Desporto&Esport - ed 10
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Nuno Sabido Ciclismo internacional, UCI e Futuro<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Edição <strong>10</strong> • 2016<br />
Novak<br />
Djokovic<br />
A arte de bater<br />
bolas sistematicamente<br />
em profundidade<br />
Futebol,<br />
Mitos vs. Realidade<br />
Matemática e Lógica<br />
Porque muito do que nos parece intuitivo é mentira<br />
Alexandre<br />
Monteiro<br />
Linguagem Corporal: seja<br />
um lider mais poderoso<br />
Batman<br />
SuperMan<br />
Descubra o que é<br />
necessário para se tornar<br />
num super-herói como<br />
Henry Cavill e Ben Affleck<br />
Fitness<br />
Emoção:<br />
O Suplemento<br />
Desconhecido<br />
APOSTAS<br />
Aprenda a<br />
calcular as<br />
odds reais<br />
nos jogos de<br />
futebol<br />
Fisiologia do<br />
Ciclista<br />
de BTT<br />
António Fidalgo: Capacidades Mentais dos Atletas de Sucesso
Futebol,<br />
Pag. 56<br />
Índice<br />
Ed. <strong>10</strong> 2016<br />
Matemática e Lógica<br />
Porque muito do que nos parece intuitivo é mentira!<br />
O futebol, na relva, tornou-se mais físico e mais tático nos últimos trinta anos, mas na essência<br />
permanece o mesmo. Quem marca mais golos soma mais vitórias, e o êxito aparece para as<br />
equipas quem tem os melhores jogadores. Os bons treinadores são aqueles que colocam as<br />
suas equipas a defender bem e a atacar melhor ainda. Mas na verdade, o futebol é muito mais<br />
complexo e contraditório do que a grande maioria de nós pensa, e usar apenas a lógica e o<br />
senso comum para o compreender, inevitavelmente gera conclusões erradas.<br />
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22<br />
<strong>10</strong>6<br />
Novak Djokovic<br />
A arte de bater<br />
sistematicamente bolas<br />
em profundidade<br />
O treino de Ben e Cavill para BVS<br />
114<br />
36<br />
<strong>10</strong>4<br />
Ansi<strong>ed</strong>ade competitiva<br />
Fisiologia do ciclista de BTT<br />
Musculação - A ciência do Agachamento<br />
40 Nuno Sabido - Ciclismo<br />
internacional, UCI e futuro<br />
O ciclismo tem sido uma das modalidades mais castigas da última<br />
década. Os sucessivos casos de doping, parecem estar a afastar<br />
publico e principalmente patrocinadores, de uma modalidade que<br />
vive exclusivamente da publicidade que leva nas camisolas. Mas é<br />
o futuro negro? Ou existe esperança? Entenda o presente e futuro<br />
da modalidade, e o papel da UCI neste processo...<br />
50 Alexandre<br />
Monteiro - Treinadores<br />
mais poderosos<br />
A linguagem corporal está em cada movimento<br />
em cada gesto. Ensine o seu corpo a dominar o<br />
meio onde se encontre. Especial para<br />
treinadores.<br />
18 António Fidalgo –<br />
Capacidade mentais de atletas<br />
de sucesso<br />
Os Atletas de Sucesso, seja qual for a idade e<br />
modalidade, têm características comuns: Conheçasas<br />
aqui, e perceba por alguns atletas têm sucesso e<br />
outros falham!<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 3
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#Aplicativo<br />
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Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Edição 7 • 2015<br />
www.desportoeesport.com<br />
LIONEL<br />
MESSI<br />
O MELHOR JOGADOR<br />
DE TODOS OS TEMPOS?<br />
PNL<br />
Como criar no atleta um estado emocional positivo<br />
para a vitória?<br />
Ciclismo:<br />
Tecnica de<br />
exaustão<br />
E ainda, super especial Tour de France com os<br />
destaques mais positivos e as desilusões ;<br />
e Froome – o melhor ciclista do Mundo.<br />
Formula 1 - O que querem os adeptos?<br />
Os resultados do maior inquérito de sempre aos fãs de Formula 1<br />
Colômbia & Avançados<br />
O que foi feito para este país ter tantos e tão bons<br />
avançados?<br />
CAPOEIRA<br />
Qual a origem desta arte<br />
marcial que se mistura<br />
tão bem com a música e<br />
a dança?<br />
futebol brasileiro - O futuro passa pelo Bom senso FC<br />
COMO FUNCIONA O CÉREBRO DE NEYMAR JR.?<br />
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Índice Ed. <strong>10</strong> 2016<br />
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FITNESS<br />
Dicas, Saúde e curiosidade 06<br />
Ponha as hormonas a trabalhar <strong>10</strong><br />
.para si<br />
SPRINT EM FITNESS: QUE 12<br />
?VANTAGENS<br />
O efeito do fumo da Marijuana: 15<br />
Existe algum impacto na performance<br />
?desportiva<br />
ESPECIAIS<br />
Comida saudável: Os meios de <strong>10</strong>0<br />
produção e processamento de comida<br />
?estão a destruir os seus nutrientes<br />
O emocional e o racional de um 112<br />
presidente de um clube de futebol<br />
MUSCULAÇÃO<br />
A ciência da recuperação 98<br />
A janela metabólica 99<br />
33<br />
116<br />
R<strong>ed</strong>es Sociais e patrocinios<br />
Vantagens Treino mental no ténis<br />
47<br />
118<br />
Aprenda a calcular odds reais<br />
Treinadores de futebol e Mídea<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 5
#Fitness/<br />
Dicas, Saúde e<br />
Curiosidades<br />
Cardio: é<br />
o preferido<br />
Um estudo espanhol da cadeia de<br />
ginásios Grupo Forus revelou que 40%<br />
das pessoas que vão ao ginásio optam<br />
por exercícios cardio. Seguem-se os fãs<br />
de exercícios de tonificação (25%) com<br />
bodypump, bodycombat, abdominais<br />
ou CrossFit. Há ainda 15% cuja preferência<br />
recai sobre atividades mais moderadas<br />
como yoga e Pilates. Os restantes<br />
dividem-se entre atividades aquáticas<br />
ou coreografadas, tal como o zumba.<br />
Ora zumba daqui para o ginásio!<br />
30%<br />
REDUÇÃO DA ATIVAÇÃO<br />
DOS QUADRICÍPITES<br />
QUANDO LEVANTA<br />
PESOS A FAZER<br />
AGACHAMENTOS COM<br />
BANDA ELÁSTICA VS<br />
SEM BANDA<br />
Fonte: MensHealth Uk<br />
CARDIOTÉNIS<br />
Esta novidade que combina o<br />
ténis com exercícios de peso<br />
corporal é um grande desafio<br />
para a sua frequência cardíaca.<br />
Num estudo australiano, esta<br />
combinação conseguiu com que<br />
os homens alcançassem uma<br />
frequência cardíaca de 74%<br />
da sua frequência máxima em<br />
metade da sessão e 50 minutos<br />
após finalizá-la. Mantém uma<br />
frequência cardíaca elevada<br />
porque não existem paragens.<br />
Preparado para jogar? Depois<br />
de cada partida, faça um destes<br />
exercícios durante um minuto:<br />
saltos, extensões de braços,<br />
agachamentos e deslocações<br />
laterais.<br />
Corra... mas nem tanto<br />
Para baixar o seu peso, melhorar a pressão<br />
sanguínea ou diminuir o risco de doenças respiratórias,<br />
não precisa de se tornar num maratonista.<br />
Nem tão pouco deve.<br />
Um recente estudo dos cardiologistas da Mayo clinic<br />
proce<strong>ed</strong>ings concluiu que bastam 5 a 8 km (ou 56<br />
minutos) de corrida moderada por semana para experimentar<br />
todos os benefícios da corrida.<br />
O mesmo estudo concluiu igualmente que correr<br />
mais de 50km semanais r<strong>ed</strong>uz os benefícios<br />
inerentes dos exercícios de intensidade<br />
aeróbica e pode inclusive ser prejudicial<br />
à saúde<br />
De acordo com o Nutrition Jornal<br />
as vantagens da creatina são quase<br />
inesgotáveis. Ela aumenta a massa<br />
muscular, aumenta a força, melhora o<br />
desempenho, poupa a massa muscular<br />
durante o envelhecimento, previne<br />
a deterioração muscular em doenças<br />
como esclerose múltipla, melhora o foco<br />
mental e aumenta os níveis de energia. A<br />
creatina melhora igualmente a vitalidade<br />
dos vasos sanguíneos e aumento da<br />
capilaridade da pele. Por fim, a creatina<br />
alimenta a maioria das funções celulares.<br />
Creatina?<br />
6 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Yoga<br />
Potencie o seu corpo<br />
/Aumente a Mobilidade<br />
OVERHEAD SQUAT<br />
Mantenha hirto e com os pés à largura<br />
dos ombros, e mantenha um par de<br />
halteres acima de seus ombros, palmas<br />
para a frente e braços bem esticados.<br />
Lentamente, e sempre com as costas direitas,<br />
abaixe-se até que as coxas fiquem<br />
paralelas ao chão. Depois volte à posição<br />
inicial, também lentamente.<br />
Faça 5 séries de <strong>10</strong> repetições.<br />
/Ganhe Velocidade<br />
ROTATIONAL PUNCHES<br />
Fique em pé com os pés ligeiramente<br />
além na largura dos ombros e segure um<br />
haltere em cada mão à frente, com as<br />
mãos voltadas uma para a outra. Torça<br />
o tronco para a esquerda girando em o<br />
seu pé direito, e dê socos em linha reta.<br />
Alterne este movimento para o outro<br />
lado durante 30 segundos.<br />
Faça 5 repetições.<br />
A lista de benefícios da prática de<br />
Y<br />
Yoga é surpreendentemente longa,<br />
mas a grande maioria dos desportistas,<br />
principalmente os homens, continuam<br />
a olhar para esta modalidade, como uma<br />
excentricidade de donas de casa ricas, que<br />
gostas de vestir roupas apertadas e a colocarem-se<br />
em posições verdadeiramente constrang<strong>ed</strong>oras.<br />
Mas, não podiam estar mais<br />
errados! O Yoga mata o stress, ensina a<br />
respirar, melhora a amplitude de movimentos<br />
e r<strong>ed</strong>uz o tempo de recuperação entre treinos<br />
e/ou provas.<br />
A boa notícia é que as perceções estão a<br />
mudar, e Yoga entra no regime de treinos de<br />
desportistas de topo (o caso de Djokovic,<br />
O YOGA MATA<br />
O STRESS,<br />
ENSINA A<br />
RESPIRAR,<br />
MELHORA A<br />
AMPLITUDE DE<br />
MOVIMENTOS<br />
E REDUZ<br />
O TEMPO DE<br />
RECUPERAÇÃO<br />
ENTRE<br />
TREINOS E/OU<br />
PROVAS<br />
capa desta <strong>ed</strong>ição é<br />
um excelente exemplo),<br />
treinadores e<br />
amadores que procuram<br />
melhorar o seu<br />
desempenho.<br />
O Yoga pode ser especialmente<br />
importante<br />
para praticantes de<br />
fitness e culturismo,<br />
uma vez que entre os<br />
seus principais benefícios,<br />
se encontra o<br />
aumento de força. No<br />
Yoga todo o corpo trabalha, e todos os grupos<br />
musculares entram em esforço a cada<br />
novo movimento, trabalhando desta forma<br />
todo o corpo durante cada sessão.<br />
O Yoga é excelente para Melhorar a<br />
Postura, na m<strong>ed</strong>ida em que todo trabalho se<br />
baseia na correcta colocação, fortalecimento<br />
e flexibilidade da Coluna Vertebral. Agora já<br />
não tem mais razões para não experimentar!<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 7
Treinos de Força - Previnem o Cancro<br />
O exercício de alta intensidade previne o desenvolvimento de doenças cancerígenas<br />
tanto em homens como em mulheres. Mark Magbanua e colegas da Universidade<br />
da Califórnia, num estudo com 71 homens com baixo risco de câncer<br />
de próstata, mostraram que os genes que controlam o ciclo celular e a reparação<br />
do ADN eram altamente regulados nos homens que executavam atividade física<br />
intensa por três ou mais horas por semana. O exercício regular r<strong>ed</strong>uz o risco de<br />
morte por. (Physical activity and prostate gene expression in men with lowrisk<br />
prostate cancer em Cancer Causes Control)<br />
11%<br />
De Força extra que ganha<br />
se levantar os pesos<br />
lentamente<br />
Mais Vantagens do<br />
Treino de Força<br />
Exercícios de alta intensidade são<br />
melhores que exercícios moderados<br />
para aumentar V02 max e quanto<br />
mais oxigênio usar, mais longo e mais<br />
intenso o seu exercício pode ser, e o<br />
condicionamento cardiovascular é<br />
significativamente melhorado com<br />
exercícios de alta intensidade eeExercitar<br />
a 80% do V02 max eleva significativamente<br />
os níveis de endorfina,<br />
o que melhora significativamente o<br />
humor e o bem-estar.<br />
Exercícios de alta intensidade proporcionam<br />
um maior efeito de queima<br />
após o exercício ter terminado, também<br />
conhecido como o excesso de<br />
consumo de oxigênio pós-exercício<br />
(EPOC).<br />
Existem estudos que indicam ainda<br />
que a intensidade do exercício também<br />
é inversamente correlacionada<br />
com mortalidade por qualquer causa.<br />
O exercício vigoroso melhora a<br />
longevidade do corpo!<br />
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Inove<br />
no seu<br />
treino<br />
Agachamentos -<br />
Quais as Vantagens?<br />
- Muitas das atividades quotidianas<br />
requerem movimento de agachar, tais<br />
como levantar caixas, levantar uma<br />
criança do chão, etc. Portanto, realizar o<br />
exercício de agachamento tem bastante<br />
transfer para o dia-a-dia<br />
SUSPENSION<br />
TRAINING<br />
Bandas de suspensão são um equipamento leve e ágil que<br />
pode ser usado para uma grande vari<strong>ed</strong>ade de exercícios.<br />
Utilizados principalmente para aulas em grupo,<br />
proporcionam um treino de corpo inteiro e a execução de<br />
exercícios em cenários instáveis, mas extremamente<br />
divertidos.<br />
Benefícios<br />
Suspension training maximiza o uso<br />
dos três planos de movimentos do<br />
corpo, sendo altamente funcional<br />
e eficaz para treinos de fitness de<br />
corpo inteiro, com a clara vantagem,<br />
de durante o treino, e pela possibilidade<br />
da fácil mudança de ângulos,<br />
os participantes poderem ajustar a<br />
carga sem terem de parar o exercício.<br />
Por causa da constante instabilidade<br />
os participantes devem dirigir e manter<br />
o controlo de seu corpo ao longo<br />
de cada movimento, estes exercícios<br />
são particularmente benéficos para<br />
a coluna e costas. Também por esta<br />
mesma razão, os músculos dos braços<br />
saem favorecidos.<br />
- Permite um reforço muscular do trem<br />
inferior e, simultaneamente, dos<br />
músculos do core. Consegue-se desta<br />
forma que as pessoas se movam melhor,<br />
e atua-se na prevenção de lesões<br />
músculo-esqueléticas e dor.<br />
- Melhora a mobilidade funcional e a<br />
velocidade na marcha. É igualmente<br />
vantajoso para obtenção de melhores<br />
resultados no salto vertical e de<br />
melhores tempos em provas de velocidade.<br />
Portanto,<br />
permite otimizar a performance<br />
desportiva<br />
(Escamilla, 20<strong>10</strong>).<br />
- Tem sido utilizado com sucesso tambémcom<br />
fins terapêuticos, em fases de<br />
tratamento de lesões ligamentares,<br />
disfunções patelo-femorais, etc.<br />
- É um exercício que permite avaliar<br />
força do trem inferior, e é parte integrante<br />
das competições de powerlifting e<br />
weightlifting.<br />
- Melhoria da mobilidade funcional e<br />
maior velocidade<br />
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Ponha as Hormonas a<br />
trabalhar para o<br />
seu treino<br />
/Queime<br />
Gordura<br />
Irisina<br />
A Irisina é mais uma hormona, inusitadamente<br />
produzida nos músculos, atua de forma altamente<br />
eficaz no tecido gorduroso, queimando<br />
gordura. Antes de falarmos mais sobre a Irisina,<br />
é essencial ressalvar que existem dois tipos<br />
de gordura, a branca que é nosso depósito de<br />
calorias e que que tem gasto energético muito<br />
baixo para se manter e a gordura castanha, que<br />
é altamente metabólica e gasta muita energia<br />
na geração de calor (50g de gordura castanha<br />
queima 300 calorias por dia). A Irisina, que só<br />
foi descoberta em humanos no ano passado,<br />
transforma a gordura branca em gordura marron,<br />
o que leva à uma perda significativa e im<strong>ed</strong>iata<br />
de gordura. O exercício, puro e simples, produz<br />
esta hormona e a corrida e o ciclismo parecem<br />
ser aquelas que melhor fazem o truque. Sendo<br />
que 15 minutos de alta intensidade têm o mesmo<br />
efeito que 60 minutos de intensidade moderada.<br />
Olha-se para esta hormona como uma possível<br />
cura para a obesidade; mas, o seu uso ainda é<br />
controverso, e não deve tomar algum suplemento<br />
que aumente a produção desta hormona<br />
sem antes consultar o seu médico.<br />
<strong>10</strong> • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
/Crescimento<br />
Muscular<br />
IGF-1 e HGH<br />
Se acompanha com atenção o mundo dos halterofilismo,<br />
já deve ter ouvido falar das injeções<br />
ilegais de hormonas de crescimento (HGH,<br />
também chamado somatotropina) usadas por<br />
muitos fisiculturistas para aumentar o corpo.<br />
HGH desencadeia a produção de crescimento<br />
semelhante à insulina factor-1 (IGF-1). Juntos,<br />
estas duas hormonas quebram a gordura e<br />
usam essa energia para fortalecer os músculos,<br />
ligamentos e tendões. O corpo produz HGH<br />
naturalmente, mas a partir dos 20 anos, os níveis<br />
de concentração diminuem a uma taxa de 15%<br />
por década (valores mínimos). Por esta razão, é<br />
então tão frequente o consumo de suplementos<br />
e injeções de HGH. Não deve no entanto fazê-lo<br />
(acompanhamento médico é absolutamente<br />
fundamental), já que o seu uso traz malefícios<br />
gravíssimos, como problemas cardíacos, diabetes<br />
ou hipertensão. Naturalmente, pode aumentar<br />
a HGH no corpo, através do levantamento<br />
de pesos (pesados) em 3 a 4 séries e entre 8 a<br />
12 repetições, num descanso que não deve durar<br />
mais de 60 segundos. Uma ligeira sensação de<br />
queimadura é um bom sinal.<br />
/Aumentar<br />
a Energia<br />
Insulina<br />
A insulina é uma proteína que é produzida e<br />
libertada pelo pâncreas sempre que ingerimos<br />
hidratos de carbono, proteína, ou ambos (isto<br />
é, se o pâncreas funcionar correctamente). No<br />
entanto, ao contrário das proteínas que actuam<br />
como blocos de construção do músculo, a<br />
insulina é uma proteína funcional, parecida com<br />
a hormona do crescimento. A partir do pâncreas,<br />
a insulina entra na corrente sanguínea e é transportada<br />
para vários tecidos, incluindo o tecido<br />
muscular. Um pico de insulina pode ajudá-lo<br />
im<strong>ed</strong>iatamente depois de um treino duro,<br />
quando a hormona proporciona uma construção<br />
muscular - ela oferece os açúcares certas para<br />
seus músculos. O corpo utiliza este açúcar,<br />
chamada glicogênio, para se manter “energizado”<br />
e estimular a força. A Universidade de<br />
Oklahoma descobriu que para aumentar a insulina<br />
deve ingerir carboidratos numa proporção<br />
de uma grama por cada quilo de massa corporal<br />
– se tiver 90kh, deve ingerir 90g de carboidratos<br />
(uma batata grande ou uma massaroca de milho<br />
por exemplo).
Regulação do<br />
Apetite<br />
Ghrelin e Leptin<br />
Estas duas hormonas estão constantemente a<br />
dizer-lhe quanta comida precisa de ingerir. A<br />
Ghrelin é responsável pela sensação de fome,<br />
e é desenvolvida nas par<strong>ed</strong>es do estômago. A<br />
Leptin é por sua vez lançada a lançado a partir<br />
de células de gordura, dando a informação ao<br />
corpo que está saciado e que as energias estão<br />
repostas. Uma vez na corrente sanguínea, ambas<br />
as hormonas fluem em direção ao hipotálamo do<br />
cérebro, e aquela que chega em maior número,<br />
vence. No entanto, em pessoas mais desleixadas,<br />
o corpo torna-se mais resistente à Leptin, e a<br />
sensação de constante de fome começa a ganhar<br />
as guerras. . Para contrariar este efeito basta<br />
dormir (sistematicamente) menos de 6 horas<br />
por dia, como aponta um estudo desenvolvido<br />
pela Penn State. Para regular o apetite, e estas<br />
duas hormonas, basta ter um pouco de atenção<br />
às suas horas de sono, e um pouquinho de exercício<br />
físico. Tal como acontece com a Irisina,<br />
também estas hormonas têm sido alvo de estudo<br />
para combater a obsidade e doenças associadas<br />
a ela.<br />
/Melhore o<br />
Sono<br />
Melatonina<br />
A Melatonina é uma hormona produzido pela<br />
glândula pineal, que tem o tamanho de uma<br />
pequena ervilha e situa-se no centro do cérebro.<br />
A secreção da Melatonina produz-se durante<br />
a noite em resposta à escuridão. Atinge um<br />
nível máximo no meio da noite (cerca das 2 da<br />
manhã), depois diminui até à manhã. A glândula<br />
pineal define os ciclos da melatonina com base<br />
na exposição à luz azul, um feixe de ondas curtas<br />
que emitida pelo sol, e agora também pelo<br />
seu smartphone e televisão. Se passar muito<br />
tempo em frente a uma tela, perderá o seu ciclo<br />
natural de sono, e o seu pico de sono poderá<br />
ser adiado para o início da manha seguinte, ou<br />
seja, a hora de acordar e de se levantar da cama.<br />
Para evitar alterar o ciclo da melatonina deve<br />
evitar o mais possível mexer no seu smartphone<br />
ou tablet depois do escurecer. Mas, se não vive<br />
sem estar ligado em r<strong>ed</strong>e com os seus amigos<br />
por estes dispositivos, tem sempre a opção de<br />
instalar de filtro dos olhos. Verá que depressa<br />
dormirá bem melhor.<br />
Suplementos HMB ou (o quase<br />
impronunciável) Ácido betahidroxi-beta-metilbutírico,<br />
apesar<br />
de ser um dos suplementos menos<br />
conhecidos e usados, é aquele que<br />
os mais recentes estudos apontam<br />
como tendo maior impacto no aumento<br />
da performance desportiva,<br />
principalmente no aumento do<br />
crescimento muscular, para iniciantes<br />
da pratica desportiva e para o<br />
alivio das dores após treino.<br />
O HMB deriva um dos aminoácidos<br />
mais populares no mundo<br />
da musculação: a leucina. O<br />
HMB é um metabólito da leucina,<br />
ou seja, é produzido durante<br />
o metabolismo da leucina.<br />
Aproximadamente 5% da<br />
leucina consumida através da<br />
alimentação é convertida no<br />
HMB no organismo.O HMB é<br />
principalmente comercializado<br />
como sendo um anti-catabólico,<br />
isto é, um suplemento que pode<br />
ajudar a r<strong>ed</strong>uzir a taxa de degradação<br />
das proteínas musculares.<br />
A literatura científica sugere que<br />
o HMB tem propri<strong>ed</strong>ades que<br />
atenuam a degradação proteica,<br />
especialmente em condições em<br />
que a pessoa está mais sujeita a<br />
perder massa muscular (dietas<br />
restritas, períodos de jejum ou<br />
doenças que aceleram a atrofia<br />
muscular).<br />
O HMB é um metabólito da<br />
leucina, o principal aminoácido<br />
responsável por ativar os mecanismos<br />
de sinalização do organismo<br />
para este começar a produzir novas<br />
proteínas musculares, o que leva a<br />
aumentar o crescimento muscular;<br />
o estudo de Wilkinson e colegas “<br />
Effects of leucine and its metabolite<br />
β-hydroxy-β-methylbutyrate on<br />
human skeletal muscle protein<br />
metabolism” , mostrou que HMB<br />
aumentou a síntese proteica muscular<br />
em 70% e r<strong>ed</strong>uziu a degradação<br />
de proteína muscular em 57%. Este<br />
suplemento consegue igualmente<br />
amaumentar a massa magra,<br />
devido às propri<strong>ed</strong>ades anticatabólicas<br />
do HMB, que permitem<br />
conservar músculo. O maior beneficio<br />
do HMB para atletas parece ser<br />
mesmo atenuar a sensação de dor.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 11
Sprint em Fitness<br />
Corridas em sprint beneficia imensamente os<br />
treinos de cardio e traz inúmeras Vantagens<br />
Rodolfo Resende Pires, estudante de desporto, culturista e colunista da Desporto&<strong>Esport</strong><br />
A corrida de velocidade é uma das melhores formas de<br />
cardio disponíveis e com uma ampla coleção de estudos a<br />
comprovar esse princípio. Tem sido, no entanto, relegada<br />
para segundo plano devido à riqueza de ferramentas de<br />
exercícios dos ginásios e pela procura constante do novo<br />
método ou máquina milagrosa.<br />
Definimos corrida, ou sprint, como um esforço máximo<br />
de corrida em uma distância curta e pré-definida. Notando<br />
que devido ao acumular de lactato no tecido muscular em<br />
percursos mais longas irá resultar não só em dores, como<br />
em quebras de desempenho e na diminuição dos benefícios<br />
da corrida no cardio.<br />
Se incluir sprints de forma regular no seu treino, irá<br />
aumentar o desempenho, a potência e força, bem como<br />
aumentará a massa magra e diminuirá a massa gorda.<br />
E, ainda tem o extra, de poder sair de espaços fechados,<br />
como os ginásios ou a sua casa, que muitas vezes aumentam<br />
a ansi<strong>ed</strong>ade e prejudicam os resultados. Pistas<br />
de treino, campos de futebol ou pequenos parques são o<br />
ideal. Se no entanto, não tiver nenhum destes locais na sua<br />
área de residência, ou simplesmente viver em ambientes<br />
mais frios, que desaconselham exercício físico ao ar livre,<br />
existe sempre a possibilidade de praticar os sprints em<br />
cima de uma passadeira. Existindo inclusive passadeiras<br />
próprias para corridas de velocidade. O preço desta passadeiras<br />
é um pouco elevado, e por isso, muitos centros<br />
e ginásios optam por não as adquirir. Mas, pode também<br />
fazer sprint numa passa comum. >><br />
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BIOMECÂNICA NO CICLISMO:<br />
P<strong>ed</strong>alar sentado vs P<strong>ed</strong>alar de pé<br />
Qualquer ciclista já sentiu as diferentes sensações de p<strong>ed</strong>alar de pé ou sentado, mas como isso se traduz<br />
na eficiência da p<strong>ed</strong>alada? As variações são gritantes e determinantes para as competições e…<br />
<strong>10</strong>1+2<br />
Perguntas e Respostas<br />
Saiba todas as respostas às perguntas que<br />
sempre teve sobre fitness, musculação e corrida.<br />
Pep Guardiola: as Táticas<br />
de Barcelona a Munique<br />
Pep Guardiola é técnico principal há menos de uma década<br />
mas o fascínio que exerce faz com que muitos não o apontem<br />
somente como o melhor treinador do mundo hoje,<br />
mas como o principal candidato ainda no ativo a melhor<br />
treinador de futebol de sempre. O seu sucesso não é, nem<br />
pode ser por mero acaso. As suas vitórias não se originam<br />
na sorte. Pep ganha mais, porque é melhor. Muito Melhor!<br />
Mas, primeiro, é preciso desmistificar a figura, para que<br />
possamos compreender o homem e as suas ideias...<br />
Formula 1 -<br />
o que os adeptos querem?<br />
Entenda o que os adeptos da Formula 1 gostam, não gostam<br />
e o que querem mudar, no maior inquérito de sempre...<br />
Os segr<strong>ed</strong>os<br />
de CR7<br />
revelados<br />
Os atributos dos jogadores de andebol<br />
que o levam ao êxito<br />
O debate é longo e complexo: quais os atributos morfológicos para o<br />
êxito de um atleta no andebol. Como podemos saber se aquele atleta<br />
tem o que é preciso para se tornar em um profissional, Para saber os<br />
mais recentes conclusões sobre o tema, leia o artigo do Professor Luís da<br />
Cunha Massuça,<br />
Porque Fernando Santos acertou<br />
com CR7 onde Mourinho e<br />
Benitez falharam?<br />
Usar o corpo, e a sua linguagem corporal,<br />
com inteligência pode ser a diferença entre<br />
o sucesso ou o fracasso na liderança com<br />
jogadores como Ronaldo. Liderar é<br />
muito mais que usar as palavras…<br />
ensine o seu corpo e aprenda a ser líder<br />
como Fernando Santos.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 13
Abaixo seguem alguns dos exercícios que pode<br />
fazer:<br />
Treadmill SprinTS: (Sprints da escada rolante): Suba na<br />
passadeira com uma ligeira inclinação (quanto maios ingreme<br />
maior os resultados). Para aquecer inicie a corrida<br />
em velocidade moderada, e vá aumentando o ritmo progressivamente<br />
para preparar as pernas. Quando se sentir<br />
pronto, aumente significativamente a velocidade e durante<br />
<strong>10</strong> segundos dê tudo o que tem, e depois salta fora (tenha<br />
atenção a fazer a transição que é um pouco complexa, é<br />
melhor treinar antes de a por em pratica). Descanse por 50<br />
segundos, e depois repita, em um total de <strong>10</strong> series.<br />
Sprints de 50 metros: neste exercício o melhor é mesmo<br />
procurar uma pista ou um campo amplo. Pode sempre<br />
adaptar as indicação à passadeira. Este exercício é tão<br />
simples quanto isto: Corra à máxima velocidade durante<br />
50 metros, e o descanso é o tempo que demora a regressar<br />
ao ponto de partida, em passo largo (quanto mais rápido<br />
maior o beneficio). Deve realizar 12 repetições. Caso ao<br />
início não o consiga, vá aumentando o número consoante<br />
se for sentindo mais confortável.<br />
pode ser executado independentemente do local onde<br />
o fizer (ar-livre ou passadeira). Corra o máximo que<br />
conseguir durante <strong>10</strong>0 metros, e depois corra essa mesma<br />
distância em velocidade moderada. Realize seis series<br />
sem quebras de ritmo. Este movimento é excelente para<br />
aumentar a velocidade linear e aumentar o desempenho.<br />
Sprints com para-qu<strong>ed</strong>as: Isso mesmo, leu corretamente<br />
para-qu<strong>ed</strong>as, são uma ótima forma de melhorar o comprimento<br />
do passo e dessa forma a musculatura das suas<br />
pernas. A resistência ao próprio para-qu<strong>ed</strong>as e à força<br />
negativa do vento obriga as suas pernas a trabalho r<strong>ed</strong>obrado,<br />
aumentando a força de produção. Muitos atletas de<br />
elite usam regularmente esta prática. E, não só corr<strong>ed</strong>ores,<br />
ciclistas também fazem uso frequente do paraqu<strong>ed</strong>as.<br />
Sl<strong>ed</strong> drag: Envolva uma cinta à volta do tronco, em que<br />
na ponta esteja um peso forte ou um trenó (ou semelhante)<br />
com pesos em cima. Deve fazer sprints ou correr em<br />
velocidade moderada caso o peso seja excessivo. Este<br />
exercício é excelente, porque liberta os braços e deixa o<br />
trabalho para as pernas, e tal como no exercício anterior,<br />
melhora a passada e tudo o que isso envolve.<br />
Intervalos entre Sprint e corrida ligeira: este exercício<br />
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O efeito do fumo de Marijuana:<br />
é a canábis um aumento de performance<br />
desportiva?<br />
André Cardoso dos Santos, Universitário com pesquisa e interesse na<br />
área do trabalho do tema do texto.<br />
A legalização do consumo de marijuana parece ser apenas uma questão de tempo, mas o seu<br />
uso, tem ganhos na performance física? E, para o crescimento dos músculos – o que nos dizem<br />
as pesquisas?<br />
A generalização do consumo de marijuana pela população<br />
em geral, perceciona que a sua legalização estará à distância<br />
de um par de anos para muitos países.<br />
O consumo de marijuana para fins recreativos encontra<br />
ainda mais entusiastas no mundo do culturismo e do fitness.<br />
Muitos usam-na apenas para relaxar. Outros porque<br />
acr<strong>ed</strong>itam que o seu uso acarreta ganhos atléticos e de<br />
crescimento dos músculos. Muitos outros estão preocupados<br />
que o seu uso prolongado tenha um efeito contraproducente<br />
no treino. Ainda que haja um longo caminho a ser<br />
feito em termos de pesquisa sobre o uso de marijuana e a<br />
performance desportiva, já existem estudos suficientes para<br />
que possam ser afiadas algumas respostas.<br />
E aceite já de forma generalizada pela comunidade científica<br />
que fumar ou ingerir marijuana diminui o tempo de<br />
reação, baixa o nível de atenção/concentração e r<strong>ed</strong>uz a<br />
coordenação do corpo, nomeadamente a habilidade motora<br />
olho-mão (“Cannabis and sport” em J Sports M<strong>ed</strong>).<br />
Os estudos demonstram existir um claro défice cognitivo<br />
nas horas seguintes após a inalação de marijuana, o que<br />
leva a uma menor coordenação motora, o que por sua vez<br />
aumenta significativamente o número de erros, tanto graves<br />
como leves, em tarefas que exigem um grau de concentração<br />
mais elevado. A explicação para este decréscimo,<br />
como avançado pelo Dr. Boles Ponto e colegas, pode ser<br />
explicada pelo diferencial do fluxo sanguíneo no cérebro<br />
(Acute marijuana effects on rCBF and cognition: a PET<br />
study em NeuroReport).Neste mesmo estudo, os cérebros<br />
foram fotografadas pela Positron Emission Tomography<br />
(PET) para m<strong>ed</strong>ir os efeitos agudos de fumar marijuana. No<br />
estudo, os indivíduos realizaram tarefas de atenção auditiva<br />
antes e depois de inalarem o fumo. Em poucos minutos,<br />
verificou-se que existiu uma r<strong>ed</strong>ução substancial do fluxo<br />
sanguíneo para o lobo temporal, uma área importante para<br />
tarefas que exijam elevada concentração.<br />
Curiosamente, fumar marijuana aumenta de fluxo sanguíneo<br />
em outras regiões do cérebro, tais como os lobos<br />
frontais e regiões associadas à tomada de decisão, à percepção<br />
sensorial, ao comportamento sexual, e às emoções.<br />
Os estudos sugerem então, que em competição, a inalação<br />
por fumo da planta de canábis, não é uma boa opção.<br />
Afinal, os atletas precisam de ser capazes de tomar decisões<br />
rápidas e os seus reflexos precisam de estar apuradíssimos.<br />
Num treino que incorpore novos exercícios, e se pretenda<br />
evoluir, e maximizar o desempenho, a marijuana também<br />
não parece ajudar. >><br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 15
Marijuana Vs<br />
Crescimento muscular<br />
Pesquisadores descobriram que a<br />
administração de tetrahidrocanabinol<br />
(THC), o produto químico responsável<br />
pela maioria dos efeitos psicológicos<br />
da marijuana, em uma dose de 2<strong>10</strong><br />
miligramas por dia durante 14 dias,<br />
resultou em uma diminuição na<br />
proporção de 3 vezes do crescimento<br />
da resposta hormonal (Depression of<br />
growth hormone and cortisol response<br />
to insulin-induc<strong>ed</strong> hypoglycemia<br />
after prolong<strong>ed</strong> oral delta-9-tetrahydrocannabinol<br />
administration in man<br />
em Pubm<strong>ed</strong>). É importante ressalvar,<br />
que 2<strong>10</strong> miligramas é uma dose<br />
maciça de THC, pessoas com baixa<br />
tolerância sente os primeiros efeitos<br />
com apenas 25 miligramas por dia, e<br />
mesmo utilizadores reguladores e com<br />
altos índices de resistência, seriam<br />
necessários apenas 80 miligramas para<br />
que disparassem os primeiros efeitos.<br />
Alguns estudos indicam que após a<br />
utilização de marijuana por pelo menos<br />
quatro dias por semana, durante seis<br />
meses, o nível de testosterona exibida<br />
pelos homens baixava substancialmente,<br />
um desses estudos chegue a<br />
apontar uma descida de 44%, baixa,<br />
quando comparados com homens<br />
que nunca tinham experimentado a<br />
substancia. (Esta é talvez uma das<br />
questões mais polemicas sobre o tema,<br />
já que vários estudos se contradizem<br />
uns aos outros sistematicamente).<br />
“Os estudos demonstram existir um claro défice cognitivo<br />
nas horas seguintes após a inalação de marijuana, o que<br />
leva a uma menor coordenação motora, o que por sua vez<br />
aumenta significativamente o número de erros,<br />
tanto graves como leves, em tarefas que exigem um grau de<br />
concentração mais elevado”<br />
Marijuana Vs<br />
Efeito Hormonal<br />
As hormonas são extremamente<br />
importantes para a saúde em geral, e<br />
ainda mais importante para a performance<br />
desportiva e para o crescimento<br />
muscular e ganhos de força. Os estudos<br />
neste ponto, são consistentes, e<br />
insistem que a inalação de marijuana<br />
provoca alterações hormonais desfavoráveis.<br />
O consumo regular de marijuana<br />
mostrou ter alterações no hipotálamopituitária-adrenal<br />
(HPA). Mesmo<br />
em pequenas doses de THC, r<strong>ed</strong>uziu<br />
im<strong>ed</strong>iatamente a hormona luteinizante<br />
(LH) e elevou o cortisol – uma hormona<br />
associado ao stress e que em<br />
