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Desporto&Esport - ed 10

Revista digital Desporto&Esport (www.desportoeesport.com)Faça o Download desta revista em: https://www.magzter.com/PT/Desporto&Esport;/Desporto-&-Esport/Sports/201599 ou se preferir o Paypall https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport

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Nuno Sabido Ciclismo internacional, UCI e Futuro<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Edição <strong>10</strong> • 2016<br />

Novak<br />

Djokovic<br />

A arte de bater<br />

bolas sistematicamente<br />

em profundidade<br />

Futebol,<br />

Mitos vs. Realidade<br />

Matemática e Lógica<br />

Porque muito do que nos parece intuitivo é mentira<br />

Alexandre<br />

Monteiro<br />

Linguagem Corporal: seja<br />

um lider mais poderoso<br />

Batman<br />

SuperMan<br />

Descubra o que é<br />

necessário para se tornar<br />

num super-herói como<br />

Henry Cavill e Ben Affleck<br />

Fitness<br />

Emoção:<br />

O Suplemento<br />

Desconhecido<br />

APOSTAS<br />

Aprenda a<br />

calcular as<br />

odds reais<br />

nos jogos de<br />

futebol<br />

Fisiologia do<br />

Ciclista<br />

de BTT<br />

António Fidalgo: Capacidades Mentais dos Atletas de Sucesso


Futebol,<br />

Pag. 56<br />

Índice<br />

Ed. <strong>10</strong> 2016<br />

Matemática e Lógica<br />

Porque muito do que nos parece intuitivo é mentira!<br />

O futebol, na relva, tornou-se mais físico e mais tático nos últimos trinta anos, mas na essência<br />

permanece o mesmo. Quem marca mais golos soma mais vitórias, e o êxito aparece para as<br />

equipas quem tem os melhores jogadores. Os bons treinadores são aqueles que colocam as<br />

suas equipas a defender bem e a atacar melhor ainda. Mas na verdade, o futebol é muito mais<br />

complexo e contraditório do que a grande maioria de nós pensa, e usar apenas a lógica e o<br />

senso comum para o compreender, inevitavelmente gera conclusões erradas.<br />

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22<br />

<strong>10</strong>6<br />

Novak Djokovic<br />

A arte de bater<br />

sistematicamente bolas<br />

em profundidade<br />

O treino de Ben e Cavill para BVS<br />

114<br />

36<br />

<strong>10</strong>4<br />

Ansi<strong>ed</strong>ade competitiva<br />

Fisiologia do ciclista de BTT<br />

Musculação - A ciência do Agachamento<br />

40 Nuno Sabido - Ciclismo<br />

internacional, UCI e futuro<br />

O ciclismo tem sido uma das modalidades mais castigas da última<br />

década. Os sucessivos casos de doping, parecem estar a afastar<br />

publico e principalmente patrocinadores, de uma modalidade que<br />

vive exclusivamente da publicidade que leva nas camisolas. Mas é<br />

o futuro negro? Ou existe esperança? Entenda o presente e futuro<br />

da modalidade, e o papel da UCI neste processo...<br />

50 Alexandre<br />

Monteiro - Treinadores<br />

mais poderosos<br />

A linguagem corporal está em cada movimento<br />

em cada gesto. Ensine o seu corpo a dominar o<br />

meio onde se encontre. Especial para<br />

treinadores.<br />

18 António Fidalgo –<br />

Capacidade mentais de atletas<br />

de sucesso<br />

Os Atletas de Sucesso, seja qual for a idade e<br />

modalidade, têm características comuns: Conheçasas<br />

aqui, e perceba por alguns atletas têm sucesso e<br />

outros falham!<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 3


Www.desportoesport.com<br />

#Aplicativo<br />

Faça o download Gratuito da 7 <strong>ed</strong>ição<br />

Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Edição 7 • 2015<br />

www.desportoeesport.com<br />

LIONEL<br />

MESSI<br />

O MELHOR JOGADOR<br />

DE TODOS OS TEMPOS?<br />

PNL<br />

Como criar no atleta um estado emocional positivo<br />

para a vitória?<br />

Ciclismo:<br />

Tecnica de<br />

exaustão<br />

E ainda, super especial Tour de France com os<br />

destaques mais positivos e as desilusões ;<br />

e Froome – o melhor ciclista do Mundo.<br />

Formula 1 - O que querem os adeptos?<br />

Os resultados do maior inquérito de sempre aos fãs de Formula 1<br />

Colômbia & Avançados<br />

O que foi feito para este país ter tantos e tão bons<br />

avançados?<br />

CAPOEIRA<br />

Qual a origem desta arte<br />

marcial que se mistura<br />

tão bem com a música e<br />

a dança?<br />

futebol brasileiro - O futuro passa pelo Bom senso FC<br />

COMO FUNCIONA O CÉREBRO DE NEYMAR JR.?<br />

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Índice Ed. <strong>10</strong> 2016<br />

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FITNESS<br />

Dicas, Saúde e curiosidade 06<br />

Ponha as hormonas a trabalhar <strong>10</strong><br />

.para si<br />

SPRINT EM FITNESS: QUE 12<br />

?VANTAGENS<br />

O efeito do fumo da Marijuana: 15<br />

Existe algum impacto na performance<br />

?desportiva<br />

ESPECIAIS<br />

Comida saudável: Os meios de <strong>10</strong>0<br />

produção e processamento de comida<br />

?estão a destruir os seus nutrientes<br />

O emocional e o racional de um 112<br />

presidente de um clube de futebol<br />

MUSCULAÇÃO<br />

A ciência da recuperação 98<br />

A janela metabólica 99<br />

33<br />

116<br />

R<strong>ed</strong>es Sociais e patrocinios<br />

Vantagens Treino mental no ténis<br />

47<br />

118<br />

Aprenda a calcular odds reais<br />

Treinadores de futebol e Mídea<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 5


#Fitness/<br />

Dicas, Saúde e<br />

Curiosidades<br />

Cardio: é<br />

o preferido<br />

Um estudo espanhol da cadeia de<br />

ginásios Grupo Forus revelou que 40%<br />

das pessoas que vão ao ginásio optam<br />

por exercícios cardio. Seguem-se os fãs<br />

de exercícios de tonificação (25%) com<br />

bodypump, bodycombat, abdominais<br />

ou CrossFit. Há ainda 15% cuja preferência<br />

recai sobre atividades mais moderadas<br />

como yoga e Pilates. Os restantes<br />

dividem-se entre atividades aquáticas<br />

ou coreografadas, tal como o zumba.<br />

Ora zumba daqui para o ginásio!<br />

30%<br />

REDUÇÃO DA ATIVAÇÃO<br />

DOS QUADRICÍPITES<br />

QUANDO LEVANTA<br />

PESOS A FAZER<br />

AGACHAMENTOS COM<br />

BANDA ELÁSTICA VS<br />

SEM BANDA<br />

Fonte: MensHealth Uk<br />

CARDIOTÉNIS<br />

Esta novidade que combina o<br />

ténis com exercícios de peso<br />

corporal é um grande desafio<br />

para a sua frequência cardíaca.<br />

Num estudo australiano, esta<br />

combinação conseguiu com que<br />

os homens alcançassem uma<br />

frequência cardíaca de 74%<br />

da sua frequência máxima em<br />

metade da sessão e 50 minutos<br />

após finalizá-la. Mantém uma<br />

frequência cardíaca elevada<br />

porque não existem paragens.<br />

Preparado para jogar? Depois<br />

de cada partida, faça um destes<br />

exercícios durante um minuto:<br />

saltos, extensões de braços,<br />

agachamentos e deslocações<br />

laterais.<br />

Corra... mas nem tanto<br />

Para baixar o seu peso, melhorar a pressão<br />

sanguínea ou diminuir o risco de doenças respiratórias,<br />

não precisa de se tornar num maratonista.<br />

Nem tão pouco deve.<br />

Um recente estudo dos cardiologistas da Mayo clinic<br />

proce<strong>ed</strong>ings concluiu que bastam 5 a 8 km (ou 56<br />

minutos) de corrida moderada por semana para experimentar<br />

todos os benefícios da corrida.<br />

O mesmo estudo concluiu igualmente que correr<br />

mais de 50km semanais r<strong>ed</strong>uz os benefícios<br />

inerentes dos exercícios de intensidade<br />

aeróbica e pode inclusive ser prejudicial<br />

à saúde<br />

De acordo com o Nutrition Jornal<br />

as vantagens da creatina são quase<br />

inesgotáveis. Ela aumenta a massa<br />

muscular, aumenta a força, melhora o<br />

desempenho, poupa a massa muscular<br />

durante o envelhecimento, previne<br />

a deterioração muscular em doenças<br />

como esclerose múltipla, melhora o foco<br />

mental e aumenta os níveis de energia. A<br />

creatina melhora igualmente a vitalidade<br />

dos vasos sanguíneos e aumento da<br />

capilaridade da pele. Por fim, a creatina<br />

alimenta a maioria das funções celulares.<br />

Creatina?<br />

6 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Yoga<br />

Potencie o seu corpo<br />

/Aumente a Mobilidade<br />

OVERHEAD SQUAT<br />

Mantenha hirto e com os pés à largura<br />

dos ombros, e mantenha um par de<br />

halteres acima de seus ombros, palmas<br />

para a frente e braços bem esticados.<br />

Lentamente, e sempre com as costas direitas,<br />

abaixe-se até que as coxas fiquem<br />

paralelas ao chão. Depois volte à posição<br />

inicial, também lentamente.<br />

Faça 5 séries de <strong>10</strong> repetições.<br />

/Ganhe Velocidade<br />

ROTATIONAL PUNCHES<br />

Fique em pé com os pés ligeiramente<br />

além na largura dos ombros e segure um<br />

haltere em cada mão à frente, com as<br />

mãos voltadas uma para a outra. Torça<br />

o tronco para a esquerda girando em o<br />

seu pé direito, e dê socos em linha reta.<br />

Alterne este movimento para o outro<br />

lado durante 30 segundos.<br />

Faça 5 repetições.<br />

A lista de benefícios da prática de<br />

Y<br />

Yoga é surpreendentemente longa,<br />

mas a grande maioria dos desportistas,<br />

principalmente os homens, continuam<br />

a olhar para esta modalidade, como uma<br />

excentricidade de donas de casa ricas, que<br />

gostas de vestir roupas apertadas e a colocarem-se<br />

em posições verdadeiramente constrang<strong>ed</strong>oras.<br />

Mas, não podiam estar mais<br />

errados! O Yoga mata o stress, ensina a<br />

respirar, melhora a amplitude de movimentos<br />

e r<strong>ed</strong>uz o tempo de recuperação entre treinos<br />

e/ou provas.<br />

A boa notícia é que as perceções estão a<br />

mudar, e Yoga entra no regime de treinos de<br />

desportistas de topo (o caso de Djokovic,<br />

O YOGA MATA<br />

O STRESS,<br />

ENSINA A<br />

RESPIRAR,<br />

MELHORA A<br />

AMPLITUDE DE<br />

MOVIMENTOS<br />

E REDUZ<br />

O TEMPO DE<br />

RECUPERAÇÃO<br />

ENTRE<br />

TREINOS E/OU<br />

PROVAS<br />

capa desta <strong>ed</strong>ição é<br />

um excelente exemplo),<br />

treinadores e<br />

amadores que procuram<br />

melhorar o seu<br />

desempenho.<br />

O Yoga pode ser especialmente<br />

importante<br />

para praticantes de<br />

fitness e culturismo,<br />

uma vez que entre os<br />

seus principais benefícios,<br />

se encontra o<br />

aumento de força. No<br />

Yoga todo o corpo trabalha, e todos os grupos<br />

musculares entram em esforço a cada<br />

novo movimento, trabalhando desta forma<br />

todo o corpo durante cada sessão.<br />

O Yoga é excelente para Melhorar a<br />

Postura, na m<strong>ed</strong>ida em que todo trabalho se<br />

baseia na correcta colocação, fortalecimento<br />

e flexibilidade da Coluna Vertebral. Agora já<br />

não tem mais razões para não experimentar!<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 7


Treinos de Força - Previnem o Cancro<br />

O exercício de alta intensidade previne o desenvolvimento de doenças cancerígenas<br />

tanto em homens como em mulheres. Mark Magbanua e colegas da Universidade<br />

da Califórnia, num estudo com 71 homens com baixo risco de câncer<br />

de próstata, mostraram que os genes que controlam o ciclo celular e a reparação<br />

do ADN eram altamente regulados nos homens que executavam atividade física<br />

intensa por três ou mais horas por semana. O exercício regular r<strong>ed</strong>uz o risco de<br />

morte por. (Physical activity and prostate gene expression in men with lowrisk<br />

