol<br />
é algo importante para a manutenção do<br />
rendimento na modalidade. Quanto antes se<br />
identifica estes jogadores mais tempo se tem<br />
para desenvolvê-los e possibilitar que o seu<br />
“talento” siga se atualizando.<br />
Na literatura alguns instrumentos têm sido<br />
propostos e permitem avaliar as capacidades<br />
táticas e decisórias dos jogadores de futebol<br />
de diferentes idades, estes instrumentos podem<br />
auxiliar aos pesquisadores e treinadores a identificarem<br />
jogadores talentosos desde muito<br />
c<strong>ed</strong>o.<br />
O primeiro instrumento a ser utilizado já nos<br />
primeiros anos de formação no futebol (6 a 7<br />
anos de idade) foi desenvolvido por pesquisadores<br />
alemães coordenados pelo Prof. Dr. Klaus<br />
Roth. O instrumento é denominado KORA,<br />
e permite avaliar o desempenho tático em<br />
todos os jogos esportivos coletivos. O KORA<br />
permitem avaliar dois parâmetros inerentes às<br />
capacidades táticas: oferecer-se e orientar-se<br />
(O.O) e reconhecer espaços (R.E). No conjunto<br />
de atividades e jogos que são aplicados para<br />
oportunizar tarefas táticas, o primeiro refere-se<br />
84 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
percepção do jogador em obter a ótima<br />
posição no momento exato; e o segundo<br />
corresponde à capacidade do jogador<br />
em reconhecer as chances para se<br />
chegar ao gol.<br />
Esses dois parâmetros táticos são<br />
comuns às modalidades esportivas nas<br />
quais as estruturas do jogo se caracterizam<br />
pela invasão do campo adversário,<br />
apresentam situações de oposição e<br />
colaboração e solicitam a utilização de<br />
habilidades técnicas realizadas com os<br />
pés, mãos e raquetes/bastões. O objetivo<br />
da avaliação é determinar o nível<br />
de inteligência de jogo e de criatividade<br />
tática, pelo que os dois parâmetros<br />
são avaliados sob as perspectivas dos<br />
pensamentos convergente e divergente<br />
e suas relações com a inteligência e a<br />
criatividade tática, respectivamente.<br />
A partir dos 08 anos de idade quando<br />
se encerra a fase egocêntrica da<br />
criança, torna-se possível avaliar suas<br />
capacidades táticas e decisórias a partir<br />
de critérios um pouco mais complexos.<br />
Neste contexto, surge o Game<br />
Performance Evaluation Tool – GPET<br />
(GARCÍA-LÓPEZ et al., 2013).internacional,<br />
transporte terrestre, cerimônias,<br />
entre outras. Neste contexto, surge o<br />
Game Performance Evaluation Tool –<br />
GPET (GARCÍA-LÓPEZ et al., 2013).<br />
O GPET é um instrumento que permite<br />
avaliar as tomadas de decisões táticas<br />
dos jogadores e o seu nível de eficiência<br />
e eficácia nestas tomadas de decisões<br />
no jogo. Esta avaliação é realizada em<br />
duas situações durante o jogo: on-the-ball<br />
(ações com bola) e off-the-ball (ações<br />
sem bola), e permite avaliar as equipes<br />
que estão atacando e defendendo. O<br />
GPET avalia ainda o desempenho no<br />
jogo em dois níveis diferentes. No primeiro<br />
nível, avalia a adequação das ações<br />
para os problemas táticos ou demandas<br />
situacionais. No segundo nível, o GPET<br />
avalia de modo separado os componentes<br />
cognitivos de desempenho nas tomadas<br />
de decisão dos componentes de desempenho<br />
referentes à execução das habilidades<br />
motoras. Os resultados fornecidos<br />
pelo GPET possibilitam o entendimento<br />
da qualidade da tomada de decisão tática<br />
dos jogadores no jogo sendo um instrumento<br />
de avaliação importante, e de<br />
grande relevância de utilização em categorias<br />
mais novas (i.e. dos 08 até os<br />
12 anos de idade). Após os 12-13 anos<br />
de idade a criança já é consegue pensar<br />
abstratamente o seu conhecimento acerca<br />
da complexidade do jogo aumenta. Desta<br />
forma, os critérios para avaliação dos<br />
seus comportamentos frente às demandas<br />
do jogo devem ser compreendidos<br />
em aspectos mais minuciosos. Assim a<br />
avaliação baseada nos princípios táticos<br />
fundamentais demonstra-se de grande<br />
valia. Para esta avaliação, o instrumento<br />
que tem sido utilizado é o Sistema de<br />
Avaliação Tática no Futebol - FUT-<br />
SAT desenvolvido pelo professor Israel<br />
Teoldo da Costa coordenador do Núcleo<br />
de Pesquisa e Estudos em Futebol da<br />
Universidade F<strong>ed</strong>eral de Viçosa. O<br />
Sistema de Avaliação Tática no Futebol<br />
- FUT-SAT foi concebido com o intuito<br />
de propiciar aos treinadores, professores<br />
e investigadores um meio de ac<strong>ed</strong>er, com<br />
maior especificidade e objetividade, às<br />
informações que refletem comportamentos<br />
táticos desempenhados pelos jogadores<br />
em situações de jogo.