alguns utilizadores provocou sintomas<br />
de paranoia (The Emerging Role of the<br />
Endocannabinoid System in Endocrine<br />
Regulation and Energy Balance em<br />
Endocrine).<br />
Os efeitos hormonais da marijuana<br />
sobre as mulheres são ainda mais<br />
complexas pelas óbvias flutuações<br />
hormonais dependendo do ciclo menstrual.<br />
E isto, porque o THC compete<br />
com estradiol para ligar os recetores<br />
de estrogênio. No geral, não se encontraram<br />
evidências definitivas de que a<br />
marijuana r<strong>ed</strong>uz as hormonas sexuais a<br />
longo prazo, ainda que possa provocar<br />
alterações durante curtos períodos<br />
de tempo, algo compreendido entre<br />
as 24 e 48 horas. Por fim, não está<br />
ainda claro, por mera observação, se<br />
a inalação regular de marijuana leva à<br />
perda ou ganho de peso. Contra intuitivamente,<br />
um estudo epidemiológico<br />
do ano de 2013 mostrou que as taxas<br />
de obesidade são significativamente<br />
mais baixas para todos os grupos de<br />
consumidores de cannabis (inclusive<br />
de sexo e idade) em comparação com<br />
aqueles que não tinham consumido<br />
cannabis nos últimos 12 meses. As<br />
pesquisas ainda agora começaram, e<br />
há um longo caminho a percorrer, até<br />
uma conclusão final, mas pelo menos<br />
por agora, quando se trata de exercício<br />
e atividade física, a literatura sobre<br />
o tema, indica que fumar ou ingerir<br />
Canábis é desaconselhável e prejudicial<br />
para o rendimento desportivo.<br />
O efeito da<br />
canábis no corpo<br />
Os efeitos do uso da marijuana no organismo<br />
podem variar de acordo com<br />
as características do corpo de cada<br />
pessoa, com seu estado de espírito,<br />
com o ambiente que a rodeia e com<br />
as características da planta. Partindo<br />
para uma definição mais técnica, a<br />
legislação define marijuana como todas<br />
as partes da planta cannabis sativa<br />
(que contém mais de 700 compostos<br />
químicos). Os ingr<strong>ed</strong>ientes cativos<br />
principais são canabinóides, incluindo<br />
THC, que é responsável por efeitos<br />
psicoativos e é a mais estudada.<br />
As concentrações sanguíneas máximas<br />
de canabinóides ocorrem entre<br />
3-8 minutos depois da inalação,<br />
ao contrário dos 60 a 90 minutos<br />
da ingestão da planta, começando<br />
os primeiros efeitos a surgir cerca<br />
de vinte minutos depois. Os efeitos<br />
duram aproximadamente entre 2 a 5<br />
horas.<br />
A canábis contém pelo menos 60 tipos<br />
de canabinóides, compostos químicos<br />
que agem sobre os receptores em todo<br />
o nosso cérebro. O THC, ou tetrahidrocanabinol,<br />
é o produto químico<br />
responsável pela maior parte dos<br />
efeitos da planta, incluindo a euforia<br />
intensa. Ele assemelha-se a outro<br />
canabinóide produzido naturalmente<br />
no nosso cérebro, a anandamida, que<br />
regula o nosso humor, sono, memória<br />
e apetite.<br />
Essencialmente, o efeito dos<br />
canabinóides no nosso cérebro é<br />
fazer dispara os neurônios sucessivamente,<br />
ampliando os pensamentos e<br />
a percepção da realidade, seguindo a<br />
seguinte sequência: canabinóides ligam-se<br />
aos receptores de canabinóides<br />
em neurônios e células periféricas,<br />
normalmente produzidas pelo próprio<br />
organismo, chamadas de endocanabinóides,<br />
mas que podem também ser<br />
importadas pelo consumo de outras<br />
substâncias. Por sua vez os THC ligase<br />
ao receptor canabinóide1(CB1),<br />
localizadas principalmente no cérebro,<br />
enquanto que o canabinol (CBN)<br />
liga-se ao CB2, que se localiza nas<br />
células do sistema imunológico.<br />
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Controle a ansi<strong>ed</strong>ade<br />
com exercícios de<br />
respiração<br />
A ansi<strong>ed</strong>ade veio para ficar nas nossas vidas, mas existem armas<br />
para a combater. A forma como respira é uma delas!<br />
Dieta<br />
Anti-inflamatória<br />
A dieta anti-inflamatória<br />
inspira-se nas dietas das zonas<br />
m<strong>ed</strong>iterrânicas. A ideia é ficar<br />
longe de alimentos com açúcar<br />
adicionado, assim como gorduras<br />
trans.<br />
A vida hoje é cada vez mais stressante.<br />
Se a isso, ainda juntarmos a pressão das<br />
provas, e mesmo dos treinos, torna-se<br />
necessário arranjar formas de descontrair<br />
o corpo e diminuir a ansi<strong>ed</strong>ade, ou correse<br />
o risco de isso se tornar tóxico para o<br />
corpo e para a mente, e pior que os resultados<br />
desportivos, é o impacto na saúde.<br />
Felizmente, existe hoje já uma boa base<br />
de conhecimento do corpo humano, e<br />
de como controlar, de forma simples, os<br />
estímulos e sensações vividas. Para gerir<br />
a ansi<strong>ed</strong>ade, existe uma técnica muito<br />
usada, designada por Respiração Quadrada<br />
- uma vez que é feita por 4 etapas,<br />
com duração semelhante.<br />
Preparação:<br />
Sente-se confortavelmente. Observe a<br />
sua respiração, percebendo o seu ritmo<br />
. Coloque a sua atenção no seu corpo,<br />
deixando todo o resto de lado. Mantenha a<br />
boca fechada durante o exercício deixando<br />
a respiração acontecer suavemente pelas<br />
narinas. Depois deve:<br />
1 Deixe o ar entrar em seu corpo, enquanto<br />
você conta lentamente até três: um….<br />
dois….três….<br />
2 Segure o ar nos pulmões, contando lentamente<br />
até três.<br />
3 Solte lentamente o ar, contando lentamente<br />
até três.<br />
4 Após a expiração mantenha-se sem ar,<br />
contando lentamente até três.<br />
1 Volte ao passo 1 e continue repetindo<br />
este ciclo, sem pressa…<br />
Faça inicialmente estes ciclos por um<br />
minuto e veja como você se sente. Se<br />
estiver bem, retome e aumente o tempo de<br />
exercício para 3 minutos. O relaxamento<br />
deve ser sentido quase im<strong>ed</strong>iatamente. No<br />
entanto, Se estiver sentir algum desconforto<br />
como a tontura, é provável que<br />
tenha exagerado um pouco nas etapas de<br />
inspiração e expiração e não deu as pausas<br />
necessárias.<br />
É muito importante um equilíbrio entre<br />
as quatro etapas. As pausas são tão importantes<br />
quanto inspirar ou expirar. O<br />
exercício deve ser confortável. Se sentir<br />
desconforto, pare e deixe para fazer outro<br />
dia<br />
Tanto o açúcar como as gorduras<br />
trans são indutores de<br />
aumentos significativos do<br />
nível glicémico no sangue,<br />
assim como de triglicéridos. O<br />
aumento resultante dos radicais<br />
livres podem danificar o ADN e<br />
os seus vasos sanguíneos.<br />
Além de causar fadiga e descoforto,<br />
o aumento dos radicais<br />
livres co tribui para o risco de<br />
doenças cardiovasculares, osteoporose,<br />
diabetes e demência.<br />
A dieta recomenda ainda a<br />
alimentação à base de produtos<br />
primordiais com fitonutrientes<br />
(antioxidantes naturais) capazes<br />
de o proteger contra a ação<br />
oxidativa, protegendo-o assim<br />
de doenças crónicas. Exemplos:<br />
frutas e legumes, o famoso<br />
azeite virge extra, nozes e até<br />
mesmo o vinho tinto (se bem<br />
que pode optar apenas pelas<br />
uvas pretas).<br />
De acordo com um<br />
estudo do Nutrition Journal,<br />
homens com uma elevada concentração<br />
no sangue de proteína<br />
C-reativa, um marcador de inflamação,<br />
conseguiram r<strong>ed</strong>uzir<br />
a concentração em 27% depois<br />
de seguir esta dieta durante<br />
quatro semanas<br />
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António<br />
Fidalgo<br />
Ex-Futebolista profissional em<br />
históricos portuguese (S.L.<br />
Benfica; S.C. Braga; Sporting<br />
C .P); Ex-Técnico principal do<br />
Estoril Praia foi anda Director<br />
desportivo no SC Campomaiorense<br />
CS Marítimo; exerce há<br />
vários anos funções de jornalista<br />
e comentador/analista<br />
de futebol na RTP e RR e é<br />
formador em Couching e PNL<br />
antoniofidalgo.winow@gmail.comhihttp://coachepnl.blogspot.pt/<br />
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Coaching<br />
e<br />
Programação<br />
Neurolinguística (PNL)<br />
Capacidades<br />
Mentais<br />
dos Atletas<br />
de Sucesso<br />
Não tem necessariamente que ser<br />
um atleta profissional, nem mesmo<br />
ter ganho campeonatos ou provas<br />
olímpicas, aparecer nas primeiras<br />
páginas, para ser um Atleta de Sucesso.<br />
Os Atletas de Sucesso, seja qual<br />
for a idade e modalidade, têm características<br />
comuns; O desporto é<br />
importante para eles; Um grande<br />
empenho em fazer o melhor que<br />
conseguem com os recursos que<br />
têm disponíveis; Assumem os compromissos<br />
necessários.<br />
Normalmente são bem suc<strong>ed</strong>idos<br />
porque estabelecem objectivos<br />
elevados e realistas, além de desfrutarem<br />
daquilo que fazem.<br />
Sabem que o desporto enriquece<br />
as suas vidas. Existem Capacidades<br />
Mentais específicas que contribuem<br />
para que os desportistas tenham<br />
sucesso.<br />
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Capacidades que se aprendem, se desenvolvem<br />
e que vão melhorando e aperfeiçoando com a<br />
prática;<br />
a) Escolher e manter uma Atitude positiva<br />
b) Desenvolver níveis elevados de Auto Motivação<br />
c) Definir Objectivos elevados e inspiradores;<br />
assumir o Compromisso<br />
d) Lidar eficazmente com outras pessoas<br />
e) Potenciar de forma positiva o discurso<br />
interno<br />
f) Usar a Imagética em função do resultado<br />
que querem alcançar<br />
g) Controlar a Ansi<strong>ed</strong>ade<br />
h) Gerir as Emoções de forma eficaz<br />
i) Manter a Concentração<br />
Estas são algumas das Competências necessárias<br />
e extremamente importantes para desempenhos<br />
de excelência, curiosamente não só no Desporto<br />
como nas mais variadas áreas da Vida - pessoal e/<br />
ou profissional.<br />
Competências estas, cuja importância primária<br />
ocorre em fases distintas;<br />
1 – No desenvolvimento a médio/longo prazo.<br />
2 – Na preparação im<strong>ed</strong>iata do desempenho<br />
3 – Durante a própria performance<br />
No nível 1- Desenvolvimento a médio/longo prazo<br />
– estão incluídas as Capacidades Mentais básicas<br />
(a, b, c e d), que alicerçam todo o processo e que<br />
necessitam de ser aprendidas e posteriormente<br />
trabalhadas, quase diariamente e durante longos<br />
períodos de tempo.<br />
• Atitude – Perceber que a atitude é uma<br />
escolha; manter o equilíbrio entre o desporto e a<br />
vida; respeitar os outros<br />
• Motivação – Consciência dos benefícios do<br />
desporto; persistir apesar das adversidades; adiar<br />
a recompensa<br />
• Metas e Compromisso – Definir metas e<br />
objectivos ambiciosos, de curto, médio e longo<br />
prazo; assumir compromisso com os programas<br />
de desenvolvimento de competências<br />
• Comunicação Interpessoal – Comunicar<br />
de forma clara com os outros e saber ouvir; lidar<br />
com os conflitos<br />
“Aceitar e reconhecer as<br />
emoções como parte da experiência<br />
desportiva; usar as<br />
emoções a seu favor. Prestar<br />
atenção ao que é verdadeiramente<br />
importante; manter<br />
o foco e evitar distrações;<br />
recuperar o enfoque em caso<br />
de perda de concentração,<br />
durante o desempenho”<br />
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No nível 2 – Preparação im<strong>ed</strong>iata<br />
do desempenho – incluem-se<br />
as Capacidades Mentais usadas<br />
na preparação do desempenho<br />
(e; f). Competências prioritariamente<br />
utilizadas antes da<br />
competição, em geral e/ou antes<br />
de uma acção específica em<br />
particular<br />
• Comunicação Intrapessoal<br />
– Manter a confiança; gerir<br />
pensamentos, sentimentos e<br />
comportamentos na preparação<br />
para a competição<br />
• Visualização Mental – Imaginar<br />
altos desempenhos; usar<br />
imagens mentais detalhadas,<br />
específicas e realistas para o<br />
desempenho e recuperação de<br />
erros<br />
No nível 3 – Durante a performance<br />
– são muito importantes<br />
as Capacidades Mentais a usar<br />
durante o comportamento real<br />
de desempenho – alíneas g, h e<br />
i .<br />
• Lidar com Ansi<strong>ed</strong>ade –<br />
Entender que a ansi<strong>ed</strong>ade é<br />
normal no desporto; regular e<br />
controlar a ansi<strong>ed</strong>ade quando e<br />
se necessário<br />
• Controlo e Gestão das<br />
Emoções – Aceitar e reconhecer<br />
as emoções como parte da experiência<br />
desportiva; usar as<br />
emoções a seu favor<br />
• Patamares de Concentração<br />
– Prestar atenção ao que<br />
é verdadeiramente importante;<br />
manter o foco e evitar distrações;<br />
recuperar o enfoque em caso de<br />
perda de concentração, durante<br />
o desempenho.<br />
Elevados Desempenhos no<br />
Desporto e na Vida!<br />
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Sem<br />
Rival<br />
no<br />
por Diogo<br />
Sampaio<br />
Novak Djokovic pode ainda não ter<br />
conquistado o coração do público,<br />
mas o seu ténis domina todos os<br />
courts e em todas as superfícies.<br />
Mas, como a ciência explica o seu<br />
sucesso?<br />
Topo<br />
do Mundo<br />
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Novak Djokovic<br />
A arte de bater<br />
sistematicamente bolas<br />
em profundidade<br />
Novak Djokovic ocupou o topo<br />
da hierarquia mundial do ténis na<br />
grande maioria dos últimos quatro<br />
anos, mas ainda não ganhou o<br />
coração do povo. “No início da<br />
minha carreira”, disse Djokovic,<br />
“fui catalogado como um revelde,<br />
alguém que surgiu de geração<br />
espontânea, e começou a desafiar<br />
dois atletas tão extraordinários e<br />
dominantes (como eram F<strong>ed</strong>erer<br />
e Nadal). Quem é esse tipo da<br />
sérvia, que veio desse país tão<br />
minúsculo, e que diz querer<br />
chegar a número 1 do mundo? Obviamente,<br />
que eu entendo a reação<br />
das pessoas, por isso é que senti,<br />
que a única maneira era mostrar<br />
que merecia o primeiro lugar, era<br />
chegar lá e apresentar o melhor<br />
ténis”.<br />
Esta oposição inicial por parte do<br />
público serviu como combustível<br />
para a sua determinação, e fortaleceu<br />
o seu caracter, e tornou ainda<br />
mais forte a sua resolução de ser<br />
o melhor, até porque Djokovic,<br />
não pertence aquela categoria de<br />
campeões que nascem, ele fez-se<br />
número um!<br />
Quando Djokovic entrou no<br />
circuito mundial, em 2006, foi<br />
considerado um jovem talentoso,<br />
mas im<strong>ed</strong>iatamente ficou mais<br />
conhecido por alegadamente usar<br />
indevidamente os “timeouts” médicos<br />
para tratar doenças fantasmas,<br />
do que pelos jogos memoráveis<br />
dentro do campo de ténis. O seu<br />
alter-ego cómico, com contantes<br />
imitações dos outros jogadores<br />
(imitação do ajuste das cuecas<br />
de Nadal ou o passo da tenista<br />
russa, Maria Sharapova) também<br />
não o ajudou muito, e valeu-lhe o<br />
apelido “Djoker”, e muitas criticas<br />
negativas dos fãs e dos próprios<br />
visados, que o acusaram de falta<br />
de respeito. A tenista russa foi uma<br />
das mais contundentes nas críticas<br />
ao comportamento do jovem<br />
sérvio.<br />
O menor foco no jogo, foi talvez a razão que o<br />
manteve num “confortável” terceiro posto no<br />
ranking mundial durante tantos anos, mais precisamente<br />
até 2011, quando se transformou numa<br />
verdadeira máquina imbatível.<br />
Foi um processo demorado. Hoje é mais difícil<br />
que nunca marcar a diferença, e como afirma a<br />
antiga lenda do ténis, John McEnroe “o nível do<br />
jogo é incompreensível… ainda estou a tentar<br />
descobrir como estes tipos conseguem fazer isto”.<br />
Nos dias de McEnroe, os tenistas eram igualmente<br />
habilidosas, mas cada um deles tinha uma especialidade<br />
ou uma parte específica do seu jogo<br />
que era dominante. Agora, os melhores ténistas<br />
sabem fazer tudo dentro do court. Na realidade,<br />
o ténis é dentro dos desportos de elite aquele que<br />
mais evoluiu nas últimas duas décadas. Hoje a<br />
preparação de um tenista não está unicamente<br />
focada no aprimoramento da técnica, e é dada a<br />
mesma atenção às suas qualidades atléticas e mentais<br />
dos atletas. A preparação mental é decisivo<br />
para Djokovic, que vence moendo os adversários<br />
e quebrando-lhes o espirito e a vontade, fazendo<br />
da sua força mental a sua principal arma, e onde<br />
mais evoluiu desde que entrou no circuito.<br />
O ponto de viragem deu-se em 20<strong>10</strong>, quando ele<br />
ajudou o seu pequeno país a vencer a primeira<br />
Taça Davis (competição anual de seleções) contra<br />
a frança. Esta vitória foi como um trampolim, que<br />
elevou a sua crença e a confiança no seu jogo.<br />
Djokovic agora sabia, que podia vencer qualquer<br />
um, e isso fez toda a diferença. E, essa crença<br />
transformou-se em resultados – uma vitória após<br />
a outra, vencendo 43 partidas consecutivas no<br />
início do ano (a primeira derrota apareceu a meio<br />
da temporada nas meias-finais do French Open),<br />
a vitória em 3 Grand Slam (Austrália, Wimbl<strong>ed</strong>on<br />
e US Open) e 5 torneios Masters Series. A sua<br />
temporada de 2011 foi um das mais dominantes na<br />
história do tênis moderno.<br />
Bill Scanlon, ex-tenista e autor de “Zen Tennis:<br />
Playing in the Zone”, chega inclusive a afirmar<br />
que o sucesso de Djokovic é produto das horas<br />
diárias que ele d<strong>ed</strong>ica ao ioga e à m<strong>ed</strong>itação.<br />
No seu livro, Scanlon escreve, “ as pessoas, em<br />
breve trecho, vão começar a aceitar o facto de a<br />
competitividade e a concentração melhorarem<br />
significativamente em resultado da m<strong>ed</strong>itação”.<br />
Os exercícios mentais de Djokovic, onde também<br />
pode ser incluído o ioga, não são simplesmente<br />
uma fuga dos problemas diários, que segundo o<br />
próprio ténista “a intensão não é fugir para bem<br />
longe dos problemas, mas ir para além disso:<br />
visualizar”.<br />
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Os efeitos positivos da visualização no desporto têm sido alvo de estudo e sistematicamente indicam que existe um<br />
registo elec-tromiográfico (EMG) de atividade muscular dos mesmos músculos, durante a visualização mental e a<br />
execução real. Além disso, os órgãos tendinosos de Golgi (recetores sensoriais pro¬priocetivo que está localizado<br />
nas inserções das fibras musculares com os tendões dos mús¬culos) podem ser estimulados, e, assim, gerar fe<strong>ed</strong>back<br />
neuromuscular. Ou seja, a visualização (e m<strong>ed</strong>itação) trazem ganhos atléticos comprovados, para além dos<br />
ganhos mentais e de concentração competitiva naturais a este processo. No entanto, como Djokovic reconhece,<br />
ainda não “chegou ao nirvana”, mas quando as coisas não estão a correr bem e as horas que d<strong>ed</strong>ica à m<strong>ed</strong>itação não são suficientes,<br />
ele recorre a um truque, a música clássica, que o tem acompanhado desde a sua juventude, por influencia da sua antiga<br />
treinadores Jelena Gencic, como vem descrito no livro “serve to win”.<br />
A sua confiança também melhorou<br />
muito depois de ele ter encontrado<br />
o seu próprio estilo em campo. “Enquanto<br />
eu crescia ia colecionando as<br />
camisolas dos meus ídolos”, disse<br />
Djokovic em entrevista a um canal<br />
inglês de televisão no último Austrália<br />
Open, “eu adorava o Michael Jordan<br />
e Pete Sampras, e tentava copiar-lhe o<br />
estilo. Principalmente de Andre Agassi,<br />
e por isso tinha o armário cheio<br />
de roupas coloridas”. Durante muito<br />
tempo, ele preocupava-se demasiado<br />
como estava e como agia dentro do<br />
court. “(Depois entendi) que quando te<br />
sentes bem com o que vestes e como te<br />
comportas”, disse ele, “há uma efeito<br />
psicológico muito positivo”.<br />
“Eu acr<strong>ed</strong>ito fortemente nesta abordagem<br />
holística, e é por isso, que eu<br />
tento cuidar de todos os aspetos possíveis<br />
na minha vida e viver cercado<br />
de positivismo e encorajamento para<br />
obter esse conforto e paz interior<br />
quando eu precisar dele nos momentos<br />
importantes em uma partida.”<br />
Becker, ex-número 1 e seis vezes<br />
campeão de torneios do Grand Slam,<br />
foi a mais recente aquisição de Djokovic,<br />
e partilha os deveres de “coaching”<br />
e treino com o treinador de longa<br />
data do sérvio, Marian Vajda.<br />
O suéco, de temperamento complicado,<br />
admitiu que entrar em uma<br />
“família” não foi uma tarefa fácil,<br />
e que foram precisos alguns meses<br />
para a sua adaptação fosse completa.<br />
O “click” deu-se em Roma, quando<br />
Djokovic venceu o torneio em 2014.<br />
“Ele ganhou o torneio e desde então<br />
não voltei a ter dúvidas”, disse Becker.<br />
“Novak é um indivíduo muito incomum.<br />
Ele vem de um país devastado<br />
pela guerra, e teve que deixar sua casa<br />
aos 13 anos. Ele ter de ir para Munique<br />
para ter uma hipótese no ténis profissional,<br />
porque não tinha qualquer<br />
chance se tivesse ficado em casa.<br />
“No início da minha carreira fui catalogado como um revelde, alguém que surgiu<br />
de geração espontânea, e começou a desafiar dois atletas tão extraordinários e<br />
dominantes (como eram F<strong>ed</strong>erer e Nadal). Obviamente, que eu entendo a reação<br />
negativa das pessoas, por isso é que senti, que a única maneira era mostrar que<br />
merecia o primeiro lugar: era chegar lá e apresentar o melhor ténis!”<br />
Acabou na academia de um ex-amigo<br />
e treinador meu, Niki Pilic e foi aí que<br />
realmente começou a nossa relação já<br />
que Pilic tinha um monte de fotografias<br />
e histórias sobre mim. No fundo, na sua<br />
mente e no seu subconsciente, o nome<br />
Boris Becker foi já estava implementado”.<br />
Becker chega incline a afirmar<br />
que Djokovic “é um perfecionista, e<br />
que deseja criar a sua própria história”<br />
e que as semelhanças consigo próprio,<br />
são evidentes, “(principalmente) no caracter<br />
e personalidade, ele é um lutador<br />
de rua, quando as coisas ficam difíceis,<br />
e tudo está contra ele, é quando ele dá o<br />
seu melhor”.<br />
Encontramos elogios semelhantes<br />
na boca de Gritsch, o seu preparador<br />
físico, que diz: “ as potencialidades de<br />
Djokovic são infinitas, nem ele próprio<br />
conhece ainda os seus limites”.<br />
Gritsch mudou radicalmente o regime<br />
de treinos do tenista sérvio desde 2009,<br />
ano em que passou a integrar a equipa.<br />
“Acho que a maior conquista, foi<br />
abrir os olhos de Djokovic para novas<br />
formas de treino, até aí, ele limitava o<br />
seu fitness ao levantamento de pesos, e<br />
hoje, isso foi quase eliminado dos seus<br />
treinos”.<br />
A natureza – o mar, as montanhas, o<br />
ciclismo ou a canoagem substituíram o<br />
ginásio, e com isso, Djokovic passou a<br />
desfrutar muito mais das sessões de treino,<br />
“ e a receber em troca ainda mais<br />
energia, porque a sua mente liberta-se<br />
com esta nova abordagem, e a sua performance<br />
melhora por inerência”.<br />
Claro que também ouve melhorias<br />
físicas, a mais destacada, foi a sua dieta<br />
sem glúten, que começou em 20<strong>10</strong>, e<br />
lhe deu maiores níveis de energia durante<br />
os jogos (e falaremos disso mais<br />
à frente). E, a sua técnica tornou-se<br />
mais aguçada e eficaz. Afinal, ninguém<br />
bate sistematicamente tantas bolas em<br />
profundidade como ele no circuito ATP,<br />
como sugerem os dados?<br />
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A<br />
arte<br />
d e<br />
bater bolas<br />
sistematicamente<br />
em profundidade<br />
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“Ele tem a melhor pancada no ténis”, afirmou o veterano Rod<br />
Laver, um confesso admirador de Djokovic. “Ele está constantemente<br />
a empurrar o adversária para o fundo da linha, que hipóteses<br />
tem o seu oponente de fazer a diferença?” De todas as suas<br />
habilidades, nenhuma é tão decisiva para o tenista sérvio que a<br />
sua capacidade de bater sistematicamente bolas em profundidade.<br />
A equipa de análise da Tennis Australia analisou estatisticamente<br />
os seus jogos nas suas duas últimas participações no Australia<br />
Open, o que resultou em dois triunfos para Novak. Destes dado,<br />
que pode ver no gráfico acima (fonte WSJ), onde também são<br />
analisados os dados do número 2 mundial A. Murray, percebeuse<br />
que 50% de todas as pancadas do sérvio foram no último terço<br />
do campo do adversário (a linha de serviço e a linha de base). Em<br />
comparação, a média dos seus adversários é de 44,5%.<br />
A média de respostas em profundidade de Murray, finalista<br />
vencido em Melbourne, é ainda mais baixa, com apenas 43,5%<br />
(dados igualmente das duas ultimas participações no torneio<br />
do britânico). Djokovic bateu 21,5% das suas respostas para a<br />
terceira linha mais profunda do campo do adversário, enquanto a<br />
média dos tenistas é de 16% e 15% para Murray, que novamente<br />
volta a ficar bem abaixo do sérvio. Djokovic para dificultar ainda<br />
mais a vida aos seus adversários, opta frequentemente por bater<br />
as bolas pelo centro da r<strong>ed</strong>e, zona mais baixa da mesma, e para<br />
os pés do seu oponente, no centro do campo. No geral, nos seus<br />
jogos, 62% dos pontos terminam nos primeiros quatro movimentos,<br />
32% na faixa dos cinco a nove tiros e apenas 7% estendem<br />
os nove movimentos, com Djokovic a ter uma percentagem de<br />
vitórias muito saudável em qualquer um destes tempos.
O segr<strong>ed</strong>o do sucesso<br />
O segr<strong>ed</strong>o não está nos Winners, mas<br />
nos erros (ou na falta deles!)<br />
No ténis, ao contrário do imaginário popular,<br />
não é quem faz mais Winners quem vence, mas<br />
quem comete menos erros. Isto pode até parecer<br />
um contrassenso, mas é bastante comum o perd<strong>ed</strong>or<br />
ter um acumulado maior de winners do<br />
que o venc<strong>ed</strong>or. Isto, porque regra geral, cerca<br />
de 70% de todos os pontos é resultado de erros.<br />
A experiência ensinou aos tenistas de elite que a<br />
melhor estratégia é dominar o maior número de<br />
pontos e criar dificuldades na resposta, evitar a<br />
tentação do winner, e esperar que o adversário<br />
falhe.<br />
Djokovic entendeu a essência<br />
do ténis: bater longo,<br />
sistematicamente longo, e<br />
esperar o erro do adversário.<br />
E isso acontece, porque o sérvio dá menos tempo para reagir aos<br />
seus oponentes. Ele entra em contacto com a bola, em média,<br />
50cm mais perto da r<strong>ed</strong>e que os seus adversários, bate a bola<br />
mais baixo 15 cm que a média do circuito ATP e também 6,5<br />
Km/h mais rápida. Depois, a bola bate, em média, 35,56cm mais<br />
profunda no campo adversário e ainda ressalta no solo a uma<br />
velocidade superior de 4,8km/h.<br />
Resumindo, Djokovic responde mais perto da r<strong>ed</strong>e, mais c<strong>ed</strong>o,<br />
com mais velocidade, mais profundo e com um ressalto no solo<br />
mais rápido. Tudo isto somado, significa que os seus adversários,<br />
têm menos de 5% de tempo de resposta para rebaterem a<br />
bola para o campo defensivo de Novak.<br />
Esta é a essência do jogo de Djokovic, ter mas tempo para se<br />
mover, pensar e executar a próxima pancada. Para além disso,<br />
obriga os seus adversários a apressarem as suas jogadas, e<br />
responderem de forma menos eficaz e a cometerem mais erros<br />
do que o normal. A eficácia da técnica de Novak é tão alta que<br />
obriga os seus adversários a forçar o encurtamento das jogadas,<br />
e a procurar ângulos mais amplos e o fundo winner.<br />
O que acontece?<br />
O erro não forçado.<br />
Outro dos pontos fortes do jogo de Novak, é a resposta ao<br />
serviço, onde ele prefere ficar muito perto da linha de base e<br />
r<strong>ed</strong>irecionar com precisão a bola usando apenas a velocidade<br />
vinda do serviço. Quando bem executado, ele consegue por<br />
im<strong>ed</strong>iatamente o seu oponente na defensiva, num ponto em que<br />
devia comandar.<br />
Por isso, e apesar de muitas vezes, o jogo de<br />
Novak Djokovic parecer muitas vezes repetitivo<br />
e demasiado insistente nas mesmas jogadas, na realidade,<br />
ele executa um jogo de alta complexidade<br />
de movimentos interligados com ações motoras<br />
altamente bem definidas, compactos e biomecanicamente<br />
perfeitos, aliados a uma inteligência<br />
competitiva, onde no ténis moderno, só encontra<br />
rival, no suíço Roger F<strong>ed</strong>erer e no espanhol Nadal.<br />
O sucesso do sérvio de 28 anos, que já levantou<br />
por onze vezes títulos do Grand Slam (e mais<br />
oito finais), não é fruto do acaso, e existe na sua<br />
técnica, algo sutil, que dá a Djokovic uma franca<br />
vantagem em comparação aos seus oponentes,<br />
e que ele executa melhor que ninguém no ténis:<br />
bater sistematicamente bolas em profundidade.<br />
A ciência pode detrás deste sistema é simples:<br />
uma bola que caí perto da linha de base, imp<strong>ed</strong>e<br />
os adversários de atacar e rebater a bola em ângulos<br />
agudos. Uma bola em profundidade apressa os<br />
adversários a tentar retomar o domínio do ponto<br />
e potência o erro. Para além disso, uma bola<br />
profunda é muitas vezes rebatida com uma bola<br />
curta, o que facilita o desequilíbrio ou mesmo o<br />
winner im<strong>ed</strong>iato. Bater sistematicamente bolas<br />
profundas é um desejo de todos os tenistas.<br />
Uma estratégia tão simples quanto difícil de ser<br />
dominada. Muito poucos o conseguiram de forma<br />
eficaz.<br />
O último grande tenista a fazê-lo foi Andre<br />
Agassi, que durante os anos 90, usou a abusou,<br />
de respostas rápidas e bolas profundas para<br />
vencer os seus encontros e de se ter tornado em<br />
um dos maiores nomes da modalidade. Djokovic<br />
surge como herdeiro do norte-americano, mas<br />
com claras vantagens em relação a este. O sérvio<br />
funciona durante horas e horas seguidas, tem uma<br />
técnica fluida que lhe permite deslizar no campo<br />
harmoniosamente e índices de confiabilidade<br />
altíssimos.<br />
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Dieta livre de<br />
Glúten<br />
P<br />
ouco tempos após<br />
Djokovic ter entrado<br />
no circuito<br />
profissional, ele<br />
ficou conhecido por desistir<br />
facilmente a meio dos jogos<br />
(normalmente quando o<br />
placar lhe era desfavorável),<br />
alegando uma grande vari<strong>ed</strong>ade<br />
de doenças físicas, o que<br />
naturalmente irritava os outros<br />
jogadores. Roger F<strong>ed</strong>erer,<br />
depois do sérvio atirar a toalha<br />
ao chão frente a Andy Roddick.,<br />
disse publicamente que<br />
“ as desistências (de Djokovic)<br />
são dececionantes, e se ele não<br />
está apto, então simplesmente<br />
não deve jogar” e foi ainda<br />
mais longe, “ eu acho que ele<br />
não teria desistido, se estivesse<br />
a vencer por 4-0 no set”.<br />
Roddick foi tão duro quanto o suíço-<br />
Djokovic sofre de tudo, desde a dor de costas<br />
a gripe das aves. A realidade não fugia muito<br />
ao quadro pintado pelo norte-americano, e os<br />
casos foram-se suc<strong>ed</strong>endo regularmente, até que<br />
em janeiro de 20<strong>10</strong>, nos quarto de final do Open<br />
da Austrália, ele voltou a ter uma nova crise, no<br />
quarto set contra o francês, Wilfri<strong>ed</strong> Tsonga<br />
Durante os dois primeiros set, Djokovic<br />
venceu confortavelmente, quase um<br />
passeio, mas progressivamente foi<br />
inesperadamente perdendo vigore e<br />
energia. Chegava constantemente tarde<br />
às bolas e a precisão tão característica<br />
d as suas pancadas simplesmente<br />
desapareceu. No quarto set p<strong>ed</strong>iu<br />
ajuda médica. O seu estado era tão<br />
visível, que ninguém se atreveu a<br />
censura-lo ou a afirmar que este<br />
era<br />
mais um dos seus truques<br />
para evitar a derrota em<br />
campo. Os próprios co<br />
mentadores que analisa<br />
vam televisivamente o<br />
jogo, sugeriram que o<br />
sérvio sofria de asma.<br />
Cetojevic viu a angústia física que Djokovic sentia naquele momento, e disse para<br />
a mulher, “aquilo não é asma!”. E não era!<br />
Podia ter sido apenas mais uma desistência,<br />
mas felizmente para Djokovic,<br />
no Chipre e de férias, o Dr. Igor Cetojevic<br />
e sua esposa, depois de um dia de<br />
praia e sem muito para fazer, ligaram<br />
a televisão e foram passando de canal<br />
em canal, até se depararem com o jogo<br />
de ténis do compatriota. O médico viu<br />
a angústia física que Djokovic sentia<br />
naquele momento, e disse para a mulher,<br />
“aquilo não é asma!”. Cetojevic,<br />
também praticante de m<strong>ed</strong>icina alternativa<br />
(incluindo acupuntura, biofe<strong>ed</strong>back<br />
e m<strong>ed</strong>icina holística chinês) entrou<br />
em contato com Djokovic através de<br />
alguns contatos mútuos e pouco tempo<br />
depois eles estavam frente-a-frente.<br />
“No caso de Novak, a sua respiração<br />
resultou num desequilíbrio do seu<br />
sistema respiratório”, disse o médico,<br />
“particularmente a partir de uma<br />
acumulação de toxinas em seu intestino<br />
grosso. Na m<strong>ed</strong>icina tradicional<br />
chinesa, os pulmões são emparelhados<br />
com o intestino grosso.” Cetojevic,<br />
30 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
após uma série de exames, determinou<br />
que o organismo de Djokovic é sensível<br />
ao glúten. Testes posteriores revelaram<br />
que o seu organismo também é intolerante<br />
ao trigo, laticínios e tomate.<br />
Apesar da crença generalizada, que se<br />
uma pessoa não for celíaca (intolerante<br />
à proteína) não precisa cortar o glúten<br />
por completo, parece estar errada, já<br />
que diversos estudos tem mostrado que<br />
<strong>10</strong>0% da população teria benefícios em<br />
apostar numa dieta sem esta proteína,<br />
dado que todos temos algum grau de<br />
sensibilidade a ela.<br />
Nos piores casos, o glúten diminui a<br />
imunidade, favorece o acumular de<br />
gordura, causa inchaço e aumenta a<br />
tendência de anemia e osteoporose.<br />
Para além disso, a proteína produz<br />
uma ação inflamatória no organismo<br />
que ataca o funcionamento das<br />
células, dificultando a entrada de<br />
nutrientes e a saída de toxinas.<br />
No início, a nova dieta causou a perda<br />
de peso rápida e significativa para o já<br />
delgado Djokovic, mas Cetojevic insistiu<br />
que o corpo de Djokovic estava só<br />
a recuperar. Ele estava certo. Djokovic<br />
começou a dormir melhor e a aumentar<br />
as cargas de treino, sem sofrer esses<br />
ataques de desconforto atribuídas a<br />
uma asma inexistente.<br />
A dieta de Djokovic é desde 20<strong>10</strong><br />
totalmente livre de glúten, e progressivamente<br />
ele vem eliminando todos os<br />
lacticínios, e todo o açúcar que ingere<br />
bem quase na totalidade de ingestão<br />
de frutas e legumes. Também só come<br />
carne ocasionalmente, e ingere principalmente<br />
frango e peixe para suprimir<br />
as necessidades de proteínas do seu<br />
corpo. Durante as partidas, ele trocou<br />
os lanches açucarados para barras de<br />
frutas naturais. E, por muito que os<br />
seus pais, donos de uma pizzaria, possam<br />
estar irritados com Djokovic, ele<br />
também deixou de comer pizza.