prostate cancer em Cancer Causes Control)<br />

11%<br />

De Força extra que ganha<br />

se levantar os pesos<br />

lentamente<br />

Mais Vantagens do<br />

Treino de Força<br />

Exercícios de alta intensidade são<br />

melhores que exercícios moderados<br />

para aumentar V02 max e quanto<br />

mais oxigênio usar, mais longo e mais<br />

intenso o seu exercício pode ser, e o<br />

condicionamento cardiovascular é<br />

significativamente melhorado com<br />

exercícios de alta intensidade eeExercitar<br />

a 80% do V02 max eleva significativamente<br />

os níveis de endorfina,<br />

o que melhora significativamente o<br />

humor e o bem-estar.<br />

Exercícios de alta intensidade proporcionam<br />

um maior efeito de queima<br />

após o exercício ter terminado, também<br />

conhecido como o excesso de<br />

consumo de oxigênio pós-exercício<br />

(EPOC).<br />

Existem estudos que indicam ainda<br />

que a intensidade do exercício também<br />

é inversamente correlacionada<br />

com mortalidade por qualquer causa.<br />

O exercício vigoroso melhora a<br />

longevidade do corpo!<br />

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Inove<br />

no seu<br />

treino<br />

Agachamentos -<br />

Quais as Vantagens?<br />

- Muitas das atividades quotidianas<br />

requerem movimento de agachar, tais<br />

como levantar caixas, levantar uma<br />

criança do chão, etc. Portanto, realizar o<br />

exercício de agachamento tem bastante<br />

transfer para o dia-a-dia<br />

SUSPENSION<br />

TRAINING<br />

Bandas de suspensão são um equipamento leve e ágil que<br />

pode ser usado para uma grande vari<strong>ed</strong>ade de exercícios.<br />

Utilizados principalmente para aulas em grupo,<br />

proporcionam um treino de corpo inteiro e a execução de<br />

exercícios em cenários instáveis, mas extremamente<br />

divertidos.<br />

Benefícios<br />

Suspension training maximiza o uso<br />

dos três planos de movimentos do<br />

corpo, sendo altamente funcional<br />

e eficaz para treinos de fitness de<br />

corpo inteiro, com a clara vantagem,<br />

de durante o treino, e pela possibilidade<br />

da fácil mudança de ângulos,<br />

os participantes poderem ajustar a<br />

carga sem terem de parar o exercício.<br />

Por causa da constante instabilidade<br />

os participantes devem dirigir e manter<br />

o controlo de seu corpo ao longo<br />

de cada movimento, estes exercícios<br />

são particularmente benéficos para<br />

a coluna e costas. Também por esta<br />

mesma razão, os músculos dos braços<br />

saem favorecidos.<br />

- Permite um reforço muscular do trem<br />

inferior e, simultaneamente, dos<br />

músculos do core. Consegue-se desta<br />

forma que as pessoas se movam melhor,<br />

e atua-se na prevenção de lesões<br />

músculo-esqueléticas e dor.<br />

- Melhora a mobilidade funcional e a<br />

velocidade na marcha. É igualmente<br />

vantajoso para obtenção de melhores<br />

resultados no salto vertical e de<br />

melhores tempos em provas de velocidade.<br />

Portanto,<br />

permite otimizar a performance<br />

desportiva<br />

(Escamilla, 20<strong>10</strong>).<br />

- Tem sido utilizado com sucesso tambémcom<br />

fins terapêuticos, em fases de<br />

tratamento de lesões ligamentares,<br />

disfunções patelo-femorais, etc.<br />

- É um exercício que permite avaliar<br />

força do trem inferior, e é parte integrante<br />

das competições de powerlifting e<br />

weightlifting.<br />

- Melhoria da mobilidade funcional e<br />

maior velocidade<br />

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Ponha as Hormonas a<br />

trabalhar para o<br />

seu treino<br />

/Queime<br />

Gordura<br />

Irisina<br />

A Irisina é mais uma hormona, inusitadamente<br />

produzida nos músculos, atua de forma altamente<br />

eficaz no tecido gorduroso, queimando<br />

gordura. Antes de falarmos mais sobre a Irisina,<br />

é essencial ressalvar que existem dois tipos<br />

de gordura, a branca que é nosso depósito de<br />

calorias e que que tem gasto energético muito<br />

baixo para se manter e a gordura castanha, que<br />

é altamente metabólica e gasta muita energia<br />

na geração de calor (50g de gordura castanha<br />

queima 300 calorias por dia). A Irisina, que só<br />

foi descoberta em humanos no ano passado,<br />

transforma a gordura branca em gordura marron,<br />

o que leva à uma perda significativa e im<strong>ed</strong>iata<br />

de gordura. O exercício, puro e simples, produz<br />

esta hormona e a corrida e o ciclismo parecem<br />

ser aquelas que melhor fazem o truque. Sendo<br />

que 15 minutos de alta intensidade têm o mesmo<br />

efeito que 60 minutos de intensidade moderada.<br />

Olha-se para esta hormona como uma possível<br />

cura para a obesidade; mas, o seu uso ainda é<br />

controverso, e não deve tomar algum suplemento<br />

que aumente a produção desta hormona<br />

sem antes consultar o seu médico.<br />

<strong>10</strong> • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

/Crescimento<br />

Muscular<br />

IGF-1 e HGH<br />

Se acompanha com atenção o mundo dos halterofilismo,<br />

já deve ter ouvido falar das injeções<br />

ilegais de hormonas de crescimento (HGH,<br />

também chamado somatotropina) usadas por<br />

muitos fisiculturistas para aumentar o corpo.<br />

HGH desencadeia a produção de crescimento<br />

semelhante à insulina factor-1 (IGF-1). Juntos,<br />

estas duas hormonas quebram a gordura e<br />

usam essa energia para fortalecer os músculos,<br />

ligamentos e tendões. O corpo produz HGH<br />

naturalmente, mas a partir dos 20 anos, os níveis<br />

de concentração diminuem a uma taxa de 15%<br />

por década (valores mínimos). Por esta razão, é<br />

então tão frequente o consumo de suplementos<br />

e injeções de HGH. Não deve no entanto fazê-lo<br />

(acompanhamento médico é absolutamente<br />

fundamental), já que o seu uso traz malefícios<br />

gravíssimos, como problemas cardíacos, diabetes<br />

ou hipertensão. Naturalmente, pode aumentar<br />

a HGH no corpo, através do levantamento<br />

de pesos (pesados) em 3 a 4 séries e entre 8 a<br />

12 repetições, num descanso que não deve durar<br />

mais de 60 segundos. Uma ligeira sensação de<br />

queimadura é um bom sinal.<br />

/Aumentar<br />

a Energia<br />

Insulina<br />

A insulina é uma proteína que é produzida e<br />

libertada pelo pâncreas sempre que ingerimos<br />

hidratos de carbono, proteína, ou ambos (isto<br />

é, se o pâncreas funcionar correctamente). No<br />

entanto, ao contrário das proteínas que actuam<br />

como blocos de construção do músculo, a<br />

insulina é uma proteína funcional, parecida com<br />

a hormona do crescimento. A partir do pâncreas,<br />

a insulina entra na corrente sanguínea e é transportada<br />

para vários tecidos, incluindo o tecido<br />

muscular. Um pico de insulina pode ajudá-lo<br />

im<strong>ed</strong>iatamente depois de um treino duro,<br />

quando a hormona proporciona uma construção<br />

muscular - ela oferece os açúcares certas para<br />

seus músculos. O corpo utiliza este açúcar,<br />

chamada glicogênio, para se manter “energizado”<br />

e estimular a força. A Universidade de<br />

Oklahoma descobriu que para aumentar a insulina<br />

deve ingerir carboidratos numa proporção<br />

de uma grama por cada quilo de massa corporal<br />

– se tiver 90kh, deve ingerir 90g de carboidratos<br />

(uma batata grande ou uma massaroca de milho<br />

por exemplo).


Regulação do<br />

Apetite<br />

Ghrelin e Leptin<br />

Estas duas hormonas estão constantemente a<br />

dizer-lhe quanta comida precisa de ingerir. A<br />

Ghrelin é responsável pela sensação de fome,<br />

e é desenvolvida nas par<strong>ed</strong>es do estômago. A<br />

Leptin é por sua vez lançada a lançado a partir<br />

de células de gordura, dando a informação ao<br />

corpo que está saciado e que as energias estão<br />

repostas. Uma vez na corrente sanguínea, ambas<br />

as hormonas fluem em direção ao hipotálamo do<br />

cérebro, e aquela que chega em maior número,<br />

vence. No entanto, em pessoas mais desleixadas,<br />

o corpo torna-se mais resistente à Leptin, e a<br />

sensação de constante de fome começa a ganhar<br />

as guerras. . Para contrariar este efeito basta<br />

dormir (sistematicamente) menos de 6 horas<br />

por dia, como aponta um estudo desenvolvido<br />

pela Penn State. Para regular o apetite, e estas<br />

duas hormonas, basta ter um pouco de atenção<br />

às suas horas de sono, e um pouquinho de exercício<br />

físico. Tal como acontece com a Irisina,<br />

também estas hormonas têm sido alvo de estudo<br />

para combater a obsidade e doenças associadas<br />

a ela.<br />

/Melhore o<br />

Sono<br />

Melatonina<br />

A Melatonina é uma hormona produzido pela<br />

glândula pineal, que tem o tamanho de uma<br />

pequena ervilha e situa-se no centro do cérebro.<br />

A secreção da Melatonina produz-se durante<br />

a noite em resposta à escuridão. Atinge um<br />

nível máximo no meio da noite (cerca das 2 da<br />

manhã), depois diminui até à manhã. A glândula<br />

pineal define os ciclos da melatonina com base<br />

na exposição à luz azul, um feixe de ondas curtas<br />

que emitida pelo sol, e agora também pelo<br />

seu smartphone e televisão. Se passar muito<br />

tempo em frente a uma tela, perderá o seu ciclo<br />

natural de sono, e o seu pico de sono poderá<br />

ser adiado para o início da manha seguinte, ou<br />

seja, a hora de acordar e de se levantar da cama.<br />

Para evitar alterar o ciclo da melatonina deve<br />

evitar o mais possível mexer no seu smartphone<br />

ou tablet depois do escurecer. Mas, se não vive<br />

sem estar ligado em r<strong>ed</strong>e com os seus amigos<br />

por estes dispositivos, tem sempre a opção de<br />

instalar de filtro dos olhos. Verá que depressa<br />

dormirá bem melhor.<br />

Suplementos HMB ou (o quase<br />

impronunciável) Ácido betahidroxi-beta-metilbutírico,<br />

apesar<br />

de ser um dos suplementos menos<br />

conhecidos e usados, é aquele que<br />

os mais recentes estudos apontam<br />

como tendo maior impacto no aumento<br />

da performance desportiva,<br />

principalmente no aumento do<br />

crescimento muscular, para iniciantes<br />

da pratica desportiva e para o<br />

alivio das dores após treino.<br />

O HMB deriva um dos aminoácidos<br />

mais populares no mundo<br />

da musculação: a leucina. O<br />

HMB é um metabólito da leucina,<br />

ou seja, é produzido durante<br />

o metabolismo da leucina.<br />

Aproximadamente 5% da<br />

leucina consumida através da<br />

alimentação é convertida no<br />

HMB no organismo.O HMB é<br />

principalmente comercializado<br />

como sendo um anti-catabólico,<br />

isto é, um suplemento que pode<br />

ajudar a r<strong>ed</strong>uzir a taxa de degradação<br />

das proteínas musculares.<br />

A literatura científica sugere que<br />

o HMB tem propri<strong>ed</strong>ades que<br />

atenuam a degradação proteica,<br />

especialmente em condições em<br />

que a pessoa está mais sujeita a<br />

perder massa muscular (dietas<br />

restritas, períodos de jejum ou<br />

doenças que aceleram a atrofia<br />

muscular).<br />

O HMB é um metabólito da<br />

leucina, o principal aminoácido<br />

responsável por ativar os mecanismos<br />

de sinalização do organismo<br />

para este começar a produzir novas<br />

proteínas musculares, o que leva a<br />

aumentar o crescimento muscular;<br />

o estudo de Wilkinson e colegas “<br />

Effects of leucine and its metabolite<br />

β-hydroxy-β-methylbutyrate on<br />

human skeletal muscle protein<br />

metabolism” , mostrou que HMB<br />

aumentou a síntese proteica muscular<br />

em 70% e r<strong>ed</strong>uziu a degradação<br />

de proteína muscular em 57%. Este<br />

suplemento consegue igualmente<br />

amaumentar a massa magra,<br />

devido às propri<strong>ed</strong>ades anticatabólicas<br />

do HMB, que permitem<br />

conservar músculo. O maior beneficio<br />

do HMB para atletas parece ser<br />

mesmo atenuar a sensação de dor.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 11


Sprint em Fitness<br />

Corridas em sprint beneficia imensamente os<br />

treinos de cardio e traz inúmeras Vantagens<br />

Rodolfo Resende Pires, estudante de desporto, culturista e colunista da Desporto&<strong>Esport</strong><br />

A corrida de velocidade é uma das melhores formas de<br />

cardio disponíveis e com uma ampla coleção de estudos a<br />

comprovar esse princípio. Tem sido, no entanto, relegada<br />

para segundo plano devido à riqueza de ferramentas de<br />

exercícios dos ginásios e pela procura constante do novo<br />

método ou máquina milagrosa.<br />

Definimos corrida, ou sprint, como um esforço máximo<br />

de corrida em uma distância curta e pré-definida. Notando<br />

que devido ao acumular de lactato no tecido muscular em<br />

percursos mais longas irá resultar não só em dores, como<br />

em quebras de desempenho e na diminuição dos benefícios<br />

da corrida no cardio.<br />

Se incluir sprints de forma regular no seu treino, irá<br />

aumentar o desempenho, a potência e força, bem como<br />

aumentará a massa magra e diminuirá a massa gorda.<br />

E, ainda tem o extra, de poder sair de espaços fechados,<br />

como os ginásios ou a sua casa, que muitas vezes aumentam<br />

a ansi<strong>ed</strong>ade e prejudicam os resultados. Pistas<br />

de treino, campos de futebol ou pequenos parques são o<br />

ideal. Se no entanto, não tiver nenhum destes locais na sua<br />

área de residência, ou simplesmente viver em ambientes<br />

mais frios, que desaconselham exercício físico ao ar livre,<br />

existe sempre a possibilidade de praticar os sprints em<br />

cima de uma passadeira. Existindo inclusive passadeiras<br />

próprias para corridas de velocidade. O preço desta passadeiras<br />

é um pouco elevado, e por isso, muitos centros<br />

e ginásios optam por não as adquirir. Mas, pode também<br />

fazer sprint numa passa comum. >><br />

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BIOMECÂNICA NO CICLISMO:<br />

P<strong>ed</strong>alar sentado vs P<strong>ed</strong>alar de pé<br />

Qualquer ciclista já sentiu as diferentes sensações de p<strong>ed</strong>alar de pé ou sentado, mas como isso se traduz<br />

na eficiência da p<strong>ed</strong>alada? As variações são gritantes e determinantes para as competições e…<br />

<strong>10</strong>1+2<br />

Perguntas e Respostas<br />

Saiba todas as respostas às perguntas que<br />

sempre teve sobre fitness, musculação e corrida.<br />

Pep Guardiola: as Táticas<br />

de Barcelona a Munique<br />

Pep Guardiola é técnico principal há menos de uma década<br />

mas o fascínio que exerce faz com que muitos não o apontem<br />

somente como o melhor treinador do mundo hoje,<br />

mas como o principal candidato ainda no ativo a melhor<br />

treinador de futebol de sempre. O seu sucesso não é, nem<br />

pode ser por mero acaso. As suas vitórias não se originam<br />

na sorte. Pep ganha mais, porque é melhor. Muito Melhor!<br />

Mas, primeiro, é preciso desmistificar a figura, para que<br />

possamos compreender o homem e as suas ideias...<br />

Formula 1 -<br />

o que os adeptos querem?<br />

Entenda o que os adeptos da Formula 1 gostam, não gostam<br />

e o que querem mudar, no maior inquérito de sempre...<br />

Os segr<strong>ed</strong>os<br />

de CR7<br />

revelados<br />

Os atributos dos jogadores de andebol<br />

que o levam ao êxito<br />

O debate é longo e complexo: quais os atributos morfológicos para o<br />

êxito de um atleta no andebol. Como podemos saber se aquele atleta<br />

tem o que é preciso para se tornar em um profissional, Para saber os<br />

mais recentes conclusões sobre o tema, leia o artigo do Professor Luís da<br />

Cunha Massuça,<br />

Porque Fernando Santos acertou<br />

com CR7 onde Mourinho e<br />

Benitez falharam?<br />

Usar o corpo, e a sua linguagem corporal,<br />

com inteligência pode ser a diferença entre<br />

o sucesso ou o fracasso na liderança com<br />

jogadores como Ronaldo. Liderar é<br />

muito mais que usar as palavras…<br />

ensine o seu corpo e aprenda a ser líder<br />

como Fernando Santos.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 13


Abaixo seguem alguns dos exercícios que pode<br />

fazer:<br />

Treadmill SprinTS: (Sprints da escada rolante): Suba na<br />

passadeira com uma ligeira inclinação (quanto maios ingreme<br />

maior os resultados). Para aquecer inicie a corrida<br />

em velocidade moderada, e vá aumentando o ritmo progressivamente<br />

para preparar as pernas. Quando se sentir<br />

pronto, aumente significativamente a velocidade e durante<br />

<strong>10</strong> segundos dê tudo o que tem, e depois salta fora (tenha<br />

atenção a fazer a transição que é um pouco complexa, é<br />

melhor treinar antes de a por em pratica). Descanse por 50<br />

segundos, e depois repita, em um total de <strong>10</strong> series.<br />

Sprints de 50 metros: neste exercício o melhor é mesmo<br />

procurar uma pista ou um campo amplo. Pode sempre<br />

adaptar as indicação à passadeira. Este exercício é tão<br />

simples quanto isto: Corra à máxima velocidade durante<br />

50 metros, e o descanso é o tempo que demora a regressar<br />

ao ponto de partida, em passo largo (quanto mais rápido<br />

maior o beneficio). Deve realizar 12 repetições. Caso ao<br />

início não o consiga, vá aumentando o número consoante<br />

se for sentindo mais confortável.<br />

pode ser executado independentemente do local onde<br />

o fizer (ar-livre ou passadeira). Corra o máximo que<br />

conseguir durante <strong>10</strong>0 metros, e depois corra essa mesma<br />

distância em velocidade moderada. Realize seis series<br />

sem quebras de ritmo. Este movimento é excelente para<br />

aumentar a velocidade linear e aumentar o desempenho.<br />

Sprints com para-qu<strong>ed</strong>as: Isso mesmo, leu corretamente<br />

para-qu<strong>ed</strong>as, são uma ótima forma de melhorar o comprimento<br />

do passo e dessa forma a musculatura das suas<br />

pernas. A resistência ao próprio para-qu<strong>ed</strong>as e à força<br />

negativa do vento obriga as suas pernas a trabalho r<strong>ed</strong>obrado,<br />

aumentando a força de produção. Muitos atletas de<br />

elite usam regularmente esta prática. E, não só corr<strong>ed</strong>ores,<br />

ciclistas também fazem uso frequente do paraqu<strong>ed</strong>as.<br />

Sl<strong>ed</strong> drag: Envolva uma cinta à volta do tronco, em que<br />

na ponta esteja um peso forte ou um trenó (ou semelhante)<br />

com pesos em cima. Deve fazer sprints ou correr em<br />

velocidade moderada caso o peso seja excessivo. Este<br />

exercício é excelente, porque liberta os braços e deixa o<br />

trabalho para as pernas, e tal como no exercício anterior,<br />

melhora a passada e tudo o que isso envolve.<br />

Intervalos entre Sprint e corrida ligeira: este exercício<br />

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O efeito do fumo de Marijuana:<br />