acompanhamento do desenvolvimento<br />
dos jogadores e equipes. Ele permite<br />
ainda quantificar o desempenho tático<br />
dos jogadores e os percentuais de acerto<br />
e erro deles em cada um dos princípios<br />
táticos ou no jogo de modo geral. O<br />
FUT-SAT permite também uma avaliação<br />
do conhecimento tático processual<br />
dos jogadores.<br />
Alguns estudos utilizando este instrumento<br />
tem sido conduzidos pelo Núcleo<br />
de Pesquisa e Estudos em Futebol<br />
(NUPEF), na Universidade F<strong>ed</strong>eral<br />
de Viçosa, coordenado pelo Prof. Dr.<br />
Israel Teoldo da Costa. Nestas pesquisas,<br />
a utilização do FUT-SAT permitiu<br />
encontrar resultados pertinentes quanto<br />
à i) comparação do conhecimento<br />
tático processual dos jogadores entre<br />
categorias; ii) o efeito da idade relativa<br />
DENTRE OS INSTRUMENTOS CITADOS ACIMA,<br />
ATUALMENTE TEM O FUT-SAT VEM GANHANDO UM GRANDE DESTAQUE<br />
NO DIA A DIA DOS CLUBES DE FUTEBOL E NOS LABORATÓRIOS DE<br />
PESQUISA. ISTO ACONTECE, POIS ESTE INSTRUMENTO É UTILIZADO<br />
COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DOS COMPORTAMENTOS TÁTICOS<br />
INDIVIDUAIS E OU COLETIVOS, ALÉM DE SERVIR COMO INSTRUMENTO<br />
DE ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO DOS JOGADORES E<br />
EQUIPES. ELE PERMITE AINDA QUANTIFICAR O DESEMPENHO TÁTICO DOS<br />
JOGADORES E OS PERCENTUAIS DE ACERTO E ERRO DELES EM CADA UM<br />
DOS PRINCÍPIOS TÁTICOS OU NO JOGO DE MODO GERAL.<br />
A sua estrutura conceptual está alicerçada<br />
nos princípios tácticos fundamentais<br />
do jogo de Futebol. Estes princípios<br />
foram eleitos por representarem os<br />
aspectos centrais do processo de ensino<br />
e treino das capacidades táticas.<br />
Além disso, esse conjunto de princípios<br />
possui m<strong>ed</strong>idas objetivas da movimentação<br />
dos jogadores consoante à gestão<br />
do espaço de jogo por eles realizada.<br />
Além disto, a presença destes princípios<br />
na estrutura central do FUT-SAT ajuda<br />
a compreender a organização tática do<br />
jogo, uma vez que a dinâmica das suas<br />
interações e aplicações operacionaliza<br />
e caracteriza tanto o modelo quanto o<br />
nível de jogo das equipes.<br />
Assim, o FUT-SAT é um instrumento<br />
que permite a avaliação dos comportamentos<br />
e desempenhos táticos dos jogadores<br />
de futebol em situações de jogo.<br />
Permite ainda a avaliação da qualidade<br />
dos comportamentos realizados, o local<br />
de realização das ações no campo de<br />
jogo e seus respectivos resultados para<br />
a equipe. Apontamentos e tendências<br />
de estudos com FUT-SAT.<br />
Dentre os instrumentos citados acima,<br />
atualmente tem o FUT-SAT vem ganhando<br />
um grande destaque no dia a dia<br />
dos clubes de futebol e nos laboratórios<br />
de pesquisa. Isto acontece, pois este<br />
instrumento é utilizado como ferramenta<br />
de avaliação dos comportamentos<br />
táticos individuais e ou coletivos,<br />
além de servir como instrumento de<br />
no desempenho tático dos jogadores;<br />
iii) variação do desempenho tático dos<br />
jogadores de acordo com o resultado<br />
do jogo iv) variação do desempenho<br />
e comportamento tático em relação<br />
aos estatutos posicionais do jogadores;<br />
v) influência de constrangimentos nos<br />
jogos (como na utilização de jogadores<br />
curingas) nos comportamentos<br />
dos jogadores e, vi) relação entre as<br />
capacidades perceptivo-cognitivas e<br />
desempenho tático dos jogadores.<br />
Na próxima página apresentaremos<br />
algumas das principais conclusões do<br />
trabalho:<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 85
86 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
i) Comparação do conhecimento<br />
tático processual dos jogadores entre<br />
categorias: Os resultados apontaram<br />
diferenças no comportamento tático de<br />
jogadores de futebol em diversas categorias.<br />
Os jogadores das categorias<br />
maiores apresentaram maior eficiência<br />
de realização nos princípios táticos<br />
ofensivos e defensivos, quando comparados<br />
aos jogadores de categorias<br />
menores. Isso demonstra a importância<br />
do processo de treinamento deliberado<br />
para a qualificação e formação de jogadores<br />
com melhor proficiência tática.<br />
ii) O efeito da idade relativa<br />
no desempenho tático dos jogadores:<br />
Foram encontrados resultados que<br />
mostraram que para jogadores de uma<br />
mesma categoria o período de nascimento<br />
não influencia na eficiência<br />
tática defensiva e ofensiva dos mesmos,<br />
apontando que o efeito da idade relativa<br />
não interfere no desempenho tático dos<br />
jogadores.<br />
iii) Variação do desempenho tático<br />
dos jogadores de acordo com o<br />
resultado do jogo: Em pesquisas que<br />
compraram o desempenho tático dos<br />
jogadores das equipes perd<strong>ed</strong>oras e<br />