CVAC Pod e Alpes: Altitude é<br />
a palavra mágica<br />
Já quase tudo foi dito sobre câmaras hiperbáricas – o<br />
aumento de oxigénio no corpo em uma maior pressão<br />
atmosférica, dentro de uma câmara hermeticamente fechada<br />
com par<strong>ed</strong>es rígidas. Bem menos conhecido, é a CVAC<br />
Pod, uma pequena estrutura no formato de ovo, símbolo de<br />
uma visão mais ambiciosa da m<strong>ed</strong>icina hiperbárica. E, ainda<br />
menos conhecido, é que Djokovic faz uso desta maquina<br />
desde o US Opens de 20<strong>10</strong>.<br />
Segundo os fabricantes CVAC Pod, 20 minutos dentro deste<br />
módulo, três vezes por semana é suficiente para melhorar<br />
a circulação, oxigenar células vermelhas, remover ácido<br />
lático e até mesmo estimular a produção de células-tronco.<br />
Para isso, a câmara simula grandes altitudes, comprimindo<br />
os músculos em intervalos regulares. A diferença, entre este<br />
Pod e as típicas câmaras hiperbáricas usadas por múltiplos<br />
atletas, é a novidade de combina pressão e compressão<br />
cíclica, o que, segundo alguns estudos sugerem, é mais eficiente<br />
do que somente um ou outro. Pressão, temperatura e<br />
densidade do ar podem ser ajustados, o que ajuda um atleta<br />
a se adaptar a várias condições.<br />
Allen Ruszkowski, presidente-executivo da CVAC, diz que<br />
o tratamento parece ter muitos dos mesmos efeitos sobre o<br />
corpo como exercício intenso. Ele afirma que a tecnologia<br />
pode ser duas vezes mais eficaz em ajudar o corpo a absorver<br />
o oxigênio como as transfusões de sangue, uma forma<br />
proibida de melhoria de desempenho. A máquina, de uma<br />
empresa com s<strong>ed</strong>e na Califórnia chamada Sistemas CVAC,<br />
não foi proibida por quaisquer organismos responsáveis<br />
pelo desporto, e existem apenas 20 no mundo, e por isso<br />
custam um “simbólico” de $75.000.<br />
Talvez por em 2006, a Agência Mundial Anti-Doping ter<br />
determinado que estas maquinas melhoraram o desempenho<br />
de forma artificial e violam “o espírito do desporto”(apesar<br />
de não as ter adicionado à lista de substâncias/métodos<br />
proibidos), que Djokovic sempre se recusou a confirmar<br />
o seu uso, até muito recentemente num evento dos seus<br />
patrocinadores em Nova York, a pergunta ter surgido uma<br />
vez mais. Novak assumiu então usar este módulo, e afirmou<br />
“não é tão importante para o músculo, mas para a recuperação<br />
física depois de um forte esforço. É como uma nave<br />
espacial. É uma tecnologia muito interessante”.<br />
O pod que Djokovic usa pertencia a um antigo tenista,<br />
Gordon Uehling III, que nunca foi além do número 925<br />
do ranking, e agora dirige uma escola de ténis chamada de<br />
CourtSense na Tenafly Racquet club em Tenafly, acompanha<br />
o sérvio desde o início deste processo, tendo no entanto,<br />
sempre negado qualquer comentário sobre o tema.<br />
Djokovic complementa o seu regime de treino, indo frequentemente<br />
para altas altitudes, gostando especialmente de<br />
viajar para os alpes, entre competições importantes.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 31
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Preparação para a alta-competição no Tênis<br />
TREINAMENTO MENTAL E<br />
OS SEUS BENEFÍCIOS NA<br />
PRÁTICA DO TÊNIS<br />
A utilização do treino mental valoriza o domínio da atenção e<br />
concentração, procurando uma base sólida para a autoconfiança e<br />
eficácia do tenista, e potenciar as suas habilidades aos máximo e<br />
com isso melhores resultados nos seus jogos.<br />
Jonas Godtsfri<strong>ed</strong>t, graduado em Educação Física, especialista em Educação Infantil e Anos<br />
Iniciais, e mestrando na área de concentração da teoria e prática p<strong>ed</strong>agógica em <strong>ed</strong>ucação física, com<br />
pesquisas e artigos científicos publicados na área do tema abordado no texto. jog<strong>10</strong>00@hotmail.com<br />
O treinamento mental é uma forma de simulação. É<br />
semelhante a uma experiência sensorial real, mas toda a<br />
experiência ocorre na mente (WEINBERG & GOULD,<br />
2001). O tênis de campo sendo um esporte individual<br />
incita ao indivíduo demandas psicológicas específicas,<br />
e a maioria está associada com a capacidade do jogador<br />
em saber lidar com seus próprios erros.<br />
A origem da palavra “treinar” vem do verbo francês<br />
traîner, que significa arrastar-se pelo chão, progr<strong>ed</strong>ir lentamente,<br />
mas depois ir em frente com rapidez. Treinar<br />
é trabalhar continuamente, esforçar-se sem cessar para<br />
adquirir a rapidez e a espontaneidade. Desta forma o<br />
esporte denominado tênis de campo é uma modalidade<br />
esportiva que muito se relaciona com o desenvolvimento<br />
físico, e em especial com o treinamento mental daqueles<br />
que o praticam. No passado para muitos tenistas não<br />
existia uma programação de treinamentos, não havia<br />
preocupação com os aspectos físico e mental dos jogadores.<br />
Os treinos se baseavam em amistosos, com ênfase<br />
na técnica e tática do jogo.<br />
A utilização do treinamento mental valoriza o domínio<br />
da atenção e concentração mais do que outras habilidades;<br />
buscando uma base sólida para a autoconfiança e<br />
eficácia do tenista, desta forma o jogador de tênis com<br />
maior confiança no seu potencial será capaz de atingir<br />
maiores e melhores resultados em suas partidas.<br />
A natureza da tarefa e o nível de habilidade do praticante<br />
de tênis afetam a forma como o treinamento mental<br />
melhorará o desempenho do tenista. Atletas iniciantes e<br />
atletas altamente qualificados que usam o<br />
treinamento mental em tarefas cognitivas (tarefas de<br />
resolução de problemas, inteligência e memória) apresentam<br />
efeitos mais positivos (WEINBERG & GOULD,<br />
2001).<br />
Os aspectos competitivos do atleta praticante do tênis<br />
pode ser bem explorado ao executar-se o treino mental<br />
para o esporte, visto que ao realizar um treinamento<br />
mental com objetivo de evitar-se o bloqueio mental durante<br />
jogos de tênis, o tenista estará apto a desenvolver<br />
melhor a sua potencialidade competitiva (GIFFONI,<br />
1989).<br />
Praticar treinamento mental é explorar o ilimitado<br />
potencial que existe dentro de cada tenista. Entre as diversas<br />
maneiras que este tipo de treino mental pode ser<br />
realizado, podemos destacar duas formas: a atenção no<br />
tênis e também o treinamento da imaginação >><br />
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Preparação para a alta-competição no Tênis<br />
A atenção pode ser considerada mais amplamente como a<br />
concentração de esforço mental sobre eventos sensoriais<br />
ou mentais, sendo estes esforços mentais muito constantes<br />
durante um jogo de tênis, como por exemplo em<br />
situações de definição de como executar e desempenhar<br />
uma devolução de serviço (saque). Tudo o que precisamos<br />
ao começar a praticar a atenção no tênis é de um<br />
objeto apropriado no qual focalizar a atenção. No tênis,<br />
o objeto mais conveniente e prático é a própria bola. A<br />
ordem repetida com maior frequência numa quadra provavelmente<br />
é: observe a bola. No entanto, poucos jogadores<br />
a vêem bem (GALLWEY, 1996).<br />
Já o treinamento da imaginação é uma técnica mental que<br />
programa a mente e o corpo a responder de forma correta<br />
a um movimento desejado. A imaginação permite recriar<br />
e criar vivências no plano imaginário. O treinamento<br />
da imaginação pode ajudar na melhoria de habilidades<br />
dos tenistas. Ao tentar melhorar um “serviço” no tênis,<br />
por exemplo, pode-se assistir um jogador profissional e<br />
então mentalmente reproduzir suas ações observando-o<br />
para melhorar sucesso esportivo. Ou pode-se reproduzir e<br />
observar o próprio serviço ajustando a informação armazenada<br />
que guia a performance física da ação (WRAGA,<br />
2003).<br />
O treinamento mental, e em especial o treinamento da<br />
imaginação, tem recebido muita atenção para seu papel<br />
no desempenho físico de tenistas, e cada vez mais tem<br />
sido inserido no treino de habilidades psicológicas voltadas<br />
aos atletas para complementar seus programas de<br />
treinamento.<br />
O treinamento da imaginação, aparece na literatura com<br />
um volume maior de trabalhos publicados, sendo considerado<br />
um ótimo meio de exercitar o treinamento mental,<br />
e com isso favorece o desempenho de tenistas na prática<br />
de sua modalidade esportiva. Sendo destacada a melhoria<br />
que o treinamento da imaginação pode promover na<br />
realização do saque ou serviço no tênis.<br />
O treinamento mental para os praticantes do tênis<br />
também funciona por meio do desenvolvimento e do<br />
refinamento de habilidades psicológicas, e o exercício<br />
do treino mental e mentalização podem melhorar a concentração,<br />
r<strong>ed</strong>uzir a ansi<strong>ed</strong>ade e aumentar a confiança,<br />
importantes habilidades psicológicas para melhorar a<br />
performance. A prática de técnicas voltas a atenção e ao<br />
treinamento da imaginação são instrumentos convenientes<br />
e efetivos para prática do tênis de campo, podendo<br />
ser eficazes tanto antes quanto durante uma competição<br />
esportiva de tênis.<br />
A relação entre treinamento mental e atenção no tênis,<br />
mostra que quando o tenista ao atingir um bom nível de<br />
atenção ele está realmente “dentro do jogo”, formando<br />
um “todo” com a raquete, a bola e a batida, o atleta<br />
descobre seu verdadeiro potencial.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
GALLWEY, W. Timothy. O jogo interior de tênis / W.<br />
Timothy Gallwey; tradução de Mario R. Krausz. – São<br />
Paulo: Textonovo, 1996.<br />
GIFFONI, Edmundo. Tênis: Catarse Moderna. Porto<br />
Alegre: FEPLAM, 1989.<br />
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia<br />
do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artm<strong>ed</strong>,<br />
2001<br />
WRAGA, M; KOSSLYN, S.M. Encyclop<strong>ed</strong>ia Cognitive<br />
Science. Imagery . Psychology Research Library,<br />
Harvard University. Volume 2, 2003<br />
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DÊ-NOS<br />
UM LIKE<br />
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A fisiologia<br />
do<br />
ciclista<br />
de<br />
BTT<br />
HRicardo Dantas de Lucas, Professor e Pesquisador da Universidade F<strong>ed</strong>eral de Santa Catarina, Brasil. Doutor em<br />
Educação Física, com ênfase em avaliação fisiológica e treinamento de atletas. Atua como treinador de atletas de endurance<br />
desde 1995.<br />
ricardo.dantas@ufsc.br<br />
istoricamente, o ciclismo na sua vertente competitiva se desenvolveu<br />
e evoluiu por varias décadas nas estradas pavimentadas.<br />
Somente a partir dos anos 70 que o ciclismo off-road<br />
(BTT) surgiu e assumiu um papel cada vez mais importante<br />
em nossa soci<strong>ed</strong>ade, sob todas as formas de prática da modalidade,<br />
ou seja, como meio de transporte, como recreação e<br />
como competição.<br />
De uma forma geral, as condições do terreno (acidentado e<br />
montanhoso) em que o ciclismo BTT é realizado, não permitem<br />
que os ciclistas desenvolvam velocidades similares ao ciclismo<br />
de estrada, levando assim a um grande dispêndio de esforço<br />
contra a força da gravidade e também contra a resistência de<br />
rolamento (atrito entre pneus e o solo).<br />
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Associada à estes fatores observa-se também uma<br />
solicitação constante da musculatura dos braços<br />
e pernas, provenientes das contrações isométricas<br />
intensas e repetitivas, que são necessárias para<br />
absorver o impacto e as vibrações proporcionadas<br />
pelo terreno. Além disto, a baixa velocidade média<br />
em que as provas são disputadas acarreta também<br />
menor influência do drafting (técnica de p<strong>ed</strong>alar<br />
atrás de outro ciclista) sobre o gasto energético.<br />
Sob o ponto de visto fisiológico, o ciclismo BTT<br />
apresenta demandas sensivelmente diferentes do<br />
tradicional ciclismo de estrada. Isto nos remete a<br />
buscar comparações entre os ciclistas puramente<br />
de estrada e os especialistas no BTT.<br />
A prática do BTT exige uma alternância maior de<br />
intensidades de esforço devido a variação de altimetria<br />
que normalmente se encontra nos percursos.<br />
Esta fato exige uma capacidade de recuperação<br />
rápida entre esforços de alta intensidade, fator que<br />
é aprimorado com a melhora da capacidade aeróbia.<br />
Assim capacidade de remover o excesso de<br />
lactato sanguíneo é um importante fator para manter<br />
um bom desempenho em competições de BTT.<br />
Na pratica competitiva do BTT, o metabolismo<br />
aeróbio explica cerca de 40% da variação da performance<br />
em provas de BTT cross-country (XCO),<br />
sendo o restante explicado por outras características<br />
físicas e técnicas. De qualquer forma, uma<br />
alta aptidão aeróbia é necessária para obter desempenho<br />
em alto nível. Ciclistas de elite da modalidade<br />
XCO apresentam frequentemente valores de<br />
VO2max entre 70- 78 ml/kg/min, enquanto atletas<br />
de nível competitivo amador apresentam valores<br />
em torno de 60- 68 ml/kg/min. Uma característica<br />
importante para o bom desempenho é uma baixa<br />
massa corporal quando se compara aos ciclistas<br />
de estrada com especialidades em sprint e contrarelógio.<br />
Assim, os ciclistas de BTT apresentam<br />
características físicas e fisiológicas semelhantes<br />
aos ciclistas de estrada especialistas em montanha,<br />
ou seja são leves e apresentam uma alta produção<br />
de potência aeróbia relativa à sua massa corporal.<br />
Diferentes estudos têm reportado que a resposta<br />
da frequência cardíaca em provas de BTT-XCO e<br />
têm observado valores médios em torno de 90% da<br />
máxima. A principio este alto percentual em que as<br />
competições ocorrem são explicados não somente<br />
pela alta demanda energética, mas também pelo<br />
fato de que na maioria das descidas, a frequência<br />
cardíaca não é r<strong>ed</strong>uzida como ocorre comummente<br />
nas descidas pavimentadas. Assim, considerando<br />
os sectores de downhill devemos assumir que<br />
existe uma influencia direta do sistema nervoso<br />
(para manter a atenção) em conjunto com uma alta<br />
demanda de contrações dos músculos dos braços<br />
sobre a resposta cardíaca, fato que gera valores<br />
médios de frequência cardíaca que não são compatíveis<br />
com a duração da maioria da competições<br />
XCO (em torno de 2 horas).<br />
Do visto fisiológico, o ciclismo BTT apresenta<br />
demandas sensivelmente diferentes do<br />
tradicional ciclismo de estrada. Isto nos remete<br />
a buscar comparações entre os ciclistas<br />
puramente de estrada e os especialistas no BTT.<br />
Nesta perspectiva, quando se considera o controle de intensidade<br />
de esforço, devemos considerar uma limitação em relação ao uso<br />
da frequência cardíaca. Enquanto este parâmetro responde bem às<br />
variações da demanda energética em condições de ciclismo estacionário<br />
(Spinning etc), no ciclismo BTT a frequência cardíaca<br />
não apresenta a mesma exatidão. Desta forma, o melhor parâmetro<br />
para controlo objetivo da intensidade no BTT é a potência<br />
gerada durante a p<strong>ed</strong>alada. Como os equipamentos que m<strong>ed</strong>em a<br />
potência na bicicleta cada vez mais aprimorados, têm-se tornado<br />
comum o uso desta ferramenta para controlar intensidade do treinamento.<br />
Smekal e colaboradores (2015) estudaram um grupo de<br />
24 ciclistas de BTT (m<strong>ed</strong>ia do VO2max = 64,9 ml/kg/min) com<br />
intuito de verificar as relações entre m<strong>ed</strong>idas fisiológicas obtidas<br />
em um teste de esforço de laboratório com as respostas fisiológicas<br />
geradas em uma competição simulada.<br />
Adicionalmente, os autores incluíram na amostra um ciclista de<br />
elite do BTT (Top <strong>10</strong> nos Jogos de Londres; VO2max = 79,9 ml/<br />
kg/min) para estabelecer comparações com os demais. Todas as<br />
variáveis m<strong>ed</strong>idas foram superiores no ciclista de elite, no entanto<br />
vale a pena ressaltar a potência média em que a competição<br />
foi concluída. Enquanto o ciclista de elite gerou em média 264W<br />
(3,56 W/kg) e levou 51 min para concluir o percurso de 24 km,<br />
os demais geraram 186W (2,66 W/kg) e gastaram 65 min para<br />
completar o mesmo trajeto. Uma outra variável que chamou a<br />
atenção foi a cadência de p<strong>ed</strong>alada média que foi maior para o<br />
ciclista de elite (84 rpm) em relação ao grupo de menor nível (70<br />
rpm).<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 37
Ciclistas de elite da modalidade XCO apresentam frequentemente valores<br />
de VO2max entre 70- 78 ml/kg/min Assim, os ciclistas de BTT apresentam características<br />
físicas e fisiológicas semelhantes aos ciclistas de estrada especialistas em montanha, ou<br />
seja são leves e apresentam uma alta produção de potência aeróbia<br />
Por fim, do ponto de vista técnico o ciclista de BTT é<br />
constantemente desafiado a manter o controlo sobre o seu<br />
centro de gravidade. Nesta perspectiva, um estudo publicado<br />
por Lion e colaboradores (2009) demonstrou que ciclistas<br />
especializados no BTT apresentam características neurosensoriais<br />
relacionados ao equilíbrio mais aprimoradas<br />
quando foram comparados aos ciclistas puramente de estrada.<br />
Estes dados reforçam a importância da prática especifica<br />
do BTT a fim de desenvolver não somente a especificidade<br />
da demanda física, mas também do aspecto técnico.<br />
Referencias<br />
Lion, A., Gauchard, G. C., Deviterne, D., & Perrin, P. P.<br />
(2009). Differentiat<strong>ed</strong> influence of off-road and on-road<br />
cycling practice on balance control and the relat<strong>ed</strong>-neurosensory<br />
organization. Journal of Electromyography and<br />
Kinesiology, 19(4), 623-630.<br />
Smekal, G., von Duvillard, S. P., Hörmandinger, M., Moll,<br />
R., Heller, M., Pokan, R., & Arciero, P. (2015). Physiological<br />
Demands of Simulat<strong>ed</strong> Off-Road Cycling Competition.<br />
Journal of Sports Science & M<strong>ed</strong>icine, 14(4), 799.<br />
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As melhores analises às grandes voltas é na Desporto&<strong>Esport</strong><br />
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Ciclismo Internacional,<br />
UCI e o futuro<br />
Nuno Sabido<br />
Ex-ciclista profissional durante 16 anos, e conta no seu historial com cinco<br />
títulos nacionais. Atualmente desempenha o cargo de comentador<br />
desportivo na área do ciclismo na TVI. Possui ainda uma licenciatura em<br />
Educação Física, com especialização nas áreas de avaliação física e treino de<br />
alta competição, para além de formação em Biomecânica,<br />
musculação, Ergometria com análise de gases expirados, entre outras. No<br />
seu curriculum contam ainda o cargo de técnico nacional e<br />
formador na UVP/FCC, entre outros.<br />
nuno.odibas@gmail.com<br />
Twitter: @nunoodibas Facebook: Nuno Sabido<br />
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Nem sempre tudo evoluí,<br />
por vezes apenas se transforma<br />
ARevolução Industrial (mudança no<br />
sistema do trabalho artesanal pelo uso<br />
das máquinas em sistema de assalariado)<br />
transformou o mundo no ano de<br />
1760.<br />
Desde então, a mesma não cessou, influenciando irreversivelmente<br />
toda a soci<strong>ed</strong>ade, tal como hoje a conhecemos.<br />
Em 1817 é inventado (na Europa) o primeiro veículo com<br />
duas rodas, evoluindo no tempo e transformando-se no que<br />
hoje conhecemos como Bicicleta.<br />
A 1.ª competição de que á registo (com Draisianas)<br />
ocorre a 20 de abril de 1829.<br />
Desde então, a vontade de ser o 1.º, tornaram o Ciclismo<br />
numa das modalidades, senão mesmo, a modalidade mais<br />
evoluída e mais complexa no ponto de vista Cientifico<br />
(Fisiológico, Biomecânico, Nutricional…) Tecnológico e<br />
Regulamentar.<br />
A transição do século XX para o século XXI deu continuidade<br />
a um período de quase três décadas, as quais influenciaram<br />
e registaram a maior evolução, assim como a transformação<br />
mais marcante na modalidade.<br />
Evolução, nem sempre pode ser considerada ou confundida<br />
com o seu direto significado, pois “No Ciclismo, nem sempre<br />
tudo evoluí, por vezes apenas se transforma”.<br />
O Ciclismo é o desporto mais complexo e mais exigente<br />
que qualquer outra modalidade desportiva existente, como<br />
tal considero, para que o possamos interpretar e compreender,<br />
é importante a existência de uma particular sensibilidade,<br />
experiência e inteligência.<br />
Para o “simples” praticante, leitor, espetador ou telespetador,<br />
do ponto de vista m<strong>ed</strong>iático o Ciclismo parece<br />
esplendoroso, gracioso e gozar de uma estabilidade global.<br />
Contudo, não é esta a realidade global.<br />
Apesar de todo o m<strong>ed</strong>iatismo, visibilidade e exposição<br />
mundial, mesmo as equipas multimilionárias, denominadas<br />
World Tour, não têm garantido a sua continuidade.<br />
O que devemos pensar das outras, as que compõem os<br />
escalões que ocupam a base da pirâmide, mas fulcrais para<br />
que o topo desta mesma pirâmide não se desmorone?<br />
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O Ciclismo mudou e continua a<br />
reformar-se, tentando “evoluir”<br />
A UCI, as F<strong>ed</strong>erações, as Associações representantes dos<br />
atletas, as equipas, assim como muitos outros agentes procuram<br />
o melhor equilíbrio entre as partes. Procuram algo<br />
que nunca será encontrado ou atingido, a concordância, a<br />
plenitude, a perfeição.<br />
Sem atletas (ciclistas) não existe Ciclismo e sem equipas,<br />
dificilmente o mesmo subsistirá e sem equipas de<br />
formação… Se tentarmos alterar o significado e a ordem<br />
de conteúdos da pirâmide, estará a modalidade<br />
condenada á sua extinção?<br />
Não, pessoalmente, “Não acr<strong>ed</strong>ite que tal venha algum<br />
dia a acontecer”<br />
QUAL A MUDANÇA MAIS MARCANTE DAS<br />
ÚLTIMAS DÉCADAS?<br />
Atualmente as Equipas com estatuto Profissional, são<br />
denominadas como:<br />
- Equipa World Tour<br />
- Equipa Profissional Continental<br />
- Equipa Continental<br />
No passado a denominação era:<br />
- Equipa de 1.ª Divisão<br />
- Equipa de 2.ª Divisão<br />
- Equipa de 3.ª Divisão<br />
Com a necessária e “pretensiosa” Globalização do Ciclismo,<br />
movimento (finalmente) iniciado pela UCI e seus representantes<br />
em 2005, fizeram despoletar do ponto de vista<br />
económico, uma situação crescente de atual insustentabilidade<br />
na modalidade.<br />
O fosso hoje existente entre as equipas Continentais e<br />
as equipas WorldTour é tão grande, que o significado da<br />
expressão “Anos-Luz” poderá ser adequado para o caraterizar.<br />
Não sou contra a evolução, nem contra a Globalização do<br />
Ciclismo, muito pelo contrário (como pode ser observado<br />
no parágrafo seguinte) equaciono isso sim, o “Capitalismo<br />
Velocipédico” que considero por vezes pouco saudável para<br />
a modalidade e que do ponto de vista individual (atleta/<br />
ciclista) embora não parecendo, as oportunidades não são<br />
as mesmas para todos.<br />
Hoje existem e decorrem competições em todos os continentes,<br />
o calendário velocipédico não cessa e mais<br />
importante e relevante ainda, o pelotão internacional é<br />
constituído por atletas das mais variadas nacionalidades,<br />
representantes de países até então, sem tradições velocipédicas.<br />
Para este “fenómeno” muito tem contribuído<br />
o apoio e a formação, providenciadas pela UCI no seu<br />
Centro de Ciclismo Mundial, de onde têm saído atletas<br />
que são atualmente ídolos mundiais, como por exemplo,<br />
Chris Froome venc<strong>ed</strong>or de duas <strong>ed</strong>ições da Volta a<br />
França.<br />
A estrutura do Ciclismo não é perfeita e de ano para ano<br />
são identificadas novas fragilidades, que refletem também a<br />
própria fragilidade da<br />
soci<strong>ed</strong>ade em que vivemos.<br />
Contudo a evolução não pode parar e cabe aos responsáveis,<br />
que tal como nós, também gostam de Ciclismo, tutelar o<br />
mesmo com a maior racionalidade possível.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 43
“CAPITALISMO VELOCIPÉDICO?”<br />
No passado anterior a 2005, as Equipas<br />
Profissionais, subiam e desciam de escalão, fossem<br />
elas economicamente mais ou menos abastadas, não<br />
apenas pelas suas capacidades económico/financeiras,<br />
mas pelo valor e pelos resultados dos seus atletas<br />
(ciclistas) resultante também, de um trabalho de<br />
toda a Equipa.<br />
O acesso às competições não era limitado por este<br />
tipo de regras, o que permitia que todas as equipas<br />
pudessem “lutar” e obter as preciosas pontuações, as<br />
quais ditavam o seu futuro, bem como o futuro dos<br />
atletas, fossem eles de países emergentes ou pertencentes<br />
ao “velho continente europeu”.<br />
A subida ou a descida de divisão podia ser constante<br />
(anual) e esse fator permitia uma dinâmica ainda<br />
mais evolutiva.<br />
Hoje, isso é uma “miragem” pertencente ao passado.<br />
Hoje, também no ciclismo o dinheiro é o mais<br />
importante e a manutenção ou a permanência das<br />
equipas nas respetivas categorias é exclusivamente<br />
ditada pela maior ou menor capacidade financeira,<br />
o que não contribuí para que as oportunidades de<br />
trabalho e de futuro, mais ou menos gracioso, seja<br />
o mesmo para todos os atletas, de todas as equipas<br />
inscritas na UCI, representantes dos mais variados<br />
países.<br />
O PARADOXO<br />
Apesar do deslumbre da WorldTour, os jovens atletas<br />
de equipas Sub-23, que ambicionam tornar-se<br />
profissionais, assim como um bom número de ciclistas<br />
profissionais, que formam a “base da pirâmide”,<br />
poderão vir a perder-se para a modalidade, ainda<br />
antes de atingirem a maturidade.<br />
Ser Ciclista Profissional de uma equipa do escalão<br />
Continental e mesmo do escalão Continental<br />
Profissional, significa por vezes ser explorado.<br />
De que forma?<br />
Pagando com o próprio salário, em muitos casos,<br />
sendo já ele mínimo ou encontrando patrocínios<br />
pessoais para poder fazer parte destas mesmas formações<br />
e assim poderem competir.<br />
A obsessão pela Globalização coloca em causa os<br />
fundamentos tradicionais, mas essenciais da própria<br />
modalidade, sem os quais a mesma poderá arriscar<br />
perder a sua identidade, bem como a sua<br />
“Matéria-prima” de base.<br />
AS REFORMAS E O FUTURO<br />
Do ponto de vista da cr<strong>ed</strong>ibilidade e da verdade<br />
desportiva, a constituição e recente aparecimento<br />
(2014) de uma comissão independente denominada<br />
CIRC (Comissão Independente para a Reforma do<br />
Ciclismo), veio reatar e estabelecer relações que são<br />
prioritárias, com os organismos de referência mundial<br />
nesta matéria, nomeadamente a AMA (Agência<br />
Mundial de Anti Dopagem) e<br />
o TAS (Tribunal Arbitral do<br />
Desporto). Estas relações são<br />
indispensáveis, fortalecem e<br />
solidificam a imagem global da<br />
modalidade.<br />
Com um m<strong>ed</strong>iatismo crescente,<br />
resultante da inequívoca<br />
espetacularidade desta modalidade,<br />
desde 2012 que as<br />
Equipas se movimentam de<br />
forma a poderem ser recompensadas<br />
pelos direitos de transmissão<br />
e utilização das imagens<br />
(algo que lhes é legítimo). No<br />
entanto, tal como em outras<br />
matérias, não existe consensualidade.<br />
A Velon, atual detentora desta<br />
responsabilidade e representante<br />
das equipas que dela fazem<br />
parte, conduz o processo e os<br />
respetivos interesses, o qual<br />
ainda assim, não encontra,<br />
nem reúne um consenso geral,<br />
face aos distintos interesses<br />
dos organizadores para com as<br />
empresas de televisão, detentoras<br />
dos direitos de transmissão.<br />
Outro aspeto tem a ver com<br />
a relação existencial que une<br />
as equipas da mesma nacionalidade<br />
dos organizadores, que<br />
desta forma lhes permite acesso<br />
quase direto às competições que<br />
as mesmas organizam.<br />
Outras reformas estão ainda<br />
previstas, entre as quais, a<br />
da diminuição do número de<br />
equipas pertencentes ao World<br />
Tour, das 18 atuais para 16 em<br />
2017. Será igualmente perspicaz<br />
ou mesmo racional pretender<br />
diminuir o número de efetivos<br />
(atletas) nas equipas WorldTour<br />
44 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
existentes, de 30 atletas, para 22?<br />
A implementarem-se estas regras, serão nada mais, nada menos<br />
144 os ciclistas que terão que procurar novo destino, mas a<br />
reforma não termina aqui.<br />
Está prevista uma subdivisão WorldTour, denominada 1A, formada<br />
por 16 equipas e 1B, esta com oito equipas.<br />
As equipas 1A estão ainda obrigadas a constituir equipas<br />
de “formação”, já hoje existentes em algumas das mesmas,<br />
as quais são denominadas por inscrição, como equipas<br />
Continentais.<br />
Que fórmula é esta e que benefício trará?<br />
No futuro veremos.<br />
O número total de competições no calendário anual também<br />
pretende ser motivo de revisão pela UCI.<br />
A tentativa de diminuir o número de etapas nas três grandes<br />
Voltas não adquire consenso (e ainda bem), mas ainda assim,<br />
a entidade reguladora, propõe a diminuição do número de<br />
competições, de 154 atualmente existentes, para 120 dias de<br />
competição WorldTour.<br />
Obviamente, uma vez mais a identidade da modalidade está<br />
em causa, face ao aparente contrassenso desta m<strong>ed</strong>ida, se<br />
tivermos em consideração que as competições pertencentes<br />
às categorias 2.1, 2.2 e 2.12 estão a extinguir-se, particularmente<br />
devido aos custos, inerentes á organização de uma<br />
competição velocipédica.<br />
O Ciclismo é uma modalidade dependente de patrocinadores,<br />
os quais são proporcionados por empresas, que veem as suas<br />
faturações variar de acordo com o poder de<br />
compra dos consumidores.<br />
A exposição às variações do mercado é portanto total, mas<br />
também vital.<br />
“Hoje, também no ciclismo o dinheiro é o mais importante e<br />
a manutenção ou a permanência das equipas nas respetivas<br />
categorias é exclusivamente ditada pela maior ou menor<br />
capacidade financeira, o que não contribuí para que as<br />
oportunidades de trabalho e de futuro...”<br />
Em relação ao futuro, existe porém uma certeza, iremos todos<br />
continuar a aplaudir e a jubilar com as façanhas dos nossos<br />
heróis, por todas as estradas do mundo.<br />
A estrutura do Ciclismo não é perfeita e de ano para ano<br />
são identificadas novas fragilidades, que refletem também a<br />
própria fragilidade da soci<strong>ed</strong>ade em que vivemos. Contudo<br />
a evolução não pode parar e cabe aos responsáveis, que tal<br />
como nós, também gostam de Ciclismo, tutelar o mesmo com<br />
a maior racionalidade possível.<br />
Viva o futuro e viva o Ciclismo.<br />
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“
Treinadores<br />
de Futebol<br />
e Mídia<br />
Roberto Braga, Graduado em Educação Física, Mestre em Ciência da Motricidade<br />
Coordenador P<strong>ed</strong>agógico - Universidade do Futebol e coordenador<br />
de um clube de futebol<br />
J<br />
á<br />
“Mas... vai ser diferente? Vai ser diferente? Se não der certo é o normal<br />
que vai acontecer, eu tenho que estar preparado para isso, sou sab<strong>ed</strong>or<br />
disso, se eu convocar A, B ou C e não deu certo, mesmo que eu leve<br />
aquele que... o jornal deseja... que a televisão deseja... vai ser... o pau<br />
vai comer! Eu sei disso! Então, o que adianta tá agradando A, B ou C<br />
e eu ter dor de barriga? Não tenho dor de barriga, convoco quem eu<br />
quiser e se está errado vocês façam aquilo que vocês acharem que tem<br />
que fazer, pronto.”<br />
(Luis Felipe Scolari, Ex-treinador da Seleção Brasileira de Futebol,<br />
respondendo a um jornalista sobre se temia sofrer críticas devido a não<br />
convocação de um jogador para a Copa das Conf<strong>ed</strong>erações de 2013).<br />
não é possível dissociar o esporte contemporâneo dos meios<br />
de comunicação de massa”, esta frase do pesquisador brasileiro<br />
Mauro Betti do ano de 1998 já apresentava a importância<br />
da mídia na promoção, divulgação e porque não dizer, na<br />
existência do esporte em nossa soci<strong>ed</strong>ade.<br />
No século XXI esta relação se tornou ainda mais próxima, rádios,<br />
aparelhos de televisão, telefones, computadores e outros<br />
diversos equipamentos fazem a m<strong>ed</strong>iação da nossa relação<br />
com o fenômeno esportivo. Prova disso é observar que muitas<br />
vezes no próprio local da disputa, pessoas conferem replays,<br />
resultados e outras informações esportivas através de seus dispositivos<br />
móveis.<br />
No topo desta relação está o futebol, para ser ter ideia, segundo<br />
a FIFA aproximadamente um bilhão de pessoas assistiram pela<br />
televisão o espanhol Andrés Iniesta marcar na prorrogação<br />