é a canábis um aumento de performance<br />

desportiva?<br />

André Cardoso dos Santos, Universitário com pesquisa e interesse na<br />

área do trabalho do tema do texto.<br />

A legalização do consumo de marijuana parece ser apenas uma questão de tempo, mas o seu<br />

uso, tem ganhos na performance física? E, para o crescimento dos músculos – o que nos dizem<br />

as pesquisas?<br />

A generalização do consumo de marijuana pela população<br />

em geral, perceciona que a sua legalização estará à distância<br />

de um par de anos para muitos países.<br />

O consumo de marijuana para fins recreativos encontra<br />

ainda mais entusiastas no mundo do culturismo e do fitness.<br />

Muitos usam-na apenas para relaxar. Outros porque<br />

acr<strong>ed</strong>itam que o seu uso acarreta ganhos atléticos e de<br />

crescimento dos músculos. Muitos outros estão preocupados<br />

que o seu uso prolongado tenha um efeito contraproducente<br />

no treino. Ainda que haja um longo caminho a ser<br />

feito em termos de pesquisa sobre o uso de marijuana e a<br />

performance desportiva, já existem estudos suficientes para<br />

que possam ser afiadas algumas respostas.<br />

E aceite já de forma generalizada pela comunidade científica<br />

que fumar ou ingerir marijuana diminui o tempo de<br />

reação, baixa o nível de atenção/concentração e r<strong>ed</strong>uz a<br />

coordenação do corpo, nomeadamente a habilidade motora<br />

olho-mão (“Cannabis and sport” em J Sports M<strong>ed</strong>).<br />

Os estudos demonstram existir um claro défice cognitivo<br />

nas horas seguintes após a inalação de marijuana, o que<br />

leva a uma menor coordenação motora, o que por sua vez<br />

aumenta significativamente o número de erros, tanto graves<br />

como leves, em tarefas que exigem um grau de concentração<br />

mais elevado. A explicação para este decréscimo,<br />

como avançado pelo Dr. Boles Ponto e colegas, pode ser<br />

explicada pelo diferencial do fluxo sanguíneo no cérebro<br />

(Acute marijuana effects on rCBF and cognition: a PET<br />

study em NeuroReport).Neste mesmo estudo, os cérebros<br />

foram fotografadas pela Positron Emission Tomography<br />

(PET) para m<strong>ed</strong>ir os efeitos agudos de fumar marijuana. No<br />

estudo, os indivíduos realizaram tarefas de atenção auditiva<br />

antes e depois de inalarem o fumo. Em poucos minutos,<br />

verificou-se que existiu uma r<strong>ed</strong>ução substancial do fluxo<br />

sanguíneo para o lobo temporal, uma área importante para<br />

tarefas que exijam elevada concentração.<br />

Curiosamente, fumar marijuana aumenta de fluxo sanguíneo<br />

em outras regiões do cérebro, tais como os lobos<br />

frontais e regiões associadas à tomada de decisão, à percepção<br />

sensorial, ao comportamento sexual, e às emoções.<br />

Os estudos sugerem então, que em competição, a inalação<br />

por fumo da planta de canábis, não é uma boa opção.<br />

Afinal, os atletas precisam de ser capazes de tomar decisões<br />

rápidas e os seus reflexos precisam de estar apuradíssimos.<br />

Num treino que incorpore novos exercícios, e se pretenda<br />

evoluir, e maximizar o desempenho, a marijuana também<br />

não parece ajudar. >><br />

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Marijuana Vs<br />

Crescimento muscular<br />

Pesquisadores descobriram que a<br />

administração de tetrahidrocanabinol<br />

(THC), o produto químico responsável<br />

pela maioria dos efeitos psicológicos<br />

da marijuana, em uma dose de 2<strong>10</strong><br />

miligramas por dia durante 14 dias,<br />

resultou em uma diminuição na<br />

proporção de 3 vezes do crescimento<br />

da resposta hormonal (Depression of<br />

growth hormone and cortisol response<br />

to insulin-induc<strong>ed</strong> hypoglycemia<br />

after prolong<strong>ed</strong> oral delta-9-tetrahydrocannabinol<br />

administration in man<br />

em Pubm<strong>ed</strong>). É importante ressalvar,<br />

que 2<strong>10</strong> miligramas é uma dose<br />

maciça de THC, pessoas com baixa<br />

tolerância sente os primeiros efeitos<br />

com apenas 25 miligramas por dia, e<br />

mesmo utilizadores reguladores e com<br />

altos índices de resistência, seriam<br />

necessários apenas 80 miligramas para<br />

que disparassem os primeiros efeitos.<br />

Alguns estudos indicam que após a<br />

utilização de marijuana por pelo menos<br />

quatro dias por semana, durante seis<br />

meses, o nível de testosterona exibida<br />

pelos homens baixava substancialmente,<br />

um desses estudos chegue a<br />

apontar uma descida de 44%, baixa,<br />

quando comparados com homens<br />

que nunca tinham experimentado a<br />

substancia. (Esta é talvez uma das<br />

questões mais polemicas sobre o tema,<br />

já que vários estudos se contradizem<br />

uns aos outros sistematicamente).<br />

“Os estudos demonstram existir um claro défice cognitivo<br />

nas horas seguintes após a inalação de marijuana, o que<br />

leva a uma menor coordenação motora, o que por sua vez<br />

aumenta significativamente o número de erros,<br />

tanto graves como leves, em tarefas que exigem um grau de<br />

concentração mais elevado”<br />

Marijuana Vs<br />

Efeito Hormonal<br />

As hormonas são extremamente<br />

importantes para a saúde em geral, e<br />

ainda mais importante para a performance<br />

desportiva e para o crescimento<br />

muscular e ganhos de força. Os estudos<br />

neste ponto, são consistentes, e<br />

insistem que a inalação de marijuana<br />

provoca alterações hormonais desfavoráveis.<br />

O consumo regular de marijuana<br />

mostrou ter alterações no hipotálamopituitária-adrenal<br />

(HPA). Mesmo<br />

em pequenas doses de THC, r<strong>ed</strong>uziu<br />

im<strong>ed</strong>iatamente a hormona luteinizante<br />

(LH) e elevou o cortisol – uma hormona<br />

associado ao stress e que em<br />

alguns utilizadores provocou sintomas<br />

de paranoia (The Emerging Role of the<br />

Endocannabinoid System in Endocrine<br />

Regulation and Energy Balance em<br />

Endocrine).<br />

Os efeitos hormonais da marijuana<br />

sobre as mulheres são ainda mais<br />

complexas pelas óbvias flutuações<br />

hormonais dependendo do ciclo menstrual.<br />

E isto, porque o THC compete<br />

com estradiol para ligar os recetores<br />

de estrogênio. No geral, não se encontraram<br />

evidências definitivas de que a<br />

marijuana r<strong>ed</strong>uz as hormonas sexuais a<br />

longo prazo, ainda que possa provocar<br />

alterações durante curtos períodos<br />

de tempo, algo compreendido entre<br />

as 24 e 48 horas. Por fim, não está<br />

ainda claro, por mera observação, se<br />

a inalação regular de marijuana leva à<br />

perda ou ganho de peso. Contra intuitivamente,<br />

um estudo epidemiológico<br />

do ano de 2013 mostrou que as taxas<br />

de obesidade são significativamente<br />

mais baixas para todos os grupos de<br />

consumidores de cannabis (inclusive<br />

de sexo e idade) em comparação com<br />

aqueles que não tinham consumido<br />

cannabis nos últimos 12 meses. As<br />

pesquisas ainda agora começaram, e<br />

há um longo caminho a percorrer, até<br />

uma conclusão final, mas pelo menos<br />

por agora, quando se trata de exercício<br />

e atividade física, a literatura sobre<br />

o tema, indica que fumar ou ingerir<br />

Canábis é desaconselhável e prejudicial<br />

para o rendimento desportivo.<br />

O efeito da<br />

canábis no corpo<br />

Os efeitos do uso da marijuana no organismo<br />

podem variar de acordo com<br />

as características do corpo de cada<br />

pessoa, com seu estado de espírito,<br />

com o ambiente que a rodeia e com<br />

as características da planta. Partindo<br />

para uma definição mais técnica, a<br />

legislação define marijuana como todas<br />

as partes da planta cannabis sativa<br />

(que contém mais de 700 compostos<br />

químicos). Os ingr<strong>ed</strong>ientes cativos<br />

principais são canabinóides, incluindo<br />

THC, que é responsável por efeitos<br />

psicoativos e é a mais estudada.<br />

As concentrações sanguíneas máximas<br />

de canabinóides ocorrem entre<br />

3-8 minutos depois da inalação,<br />

ao contrário dos 60 a 90 minutos<br />

da ingestão da planta, começando<br />

os primeiros efeitos a surgir cerca<br />

de vinte minutos depois. Os efeitos<br />

duram aproximadamente entre 2 a 5<br />

horas.<br />

A canábis contém pelo menos 60 tipos<br />

de canabinóides, compostos químicos<br />

que agem sobre os receptores em todo<br />

o nosso cérebro. O THC, ou tetrahidrocanabinol,<br />

é o produto químico<br />

responsável pela maior parte dos<br />

efeitos da planta, incluindo a euforia<br />

intensa. Ele assemelha-se a outro<br />

canabinóide produzido naturalmente<br />

no nosso cérebro, a anandamida, que<br />

regula o nosso humor, sono, memória<br />

e apetite.<br />

Essencialmente, o efeito dos<br />

canabinóides no nosso cérebro é<br />

fazer dispara os neurônios sucessivamente,<br />

ampliando os pensamentos e<br />

a percepção da realidade, seguindo a<br />

seguinte sequência: canabinóides ligam-se<br />

aos receptores de canabinóides<br />

em neurônios e células periféricas,<br />

normalmente produzidas pelo próprio<br />

organismo, chamadas de endocanabinóides,<br />

mas que podem também ser<br />

importadas pelo consumo de outras<br />

substâncias. Por sua vez os THC ligase<br />

ao receptor canabinóide1(CB1),<br />

localizadas principalmente no cérebro,<br />

enquanto que o canabinol (CBN)<br />

liga-se ao CB2, que se localiza nas<br />

células do sistema imunológico.<br />

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Controle a ansi<strong>ed</strong>ade<br />

com exercícios de<br />

respiração<br />

A ansi<strong>ed</strong>ade veio para ficar nas nossas vidas, mas existem armas<br />

para a combater. A forma como respira é uma delas!<br />

Dieta<br />

Anti-inflamatória<br />

A dieta anti-inflamatória<br />

inspira-se nas dietas das zonas<br />

m<strong>ed</strong>iterrânicas. A ideia é ficar<br />

longe de alimentos com açúcar<br />

adicionado, assim como gorduras<br />

trans.<br />

A vida hoje é cada vez mais stressante.<br />

Se a isso, ainda juntarmos a pressão das<br />

provas, e mesmo dos treinos, torna-se<br />

necessário arranjar formas de descontrair<br />

o corpo e diminuir a ansi<strong>ed</strong>ade, ou correse<br />

o risco de isso se tornar tóxico para o<br />

corpo e para a mente, e pior que os resultados<br />

desportivos, é o impacto na saúde.<br />

Felizmente, existe hoje já uma boa base<br />

de conhecimento do corpo humano, e<br />

de como controlar, de forma simples, os<br />

estímulos e sensações vividas. Para gerir<br />

a ansi<strong>ed</strong>ade, existe uma técnica muito<br />

usada, designada por Respiração Quadrada<br />

- uma vez que é feita por 4 etapas,<br />

com duração semelhante.<br />

Preparação:<br />

Sente-se confortavelmente. Observe a<br />

sua respiração, percebendo o seu ritmo<br />

. Coloque a sua atenção no seu corpo,<br />

deixando todo o resto de lado. Mantenha a<br />

boca fechada durante o exercício deixando<br />

a respiração acontecer suavemente pelas<br />

narinas. Depois deve:<br />

1 Deixe o ar entrar em seu corpo, enquanto<br />

você conta lentamente até três: um….<br />

dois….três….<br />

2 Segure o ar nos pulmões, contando lentamente<br />

até três.<br />

3 Solte lentamente o ar, contando lentamente<br />

até três.<br />

4 Após a expiração mantenha-se sem ar,<br />

contando lentamente até três.<br />

1 Volte ao passo 1 e continue repetindo<br />

este ciclo, sem pressa…<br />

Faça inicialmente estes ciclos por um<br />

minuto e veja como você se sente. Se<br />

estiver bem, retome e aumente o tempo de<br />

exercício para 3 minutos. O relaxamento<br />

deve ser sentido quase im<strong>ed</strong>iatamente. No<br />

entanto, Se estiver sentir algum desconforto<br />

como a tontura, é provável que<br />

tenha exagerado um pouco nas etapas de<br />

inspiração e expiração e não deu as pausas<br />

necessárias.<br />

É muito importante um equilíbrio entre<br />

as quatro etapas. As pausas são tão importantes<br />

quanto inspirar ou expirar. O<br />

exercício deve ser confortável. Se sentir<br />

desconforto, pare e deixe para fazer outro<br />

dia<br />

Tanto o açúcar como as gorduras<br />

trans são indutores de<br />

aumentos significativos do<br />

nível glicémico no sangue,<br />

assim como de triglicéridos. O<br />

aumento resultante dos radicais<br />

livres podem danificar o ADN e<br />

os seus vasos sanguíneos.<br />

Além de causar fadiga e descoforto,<br />

o aumento dos radicais<br />

livres co tribui para o risco de<br />

doenças cardiovasculares, osteoporose,<br />

diabetes e demência.<br />

A dieta recomenda ainda a<br />

alimentação à base de produtos<br />

primordiais com fitonutrientes<br />

(antioxidantes naturais) capazes<br />

de o proteger contra a ação<br />

oxidativa, protegendo-o assim<br />

de doenças crónicas. Exemplos:<br />

frutas e legumes, o famoso<br />

azeite virge extra, nozes e até<br />

mesmo o vinho tinto (se bem<br />

que pode optar apenas pelas<br />

uvas pretas).<br />

De acordo com um<br />

estudo do Nutrition Journal,<br />

homens com uma elevada concentração<br />

no sangue de proteína<br />

C-reativa, um marcador de inflamação,<br />

conseguiram r<strong>ed</strong>uzir<br />

a concentração em 27% depois<br />

de seguir esta dieta durante<br />

quatro semanas<br />

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António<br />

Fidalgo<br />

Ex-Futebolista profissional em<br />

históricos portuguese (S.L.<br />

Benfica; S.C. Braga; Sporting<br />

C .P); Ex-Técnico principal do<br />

Estoril Praia foi anda Director<br />

desportivo no SC Campomaiorense<br />

CS Marítimo; exerce há<br />

vários anos funções de jornalista<br />

e comentador/analista<br />

de futebol na RTP e RR e é<br />

formador em Couching e PNL<br />

antoniofidalgo.winow@gmail.comhihttp://coachepnl.blogspot.pt/<br />

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Coaching<br />

e<br />

Programação<br />

Neurolinguística (PNL)<br />

Capacidades<br />

Mentais<br />

dos Atletas<br />

de Sucesso<br />

Não tem necessariamente que ser<br />

um atleta profissional, nem mesmo<br />

ter ganho campeonatos ou provas<br />

olímpicas, aparecer nas primeiras<br />

páginas, para ser um Atleta de Sucesso.<br />

Os Atletas de Sucesso, seja qual<br />

for a idade e modalidade, têm características<br />

comuns; O desporto é<br />

importante para eles; Um grande<br />

empenho em fazer o melhor que<br />

conseguem com os recursos que<br />

têm disponíveis; Assumem os compromissos<br />

necessários.<br />

Normalmente são bem suc<strong>ed</strong>idos<br />

porque estabelecem objectivos<br />

elevados e realistas, além de desfrutarem<br />

daquilo que fazem.<br />

Sabem que o desporto enriquece<br />

as suas vidas. Existem Capacidades<br />

Mentais específicas que contribuem<br />

para que os desportistas tenham<br />

sucesso.<br />

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Capacidades que se aprendem, se desenvolvem<br />