venc<strong>ed</strong>ores, os resultados mostraram<br />
que jogadores da equipe venc<strong>ed</strong>ora<br />
apresentaram um elevado desempenho<br />
tático defensivo e ofensivo.<br />
iv) Variação do desempenho e<br />
comportamento tático em relação aos<br />
estatutos posicionais do jogadores:<br />
Pesquisa com jogadores de futebol da<br />
categoria sub 15, identificaram não<br />
haver diferenças no comportamento<br />
tático entre jogadores de diferentes<br />
estatutos posicionais, demonstrando<br />
que o nível de conhecimento tático do<br />
jogador não varia significativamente<br />
em função das diferentes posições. Isto<br />
se deve ao fato dos jogadores desta categoria<br />
ainda não estarem especializados<br />
em uma posição específica, sendo<br />
capazes de realizar ações táticas e funções<br />
inerentes a diferentes posições.<br />
v) Influência de constrangimentos<br />
nos jogos nos comportamentos dos<br />
jogadores: Em relação a modificação da<br />
estrutura do treinamento com inclusão<br />
de constrangimentos, estudos indicaram<br />
que a utilização de jogadores curinga<br />
em apoio interno e externo exerce<br />
influência no comportamento tático<br />
dos jogadores, e poderá ser útil nos<br />
treinamentos para evitar o confronto<br />
direto entre jogadores e proporcionar<br />
movimentações defensivas que permitam<br />
uma marcação nos adversários que<br />
estão em profundidade e largura para<br />
receber o passe.<br />
vi) Relação entre as capacidades<br />
perceptivo-cognitivas e desempenho<br />
tático dos jogadores: Os resultados do<br />
FUT-SAT também podem ser correlacionados<br />
com algumas variáveis cognitivas<br />
como as estratégias de busca visual<br />
e a eficiência cognitiva. As pesquisas<br />
têm apontado que os jogadores que<br />
possuem melhor desempenho tático<br />
apresentam um padrão de busca visual<br />
mais amplo e adequado, conseguindo<br />
retirar uma maior numero de informações<br />
do ambiente em períodos de<br />
tempo relativamente mais curtos. Além<br />
do mais esses jogadores são cognitivamente<br />
mais eficientes o que possibilita<br />
a realização de ações mais adequadas<br />
no contexto do jogo<br />
GARCÍA-LÓPEZ, L. M.; GONZÁLEZ-<br />
VÍLLORA, S.; GUTIÉRREZ, D.;<br />
SERRA, J. Development and validation<br />
of the game performance evaluation<br />
tool (GPET) in Soccer. 2013.<br />
GARGANTA, J.; PINTO, J. O ensino<br />
do futebol. . In: A. Graça e J. Oliveira<br />
(Ed.). O ensino dos jogos desportivos:<br />
Centro de Estudos dos Jogos<br />
Desportivos, 1994, p.97-137.<br />
TEOLDO, I.; GARGANTA, J.;<br />
GRECO, P. J.; MESQUITA, I.<br />
Princípios Táticos do Jogo de Futebol:<br />
Conceitos e Aplicação. Revista Motriz,<br />
v.15, n.3, p.657-668. 2009.
DÊ-NOS<br />
UM LIKE<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 87
HIIT<br />
HIGH INTENSITY INTERVAL TRAIN<br />
O QUE É O TREINO HIIT? E PARA QUE SERVE?<br />
P<strong>ed</strong>ro M. Silva, Colunista<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
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HIIT é a sigla de “High Intensity Interval<br />
Training” que em tradução livre fica:<br />
Treinamento Com Intervalos de Alta<br />
Intensidade”. Este tipo de treino é simplesmente<br />
uma combinação de períodos de atividades<br />
muito altas com períodos de treinos<br />
leves. Os períodos em alta vão aumentar o<br />
aceleramento do metabolismo.<br />
HIIT pode ser realizado como qualquer<br />
tipo de treino cardiovascular. A maioria das<br />
pessoas faz uma combinação de corrida e<br />
caminhada. Mas treino em bicicleta, natação<br />
ou dança aeróbica também são frequentemente<br />
usados como disciplinas base para<br />
este tipo de treino.<br />
Hiit é utilizado, e uma das melhores formas,<br />
de queimar gordura, que com mesmo nos<br />
treinos de menor intensidade o corpo continua<br />
a queimar gordura, isto claro está, se os<br />
treinos de alta intensidade forem sempre no<br />
máximo – 100% a todo o momento.<br />
O HIIT pode e deve ser executado por pessoas<br />
com todos os níveis de aptidão física,<br />
desde que se evolua gradualmente no treino.<br />
No começo os treinos de alta intensidade<br />
podem durar menos, com o tempo a resistên-<br />
88 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
ING<br />
cia aumenta e o nível de treino também.<br />
Sandro Lenzi em “Treino HIIT –<br />
Um dos mais eficientes métodos de<br />
queima de gordura” explica porque<br />
este treino é tão eficiente na queima<br />
de gordura: “O fenômeno que explica<br />
a razão de os exercícios mais intensos<br />
serem mais eficientes para a queima<br />
de gordura é designado por EPOC.<br />
Durante muito tempo o senso comum<br />
e até mesmo alguns profissionais<br />
da <strong>ed</strong>ucação física acr<strong>ed</strong>itavam que<br />
bastava calcular o gasto calórico<br />