o gol que deu a vitória para a Espanha na final da Copa do<br />
Mundo em 20<strong>10</strong>, em contrapartida, apenas 84.490 pessoas<br />
acompanharam o jogo in loco.<br />
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“...passou de exclusividade dos jogadores:<br />
“Santos de Pelé”, “Portugal de Eusébio” para<br />
dividir-se com os treinadores através de expressões<br />
como “O Porto de Mourinho” ou o<br />
“Barcelona de Guardiola”.<br />
Mas não é apenas isso, a relação entre mídia e futebol não se encerra<br />
na transmissão do jogo, pelo contrário, mesas r<strong>ed</strong>ondas, análises táticas,<br />
debates, entrevistas, bastidores e outros diversos momentos relacionados ao<br />
contexto futebolístico são materiais a serem veiculados como subproduto das<br />
partidas, com o objetivo claro de aumentar a audiência e despertar o interesse<br />
do espectador.<br />
Neste sentido, um dos atores que adquiriram relevância neste contexto a partir<br />
do século XXI é o treinador de futebol. É possível perceber isto de várias<br />
formas, seja pelas transmissões ao vivo, que possuem câmeras que captam<br />
todas as reações do treinador durante o jogo, seja através da obrigatori<strong>ed</strong>ade<br />
contratual dos treinadores conc<strong>ed</strong>erem entrevistas antes e depois dos jogos<br />
em grandes campeonatos, seja pelo sentimento de pertencimento das equipes,<br />
que passou de exclusividade dos jogadores: “Santos de Pelé”, “Portugal<br />
de Eusébio” para dividir-se com os treinadores através de expressões como<br />
“O Porto de Mourinho” ou o “Barcelona de Guardiola”.<br />
É importante destacar que a mídia possui<br />
papel central nessa relação, pois é através<br />
dela que o público tem contato com o<br />
complexo trabalho diário do treinador de<br />
futebol. Por outro lado, além da capacidade<br />
de planejar, aplicar e avaliar o treinamento<br />
desportivo o treinador também seja<br />
obrigado a desenvolver capacidades de<br />
liderança e relacionamento, entre as quais<br />
trabalho com a mídia se destaca.<br />
Tamanha é a importância deste tema que,<br />
em um estudo com treinadores do campeonato<br />
Brasileiro da Série A, os mesmo<br />
destacaram a relação com a mídia como<br />
sendo uma das cinco maiores dificuldades<br />
do trabalho diário. Isso porque<br />
os treinadores confrontam-se a todo o<br />
momento com o poder da mídia, de onde<br />
chega e parte o reconhecimento social e<br />
atribuição (ou não) de prestígio por sua<br />
competência. Isso fez com que surgisse<br />
uma nova profissão no futebol, o mídia<br />
training, profissional responsável por auxiliar<br />
treinadores e jogadores a desenvolver<br />
capacidade de comunicação com este<br />
setor.<br />
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Este complexo contexto é potencializado<br />
pelas constantes análises e adjetivações<br />
por parte da mídia esportiva,<br />
seja pela emoção decorrente dos<br />
jogos ou pela análise dos resultados<br />
esportivos. Contudo, muitas vezes<br />
esta se torna superficial à m<strong>ed</strong>ida que<br />
os jornalistas dispõe de um número<br />
limitado de informações da realidade<br />
presente no dia-a-dia de um clube de<br />
futebol.<br />
Além disso, é preciso entender as<br />
importantes diferenças existentes na<br />
dinâmica do trabalho dos treinadores<br />
de futebol e dos jornalistas esportivos.<br />
Enquanto os treinadores preparam<br />
sua equipe visando um rendimento<br />
futuro, ou seja, o que esperam que<br />
irão encontrar no jogo, os agentes da<br />
mídia esportiva analisam o passado,<br />
através dos resultados apresentados<br />
após estas tomadas de decisão. Esta<br />
relação permite que, quando as coisas<br />
não acontecem como o planejado,<br />
devido as condicionantes do próprio<br />
jogo, os treinadores sejam avaliados<br />
de forma negativa.<br />
Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu<br />
em um cenário profissional adequado<br />
apenas os pares deveriam analisar<br />
as competências profissionais, contudo<br />
os jornalistas o fazem mesmo<br />
não pertencendo a este campo, com<br />
a autoridade que a mídia e o senso<br />
comum lhe conferem.<br />
Deste modo, para uma atuação mais<br />
precisa possível os jornalistas devem<br />
livrar-se de suas convicções pessoais,<br />
buscando uma análise imparcial e o<br />
mais embasada possível para compreender<br />
o trabalho e as tomadas de<br />
decisão dos treinadores de futebol.<br />
Por outro lado os treinadores devem<br />
ser capazes de romper as barreiras<br />
criadas através de receio que<br />
possuem sobre terem seu trabalho<br />
constantemente analisado, para que<br />
possam explicar de forma clara os<br />
motivos de suas decisões, reconhecendo<br />
quando as mesmas não surtem<br />
o efeito esperado.<br />
Essa aproximação é fundamental para<br />
uma relação mais honesta e justa,<br />
fazendo com que o grande público<br />
possa entender melhor o trabalho<br />
diário do treinador de futebol e seja<br />
capaz de ir além de análises superficiais.<br />
Isso pode impactar inclusive em<br />
uma nova relação entre o treinador<br />
e os adeptos, favorecendo o desenvolvimento<br />
de projetos esportivos<br />
que vão para além dos julgamentos<br />
advindos através dos resultados de de<br />
curto prazo.<br />
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Alexandre Monteiro<br />
Especialista em Decifrar Pessoas<br />
sou@pessoab.pt<br />
linguagemcorporal.blogs.sapo.pt<br />
Nº1 Nacional a partilhar a Linguagem<br />
Corporal para todos.<br />
Linguagem Corporal -<br />
Treinadores<br />
mais Poderosos<br />
Emitimos sinais mesmo quando pensamos<br />
que não estamos a ser observados ou então<br />
nem reparamos que adotamos certos gestos<br />
e posturas que nos denunciam de uma forma<br />
óbvia como nos comportamos m<strong>ed</strong>iantes as<br />
diversas situações.<br />
Em todas as interações do nosso dia-a-dia existe uma<br />
“luta” inconsciente e maior parte das vezes silenciosa<br />
pelo domínio e é esta “luta” que define como irá<br />
decorrer a interação entre duas ou mais pessoas, é assim<br />
que de forma inconsciente percebemos quem é<br />
verdadeiramente o líder, quem tem mais poder de escolha,<br />
quem decide, quem orienta e muitas vezes se é<br />
competente.<br />
Existem situações como o liderar e gerir equipas, onde<br />
tem de ser dominante, mais importante até do que<br />
ter todos os conhecimentos sobre um determinado<br />
tema, sendo que dominante não é ser um ditador, ser<br />
dominante é ser percebido como aquele em quem pode<br />
confiar para decidir o caminho e que o protege. Nada<br />
serve ter muito conhecimento sobre um determinado<br />
tema se as pessoas não confiam ou não gostam do líder,<br />
é essencial que o outro o veja como líder para que toda<br />
a competência que tenha possa ser recebida da melhor<br />
forma.<br />
Através da linguagem<br />
corporal pode ler<br />
as pistas que as<br />
pessoas deixam<br />
escapar consciente<br />
ou inconsciente, seja<br />
eles, um gesto, um<br />
tique, uma postura,<br />
um movimento ou<br />
uma expressão facial<br />
para depois delinear<br />
o modo de interação<br />
com essa pessoa ou<br />
equipa.<br />
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Quando não olha nos olhos,<br />
as pessoas tem tendência a desconfiar de si, a<br />
vê-lo como submisso, fraca autoestima, tímida e<br />
menos competente. O mesmo acontece com<br />
posturas fechadas, como braços e/ou pernas<br />
cruzadas dão uma imagem de m<strong>ed</strong>o, falta de<br />
confiança, desinteresse,<br />
aborrecimento e tédio<br />
Um treinador tem de ser um líder!<br />
Logo que inicia uma interação, os sinais<br />
começam desde logo a ser emitidos por<br />
todos os intervenientes de forma a dominarem<br />
ou a reconhecerem a submissão e aqui tem de<br />
estar muito atento aos sinais que cada um emite<br />
e aprender a interpretá-los para compreender de<br />
uma forma mais clara a dinâmica do grupo e saber<br />
como interagir e influenciar cada um. Na realidade<br />
através da linguagem corporal pode ler as pistas<br />
que as pessoas deixam escapar consciente ou<br />
inconsciente, seja eles, um gesto, um tique, uma<br />
postura, um movimento ou uma expressão facial<br />
para depois delinear o modo de interação com essa<br />
pessoa ou equipa.<br />
P<br />
orque deve dominar?<br />
Dominar é a manifestação do sistema límbico<br />
“resposta de luta”, mesmo que raramente<br />
esteja em situações que exijam uma luta real,<br />
usar a nosso domínio é como usar o corpo para<br />
demonstrar Liderança, confiança, profissionalismo,<br />
cr<strong>ed</strong>ibilidade, reprender ou intimidar alguém ou<br />
para ser percebidos como mais interessantes e<br />
competentes.<br />
Ser dominante evita que nos percebam como<br />
“alvos” fáceis para manipular ou como fáceis de<br />
controlar e ser submisso é exatamente o oposto<br />
de domínio mostra a ausência da resposta “luta”,<br />
sendo que ser submisso numa interação, não é ser<br />
escravo ou incompetente, uma pessoa pode opta<br />
por ser submissa por decidir que a melhor hipótese<br />
de sobrevivência ou por entender que existe outra<br />
pessoa com mais qualidades e competência para<br />
definir o caminho, e assim não gera luta aceitando<br />
a pessoa que se afirma como dominante.<br />
Já pensou porque é que os<br />
“chefes” são aqueles que têm os<br />
escritórios maiores? Uma das<br />
manifestações dos dominantes<br />
é exigir mais espaço, é uma<br />
forma de demonstrar territorialidade,<br />
exigir mais espaço para<br />
eles é uma questão territorial,<br />
outra das formas de o demonstrar<br />
é o afastar dos pés, quanto<br />
mais afastados estiverem maior<br />
é a demostração de domínio. Os<br />
mais submissos, para não desafiar<br />
o dominante ocupam menos<br />
espaço, juntam os pés.<br />
Quero revelar-lhe agora quais<br />
os comportamentos não verbais<br />
que deve fazer e não fazer para<br />
ser percebido como mais líder<br />
e dominante perante a equipa e<br />
assim conseguir comunicar mais<br />
facilmente e obter melhores<br />
resultados.<br />
Lembre-se de que depois de<br />
se posicionar como líder a<br />
competência assume um papel<br />
importante, liderança sem<br />
competência também tem um<br />
efeito nefasto.<br />
Quando se dirige à equipa qual a<br />
distância entre os seus pés? e Qual a<br />
distancia entre os pés de cada atleta<br />
quando o ouvem?<br />
No mundo do futebol,<br />
encontramos muitos atletas líderes e com o ego<br />
elevado, o que imp<strong>ed</strong>e muitas vezes uma comunicação<br />
eficaz e eficiente, porque alguns acr<strong>ed</strong>itam de<br />
que não devem confrontar o dominante, pensando<br />
ser a melhor maneira interagir para obter melhores<br />
resultados, o que acontece é que nós temos tendência<br />
a gostar de pessoas iguais as nós e demosntra<br />
de submissão neste casos tem efeito contrário, para<br />
agradar um dominante deve exibir também comportamentos<br />
de domínio, senão é percebido como um<br />
banana, como se diz na gíria.<br />
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Não fazer contacto visual<br />
Quando não olha nos olhos, as pessoas tem<br />
tendência a desconfiar de si, a vê-lo como submisso,<br />
fraca autoestima, tímida e menos competente.<br />
Olhe mais nos olhos.<br />
Tal como as palavras os nossos olhos transmitem<br />
muitas mensagens. O forma como faz o contato<br />
ocular pode ajudá-lo ou prejudicá-lo. Se tem<br />
dificuldade no contato ocular vai enviar os sinais<br />
errados e ser visto ansioso, inseguro ou até como<br />
mentiroso, devido ao mito “ Quem não olha olhos<br />
nos olhos, está a mentir!”. Também não é pela<br />
quantidade de tempo ou intensidade que o faz que<br />
vai transmitir mais liderança, ao fazê-lo está a<br />
demonstrar insegurança.<br />
Para um bom contato ocultar deve olhar olhos nos<br />
olhos na proporção de 7 para 1, olhar durante 7<br />
segundos e desviar 1 segundo.<br />
Tal como os músculos, o contato ocular também<br />
pode e deve ser treinado, através de técnicas<br />
específicas.<br />
Má postura<br />
Postura curvada e ombros descaídos sinalizam<br />
falta de autoestima ou falta de confiança, tal como<br />
quando se senta na ponta da cadeira ou demasiado<br />
relaxado pode transmitir falta de compromisso.<br />
A postura é também uma forma de transmitir o<br />
nosso estado mental, se estamos chateados, temos<br />
uma postura caída mas se estamos alegres, todo<br />
o corpo desafia a gravidade. Tenha uma postura<br />
o mais direita possível e faça mais gestos com as<br />
mãos que desafiem a gravidade e maior parte dos<br />
mesmos à frente do umbigo.<br />
Um líder “não tem m<strong>ed</strong>o” e deve saber demonstrálo<br />
através da postura. Um líder não tem m<strong>ed</strong>o de<br />
que as pessoas venham falar com ele e por este<br />
motivo tem de adotar posturas abertas e acolh<strong>ed</strong>oras.<br />
Braços abertos com as mãos visíveis, os pés<br />
à distância de ombro um do outro, gestos com as<br />
mãos amplos, ombros para trás e costas direitas.<br />
de sobrevivência ou por entender que existe outra<br />
pessoa com mais qualidades e competência para<br />
definir o caminho, e assim não gera luta aceitando<br />
a pessoa que se afirma como dominante.<br />
Aperto de mão fraco<br />
O aperto de mão normalmente é o primeiro contacto físico entre<br />
duas pessoas. Um aperto de mão fraco pode indicar a falta de três<br />
características fundamentais às interações humanas; Confiança,<br />
ligação e cr<strong>ed</strong>ibilidade. Por outro lado, um aperto de mão muito<br />
apertado pode indicar agressividade e necessidade de afirmação.<br />
Faça o aperto de mão firme e com a mão na vertical.<br />
90% das interações entre duas pessoas começam com um aperto de<br />
mão. Saber fazer um bom aperto de mão e saber “ler” um aperto de<br />
mão dá-lhe uma vantagem competitiva, pode transmitir mais confiança,<br />
ligação, cr<strong>ed</strong>ibilidade e ainda pode ler quais as boas ou más<br />
intenções da outra pessoa em relação a si.<br />
Um bom aperto de mão deve ser firme, colocar a mão na vertical e<br />
exercer a mesma força que outra pessoa.<br />
Saber como fazer um aperto de mão corretamente é uma habilidade<br />
que requer o conhecimento de técnicas que o ajudam a parecer mais<br />
Líder, seguro, cr<strong>ed</strong>ível, carismático e também como contrariar o<br />
domínio subconscientes exercido por outras pessoas.<br />
Gestos cruzados<br />
Braços e pernas cruzadas dão uma imagem de m<strong>ed</strong>o, falta de confiança,<br />
desinteresse, aborrecimento e tédio. As posturas abertas, com<br />
braços abertos e pernas um pouco afastadas, ajudam a obter uma<br />
melhor avaliação por parte das outras pessoas, emitindo assim uma<br />
imagem de confiança, autoridade e competência.<br />
Braços cruzados, pernas cruzadas, mãos à frente dos genitais, mãos<br />
nos bolsos, olhar para baixo são vistos como gestos de submissão,<br />
m<strong>ed</strong>o ou insegurança.<br />
Roer as unhas, mexer no cabelo, tiques<br />
Este tipo de movimentos, roer as unhas, mexer no cabelo, ter uma caneta na mão e estar constantemente a fazer o clique,<br />
pegar em clips, bater com os d<strong>ed</strong>os ou com os pés, brincar com elásticos, mexer nos anéis ou botões, são indicadores de<br />
nervosismo e falta de controlo, além de irritar e distrair as pessoas com que estamos a interagir, diminui em muito as nossas<br />
possibilidades de sucesso, é importante evitar este tipo de movimentos.<br />
Olhar para baixo<br />
Olhar para baixo enquanto faz uma apresentação, fala ou anda, indica depressão, tristeza e desconforto,<br />
emite uma imagem de falta de confiança. Olhe em frente com o queixo na horizontal.<br />
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“Postura curvada e ombros descaídos sinalizam falta de<br />
autoestima ou falta de confiança, tal como quando se<br />
senta na ponta da cadeira ou demasiado relaxado pode<br />
transmitir falta de compromisso. A postura é também uma<br />
forma de transmitir o nosso estado mental, se estamos<br />
chateados, temos uma postura caída mas se estamos<br />
alegres, todo o corpo desafia a gravidade.”<br />
Inclinação do corpo<br />
Se afasta o corpo da pessoa com quem está a conversar mostra desconforto,<br />
distração e até desinteresse. Se se aproxima demasiado poderá parecer agressivo.<br />
A inclinação deve ser para a frente e ligeira, mostra interesse e respeito<br />
por aquilo que está a ser dito.<br />
Mãos nos bolsos<br />
Colocar as mãos nos bolsos é percebido como uma procura de conforto, este<br />
gesto fá-lo parecer inseguro. Evite colocar as mãos nos bolsos, quando interage<br />
com os outros, é preferível cruzar os braços com os polegares visíveis.<br />
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Andar rápido<br />
Andar rápido transmite uma imagem de<br />
desorganizado, desesperado e inseguro.<br />
Não ande nem devagar, nem depressa,<br />
ambas as maneiras são prejudiciais para a<br />
sua imagem. Ande descontraído e direito.<br />
Sorria mas não ria<br />
Rir demasiado vais fazer pode ser percebido<br />
como menos competente, deve sorri<br />
no incio e no fim das interações<br />
Quanto mais “presa” parecer, mais<br />
“pr<strong>ed</strong>adores” irá ter!<br />
A linguagem corporal é uma parte fundamental<br />
na imagem de Liderança, mas<br />
esquecemo-nos demasiadas vezes da sua<br />
importância e não lhe damos a devida<br />
importância.
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Futebol,<br />
Matemática e Lógica<br />
Mitos vs Realidade: Porque<br />
muito do que nos parece<br />
intuitivo é mentira?<br />
Diogo Sampaio, Director Desporto&<strong>Esport</strong> d_sampaio@desportoeesport.com<br />
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Esqueça (quase)<br />
tudo o que pensa<br />
saber sobre futebol<br />
A realidade é um lugar<br />
muito mais estranho do<br />
que parece…<br />
As regras do futebol dentro das quatro linhas são<br />
tão simples quanto podem ser. Esta foi sempre uma<br />
das principais razões para o seu sucesso, e de se ter<br />
tornado no presente século, no maior espetáculo<br />
do mundo, como o mais de um milhar de milhão de<br />
espetadores na final do mais recente campeonato<br />
do mundo tão bem o demonstra. O jogo, na relva,<br />
tornou-se mais físico e mais tático nos últimos trinta<br />
anos, mas na essência permanece o mesmo. Quem<br />
marca mais golos soma mais vitórias, e o êxito<br />
aparece para as equipas quem tem os melhores<br />
jogadores. Por sua vez, os melhores jogadores estão<br />
nas equipas com maior poder de compra, e que em<br />
cada nova época mais investem. Os bons treinadores<br />
são aqueles que colocam as suas equipas a defender<br />
bem e a atacar melhor ainda. E, é na Europa que se<br />
joga e se jogará por muitos anos o melhor futebol.<br />
Tudo isto parece a mais indesmentível das verdades,<br />
mas a realidade dos números desmonta e desmente<br />
muitas destas afirmações. O futebol é muito mais<br />
complexo e contraditório do que a grande maioria<br />
de nós pensa, e usar apenas a lógica e o senso<br />
comum para o compreender, inevitavelmente gera<br />
conclusões erradas. Nas próximas páginas, e recorrendo<br />
a muitos dos dados recolhidos e analisados<br />
por diversos estudos científicos, em especial os<br />
trabalhos realizados por Symon Kuper e Stefan<br />
Szymaski e compilados no livro Soccernomics e do<br />
portal Observatório do Futebol, iremos desmontar<br />
muitas das ideias “pre-contruídas” e aparentemente<br />
intuitivas do mundo do futebol, e que apesar da sua<br />
difusão e aceitação, estão totalmente em desacordo<br />
com a realidade.<br />
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Nenhum mercado de transferências no desporto<br />
movimenta tantas verbas, como a compra e venda<br />
de jogadores de futebol. Nem as modalidades de<br />
referências nos Estados Unidos, como a NBA ou<br />
a NFL, se aproximam dos números do “desporto<br />
Rei”. Desde 2013, e focando a nossa análise apenas<br />
nos campeonatos de referencia europeus, que<br />
o mercado de transferência movimenta mais de 2<br />
mil milhões de euros em média por ano. Os principais<br />
campeonatos, os chamados BIG5 (Inglaterra,<br />
Itália, Espanha, França e Alemanha), só em 2015<br />
gastou em novos jogadores para as suas equipas<br />
aproximadamente 2,61 mil milhões de euros,<br />
mostrado uma clara tendência de maior investimento,<br />
numa altura em que a grande maioria dos<br />
países do velho continente vive uma profunda<br />
crise económica. A que se soma ainda, muitos dos<br />
principais clubes estarem altamente endividados<br />
e muitos deles em falência técnica (passivo maior<br />
que ativo). Nem a entrada em vigor do Fair-play<br />
financeiro Uefa em 2009, tem alterado o “modus<br />
operandi” consumista (e irresponsável).<br />
O Real Madrid, o clube mais endividado clube<br />
do mundo, em 2013 voltou a bateu uma vez mais<br />
o record de maior transferência de sempre, ao<br />
desembolsar mais de <strong>10</strong>0 milhões de euros por<br />
Gareth Bale. Neymar, que se transferiu do Santos<br />
do Brasil para o Barcelona também em 2013,<br />
não ficou muito a dever a estes valores, como se<br />
tem vindo (aos poucos) a saber, numa transação<br />
polémica e que levou inclusive à saída de Sandro<br />
Rossel da presidência do clube catalão, por suposta<br />
invasão ao fisco.<br />
A ideia de que para vencer é preciso comprar<br />
muito (e sempre), está tão implementada nas<br />
direções dos clubes, e também nos adeptos, que<br />
poucos são aqueles que questionam se está é<br />
mesmo a melhor prática de gestão e aquela que<br />
ganha campeonatos. O senso comum diz-nos<br />
que sim. Os números, dizem de forma inequívoca<br />
o oposto: o valor líquido que um clube gasta<br />
em transferências de jogadores, tem muito<br />
pouca correlação com o lugar final da tabela<br />
classificativa.<br />
Os autores do livro Soccernomics, que mencionamos<br />
na introdução, debruçaram-se largamente<br />
sobre esta questão, e pelo estudo de 40 anos dos<br />
clubes ingleses entre 1978 e 1997, concluíram que<br />
o valor absoluto gasto em transferências por ano,<br />
faz apenas variar uns surpreendentes 16% a tabela<br />
classificativa final. Um valor que tem muito pouco<br />
significado, principalmente quando comparado,<br />
com o valor bruto investido pelos clube na massa<br />
salarial dos seus jogadores, e que explica 92% das<br />
classificações finais.<br />
Transferências:<br />
gastar muito é<br />
muito errado!<br />
Gastar 5 ou <strong>10</strong>0 milhões<br />
em novos jogadores, o<br />
resultado é o mesmo:<br />
Z e r o !<br />
A progressão salarial de um jogador no clube, seja ele da formação<br />
ou tenha sido adquirido já sénior, está intrinsecamente<br />
ligado ao seu valor e eficiência dentro das quatro linhas. O<br />
mercado de transferências é por sua vez, bem menos eficiente,<br />
até porque, se não bastasse, hoje o futebol é um negócio que<br />
alimenta muitas bocas - fundos de investimento, agentes dos<br />
jogadores, os próprios jogadores e até os dirigentes têm muito a<br />
ganhar com transferências milionárias, criando totais bizarrias,<br />
com jogadores a serem transferidos por duas a três vezes (se<br />
não mais), o seu real valor, que por conseguinte, não tem depois<br />
correspondência no terreno de jogo e dentro das 4 linhas.<br />
Porque as transferências falham tanto? Curiosamente,<br />
é bastante simples de explicar. O risco das decisões, para quem<br />
as toma, é sempre nulo. Nenhum dirigente usa o seu próprio<br />
dinheiro. Se a contratação falhar, revende-se o jogador, e se no<br />
pior dos casos, a sua contratação for só prejuízo, é o clube que<br />
fica endividado. Nos clubes, em que a compra e venda de jogadores<br />
são do encargo do treinador, esta tarefa está ainda mais<br />
sujeita a erros, e o risco, para o bolso dos técnicos, é o mesmo,<br />
zero. Desportivamente, o risco também não é assim tão elevado,<br />
e convivem com ele muito pouco tempo, afinal, como nos apontam<br />
os dados, em média, os técnicos permanecem no mesmo<br />
clube ininterruptamente, por apenas 3 anos.<br />
O Mundial e o Euro, ainda são as grandes montras de jogadores.<br />
A realidade, no entanto, mostra quão errada é esta forma de<br />
pensar. Como tão bem explicou Sr. Alex Fergunson depois de<br />
se aposentar do Man. Unit<strong>ed</strong>: “Eu sempre fui cuidadoso com<br />
a compra jogadores tendo por base os grandes torneios. Eu fiz<br />
isso em 1996, após o campeonato da Europa, com Jordi Cruyff<br />
e Karel Poborský. Ambos foram excecionais naquele europeu,<br />
mas eu nunca recebi a mesma qualidade exibicional que eles<br />
tiveram com as camisolas dos seus países naquele verão de 96.<br />
Eles não foram más compras, mas às vezes os jogadores super<br />
motivados pelas grandes competições, atingem performances<br />
superiores à sua média”.<br />
Pela análise de 40 anos dos clubes ingleses entre 1978 e 1997,<br />
concluíram que o valor absoluto gasto em transferências por ano,<br />
faz apenas variar uns surpreendentes 16% a tabela classificativa<br />
final. Um valor que tem muito pouco significado, principalmente<br />
quando comparado, com o valor bruto investido pelos clubes na<br />
massa salarial dos seus jogadores, e que explica 92% das classificações<br />
finais.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 61
O técnico escocês também<br />
avisa que a amostra de jogos<br />
nos grandes torneios é sempre<br />
muito pequena e como tal,<br />
extremamente enganadora. O<br />
médio dinamarquês John Jensen<br />
é disso o melhor exemplo.<br />
Campeão da europa em 92 e<br />
ainda faturou na final, quando a<br />
Dinamarca surpreendeu e levou<br />
para casa a taça, de um torneio<br />
que a principio nem se tinha<br />
classificado. Ele transferiu-se<br />
para o Arsenal. Foi apresentado<br />
com elevadas expetativas, e<br />
foi dito à imprensa que estava<br />
ali “um médio com faro para<br />
o golo”. Mas, se as expetativas<br />
eram grandes a desilusão<br />
foi bem maior. Nos quatro<br />
anos que esteve nos Gunners.<br />
Marcou à média de um golo por<br />
época, e acabou por se tornar<br />
na chacota dos adeptos, que<br />
após a sua saída estamparam<br />
nas suas T-shirts: “Eu estava lá<br />
quando John Jensen marcou”.<br />
Estas contratações encaixam<br />
no que o livro Moneyball (que<br />
revolucionou o Basebol nos<br />
EUA) chama “tendência para<br />
ser excessivamente influenciado<br />
pelo desempenho mais recente<br />
de um indivíduo: o que ele fez<br />
da última partida não é necessariamente<br />
o que ele irá fazer a<br />
seguir”.<br />
Para piorar, existe sempre o<br />
país que está “na moda”. Se é<br />
certo que o Brasil e Argentina<br />
são duas nações que nunca<br />
saem do primeiro lugar de<br />
scouting, outras existem, que de<br />
tempos a tempos, todos os holofotes<br />
estão sobre elas e despertam<br />
a atenção dos clubes e os<br />
seus preços sobem em flecha.<br />
Nesta lista já estiveram<br />
os franceses e os<br />
alemães, os holandeses<br />
dominaram<br />
os anos noventa<br />
- Giovanni van<br />
Bronckhorst<br />
passou dos<br />
Rangers para o<br />
Arsenal, e quando<br />
não rendeu nos<br />
Gunners, foi para…<br />
o Barcelona. Fosse ele<br />
de qualquer outra nacionalidade,<br />
iria de volta para<br />
um clube de segunda linha.<br />
Como Alex Bellos escreveu em<br />
“Futebol: O Brasil em campo”:<br />
“É triste dizer, mas é muito<br />
Nenhum<br />
dirigente usa o<br />
seu próprio dinheiro. Se a<br />
contratação falhar..<br />
Não há risco! Só o<br />
clube perde.<br />
facil, por exemplo, vender<br />
um brasileiro sem qualidade<br />
do que um mexicano brilhante.<br />
O brasileiro chega<br />
através da imagem de felicidade,<br />
de festa e de carnaval.<br />
Independentemente do seu<br />
talento, é muito s<strong>ed</strong>utor para um<br />
clube ter um brasileiro na sua equipa”.<br />
Existem também características<br />
físicas individuais dos atletas que<br />
acabam por ter uma preponderância<br />
superior que às suas capacidades<br />
futebolísticas.<br />
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Os grandes clubes Ingleses adoram futebolistas<br />
Loiros – racismo ou incompetência? Um grande<br />
clube inglês notou que os seus “olheiros” quando assistiam<br />
a jogos das camadas jovens, por norma recomendavam<br />
uma percentagem muito marcante de futebolistas loiros. A<br />
razão para isso acontecer é bastante simples: num campo de<br />
22 futebolistas, os jovens com cabelo loiro destacavam-se<br />
(exceto na Escandinávia). A cor chama a atenção. Depois<br />
do clube em questão se aperceber desta situação, passou<br />
a tomar precauções extra ao ler os relatórios dos observadores.<br />
O mesmo foi notado no beisebol, por exemplo na<br />
equipa de Oakland, em que atletas de aparência e rosto<br />
semelhante ao da antiga estrela da equipa Billy Beane eram<br />
supervalorizados.<br />
Este fenómeno não é mais do que normalmente é designado<br />
por “heurística de disponibilidade”: um p<strong>ed</strong>aço da<br />
informação destaca-se, e por isso influencia a decisão,<br />
muitas vezes decisivamente e em detrimento de outros<br />
fatores. Isto só vem reforçar ainda mais, como é subjetivo<br />
o mercado de transferências e como o erro lado a<br />
lado com a decisão certa.<br />
O fator humano também não pode ser negligenciado, principalmente<br />
pelos próprios clubes, o que nem sempre acontece,<br />
e com consequências negativas. O futebolista é antes<br />
de mais um homem, e transferir-se de um clube para outro,<br />
acarreta quase sempre alterações drásticas na sua vida,<br />
mudança de cidade, de país e até de continente. Encontrar<br />
uma nova casa, mover a família e encontrar novas escolhas<br />
para os filhos são tarefas sempre muito stressantes, e isto,<br />
sem abordar sequer a adaptação tática e aos novos colegas<br />
de equipa (para além da língua, dos novos costumes e da<br />
necessária perda de hábitos antigos – e o ser humano é<br />
um animal de costumes). Muitas transferências falham, ou<br />
ficam há quem do esperado, porque no futebol moderno<br />
não há tempo, nem mesmo tempo para que o futebolista se<br />
adapte ao novo clube e à sua nova forma de vida.<br />
Um grande clube inglês notou que os seus “olheiros” quando<br />
assistiam a jogos das camadas jovens, por norma recomendavam<br />
uma percentagem muito marcante de futebolistas loiros. A razão<br />
para isso acontecer é bastante simples: num campo de 22<br />
futebolistas, os jovens com cabelo loiro destacavam-se.<br />
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Transferências: a<br />
“abstinência” é a solução?<br />
Como o Barcelona entendeu que o<br />
mercado não funciona, e isso o tornou no<br />
maior clube do mundo<br />
Nem no sexo nem no futebol, a<br />
abstinência não é a solução. Mas<br />
existem diversos clubes que já<br />
entenderam a sua ineficácia, e tentam<br />
evitar recorrer a ele o mais que<br />
podem. O caso mais m<strong>ed</strong>iático é o<br />
do Barcelona. Obviamente, mesmo<br />
o clube catalão gasta verbas significativas<br />
no seu plantel, olhe-se para<br />
o jogador Neymar e o quanto custo<br />
adquirir o seu passe ao Santos, mais<br />
de <strong>10</strong>0 milhões de euros. Mas, em<br />
2011 o Barcelona treinado por Pep<br />
Guardiola foi campeão europeu com 7<br />
jogadores das suas academias no onze<br />
titular, e com apenas um investimento<br />
de 70 milhões de euros no mercado<br />
de transferências.<br />
Em 2009, Joan Oliver – o CEO do<br />
Barcelona, conc<strong>ed</strong>eu uma entrevista<br />
a meios de comunicação ingleses, em<br />
que afirmou que o objetivo do Barça<br />
é “ter um das melhores planteis do<br />
mundo, se não mesmo o melhor, sem<br />
ter de gastar X milhões em novos<br />
atletas (todos os anos)”.<br />
A ideia do Barcelona vai contra a<br />
política atual de gestão dos grandes<br />
clubes europeus, que todos os anos<br />
procuram novas estrelas para suprir<br />
as deficiências dos seus planteis,<br />
e para satisfazer a ansia de novos<br />
craques dos adeptos. Durante anos, a<br />
equipa catalã fez o mesmo, mas com<br />
a chegada à presidência do clube de<br />
Joan Laporta em 2003, o paradigma<br />
mudou, pretendendo alicerçar-se<br />
mais nas peculiaridades do clube e<br />
na região onde se insere - inclusive<br />
fazer-se valer dos sentimentos separatistas<br />
que existem na Catalunha em<br />
relação a Espanha. “Esta imagem significa<br />
muito para os fãs do clube. Eles<br />
são tão felizes ao verem os meninos<br />
da terra como Sergio Busquets (filho<br />
de um ex-guarda-r<strong>ed</strong>es do clube)<br />
ou Gerard Piqué (neto de um diretor<br />
Barça) como uma grande estrela<br />
estrangeira… este sentimento foi<br />
fundamental para que o Barcelona<br />
desinvestisse em transferências e na<br />
sua vez, fosses as crianças a ocupar<br />
este lugar”.<br />
Guardiola foi elogiado pela sua<br />
vontade de fazer jogar adolescentes<br />
na primeira equipa, mas ele pode<br />
fazê-lo porque a multidão de fãs do<br />