e que vão melhorando e aperfeiçoando com a<br />

prática;<br />

a) Escolher e manter uma Atitude positiva<br />

b) Desenvolver níveis elevados de Auto Motivação<br />

c) Definir Objectivos elevados e inspiradores;<br />

assumir o Compromisso<br />

d) Lidar eficazmente com outras pessoas<br />

e) Potenciar de forma positiva o discurso<br />

interno<br />

f) Usar a Imagética em função do resultado<br />

que querem alcançar<br />

g) Controlar a Ansi<strong>ed</strong>ade<br />

h) Gerir as Emoções de forma eficaz<br />

i) Manter a Concentração<br />

Estas são algumas das Competências necessárias<br />

e extremamente importantes para desempenhos<br />

de excelência, curiosamente não só no Desporto<br />

como nas mais variadas áreas da Vida - pessoal e/<br />

ou profissional.<br />

Competências estas, cuja importância primária<br />

ocorre em fases distintas;<br />

1 – No desenvolvimento a médio/longo prazo.<br />

2 – Na preparação im<strong>ed</strong>iata do desempenho<br />

3 – Durante a própria performance<br />

No nível 1- Desenvolvimento a médio/longo prazo<br />

– estão incluídas as Capacidades Mentais básicas<br />

(a, b, c e d), que alicerçam todo o processo e que<br />

necessitam de ser aprendidas e posteriormente<br />

trabalhadas, quase diariamente e durante longos<br />

períodos de tempo.<br />

• Atitude – Perceber que a atitude é uma<br />

escolha; manter o equilíbrio entre o desporto e a<br />

vida; respeitar os outros<br />

• Motivação – Consciência dos benefícios do<br />

desporto; persistir apesar das adversidades; adiar<br />

a recompensa<br />

• Metas e Compromisso – Definir metas e<br />

objectivos ambiciosos, de curto, médio e longo<br />

prazo; assumir compromisso com os programas<br />

de desenvolvimento de competências<br />

• Comunicação Interpessoal – Comunicar<br />

de forma clara com os outros e saber ouvir; lidar<br />

com os conflitos<br />

“Aceitar e reconhecer as<br />

emoções como parte da experiência<br />

desportiva; usar as<br />

emoções a seu favor. Prestar<br />

atenção ao que é verdadeiramente<br />

importante; manter<br />

o foco e evitar distrações;<br />

recuperar o enfoque em caso<br />

de perda de concentração,<br />

durante o desempenho”<br />

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No nível 2 – Preparação im<strong>ed</strong>iata<br />

do desempenho – incluem-se<br />

as Capacidades Mentais usadas<br />

na preparação do desempenho<br />

(e; f). Competências prioritariamente<br />

utilizadas antes da<br />

competição, em geral e/ou antes<br />

de uma acção específica em<br />

particular<br />

• Comunicação Intrapessoal<br />

– Manter a confiança; gerir<br />

pensamentos, sentimentos e<br />

comportamentos na preparação<br />

para a competição<br />

• Visualização Mental – Imaginar<br />

altos desempenhos; usar<br />

imagens mentais detalhadas,<br />

específicas e realistas para o<br />

desempenho e recuperação de<br />

erros<br />

No nível 3 – Durante a performance<br />

– são muito importantes<br />

as Capacidades Mentais a usar<br />

durante o comportamento real<br />

de desempenho – alíneas g, h e<br />

i .<br />

• Lidar com Ansi<strong>ed</strong>ade –<br />

Entender que a ansi<strong>ed</strong>ade é<br />

normal no desporto; regular e<br />

controlar a ansi<strong>ed</strong>ade quando e<br />

se necessário<br />

• Controlo e Gestão das<br />

Emoções – Aceitar e reconhecer<br />

as emoções como parte da experiência<br />

desportiva; usar as<br />

emoções a seu favor<br />

• Patamares de Concentração<br />

– Prestar atenção ao que<br />

é verdadeiramente importante;<br />

manter o foco e evitar distrações;<br />

recuperar o enfoque em caso de<br />

perda de concentração, durante<br />

o desempenho.<br />

Elevados Desempenhos no<br />

Desporto e na Vida!<br />

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Sem<br />

Rival<br />

no<br />

por Diogo<br />

Sampaio<br />

Novak Djokovic pode ainda não ter<br />

conquistado o coração do público,<br />

mas o seu ténis domina todos os<br />

courts e em todas as superfícies.<br />

Mas, como a ciência explica o seu<br />

sucesso?<br />

Topo<br />

do Mundo<br />

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Novak Djokovic<br />

A arte de bater<br />

sistematicamente bolas<br />

em profundidade<br />

Novak Djokovic ocupou o topo<br />

da hierarquia mundial do ténis na<br />

grande maioria dos últimos quatro<br />

anos, mas ainda não ganhou o<br />

coração do povo. “No início da<br />

minha carreira”, disse Djokovic,<br />

“fui catalogado como um revelde,<br />

alguém que surgiu de geração<br />

espontânea, e começou a desafiar<br />

dois atletas tão extraordinários e<br />

dominantes (como eram F<strong>ed</strong>erer<br />

e Nadal). Quem é esse tipo da<br />

sérvia, que veio desse país tão<br />

minúsculo, e que diz querer<br />

chegar a número 1 do mundo? Obviamente,<br />

que eu entendo a reação<br />

das pessoas, por isso é que senti,<br />

que a única maneira era mostrar<br />

que merecia o primeiro lugar, era<br />

chegar lá e apresentar o melhor<br />

ténis”.<br />

Esta oposição inicial por parte do<br />

público serviu como combustível<br />

para a sua determinação, e fortaleceu<br />

o seu caracter, e tornou ainda<br />

mais forte a sua resolução de ser<br />

o melhor, até porque Djokovic,<br />

não pertence aquela categoria de<br />

campeões que nascem, ele fez-se<br />

número um!<br />

Quando Djokovic entrou no<br />

circuito mundial, em 2006, foi<br />

considerado um jovem talentoso,<br />

mas im<strong>ed</strong>iatamente ficou mais<br />

conhecido por alegadamente usar<br />

indevidamente os “timeouts” médicos<br />

para tratar doenças fantasmas,<br />

do que pelos jogos memoráveis<br />

dentro do campo de ténis. O seu<br />

alter-ego cómico, com contantes<br />

imitações dos outros jogadores<br />

(imitação do ajuste das cuecas<br />

de Nadal ou o passo da tenista<br />

russa, Maria Sharapova) também<br />

não o ajudou muito, e valeu-lhe o<br />

apelido “Djoker”, e muitas criticas<br />

negativas dos fãs e dos próprios<br />

visados, que o acusaram de falta<br />

de respeito. A tenista russa foi uma<br />

das mais contundentes nas críticas<br />

ao comportamento do jovem<br />

sérvio.<br />

O menor foco no jogo, foi talvez a razão que o<br />

manteve num “confortável” terceiro posto no<br />

ranking mundial durante tantos anos, mais precisamente<br />

até 2011, quando se transformou numa<br />

verdadeira máquina imbatível.<br />

Foi um processo demorado. Hoje é mais difícil<br />

que nunca marcar a diferença, e como afirma a<br />

antiga lenda do ténis, John McEnroe “o nível do<br />

jogo é incompreensível… ainda estou a tentar<br />

descobrir como estes tipos conseguem fazer isto”.<br />

Nos dias de McEnroe, os tenistas eram igualmente<br />

habilidosas, mas cada um deles tinha uma especialidade<br />

ou uma parte específica do seu jogo<br />

que era dominante. Agora, os melhores ténistas<br />

sabem fazer tudo dentro do court. Na realidade,<br />

o ténis é dentro dos desportos de elite aquele que<br />

mais evoluiu nas últimas duas décadas. Hoje a<br />

preparação de um tenista não está unicamente<br />

focada no aprimoramento da técnica, e é dada a<br />

mesma atenção às suas qualidades atléticas e mentais<br />

dos atletas. A preparação mental é decisivo<br />

para Djokovic, que vence moendo os adversários<br />

e quebrando-lhes o espirito e a vontade, fazendo<br />

da sua força mental a sua principal arma, e onde<br />

mais evoluiu desde que entrou no circuito.<br />

O ponto de viragem deu-se em 20<strong>10</strong>, quando ele<br />

ajudou o seu pequeno país a vencer a primeira<br />

Taça Davis (competição anual de seleções) contra<br />

a frança. Esta vitória foi como um trampolim, que<br />

elevou a sua crença e a confiança no seu jogo.<br />

Djokovic agora sabia, que podia vencer qualquer<br />

um, e isso fez toda a diferença. E, essa crença<br />

transformou-se em resultados – uma vitória após<br />

a outra, vencendo 43 partidas consecutivas no<br />

início do ano (a primeira derrota apareceu a meio<br />

da temporada nas meias-finais do French Open),<br />

a vitória em 3 Grand Slam (Austrália, Wimbl<strong>ed</strong>on<br />

e US Open) e 5 torneios Masters Series. A sua<br />

temporada de 2011 foi um das mais dominantes na<br />

história do tênis moderno.<br />

Bill Scanlon, ex-tenista e autor de “Zen Tennis:<br />

Playing in the Zone”, chega inclusive a afirmar<br />

que o sucesso de Djokovic é produto das horas<br />

diárias que ele d<strong>ed</strong>ica ao ioga e à m<strong>ed</strong>itação.<br />

No seu livro, Scanlon escreve, “ as pessoas, em<br />

breve trecho, vão começar a aceitar o facto de a<br />

competitividade e a concentração melhorarem<br />

significativamente em resultado da m<strong>ed</strong>itação”.<br />

Os exercícios mentais de Djokovic, onde também<br />

pode ser incluído o ioga, não são simplesmente<br />

uma fuga dos problemas diários, que segundo o<br />

próprio ténista “a intensão não é fugir para bem<br />

longe dos problemas, mas ir para além disso:<br />

visualizar”.<br />

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Os efeitos positivos da visualização no desporto têm sido alvo de estudo e sistematicamente indicam que existe um<br />

registo elec-tromiográfico (EMG) de atividade muscular dos mesmos músculos, durante a visualização mental e a<br />

execução real. Além disso, os órgãos tendinosos de Golgi (recetores sensoriais pro¬priocetivo que está localizado<br />

nas inserções das fibras musculares com os tendões dos mús¬culos) podem ser estimulados, e, assim, gerar fe<strong>ed</strong>back<br />

neuromuscular. Ou seja, a visualização (e m<strong>ed</strong>itação) trazem ganhos atléticos comprovados, para além dos<br />

ganhos mentais e de concentração competitiva naturais a este processo. No entanto, como Djokovic reconhece,<br />

ainda não “chegou ao nirvana”, mas quando as coisas não estão a correr bem e as horas que d<strong>ed</strong>ica à m<strong>ed</strong>itação não são suficientes,<br />

ele recorre a um truque, a música clássica, que o tem acompanhado desde a sua juventude, por influencia da sua antiga<br />

treinadores Jelena Gencic, como vem descrito no livro “serve to win”.<br />

A sua confiança também melhorou<br />

muito depois de ele ter encontrado<br />

o seu próprio estilo em campo. “Enquanto<br />

eu crescia ia colecionando as<br />

camisolas dos meus ídolos”, disse<br />

Djokovic em entrevista a um canal<br />

inglês de televisão no último Austrália<br />

Open, “eu adorava o Michael Jordan<br />

e Pete Sampras, e tentava copiar-lhe o<br />

estilo. Principalmente de Andre Agassi,<br />

e por isso tinha o armário cheio<br />

de roupas coloridas”. Durante muito<br />

tempo, ele preocupava-se demasiado<br />

como estava e como agia dentro do<br />

court. “(Depois entendi) que quando te<br />

sentes bem com o que vestes e como te<br />

comportas”, disse ele, “há uma efeito<br />

psicológico muito positivo”.<br />

“Eu acr<strong>ed</strong>ito fortemente nesta abordagem<br />

holística, e é por isso, que eu<br />

tento cuidar de todos os aspetos possíveis<br />

na minha vida e viver cercado<br />

de positivismo e encorajamento para<br />

obter esse conforto e paz interior<br />

quando eu precisar dele nos momentos<br />

importantes em uma partida.”<br />

Becker, ex-número 1 e seis vezes<br />

campeão de torneios do Grand Slam,<br />

foi a mais recente aquisição de Djokovic,<br />

e partilha os deveres de “coaching”<br />

e treino com o treinador de longa<br />

data do sérvio, Marian Vajda.<br />

O suéco, de temperamento complicado,<br />

admitiu que entrar em uma<br />

“família” não foi uma tarefa fácil,<br />

e que foram precisos alguns meses<br />

para a sua adaptação fosse completa.<br />

O “click” deu-se em Roma, quando<br />

Djokovic venceu o torneio em 2014.<br />

“Ele ganhou o torneio e desde então<br />

não voltei a ter dúvidas”, disse Becker.<br />

“Novak é um indivíduo muito incomum.<br />

Ele vem de um país devastado<br />

pela guerra, e teve que deixar sua casa<br />

aos 13 anos. Ele ter de ir para Munique<br />

para ter uma hipótese no ténis profissional,<br />

porque não tinha qualquer<br />

chance se tivesse ficado em casa.<br />

“No início da minha carreira fui catalogado como um revelde, alguém que surgiu<br />

de geração espontânea, e começou a desafiar dois atletas tão extraordinários e<br />

dominantes (como eram F<strong>ed</strong>erer e Nadal). Obviamente, que eu entendo a reação<br />

negativa das pessoas, por isso é que senti, que a única maneira era mostrar que<br />

merecia o primeiro lugar: era chegar lá e apresentar o melhor ténis!”<br />

Acabou na academia de um ex-amigo<br />

e treinador meu, Niki Pilic e foi aí que<br />

realmente começou a nossa relação já<br />

que Pilic tinha um monte de fotografias<br />

e histórias sobre mim. No fundo, na sua<br />

mente e no seu subconsciente, o nome<br />

Boris Becker foi já estava implementado”.<br />

Becker chega incline a afirmar<br />

que Djokovic “é um perfecionista, e<br />

que deseja criar a sua própria história”<br />

e que as semelhanças consigo próprio,<br />

são evidentes, “(principalmente) no caracter<br />

e personalidade, ele é um lutador<br />

de rua, quando as coisas ficam difíceis,<br />

e tudo está contra ele, é quando ele dá o<br />

seu melhor”.<br />

Encontramos elogios semelhantes<br />

na boca de Gritsch, o seu preparador<br />

físico, que diz: “ as potencialidades de<br />

Djokovic são infinitas, nem ele próprio<br />

conhece ainda os seus limites”.<br />

Gritsch mudou radicalmente o regime<br />

de treinos do tenista sérvio desde 2009,<br />

ano em que passou a integrar a equipa.<br />

“Acho que a maior conquista, foi<br />

abrir os olhos de Djokovic para novas<br />

formas de treino, até aí, ele limitava o<br />

seu fitness ao levantamento de pesos, e<br />

hoje, isso foi quase eliminado dos seus<br />

treinos”.<br />

A natureza – o mar, as montanhas, o<br />

ciclismo ou a canoagem substituíram o<br />

ginásio, e com isso, Djokovic passou a<br />

desfrutar muito mais das sessões de treino,<br />

“ e a receber em troca ainda mais<br />

energia, porque a sua mente liberta-se<br />

com esta nova abordagem, e a sua performance<br />

melhora por inerência”.<br />

Claro que também ouve melhorias<br />

físicas, a mais destacada, foi a sua dieta<br />

sem glúten, que começou em 20<strong>10</strong>, e<br />

lhe deu maiores níveis de energia durante<br />

os jogos (e falaremos disso mais<br />

à frente). E, a sua técnica tornou-se<br />

mais aguçada e eficaz. Afinal, ninguém<br />

bate sistematicamente tantas bolas em<br />

profundidade como ele no circuito ATP,<br />

como sugerem os dados?<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 25


A<br />

arte<br />

d e<br />

bater bolas<br />

sistematicamente<br />

em profundidade<br />

26 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

“Ele tem a melhor pancada no ténis”, afirmou o veterano Rod<br />

Laver, um confesso admirador de Djokovic. “Ele está constantemente<br />

a empurrar o adversária para o fundo da linha, que hipóteses<br />

tem o seu oponente de fazer a diferença?” De todas as suas<br />

habilidades, nenhuma é tão decisiva para o tenista sérvio que a<br />

sua capacidade de bater sistematicamente bolas em profundidade.<br />

A equipa de análise da Tennis Australia analisou estatisticamente<br />

os seus jogos nas suas duas últimas participações no Australia<br />

Open, o que resultou em dois triunfos para Novak. Destes dado,<br />

que pode ver no gráfico acima (fonte WSJ), onde também são<br />

analisados os dados do número 2 mundial A. Murray, percebeuse<br />

que 50% de todas as pancadas do sérvio foram no último terço<br />

do campo do adversário (a linha de serviço e a linha de base). Em<br />

comparação, a média dos seus adversários é de 44,5%.<br />

A média de respostas em profundidade de Murray, finalista<br />

vencido em Melbourne, é ainda mais baixa, com apenas 43,5%<br />

(dados igualmente das duas ultimas participações no torneio<br />

do britânico). Djokovic bateu 21,5% das suas respostas para a<br />

terceira linha mais profunda do campo do adversário, enquanto a<br />

média dos tenistas é de 16% e 15% para Murray, que novamente<br />

volta a ficar bem abaixo do sérvio. Djokovic para dificultar ainda<br />

mais a vida aos seus adversários, opta frequentemente por bater<br />

as bolas pelo centro da r<strong>ed</strong>e, zona mais baixa da mesma, e para<br />

os pés do seu oponente, no centro do campo. No geral, nos seus<br />

jogos, 62% dos pontos terminam nos primeiros quatro movimentos,<br />

32% na faixa dos cinco a nove tiros e apenas 7% estendem<br />

os nove movimentos, com Djokovic a ter uma percentagem de<br />

vitórias muito saudável em qualquer um destes tempos.