durante a atividade física em questão.<br />
Mas como no organismo humano<br />
nada é tão linear, diversas pesquisas<br />
foram feitas para buscar de fato como<br />
o gasto calórico poderia auxiliar no<br />
emagrecimento e na queima de gordura.<br />
Desta maneira, diversos estudos<br />
foram feitos a fim de provar que o<br />
gasto calórico total da atividade era<br />
muito mais importante que apenas o<br />
seu gasto durante a prática.<br />
Com isso, a intensidade ganhou<br />
muito mais força na prescrição dos<br />
treinamentos, ganhando um espaço<br />
que era pr<strong>ed</strong>ominantemente dos exercícios<br />
aeróbicos de baixa intensidade.<br />
Hoje é muito comum encontrarmos<br />
pessoas que buscam emagrecer e<br />
investem na musculação, no Crossfit<br />
ou nos aeróbicos de alta intensidade,<br />
como é o caso do HIIT.”<br />
O HIIT é muito eficiente na melhoria<br />
do metabolismo referente as células<br />
musculares, que por sua vez promovem<br />
a queima da gordura e com<br />
isso tem um aumento na produção de<br />
r<strong>ed</strong>utores de gordura.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 89
Hitt é a combinação de períodos de atividades muito<br />
altas com períodos de treinos leves. Os períodos em<br />
alta vão aumentar o aceleramento do metabolismo.<br />
Em um recente estudo de 2012 dirigido por Dr. Sousa,<br />
foram avaliadas 12 mulheres sem pratica de exercício<br />
físico regular, que foram submetidas a três métodos de treino<br />
diferentes. Divididas em 3 grupos, o grupo A realizou<br />
treinos aeróbicos contínuos, o grupo B realizou treinos<br />
intervalados de alta intensidade (HIIT) e o grupo C realizou<br />
treino de resistência. Todos os treinos foram realizados em<br />
25 minutos. Ao final de 8 semanas de treino, foi possível<br />
verificar uma r<strong>ed</strong>ução no percentual de gordura de -8% no<br />
grupo A, de 16% no grupo B e de 11% no grupo C.<br />
Existem ainda alguns estudos que fazem uma correlação<br />
direita entre o treino hiit e perdas de apetite, sendo que em<br />
métodos de treino comuns acontece o oposto. Como se isso<br />
não bastasse, a discrepância foi muito mais em alimentos<br />
gordurosos e em doces. O seu consumo era diminuído em<br />
16%.<br />
De maneira básica, o programa HIIT segue uma linha,<br />
mas ao mesmo tempo é bastante dinâmico, principalmente<br />
pela escolha dos exercícios:<br />
– Começar com uma razão de 1:4 de treino para descanso<br />
na Fase 1, utilizando um período total de treino de cerca de<br />
15 minutos.<br />
– Na Fase 2 aumente o tempo de treino, elevando a razão<br />
para 1:2 e o tempo total de exercício fisico para cerca de<br />
17 minutos.<br />
– Na Fase 3, a taxa de descanso é r<strong>ed</strong>uzida pela metade,<br />
chegando em uma razão de 1:1. O tempo total de treino é<br />
aumentado e chega a 18,5 minutos.<br />
– No final, na Fase 4, a taxa de descanso é r<strong>ed</strong>uzida novamente<br />
pela metade, tornando assim a razão para 2:1 e o<br />
tempo total de treino para 20 minutos.<br />
90 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
O HIIT é muito eficiente na melhoria do<br />
metabolismo referente as células musculares,<br />
que por sua vez promovem a queima<br />
da gordura e com isso tem um aumento na<br />
produção de r<strong>ed</strong>utores de gordura”<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 91
A FIGURA:<br />
HELENO<br />
Advogado, boêmio, catimbeiro, boa vida, irritadiço, galã e um dos<br />
melhores futebolistas brasileiros de sempre!<br />
G<br />
énio e louco, todos temos um pouco. Heleno de Freitas – um<br />
dos ídolos maiores do Botafogo, é um dos mais acabados<br />
exemplos de um génio que se alimentava da sua loucura.<br />
Sempre polemico, Heleno era nervoso em campo e um “bon vivant” fora<br />
dele; nervoso e irritadiço mesmo com os seus companheiros de equipa<br />
valeram-lhe o apelido “Gilda” (personagem da atriz americana Rita<br />
Hayworth). Heleno era conduzindo por “aquilo a que talvez só os gênios<br />
têm direito: o egocentrismo como núcleo da vida.” Por isso, era um solitário,<br />
e como tantos naquele tempo, lembremos por exemplo Garrincha,<br />
com uma vida marcada pela tragédia e pela dor. O seu maior sonho era<br />
disputar um Mundial de futebol, mostrar o seu talento ao mundo, mas<br />
devido à guerra, no auge da sua carreira, a Copa foi cancelado em duas<br />
ocasiões, 1942 e 1946. Apesar dos 204 golos em 233 jogos, nunca foi<br />
campeão, pelos vários clubes por onde passou - Botafogo, a 1948 e 1950,<br />
Vasco (1949), Boca Juniors (1951), América do Rio (1951), Atletico<br />
Barranquilla (1951 e 52) e Santos (1953). Desde c<strong>ed</strong>o foi amarrado pelo<br />
vício em drogas: lança-perfume e éter. E, os seus últimos anos marcados<br />
92 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
pela demência e em virtude de um dos muitos casos sexuais.<br />