64 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Há clubes que<br />
já entenderam a<br />
ineficácia do mercado.<br />
O Barcelona é o mais<br />
m<strong>ed</strong>iático.<br />
do Barcelona apoiou a<br />
essa política. Oliver disse<br />
que a dependência do academia<br />
do clube - o Masia, “Não é apenas uma<br />
estratégia económica. É parte da identidade<br />
do clube “. Crescer e ganhar com os<br />
seus próprios jogadores aumenta a marca<br />
Barcelona em Espanha e no Mundo.<br />
“Quando compras, tens de comprar jogadores<br />
Top<strong>10</strong> mundiais, que garantem que o<br />
dinheiro foi bem gasto”.<br />
No entanto, nem todos os clubes têm<br />
capacidade para criar e manter grandes<br />
jogadores nos seus planteis. Melhor que<br />
a abstinência é apostar no mercado de<br />
transferências de forma bem racional e planeada.<br />
O Olympique de Lyon é o melhor<br />
exemplo das últimas décadas.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 65
A lição<br />
do Lyon<br />
A caminhada de um clube<br />
menor ao domínio do<br />
futebol francês<br />
Lyon é uma cidade de média dimensão<br />
europeia, com cerca de 500<br />
mil habitantes, situada a oeste dos<br />
Alpes e rodeada por rios e montanhas.<br />
Uma cidade rica, de classe<br />
média alta, ótimos restaurantes e<br />
belos <strong>ed</strong>ifícios, a que se soma ainda,<br />
um clima europeu agradável e uma<br />
paisagem acolh<strong>ed</strong>ora. O sonho de<br />
qualquer europeu. Até 1987, poderse-ia<br />
viver nesta bela cidade francesa<br />
sem saber que existia futebol.<br />
O clube local, o Olympique Lyon,<br />
vivia sem personalidade ou ambição<br />
e arrastava-se pelas divisões inferiores<br />
do campeonato francês, com<br />
orçamentos anuais, pouco acima dos<br />
2 milhões de euros. Mas, em apenas<br />
cinco anos, tudo mudou, e de 2002 a<br />
2008, o Lyon dominou totalmente o<br />
principal campeonato francês, com<br />
7 títulos de enfiada. O que mudou?<br />
A chegada de um novo presidente,<br />
Jean-Michel Aulas e uma nova<br />
estratégia para o mercado de transferências<br />
internacional.<br />
Aulas, um empreend<strong>ed</strong>or de<br />
software local, acr<strong>ed</strong>ita que “a<br />
curto prazo pode-se perder uma<br />
partida, mas no longo prazo, há<br />
uma racionalidade, até mesmo<br />
para futebol”. A estratégia correta<br />
leva à vitória!<br />
O então novo presidente, entendeu<br />
que os habitantes de Lyon, estariam<br />
dispostos a comprar bilhetes e ir<br />
apoiar a equipa, caso as coisas corressem<br />
bem. E, dada a boa condição<br />
económica dos seus potenciais adeptos,<br />
estariam inclusive dispostos a<br />
despender uma boa verba, não só<br />
para ver o jogo mas também para<br />
adquirir diversos extras que ele queria<br />
disponibilizar no estádio, e isto<br />
a um bom preço, podendo angariar<br />
assim mais recursos financeiros<br />
para a construção e crescimento da<br />
equipa. “A maioria dos fãs de futebol<br />
em todos os lugares são mais<br />
semelhantes a consumidores do que<br />
a crentes religiosos: se eles poderem<br />
obter uma melhor experiência num<br />
lugar novo, eles vão lá”, afirmou<br />
Aulas em entrevista em 2009 ao<br />
France Football.<br />
Os adeptos antes dos jogos passaram<br />
a poder cortar o cabelo em<br />
salões de beleza, a reservar as ferias<br />
em agencias de viagem ou a jantar<br />
em restaurantes de luxo, entre outras<br />
atividades. Para além disso, Aulas<br />
sabia que se as coisas não corressem<br />
bem logo no início, que o perfil<br />
dos adeptos do Lyon não faria com<br />
que estes perdessem im<strong>ed</strong>iatamente<br />
a paciência e que ao primeiro mau<br />
resultado, recorressem ao assobio<br />
e a p<strong>ed</strong>ir mudanças de jogadores<br />
e do próprio técnico. Dando assim<br />
tempo para uma construção gradual<br />
e consistente do clube.<br />
As características da cidade, e o<br />
seu relativo isolamento, também<br />
contribuiu para que jogadores de<br />
maior nomeada e aparentemente<br />
inacessíveis, aceitassem assinar<br />
contrato com o então modesto<br />
Lyon. E, este foi o principal<br />
segr<strong>ed</strong>o do sucesso: uma<br />
abordagem racional ao mercado<br />
de transferências, assente em<br />
princípios bem definidos.<br />
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As regras da transferência de<br />
Lyon impostas por Aulas:<br />
Utilizar a “sab<strong>ed</strong>oria das multidões”.<br />
Quando Lyon ponderava assinar com<br />
um jogador, um grupo de homens<br />
sentava-se para debater a transferência.<br />
Da reunião também estava presente<br />
o técnico principal do clube mas não<br />
era dele, ou pelo menos, não apenas<br />
dele a decisão final. “Nós formavamos<br />
grupos para discutir as novas<br />
contratações”, explicou Aulas. “Na<br />
Inglaterra, o técnico faz isso sozinho.<br />
Em França, é frequentemente ser<br />
apenas o diretor técnico (a tomar estas<br />
decisões). “<br />
O método de Lyon para a escolha de<br />
jogadores é tão óbvia e inteligente que<br />
é surpreendentes todos os clubes não<br />
a usarem como sistema. A teoria da<br />
“sab<strong>ed</strong>oria das multidões” afiança que<br />
“agregando muitas e diferentes opiniões<br />
a partir de um grupo diversificado<br />
de pessoas, é mais propensos chegar-se<br />
à melhor opção do que optando apenas<br />
por uma pessoa, mesmo que essa pessoa<br />
seja um especialista”. A “sab<strong>ed</strong>oria<br />
das multidões” falha quando os<br />
componentes não são suficientemente<br />
diversificados. Este é frequentemente<br />
o caso nos desportos americanos. Mas<br />
no futebol europeu, as opiniões tendem<br />
a vir de muitos países diferentes, o que<br />
ajuda a garantir a diversidade.<br />
O método de Lyon para a escolha de jogadores<br />
é tão óbvia e inteligente que é surpreendentes<br />
todos os clubes não a usarem<br />
como sistema. A teoria da “sab<strong>ed</strong>oria das<br />
multidões” afiança que “agregando muitas<br />
e diferentes opiniões a partir de um grupo<br />
diversificado de pessoas, é mais propensos<br />
chegar-se à melhor opção do que optando<br />
apenas por uma pessoa, mesmo que essa<br />
pessoa seja um especialista”.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 67
A segunda regra do Lyon é: “o<br />
melhor momento para comprar um<br />
jogador, é quando ele está ainda a<br />
começar, no inicio dos seus vinte<br />
anos”. Seguindo as palavras de<br />
Aulas: “Nós compramos jovens<br />
jogadores com potencial que são<br />
considerados as melhores promessas<br />
do seu país, entre vinte e os vinte e<br />
dois anos idade. Isto contraria duas<br />
ideias pré-feitas no futebol: ou se<br />
compram jogadores feitos (entre os<br />
vinte e cinco a vinte e oito anos),<br />
ou se contratam ainda os atletas na<br />
adolescência (entre os dezasseis e<br />
dezoito anos). Mas, os primeiros são<br />
caros e longe da bolsa de um clube<br />
modesto como o Lyon e os segundos<br />
são uma aposta no escuro. Por<br />
definição, quando um jogador que é<br />
jovem ainda há muito pouca informação<br />
para julgá-lo convenientemente,<br />
e prever se ele terá qualidade<br />
como profissional. Aqui estão alguns<br />
venc<strong>ed</strong>ores da Bola de Ouro para<br />
melhor jogador na Copa do Mundo<br />
sub-17: Philip Osundo da Nigéria,<br />
William de Oliveira do Brasil, Nii<br />
Lamptey do Gana ou o escocês<br />
JamesWill. Todos eles foram jovens<br />
brilhantes mas desapareceram como<br />
adultos. No futebol, é inclusive um<br />
padrão bastante frequente.<br />
Estatisticamente, jogadores entre<br />
os 20 e os 22 anos, são 18% mais<br />
baratos que jogadores com idade<br />
superior, recebem salários mais<br />
baixos e têm uma maior margem<br />
de lucro quando vendidos. E, como<br />
era regra do Lyon, raramente<br />
p<strong>ed</strong>em premio de assinatura.<br />
Assim, a média do orçamento<br />
que o Lyon gasta nos jogadores<br />
fica pouco acima dos 30%. Em<br />
Inglaterra, esse valor é o dobro.<br />
A terceira regra é evitar comprar<br />
avançados centros para a equipa.<br />
Esta posição é a mais cara no onze<br />
e aquela com menores índices de<br />
sucesso (compare-se à posição de<br />
guarda-r<strong>ed</strong>es, a menos valorizada,<br />
mas aquela em que o atleta dura<br />
mais anos no posto e frequentemente<br />
vale mais pontos quando comparada<br />
com qualquer outra posição).<br />
Com a exceção da compra de Sonny<br />
Anderson por verbas perto do 18<br />
milhões de euros em 1999, esta foi<br />
uma das regras de ouro Houllier<br />
quando deixou o Lyon em 2007<br />
reclamou à imprensa que, mesmo<br />
depois que o clube ter vendido<br />
Malouda e Eric Abidal para um total<br />
combinado de 45 milhões de euros,<br />
Aulas ainda assim não lhe comprou<br />
um avançado centro para o ataque.<br />
“Ajudar ao máximo os jogadores<br />
estrangeiros a adaptarem-se ao<br />
clube” é a quarta regra do Lyon.<br />
Muito do sucesso do clube francês<br />
se deveu a grandes jogadores brasileiros.<br />
Primeiro chegou o já mencionado<br />
Sonny Anderson, e depois<br />
apareceram os internacionais Cris,<br />
Juninho, Fr<strong>ed</strong> e Edmilson. Marcelo,<br />
ex-capitão do Lyon, tornou-se um<br />
agente muito importante para o<br />
clube francês e um interm<strong>ed</strong>iário de<br />
excelência. O clube depois fazia o<br />
resto, e esforçava-se para providenciar<br />
um serviço personalizado aos<br />
atletas recém chegados e facilitar ao<br />
máximo a sua integração na nova<br />
cidade e ao clube e a sua recém<br />
criada filosofia.<br />
Por último, vender quando a<br />
proposta for irrecusável. Aulas<br />
prontamente diz que a” compra<br />
e venda de jogadores não é uma<br />
atividade para melhorar o desempenho<br />
futebolístico. É uma atividade<br />
comercial, em o objetivo é<br />
produzir margem bruta positiva.<br />
Se uma oferta para um jogador<br />
é muito superior ao seu valor<br />
de mercado, não há razões para<br />
manter o atleta”. Os sentimentalismo<br />
devem ser um exclusivo dos<br />
adeptos!<br />
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Mais importante que o<br />
mercado de transferências:<br />
Estabilidade<br />
e Estrutura<br />
Demográfica<br />
no plantel<br />
Pela importância da massa salarial<br />
podemos extrapolar que a estabilidade<br />
é a chave do sucesso. E, os<br />
números suportam esta afirmação,<br />
ou pelo menos, mostram quão<br />
negativa é a instabilidade de um<br />
plantel para o sucesso. O observatório<br />
de CIES Football em “Club<br />
instability and its consequences”<br />
recolheu e analisou as variações<br />
dos planteis de 31 campeonatos da<br />
primeira divisão europeus desde<br />
2009 até 2015 e chegou a conclusões<br />
surpreendentes.<br />
Os estudos mostraram que o<br />
número de futebolistas<br />
recrutados em média por clube<br />
está em crescendo, e nunca foi<br />
tão alto como em 2013 e 2014. A<br />
variação é inclusivamente notável<br />
desde 2009, onde a percentagem<br />
se fixava em 36,6% de novos<br />
jogadores no plantel para os<br />
41,5% em 2015.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 69
A percentagem de novas contratações<br />
é ainda mais elevada<br />
na europa central, que renova<br />
quase metade da equipa em<br />
cada nova época, numa média<br />
por clube de 48,5%. Os clubes<br />
do sul da europa não ficam<br />
muito atrás com 45,5%. As percentagens<br />
diminuem consideravelmente<br />
quando analisados os<br />
números dos clubes do Norte da<br />
Europa e na Europa Ocidental,<br />
com 31,2% e 35,9%, respetivamente.<br />
Portugal está no pódio da<br />
instabilidade, e apenas somo<br />
ultrapassados pelo Chipre<br />
e Bulgária, e temos uma<br />
média de variação de novos<br />
jogadores de 50,4%. Temos<br />
3 clubes no top 50 dos que<br />
mais trocam jogadores por<br />
época (Boavista, Académica e<br />
Moreirense) e nenhum clube<br />
português figura nos 50<br />
planteis mais estáveis na<br />
europa.<br />
Qual é o impacto desportivo<br />
desta nova tendência<br />
para os clubes europeus?<br />
Desastrosa… a instabilidade<br />
nos planteis leva a derrotas<br />
sistemáticas, a piores classificações<br />
e mesmo à descida<br />
dos clubes, em que a troca de<br />
jogadores em cada época é mais<br />
acentuada<br />
As equipas mais bem classificadas,<br />
recrutaram em média<br />
apenas 38,5% de novos futebolistas<br />
para os seus planteis,<br />
enquanto as equipas que ocuparam<br />
os lugares do fundo da<br />
tabela, o percentual de novos<br />
jogadores foi de 43,8%.<br />
As equipas mais bem classificadas,<br />
recrutaram em média apenas<br />
38,5% de novos futebolistas<br />
para os seus planteis, enquanto<br />
as equipas que ocuparam os<br />
lugares do fundo da tabela, o<br />
percentual de novos jogadores<br />
foi de 43,8%.<br />
Esta análise mostra que a<br />
“sobre-actividade” no mercado<br />
de transferências não só não<br />
oferece nenhuma vantagem<br />
econômica, mas também tem<br />
um impacto negativo dentro das<br />
quatro linhas.<br />
Os números são ainda mais<br />
cruéis. 34, 3% das equipas,<br />
que entre 2009 e 2013, tiveram<br />
mais de 15 novos jogadores não<br />
jogaram na primeira divisão no<br />
ano seguinte. Uma probabilidade<br />
duas vezes maior que os<br />
clubes que assinaram entre 11<br />
a 15 novos atletas (17%), e três<br />
vezes maior que as equipas que<br />
contrataram menos de <strong>10</strong> futebolistas<br />
(<strong>10</strong>,6%).<br />
Entre 2009/<strong>10</strong> e 2014/15, os<br />
jogadores de finalistas da<br />
Liga dos Campeões estavam,<br />
em média, na equipe há 3,8<br />
anos. Este valor cai, para<br />
3,0 anos para os restantes<br />
clubes que participam na<br />
competição e apenas 2,3 anos<br />
para os clubes que não se<br />
conseguiram qualificar para<br />
a fase final da maior prova<br />
europeia.<br />
Por estes números, entendemos<br />
facilmente, que a estabilidade<br />
dá aos clubes uma vantagem<br />
competitiva<br />
sobre as equipes<br />
rivais, seja em a<br />
nível desportivo<br />
(melhores resultados<br />
a médio<br />
e longo prazo)<br />
ou no carácter<br />
económico (lançar<br />
carreiras de jogadores<br />
formados pelos<br />
clubes e gerando receitas<br />
através da sua transferência).<br />
A estabilidade dos planteis é<br />
um fator tão decisivo para o<br />
futebol jogado pelas equipas<br />
que já são muitas as vozes, que<br />
As equipas mais<br />
bem classificadas,<br />
recrutaram em média<br />
apenas 38,5% de<br />
novos futebolistas<br />
por época<br />
afirmam que para eliminar<br />
as más praticas de muitos<br />
gestores desportivos, e para<br />
promover a formação de atletas<br />
e aumentar a competitividade<br />
dos campeonatos, a introdução de<br />
uma norma na UEFA que limitasse<br />
o número de transferências por<br />
época, seria oportuna, senão mesmo<br />
necessária, dada a “loucura” do mercado<br />
nos últimos anos.<br />
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Os analistas da CIES Football em “How to build up a team<br />
for long term success?” chegaram à conclusão, despois de<br />
analisados os dados desde 2005, que a estrutura demográfica<br />
de uma equipa é um dos pontos chaves para o sucesso<br />
a longo prazo, principalmente tendo em conta quatro características:<br />
idade, experiência, estabilidade e duração do<br />
contrato.<br />
Pela lógica, espera-se que uma boa equipa consiga misturar<br />
a maior idade e igual maior experiencia de alguns dos seus<br />
atletas, com atletas jovens, que mesmo com menor experiencia,<br />
aparecem com maior ambição. Mas, pode-se ir mais<br />
longe: a estrutura equilibrada entre a idade e experiência é<br />
também um pré-requisito necessário manter um satisfatório<br />
nível de estabilidade a longo prazo. Também por este ponto,<br />
podemos afirmar que é necessário limitar o número de transferências<br />
para privilegiar o recrutamento de jovens talentos.<br />
Mas vamos aos números: Os 6 primeiros classificados do<br />
BIG5 desde 2009/<strong>10</strong> têm uma média de idades de 24,0.<br />
Os restantes clubes tinham uma média de 24,7, enquanto<br />
os clubes que foram relegados para as divisões inferiores<br />
tinham uma média de 24,9. A análise é inequívoca: apesar<br />
da experiencia ser necessária, equilibrar o plantel com jogadores<br />
mais jovens é absolutamente necessário para a vitória.<br />
34, 3% das equipas, que entre 2009 e 2013, tiveram mais de 15<br />
novos jogadores não jogaram na primeira divisão no ano seguinte.<br />
Uma probabilidade duas vezes maior que os clubes que assinaram<br />
entre 11 a 15 novos atletas (17%), e três vezes maior que as equipas<br />
que contrataram menos de <strong>10</strong> futebolistas (<strong>10</strong>,6%).<br />
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Futebolistas<br />
Profissionais<br />
nascem em<br />
Janeiro:<br />
Porque nascer em Outubro<br />
ou Novembro prejudica a<br />
profissionalização?<br />
Não conseguiste ser profissional<br />
de futebol? Nasceste em Outubro,<br />
Novembro ou Dezembro? Se este<br />
é o caso, então deves culpar o mês<br />
do teu nascimento, já que os dados,<br />
suportados por diversos estudos,<br />
têm destacado o impacto da idade<br />
relativa de atletas nas suas hipóteses<br />
de seguir uma carreira profissional.<br />
No futebol, quem nasce em Janeiro,<br />
Fevereiro ou Março tem maiores<br />
probabilidades de se tornar profissional<br />
e de jogar a um maior nível.<br />
Segundo dados do Eurostat, os nascimentos<br />
na Europa estão distribuídos<br />
uniformemente ao longo do ano.<br />
Em outros termos, não há mais pessoas<br />
nascidas em um determinado<br />
dia ou mês do que em qualquer<br />
outro.<br />
Na mesma m<strong>ed</strong>ida em que não há<br />
nenhuma aparente razão para a data<br />
de nascimento ter qualquer influência<br />
sobre o talento de uma pessoa<br />
em qualquer atividade, seria então<br />
de esperar que o mesmo acontecesse<br />
para os jogadores profissionais de<br />
futebol.<br />
No entanto, de uma amostra de<br />
28,685 jogadores tendo jogado em<br />
31 primeiras divisões de ligas europeias<br />
desde a temporada 2009/<strong>10</strong><br />
(“Relative age effet: a serious problema<br />
in football” do CIES, 2016),<br />
verificou-se que os futebolistas<br />
nascidos durante os primeiros três<br />
meses do ano representam 30,5%<br />
do total, em oposição a 19,3% para<br />
jogadores nascidos entre outubro e<br />
dezembro.<br />
Do estudo também se salienta que<br />
as pessoas nascidas durante as<br />
primeiras 23 semanas são<br />
sistematicamente mais numerosas<br />
entre os futebolistas profissionais<br />
do que na população em geral. E,<br />
que as pessoas nascidas após a 33ª<br />
semana são, pelo contrário, sistematicamente<br />
sub-representadas no<br />
futebol ao mais alto nível.<br />
O efeito da idade relativa é particularmente<br />
forte durante os<br />
primeiros anos de uma carreira<br />
profissional. Conforme aumenta<br />
a idade, a média diária de nascimento<br />
de jogadores tende a voltar<br />
a do cidadão médio. Por exemplo,<br />
um jogador de 21 anos de idade,<br />
no máximo, é, em média, nascido<br />
no dia 9 de junho, enquanto a<br />
data média de nascimento de um<br />
jogador mais de 31 é 23 de junho.<br />
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As análises mostram ainda que o impacto do mês de nascimento<br />
é particularmente forte entre os principais clubes de<br />
formação da europa – clubes que tenham mais de 50 atletas<br />
nas camadas jovens.<br />
A maior tendência na seleção de jogadores nascidos nos<br />
primeiros meses do ano é bem conhecida e tem nas suas<br />
raízes o facto de competições jovens serem geralmente<br />
organizados com base no ano de nascimento dos atletas, e<br />
na divisão do ano futebolístico se dar a meio do ano civil<br />
em Junho/Julho. Assim, no início da carreira profissional,<br />
atletas nascidos no início do ano civil têm vantagens comparativas<br />
em termos de desenvolvimento muscular e físico.<br />
No entanto, dos 23 anos de idade para cima, os jogadores<br />
precoces que não foram capazes de confirmar as esperanças<br />
depositadas neles são progressivamente depostos em favor<br />
das pessoas com um potencial maior que anteriormente<br />
tinha sido excluídas em virtude do mês do seu nascimento.<br />
O efeito idade relativa, portanto, tende a diminuir, sem, no<br />
entanto, completamente desaparecer.<br />
Seguindo o rastro deixado pelos dados, podemos inferir<br />
que o impacto da idade relativa na seleção de jogadores<br />
de futebol está intimamente ligado à importância dada aos<br />
resultados das faixas etárias mais jovens, onde, como já foi<br />
explicado, jogadores nascidos nos primeiros meses do ano,<br />
têm vantagens físicas quando comparados com jovens nascidos<br />
nos últimos meses do ano. E, conseguem assim mais<br />
vitórias para as equipas, e trofeus para os clubes. Embora,<br />
os treinadores da camada jovens e os dirigentes insistam<br />
que os resultados são secundários nas camadas de formação,<br />
a análise dos dados mostra-nos outra realidade bem distinta,<br />
e o resultado final de um jogo, continua a ser a variável que<br />
determina todas as outras. Repensar o calendário das competições<br />
de formação e mais jovens, parece ser a melhor<br />
e mais rápida solução para eliminar ou pelo menos limitar<br />
o efeito da idade relativa na escolha de futebolistas nos<br />
primeiros anos de profissionalização. A longo prazo, será<br />
indiscutivelmente benéfico não só para o nível de espetáculo<br />
que as equipes são capazes de proporcionar aos espetadores,<br />
mas também a nível por cima as competições nacionais<br />
e internacionais. Para além, de claro, eliminar uma falha do<br />
sistema que prejudica determinados indivíduos em detrimentos<br />
de outro.<br />
A maior tendência na seleção de jogadores nascidos nos primeiros<br />
meses do ano é bem conhecida e tem nas suas raízes o facto de<br />
competições jovens serem geralmente organizados com base no<br />
ano de nascimento dos atletas, e na divisão do ano futebolístico se<br />
dar a meio do ano civil em Junho/Julho<br />
O<br />
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O 13 Jogador<br />
Ganha Jogos?<br />
De quanto vale afinal o apoio dos<br />
adeptos? Eles ganham pontos?<br />
“13 jogador”, ou seja o apoio dos<br />
adeptos e claques nas bancadas, sempre<br />
foi apontado como determinante para<br />
o sucesso de uma partida de futebol;<br />
afinal, essa é sempre indicada como a<br />
principal vantagem de se jogar em casa<br />
(e o locar do jogo é uma forte variável<br />
para o resultado final, como todos<br />
sabemos). O futebol é mais que um<br />
desporto, é um espetáculo de massas, e<br />
os adeptos são os seus clientes. Talvez<br />
esta ideia pareça herege aos mais puritanos,<br />
mas pela razão do mercado globalizado<br />
em que vivemos é a mais pura<br />
das verdades. Os adeptos compram os<br />
bilhetes para os jogos, tornam-se sócios,<br />
adquirem o merchandising da equipa<br />
e compram as “box” e os canais pagos<br />
de desporto que depois revertem em<br />
direitos de transmissão televisiva para<br />
os clube,<br />
são os adeptos que fazem a roda<br />
girar e permitem que o espetáculo<br />
continue.<br />
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O mais extraordinário no “consumidor”<br />
no futebol, é que ele adquire<br />
todos estes produtos, mesmo sabendo<br />
da possibilidade do fracasso,<br />
mesmo que para os clientes-adeptos<br />
o principal fator de satisfação (e<br />
de motivação para a compra) é o<br />
sucesso desportivo e a conquista<br />
de títulos. A qualidade de jogo e<br />
entrega e o esforço dos jogadores<br />
em campo são fatores que motivam<br />
os adeptos, mesmo quando a vitória<br />
não acontecça.<br />
Ou seja, a equipa, e a qualidade de<br />
jogo, chama ou afasta os adeptos.<br />
Mas o contrário é verdade? Os cânticos,<br />
as urras de incentivo ajudam<br />
a marcar golos? Um estádio cheio<br />
ganha jogosA força da “torcida”<br />
assim uma variável tão importante<br />
para o rendimento desportivo de<br />
uma equipa profissional de futebol?<br />
A resposta (infelizmente para o<br />
romantismo) é não.<br />
Os adeptos são quase<br />
uma variável irrelevante,<br />
como destaca o trabalho<br />
de Nadielli Galvão em “Jogo<br />
bom e arquibancada cheia: Uma<br />
análise da relação entre desempenho<br />
em campo e atração de<br />
público em jogos de futebol”. E<br />
estes resultados são consistentes<br />
com as conclusões de estudos<br />
sobre o mesmo tema que vêm<br />
sendo realizados nos últimos 20<br />
anos.<br />
Passes, assistências, finalizações,<br />
desarmes, cruzamentos, lançamentos,<br />
posse de bola, dribles, defesas<br />
(guarda-r<strong>ed</strong>es) e cantos, são variáveis<br />
que podem ser m<strong>ed</strong>idas, e que<br />
influenciam o resultado e a qualidade<br />
de jogo de uma equipa profissional<br />
de futebol.<br />
Os adeptos são<br />
quase uma variável<br />
irrelevante: não ajudam<br />
a marcar golos, a<br />
ganhar segundas<br />
Sistematicamente,<br />
têm-se verificado<br />
que estas variáveis<br />
não sofrem alterações<br />
estatisticamente significativas<br />
pelo número de espetadores<br />
em campo, sejam eles mais afetos à<br />
sua equipa ou à equipa adversária.<br />
bolas, etc...<br />
Os resultados, do estudo acima<br />
apresentado e que seguiu uma<br />
equipa do Brasileirão, apontam<br />
que apenas a variável “assistência”<br />
foi significativa ao nível de<br />
0,05 (nível de significância apresentado<br />
de 0,029) e a variável<br />
“finalizações” foi considerada<br />
marginalmente significativa ao<br />
nível de 0,<strong>10</strong> (nível de significância<br />
apresentado de 0,120).<br />
Excessivamente marginais para<br />
terem um verdadeiro impacto no<br />
jogo e no resultado final.<br />
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Mas, e então<br />
o factor casa:<br />
não é relevante para o sucesso<br />
do clube anfitrião?<br />
Na Inglaterra, por exemplo,<br />
o campeonato mais<br />
competitivo do Mundo,<br />
encontram-se valores de<br />
vitória em casa que variam<br />
entre os 60-65%, com<br />
diferenças não significativas<br />
entre a primeira e<br />
segunda divisão. A grande<br />
maioria dos campeonatos<br />
europeus apresenta<br />
números semelhantes,<br />
assim como o brasileirão,<br />
onde a percentagem sobe<br />
apenas ligeiramente e<br />
fixa-se nos 65%.<br />
No Futebol jogar em casa sempre foi sinónimo de vitória. Para os adeptos isto<br />
é apenas colocar a lógica a funcionar. Mas, se o apoio dos adeptos não tem<br />
nenhum impacto na performance da equipa, esta noção de quem joga em casa<br />
tem vantagem é verdadeira?<br />
Aqui a lógica não é uma batata e os números confirmam largamente aquilo que<br />
todos nós acr<strong>ed</strong>itamos ser verdade: o factor casa é determinante para a vitória.<br />
Começando pelos campeonatos nacionais, e para as suas principais equipas,<br />
aquelas que por norma dizemos “candidatas ao título”. Em campeonatos<br />
desequilibrados, como são a maioria das competições nacionais Europeias, os<br />
clubes ditos grandes têm de facto um registo esmagador em casa, onde muito<br />
raramente perdem pontos, e quando o fazem, fazem-no contra os seus rivais –<br />
também eles com pretensões ao título.<br />
Na Inglaterra, por exemplo, o campeonato mais competitivo do Mundo, encontram-se<br />
valores de vitória em casa que variam entre os 60-65%, com diferenças<br />
não significativas entre a primeira e segunda divisão. A grande maioria dos<br />
campeonatos europeus apresenta números semelhantes, assim como o brasileirão,<br />
onde a percentagem sobe apenas ligeiramente e fixa-se nos 65%.<br />
Mas, estes valores são os mesmos para a melhor e maior competição futebolística<br />
do Mundo – a Liga dos campeões? Aproveitando o trabalho desenvolvido<br />
Lucas Rios e colegas no artigo “ A vantagem em casa no futebol: comparação<br />
entre Copa Libertadores da América e UEFA Champions League”,<br />
Analisados todos os números na Liga dos Campeões de 2004/2005 à<br />
2011/2012, temos como resultado final um efeito positivo de jogar em casa,<br />
com valores de vitória nos UCL 60,5 ± 5%.<br />
O fator casa na taça libertadores é ainda mais preponderante. São vários<br />
os argumentos que levam a essa realidade. Incialmente, é necessario considerar<br />
as maiores distancias geográfica e a maior diferenciação destas no<br />
continente americano em relação à Europa. Por exemplo, na região andina,<br />
há dificuldades dos visitantes por enfrentamentos de grandes altitudes,<br />
podendo interferir com o rendimento desportivo. Para além, do maior<br />
número de horas de viagem.<br />
O América do México, é outro excelente exemplo, com <strong>10</strong>0% de aproveitamento<br />
em casa possui dois tipos de vantagem a seu favor, pois além da<br />
longa distância ainda joga na altitude. O seu estádio “Estádio Azteca” fica<br />
a 2.240 metros de altitude.<br />
Nos estádios sul-americanos é a densidade, o fanatismo, barulho e hostilidade,<br />
inclusive contra árbitros e assistentes, criando deste modo, um ambiente mais<br />
propício ao erro dos juízes e ao beneficio da equipa da casa.<br />
Alguns dados estatísticos apontam para ado o aumento do número de faltas e<br />
penaltis marcados a favor da equipe da casa, e um maior número de cartões<br />
amarelos aplicados aos jogadores das equipas visitantes.<br />
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Isolados, em frente à baliza, os Grandes<br />
Futebolistas são dos que mais falham!<br />
Ninguém falha mais golos fácies que Neymar(61%),<br />
Lewandowski(58%), Ronaldo(52%) e Suarez(52%)!<br />
“Até a minha avozinha, que é manca e cega de um olho marcava esse”. Quantas vezes já disseram frases como<br />
esta? Desconfio que muitas. Grandes falhanços são normais no futebol, mas eles estão associados aos futebolistas<br />
de menor qualidade. A realidade, no entanto, mostra-nos que são os “craques” quem mais desperdiça golos feitos<br />
em absoluto e falham tanto ou mais que os “pernetas” dos nossos campeonatos.<br />
Ronaldo, Neymar ou Suarez competem<br />
entre si, todas as épocas, pela bola<br />
de prata, e os três sozinhos marcam<br />
golos suficientes para fazer inveja a<br />
muitas equipas profissionais. Mas,<br />
também competem entre si e com<br />
todos os jogadores da europa, para<br />
decidir quem falha mais golos de baliza<br />
aberta (entendemos baliza aberta<br />
como finalizações de um-para-um ou<br />
de um-para zero).<br />
A empresa de recolha e observação<br />
estatística de futebol Opta (e publicado<br />
no portal de futebol GoalPoint)<br />
analisou os principais campeonatos de<br />
futebol europeus da presente época,<br />
verificando quem são os futebolistas<br />
que desperdiçam mais golos feitos.<br />
Se era de esperar que em números<br />
brutos, muitos dos melhores jogadores<br />
da atualidade figurassem no<br />
topo da lista (afinal é a eles que cabe<br />
fazer a diferença e arriscar na hora<br />
do remate), é uma surpresa que sejam<br />
também eles, que estejam no topo,<br />
quando se examina a percentagem de<br />
eficácia.<br />
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Na europa, e analisando todos<br />
os futebolistas dos principais<br />
campeonatos europeus, ninguém<br />
falha em termos absolutos mais<br />
golos isolados só com o guardar<strong>ed</strong>es<br />
pela frente ou mesmo de<br />
baliza aberta, como Neymar, que<br />
erra o fundo da baliza, umas<br />
estonteantes 61% das vezes.<br />
Lewandowski não se fica muito<br />
atrás, e falha 58% das tentativas,<br />
e Cristiano Ronaldo e Suarez<br />
lutam pelo terceiro posto,<br />
com falhanços ligeiramente<br />
acima dos 50%. Números<br />
demasiado altos, para<br />
futebolistas que consideramos<br />
infalíveis, ou bem perto disso.<br />
Olhando agora, para os jogadores<br />
que mais ocasiões flagrantes falham<br />
por jogo, no topo da-se uma mudança<br />
de posições, e o alemão Robert<br />
Lewandovski, a máquina polaca<br />
O alemão Robert Lewandovski, a máquina polaca do Bayern desperdiça<br />
uma grande oportunidade por cada 90 minutos - o que faz dele o<br />
futebolista na europa que mais golos “atira pela janela”. Neymar não<br />
fica muito longe e desperdiça 0,98 golos fáceis por jogo, e Ronaldo e<br />
Suarez surgem de novo empatados com 0,8 golos por partida.<br />
Cristiano Ronaldo<br />
falha o golo 52% das<br />
vezes, que chuta quando<br />
tem apenas com o<br />
guarda-r<strong>ed</strong>es como<br />
opositor<br />
falha uma oportunidade<br />
por cada 90<br />
minutos, ligeiramente<br />
acima de Kevin Gameiro,<br />
do Sevilha (0,98 ). Logo a seguir<br />
na lista, em terceiro, surge de novo<br />
o brasileiro Neymar (0,93). O portista<br />
Aboubakar, surge na quarta<br />
posição e perde 0,85 golos a cada 90<br />
minutos. Em quinto surge Suarez e<br />
Ronaldo aparece em oitavo, cada um<br />
com 0,8 de desperdício. Estes resultados<br />
são surpreendentes, e põe o<br />
d<strong>ed</strong>o na ferido: de que vale o prémio<br />