O segr<strong>ed</strong>o do sucesso<br />

O segr<strong>ed</strong>o não está nos Winners, mas<br />

nos erros (ou na falta deles!)<br />

No ténis, ao contrário do imaginário popular,<br />

não é quem faz mais Winners quem vence, mas<br />

quem comete menos erros. Isto pode até parecer<br />

um contrassenso, mas é bastante comum o perd<strong>ed</strong>or<br />

ter um acumulado maior de winners do<br />

que o venc<strong>ed</strong>or. Isto, porque regra geral, cerca<br />

de 70% de todos os pontos é resultado de erros.<br />

A experiência ensinou aos tenistas de elite que a<br />

melhor estratégia é dominar o maior número de<br />

pontos e criar dificuldades na resposta, evitar a<br />

tentação do winner, e esperar que o adversário<br />

falhe.<br />

Djokovic entendeu a essência<br />

do ténis: bater longo,<br />

sistematicamente longo, e<br />

esperar o erro do adversário.<br />

E isso acontece, porque o sérvio dá menos tempo para reagir aos<br />

seus oponentes. Ele entra em contacto com a bola, em média,<br />

50cm mais perto da r<strong>ed</strong>e que os seus adversários, bate a bola<br />

mais baixo 15 cm que a média do circuito ATP e também 6,5<br />

Km/h mais rápida. Depois, a bola bate, em média, 35,56cm mais<br />

profunda no campo adversário e ainda ressalta no solo a uma<br />

velocidade superior de 4,8km/h.<br />

Resumindo, Djokovic responde mais perto da r<strong>ed</strong>e, mais c<strong>ed</strong>o,<br />

com mais velocidade, mais profundo e com um ressalto no solo<br />

mais rápido. Tudo isto somado, significa que os seus adversários,<br />

têm menos de 5% de tempo de resposta para rebaterem a<br />

bola para o campo defensivo de Novak.<br />

Esta é a essência do jogo de Djokovic, ter mas tempo para se<br />

mover, pensar e executar a próxima pancada. Para além disso,<br />

obriga os seus adversários a apressarem as suas jogadas, e<br />

responderem de forma menos eficaz e a cometerem mais erros<br />

do que o normal. A eficácia da técnica de Novak é tão alta que<br />

obriga os seus adversários a forçar o encurtamento das jogadas,<br />

e a procurar ângulos mais amplos e o fundo winner.<br />

O que acontece?<br />

O erro não forçado.<br />

Outro dos pontos fortes do jogo de Novak, é a resposta ao<br />

serviço, onde ele prefere ficar muito perto da linha de base e<br />

r<strong>ed</strong>irecionar com precisão a bola usando apenas a velocidade<br />

vinda do serviço. Quando bem executado, ele consegue por<br />

im<strong>ed</strong>iatamente o seu oponente na defensiva, num ponto em que<br />

devia comandar.<br />

Por isso, e apesar de muitas vezes, o jogo de<br />

Novak Djokovic parecer muitas vezes repetitivo<br />

e demasiado insistente nas mesmas jogadas, na realidade,<br />

ele executa um jogo de alta complexidade<br />

de movimentos interligados com ações motoras<br />

altamente bem definidas, compactos e biomecanicamente<br />

perfeitos, aliados a uma inteligência<br />

competitiva, onde no ténis moderno, só encontra<br />

rival, no suíço Roger F<strong>ed</strong>erer e no espanhol Nadal.<br />

O sucesso do sérvio de 28 anos, que já levantou<br />

por onze vezes títulos do Grand Slam (e mais<br />

oito finais), não é fruto do acaso, e existe na sua<br />

técnica, algo sutil, que dá a Djokovic uma franca<br />

vantagem em comparação aos seus oponentes,<br />

e que ele executa melhor que ninguém no ténis:<br />

bater sistematicamente bolas em profundidade.<br />

A ciência pode detrás deste sistema é simples:<br />

uma bola que caí perto da linha de base, imp<strong>ed</strong>e<br />

os adversários de atacar e rebater a bola em ângulos<br />

agudos. Uma bola em profundidade apressa os<br />

adversários a tentar retomar o domínio do ponto<br />

e potência o erro. Para além disso, uma bola<br />

profunda é muitas vezes rebatida com uma bola<br />

curta, o que facilita o desequilíbrio ou mesmo o<br />

winner im<strong>ed</strong>iato. Bater sistematicamente bolas<br />

profundas é um desejo de todos os tenistas.<br />

Uma estratégia tão simples quanto difícil de ser<br />

dominada. Muito poucos o conseguiram de forma<br />

eficaz.<br />

O último grande tenista a fazê-lo foi Andre<br />

Agassi, que durante os anos 90, usou a abusou,<br />

de respostas rápidas e bolas profundas para<br />

vencer os seus encontros e de se ter tornado em<br />

um dos maiores nomes da modalidade. Djokovic<br />

surge como herdeiro do norte-americano, mas<br />

com claras vantagens em relação a este. O sérvio<br />

funciona durante horas e horas seguidas, tem uma<br />

técnica fluida que lhe permite deslizar no campo<br />

harmoniosamente e índices de confiabilidade<br />

altíssimos.<br />

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Dieta livre de<br />

Glúten<br />

P<br />

ouco tempos após<br />

Djokovic ter entrado<br />

no circuito<br />

profissional, ele<br />

ficou conhecido por desistir<br />

facilmente a meio dos jogos<br />

(normalmente quando o<br />

placar lhe era desfavorável),<br />

alegando uma grande vari<strong>ed</strong>ade<br />

de doenças físicas, o que<br />

naturalmente irritava os outros<br />

jogadores. Roger F<strong>ed</strong>erer,<br />

depois do sérvio atirar a toalha<br />

ao chão frente a Andy Roddick.,<br />

disse publicamente que<br />

“ as desistências (de Djokovic)<br />

são dececionantes, e se ele não<br />

está apto, então simplesmente<br />

não deve jogar” e foi ainda<br />

mais longe, “ eu acho que ele<br />

não teria desistido, se estivesse<br />

a vencer por 4-0 no set”.<br />

Roddick foi tão duro quanto o suíço-<br />

Djokovic sofre de tudo, desde a dor de costas<br />

a gripe das aves. A realidade não fugia muito<br />

ao quadro pintado pelo norte-americano, e os<br />

casos foram-se suc<strong>ed</strong>endo regularmente, até que<br />

em janeiro de 20<strong>10</strong>, nos quarto de final do Open<br />

da Austrália, ele voltou a ter uma nova crise, no<br />

quarto set contra o francês, Wilfri<strong>ed</strong> Tsonga<br />

Durante os dois primeiros set, Djokovic<br />

venceu confortavelmente, quase um<br />

passeio, mas progressivamente foi<br />

inesperadamente perdendo vigore e<br />

energia. Chegava constantemente tarde<br />

às bolas e a precisão tão característica<br />

d as suas pancadas simplesmente<br />

desapareceu. No quarto set p<strong>ed</strong>iu<br />

ajuda médica. O seu estado era tão<br />

visível, que ninguém se atreveu a<br />

censura-lo ou a afirmar que este<br />

era<br />

mais um dos seus truques<br />

para evitar a derrota em<br />

campo. Os próprios co<br />

mentadores que analisa<br />

vam televisivamente o<br />

jogo, sugeriram que o<br />

sérvio sofria de asma.<br />

Cetojevic viu a angústia física que Djokovic sentia naquele momento, e disse para<br />

a mulher, “aquilo não é asma!”. E não era!<br />

Podia ter sido apenas mais uma desistência,<br />

mas felizmente para Djokovic,<br />

no Chipre e de férias, o Dr. Igor Cetojevic<br />

e sua esposa, depois de um dia de<br />

praia e sem muito para fazer, ligaram<br />

a televisão e foram passando de canal<br />

em canal, até se depararem com o jogo<br />

de ténis do compatriota. O médico viu<br />

a angústia física que Djokovic sentia<br />

naquele momento, e disse para a mulher,<br />

“aquilo não é asma!”. Cetojevic,<br />

também praticante de m<strong>ed</strong>icina alternativa<br />

(incluindo acupuntura, biofe<strong>ed</strong>back<br />

e m<strong>ed</strong>icina holística chinês) entrou<br />

em contato com Djokovic através de<br />

alguns contatos mútuos e pouco tempo<br />

depois eles estavam frente-a-frente.<br />

“No caso de Novak, a sua respiração<br />

resultou num desequilíbrio do seu<br />

sistema respiratório”, disse o médico,<br />

“particularmente a partir de uma<br />

acumulação de toxinas em seu intestino<br />

grosso. Na m<strong>ed</strong>icina tradicional<br />

chinesa, os pulmões são emparelhados<br />

com o intestino grosso.” Cetojevic,<br />

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após uma série de exames, determinou<br />

que o organismo de Djokovic é sensível<br />

ao glúten. Testes posteriores revelaram<br />

que o seu organismo também é intolerante<br />

ao trigo, laticínios e tomate.<br />

Apesar da crença generalizada, que se<br />

uma pessoa não for celíaca (intolerante<br />

à proteína) não precisa cortar o glúten<br />

por completo, parece estar errada, já<br />

que diversos estudos tem mostrado que<br />

<strong>10</strong>0% da população teria benefícios em<br />

apostar numa dieta sem esta proteína,<br />

dado que todos temos algum grau de<br />

sensibilidade a ela.<br />

Nos piores casos, o glúten diminui a<br />

imunidade, favorece o acumular de<br />

gordura, causa inchaço e aumenta a<br />

tendência de anemia e osteoporose.<br />

Para além disso, a proteína produz<br />

uma ação inflamatória no organismo<br />

que ataca o funcionamento das<br />

células, dificultando a entrada de<br />

nutrientes e a saída de toxinas.<br />

No início, a nova dieta causou a perda<br />

de peso rápida e significativa para o já<br />

delgado Djokovic, mas Cetojevic insistiu<br />

que o corpo de Djokovic estava só<br />

a recuperar. Ele estava certo. Djokovic<br />

começou a dormir melhor e a aumentar<br />

as cargas de treino, sem sofrer esses<br />

ataques de desconforto atribuídas a<br />

uma asma inexistente.<br />

A dieta de Djokovic é desde 20<strong>10</strong><br />

totalmente livre de glúten, e progressivamente<br />

ele vem eliminando todos os<br />

lacticínios, e todo o açúcar que ingere<br />

bem quase na totalidade de ingestão<br />

de frutas e legumes. Também só come<br />

carne ocasionalmente, e ingere principalmente<br />

frango e peixe para suprimir<br />

as necessidades de proteínas do seu<br />

corpo. Durante as partidas, ele trocou<br />

os lanches açucarados para barras de<br />

frutas naturais. E, por muito que os<br />

seus pais, donos de uma pizzaria, possam<br />

estar irritados com Djokovic, ele<br />

também deixou de comer pizza.


CVAC Pod e Alpes: Altitude é<br />

a palavra mágica<br />

Já quase tudo foi dito sobre câmaras hiperbáricas – o<br />

aumento de oxigénio no corpo em uma maior pressão<br />

atmosférica, dentro de uma câmara hermeticamente fechada<br />

com par<strong>ed</strong>es rígidas. Bem menos conhecido, é a CVAC<br />

Pod, uma pequena estrutura no formato de ovo, símbolo de<br />

uma visão mais ambiciosa da m<strong>ed</strong>icina hiperbárica. E, ainda<br />

menos conhecido, é que Djokovic faz uso desta maquina<br />

desde o US Opens de 20<strong>10</strong>.<br />

Segundo os fabricantes CVAC Pod, 20 minutos dentro deste<br />

módulo, três vezes por semana é suficiente para melhorar<br />

a circulação, oxigenar células vermelhas, remover ácido<br />

lático e até mesmo estimular a produção de células-tronco.<br />

Para isso, a câmara simula grandes altitudes, comprimindo<br />

os músculos em intervalos regulares. A diferença, entre este<br />

Pod e as típicas câmaras hiperbáricas usadas por múltiplos<br />

atletas, é a novidade de combina pressão e compressão<br />

cíclica, o que, segundo alguns estudos sugerem, é mais eficiente<br />

do que somente um ou outro. Pressão, temperatura e<br />

densidade do ar podem ser ajustados, o que ajuda um atleta<br />

a se adaptar a várias condições.<br />

Allen Ruszkowski, presidente-executivo da CVAC, diz que<br />

o tratamento parece ter muitos dos mesmos efeitos sobre o<br />

corpo como exercício intenso. Ele afirma que a tecnologia<br />

pode ser duas vezes mais eficaz em ajudar o corpo a absorver<br />

o oxigênio como as transfusões de sangue, uma forma<br />

proibida de melhoria de desempenho. A máquina, de uma<br />

empresa com s<strong>ed</strong>e na Califórnia chamada Sistemas CVAC,<br />

não foi proibida por quaisquer organismos responsáveis<br />

pelo desporto, e existem apenas 20 no mundo, e por isso<br />

custam um “simbólico” de $75.000.<br />

Talvez por em 2006, a Agência Mundial Anti-Doping ter<br />

determinado que estas maquinas melhoraram o desempenho<br />

de forma artificial e violam “o espírito do desporto”(apesar<br />

de não as ter adicionado à lista de substâncias/métodos<br />

proibidos), que Djokovic sempre se recusou a confirmar<br />

o seu uso, até muito recentemente num evento dos seus<br />

patrocinadores em Nova York, a pergunta ter surgido uma<br />

vez mais. Novak assumiu então usar este módulo, e afirmou<br />

“não é tão importante para o músculo, mas para a recuperação<br />

física depois de um forte esforço. É como uma nave<br />

espacial. É uma tecnologia muito interessante”.<br />

O pod que Djokovic usa pertencia a um antigo tenista,<br />

Gordon Uehling III, que nunca foi além do número 925<br />

do ranking, e agora dirige uma escola de ténis chamada de<br />

CourtSense na Tenafly Racquet club em Tenafly, acompanha<br />

o sérvio desde o início deste processo, tendo no entanto,<br />

sempre negado qualquer comentário sobre o tema.<br />

Djokovic complementa o seu regime de treino, indo frequentemente<br />

para altas altitudes, gostando especialmente de<br />

viajar para os alpes, entre competições importantes.<br />

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Preparação para a alta-competição no Tênis<br />

TREINAMENTO MENTAL E<br />

OS SEUS BENEFÍCIOS NA<br />

PRÁTICA DO TÊNIS<br />

A utilização do treino mental valoriza o domínio da atenção e<br />

concentração, procurando uma base sólida para a autoconfiança e<br />

eficácia do tenista, e potenciar as suas habilidades aos máximo e<br />

com isso melhores resultados nos seus jogos.<br />

Jonas Godtsfri<strong>ed</strong>t, graduado em Educação Física, especialista em Educação Infantil e Anos<br />

Iniciais, e mestrando na área de concentração da teoria e prática p<strong>ed</strong>agógica em <strong>ed</strong>ucação física, com<br />

pesquisas e artigos científicos publicados na área do tema abordado no texto. jog<strong>10</strong>00@hotmail.com<br />