Ricardo Reis, Colunista<br />
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“O futebol<br />
heróico e elegante<br />
de<br />
Heleno de<br />
Freitas despertou<br />
em<br />
mim a paixão<br />
pelo futebol.<br />
Avassaladora<br />
paixão<br />
da qual, com<br />
a graça de<br />
Deus, jamais<br />
hei de me<br />
curar. Heleno<br />
de Freitas<br />
foi a personalidade<br />
mais fascinante<br />
e também<br />
a mais<br />
dramática<br />
que conheci<br />
nos estádios”,<br />
Armando<br />
Nogueira<br />
Heleno de Freitas, nasceu em 12 de<br />
fevereiro de 1920 em São João<br />
Nepomuceno, e é tido como o primeiro<br />
“craque problema” do futebol<br />
brasileiro. Nascido em “berço de<br />
ouro”, algo já na altura usual para<br />
um futebolista, estudou no Colégio<br />
São Bento e depois obteve o bacharelado<br />
em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito<br />
do Rio de Janeiro (atual Faculdade Nacional de Direito da UFRJ).<br />
Heleno era um génio que se sabia génio – um Cristiano Ronaldo<br />
dos anos 40 que contava golos como se contasse os segundos nos<br />
ponteiros do relógio. É o quarto maior artilheiro da história do<br />
Botafogo. Foram 204 bolas nas r<strong>ed</strong>es adversárias em 234 partidas<br />
com a camisa alvinegra. Mas a vida marcada pelo álcool, cigarro,<br />
drogas a que se juntava o temperamento explosivo e arrogante,<br />
acabaram por afastá-lo c<strong>ed</strong>o do futebol. Por problemas de saúde e<br />
por não conseguir se relacionar com os outros jogadores, achavase<br />
sempre superior, chegou ao ponto de, no final da carreira, ser<br />
rejeitado em equipas até quando se oferecia para jogar de graça.<br />
A fama enquanto jogador alcançou também reputação, merecida,<br />
de galã, que como dizem as cronicas da altura, misturava<br />
a grandeza que Carlos Gardel já tinha com a melancolia que Jack<br />
Kerouac ainda teria. Vestia-se e penteava-se como uma estrela de<br />
Hollywood e “atraia as mulheres feito ímã ao circular pelos bailes<br />
cariocas ou pelas praias de Copacabana. A fama de mulherengo<br />
inclui boatos de que s<strong>ed</strong>uziu até Eva Perón quando esteve na<br />
Argentina.” Acabaria por ser a sua ruina. No cinema, foi imortalizado<br />
no filme Heleno, com Rodrigo Santoro no papel principal.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 93
The Hustler é<br />
um filme sobre<br />
princípios. Sobre<br />
valores morais. A<br />
postura das pessoas<br />
diante da vida, da<br />
soci<strong>ed</strong>ade e da<br />
corrupção”<br />
T<br />
H<br />
94 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
The Hustler, de Robert Rossen, lançado em 1961, é um grande<br />
filme, que com o passar dos anos se transformou numa lenda e<br />
num dos melhores registos cinematográficos de crescimento do<br />
homem, de menino para homem. Tudo isto, entre fumo, álcool<br />
e mesas de bilhar.<br />
Vitor E. Santos, Colunista<br />
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Contato@desportoeesport.com<br />
he<br />
PERDER COMO UM MENINO.<br />
PARA SE GANHAR COMO<br />
UM HOMEM.<br />
ustler<br />
Paul Newman é protagonista num filme sobre<br />
corrupção, bilhar, amor e crescimento interior.<br />
O Filme acompanha a narrativa de Eddie Felson (um Newman de 30 anos) o hustler do título original, o vigarista,<br />
mal traduzido para português, que vive de pequenos golpes em mesas de bilhar, com muito fumo e álcool,<br />
com o seu sócio, Charlie - um homem de meia-idade. Mas, tudo muda, quando ambos atravessam meia América,<br />
de Oakland para New York, para defrontarem Minnesota Fats – o rei do bilhar que não perde uma partida há<br />
15 anos e parceiro do crime organizado local. Eddie, orgulhosamente ingénuo, desafia-o, perdendo ao fim de<br />
24 horas de jogo seguido, não por ser tecnicamente inferior, mas por falta de mentalidade desportiva à altura<br />
do oponente. A partir daqui, é uma caminhada vertiginosa para o fundo; sem dinheiro ou amigos, Eddie acaba<br />
com as mãos partidas, e a sua técnica superior diminuída para sempre. Mas, recupera, onde é mais importante,<br />
como um homem, deixando para o passado o orgulho de menino. Sara, a heroína da história, é o grande motor<br />
da história e o par romântico. The Hustler é um filme sobre princípios. Sobre valores morais. A postura das pessoas<br />
diante da vida, da soci<strong>ed</strong>ade e da corrupção. E, como somos ou não vergados por ela.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 95
FUTEBOL & FUTSAL:<br />
COMO ANTECIPAR A<br />
DOS REMATE NOS PE<br />
96 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
DIRECÇÃO<br />
NALTIS?<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 97
LINGUAGEM COR<br />
A resposta:<br />
Diogo Sampaio, Director da Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Alexandre Monteiro na 2 <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong> escreve:<br />