bola de prata? Não deveria ser dado<br />
antes às equipas? Afinal parecem ser<br />
elas que produzem suficiente futebol<br />
ofensivo, para que estes jogadores<br />
mesmo desperdiçando tanto, marquem<br />
ainda assim tantos golos.<br />
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O efeito<br />
“Special<br />
One”:<br />
O papel dos treinadores<br />
é assim tão decisivo<br />
para a conquista de<br />
troféus?<br />
Na época 2007/2008, o clube inglês Ebbsfleet Unit<strong>ed</strong>, relegou a<br />
responsabilidade da escolha do onze titular para os seus sócios. Cada<br />
adepto, a troco de £ 35, tinha direito a um voto. A soma aritmética<br />
dos votos de todos os adeptos definia os jogadores que entrariam em<br />
campo a cada jornada. Coincidência, ou não, o Ebbsfleet teve o seu<br />
maior triunfo da sua história nessa mesma época, com a conquista a 8<br />
de Maio de 2008 da FA Trophy.<br />
Este resultado, que em grade parte assenta no “conhecimento das<br />
multidões” – metodologia que tende a produzir efeitos produzidos a<br />
longo prazo (lembremo-nos no caso do Lyon e a sua abordagem ao<br />
mercado de transferências), obriga-nos a questionar, até que ponto<br />
relegar todas as decisões de uma equipa de futebol em um só homem,<br />
o treinador principal, é a melhor opção? A resposta é complexa, mas<br />
vamos por partes:<br />
Primeiro, é de facto muito interessante perceber como a noção da<br />
importância do técnico tem variado ao longo da história do futebol.<br />
Nos anos 20 e 30 do século passado, altura em que o futebol era<br />
maioritariamente amador, o técnico principal assumia-se como a peça<br />
primordial de uma equipa. Era ele que tomava todas as decisões, e era<br />
também a ele que se assacava o êxito ou a derrota (no inicio do século<br />
passado, o futebol, contrariando o imaginário de muitos adeptos, era<br />
muito mais técnico e até mais guiado por conhecimento cientifico<br />
vindo das universidades, do que aconteceu em décadas posteriores, o<br />
que dava mais preponderância aos técnicos e ao conhecimento que ele<br />
trazia consigo).<br />
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O paradigma foi progressivamente<br />
mudando, e o conhecimento dos<br />
técnicos passou a ser empírico e a<br />
advir quase exclusivamente das suas<br />
experiencias como antigos atletas e<br />
da conivência com os seus anteriores<br />
técnicos. Em pouco tempo, e como<br />
consequência desta nova forma de<br />
agir, criaram-se gerações de técnicos<br />
com pouca capacidade de diferenciação<br />
entre si, e o seu papel nos<br />
clubes, refletiu-se numa perda de<br />
importância. Isto começou a dar-se<br />
após término da segunda grande<br />
guerra que coincidiu com os primeiros<br />
passos para a profissionalização.<br />
Os grandes atletas, os “craques”,<br />
ganharam estatuto e peso não só nos<br />
balneários e por conseguinte nos<br />
clubes, mas também entre os adeptos,<br />
que olhavam para eles como o<br />
principal factor nas vitórias da sua<br />
equipa.<br />
No fundo, tivemos uma regressão<br />
técnica e tática no futebol, que durou<br />
até final dos anos oitenta, quando a<br />
ciência voltou a entrar em jogo, e a<br />
preparação física, e principalmente<br />
as variantes táticas voltaram a entrar<br />
em força nas quatro linhas, para<br />
nunca mais sair. O treinador voltou a<br />
ganhar preponderância. No entanto,<br />
a grande maioria da carreira dos<br />
treinadores parece uma montanha<br />
russa, cheia de altos e baixo. Com<br />
épocas de muito sucesso e cheias<br />
de títulos e épocas de fracasso total,<br />
em que a palavra derrota aparece a<br />
cada jornada. Permanecem cada vez<br />
menos tempo em cada clube, para<br />
muitos, não ficam sequer o tempo<br />
necessário para a fazerem a diferença.<br />
Em 92, a média de anos consecutivos<br />
de permanência do treinador<br />
nas 4 divisões inglesas era de 3,5<br />
anos. Em 2013, apenas Wenger<br />
estava há mais de 7 anos no<br />
mesmo clube (numa amostra de 94<br />
técnicos). Comparando, em 2011 o<br />
prazo m<strong>ed</strong>io de CEOs à frente das<br />
P500 empresas americanas é de 8,4<br />
anos. O conhecimento está hoje ao<br />
alcance de qualquer treinador, e<br />
e ainda se dilui para as enormes<br />
e multifacetadas equipas técnicas,<br />
cheias de especialistas nas mais<br />
diversas áreas.<br />
Para completar, o orçamento<br />
de salários dos jogadores, como<br />
vimos anteriormente, é tão eficiente<br />
que explica cerca de 85 a<br />
90% das posições no campeonato<br />
dos clubes, a longo prazo. “O<br />
dinheiro fala, e o dinheiro decide<br />
onde o clube vai terminar na<br />
liga”.<br />
Por isso, para muitos, são os jogadores<br />
que continuam a fazer o êxito<br />
das equipas, e não os técnicos,<br />
que têm de se contentar com uma<br />
pequena fatia dos louros. Um desses<br />
exemplos, é Johan Cruijff que afirmou<br />
quando treinava o Barcelona,<br />
“Se os teus jogadores são melhores<br />
do que os do teu adversário,<br />
90% das vezes vais ganhar”. E<br />
continuou:”se montares um plantel<br />
de jogadores com talento e com a<br />
atitude e caracter certos, vais ganhar<br />
mais jogos do que aqueles que vais<br />
perder, não importa o quão inventivo<br />
sejas as tuas sessões de treino,<br />
do sistema que jogas ou do nome<br />
da equipa que treinas. Mas podes<br />
dar um incentivo extra de <strong>10</strong>% à tua<br />
equipa, dependendo da dieta que<br />
defines, dos treinos físicos ou da<br />
palavra ao ouvido que dás a cada<br />
jogador”.<br />
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A realidade apresentada pelos<br />
números não está muito distante<br />
das palavras de Cruijff,<br />
como nos é apresentado no livro<br />
“Soccernomics”. Os autores deste<br />
livro, procuraram então descobrir<br />
os treinadores de elite que nos<br />
últimos 40 anos (de 1973 a 20<strong>10</strong>)<br />
nas 4 divisões do futebol profissional<br />
Inglês ficaram consistentemente<br />
acima do que a massa<br />
salarial podia prever. (Novamente<br />
relembramos que a impressionante<br />
capacidade da massa salarial<br />
prever a tabela classificativa no<br />
final da época, numa ordem de<br />
percentagem a rondar os 90%.) .<br />
Temos então que um técnico que<br />
comande a terceira equipa que<br />
mais gasta massa salarial, ficar em<br />
primeiro lugar, o seu contributo foi<br />
positivo. Se ficar no terceiro posto,<br />
o seu contributo foi nulo. Se no<br />
entanto, ficar abaixo do pódio, teve<br />
um impacto negativo.<br />
Olhando os números: dos 251 técnicos<br />
que permaneceram por 5 ou<br />
mais anos no mesmo clube, apenas<br />
28% deu um contributo positivo às<br />
suas equipas. Se focarmos a análise<br />
no total dos 699 técnicos, a percentagem<br />
de “trabalhos” positivos é<br />
de apenas <strong>10</strong>%.<br />
Desta análise percebemos duas<br />
coisas: a primeira, é que a maioria<br />
dos treinadores não melhorou a<br />
performance das suas equipas para<br />
além do potencial delas próprias. E<br />
segundo, a maior permanência dos<br />
treinadores nos clubes traz mais<br />
resultados positivos.<br />
Usando este mesmo método, foi<br />
possível desenvolver um ranking<br />
dos melhores técnicos ingleses dos<br />
últimos 40 anos (apenas para aqueles<br />
que permaneceram 5 ou mais anos<br />
consecutivamente no mesmo clube).<br />
O cinco primeiros lugares são ocupados,<br />
respetivamente por: Bob Paisle,<br />
Alex Ferguson, Bobby Robson,<br />
Arsène Wenger e Kenny Dalglish.<br />
Desta lista, que encontramos nomes<br />
bem conhecidos, percebemos que<br />
os melhores técnicos e melhores<br />
equipas caminham lado a lado. E,<br />
caso publicássemos toda a lista,<br />
seria inclusive percetível que os<br />
treinadores dos clubes “gigantes”<br />
dominam por completo as primeiras<br />
colocações. Isto já seria de esperar,<br />
uma vez que, os melhores técnicos<br />
tendem a comandar os melhores<br />
clubes. .<br />
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Ferguson vs. Wenger:<br />
Dois caminham diferentes que nos fazem<br />
chegar à mesma conclusão<br />
84 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
urante 30 anos, Ferguson foi o<br />
homem forte do Manchester Unit<strong>ed</strong><br />
e da Premier League, e isso mesmo<br />
reflexe-se na lista de melhores técnicos,<br />
onde o escocês ocupa o segundo<br />
lugar. No entanto, no seu percurso, de<br />
constante sucesso, não foi conseguido<br />
usando sempre os mesmos métodos<br />
ou o mesmo poder financeiro.<br />
Entre 1991 e 2000, a posição média<br />
do Man. Unit<strong>ed</strong> foi de 1,8 (ou seja,<br />
ou ficava em primeiro ou em segundo).<br />
E, para isso, gastava apenas 5,8%<br />
da massa salarial da Premier League<br />
(a média fixa-se nos 5 -> 20 clubes<br />
a dividir por <strong>10</strong>0%). Em parte, esse<br />
menor investimento deveu-se à geração<br />
Beckham, dos irmãos Neville,<br />
Paul Scholes, Nicky Butt, e Ryan<br />
Giggs, etc. De 2000 em diante, a<br />
posição média do Unit<strong>ed</strong> não se alterou,<br />
mantendo os 1,8, mas a equipa<br />
de Manchester passou a gastar 9% do<br />
total da massa salarial da liga inglesa,<br />
e quase sobrou os seus custos.
No último ano do escocês no comando técnico do Man.<br />
Unit<strong>ed</strong> atingiu o pico de <strong>10</strong>% do total dos salários da<br />
Liga (ainda que nesse ano tenha ficado abaixo dos 14%<br />
de Chelsea e City).<br />
Na década de 90, Ferguson gastava apenas 35% a mais<br />
que a média, ao passo que na década de 2000, para ter os<br />
mesmos resultados, ele passou a gastar mais de 80% que a<br />
média gasta pelos outros clubes. Em parte, a chegada dos<br />
oligarcas russos e árabes ao campeonato inglês, principalmente<br />
o Chelsea e Manchester City, podem explicar este<br />
brutal aumento de investimento. Outra explicação mais simples,<br />
é que o “efeito” Ferguson desgastou-se e o dinheiro<br />
voltou a comandar as posições na tabela classificativa.<br />
Com o Wenger passou-se algo semelhante. Nas suas<br />
primeiras 7 temporadas no Arsenal, levou a equipa<br />
arsenalista a 1,6 de posição média no campeonato, ainda<br />
melhor que escocês, e só gastava um pouco mais que este<br />
último em massa salarial, 7,5% do total.<br />
No entanto, a sua prestação tem vindo a cair, e fixa-se<br />
atualmente em 3,3 de média (o Arsenal termina mais vezes<br />
em 3 ou 4 lugar). O que aconteceu? Simples, o Arsenal não<br />
foi capaz de acompanhar o investimento em salários dos<br />
seus rivais. No pico ficou-se apenas por 8,8% do total da<br />
Premier League, quase metade do City e Chelsea. Passou a<br />
perder mais, e o Wenger passou a ser considerado como um<br />
treinador de segunda linha.<br />
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86 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Chicotadas<br />
psicológicas:<br />
existe algum efeito<br />
positivo nelas?<br />
Todos os anos assistimos à constante troca de cadeiras, a mando de<br />
presidentes afoitos, que trocam de treinador, ou para não perderem<br />
o comboio da frente ou para fugirem ao lugares de despromoção. O<br />
número de chicotadas psicológicas nas duas ligas profissionais portuguesas<br />
tem números chocantes por época, às vezes ficam perto dos<br />
50%. No brasil, o cenário não muda muito. Quando alguma coisa não<br />
resulta, muda-se o treinador. Este é o pensamento dominante, inclusive<br />
da comunicação social e dos seus comentadores, que chegam inclusivamente<br />
a afirmar dos efeitos positivos no im<strong>ed</strong>iato na troca de treinador<br />
no grupo e na nova injeção de animo que isso traz ao balneário, que<br />
por consequência, leva a melhores resultados.<br />
Este pensamento, está totalmente errado, como um estudo recente<br />
publicado na Science Quarterly de Scott Adler, Michael J. Berry, “The<br />
Economist Sports”, prova. Os autores analisaram as mudanças de<br />
técnicos no decorrer dos campeonatos de 1997 a 20<strong>10</strong> dos principais<br />
campeonatos. E chegaram a duas conclusões: equipas com registos<br />
m<strong>ed</strong>íocres de resultados, pouco ou nada alteram no seu desempenho,<br />
a mudança de treinador. Enquanto, em equipas com desempenhos<br />
médios, a mudança repentina de técnico a meio da época, tem um claro<br />
efeito negativo. E, em segundo lugar e surpreendentemente, as chicotadas<br />
psicológicas não têm só efeito im<strong>ed</strong>iato, mas tem efeito nos anos<br />
seguintes, em que os clubes por norma têm resultados comparativamente<br />
mais fracos que nas épocas que se antec<strong>ed</strong>eram.<br />
Estes resultados são consistentes com outros estudos, como por exemplo,<br />
o trabalho de Mario De Paola e Vincenzo Scoppa publicado no<br />
Journal of Sports Economics, e qua ainda exclusivamente d<strong>ed</strong>icado ao<br />
futebol italiano, chegou às mesmíssimas conclusões. E, curiosamente,<br />
o mesmo acontece com outros desportos coletivos como a NHL, a NFL<br />
ou a NBA, a mudança de técnico nunca traz mudanças positivas e no<br />
melhor dos casos, após alguns períodos baixos, tende a ir de encontro à<br />
média de performance e pontos conseguida pelo treinador desp<strong>ed</strong>ido.<br />
Os resultados na realidade não são assim tão surpreendentes. Os treinadores<br />
“estudam todos pelo mesmo livro”, lidam com a mesma informação,<br />
enfrentam os mesmos problemas e têm as mesmas armas para<br />
os resolver. O natural é que os resultados sejam os mesmos, ou pelo<br />
menos se aproximem com o tempo.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 87
Q<br />
46% de todo<br />
golos em Portu<br />
resultado de e<br />
forçado - ale<br />
imprevisíve<br />
ressaltos d<br />
Como se explica<br />
o fenómeno Leicester?<br />
Se o futebol é tão matemático, como<br />
podemos explicar a vitória dos pequenos?<br />
na re<br />
88 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
s os<br />
uando Abramovich comprou o Chelsea,<br />
presenteou Claudio Ranieri (o então<br />
técnico do clube) com 16% do total<br />
da massa salarial da Premier League,<br />
o maior de sempre, num investimento<br />
impar que se prolongou nos 6 anos<br />
seguintes. Devia ter vencido o campeonato,<br />
mas ficou apenas em segundo.<br />
E, não foi além das meias-finais da<br />
Liga dos Campeões. Acabou desp<strong>ed</strong>ido,<br />
e substituído pelo português José<br />
Mourinho, que terminou campeão nos<br />
dois anos seguintes. Pouco mais de <strong>10</strong><br />
anos volvidos, o técnico italiano sagrase<br />
campeão com uma equipa de orçamentos<br />
bem mais modestos. Como se<br />
explica este fenómeno? Simples: o futebol<br />
é um dos desportos de alto nível, o<br />
mais aleatório. Simplificando, o futebol<br />
está sujeito ao erro e à sorte ou à falta<br />
dela, como nenhum outro desporto. E,<br />
os erros estão a aumentar.<br />
Há pouco mais de dois anos, o Dr.<br />
Roland Loy publicou um estudo sobre<br />
o factor da “aleatóri<strong>ed</strong>ade” no futebol e<br />
de que forma este influência o resultado<br />
final e converge para a vitória ou derrota<br />
de uma equipa. Os resultados foram<br />
surpreendentes!<br />
gal são<br />
rros não<br />
atórios e<br />
is, como<br />
e bola<br />
lva<br />
Definindo aleatório: conjunto de<br />
erros não forçados, um pouco à<br />
imagem do ténis, em que os<br />
jogadores cometem falhas<br />
à margem do jogo e que<br />
surgem sem pressão da<br />
equipa adversária. Tais<br />
falhas podem ser: passes<br />
errados, frangos do<br />
Guarda-r<strong>ed</strong>es, falhas no<br />
relvado que fazem variar<br />
a direcção da bola, etc.<br />
Loy estudou 1.200 jogos da<br />
Bundesliga - linha Alemã da primeira<br />
divisão por mais de 3 anos, e chegou<br />
à conclusão de que 60% dos golos são<br />
marcados de facto como resultado<br />
de uma capacidade atlética e/ou técnico<br />
das equipas e do seu processo<br />
ofensivo. No enquanto 40% resultam<br />
como resultado de puro acaso. Isto<br />
significa que 40% de todos os golos<br />
são resultado de erros não forçado -<br />
aleatórios e imprevisíveis.<br />
O estudou olhou ainda para outras lin-<br />
O estudou olhou ainda para outras<br />
linhas europeias como a Liga de<br />
Espanha, Inglaterra, Holanda, Suíça,<br />
Bélgica e Portugal. Os números aqui<br />
ainda sobem mais, para os 46%.<br />
Existe ainda mais um dado que nos<br />
faz entender quão aleatório pode ser<br />
uma partida de um jogo de futebol.<br />
Loy na sua pesquisa focada desta<br />
vez na Liga dos Campeões percebeu<br />
que 35% dos toques dos jogadores<br />
na bola era pura coincidência - compensações<br />
dos defesas, maus passes,<br />
recessão da bola após alivio, bola<br />
vinda de cortes, etc.<br />
E a incidência dos erros não só tem<br />
aumentando, como tem tendência<br />
a aumentar ainda mais na próxima<br />
década. No futebol atual corre-se<br />
mais. E corre-se mais rápido. O<br />
desgaste provoca erros!<br />
Por exemplo, de 2002 para 2006 o<br />
número de sprints - corridas a alta<br />
velocidade aumentou uns estonteantes<br />
50%. E na última década, os<br />
médios centros passaram de distância<br />
por jogo na ordem dos 12 km<br />
para os 16 km. Ou seja, e repetindo<br />
a ideia - mais corrida e mais rápido.<br />
E a previsão, é que nos próximos 5<br />
anos, o futebol aumente ainda mais<br />
15% a sua velocidade.<br />
Isto demonstra uma evolução clara<br />
no futebol a nível físico que a maioria<br />
dos futebolistas atuais não foram<br />
preparados e treinados para lidar<br />
na sua formação. Sendo-lhes difícil<br />
lidar com o maior desgaste de cada<br />
partida em temporadas cada vez<br />
mais longas.<br />
O que isto tem então a ver Claudio<br />
Ranieri e o inesperado sucesso do<br />
Leicester? Bem, apesar de toda a<br />
estatística, o futebol é um desporto<br />
tão assente na “sorte e no azar” que<br />
pontualmente, e contra todas as<br />
probabilidades, que os mais pequenos,<br />
os Davids do futebol, conseguem<br />
derrotar os grandes gigantes. O<br />
Leicester é apenas o exemplo mais<br />
recentes. O Boavista em Portugal,<br />
ou o Valencia ou o Corunha em<br />
Espanha, ou o Wolfsburg ou<br />
Estugarda na Alemanha, são outros<br />
exemplos de inesperados campeões<br />
neste milénio.<br />
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Coisas<br />
do<br />
Coração:<br />
Que país ama<br />
mais o futebol?<br />
O apreço de um país a uma modalidade desportiva expressa-se em<br />
três grandes variáveis: número de praticantes, assistências nos estádios<br />
e número de espetadores que assistem aos eventos na televisão.<br />
Felizmente as três variáveis encontram-se bem documentadas para o<br />
futebol.<br />
A FIFA em 2006, usando pesquisas por amostragem, chegou ao valor<br />
de 265 milhões de jogadores de futebol no mundo, sendo 90% deles<br />
do sexo masculino. Apesar das críticas, este estudo desenvolvido pelos<br />
responsáveis máximos do futebol mundial é o mais amplo alguma vez<br />
feito, e veio acompanhado com a lista de detalhada de praticantes por<br />
país.<br />
Sem grande surpresa, pela grande dimensão populacional, a China e<br />
os EUA foram os dois países com maior número de praticantes (26 a<br />
24 milhões, respetivamente). Mas, claro, que a questão chave não é<br />
o número em absoluto, mas a proporção de habitantes que praticam a<br />
modalidade:<br />
• Costa Rica 27%<br />
• Alemanha 20%<br />
• Ilhas Faroé 17%<br />
• Guatemala 16%<br />
• Chile 16%<br />
• Paraguai 16%<br />
• Aruba 15%<br />
• Barbados 13%<br />
• Vanuatu 13%<br />
• Mali 12%<br />
• Áustria 12%<br />
• Noruega 12%<br />
• Eslováquia 11%<br />
• Suécia 11%<br />
90 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
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O que mais impressiona, é como a<br />
grande maioria dos países com praticantes<br />
mais entusiastas são pequenas<br />
ilhas, onde presumivelmente<br />
ainda existe muito por fazer pela<br />
modalidade (isto torna-se mais claro<br />
se olharmos para o Top25, que por<br />
questões de espaço não listamos na<br />
totalidade). Por exemplo, Vanuatu,<br />
Anguilla, Bermudas, Islândia e as<br />
Ilhas Cook (combinados têm uma<br />
população de cerca de 1 milhão)<br />
mas todas estão nos 25 países com<br />
maior percentagem de praticantes.<br />
Em destaque, está também a<br />
Alemanha, tetra e a atual campeã do<br />
Mundo, que tem aqui uma das suas<br />
grandes forças para o sucesso da sua<br />
seleção e da Bundesliga - que é uma<br />
das cinco ligas mais competitivas<br />
da europa, e composta maioritariamente<br />
por futebolistas nacionais. No<br />
velho continente, a Holanda, Áustria<br />
e Suécia entram no destacado top<br />
vinte mundial.<br />
Visualmente associamos<br />
as multidões<br />
de futebol à Premier<br />
League, e à Inglaterra, com<br />
estádios sempre cheios de adeptos<br />
fervorosos. Segundo a plataforma<br />
digital European-footballstatistics,<br />
nos últimos anos, a<br />
média de público da liga inglesa<br />
é de 35.921. Porém, fica aquém<br />
da média da liga germânica,<br />
que conta com quase mais 7 mil<br />
espetadores em média. E, segundo<br />
a mesma fonte, desde 2011 que<br />
o clube europeu que tem mais<br />
assistências em média é o Borussia<br />
de Dortmund, que tem também<br />
desde 2012 a casa mais preenchida<br />
num jogo, com mais de 80<br />
mil espetadores. Nos dois anos<br />
anteriores, o Barcelona ocupava o<br />
primeiro lugar desse ranking.<br />
Dos <strong>10</strong> programas<br />
televisivos na TV<br />
Norte-americana entre<br />
1990 e 2008, nove deles<br />
foram espetáculos<br />
desportivos.<br />
A flutuação de<br />
espetadores é, no<br />
entanto, a maior<br />
conclusão quando<br />
se analisa a média de<br />
espetadores ao longo de<br />
décadas.<br />
Nos anos 80, a liga italiana era de<br />
longe a mais assistida, com uma<br />
média de espetadores no estádio de<br />
38.872, numa altura de Serie A era<br />
a mais competitiva do mundo. Por<br />
outro lado, nessa mesma altura,<br />
e muito por culpa da tragédia em<br />
Bradford City, a média de espetadores<br />
do campeonato inglês foi de<br />
21,080. A diminuição da qualidade<br />
do futebol italiano retirou-lhe nos<br />
anos mais recentes mais de 15<br />
mil adeptos, e hoje as assistências<br />
médias cifram-se em apenas 23.234<br />
pessoas.<br />
92 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Muitas das ligas europeias apresentam<br />
variações semelhantes ao<br />
longo do tempo, indo de encontro<br />
à tendências dos adeptos se comportarem<br />
como consumidores, se<br />
o espetáculo é de qualidade, eles<br />
pagam para o assistir. Caso contrário,<br />
preferem ficar em casa.<br />
A percentagem de população total<br />
que se desloca aos estádios também<br />
segue essa propensão, mas<br />
com algumas surpresas. (Estes<br />
dados são calculados usando o<br />
número de espetadores totais no<br />
estádios pelas várias ligas, divididos<br />
pela população total do país,<br />
por exemplo, Inglaterra tem 1,29<br />
milhões de espetadores nos estádios<br />
e uma população de 53 milhões –<br />
1,29/53=0,024, o que equivale a<br />
2,4%). No top5 da europa temos:<br />
• Inglaterra 2,4%<br />
• Espanha 1,5%<br />
• Alemanha 1,5%<br />
• Itália 1.0%<br />
• França 0,9%<br />
Estes dados acompanham a tendência<br />
que já tínhamos assinalado<br />
acima: quem tem campeonatos mais<br />
equilibrados, tem mais espetadores.<br />
No entanto, alguns países com<br />
menor densidade populacional, têm<br />
uma percentagem de população mais<br />
pr<strong>ed</strong>isposta a ir passar a tarde de<br />
domingo ao estádio:<br />
• Ilhas Faroé <strong>10</strong>%<br />
• Islândia 4.0%<br />
• Scotland 3,8$<br />
• Noruega 2.6%<br />
• Chipre 3.6%<br />
• Países Baixos 2,5<br />
Alguns observadores avançam que<br />
em grande m<strong>ed</strong>ida o alta vocação<br />
das populações das ilhas e pequenos<br />
países em se dirigirem ao estádio,<br />
tem mais a ver com a falta de oferta<br />
de entretinimento alternativo, que<br />
com o amor deles pelo futebol.<br />
Esta opinião, apesar de discutível,<br />
parece ter sentido, principalmente<br />
para as Ilhas Faroé, Chipe<br />
ou Islândia, que apesar da grande<br />
adesão de público estão muito longe<br />
da alta-roda do futebol.<br />
A televisão surge como ultimo<br />
parâmetro de comparação, e de muitas<br />
formas, inclusive o mais decisivo,<br />
porque o futebol é hoje, mais<br />
que tudo, um espetáculo televisivo.<br />
Os eventos televisivos, dada a atual<br />
pluralidade de escolha, ganharam<br />
inclusive uma maior preponderância,<br />
e são os maiores agregadores<br />
de espetadores. Dos dez programas<br />
televisivos na TV Norte-americana<br />
entre 1990 e 2008, nove deles foram<br />
espetáculos desportivos. O mesmo<br />
se passa na Alemanha, com sete em<br />
oito. Em Portugal, a final do Euro<br />
2004 e as meias-finais do Euro 2012<br />
foram os programas mais vistos de<br />
sempre com uma média de 3,792 e<br />
3,689 milhões respetivamente.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 93
No ano passado, o evento mais visto<br />
na TV portuguesa foi o FC Porto contra<br />
o Bayern nos quartos-de-final da<br />
Champion League. O último campeonato<br />
do mundo teve 3,2 mil milhões de<br />
espetadores e mais de <strong>10</strong>00 milhões só<br />
na final. Esta é uma tendência mundial,<br />
e que está em crescendo. Ainda que em<br />
alguns países mais que outros. Abaixo<br />
pode ver o ranking dos países em que<br />
os seus habitantes mais assistem jogos<br />
de futebol exclusivamente sentados no<br />
sofá (isso exclui visualizações em bares<br />
ou ambientes públicos, impossíveis de<br />
contabilizar com exatidão):<br />
• Croácia 12.4%<br />
• Noruega 11.9%<br />
• Países Baixos 11.5%<br />
• Uruguai <strong>10</strong>.7%<br />
• Dinamarca 9.1%<br />
• Sérvia 9,0%<br />
• Equador 9,0%<br />
• Brasil 8,8%<br />
• Coreia do 8,7%<br />
• Suécia 8,6%<br />
• Alemanha 8,6%<br />
• Hungria 7.9%<br />
• Itália 7.8%<br />
A Croácia surge destacada, mas as altas<br />
audiências em inventos desportivos<br />
são comuns neste país, principalmente<br />
quando estão em causa as cores nacionais.<br />
As suas boas equipas e sentimentos<br />
nacionalistas de um país que tanto<br />
lutou pela independência são seguramente<br />
a explicação. Os noruegueses,<br />
dinamarqueses e os sérvios que têm<br />
relativamente pequenas populações têm<br />
também altos índices de audiência, e a<br />
Alemanha surge novamente na lista, um<br />
dos poucos repetentes. O “país do futebol”,<br />
o Brasil, surge finalmente na lista<br />
e marca posição.<br />
Concentrando-nos agora nas audiências<br />
conseguidas no último campeonato do<br />
Mundo, temos:<br />
• Islândia 18,8%<br />
• Países Baixos 16.1%<br />
• Alemanha 12.4%<br />
• Sérvia 11,1%<br />
• Croácia <strong>10</strong>.8%<br />
• Montenegro 9,7%<br />
• Noruega 9,7%<br />
• Suíça 9.6%<br />
A Islândia marca pontos extras<br />
neste ranking, até porque não participou<br />
na fase final deste torneio.<br />
Assim como os Países Baixos, que<br />
se encontraram na mesma posição.<br />
As boas audiências eram de esperar<br />
por parte da campeã mundial, a<br />
Alemanha.<br />
Resumindo, analisando todos os<br />
critérios, a Islândia destaca-se, e<br />
podemos dizer que “estatisticamente”<br />
é o país que ama mais o<br />
futebol. Se o amor não se explica,<br />
existem algumas razões que ajudam<br />
a explicar a “afición” islandesa pelo<br />
futebol. Primeiro, os sucessivos<br />
governos islandeses têm implementado<br />
m<strong>ed</strong>idas de vida saudável e<br />
de prática desportiva, criando nos<br />
habitantes deste pequeno país europeu<br />
uma verdadeira paixão pelo desporto.<br />
O frio, e os longos invernos,<br />
enclausuram por muitos meses os<br />
islandeses dentro de casa, e a procura<br />
por entretenimento televisivo é<br />
constante. O futebol foi ganhando as<br />
preferências, depois de no inicio dos<br />
anos 70, começarem a ser transmitidos<br />
os jogos do campeonato inglês.<br />
Numa pesquisa que data de 2003,<br />
88% dos homens eram capazes de<br />
citar as suas equipas preferidas da<br />
Premier League. Com o apuramento<br />
da equipa para o Europeu deste ano,<br />
é um sonho tornado realidade para<br />
este pequeno país, em que a maioria<br />
dos seus futebolistas é semiprofissionais.<br />
O guarda-r<strong>ed</strong>es, por exemplo,<br />
é para além de atleta, cineasta.<br />
Não seria justo não destacar a<br />
Alemanha, que como país com<br />
mais de 1 milhão de habitantes,<br />
surge destacado na primeira<br />
posição, rivalizando de perto com<br />
a Islândia.<br />
Talvez seja mesmo o sentimento<br />
germânico pelo desporto rei, para<br />
além das infraestruturas, que<br />
ajudam a explicar como este país<br />
alcança sistematicamente excecionais<br />
resultados em grandes competições.<br />
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António Fidalgo: Capacidades Mentais dos Atletas de Sucesso<br />
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Beber<br />
Demasiada<br />
água<br />
é mortal<br />
Se é daquelas pessoas que acr<strong>ed</strong>ita que deve beber água<br />
mesmo sem s<strong>ed</strong>e, pense melhor…<br />
É crescente a perceção da importância<br />
da ingestão de bebidas durante<br />
o exercício, particularmente em<br />
sessões de treino out-door e durante<br />
períodos de calor intenso. Esta noção,<br />
é no entanto, errada! Beber muito<br />
água é perigosa e pode conduzir a<br />
água intoxicação (hiponatremia), o<br />
que pode causar um <strong>ed</strong>ema cerebral<br />
e morte dentro de poucas horas. O<br />
excesso de água dilui os eletrólitos<br />
(Sódio, potássio, cloreto, magnésio)<br />
em células, que destrói a capacidade<br />
do corpo para gerir corpos fluidos.<br />
Deve seguir os seguintes princípios<br />
para ingerir a quantidade de água<br />
adequada durante os treinos:<br />
• Beba quando está com s<strong>ed</strong>e. Isso<br />
vai evitar a desidratação e ingestão<br />
excessiva de água, chá e refrigerantes;<br />
• Fluidos salgados ajudar a repor os<br />
eletrólitos perdidos;<br />
• Pese-se durante os treinos: limite<br />
perda de peso de 3% por treino;<br />
• Faça pausas frequentes;<br />
• O aumento de peso e inchaço (distensão<br />
abdominal) durante a prática<br />
de exercícios pode significar uma<br />
ingestão excessiva de água.<br />
(Clinical Journal Sports M<strong>ed</strong>icine,<br />
25: 303-320, 2015)<br />
96 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 97
#Nutrição/ Ciência<br />
A ciência da Recuperação<br />
Descubra a melhor forma de fazer as pazes com<br />
o seu corpo despois de um treino brutal e super<br />
desgastante<br />
Para ganhar músculo é preciso<br />
primeiro destrui-lo com horas e horas<br />
de ginásio, criando microrroturas nas<br />
fibras musculares, que durante o período<br />
de recuperação, recuperam-se e levam<br />
então ao aumento do volume muscular (o<br />
crescimento muscular está relacionado em<br />
mais de 80% com o crescimento do tecido<br />
conjuntivo).<br />
Felizmente, o corpo é uma máquina<br />
extremamente adaptável e começa im<strong>ed</strong>iatamente<br />
o processo de reparação e reabastecimento<br />
energético. O seu trabalho é<br />
simples: alimentar-se convenientemente.<br />
Falhar nesta aparentemente tarefa tão simples,<br />
irá resultar numa dor nos músculos<br />
prolongados, um aumento do tempo de<br />
“cura” das microrroturas do músculo e<br />
uma recuperação mais prolongada. Por<br />
outro lado, os praticantes que fizeram uma<br />
alimentação correta im<strong>ed</strong>iatamente após<br />
os treinos, terá ganhos im<strong>ed</strong>iatos, com<br />
o crescimento do volume dos músculos<br />
e aumento da força. E podem também<br />
recuperar mais rápido o que leva à possibilidade<br />
de treinos mais frequentes e mais<br />
duros. O componente mais importante na<br />
alimentação de qualquer sessão pós treino<br />
é a proteína. As pesquisas mostram que o<br />
aspeto mais importante da proteína é o seu<br />
alto teor de aminoácidos, particularmente<br />
a-Aminoácidos de Cadeia Ramificada,<br />
e mais especificamente, a leucina. Essencialmente,<br />
a leucina transforma-se<br />
num interruptor que instrui os músculos a<br />
crescer e recuperar.<br />
O componente mais<br />
importante na alimentação<br />
de qualquer sessão pós<br />
treino é a proteína<br />
Para a recuperação ser eficaz são<br />
necessárias pelo menos 3 gramas de<br />
Leucina para otimizar o processo de<br />
recuperação e construção do músculo.<br />
Outro aminoácido fundamental é a<br />
glutamina. Este aminoácido é fortemente<br />
empobrecido durante o exercício,<br />
e restabelecer a sua concentração<br />
no corpo ajuda a r<strong>ed</strong>uzir a degradação<br />
de proteínas e ainda fortalece o<br />
sistema imunológico.<br />
Em seguida, é necessário restaurar os<br />
níveis de energia para que possa continuar<br />
a sustentar a alta intensidade<br />
de treinos. A melhor forma de fazer<br />
isto é com um cocktail de proteínas,<br />
aminoácidos de hidratos de carbono<br />
do curso. Para completar a alimentação<br />