O treinamento mental é uma forma de simulação. É<br />

semelhante a uma experiência sensorial real, mas toda a<br />

experiência ocorre na mente (WEINBERG & GOULD,<br />

2001). O tênis de campo sendo um esporte individual<br />

incita ao indivíduo demandas psicológicas específicas,<br />

e a maioria está associada com a capacidade do jogador<br />

em saber lidar com seus próprios erros.<br />

A origem da palavra “treinar” vem do verbo francês<br />

traîner, que significa arrastar-se pelo chão, progr<strong>ed</strong>ir lentamente,<br />

mas depois ir em frente com rapidez. Treinar<br />

é trabalhar continuamente, esforçar-se sem cessar para<br />

adquirir a rapidez e a espontaneidade. Desta forma o<br />

esporte denominado tênis de campo é uma modalidade<br />

esportiva que muito se relaciona com o desenvolvimento<br />

físico, e em especial com o treinamento mental daqueles<br />

que o praticam. No passado para muitos tenistas não<br />

existia uma programação de treinamentos, não havia<br />

preocupação com os aspectos físico e mental dos jogadores.<br />

Os treinos se baseavam em amistosos, com ênfase<br />

na técnica e tática do jogo.<br />

A utilização do treinamento mental valoriza o domínio<br />

da atenção e concentração mais do que outras habilidades;<br />

buscando uma base sólida para a autoconfiança e<br />

eficácia do tenista, desta forma o jogador de tênis com<br />

maior confiança no seu potencial será capaz de atingir<br />

maiores e melhores resultados em suas partidas.<br />

A natureza da tarefa e o nível de habilidade do praticante<br />

de tênis afetam a forma como o treinamento mental<br />

melhorará o desempenho do tenista. Atletas iniciantes e<br />

atletas altamente qualificados que usam o<br />

treinamento mental em tarefas cognitivas (tarefas de<br />

resolução de problemas, inteligência e memória) apresentam<br />

efeitos mais positivos (WEINBERG & GOULD,<br />

2001).<br />

Os aspectos competitivos do atleta praticante do tênis<br />

pode ser bem explorado ao executar-se o treino mental<br />

para o esporte, visto que ao realizar um treinamento<br />

mental com objetivo de evitar-se o bloqueio mental durante<br />

jogos de tênis, o tenista estará apto a desenvolver<br />

melhor a sua potencialidade competitiva (GIFFONI,<br />

1989).<br />

Praticar treinamento mental é explorar o ilimitado<br />

potencial que existe dentro de cada tenista. Entre as diversas<br />

maneiras que este tipo de treino mental pode ser<br />

realizado, podemos destacar duas formas: a atenção no<br />

tênis e também o treinamento da imaginação >><br />

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Preparação para a alta-competição no Tênis<br />

A atenção pode ser considerada mais amplamente como a<br />

concentração de esforço mental sobre eventos sensoriais<br />

ou mentais, sendo estes esforços mentais muito constantes<br />

durante um jogo de tênis, como por exemplo em<br />

situações de definição de como executar e desempenhar<br />

uma devolução de serviço (saque). Tudo o que precisamos<br />

ao começar a praticar a atenção no tênis é de um<br />

objeto apropriado no qual focalizar a atenção. No tênis,<br />

o objeto mais conveniente e prático é a própria bola. A<br />

ordem repetida com maior frequência numa quadra provavelmente<br />

é: observe a bola. No entanto, poucos jogadores<br />

a vêem bem (GALLWEY, 1996).<br />

Já o treinamento da imaginação é uma técnica mental que<br />

programa a mente e o corpo a responder de forma correta<br />

a um movimento desejado. A imaginação permite recriar<br />

e criar vivências no plano imaginário. O treinamento<br />

da imaginação pode ajudar na melhoria de habilidades<br />

dos tenistas. Ao tentar melhorar um “serviço” no tênis,<br />

por exemplo, pode-se assistir um jogador profissional e<br />

então mentalmente reproduzir suas ações observando-o<br />

para melhorar sucesso esportivo. Ou pode-se reproduzir e<br />

observar o próprio serviço ajustando a informação armazenada<br />

que guia a performance física da ação (WRAGA,<br />

2003).<br />

O treinamento mental, e em especial o treinamento da<br />

imaginação, tem recebido muita atenção para seu papel<br />

no desempenho físico de tenistas, e cada vez mais tem<br />

sido inserido no treino de habilidades psicológicas voltadas<br />

aos atletas para complementar seus programas de<br />

treinamento.<br />

O treinamento da imaginação, aparece na literatura com<br />

um volume maior de trabalhos publicados, sendo considerado<br />

um ótimo meio de exercitar o treinamento mental,<br />

e com isso favorece o desempenho de tenistas na prática<br />

de sua modalidade esportiva. Sendo destacada a melhoria<br />

que o treinamento da imaginação pode promover na<br />

realização do saque ou serviço no tênis.<br />

O treinamento mental para os praticantes do tênis<br />

também funciona por meio do desenvolvimento e do<br />

refinamento de habilidades psicológicas, e o exercício<br />

do treino mental e mentalização podem melhorar a concentração,<br />

r<strong>ed</strong>uzir a ansi<strong>ed</strong>ade e aumentar a confiança,<br />

importantes habilidades psicológicas para melhorar a<br />

performance. A prática de técnicas voltas a atenção e ao<br />

treinamento da imaginação são instrumentos convenientes<br />

e efetivos para prática do tênis de campo, podendo<br />

ser eficazes tanto antes quanto durante uma competição<br />

esportiva de tênis.<br />

A relação entre treinamento mental e atenção no tênis,<br />

mostra que quando o tenista ao atingir um bom nível de<br />

atenção ele está realmente “dentro do jogo”, formando<br />

um “todo” com a raquete, a bola e a batida, o atleta<br />

descobre seu verdadeiro potencial.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

GALLWEY, W. Timothy. O jogo interior de tênis / W.<br />

Timothy Gallwey; tradução de Mario R. Krausz. – São<br />

Paulo: Textonovo, 1996.<br />

GIFFONI, Edmundo. Tênis: Catarse Moderna. Porto<br />

Alegre: FEPLAM, 1989.<br />

WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia<br />

do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artm<strong>ed</strong>,<br />

2001<br />

WRAGA, M; KOSSLYN, S.M. Encyclop<strong>ed</strong>ia Cognitive<br />

Science. Imagery . Psychology Research Library,<br />

Harvard University. Volume 2, 2003<br />

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DÊ-NOS<br />

UM LIKE<br />

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A fisiologia<br />

do<br />

ciclista<br />

de<br />

BTT<br />

HRicardo Dantas de Lucas, Professor e Pesquisador da Universidade F<strong>ed</strong>eral de Santa Catarina, Brasil. Doutor em<br />

Educação Física, com ênfase em avaliação fisiológica e treinamento de atletas. Atua como treinador de atletas de endurance<br />

desde 1995.<br />

ricardo.dantas@ufsc.br<br />

istoricamente, o ciclismo na sua vertente competitiva se desenvolveu<br />

e evoluiu por varias décadas nas estradas pavimentadas.<br />

Somente a partir dos anos 70 que o ciclismo off-road<br />

(BTT) surgiu e assumiu um papel cada vez mais importante<br />

em nossa soci<strong>ed</strong>ade, sob todas as formas de prática da modalidade,<br />

ou seja, como meio de transporte, como recreação e<br />

como competição.<br />

De uma forma geral, as condições do terreno (acidentado e<br />

montanhoso) em que o ciclismo BTT é realizado, não permitem<br />

que os ciclistas desenvolvam velocidades similares ao ciclismo<br />

de estrada, levando assim a um grande dispêndio de esforço<br />

contra a força da gravidade e também contra a resistência de<br />

rolamento (atrito entre pneus e o solo).<br />

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Associada à estes fatores observa-se também uma<br />

solicitação constante da musculatura dos braços<br />

e pernas, provenientes das contrações isométricas<br />

intensas e repetitivas, que são necessárias para<br />

absorver o impacto e as vibrações proporcionadas<br />

pelo terreno. Além disto, a baixa velocidade média<br />

em que as provas são disputadas acarreta também<br />

menor influência do drafting (técnica de p<strong>ed</strong>alar<br />

atrás de outro ciclista) sobre o gasto energético.<br />

Sob o ponto de visto fisiológico, o ciclismo BTT<br />

apresenta demandas sensivelmente diferentes do<br />

tradicional ciclismo de estrada. Isto nos remete a<br />

buscar comparações entre os ciclistas puramente<br />

de estrada e os especialistas no BTT.<br />

A prática do BTT exige uma alternância maior de<br />

intensidades de esforço devido a variação de altimetria<br />

que normalmente se encontra nos percursos.<br />

Esta fato exige uma capacidade de recuperação<br />

rápida entre esforços de alta intensidade, fator que<br />

é aprimorado com a melhora da capacidade aeróbia.<br />

Assim capacidade de remover o excesso de<br />

lactato sanguíneo é um importante fator para manter<br />

um bom desempenho em competições de BTT.<br />

Na pratica competitiva do BTT, o metabolismo<br />

aeróbio explica cerca de 40% da variação da performance<br />

em provas de BTT cross-country (XCO),<br />

sendo o restante explicado por outras características<br />

físicas e técnicas. De qualquer forma, uma<br />

alta aptidão aeróbia é necessária para obter desempenho<br />

em alto nível. Ciclistas de elite da modalidade<br />

XCO apresentam frequentemente valores de<br />

VO2max entre 70- 78 ml/kg/min, enquanto atletas<br />

de nível competitivo amador apresentam valores<br />

em torno de 60- 68 ml/kg/min. Uma característica<br />

importante para o bom desempenho é uma baixa<br />

massa corporal quando se compara aos ciclistas<br />

de estrada com especialidades em sprint e contrarelógio.<br />

Assim, os ciclistas de BTT apresentam<br />

características físicas e fisiológicas semelhantes<br />

aos ciclistas de estrada especialistas em montanha,<br />

ou seja são leves e apresentam uma alta produção<br />

de potência aeróbia relativa à sua massa corporal.<br />

Diferentes estudos têm reportado que a resposta<br />

da frequência cardíaca em provas de BTT-XCO e<br />

têm observado valores médios em torno de 90% da<br />

máxima. A principio este alto percentual em que as<br />

competições ocorrem são explicados não somente<br />

pela alta demanda energética, mas também pelo<br />

fato de que na maioria das descidas, a frequência<br />

cardíaca não é r<strong>ed</strong>uzida como ocorre comummente<br />

nas descidas pavimentadas. Assim, considerando<br />

os sectores de downhill devemos assumir que<br />

existe uma influencia direta do sistema nervoso<br />

(para manter a atenção) em conjunto com uma alta<br />

demanda de contrações dos músculos dos braços<br />

sobre a resposta cardíaca, fato que gera valores<br />

médios de frequência cardíaca que não são compatíveis<br />

com a duração da maioria da competições<br />

XCO (em torno de 2 horas).<br />

Do visto fisiológico, o ciclismo BTT apresenta<br />

demandas sensivelmente diferentes do<br />

tradicional ciclismo de estrada. Isto nos remete<br />

a buscar comparações entre os ciclistas<br />

puramente de estrada e os especialistas no BTT.<br />

Nesta perspectiva, quando se considera o controle de intensidade<br />

de esforço, devemos considerar uma limitação em relação ao uso<br />

da frequência cardíaca. Enquanto este parâmetro responde bem às<br />

variações da demanda energética em condições de ciclismo estacionário<br />

(Spinning etc), no ciclismo BTT a frequência cardíaca<br />

não apresenta a mesma exatidão. Desta forma, o melhor parâmetro<br />

para controlo objetivo da intensidade no BTT é a potência<br />

gerada durante a p<strong>ed</strong>alada. Como os equipamentos que m<strong>ed</strong>em a<br />

potência na bicicleta cada vez mais aprimorados, têm-se tornado<br />

comum o uso desta ferramenta para controlar intensidade do treinamento.<br />

Smekal e colaboradores (2015) estudaram um grupo de<br />

24 ciclistas de BTT (m<strong>ed</strong>ia do VO2max = 64,9 ml/kg/min) com<br />

intuito de verificar as relações entre m<strong>ed</strong>idas fisiológicas obtidas<br />

em um teste de esforço de laboratório com as respostas fisiológicas<br />

geradas em uma competição simulada.<br />

Adicionalmente, os autores incluíram na amostra um ciclista de<br />

elite do BTT (Top <strong>10</strong> nos Jogos de Londres; VO2max = 79,9 ml/<br />

kg/min) para estabelecer comparações com os demais. Todas as<br />

variáveis m<strong>ed</strong>idas foram superiores no ciclista de elite, no entanto<br />

vale a pena ressaltar a potência média em que a competição<br />

foi concluída. Enquanto o ciclista de elite gerou em média 264W<br />

(3,56 W/kg) e levou 51 min para concluir o percurso de 24 km,<br />

os demais geraram 186W (2,66 W/kg) e gastaram 65 min para<br />

completar o mesmo trajeto. Uma outra variável que chamou a<br />

atenção foi a cadência de p<strong>ed</strong>alada média que foi maior para o<br />

ciclista de elite (84 rpm) em relação ao grupo de menor nível (70<br />

rpm).<br />

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Ciclistas de elite da modalidade XCO apresentam frequentemente valores<br />

de VO2max entre 70- 78 ml/kg/min Assim, os ciclistas de BTT apresentam características<br />

físicas e fisiológicas semelhantes aos ciclistas de estrada especialistas em montanha, ou<br />

seja são leves e apresentam uma alta produção de potência aeróbia<br />

Por fim, do ponto de vista técnico o ciclista de BTT é<br />

constantemente desafiado a manter o controlo sobre o seu<br />

centro de gravidade. Nesta perspectiva, um estudo publicado<br />

por Lion e colaboradores (2009) demonstrou que ciclistas<br />

especializados no BTT apresentam características neurosensoriais<br />

relacionados ao equilíbrio mais aprimoradas<br />

quando foram comparados aos ciclistas puramente de estrada.<br />

Estes dados reforçam a importância da prática especifica<br />

do BTT a fim de desenvolver não somente a especificidade<br />

da demanda física, mas também do aspecto técnico.<br />

Referencias<br />

Lion, A., Gauchard, G. C., Deviterne, D., & Perrin, P. P.<br />

(2009). Differentiat<strong>ed</strong> influence of off-road and on-road<br />

cycling practice on balance control and the relat<strong>ed</strong>-neurosensory<br />

organization. Journal of Electromyography and<br />

Kinesiology, 19(4), 623-630.<br />

Smekal, G., von Duvillard, S. P., Hörmandinger, M., Moll,<br />

R., Heller, M., Pokan, R., & Arciero, P. (2015). Physiological<br />

Demands of Simulat<strong>ed</strong> Off-Road Cycling Competition.<br />

Journal of Sports Science & M<strong>ed</strong>icine, 14(4), 799.<br />

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As melhores analises às grandes voltas é na Desporto&<strong>Esport</strong><br />

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Ciclismo Internacional,<br />