“No desporto existe uma “linguagem escondida” que os jogadores,<br />
treinadores e maior parte dos intervenientes no jogo<br />
usam, a Linguagem Corporal. Normalmente durante um jogo, o<br />
jogador não pergunta ou indica as suas intenções de uma forma<br />
verbal “ Posso passar-te a bola? Desmarca-te! Vou lançar a bola<br />
para a direita! Vou fintar! Vou dar um murro no lado direito!”,<br />
Maior parte da linguagem no desporto faz-se de uma forma<br />
não-verbal.Os melhores atletas são muito bons a ler linguagem<br />
corporal, são muito intuitivos a emitir sinais não-verbais e ainda<br />
a captar e entender as pistas não-verbais dos adversários e treinadores.<br />
Os atletas excelentes dominam esta linguagem e usamna<br />
para dissimular a sua estratégia (Fintas, dissimular golpes,<br />
dissimular passes…), ou antecipar a estratégia do adversário<br />
(“cortar” a bola ao adversário, adivinhar o lado de marcação de<br />
uma penalidade, para onde irá ser atirada a bola, perceber qual<br />
o golpe do adversário, …). A linguagem corporal é uma linguagem<br />
simples e mais verdadeira que todos nós já conhecemos e<br />
“ falamos”, o meu objetivo é relembrar os seus significados e<br />
criar uma consciência sobre os sinais, movimentos e expressões<br />
em prol de melhores resultados. A linguagem corporal influencia<br />
o comportamento do jogador antes e durante jogo, se o jogador<br />
optar por uma postura de confiança, peito para fora, ombros<br />
levantados, cabeça levantada, irá elevar os níveis de testosterona<br />
logo melhorar o seu desempenho e rendimento durante o jogo.<br />
Sabia que a confiança de um Guarda-r<strong>ed</strong>es durante a marcação<br />
de uma penalidade sobe aumentando a possibilidade de defesa,<br />
se o jogador que marca a penalidade exibir uma postura submissa<br />
(Cabeça Baixa, peito encolhido, ombros descaídos)…”<br />
E, as capacidades de “ler” o corpo do adversário e “adivinhar”<br />
o sentido do remate é algo que é feito desde sempre pelos<br />
guarda-r<strong>ed</strong>es. Quando um penalti é cobrado, os guarda-r<strong>ed</strong>es<br />
costumam observar a posição do corpo e a direcção dos olhos<br />
do jogador para tentar adivinhar o lado em que a bola será lançada.<br />
Essas pistas, são no entanto disfarçadas e alteradas pelos<br />
“especialistas” de marcação de penaltis. Mas, existe uma realidade<br />
objectiva: a linguagem corporal não mente! E, como um<br />
grupo de cientistas da Universidade de Greenwich descobriu,<br />
os guarda-r<strong>ed</strong>es estavam à procura dos sinais nos sítios errados<br />
e deviam estar a olhar para os ombros e para a perna de apoio.<br />
98 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
PORAL!<br />
A bola atinge o centro da baliza quando o ângulo médio da<br />
perna de apoio do atleta em relação ao chão é de 56,5 graus<br />
e o ângulo médio dos ombros é de 4,9 graus. Se o ângulo da<br />
perna aumentar para 65,5o e o ângulo dos ombros continuar<br />
em torno de 5o, a bola atingirá o lado direito da r<strong>ed</strong>e.<br />
O segr<strong>ed</strong>o: Os ombros e a Perna de apoio<br />
Para o estudo em questão, colocou-se uma maquina de filmar<br />
atrás da baliza, à altura dos olhos de um guarda-r<strong>ed</strong>es<br />
de estatura média e com a lente ajustada para simular a sua<br />
visão. A câmera filmou 46 cobranças de penaltis. O filme foi<br />
transferido para o computador e submetido a um software de<br />
análise de movimento. O programa m<strong>ed</strong>iu os ângulos da perna<br />
de apoio, do ombro, da bacia, dos pés e do tronco do jogador,<br />
durante sua corrida e im<strong>ed</strong>iatamente antes do remate.<br />
A análise estatística permitiu concluir que apenas os ângulos<br />
do ombro e da perna de apoio em relação ao chão estão<br />
associados à direcção do remate. Essas m<strong>ed</strong>idas, no entanto,<br />
só permitem prever se a bola será lançada no centro, no lado<br />
direito ou esquerdo.<br />
O estudo constatou que a bola atinge o centro da baliza quando<br />
o ângulo médio da perna de apoio do atleta em relação ao chão<br />
é de 56,5 graus e o ângulo médio dos ombros é de 4,9 graus. Se<br />
o ângulo da perna aumentar para 65,5o e o ângulo dos ombros<br />
continuar em torno de 5o, a bola atingirá o lado direito da r<strong>ed</strong>e.<br />
Quando a bola vai na direção contrária, é o ângulo do ombro<br />
que varia (chega a 9,6o). Nesse caso o ângulo da perna fica em<br />
torno de 56,6o.<br />
O filme foi mostrado a 10 guarda-r<strong>ed</strong>es e foi-lhe p<strong>ed</strong>ido para<br />
adivinhar a direcção do remate. Foi dada uma resposta. E<br />
novamente as imagens foram mostradas, mas após os guardar<strong>ed</strong>es<br />
terem os dados do estudo. Verificou-se um aumento de<br />
9% no acerto da direcção da bola após o remate. Pode parecer<br />