o uso do suplemento de creatina<br />
traz consigo muitos benefícios. A<br />
creatina é melhor absorvida quando<br />
combinado com hidratos de carbono<br />
que pico de insulina e conduzi-lo em<br />
seu células do músculo para ajudar a<br />
repor os “stock” de ATP.<br />
A revista M<strong>ed</strong>icine& Science in<br />
Sports & Exercisemostrou que atletas<br />
que tiveram uma alta ingestão<br />
de anabolizantes aminoácidos e outros<br />
nutrientes im<strong>ed</strong>iatamente antes<br />
e im<strong>ed</strong>iatamente depois do treino,<br />
durante oito semanas, experimentaram<br />
um maior aumento da massa<br />
muscular e força, e tinha menos<br />
gordura corporal do que aqueles que<br />
ingeriram estes mesmos aminoácidos<br />
de forma dispersa durante o dia.<br />
98 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
A Janela<br />
metabólica<br />
Conheça o que é e a importância da janela metabólica para travar os<br />
processos catabólicos do corpo e iniciar o crescimento dos músculos.<br />
Sandro Costa, Licenciado em desporto e personal trainer, com interesse<br />
na área do tema abordado pelo texto.<br />
A resistência à insulina é um efeito<br />
negativo do cortisol, altos níveis<br />
de cortisol fazem com que os<br />
músculos fiquem menos sensitivos<br />
à insulina (tal como acontece<br />
com a testosterona). A insulina é<br />
importante para permitir a entrada<br />
de carboidratos, aminoácidos e<br />
outros nutrientes importantes(como<br />
a creatina), dentro da célula muscular.<br />
Esta hormona também tem um<br />
papel chave no processo da síntese<br />
protéica.<br />
O conceito de “janela metabólica” (metabolic<br />
window) pressupõe que existe umo<br />
período após o exercício físico, durante o<br />
qual a ingestão de nutrientes faz o corpo<br />
passar de regime de utilização das reservas<br />
(estado catabólico) para o estado de crescimento<br />
(anabólico).<br />
Para realizar qualquer atividade física o<br />
corpo precisa de energia – na maioria<br />
dos casos, ele vai buscar essa energia às<br />
reservas de glicogênio dos músculos. Em<br />
média, um atleta possui reservas de glicogénio<br />
na ordem dos 300-500 gramas.<br />
Cerca de 45 minutos após o início do treino,<br />
o nível das reservas de glicogênio esgotase<br />
e para conseguir manter o fornecimento<br />
energético, o organismo começa a ir buscar<br />
energia ao próprio tecido muscular<br />
(através da secreção do hormônio cortisol).<br />
Este é então o estado “catabólico”.<br />
A ingestão de carbonoidratos e proteínas<br />
antes dos exercícios (tal como durante)<br />
é capaz de repor a energia do corpo,<br />
minimizando os processos catabólicos, e<br />
a diminuição do volume do músculo. Por<br />
isso, muitos especialistas em atividade<br />
desportivas acr<strong>ed</strong>itam que o melhor a<br />
fazer para maximizar o processo de crescimento<br />
muscular é dividir a ingestão dos<br />
suplementos em três partes: im<strong>ed</strong>iatamente<br />
antes do treino, durante o treino e im<strong>ed</strong>iatamente<br />
após o treino.<br />
“Timing of postexercise protein intake is<br />
important for muscle hypertrophy with<br />
resistance training in elderly humans” em<br />
The Jornal of Physiology<br />
Resumindo: a ação do cortisol<br />
limita o crescimento muscular<br />
e estimula a quebra de massa<br />
muscular. Como se não fosse suficiente,<br />
o cortisol ainda faz o corpo<br />
produzir uma quantidade maior(e<br />
desnecessária) de insulina, o que<br />
pode levar ao acúmulo de gordura.<br />
E, é aí que entra o Cromo, uma<br />
maneira simples para ajudar a<br />
controlar o cortisol<br />
O cromo é um mineralque é mais<br />
conhecido pela sua habilidade<br />
de encorajar a perda de gordura<br />
e ajudar os tecidos do corpo a<br />
extrair os nutrientes da corrente<br />
sanguínea com mais facilidade,<br />
ajudando os efeitos da insulina.<br />
Existe evidências de que o cromo<br />
pode diminuir os níveis de cortisol.<br />
Aumentar a sensibilidade à insulina<br />
é outra função importante do<br />
cromo. Ele interage diretamente<br />
com os receptores de insulina nos<br />
músculos, permitindo-os responderem<br />
melhor, o que resulta em um<br />
maior ganho de massa muscular,<br />
devido ao aumento de nutrientes<br />
importantes como proteína, carboidratos<br />
entrando nos músculos<br />
com maior facilidade.<br />
Cromo pode ser adquirido em<br />
comprimidos ou em alimentos<br />
como Brócolis, uva, tomate, queijo,<br />
pimenta, alguns cogumelos, grãos<br />
integrais, lev<strong>ed</strong>ura de cerveja e<br />
alguns tipos de carne..<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 99
#Nutrição/ Saúde<br />
COMIDA SAÚDAVEL:<br />
A produção e processamento da comida têm-na<br />
tornado menos nutritiva?<br />
Maria Inês, Licenciada em nutricionismo, com experiencia de mais de 15 anos no ramo e<br />
com artigos publicados na área abordada pelo texto<br />
A procura pela melhor tabela alimentar<br />
não mostra sinais de diminuição.<br />
Hoje estamos mais cientes do<br />
que “somos o que comemos”, e de<br />
que forma os antioxidantes, as gorduras<br />
ou o baixo índice glicêmico,<br />
dominam o nosso corpo, e em caso de<br />
atletas e desportistas, como influência<br />
a performance desportiva. Mas, se ao<br />
mesmo tempo, o nosso conhecimento<br />
aumentou, é também evidente que os<br />
métodos modernos de produção alimentar<br />
afetaram a qualidade dos nossos<br />
alimentos. Em suma, a concentração<br />
de nutrientes caiu drasticamente<br />
nas últimas décadas.<br />
Donald Davis, bioquímico da<br />
Universidade do Texas (EUA), conduziu<br />
um dos mais completos estudos<br />
sobre o tema em 2011. Ele comparou<br />
a concentração de nutrientes das<br />
colheitas nos Estados Unidos entre<br />
1950 e 2009, e encontrou um notável<br />
declínio em cinco nutrientes em várias<br />
frutas como o tomate ou a beringela.<br />
Por exemplo, houve uma qu<strong>ed</strong>a de<br />
43% em ferro e 12% em cálcio. Estes<br />
valores vão ao encontro, de um estudo<br />
também do próprio em 1999, onde<br />
descobriram uma qu<strong>ed</strong>a de 15% de<br />
Vitamina C e 38% em Vitamina B2,<br />
desta vez em legumes.<br />
Países que se d<strong>ed</strong>icaram a estudos<br />
semelhantes encontram os mesmos<br />
resultados. No Reino Unido,<br />
um estudo de 1997 comparando as<br />
colheitas entre 1930 e 1980 constatou<br />
que o cálcio caiu 19% e o ferro<br />
22% nos vegetais frescos. Mostrando<br />
também sinais claros de menor cobre,<br />
magnésio e sódio, e aqui também na<br />
fruta.<br />
A Culpa?<br />
Os especialistas, como Davis, apontam<br />
a práticas agrícolas atuais como<br />
o grande culpado, que preferem enfatizar<br />
a quantidade em detrimento da<br />
qualidade. A necessidade de produzir<br />
mais, em menos tempo, não permite<br />
que os alimentos absorvam os nutrientes<br />
ao ritmo desejado. Em termo de<br />
comparação, é “como beber um sumo<br />
de laranja, mas em que metade do<br />
copo foi cheio com água”, diz Davis.<br />
No entanto, a ideia que a agricultura<br />
moderna produz culturas menos<br />
nutritivas é bastante controversa,<br />
até porque os dados disponíveis,<br />
mostram uma grande variação, dependendo<br />
com o tempo da colheita, a<br />
planta e o ano. Inclusive,<br />
o departamento<br />
de agricultura dos Estados<br />
Unidos m<strong>ed</strong>iu a concentração de 11<br />
minerais em diferentes culturas, entre<br />
1959 e 2004, não verificou qualquer<br />
variação de concentração níveis<br />
desses mesmos minerais por ano.<br />
<strong>10</strong>0 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
A situação pode ainda piorar, dado que os agricultores,<br />
pela pressão da demanda, esforçam-se cada vez mais para<br />
diminuir o ciclo de plantação e colheita dos alimentos.<br />
Ainda no ano passado, pesquisadores da Universidade<br />
de Harvard previram que os alimentos num futuro muito<br />
próximo terão significativamente menos zinco e ferro,<br />
devido ao aumento dos níveis de dióxido de carbono provenientes<br />
do uso de combustíveis fósseis.<br />
Nem tudo é negativo?<br />
Mesmo que a chegada da agricultura intensiva significou<br />
que a nossos vegetais e frutas contenham menos nutrientes<br />
do que em décadas anteriores, a realidade é que também<br />
significou um aumento significativo na oferta, o que teve<br />
um indiscutível efeito positivo na nossa dieta e saúde.<br />
Eric Decker, professor de ciência de alimentos da<br />
Universidade de Massachusetts em Amherst, afirma inclusive<br />
“que mesmo com os nutrientes em declínio, as perdas<br />
não são significativos o suficiente para justificar qualquer<br />
preocupação com a saúde. Ao longo do último século, a<br />
expectativa de vida tem aumentado sistematicamente, as<br />
pessoas estão maiores e mais fortes, e isso, muito se deve<br />
à disponibilidade de uma maior vari<strong>ed</strong>ade de alimentos”.<br />
O próprio Davis, nos seus artigos, tem apoiado esta ideia<br />
sugerida por Decker, e afasta alarmismos. Até porque, para<br />
a grande maioria da população, legumes e vegetais ainda<br />
não são a principal fonte de nutrientes.<br />
E a agricultura orgânica?<br />
Se a agricultura atual e de ciclos curtos de produção estão<br />
a causar uma quebra significativa de nutrientes nos alimentos,<br />
a agricultura orgânica surge como uma boa alternativa?<br />
Como tudo o que envolve o tema, esta é uma questão<br />
controversa. Os níveis de antioxidantes são mais elevados<br />
em plantas cultivados organicamente, de acordo com uma<br />
meta-análise de estudos existentes publicado no ano passado.<br />
No entanto, em 2012 pesquisadores da Universidade<br />
de Stanford, na Califórnia descobriram nenhuma evidência<br />
que os alimentos orgânicos são mais nutritivos.<br />
Regra geral, não foram encontradas diferenças significativas<br />
de minerais entre alimentos orgânicos. Mas existem<br />
exceções. O leite é disso exemplo. Recentes estudos do<br />
Reino Unido e dos Estados Unidos descobriram que o<br />
leite de vacas criadas ao ar livre tiveram maior quantidade<br />
de antioxidantes e ômega-3. A diferença deve-se à dieta,<br />
segundo esses mesmos estudos, dado que o gado criado em<br />
fazendas orgânicas têm acesso ao pasto é comem proporções<br />
de comida superiores.<br />
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Emoção:<br />
O Suplemento<br />
Desconhecido<br />
Vitor E. Santos<br />
Colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
A nutrição e o treino são dois componentes essenciais para a<br />
obtenção de resultados positivos. Mas, existe um terceiro<br />
componente, habitualmente negligenciado, que é tão crucial<br />
quanto os dois anteriores: a emoção!<br />
A<br />
grande maioria dos programas<br />
de fitness estão<br />
carregados de exercícios<br />
e listas de suplementos<br />
alimentares, mas<br />
poucos, dão o<br />
devido valor a um<br />
terceiro componente:<br />
a emoção.<br />
As emoções influenciam<br />
a nossa perceção<br />
da vida, e a inteligência emocional<br />
dá-nos ferramentas para melhorar e dar<br />
um salto de performance dramático nos resultados<br />
atléticos, para além do bem estar, tanto físico<br />
como mental.<br />
O nosso conhecimento das emoções e de como regulá-los<br />
melhor, “Inteligência emocional”, é uma<br />
das mais poderosas ferramentas para o treino<br />
pessoal, mas também uma das menos utilizadas,<br />
apesar de comprovadas mais-valias, como a ciência<br />
o demonstra (veja o quadro ao lado).<br />
Como escreveu Nan Baldwing no artigo “Emotion:<br />
The undescover suplement”, “eu tenho a<br />
sorte de trabalhar diariamente em todo o mundo,<br />
com campeões de todas as disciplinas, e fico sempre<br />
surpreendido com a força e as habilidades<br />
que eles exibem. Mas, mesmo os mais habilidades,<br />
desabam quando as dificuldades parecem inultrapassáveis”.<br />
Segundo Baldwing, é aí que entra<br />
a estaleca do atleta, e a capacidade que este exibe<br />
em gerir e controlar as suas emoções, o que obriga<br />
a que este as entenda primeiro, mesmo sobre<br />
pressão extrema. Sobrepor emoções negativas,<br />
como a frustração, tristeza ou impotência, que<br />
tanto se podem dever às tarefas quotidianas<br />
ou pela derrota em atletas profissionais, passa<br />
primeiro, pela “auto-conciência” dessas mesmas<br />
emoções, o que envolve uma verificação regular<br />
do estado emocional ao longo do dia. Naturalmente,<br />
que condicionar o corpo com um adequado<br />
regime de nutrição e exercícios. Mas, planear com<br />
inteligência, as emoções pode ser tão, ou mesmo<br />
mais, vantajoso. E, o ponto diferenciador!<br />
<strong>10</strong>2 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Ciência da Emoção<br />
Quando estamos emocionalmente ou fisicamente stressados<br />
por um longo período de tempo, é libertado para a corrente<br />
sanguínea a hormona cortisol. O cortisol é responsável<br />
pelo aumento de peso, quebra muscular, dificuldades em<br />
dormir ansi<strong>ed</strong>ade, falta de entusiamo… resumindo, tudo<br />
aquilo que faz atrasar e mitigar os resultados de um treino<br />
desportivo.<br />
Para piorar, quando os níveis de cortisol permanecem elevados,<br />
é imp<strong>ed</strong>ida a liberação de outra hormona, o DHEA. Esta<br />
segunda hormona ajuda no combate ao anti-envelhecimento<br />
e na recuperação física, e exatamente por isso, é fundamental<br />
que esteja presente no corpo pós treino.<br />
A probabilidade de um treino aumentar os níveis de stress a<br />
um individuo já stressado é muito alta, e com isso, o estado<br />
do corpo tende a piorar. A realidade, é que a todo o instante<br />
somos prisioneiros da nossa química: os níveis de açúcar de<br />
sangue, as proporções de hormonas ou os humores e irritações<br />
do dia-a-dia aumentam diretamente os nossos níveis de<br />
energia e a capacidade de recuperação de qualquer sessão de<br />
treino.<br />
Daí que, muitas vezes, sessões de treino mais leves e joviais<br />
podem ser muito mais produtivas para o aumento da performance.<br />
Mas, antes de mais, é preciso entender três variantes:<br />
1. O movimento cria emoções: a inércia por um tempo<br />
prolongado, leva a uma diminuição do fluxo de sangue,<br />
o que por sua vez, piora o humor. Manter algum tipo de<br />
movimentos durante o dia, mesmo em tempos de descanso<br />
é crucial para o aproveitamento dos treinos.<br />
2. Auto-motivação: Criar e viver num ambiente positivo<br />
influencia as suas emoções e acarreta consigo uma<br />
química hormonal mais propícia ao desenvolvimento físico.<br />
3. Níveis de açúcar no sangue: eles agem como um<br />
estabilizador hormonal e como consequência, na forma<br />
como nos sentimos. Ter atenção r<strong>ed</strong>obrada às refeições<br />
é o primeiro passo para melhorar o humor (horas entre<br />
refeições, valores nutricionais, etc).<br />
“A inteligência emocional é um componente<br />
chave para a manutenção de um estilo de<br />
vida saudável e equilibrado. A positividade<br />
vai beneficiar não só o seu corpo, mas também<br />
a vida pessoal e mesmo a vida profissional.<br />
Tornando-se mais feliz, será também<br />
um atleta melhor” Nan Baldwing<br />
5-HTP<br />
O Suplemento<br />
da Felicidade?<br />
5-HTP é a abreviação do nome: 5-hidroxitriptofano. É um<br />
composto natural que actua como um precursor do neurotransmissor<br />
da “felicidade” chamado de serotonina e do<br />
“sono” a melatonina. É derivado de uma planta Africana,<br />
Griffonia simplicifolia. A serotonina é de vital importância<br />
para o nosso bem-estar. A falta deste neurotransmissor foi<br />
detectada em pacientes com quantidades excessivas de<br />
ansi<strong>ed</strong>ade, sintomas de depressão e distúrbios alimentares<br />
como a bulimia. 5-HTP é uma terapia subtil e suave para<br />
aumentar os níveis de serotonina.<br />
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O<br />
A BIOMECÂNICA<br />
DO EXERCÍCIO<br />
Agachamen<br />
é um exercício<br />
utilizado pa<br />
desenvolvime<br />
musculatur<br />
memb<br />
inferio<br />
AGACHAMENTO<br />
Daniel A. Corrêa,<br />
Mestre em Educação Física (UNIMEP) Especialista em Fisiologia<br />
do Exercício-Prescrição do Exercício<br />
daniel_corves@hotmail.com<br />
<strong>10</strong>4 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
to<br />
treinamento de força são exercícios<br />
realizados em academias em que a<br />
força muscular atua em vencer uma<br />
resistência pela contração muscular,<br />
com diferentes objetivos: estéticos,<br />
recreacionais, terapêuticos, condicionamento<br />
físico e desempenho atlético<br />
(1,2). O exercício agachamento é um<br />
exercício muito utilizado em academias<br />
de musculação visando o desenvolvimento<br />
da musculatura dos membros<br />
inferiores com diferentes variações e<br />
condições, o exercício agachamento<br />
pode influenciar nas mudanças da ação<br />
dos músculos envolvidos aumentando<br />
e/ou diminuindo a performance (3).<br />
Os grupos musculares solicitados<br />
no exercício agachamento atuam de<br />
acordo com sua ação cinesiológica, os<br />
extensores de quadril que são formados<br />
pelos músculos glúteo máximo, semitendíneo,<br />
semimembranáceo e bíceps<br />
femoral; extensores do joelho formados<br />
pelos músculos vasto m<strong>ed</strong>ial, vasto lateral,<br />
vasto interm<strong>ed</strong>iário e reto femoral;<br />
e os flexores plantares formados pelos<br />
músculos sóleo e gastrocnêmios (lateral<br />
e m<strong>ed</strong>ial) (4).<br />
O agachamento possui músculos que<br />
são direcionados pela ação do exercício<br />
que movimentam de duas<br />
ou mais articulação chamados<br />
de multiarticulares (1).<br />
A atuação da articulação<br />
durante o movimento de<br />
flexão e extensão do quadril<br />
e joelho, tem a participação<br />
de uma grande<br />
quantidade de massa<br />
muscular que atua em uma<br />
maior sobrecarga e demanda<br />
metabólica em comparações a<br />
menores grupamentos musculares<br />
(2).<br />
muito<br />
ra o<br />
nto da<br />
a dos<br />
ros<br />
res<br />
O exercício agachamento pode variar<br />
sua amplitude durante o movimento,<br />
em relação a flexão da articulação do<br />
joelho, sendo agachamento parcial (até<br />
40º), meio agachamento (70-<strong>10</strong>0º) e<br />
agachamento total (acima de <strong>10</strong>0º) (5).<br />
O estudo de Caterisano e colaboradores<br />
(6), mostraram que apenas o glúteo<br />
máximo apresentou maior ativação<br />
durante a fase concêntrica do agachamento<br />
realizado com três repetições<br />
com <strong>10</strong>0-125% do peso corporal<br />
em indivíduos homens treinados,<br />
sendo que quanto maior amplitude<br />
de deslocamento maior sua participação<br />
(parcial: 28%, meio-agachamento:<br />
16,9% e total: 35,4%).<br />
Curiosamente, a observação na<br />
posição da barra e amplitude do<br />
movimento se torno importante<br />
para compreender melhor o comportamento<br />
da ativação muscular.<br />
O estudo de Contreras e colaboradores<br />
(7) recentemente investigou<br />
em treze mulheres com experiência<br />
no treinamento de força a atividade<br />
mioelétrica dos músculos glúteo<br />
máximo superior, glúteo máximo<br />
inferior, bíceps femoral e vasto lateral<br />
durante a execução do exercício<br />
agachamento em três posições,<br />
sendo realizado o agachamento<br />
frontal (barra em cima dos ombros),<br />
paralelo e total.<br />
Entre as três posições de agachamento<br />
foi observada nos músculos<br />
glúteo máximo superior e glúteo<br />
máximo inferior menor ativação<br />
quando comparados ao músculo<br />
vasto lateral. O agachamento frontal<br />
e total apresentaram maior ativação<br />
do músculo vasto lateral em<br />
relação ao agachamento paralelo.<br />
Desta forma, o agachamento frontal,<br />
paralelo e total apresentam maior<br />
efeito na ativação do vasto lateral<br />
em comparação ou glúteo, uma<br />
vez que se utilizam na prática o<br />
agachamento total com intuito de<br />
maior solicitação da musculatura do<br />
glúteo. Para os autores (6), o agachamento<br />
frontal apesar de exigir<br />
cargas durante o treino mais baixas,<br />
apresenta uma alternativa de treinamento<br />
viável, no qual pode fornecer<br />
estímulo na musculatura durante a<br />
sessão do treino semelhante ao agachamento<br />
por trás.<br />
Estudo de Gullet e colaboradores (8)<br />
observaram em indivíduos treinados<br />
com um grupo composto de (9<br />
homens e 6 mulheres), que o exercício<br />
agachamento atrás resultou<br />
em mais altas forças compressivas e<br />
torques internos quando comparado<br />
ao agachamento a frente. A força de<br />
cisalhamento e atividade muscular<br />
foram similares em ambas as técnicas.<br />
Assim, o agachamento frontal<br />
passa a ser uma alternativa de exercício<br />
para pessoas com problemas<br />
de joelhos e menisco, devido a um<br />
menor estresse na articulação do<br />
joelho prevenindo a possíveis incômodos<br />
articulares.<br />
Desta forma, a questão sobre fazer<br />
o agachamento total é um tipo de<br />
exercício que não são adequados<br />
para todos, uma vez que a necessidade<br />
de uma boa amplitude de<br />
movimento nas articulações dos<br />
membros inferiores e um fortalecimento<br />
nos músculos dos membros<br />
inferiores através de outros exercícios,<br />
são necessários a uma melhor<br />
técnica (7,8). Indivíduos com<br />
flexão de quadril limitada, devido a<br />
patologias ou morfologia, não serão<br />
capazes de realizar o agachamento<br />
total, pois a exigência da coluna<br />
vertebral durante o movimento pode<br />
levar a desconforto musculares ou<br />
até mesmo lesão ao longo do tempo<br />
(8).<br />
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do iniciante ao avançado. Vol.1. 2014:<br />
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D.A., Giampaoli, B., Amorim, M.A., Bastos,<br />
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Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • <strong>10</strong>5
CARDIOTÉNIS<br />
Bat<br />
Sup<br />
<strong>10</strong>6 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
O treino muscular de<br />
Ben Affleck e Henry<br />
Cavill Para o filme BvS<br />
man<br />
Diogo Sampaio, Colunista Desporto&<strong>Esport</strong> d_sampaio@desportoeesport.com<br />
erman<br />
v<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • <strong>10</strong>7
Ben Affleck Super-herói<br />
na<br />
Meia-Idade<br />
Ben Affleck, mesmo sem saber,<br />
começou a treinar para o seu<br />
papel de Batman ainda em 2009,<br />
quando protagonizou e dirigiu<br />
o excelente The Town, na qual<br />
o americano representava um<br />
ladrão de banco e ex-jogador de<br />
hóquei americano. Para este papel<br />
era absolutamente necessário que<br />
o seu corpo estivesse em forma<br />
como nunca, e para o conseguir,<br />
Ben recorreu à ajuda do super<br />
treinador Walker Norton Jr. que<br />
anteriormente trabalhava com a<br />
equipa profissional Celtic Boston.<br />
Com idades semelhantes e infâncias<br />
semelhantes (nasceram e<br />
viveram a apenas algumas ruas de<br />
distância durante anos), tiveram<br />
uma química im<strong>ed</strong>iata. A que se<br />
soma, a admiração de Norton<br />
pela d<strong>ed</strong>icação e ética de trabalho<br />
de Ben. Na altura das filmagens o<br />
ator, que m<strong>ed</strong>e 1,92 metros, pesava<br />
uns exatos 90 quilogramas e<br />
tinha apenas 6,8 de percentagem<br />
de gordura.<br />
Os dois mantiveram à amizade,<br />
e ocasionalmente alguns treinos<br />
em conjunto, até que definitivamente<br />
se reencontraram em 2013,<br />
após a Warner Bros. Anunciar<br />
publicamente Ben tinha sido<br />
o escolhido para protagonizar<br />
o papel de Bruce Wayne na<br />
sequela do Homem de Aço - o<br />
reboot cinematográfico do Superhomem.<br />
Nos dias seguintes, a<br />
internet entrou num reboliço.<br />
A raiva com que a noticia teve<br />
picos sem proc<strong>ed</strong>entes, com perto<br />
de 1 milhão de pessoas a p<strong>ed</strong>ir<br />
o “desp<strong>ed</strong>imento” de Bem do<br />
papel. Neste momento, tanto Ben<br />
como Norton entenderam que<br />
tinham de dar tudo para conseguir<br />
os resultados de um corpo<br />
fisicamente perfeito e poderoso<br />
para o papel e bem diferente<br />
dos corpos de Christian Bale ou<br />
Michael Keaton. E após consulta<br />
com Snyder – o diretor do filme,<br />
os dois elaboraram um plano de<br />
treinos parecido com o que foi<br />
feito para o filme The Town, mas<br />
com objetivos mais ambiciosos.<br />
Bem tinha que ficar maior, muito<br />
maior. Afinal o humano Bataman,<br />
tinha que ser ou pelo menos<br />
parecer gigante para ter alguma<br />
hipótese contra um extraterrestre<br />
com super-poderes e duro como<br />
o aço. Na realidade, Ben queria<br />
um corpo que se assemelhasse<br />
mais com o corpo de Batman<br />
da Banda desenhada de com as<br />
anteriores revisitações da personagem<br />
no cinema e televisão.<br />
O próprio estudo quis no início<br />
que Ben se transformasse em um<br />
jovem Arnold Schwarzenegger.<br />
“Obtemos uma boa gargalhada<br />
com essa intensão”, diz Norton.<br />
“Afinal estamos a falar sobre<br />
talvez o melhor corpo de todos os<br />
tempos “. Eventualmente, a lógica<br />
prevaleceu, e o foco alterou-se<br />
para transformar Bem em um<br />
lutador MMA de peso pesado.<br />
Por 15 meses, Norton e Ben treinaram,<br />
onde quer que estivesses<br />
no mínimo por 90 minutos até<br />
duas 2 horas e meia por dia,<br />
normalmente por seis dias por<br />
semana, mesmo por entre as<br />
várias filmagens do americano,<br />
inclusive no filme Gone Girl de<br />
David Finch, obrigando Ben a<br />
levantar-se às 4 horas da manhã,<br />
e depois ainda encarar 14 horas<br />
de filmagem seguidas, com um<br />
realizador que é conhecido por<br />
<strong>10</strong>8 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • <strong>10</strong>9
Ben Affleck - O Homem-Morcego<br />
Plano de Treino<br />
... ser o mais duro com os<br />
atores, exigindo muitas vezes,<br />
mas de 50 taques por cena,<br />
quando a maioria se contenta<br />
com cinco ou seis, e mesmo os<br />
mais exigentes nunca vão além<br />
a dúzia de repetições.<br />
Outro desafio, durante as filmagens<br />
do filme de Fincher, era<br />
que a personagem de Ben, um<br />
homem deveria aparentar uma<br />
ressaca que nunca desvanecia,<br />
não podia inchar demasiado<br />
ou ter demasiado músculo. O<br />
foco, foi então em estabelecer<br />
uma boa base para o músculo,<br />
para que ele se desenvolvesse<br />
mais rapidamente após as filmagens.<br />
Quando as filmagens terminaram<br />
em 2014, Ben fe o seu<br />
treinador foram para Detroit,<br />
onde numa garagem convertida<br />
em ginásio, começaram<br />
o extenuante treino (ver ao<br />
lado). Por entre um programa<br />
hibrido de partes iguais de<br />
musculação e exercícios funcionais,<br />
o americano chegou ao<br />
resultado pretendido: <strong>10</strong>3 kg<br />
em um corpo de apenas 7,9%<br />
de gordura corporal. Neste<br />
processo, a nutricionista Rehan<br />
Jalali foi fundamental para projetar<br />
a dieta do actor. Um dia<br />
típico: Ovos brancos e farinha<br />
de aveia na parte da manhã;<br />
salada, proteína de casal e<br />
vegetais no almoço; peixe ou<br />
frango no jantar com couves<br />
de Bruxelas, couve-flor, ou<br />
brócolos. Novamente Norton<br />
surpreendeu-se com a disciplina<br />
espartana de Ben: “Ele foi um<br />
dos melhores atletas com quem<br />
já trabalhei”.<br />
#Dia 1<br />
O trabalho de Bem no<br />
ginásio era rígido, 6 dias<br />
por semana e várias<br />
horas diárias. Ao lado,<br />
podemos ver a sua rotina<br />
no primeiro dia da semana.<br />
Pode também consultar<br />
no nosso blog todo o<br />
esquema de exercícios do<br />
norte-americano.<br />
Bench Press 1 min (<strong>10</strong> repetições)<br />
Arnold Dumbbell Press (<strong>10</strong> repetições)<br />
Dips 12 (3 repetições)<br />
Dumbbell Exercise 1 min (12 repetições)<br />
Biceps Curls 1 min (<strong>10</strong> ou 12 repetições)<br />
Pullup <strong>10</strong>+<br />
Consulte o plano completo em: http://www.desportoeesport.com/superman-vs-batman/<br />
1<strong>10</strong> • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Cavill não é um estranho ao<br />
papel de Superman, já em<br />
2013 lhe tinha dado vida<br />
para o grande ecrã no filme<br />
Homem de Aço, e de novo<br />
voltou a juntar esforços com<br />
Mark Twight, o supremamente<br />
meticulosa treinador<br />
de força e co-proprietário do<br />
Ginásio Jones em Salt Lake<br />
City. Se no primeiro filme,<br />
Cavill já tinha adquirido mais<br />
de 9 kg de músculo (no seu<br />
já bem definido físico), para<br />
este novo filme, o objetivo<br />
tinha de ser mais ambicioso.<br />
Até porque o Super Homem<br />
não pode ficar diminuído ao<br />
lado do Batman.<br />
Tal como tinha acontecido<br />
com Ben, Cavill também<br />
teve que começar o seu<br />
treino para o filme durante<br />
as filmagens, neste caso no<br />
filme de Guy Richie - The<br />
Man from U.N.C.L.E, mas<br />
o britânico teve algumas<br />
vantagens em relação ao<br />
ator americano. Primeiro,<br />
a sua estrutura muscular já<br />
vinha trabalhada do primeiro<br />
filme, e tem menos <strong>10</strong> anos<br />
de idade, o que parecendo<br />
que não, no desenvolvimento<br />
muscular, conta bastante.<br />
Ainda assim, tal como aconteceu<br />
com Affleck, os dias de<br />
filmagem foram usados por<br />
Mark para dar uma melhor<br />
estrutura muscular e não para<br />
ganhar mais massa muscular<br />
– já que o papel interpretado<br />
pelo “SuperMan” no filme<br />
não admitiria um homem<br />
super-musculado. A d<strong>ed</strong>icação<br />
do ator foi tão grande ao<br />
treino, que passou o feriado<br />
de natal, trancado no ginásio<br />
em Salt Lake City.<br />
Os objetivos foram semelhante<br />
ao que foi definido<br />
para o primeiro filme, só que<br />
maior e mais forte – na prática,<br />
isto significa, mais massa<br />
muscular. Para isso era preciso<br />
comer, e ele ingeriu em<br />
média 5.000 calorias por dia.<br />
Este super plano de nutrição,<br />
era ainda suportado por um<br />
plano de treino de duas horas<br />
diária de ginásio, seis dias<br />
por semana, durante 6 meses<br />
O seu super treino deu<br />
frutos, Cavill que tem 1,85<br />
ficou com um peso final de<br />
90kg e uma gordura corporal<br />
de apenas 8%, o que<br />
significa que ganhou quase<br />
mais 6kg de musculo em<br />
relação ao filme anterior. E o<br />
treino não deu só músculo ao<br />
britânico, mas muita força.<br />
Afinal o seu aproxima-se dos<br />
230kg.<br />
Henry Cavill<br />
Mais<br />
que um<br />
Homem<br />
Cavill regressa uma vez mais ao<br />
papel de “homem de aço”, mas<br />
com expetativas r<strong>ed</strong>obradas, e o<br />
peso de ter um super motivado<br />
Bem Affleck como adversário.<br />
Consulte o plano completo em: http://www.desportoeesport.com/superman-vs-batman2/<br />
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O EMOCIONAL E O<br />
RACIONAL DE UM P R E S I D E N T E<br />
DE UM CLUBE DE FUTEBOL<br />
“Para se “dirigir um clube de futebol” deve-se possuir, acima de tudo, um<br />
“espírito de missão de serviço público” associado à capacidade de<br />
compreender as suas próprias limitações de gestor, pois, não devemos ser<br />
emocionais, descurando a componente da racionalidade”<br />
Júlio Coelho, Docente e Investigador, na área da Economia e Gestão, no Instituto Politécnico de<br />
Leiria / ESTM.Ex-jogador e ex-presidente de clube com o nível II de treinadores de futebol.Autor do<br />
livro: “Formar Jovens Futebolistas: um projeto formativo dos 6 aos 18 anos”<br />
jcoelho@ipleiria.pt<br />
O futebol tem conquistado uma importância crescente no<br />
campo desportivo e económico, devido ao seu impacto na<br />
imprensa e aos montantes que envolve e que periodicamente<br />
vêm a público. Assim, não será de estranhar que esta<br />
modalidade desportiva tenha impactos nas economias locais<br />
e nacionais, quer pelos montantes que diretamente envolve,<br />
quer pelas dinâmicas que provoca no chamado “Turismo<br />
Desportivo”. Por outro lado, também não será de estranhar<br />
que, nos casos mais “apetecíveis” surjam frequentemente<br />
candidatos a presidente, até porque tal proporciona, também,<br />
uma projeção pessoal e, muitas vezes, de natureza<br />
financeira.<br />
Ora, ser presidente de um Clube de Futebol (de futebol,<br />
porque maioritariamente é esta a modalidade de maior<br />
projeção desse clube – particularmente em Portugal; nos<br />
outros casos, as ocorrências nem sequer são publicitadas ou<br />
noticiadas!), não devia ser, apenas, porque “se quer”, mas<br />
devia juntar a esta premissa, a condição de “se sabe ser”.<br />
Assistimos, frequentemente a casos onde estas duas condições,<br />
ou premissas, não se verificam. E nestes casos, relevam-se<br />
sempre as questões emocionais, ficando as questões<br />
racionais, para segundo plano. Por isso, não podemos<br />
estranhar que esses dirigentes, ou presidentes, pautem a sua<br />
agenda nas matérias relacionadas com as questões emocionais,<br />