UCI e o futuro<br />

Nuno Sabido<br />

Ex-ciclista profissional durante 16 anos, e conta no seu historial com cinco<br />

títulos nacionais. Atualmente desempenha o cargo de comentador<br />

desportivo na área do ciclismo na TVI. Possui ainda uma licenciatura em<br />

Educação Física, com especialização nas áreas de avaliação física e treino de<br />

alta competição, para além de formação em Biomecânica,<br />

musculação, Ergometria com análise de gases expirados, entre outras. No<br />

seu curriculum contam ainda o cargo de técnico nacional e<br />

formador na UVP/FCC, entre outros.<br />

nuno.odibas@gmail.com<br />

Twitter: @nunoodibas Facebook: Nuno Sabido<br />

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Nem sempre tudo evoluí,<br />

por vezes apenas se transforma<br />

ARevolução Industrial (mudança no<br />

sistema do trabalho artesanal pelo uso<br />

das máquinas em sistema de assalariado)<br />

transformou o mundo no ano de<br />

1760.<br />

Desde então, a mesma não cessou, influenciando irreversivelmente<br />

toda a soci<strong>ed</strong>ade, tal como hoje a conhecemos.<br />

Em 1817 é inventado (na Europa) o primeiro veículo com<br />

duas rodas, evoluindo no tempo e transformando-se no que<br />

hoje conhecemos como Bicicleta.<br />

A 1.ª competição de que á registo (com Draisianas)<br />

ocorre a 20 de abril de 1829.<br />

Desde então, a vontade de ser o 1.º, tornaram o Ciclismo<br />

numa das modalidades, senão mesmo, a modalidade mais<br />

evoluída e mais complexa no ponto de vista Cientifico<br />

(Fisiológico, Biomecânico, Nutricional…) Tecnológico e<br />

Regulamentar.<br />

A transição do século XX para o século XXI deu continuidade<br />

a um período de quase três décadas, as quais influenciaram<br />

e registaram a maior evolução, assim como a transformação<br />

mais marcante na modalidade.<br />

Evolução, nem sempre pode ser considerada ou confundida<br />

com o seu direto significado, pois “No Ciclismo, nem sempre<br />

tudo evoluí, por vezes apenas se transforma”.<br />

O Ciclismo é o desporto mais complexo e mais exigente<br />

que qualquer outra modalidade desportiva existente, como<br />

tal considero, para que o possamos interpretar e compreender,<br />

é importante a existência de uma particular sensibilidade,<br />

experiência e inteligência.<br />

Para o “simples” praticante, leitor, espetador ou telespetador,<br />

do ponto de vista m<strong>ed</strong>iático o Ciclismo parece<br />

esplendoroso, gracioso e gozar de uma estabilidade global.<br />

Contudo, não é esta a realidade global.<br />

Apesar de todo o m<strong>ed</strong>iatismo, visibilidade e exposição<br />

mundial, mesmo as equipas multimilionárias, denominadas<br />

World Tour, não têm garantido a sua continuidade.<br />

O que devemos pensar das outras, as que compõem os<br />

escalões que ocupam a base da pirâmide, mas fulcrais para<br />

que o topo desta mesma pirâmide não se desmorone?<br />

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O Ciclismo mudou e continua a<br />

reformar-se, tentando “evoluir”<br />

A UCI, as F<strong>ed</strong>erações, as Associações representantes dos<br />

atletas, as equipas, assim como muitos outros agentes procuram<br />

o melhor equilíbrio entre as partes. Procuram algo<br />

que nunca será encontrado ou atingido, a concordância, a<br />

plenitude, a perfeição.<br />

Sem atletas (ciclistas) não existe Ciclismo e sem equipas,<br />

dificilmente o mesmo subsistirá e sem equipas de<br />

formação… Se tentarmos alterar o significado e a ordem<br />

de conteúdos da pirâmide, estará a modalidade<br />

condenada á sua extinção?<br />

Não, pessoalmente, “Não acr<strong>ed</strong>ite que tal venha algum<br />

dia a acontecer”<br />

QUAL A MUDANÇA MAIS MARCANTE DAS<br />

ÚLTIMAS DÉCADAS?<br />

Atualmente as Equipas com estatuto Profissional, são<br />

denominadas como:<br />

- Equipa World Tour<br />

- Equipa Profissional Continental<br />

- Equipa Continental<br />

No passado a denominação era:<br />

- Equipa de 1.ª Divisão<br />

- Equipa de 2.ª Divisão<br />

- Equipa de 3.ª Divisão<br />

Com a necessária e “pretensiosa” Globalização do Ciclismo,<br />

movimento (finalmente) iniciado pela UCI e seus representantes<br />

em 2005, fizeram despoletar do ponto de vista<br />

económico, uma situação crescente de atual insustentabilidade<br />

na modalidade.<br />

O fosso hoje existente entre as equipas Continentais e<br />

as equipas WorldTour é tão grande, que o significado da<br />

expressão “Anos-Luz” poderá ser adequado para o caraterizar.<br />

Não sou contra a evolução, nem contra a Globalização do<br />

Ciclismo, muito pelo contrário (como pode ser observado<br />

no parágrafo seguinte) equaciono isso sim, o “Capitalismo<br />

Velocipédico” que considero por vezes pouco saudável para<br />

a modalidade e que do ponto de vista individual (atleta/<br />

ciclista) embora não parecendo, as oportunidades não são<br />

as mesmas para todos.<br />

Hoje existem e decorrem competições em todos os continentes,<br />

o calendário velocipédico não cessa e mais<br />

importante e relevante ainda, o pelotão internacional é<br />

constituído por atletas das mais variadas nacionalidades,<br />

representantes de países até então, sem tradições velocipédicas.<br />

Para este “fenómeno” muito tem contribuído<br />

o apoio e a formação, providenciadas pela UCI no seu<br />

Centro de Ciclismo Mundial, de onde têm saído atletas<br />

que são atualmente ídolos mundiais, como por exemplo,<br />

Chris Froome venc<strong>ed</strong>or de duas <strong>ed</strong>ições da Volta a<br />

França.<br />

A estrutura do Ciclismo não é perfeita e de ano para ano<br />

são identificadas novas fragilidades, que refletem também a<br />

própria fragilidade da<br />

soci<strong>ed</strong>ade em que vivemos.<br />

Contudo a evolução não pode parar e cabe aos responsáveis,<br />

que tal como nós, também gostam de Ciclismo, tutelar o<br />

mesmo com a maior racionalidade possível.<br />

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“CAPITALISMO VELOCIPÉDICO?”<br />

No passado anterior a 2005, as Equipas<br />

Profissionais, subiam e desciam de escalão, fossem<br />

elas economicamente mais ou menos abastadas, não<br />

apenas pelas suas capacidades económico/financeiras,<br />

mas pelo valor e pelos resultados dos seus atletas<br />

(ciclistas) resultante também, de um trabalho de<br />

toda a Equipa.<br />

O acesso às competições não era limitado por este<br />

tipo de regras, o que permitia que todas as equipas<br />

pudessem “lutar” e obter as preciosas pontuações, as<br />

quais ditavam o seu futuro, bem como o futuro dos<br />

atletas, fossem eles de países emergentes ou pertencentes<br />

ao “velho continente europeu”.<br />

A subida ou a descida de divisão podia ser constante<br />

(anual) e esse fator permitia uma dinâmica ainda<br />

mais evolutiva.<br />

Hoje, isso é uma “miragem” pertencente ao passado.<br />

Hoje, também no ciclismo o dinheiro é o mais<br />

importante e a manutenção ou a permanência das<br />

equipas nas respetivas categorias é exclusivamente<br />

ditada pela maior ou menor capacidade financeira,<br />

o que não contribuí para que as oportunidades de<br />

trabalho e de futuro, mais ou menos gracioso, seja<br />

o mesmo para todos os atletas, de todas as equipas<br />

inscritas na UCI, representantes dos mais variados<br />

países.<br />

O PARADOXO<br />

Apesar do deslumbre da WorldTour, os jovens atletas<br />

de equipas Sub-23, que ambicionam tornar-se<br />

profissionais, assim como um bom número de ciclistas<br />

profissionais, que formam a “base da pirâmide”,<br />

poderão vir a perder-se para a modalidade, ainda<br />

antes de atingirem a maturidade.<br />

Ser Ciclista Profissional de uma equipa do escalão<br />

Continental e mesmo do escalão Continental<br />

Profissional, significa por vezes ser explorado.<br />

De que forma?<br />

Pagando com o próprio salário, em muitos casos,<br />

sendo já ele mínimo ou encontrando patrocínios<br />

pessoais para poder fazer parte destas mesmas formações<br />

e assim poderem competir.<br />

A obsessão pela Globalização coloca em causa os<br />

fundamentos tradicionais, mas essenciais da própria<br />

modalidade, sem os quais a mesma poderá arriscar<br />

perder a sua identidade, bem como a sua<br />

“Matéria-prima” de base.<br />

AS REFORMAS E O FUTURO<br />

Do ponto de vista da cr<strong>ed</strong>ibilidade e da verdade<br />

desportiva, a constituição e recente aparecimento<br />

(2014) de uma comissão independente denominada<br />

CIRC (Comissão Independente para a Reforma do<br />

Ciclismo), veio reatar e estabelecer relações que são<br />

prioritárias, com os organismos de referência mundial<br />

nesta matéria, nomeadamente a AMA (Agência<br />

Mundial de Anti Dopagem) e<br />

o TAS (Tribunal Arbitral do<br />

Desporto). Estas relações são<br />

indispensáveis, fortalecem e<br />

solidificam a imagem global da<br />

modalidade.<br />

Com um m<strong>ed</strong>iatismo crescente,<br />

resultante da inequívoca<br />

espetacularidade desta modalidade,<br />

desde 2012 que as<br />

Equipas se movimentam de<br />

forma a poderem ser recompensadas<br />

pelos direitos de transmissão<br />

e utilização das imagens<br />

(algo que lhes é legítimo). No<br />

entanto, tal como em outras<br />

matérias, não existe consensualidade.<br />

A Velon, atual detentora desta<br />

responsabilidade e representante<br />

das equipas que dela fazem<br />

parte, conduz o processo e os<br />

respetivos interesses, o qual<br />

ainda assim, não encontra,<br />

nem reúne um consenso geral,<br />

face aos distintos interesses<br />

dos organizadores para com as<br />

empresas de televisão, detentoras<br />

dos direitos de transmissão.<br />

Outro aspeto tem a ver com<br />

a relação existencial que une<br />

as equipas da mesma nacionalidade<br />

dos organizadores, que<br />

desta forma lhes permite acesso<br />

quase direto às competições que<br />

as mesmas organizam.<br />

Outras reformas estão ainda<br />

previstas, entre as quais, a<br />

da diminuição do número de<br />

equipas pertencentes ao World<br />

Tour, das 18 atuais para 16 em<br />

2017. Será igualmente perspicaz<br />

ou mesmo racional pretender<br />

diminuir o número de efetivos<br />

(atletas) nas equipas WorldTour<br />

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existentes, de 30 atletas, para 22?<br />

A implementarem-se estas regras, serão nada mais, nada menos<br />

144 os ciclistas que terão que procurar novo destino, mas a<br />

reforma não termina aqui.<br />

Está prevista uma subdivisão WorldTour, denominada 1A, formada<br />

por 16 equipas e 1B, esta com oito equipas.<br />

As equipas 1A estão ainda obrigadas a constituir equipas<br />

de “formação”, já hoje existentes em algumas das mesmas,<br />

as quais são denominadas por inscrição, como equipas<br />

Continentais.<br />

Que fórmula é esta e que benefício trará?<br />

No futuro veremos.<br />

O número total de competições no calendário anual também<br />

pretende ser motivo de revisão pela UCI.<br />

A tentativa de diminuir o número de etapas nas três grandes<br />

Voltas não adquire consenso (e ainda bem), mas ainda assim,<br />

a entidade reguladora, propõe a diminuição do número de<br />

competições, de 154 atualmente existentes, para 120 dias de<br />

competição WorldTour.<br />

Obviamente, uma vez mais a identidade da modalidade está<br />

em causa, face ao aparente contrassenso desta m<strong>ed</strong>ida, se<br />

tivermos em consideração que as competições pertencentes<br />

às categorias 2.1, 2.2 e 2.12 estão a extinguir-se, particularmente<br />

devido aos custos, inerentes á organização de uma<br />

competição velocipédica.<br />

O Ciclismo é uma modalidade dependente de patrocinadores,<br />

os quais são proporcionados por empresas, que veem as suas<br />

faturações variar de acordo com o poder de<br />

compra dos consumidores.<br />

A exposição às variações do mercado é portanto total, mas<br />

também vital.<br />

“Hoje, também no ciclismo o dinheiro é o mais importante e<br />

a manutenção ou a permanência das equipas nas respetivas<br />

categorias é exclusivamente ditada pela maior ou menor<br />

capacidade financeira, o que não contribuí para que as<br />

oportunidades de trabalho e de futuro...”<br />

Em relação ao futuro, existe porém uma certeza, iremos todos<br />

continuar a aplaudir e a jubilar com as façanhas dos nossos<br />

heróis, por todas as estradas do mundo.<br />

A estrutura do Ciclismo não é perfeita e de ano para ano<br />

são identificadas novas fragilidades, que refletem também a<br />

própria fragilidade da soci<strong>ed</strong>ade em que vivemos. Contudo<br />

a evolução não pode parar e cabe aos responsáveis, que tal<br />

como nós, também gostam de Ciclismo, tutelar o mesmo com<br />

a maior racionalidade possível.<br />

Viva o futuro e viva o Ciclismo.<br />

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Treinadores<br />

de Futebol<br />

e Mídia<br />

Roberto Braga, Graduado em Educação Física, Mestre em Ciência da Motricidade<br />

Coordenador P<strong>ed</strong>agógico - Universidade do Futebol e coordenador<br />

de um clube de futebol<br />

J<br />

á<br />

“Mas... vai ser diferente? Vai ser diferente? Se não der certo é o normal<br />

que vai acontecer, eu tenho que estar preparado para isso, sou sab<strong>ed</strong>or<br />

disso, se eu convocar A, B ou C e não deu certo, mesmo que eu leve<br />

aquele que... o jornal deseja... que a televisão deseja... vai ser... o pau<br />

vai comer! Eu sei disso! Então, o que adianta tá agradando A, B ou C<br />

e eu ter dor de barriga? Não tenho dor de barriga, convoco quem eu<br />

quiser e se está errado vocês façam aquilo que vocês acharem que tem<br />

que fazer, pronto.”<br />

(Luis Felipe Scolari, Ex-treinador da Seleção Brasileira de Futebol,<br />

respondendo a um jornalista sobre se temia sofrer críticas devido a não<br />

convocação de um jogador para a Copa das Conf<strong>ed</strong>erações de 2013).<br />

não é possível dissociar o esporte contemporâneo dos meios<br />

de comunicação de massa”, esta frase do pesquisador brasileiro<br />

Mauro Betti do ano de 1998 já apresentava a importância<br />

da mídia na promoção, divulgação e porque não dizer, na<br />

existência do esporte em nossa soci<strong>ed</strong>ade.<br />

No século XXI esta relação se tornou ainda mais próxima, rádios,<br />

aparelhos de televisão, telefones, computadores e outros<br />

diversos equipamentos fazem a m<strong>ed</strong>iação da nossa relação<br />

com o fenômeno esportivo. Prova disso é observar que muitas<br />

vezes no próprio local da disputa, pessoas conferem replays,<br />

resultados e outras informações esportivas através de seus dispositivos<br />

móveis.<br />

No topo desta relação está o futebol, para ser ter ideia, segundo<br />

a FIFA aproximadamente um bilhão de pessoas assistiram pela<br />

televisão o espanhol Andrés Iniesta marcar na prorrogação<br />

o gol que deu a vitória para a Espanha na final da Copa do<br />

Mundo em 20<strong>10</strong>, em contrapartida, apenas 84.490 pessoas<br />

acompanharam o jogo in loco.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 47


“...passou de exclusividade dos jogadores:<br />

“Santos de Pelé”, “Portugal de Eusébio” para<br />

dividir-se com os treinadores através de expressões<br />

como “O Porto de Mourinho” ou o<br />

“Barcelona de Guardiola”.<br />

Mas não é apenas isso, a relação entre mídia e futebol não se encerra<br />

na transmissão do jogo, pelo contrário, mesas r<strong>ed</strong>ondas, análises táticas,<br />

debates, entrevistas, bastidores e outros diversos momentos relacionados ao<br />

contexto futebolístico são materiais a serem veiculados como subproduto das<br />

partidas, com o objetivo claro de aumentar a audiência e despertar o interesse<br />

do espectador.<br />

Neste sentido, um dos atores que adquiriram relevância neste contexto a partir<br />

do século XXI é o treinador de futebol. É possível perceber isto de várias<br />

formas, seja pelas transmissões ao vivo, que possuem câmeras que captam<br />

todas as reações do treinador durante o jogo, seja através da obrigatori<strong>ed</strong>ade<br />

contratual dos treinadores conc<strong>ed</strong>erem entrevistas antes e depois dos jogos<br />

em grandes campeonatos, seja pelo sentimento de pertencimento das equipes,<br />

que passou de exclusividade dos jogadores: “Santos de Pelé”, “Portugal<br />

de Eusébio” para dividir-se com os treinadores através de expressões como<br />

“O Porto de Mourinho” ou o “Barcelona de Guardiola”.<br />

É importante destacar que a mídia possui<br />

papel central nessa relação, pois é através<br />

dela que o público tem contato com o<br />

complexo trabalho diário do treinador de<br />

futebol. Por outro lado, além da capacidade<br />

de planejar, aplicar e avaliar o treinamento<br />

desportivo o treinador também seja<br />

obrigado a desenvolver capacidades de<br />

liderança e relacionamento, entre as quais<br />

trabalho com a mídia se destaca.<br />

Tamanha é a importância deste tema que,<br />

em um estudo com treinadores do campeonato<br />

Brasileiro da Série A, os mesmo<br />

destacaram a relação com a mídia como<br />

sendo uma das cinco maiores dificuldades<br />

do trabalho diário. Isso porque<br />

os treinadores confrontam-se a todo o<br />

momento com o poder da mídia, de onde<br />

chega e parte o reconhecimento social e<br />

atribuição (ou não) de prestígio por sua<br />

competência. Isso fez com que surgisse<br />

uma nova profissão no futebol, o mídia<br />

training, profissional responsável por auxiliar<br />

treinadores e jogadores a desenvolver<br />

capacidade de comunicação com este<br />

setor.<br />

48 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Este complexo contexto é potencializado<br />