pouco mas é a diferença é enorme e foi conseguida sem treino.<br />
Na pratica, este conhecimento pode significar a vitória ou a<br />
derrota numa grande competição. Imagine-se numa final do<br />
campeonato do Mundo, empatado após os 90 minutos e o prolongamento,<br />
e tem de ser decidida pela marcação de grandes<br />
penalidades.<br />
Que guarda-r<strong>ed</strong>es prefere ter a defender as suas cores? Um que<br />
nunca ouviu falar deste estudo?<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 99
O efeito do afeto no<br />
Jogador de andebol<br />
Tiago Dinis, Colunista<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Contato@desportoeesport.com<br />
Qual o efeito na<br />
performance na<br />
alteração do afeto e<br />
de alguns parâmetros<br />
fisiológicos (frequência<br />
cardíaca e cortisol)<br />
em 100 • Desporto&<strong>Esport</strong> atletas • www.desportoeesport.com de andebol?<br />
Os efeitos psicológicos e psicossomáticos na performance fisiológica<br />
dos atletas decorrentes da prática de desporto em competição<br />
desempenham um papel fundamental. Nos diversos<br />
estudos, numa área em expansão investigativa acelerada, mostra<br />
importantes evidências na conduta de atletas antes, durante e pósjogo,<br />
por exemplo, demonstrarem que quando em um patamar<br />
físico ótimo é alcançado, em situações em que a tática de jogo<br />
é equivalente entre adversários, o fator decisivo para a vitória<br />
consiste em como o atleta percebe e se comporta frente ao ambiente<br />
competitivo. O poder do afeto e o estado afetivo influencia<br />
claramente a perceção de esforço dos atletas. O professor António<br />
Damásio afirma inclusive que “o afeto é capaz de provocar um<br />
mapeamento cerebral inconsciente do estado fisiológico do corpo<br />
- Hipótese do Marcador Somático”, nomeadamente na sua dimensão<br />
de curta duração, por exemplo estado de humor.<br />
Sabido que os estados psicológicos e as alterações do afeito<br />
influenciam a performance desportivas, resta saber, em termos<br />
de valor, qual a preponderância na prática. Um exelente estudo<br />
de Priscila Garcia de Rocha e colegas “Efeito da alteração ambiental<br />
sobre componentes psicológicos e parâmetros fisiológicos<br />
durante corrida em atletas” relativamente ao andebol, abre uma<br />
grande porta para esta problematica.
Talvez, uma das conclusões<br />
mais importantes do estudo<br />
mencionado, é de facto a relevância<br />
do papel da perceção<br />
que o atleta tem do seu ambiente,<br />
representado no estudo<br />
pela informação sobre o<br />
tempo de corrida, e a influência<br />
de aspetos psicológicos<br />
sobre as respostas fisiológicas<br />
durante o exercício físico. Por<br />
exemplo, lendo os valores do<br />
cortisol (a secreção de cortisol<br />
se dá a partir de um estímulo<br />
estressante) “pode causar<br />
mudanças no estado afetivo,<br />
inclusive durante o exercício<br />
físico.<br />
É um hormônio catabólico,<br />
que aumenta a disponibilidade<br />
energética no sangue, assim<br />
como as funções simpáticas.<br />
No entanto, os mecanismos<br />
do cortisol durante o exercício<br />
físico ainda não são conclusivos.<br />
Todavia, a possibilidade de<br />
m<strong>ed</strong>ir a resposta fisiológica<br />
pode mascarar o papel do<br />
afeto e da real influência psicológica<br />
em resposta ao esforço<br />
físico”.<br />
O MAIS IMPORTANTE É<br />
MESMO A CONSCIÊNCIA<br />
DO ESTADO AFETIVO<br />
A realidade, como sugere o estudo, é que a percepção<br />
subjetiva do esforço não é adequada para<br />
experiência subjetiva no “mundo real”, sendo<br />
que, no entanto, quanto maior a percepção subjetiva<br />
do esforço. Isto segue em concordação<br />
com vários autores - Hardy e Rejeski (1989),<br />
Parfitt, Markland e Holmes (1994), Parfitt, Rose<br />
e Markland (2000), cujas as “conclusões afirmam<br />
que a percepção subjetiva do esforço e a escala de<br />
afeto não possuem sensibilidade na mesma proporção<br />
para avaliar a influência psicológica sobre<br />
o esforço físico; no entanto, o afeto (sentimentos)<br />
do atleta pode alterar a percepção subjetiva do<br />
esforço”.<br />
Para mais dados sobre este estudo, pode consulta-lo em: http://www.<br />
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722010000200020<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 101
M<br />
N<br />
He hasn<br />
Ou “Fal<br />
102 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
OTIVAÇÃO PELA<br />
EGATIVIDADE<br />
DURANTE 15 ANOS, STUART BINGHAM NÃO GANHOU<br />
QUALQUER TORNEIO, FOI PROVOCADO E HUMILHA-<br />
DO, VINGOU-SE VENCENDO.<br />
Durante os primeiros 15 anos como profissional<br />
de snooker, o jogador inglês<br />
Stuart Bingham, não saiu como venc<strong>ed</strong>rot<br />
de qualquer torneio profissional.<br />
Até que foi provocado e até humilhado<br />
por um adversário lhe deu a inspiração<br />
e a moticição necessária para inverter<br />