esquecendo-se, ou propositadamente deixando de lado,<br />
as questões racionais, económico-financeiras da sustentabilidade<br />
do clube.<br />
Depois, nesta linha, há sempre espaço para as “manobras”<br />
contabilísticas que possam dar a ideia da existência dessa<br />
mesma sustentabilidade, mas que na verdade, sobrevalorizam<br />
ativos, que é como quem diz, ocultam créditos obtidos,<br />
para assim “encobrirem” os pesados passivos. Isto, é conseguido<br />
com as “cláusulas de rescisão” de jogadores, que<br />
mais do que traduzirem o verdadeiro “valor desportivo”,<br />
ou “goodwill” desse atleta, têm como principal objetivo<br />
“camuflar” passivos. A prova disso mesmo é que, quando<br />
esses tais atletas são depois “vendidos”, nunca, ou muito<br />
raramente, são pelos valores das referidas “cláusulas de<br />
rescisão” (refiro-me apenas ao caso português!).<br />
Por isso, os motivos que devem levar a presidir<br />
a um clube de futebol, não pode ser apenas por<br />
razões emocionais, mas deve ser principalmente por<br />
razões racionais, onde a “missão de serviço público”<br />
esteja sempre presente (até porque, há sempre um<br />
público anónimo, a quem se deve respeito – o sócio<br />
e o simpatizante, mas também todo aquele que é<br />
adepto do futebol, independentemente da sua “clubite”).<br />
As estratégias de “shotgun”, em nada têm<br />
a ver com a verdadeira função de um presidente,<br />
pois, os seus objetivos estão mais relacionados com<br />
a componente emocional, relegando para segundo<br />
plano a componente racional (de natureza económico-financeira).<br />
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É curioso verificar que quando<br />
olhamos para os presidentes dos<br />
clubes europeus, em particular, mas<br />
em geral para a grande maioria dos<br />
clubes mundiais, só são do conhecimento<br />
público os “casos de polícia”<br />
(tirando honrosas exceções), ou os<br />
“casos mais m<strong>ed</strong>iáticos”, pois, todos<br />
os outros acabam por lidar com<br />
os seus clubes como “verdadeiras<br />
empresas”, traduzidas em Soci<strong>ed</strong>ades<br />
Anónimas Desportivas – SAD.<br />
Cada vez mais se reconhece que a<br />
dimensão económico-financeira de<br />
um clube, que se traduz nas SAD´s,<br />
são o motor das dinâmicas “emocionais”<br />
dessas organizações. Por<br />
conseguinte, presidir a um clube<br />
de futebol é presidir ou gerir uma<br />
“empresa”, onde o controlo dos custos<br />
deve ser preocupação permanente<br />
(evitando-se casos de falência, como<br />
vão ocasionalmente ocorrendo!),<br />
associado às preocupações relativas<br />
às receitas e à melhor forma de as<br />
obter. Talvez por isso, alguns clubes<br />
tenham assumido, de há uns anos a<br />
esta parte, que uma das suas principais<br />
fontes de receita, deve ser a<br />
sua própria formação de jogadores<br />
(repare-se, normalmente um clube<br />
de referência possui cerca de 20 a<br />
30 jovens atletas, que reúnem condições<br />
para passar para a equipa<br />
principal, quase ao mesmo tempo.<br />
Naturalmente, que nem todos o conseguem,<br />
logo, há que potenciar todos<br />
os restantes, através da “venda”).<br />
Assim, e em jeito de síntese, para se<br />
“dirigir um clube de futebol” deve-se<br />
possuir, acima de tudo, um “espírito<br />
de missão de serviço público” associado<br />
à capacidade de compreender<br />
as suas próprias limitações de gestor,<br />
pois, não devemos ser emocionais,<br />
descurando a componente da<br />
racionalidade económico-financeira,<br />
porque caso contrário, o futuro pode<br />
ficar comprometido, para todos, até<br />
para os “mais emotivos”.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 113
Ansi<strong>ed</strong>ade<br />
e Pós<br />
Pré<br />
Competitiva<br />
Tiago Tavares, Especialista em Psicologia do Desporto e Coaching desportivo, com pesquisa e<br />
artigos científicos publicados na área do tema abordado no texto<br />
tiagoastavares@gmail.com<br />
A ansi<strong>ed</strong>ade na competição constitui um problema que afeta todos os que estão ligados à competição sendo direta<br />
ou indirectamente, desde os atletas, treinadores, pais, árbitros, dirigentes e até mesmo púbico em geral. É de conhecimento<br />
geral que estes agentes do desporto estão constantemente sujeitos a estas pressões psicológicas, não<br />
sendo de estranhar que estes tenham dificuldade em lidarem e enfrentarem com eficácia as exigências<br />
competitivas. A Ansi<strong>ed</strong>ade Desportiva traduz-se num estado de excitação descontrolada. Pode ser vista como<br />
uma reação emocional a diversos estímulos de angustia, em que os atletas podem -se enfrentar com um<br />
elevado estado de excitação e serem assistidos por sentimentos de desconforto e de apreensão.<br />
Ansi<strong>ed</strong>ade Pré-competitiva<br />
Ansi<strong>ed</strong>ade é um estado emocional<br />
desagradável de m<strong>ed</strong>o ou apreensão,<br />
quer na ausência de perigo ou ameaça<br />
identificável, quer quando a mesma<br />
alteração emocional é claramente<br />
desproporcionada em relação à intensidade<br />
real do perigo.<br />
A proximidade do jogo aumenta os<br />
níveis de ansi<strong>ed</strong>ade pré-competitiva,<br />
mostrando que quanto mais próximo o<br />
inicio do jogo, alguns atletas começam<br />
a sentirem-se mais ansiosos, pois o jogador<br />
em vez de aguardar com alegria e<br />
entusiasmo o jogo acaba por recear o<br />
seu inicio. Isto acontece quando o atleta<br />
vive com o sentimento do “ m<strong>ed</strong>o de<br />
falhar” e assim assiste-se a um aumento<br />
da ansi<strong>ed</strong>ade.<br />
Sintomas da Ansi<strong>ed</strong>ade<br />
Fisiológicos<br />
• Tremura<br />
• Hipertonia muscular<br />
• Inquietação<br />
• Hiperventilação<br />
• Sudação<br />
• Palpitações<br />
Cognitivos<br />
• Apreensão e inquietação<br />
psíquica<br />
• Hipervigilância<br />
• Alteração da vigilância (distractibilidade,<br />
perda de concentração,<br />
insónias)<br />
Ansi<strong>ed</strong>ade Competitiva<br />
Consiste numa resposta à percepção<br />
de ameaças que podem ocorrer quer<br />
nos momentos de aprendizagem (treinos,<br />
preparação para uma competição<br />
importante, por exemplo), quer nos<br />
momentos de avaliação dessa mesma<br />
aprendizagem (competições). Este tipo<br />
de ansi<strong>ed</strong>ade vai sendo experienciado<br />
ao longo das competições e em todos<br />
os momentos de avaliação.<br />
Estado de Ansi<strong>ed</strong>ade Vs Traço<br />
de Ansi<strong>ed</strong>ade<br />
Estado de Ansi<strong>ed</strong>ade – é identificado<br />
como um estado emocional im<strong>ed</strong>iato e<br />
transitório que varia de intensidade e<br />
no tempo (tem como referência o contexto),<br />
caracterizado pelo sujeito e pela<br />
sua consciente percepção de sentimentos<br />
de apreensão e tensão, acompanhados ou<br />
associados com a activação do sistema nervoso<br />
autónomo (SNA). O EA é induzido<br />
quando durante uma avaliação processual<br />
os estímulos exteriores são reconhecidos<br />
como ameaçadores. Pessoas muito ansiosas<br />
tendem a responder a estas situações com<br />
um aumento do estado de ansi<strong>ed</strong>ade.<br />
Traço de Ansi<strong>ed</strong>ade – ansi<strong>ed</strong>ade como<br />
traço de personalidade, deve ser vista como<br />
as diferenças individuais relativamente<br />
estáveis na tendência para a ansi<strong>ed</strong>ade,<br />
diferenças na disposição para perceber<br />
como perigosas, e para responder a tais<br />
ameaças como reacções de ansi<strong>ed</strong>ade estado.<br />
Esta ansi<strong>ed</strong>ade reflete diferenças individuais<br />
na frequência e intensidade com<br />
que cada estado de ansi<strong>ed</strong>ade ocorreu no<br />
passado e proporciona informação acerca<br />
da probabilidade de ocorrência no futuro.<br />
Refere-se a uma tendência ou disposição<br />
comportamental adquirida que influencia o<br />
comportamento.<br />
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Dimensões da Ansi<strong>ed</strong>ade<br />
Ansi<strong>ed</strong>ade Cognitiva – é vista como as<br />
preocupações e expectativas negativas<br />
acerca do rendimento e auto-avaliação<br />
negativa. Consiste em pensamentos<br />
negativos e preocupações sobre a performance,<br />
incapacidade para se concentrar<br />
e atenção disruptiva. Trata-se<br />
de uma componente mental do estado<br />
de ansi<strong>ed</strong>ade causada pelo m<strong>ed</strong>o de<br />
uma avaliação negativa e que causa<br />
reacções, tais como o m<strong>ed</strong>o, apreensão,<br />
apatia, desinteresse, pensamentos negativos.<br />
A ansi<strong>ed</strong>ade cognitiva deverá ser<br />
um m<strong>ed</strong>iador mais poderoso no rendimento<br />
ao longo da competição, porque<br />
as expectativas de sucesso podem<br />
mudar em qualquer altura durante a<br />
competição e ter um poderoso efeito no<br />
rendimento.<br />
Ansi<strong>ed</strong>ade Somática – reporta-se às<br />
percepções dos sintomas corporais<br />
causados pela ativação do SNA, caracterizada<br />
por uma grande vari<strong>ed</strong>ade<br />
de sintomas somáticos como tremura,<br />
hipertonia muscular, inquietação,<br />
hiperventilação, sudação, boca seca,<br />
aumento da frequência cardíaca (FC),<br />
etc. A ansi<strong>ed</strong>ade somática refere-se a<br />
elementos fisiológicos e afectivos da<br />
ansi<strong>ed</strong>ade.<br />
Autoconfiança – deverá ser encarada<br />
como a inexistência de ansi<strong>ed</strong>ade cognitiva.<br />
A ansi<strong>ed</strong>ade cognitiva será vista<br />
como a falta de autoconfiança. Cruz<br />
e Viana conceptualizaram a autoconfiança<br />
no desporto no contexto de um<br />
“continuum” que varia entre a falta de<br />
confiança (pouca ou fraca confiança<br />
nas capacidades pessoais, manifestada<br />
pelos atletas através de expectativas<br />
negativas e pelas dúvidas relacionadas<br />
com a sua prestação) e a confiança<br />
excessiva (demasiada autoconfiança).<br />
Estes aspetos tendem a produzir elevados<br />
estados de ansi<strong>ed</strong>ade, bem como a<br />
perda das capacidades de atenção, concentração,<br />
originando incerteza quanto<br />
aos motivos de participação. A autoconfiança<br />
pode ser considerada um fator<br />
de diferença individual que engloba a<br />
percepção de confiança do atleta e que<br />
possui uma relação linear positiva com<br />
o rendimento. Tudo se baseia na convicção<br />
do atleta nas suas capacidades<br />
de aprendizagem e aperfeiçoamento das<br />
componentes técnico-tácticas, físicas e<br />
psicológicas.<br />
Fatores geradores da Ansi<strong>ed</strong>ade<br />
• Pressão Social (pensamentos<br />
pré-competitivos ligados ao m<strong>ed</strong>o do<br />
fracasso, decepcionar as pessoas, obrigação<br />
de vitória)<br />
• Expectativa da vitória projectada<br />
no atleta, pelos pais, treinador,<br />
público e comunicação social<br />
Fatores situacionais<br />
• Home Advantage (vantagem de<br />
jogar na própria casa)<br />
• Espetadores<br />
• Árbitros<br />
• Treinador<br />
• Colegas de Equipa<br />
• Pais/Familiares<br />
• Características Intrínsecas à<br />
Modalidade<br />
• Meios de Comunicação Social<br />
Fatores Individuais<br />
• Personalidade do atleta<br />
• Percepção do atleta a ruídos<br />
externos (aplausos, apupos, indiferença)<br />
• Idade e Experiência do atleta<br />
Diferenças entre Desportos<br />
Coletivos e Individuais<br />
Becker Jr. (2000), analisando os estudos de<br />
Martens (1977), identificou níveis diferenciados<br />
de ansi<strong>ed</strong>ade quanto à estrutura<br />
do desporto individual ou coletivo. Os<br />
atletas de desporto individual apresentam<br />
maior nível de ansi<strong>ed</strong>ade do que os<br />
de equipa, especificamente na natação<br />
e no atletismo (talvez em decorrência<br />
de cada atleta saber que não há como<br />
se recuperar de uma má saída). Além<br />
disso, nos desportos individuais os atletas<br />
não compartilham a responsabilidade,<br />
expondo-se sozinhos a uma avaliação<br />
direta dos espectadores, gerando uma<br />
pressão desproporcional à demonstração de<br />
excelência na performance.<br />
a) Os níveis de ansi<strong>ed</strong>ade traço competitiva<br />
apresentaram uma r<strong>ed</strong>ução significativa<br />
após o término da partida que quando<br />
comparados na situação pré-competitiva,<br />
entretanto, esses níveis ainda são considerados<br />
altos segundo os valores de referencia<br />
da escala utilizada e;<br />
b) Atletas mais jovens apresentam níveis<br />
mais altos de ansi<strong>ed</strong>ade traço competitiva,<br />
o que permite inferir que esta variável<br />
pode ser modulada pela idade e<br />
experiência.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 115
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R<strong>ed</strong>es Sociais como uma das<br />
principais ferramentas para<br />
conquistar novos<br />
patrocínios<br />
Rafael Leitão, Formado em Design Digital com Pós Graduação em Marketing e Comunicação pela<br />
Universidade Mackenzie, fundador da agência Sportt, reponsável por ações de marketing esportivo com<br />
marcas como: SCA, Sanofi e Itaú<br />
Saiba mais em: rafaleitao.com<br />
Todos nós sabemos que é quase impossivel conseguir<br />
patrocinio nos dias de hoje, em meio a crise<br />
que varios paises estão passando, o apoio a atletas<br />
que estão iniciando se torna cada vez mais raro.<br />
Próximo as Olimpiadas no Brasil, o que vemos é<br />
um pais que inspira pelo momento esportivo, pela<br />
organização do evento mais importante que o pais<br />
já organizou, mas ao mesmo tempo ainda encontramos<br />
um país totalmente desolado por falta de apoio<br />
aos seus atletas.<br />
Se você acr<strong>ed</strong>ita que todos atletas olimpicos brasileiros tem apoio para participar<br />
de campeonatos no exterior, que todos os atletas conseguem ter condições<br />
e materiais esportivos para seu treinamento, que todos os atletas contam com<br />
apoio de patrocinio de empresas ou de intituições públicas, você esta totalmente<br />
engando. Isso tudo é o reflexo de uma base totalmente abandonada de<br />
apoio aos novos talentos.<br />
Iris Tang Sing é a primeira atleta brasileira garantida na disputa do taekwondo<br />
nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, quando lê uma noticia<br />
como essa talvez pode pensar, ela teve todo apoio e patrocinio para chegar<br />
onde chegou. Infelizmente não. Arthur Zanetti, teve que solicitar apoio em r<strong>ed</strong>e<br />
nacional, para simplismente poder ter condições e apoio para treinar. Fico me<br />
perguntando, mas como ele chegou ao ouro e conquistou grandes resultados<br />
antes?<br />
116 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Todas essas são histórias que representam<br />
muitas outras por todo Brasil e por todo o<br />
mundo.<br />
Como podemos mudar esse cenário? Como<br />
eu atleta posso encontrar pessoas que possam<br />
me ajudar? Posso citar algo que irá ajudar<br />
muito, mas não será a solução de todos<br />
os seus desafios.<br />
Primeiro, comece escrevendo onde quer<br />
chegar. Sim, escreva bem grande e coloque<br />
em um lugar onde possa ler todos os dias.<br />
Pensar nesse objetivo a todo o momento,<br />
ser apaixonado e louco pelo o que faz, é o<br />
inicio do sucesso de cada objetivo.<br />
Agora, pense em como quer que as empresas,<br />
apoiadores, parceiros e intituições<br />
pública irá te avaliar, seu perfil é o seu<br />
cartão postal. Costumo utilizar uma frase<br />
bem importante, “quem não é visto, não<br />
é lembrado” e “a primeira impressão é a<br />
que fica”. Se você tiver somente uma oportunidade<br />
para se apresentar para seu futuro<br />
empresario e investidor, como irá se apresentar?<br />
Comece pensando que esse cara não<br />
terá muito tempo para te dar atenção, afinal<br />
hoje em dia o tempo está cada vez mais<br />
complicado. Para isso, vou te fazer algumas<br />
perguntas?<br />
Como está sua “Apresentação de Carreira”,<br />
quem é você, onde quer chegar, o que já fez<br />
e conquistou, como pensa em chegar lá?<br />
Tudo isso é essencial para ter como material,<br />
para depois apresentar a essa pessoa<br />
que poderá te ajudar.<br />
Além da apresentação que apresenta sua<br />
carreira, ou se esta começando, seus objetivos.<br />
Como utiliza as r<strong>ed</strong>es sociais para<br />
divulgar sua carreira. Hoje as r<strong>ed</strong>es sociais<br />
são ferramentas essenciais para unir, pessoas<br />
que querem apoiar com quem quer<br />
ser apoiado. Se não está lá, como quer ser<br />
encontrado? Se as empresas consomem<br />
conteúdos digitais e propagam suas marcas<br />
lá, onde está você que não está no mesmo<br />
ambiente?<br />
Como podemos melhorar a busca por esses<br />
patrocinadores, se transformando em digital<br />
e indo a procura desses apoiadores no ambiente<br />
que eles se encontram.<br />
Hoje, existem diversas ferramentas para<br />
divulgar sua carreira:<br />
Faça a produção e públique seus videos de<br />
conquistas, treinos, campeonatos e apresentação<br />
de seu perfil no Youtube ou Facebook.<br />
O conteúdo em formato video<br />
cresce 40% ao ano segundo dados<br />
do Youtube, perceba que essa é uma<br />
grande oportunidade. Se quiser ir<br />
além, faça um canal ou uma pagina<br />
sua, ou voce acr<strong>ed</strong>ita que só Cristiano<br />
Ronaldo pode ter uma página?<br />
Existem diversos sites templates (Wix<br />
e WordPress) que pode densevolver<br />
uma pagina de internet sobre você,<br />
se apresente e coloque o máximo de<br />
material que puder. Estamos na era de<br />
“Brand Content”, era do “Conteúdo”,<br />
você é uma marca, se divulgue.<br />
Você tem um perfil no Link<strong>ed</strong>in? Sim,<br />
seus apoiadores estão lá. Eles são<br />
empresários e executivos, vivem em<br />
uma ambiente digital de crescimento<br />
profissional, mesma coisa que você<br />
atleta, só que você vive do esporte<br />
e não na empresa. Faça um perfil,<br />
desenvolva um grupo e encontre pessoas<br />
como você.<br />
Agora o que não pode faltar é você<br />
fazer parte dessas sites em formato<br />
Crowndfunding, focado em conquistar<br />
apoiadores e patrocinadores para sua<br />
carreira ou projetos pontuais. Essa<br />
é uma tendencia que vem crescendo<br />
no Brasil, a utilização de ferramentas<br />
digitais estão sendo cada vez mais<br />
comum para conquistar apoio. Posso<br />
citar os sites abaixo:<br />
Sou do <strong>Esport</strong>e<br />
Site brasileiro com um quantidade<br />
bem grande de atletas e empresas<br />
apoiadoras. Criado a mais de 2 anos<br />
é um dos primeiros com esse objetivo<br />
no Brasil.<br />
http://www.soudoesporte.com.br/<br />
Atletas Brasil<br />
Primeiro site brasileiro de catalogo de<br />
atletas em formato muito próximo de<br />
r<strong>ed</strong>e social. Passou por uma grande<br />
reformulação nesse ultimo ano e teve a<br />
introdução de importantes beneficios.<br />
http://www.atletasbrasil.com.br/<br />
Kickante<br />
É o maior site de crownd funding no<br />
Brasil, com diversos tipos de projetos<br />
sociais que precisam de apoio, entre<br />
eles muitos esportivo.<br />
http://www.kickante.com.br/esportes<br />
Network 90<br />
Site em formato de r<strong>ed</strong>e social apoiado<br />
pelo atleta portugues, Figo. Famoso<br />
pelo alto número de atletas ligado ao<br />
futebol. Muito bom para quem quer<br />
conseguir patrocinio internacional ou<br />
jogar no exterior.<br />
https://www.network90.com/<br />
Playyon<br />
Site americano em formato de r<strong>ed</strong>e<br />
social, focado em unir atletas com outros<br />
atletas, atletas com patrocinadores.<br />
Seu grande beneficio está no design<br />
mobile, boa navegação e com número<br />
bem grande de ações pela plataforma<br />
mobile.<br />
https://www.playyon.com/<br />
Todas essas são dicas essenciais para<br />
conseguir um patrocinio, um grande<br />
passo para iniciar a busca.<br />
Utilize o Digital ao seu favor, ela é<br />
muito mais do que uma ferramenta<br />
para conversar com amigos, é uma ferramenta<br />
de trabalho.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 117
118 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
A P O S T A S<br />
DESPORTIVAS<br />
Aprenda a calcular as<br />
verdadeiras odds dos<br />
jogos de futebol<br />
Diogo Sampaio, Colunista Desporto&<strong>Esport</strong> d_sampaio@desportoeesport.com<br />
O mercado de apostas desportivas no futebol movimenta dezenas<br />
de milhões de apostadores semanalmente em toda a europa, principalmente<br />
depois da chegada dos serviços de apostas online. O<br />
ganho, mais do que sorte, advém da aptidão do apostador prever<br />
o resultado final. A maioria chega lá por instinto ou por razões<br />
do coração, mas dada a pouca fiabilidade desta abordagem, as<br />
probabilidades de vitória são maioritariamente dos serviços de<br />
aposta e ao apostador serve o consolo de culpabilizar a “pouca<br />
sorte”, depois de ter os bolsos um pouco mais vazios. Alguns<br />
apostadores investigam e fazem o trabalho de casa, consultando<br />
todas as odds (probabilidades) das várias casas de apostas, e<br />
colhem dessa média a sua aposta. Esta é uma estratégia que promove<br />
resultados mais positivos, mas está longe de estar isenta de<br />
erros. Primeiro, porque cada casa de apostas tem o seu próprio<br />
algoritmo matemático para o cálculo final das odds (que nunca<br />
é conhecido), e depois, porque as odds vão variando em proporção<br />
direta com o montante de apostas. Em suma, dificilmente a<br />
odd representa a verdadeira possibilidade de determinado evento<br />
ocorrer (vitória de equipa A sobre equipa B, etc).<br />
O que propormos é uma terceira alternativa: calcule você as<br />
verdadeiras odds dos jogos de futebol! Como? Por modelos<br />
matemáticos de comprovada eficiência. Sim, parece complicado,<br />
e é complexo, mas com alguma d<strong>ed</strong>icação, é totalmente<br />
exequível, mesmo para não matemáticos. Aliás, o modelo que<br />
propomos para esta <strong>ed</strong>ição, precisa de saber bem mais de<br />
futebol e de Excel, do que ser um ás com os números.<br />
O modelo matemático a que nos propomos apresentar, essencialmente,<br />
e em termos muito básicos, criam um ponto de referência<br />
no qual é possível determinar a probabilidade de todos os resultados<br />
possíveis de uma determinada partida.<br />
Com este modelo, para além das maiores garantias que terá em<br />
cada aposta, poderá identificar o real valor de mercado de uma<br />
aposta, e por consequência se, é ou não, favorável para si investir<br />
o seu dinheiro nela.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 119
Calculando as Odds:<br />
Distribuição de<br />
Poisson<br />
O cálculo das probabilidades nas casas de apostas (sem interferências das<br />
verbas dos apostadores) e aquela que são discutidas na literatura e universidades<br />
são semelhantes nos pressupostos e nos modelos matemáticos usados.<br />
Mais que os algoritmos, muitas vezes, o mais importante é mesmo saber<br />
escolher com exatidão as variáveis a serem colocadas em equação, e isso<br />
depende mais dos conhecimentos de futebol do que habilidades matemáticas.<br />
E, por isso aconselhamos a que numa primeira fase, escolha uma liga/<br />
competição que conheça bem, e adapte a matemática (e escolha de variáveis)<br />
antes de partir para analises mais amplas e que envolvam mais ligas e um<br />
maior número de jogos.<br />
Pela sua simplicidade a que alia uma excelente percentagem de acertos, um<br />
bom algoritmo para se iniciar no calculo de odds no futebol é a distribuição<br />
de Poisson. O nome pode parecer estranho, assim como a equação que o<br />
define (que pode ver abaixo), mas o seu cálculo na prática é bastante simples,<br />
e as folhas de Excel já bem pré-definidas com a sua formula, pelo que<br />
nem precisa de conhecimentos matemáticos profundos.<br />
Na teoria da probabilidade e na estatística, “a<br />
distribuição de Poisson é uma distribuição de<br />
probabilidade de variável aleatória discreta<br />
que expressa a probabilidade de uma série de<br />
eventos ocorrer num certo período de tempo se<br />
estes eventos ocorrem independentemente de<br />
quando ocorreu o último evento.”<br />
Este algoritmo surge então como uma luva<br />
para os jogos de futebol, que como sabemos<br />
é uma das modalidades mais difíceis de traçar<br />
um traço probabilístico, devido à aleatori<strong>ed</strong>ade<br />
do jogo, que é aliás uma das suas características<br />
mais apaixonantes. Outro fator relevante<br />
deste algoritmo, é a sua abrangência e a hipótese<br />
de calcular estatisticamente o placar final<br />
ou invés da simples probabilidade “tripla”<br />
(vitória, empate ou derrota - que pode ser<br />
calculada posteriormente, bastando somar os<br />
diferentes resultados).<br />
Mas, vamos ao que importa: é efetivo?<br />
Consegue calcular com exatidão o resultado<br />
final? A resposta é sim, dentro dos principais<br />
algoritmos é um dos que produz resultados<br />
mais interessantes, como nos reporta o trabalho<br />
desenvolvido por Carlos Ceolato, “ChuteGol:<br />
Chance de um time em Gols”. Utilizando esta<br />
mesma metodologia, para o Brasileirão chegaram-se<br />
ao seguintes resultados: em 116 jogos<br />
analisados, ocorreu o resultado mais provável<br />
(50,65%), em 55 o resultado foi o de probabilidade<br />
média (24,02%) e apenas em 58, o de<br />
menor probabilidade (25,33%).<br />
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Gostava de folhear a nossa revista na<br />
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Nuno Sabido Ciclismo internacional, UCI e Futuro<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Edição <strong>10</strong> • 2016<br />
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A arte de bater<br />
bolas sistematicamente<br />
em profundidade<br />
Futebol,<br />
Mitos vs. Realidade<br />
Matemática e Lógica<br />
Porque muito do que nos parece intuitivo é mentira<br />
Alexandre<br />
Monteiro<br />
Linguagem Corporal: seja<br />
um lider mais poderoso<br />
Batman<br />
SuperMan<br />
Descubra o que é<br />
necessário para se tornar<br />
num super-herói como<br />
Henry Cavill e Ben Affleck<br />
Fitness<br />
Emoção:<br />
O Suplemento<br />
Desconhecido<br />
APOSTAS<br />
Aprenda a<br />
calcular as<br />
odds reais<br />
nos jogos de<br />
futebol<br />
Fisiologia do<br />
Ciclista<br />
de BTT<br />
António Fidalgo: Capacidades Mentais dos Atletas de Sucesso<br />
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de p<strong>ed</strong>idos).<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 121
Criando um<br />
modelo<br />
O Microsoft Excel (ou semelhante) vai<br />
tornar-se no seu melhor amigo. Se não<br />
tem familiaridade com o seu uso, é bom<br />
que perca algum tempo a conhecer as suas<br />
funcionalidades. Não é difícil e é bastante<br />
intuitivo, e caso sinta alguma dificuldade,<br />
pode sempre “googolar” e rapidamente<br />
encontrará a resposta ao. O seu segundo<br />
melhor amigo, são os websites e portais de<br />
estatística de futebol. Precisará de dados,<br />
muitos dados, e esta é a forma mais acessível<br />
de os conseguir. Não aconselhamos<br />
nenhum, e deixamos isso ao seu critério.<br />
Caso seja um “coca-bichinhos” do futebol<br />
e já tiver por si compilado esses dados,<br />
como é logico pode e deve usa-los.<br />
Copie então todos os resultados, frisando<br />
uma vez mais quantos mais melhor, para<br />
a folha de Excel. Mesmo que exc<strong>ed</strong>a o<br />
número de dados mais do que considera<br />
necessário, pode sempre numa segunda<br />
fase exclui-los, e caso, porventura em<br />
alguma análise futuro precise deles, já os<br />
tem.<br />
Nesta primeira fase, deve guardar o Nome<br />
das equipas, o Placar Final, e os Golos<br />
marcados (Casa e Fora) para cada<br />
encontro individualmente.<br />
Após ter todos estes dados organizados,<br />
usando essa mesma folha de Excel, vamos<br />
calcular a média de quatro variáveis:<br />
Média de golos marcados em casa,<br />
Média de golos sofridos em casa, Média<br />
de golos marcados fora e Média de golos<br />
sofridos fora.<br />
Este processo é relativamente simples, e<br />
grande maioria de nós está habituado a ele<br />
em tarefas do dia-a-dia. Por exemplo, para<br />
descobrir a média de golos marcados em<br />
casa, basta dividir o número total de golos<br />
marcados em casa pelo número total de<br />
jogos. Vamos imaginar que nesta época o<br />
Barcelona marcou 36 golos em casa em<br />
19 jogos, a média de golos marcados em<br />
casa é então de 1,89 (36/19=1,89). O processo<br />
é o mesmo para todas as restantes<br />
variáveis. Para se direcionar melhor pode<br />
chegar a estes cálculos, aconselhamos a<br />
que construa tabelas no Excel, e claro,<br />
que use as suas funcionalidade de cálculo.<br />
Deve também calcular a média da liga<br />
nestas 4 variáveis, estes valores vão ser<br />
usados já no próximo passo.<br />
Estas estatísticas são chave e agora<br />
que as temos, podemos usa-los para<br />
calcular a Força de ataque em<br />
casa, Força defensiva em casa,<br />
Força defensiva fora e Força de<br />
ataque fora. Novamente este é um<br />
processo simples de se executar e<br />
precisa apenas de dividir a Média<br />
de golos em casa da equipa A pela<br />
Média de golos de todas as equipas.<br />
Novamente usando o Barcelona (e<br />
números fictícios) como exemplo.<br />
A média de golos do Barcelona é<br />
então 1,89 (como calculado acima)<br />
contra 1,57 da Liga espanhola.<br />
1,89/1,57=1,20 o que equivale dizer<br />
que o Barcelona marca mais 20%<br />
de golos em casa que as equipas do<br />
campeonato espanhol de futebol.<br />
Uma tabela neste ponto é ainda mais<br />
importante para se organizar com<br />
os números e também facilita muito<br />
o próximo passo, onde a grande<br />
dificuldade é a recolha de<br />
informação.<br />
Agora antes de partirmos para<br />
a aplicação da Distribuição de<br />
Poisson, só falta mais um passo.<br />
Calcular a Expetativa de golos<br />
em casa e a Expetativa de golos<br />
fora. Isto só pode ser feito, já com<br />
um jogo particular em vista: para<br />
efeitos de exemplo, vamos imaginar<br />
um Barcelona vs. Sevilha (os dois<br />
venc<strong>ed</strong>ores das ultimas <strong>ed</strong>ições da<br />
Liga dos Campeões e Taça Uefa).<br />
Vamos então imaginar que o<br />
Barcelona joga em casa e tem uma<br />
força de ataque de 1,20, como “calculado”<br />
em pontos anteriores. E<br />
imaginando que o Sevilha tem uma<br />
Força defensiva fora de 1,07<br />
teríamos:<br />
1. Expetativa de golos em<br />
casa: Força de ataque em casa<br />
(1,20) x Força de defesa fora (1,07)<br />
x Média de golos em casa da Liga<br />
(1,57)= 2,02<br />
2. Expetativa de golos fora:<br />
Força de ataque fora x Força de<br />
defesa em casa x Média de golos<br />
fora da Liga =? Em que ? é 0,53<br />
para efeitos de exemplo<br />
122 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Sevilha<br />
Barcelona<br />
O mais difícil está feito e agora basta aplicar a distribuição de Poisson no<br />
Excel. A melhor forma de fazer isto é efetuando uma matriz com todos os<br />
resultados desde o 0-0 até o <strong>10</strong>-<strong>10</strong>. Poderá depois definir o intervalo de<br />
resultado à sua m<strong>ed</strong>ida. Na folha Excel a forma da distribuição de Poisson é:<br />
Poisson = (x, mean, cumulative)<br />
Onde:<br />
X= Numero de golos<br />
Mean= Expetativa de golo em casa/fora<br />
Cumulative: é coloca do a False, para retornar o valor definido<br />
em X<br />
Assim para o resultado 0-0 entre o Barcelona e o Sevilha em Cam Nou teriamos:<br />
((POISSON(Zero golos marcos, Expetativa golos casa (Barcelona),<br />
FALSE) X POISSON(Zero golos sofridos, Expetativa golos fora (Sevilha),<br />
FALSE)))X <strong>10</strong>0<br />
O que aplicando a formula já com os valores teriamos:<br />
((POISSON(0, 2.02, FALSE)X POISSON(0, 0.53, FALSE)))X<strong>10</strong>0= 7.808%<br />
Se usarmos então a matriz <strong>10</strong> por <strong>10</strong>, usando<br />
a formula de Poisson ficamos com uma matriz<br />
como à que podemos visualizar acima.<br />
Para além de poder encontrar as percentagens<br />
do placar final, se somar os vários resultados<br />
pode ainda encontrar as percentagens resultados<br />
mais favoráveis (empate, vitória ou<br />
derrota). Pode também calcular a probabilidade<br />
de vitória por mais de 2 golos, ou a probabilidade<br />
de existirem mais de 4 golos no jogo,<br />
entre muitas outras opções.<br />
O último passo é transformar as probabilidades<br />
em odds. Para calcular a odd é muito<br />
simples, e basta dividir <strong>10</strong>0 pela probabilidade.<br />
Por fim, saiba que as casas de apostas incluem<br />
uma margem extra, chamada de overround,<br />
para garantirem lucro, que varia entre 5 a 25%.<br />
O melhor é ficar-se por uma valor interm<strong>ed</strong>io<br />
de 7,5%, então pode recalcular o valor da sua<br />
odd multiplicando-a por 1,075.<br />
Agora é só decidir em quem e quanto apostar!<br />
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Imagens:<br />
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com.br escolapsicologia.com<br />
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