os maus resultados e finalmente vencer<br />
e tornar-se em um dos melhores. O<br />
adversário, Mark Allen que o desdenhou<br />
dizendo “He hasn”t got the bottle”,<br />
”t got the bottle<br />
ta de nervo”<br />
No emblemático Crucible Theater de<br />
Sheffield, que é a Meca do snooker, e na<br />
noite em que vencia o mais importante<br />
troféu de bilhar, Bingham não esqueceu a<br />
“boca” que lhe mudou a vida, nos festejos<br />
como o novo e surpreendente campeão<br />
do mundo, após derrotar o favorito Shaun<br />
Murphy por 18-15. “Quero agradecer ao<br />
Mark Allen. Graças a ele as coisas mudaram<br />
radicalmente para mim nos últimos anos”,<br />
O inglês mostrou assim ao Mundo, que na<br />
maioria das vezes a melhor forma lidar com<br />
as criticas é usa-las como moticação.<br />
expressão idiomática que pretendia apontar<br />
a “falta de nervo” ou incapacidade<br />
para se superar nos momentos chaves.<br />
Foi o que o inglês precisava ouvir e para<br />
se motivar para a vitória, para a maior<br />
vitória da sua carreira e para a carreira de<br />
qualquer jogador de bilhar.<br />
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DO MUNDO<br />
Um indivíduo atirar-se de uma qu<strong>ed</strong>a de água com mais de 18 metros de<br />
altura enfiado num singelo caiaque não só é ligeiramente perigoso como<br />
também é um desporto. E estes são os melhores do mundo.<br />
Aconteceu na região mexicana de Chiapas, mais concretamente nas<br />
Cascatas de Agua Azul, o primeiro Rey Del Rio Waterfall World<br />
Championships. Uma competição em que caiaquistas de variadíssimos<br />
países se atiram de três violentas cascatas seguidas, a maior delas com<br />
mais de 18 metros (“60 feet”, nas palavras de um dos atletas).<br />
Nesta prova o tempo não contou – os homens e os caiaques foram avaliados<br />
pelo estilo e pela progressão na água. O que se compreende: não<br />
é sensato apressar um homem à beira de um precipício de 18 metros,<br />
mesmo que rodeado de água.<br />
Na categoria estilo, não deixa de ser impressionante que estes atletas,<br />
indiferentes à altura das qu<strong>ed</strong>as de água, façam ainda acrobacias com<br />
as embarcações.<br />
Impressione-se:<br />
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BTT<br />
As<br />
TIMOR<br />
As fantásticas condições naturais e paisagísticas da ilha de Timor-Leste tornam<br />
este país ideal para a prática da BTT e os principais corr<strong>ed</strong>ores e marcas<br />
começam a entender isso mesmo.<br />
Tiago Dinis, Colunista<br />
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condições naturais e paisagísticas de<br />
determinados zonas, para muitos desportos<br />
ao ar livre, tornam determinados países perfeitos<br />
para a prática dessas modalidades. Um<br />
dos melhores exemplos é a volta a França,<br />
sem os Alpes e Pireneus, não seria a prova<br />
rainha do ciclismo.<br />
Timor-Leste pode muito bem tornar-se na<br />
prova rainha do BTT. Os primeiros passos<br />
estão dados. Nos últimos cinco anos,<br />
de forma consistente e crescente, tem-se<br />
desenvolvido uma bem-suc<strong>ed</strong>ida e concorrida<br />
prova de BTT, muito bem acolhida<br />
pelos amantes e desportistas da modalidade.<br />
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LA LIGA, JOGOS,<br />
PIRATARIA E PREJUÍZOS<br />
O Observatório de Pirataria e Hábitos de Consumo de Conteúdos<br />
Digitais de Espanha divulgou no passado mês de Março, que<br />
foram 139 milhões os jogos pirateados em 1,8 milhões de lares;<br />
e tudo isto apenas em Espanha. Os prejuízos; € 509 milhões.<br />
Segundo o jornal o Observador: “Pela primeira vez, este observatório,<br />
que elaborou o estudo em colaboração com a Liga<br />
espanhola de futebol, recolheu dados relativos à pirataria digital<br />
na transmissão de jogos.<br />
“O futebol é um dos conteúdos mais consumidos e somos a<br />
indústria mais global. Por isso, precisamos que nos defendam<br />
como produto”, disse o diretor de projetos estratégicos da Liga<br />
espanhola, Ignacio Martinez, na apresentação do relatório.<br />
O mesmo responsável reconheceu que a Liga está “extremamente<br />
preocupada” com este problema e garantiu que o organismo<br />
“continua a fazer grandes esforços” para se proteger da<br />
pirataria, porque “está a jogar-se a vida” de um setor que “é uma<br />
grande indústria, que representa 0,8% do PIB espanhol”.<br />
“Um em cada cinco internautas consome futebol de forma pirata,<br />
uma prática que é um grande problema que devemos resolver,<br />
já que temo que podemos passar por tempos difíceis. Estamos a<br />
jogar a vida do nosso setor”, alertou Ignacio Martinez.<br />
A pirataria digital continua a bater recordes em Espanha. Em<br />
2013, 84% dos conteúdos digitais consumidos eram piratas. Em<br />
2014, o valor subiu para quase 88%”.<br />
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