pelas constantes análises e adjetivações<br />

por parte da mídia esportiva,<br />

seja pela emoção decorrente dos<br />

jogos ou pela análise dos resultados<br />

esportivos. Contudo, muitas vezes<br />

esta se torna superficial à m<strong>ed</strong>ida que<br />

os jornalistas dispõe de um número<br />

limitado de informações da realidade<br />

presente no dia-a-dia de um clube de<br />

futebol.<br />

Além disso, é preciso entender as<br />

importantes diferenças existentes na<br />

dinâmica do trabalho dos treinadores<br />

de futebol e dos jornalistas esportivos.<br />

Enquanto os treinadores preparam<br />

sua equipe visando um rendimento<br />

futuro, ou seja, o que esperam que<br />

irão encontrar no jogo, os agentes da<br />

mídia esportiva analisam o passado,<br />

através dos resultados apresentados<br />

após estas tomadas de decisão. Esta<br />

relação permite que, quando as coisas<br />

não acontecem como o planejado,<br />

devido as condicionantes do próprio<br />

jogo, os treinadores sejam avaliados<br />

de forma negativa.<br />

Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu<br />

em um cenário profissional adequado<br />

apenas os pares deveriam analisar<br />

as competências profissionais, contudo<br />

os jornalistas o fazem mesmo<br />

não pertencendo a este campo, com<br />

a autoridade que a mídia e o senso<br />

comum lhe conferem.<br />

Deste modo, para uma atuação mais<br />

precisa possível os jornalistas devem<br />

livrar-se de suas convicções pessoais,<br />

buscando uma análise imparcial e o<br />

mais embasada possível para compreender<br />

o trabalho e as tomadas de<br />

decisão dos treinadores de futebol.<br />

Por outro lado os treinadores devem<br />

ser capazes de romper as barreiras<br />

criadas através de receio que<br />

possuem sobre terem seu trabalho<br />

constantemente analisado, para que<br />

possam explicar de forma clara os<br />

motivos de suas decisões, reconhecendo<br />

quando as mesmas não surtem<br />

o efeito esperado.<br />

Essa aproximação é fundamental para<br />

uma relação mais honesta e justa,<br />

fazendo com que o grande público<br />

possa entender melhor o trabalho<br />

diário do treinador de futebol e seja<br />

capaz de ir além de análises superficiais.<br />

Isso pode impactar inclusive em<br />

uma nova relação entre o treinador<br />

e os adeptos, favorecendo o desenvolvimento<br />

de projetos esportivos<br />

que vão para além dos julgamentos<br />

advindos através dos resultados de de<br />

curto prazo.<br />

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Alexandre Monteiro<br />

Especialista em Decifrar Pessoas<br />

sou@pessoab.pt<br />

linguagemcorporal.blogs.sapo.pt<br />

Nº1 Nacional a partilhar a Linguagem<br />

Corporal para todos.<br />

Linguagem Corporal -<br />

Treinadores<br />

mais Poderosos<br />

Emitimos sinais mesmo quando pensamos<br />

que não estamos a ser observados ou então<br />

nem reparamos que adotamos certos gestos<br />

e posturas que nos denunciam de uma forma<br />

óbvia como nos comportamos m<strong>ed</strong>iantes as<br />

diversas situações.<br />

Em todas as interações do nosso dia-a-dia existe uma<br />

“luta” inconsciente e maior parte das vezes silenciosa<br />

pelo domínio e é esta “luta” que define como irá<br />

decorrer a interação entre duas ou mais pessoas, é assim<br />

que de forma inconsciente percebemos quem é<br />

verdadeiramente o líder, quem tem mais poder de escolha,<br />

quem decide, quem orienta e muitas vezes se é<br />

competente.<br />

Existem situações como o liderar e gerir equipas, onde<br />

tem de ser dominante, mais importante até do que<br />

ter todos os conhecimentos sobre um determinado<br />

tema, sendo que dominante não é ser um ditador, ser<br />

dominante é ser percebido como aquele em quem pode<br />

confiar para decidir o caminho e que o protege. Nada<br />

serve ter muito conhecimento sobre um determinado<br />

tema se as pessoas não confiam ou não gostam do líder,<br />

é essencial que o outro o veja como líder para que toda<br />

a competência que tenha possa ser recebida da melhor<br />

forma.<br />

Através da linguagem<br />

corporal pode ler<br />

as pistas que as<br />

pessoas deixam<br />

escapar consciente<br />

ou inconsciente, seja<br />

eles, um gesto, um<br />

tique, uma postura,<br />

um movimento ou<br />

uma expressão facial<br />

para depois delinear<br />

o modo de interação<br />

com essa pessoa ou<br />

equipa.<br />

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Quando não olha nos olhos,<br />

as pessoas tem tendência a desconfiar de si, a<br />

vê-lo como submisso, fraca autoestima, tímida e<br />

menos competente. O mesmo acontece com<br />

posturas fechadas, como braços e/ou pernas<br />

cruzadas dão uma imagem de m<strong>ed</strong>o, falta de<br />

confiança, desinteresse,<br />

aborrecimento e tédio<br />

Um treinador tem de ser um líder!<br />

Logo que inicia uma interação, os sinais<br />

começam desde logo a ser emitidos por<br />

todos os intervenientes de forma a dominarem<br />

ou a reconhecerem a submissão e aqui tem de<br />

estar muito atento aos sinais que cada um emite<br />

e aprender a interpretá-los para compreender de<br />

uma forma mais clara a dinâmica do grupo e saber<br />

como interagir e influenciar cada um. Na realidade<br />

através da linguagem corporal pode ler as pistas<br />

que as pessoas deixam escapar consciente ou<br />

inconsciente, seja eles, um gesto, um tique, uma<br />

postura, um movimento ou uma expressão facial<br />

para depois delinear o modo de interação com essa<br />

pessoa ou equipa.<br />

P<br />

orque deve dominar?<br />

Dominar é a manifestação do sistema límbico<br />

“resposta de luta”, mesmo que raramente<br />

esteja em situações que exijam uma luta real,<br />

usar a nosso domínio é como usar o corpo para<br />

demonstrar Liderança, confiança, profissionalismo,<br />

cr<strong>ed</strong>ibilidade, reprender ou intimidar alguém ou<br />

para ser percebidos como mais interessantes e<br />

competentes.<br />

Ser dominante evita que nos percebam como<br />

“alvos” fáceis para manipular ou como fáceis de<br />

controlar e ser submisso é exatamente o oposto<br />

de domínio mostra a ausência da resposta “luta”,<br />

sendo que ser submisso numa interação, não é ser<br />

escravo ou incompetente, uma pessoa pode opta<br />

por ser submissa por decidir que a melhor hipótese<br />

de sobrevivência ou por entender que existe outra<br />

pessoa com mais qualidades e competência para<br />

definir o caminho, e assim não gera luta aceitando<br />

a pessoa que se afirma como dominante.<br />

Já pensou porque é que os<br />

“chefes” são aqueles que têm os<br />

escritórios maiores? Uma das<br />

manifestações dos dominantes<br />

é exigir mais espaço, é uma<br />

forma de demonstrar territorialidade,<br />

exigir mais espaço para<br />

eles é uma questão territorial,<br />

outra das formas de o demonstrar<br />

é o afastar dos pés, quanto<br />

mais afastados estiverem maior<br />

é a demostração de domínio. Os<br />

mais submissos, para não desafiar<br />

o dominante ocupam menos<br />

espaço, juntam os pés.<br />

Quero revelar-lhe agora quais<br />

os comportamentos não verbais<br />

que deve fazer e não fazer para<br />

ser percebido como mais líder<br />

e dominante perante a equipa e<br />

assim conseguir comunicar mais<br />

facilmente e obter melhores<br />

resultados.<br />

Lembre-se de que depois de<br />

se posicionar como líder a<br />

competência assume um papel<br />

importante, liderança sem<br />

competência também tem um<br />

efeito nefasto.<br />

Quando se dirige à equipa qual a<br />

distância entre os seus pés? e Qual a<br />

distancia entre os pés de cada atleta<br />

quando o ouvem?<br />

No mundo do futebol,<br />

encontramos muitos atletas líderes e com o ego<br />

elevado, o que imp<strong>ed</strong>e muitas vezes uma comunicação<br />

eficaz e eficiente, porque alguns acr<strong>ed</strong>itam de<br />

que não devem confrontar o dominante, pensando<br />

ser a melhor maneira interagir para obter melhores<br />

resultados, o que acontece é que nós temos tendência<br />

a gostar de pessoas iguais as nós e demosntra<br />

de submissão neste casos tem efeito contrário, para<br />

agradar um dominante deve exibir também comportamentos<br />

de domínio, senão é percebido como um<br />

banana, como se diz na gíria.<br />

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Não fazer contacto visual<br />

Quando não olha nos olhos, as pessoas tem<br />

tendência a desconfiar de si, a vê-lo como submisso,<br />

fraca autoestima, tímida e menos competente.<br />

Olhe mais nos olhos.<br />

Tal como as palavras os nossos olhos transmitem<br />

muitas mensagens. O forma como faz o contato<br />

ocular pode ajudá-lo ou prejudicá-lo. Se tem<br />

dificuldade no contato ocular vai enviar os sinais<br />

errados e ser visto ansioso, inseguro ou até como<br />

mentiroso, devido ao mito “ Quem não olha olhos<br />

nos olhos, está a mentir!”. Também não é pela<br />

quantidade de tempo ou intensidade que o faz que<br />

vai transmitir mais liderança, ao fazê-lo está a<br />

demonstrar insegurança.<br />

Para um bom contato ocultar deve olhar olhos nos<br />

olhos na proporção de 7 para 1, olhar durante 7<br />

segundos e desviar 1 segundo.<br />

Tal como os músculos, o contato ocular também<br />

pode e deve ser treinado, através de técnicas<br />

específicas.<br />

Má postura<br />

Postura curvada e ombros descaídos sinalizam<br />

falta de autoestima ou falta de confiança, tal como<br />

quando se senta na ponta da cadeira ou demasiado<br />

relaxado pode transmitir falta de compromisso.<br />

A postura é também uma forma de transmitir o<br />

nosso estado mental, se estamos chateados, temos<br />

uma postura caída mas se estamos alegres, todo<br />

o corpo desafia a gravidade. Tenha uma postura<br />

o mais direita possível e faça mais gestos com as<br />

mãos que desafiem a gravidade e maior parte dos<br />

mesmos à frente do umbigo.<br />

Um líder “não tem m<strong>ed</strong>o” e deve saber demonstrálo<br />

através da postura. Um líder não tem m<strong>ed</strong>o de<br />

que as pessoas venham falar com ele e por este<br />

motivo tem de adotar posturas abertas e acolh<strong>ed</strong>oras.<br />

Braços abertos com as mãos visíveis, os pés<br />

à distância de ombro um do outro, gestos com as<br />

mãos amplos, ombros para trás e costas direitas.<br />

de sobrevivência ou por entender que existe outra<br />

pessoa com mais qualidades e competência para<br />

definir o caminho, e assim não gera luta aceitando<br />

a pessoa que se afirma como dominante.<br />

Aperto de mão fraco<br />

O aperto de mão normalmente é o primeiro contacto físico entre<br />

duas pessoas. Um aperto de mão fraco pode indicar a falta de três<br />

características fundamentais às interações humanas; Confiança,<br />

ligação e cr<strong>ed</strong>ibilidade. Por outro lado, um aperto de mão muito<br />

apertado pode indicar agressividade e necessidade de afirmação.<br />

Faça o aperto de mão firme e com a mão na vertical.<br />

90% das interações entre duas pessoas começam com um aperto de<br />

mão. Saber fazer um bom aperto de mão e saber “ler” um aperto de<br />

mão dá-lhe uma vantagem competitiva, pode transmitir mais confiança,<br />

ligação, cr<strong>ed</strong>ibilidade e ainda pode ler quais as boas ou más<br />

intenções da outra pessoa em relação a si.<br />

Um bom aperto de mão deve ser firme, colocar a mão na vertical e<br />

exercer a mesma força que outra pessoa.<br />

Saber como fazer um aperto de mão corretamente é uma habilidade<br />

que requer o conhecimento de técnicas que o ajudam a parecer mais<br />

Líder, seguro, cr<strong>ed</strong>ível, carismático e também como contrariar o<br />

domínio subconscientes exercido por outras pessoas.<br />

Gestos cruzados<br />

Braços e pernas cruzadas dão uma imagem de m<strong>ed</strong>o, falta de confiança,<br />

desinteresse, aborrecimento e tédio. As posturas abertas, com<br />

braços abertos e pernas um pouco afastadas, ajudam a obter uma<br />

melhor avaliação por parte das outras pessoas, emitindo assim uma<br />

imagem de confiança, autoridade e competência.<br />

Braços cruzados, pernas cruzadas, mãos à frente dos genitais, mãos<br />

nos bolsos, olhar para baixo são vistos como gestos de submissão,<br />

m<strong>ed</strong>o ou insegurança.<br />

Roer as unhas, mexer no cabelo, tiques<br />

Este tipo de movimentos, roer as unhas, mexer no cabelo, ter uma caneta na mão e estar constantemente a fazer o clique,<br />

pegar em clips, bater com os d<strong>ed</strong>os ou com os pés, brincar com elásticos, mexer nos anéis ou botões, são indicadores de<br />

nervosismo e falta de controlo, além de irritar e distrair as pessoas com que estamos a interagir, diminui em muito as nossas<br />

possibilidades de sucesso, é importante evitar este tipo de movimentos.<br />

Olhar para baixo<br />

Olhar para baixo enquanto faz uma apresentação, fala ou anda, indica depressão, tristeza e desconforto,<br />

emite uma imagem de falta de confiança. Olhe em frente com o queixo na horizontal.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 53


“Postura curvada e ombros descaídos sinalizam falta de<br />

autoestima ou falta de confiança, tal como quando se<br />

senta na ponta da cadeira ou demasiado relaxado pode<br />

transmitir falta de compromisso. A postura é também uma<br />

forma de transmitir o nosso estado mental, se estamos<br />

chateados, temos uma postura caída mas se estamos<br />

alegres, todo o corpo desafia a gravidade.”<br />

Inclinação do corpo<br />

Se afasta o corpo da pessoa com quem está a conversar mostra desconforto,<br />

distração e até desinteresse. Se se aproxima demasiado poderá parecer agressivo.<br />

A inclinação deve ser para a frente e ligeira, mostra interesse e respeito<br />

por aquilo que está a ser dito.<br />

Mãos nos bolsos<br />

Colocar as mãos nos bolsos é percebido como uma procura de conforto, este<br />

gesto fá-lo parecer inseguro. Evite colocar as mãos nos bolsos, quando interage<br />

com os outros, é preferível cruzar os braços com os polegares visíveis.<br />

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Andar rápido<br />

Andar rápido transmite uma imagem de<br />

desorganizado, desesperado e inseguro.<br />

Não ande nem devagar, nem depressa,<br />

ambas as maneiras são prejudiciais para a<br />

sua imagem. Ande descontraído e direito.<br />

Sorria mas não ria<br />

Rir demasiado vais fazer pode ser percebido<br />

como menos competente, deve sorri<br />

no incio e no fim das interações<br />

Quanto mais “presa” parecer, mais<br />

“pr<strong>ed</strong>adores” irá ter!<br />

A linguagem corporal é uma parte fundamental<br />

na imagem de Liderança, mas<br />

esquecemo-nos demasiadas vezes da sua<br />

importância e não lhe damos a devida<br />

importância.


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Futebol,<br />

Matemática e Lógica<br />

Mitos vs Realidade: Porque<br />

muito do que nos parece<br />

intuitivo é mentira?<br />

Diogo Sampaio, Director Desporto&<strong>Esport</strong> d_sampaio@desportoeesport.com<br />

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Esqueça (quase)<br />

tudo o que pensa<br />

saber sobre futebol<br />

A realidade é um lugar<br />

muito mais estranho do<br />

que parece…<br />

As regras do futebol dentro das quatro linhas são<br />

tão simples quanto podem ser. Esta foi sempre uma<br />

das principais razões para o seu sucesso, e de se ter<br />

tornado no presente século, no maior espetáculo<br />

do mundo, como o mais de um milhar de milhão de<br />

espetadores na final do mais recente campeonato<br />

do mundo tão bem o demonstra. O jogo, na relva,<br />

tornou-se mais físico e mais tático nos últimos trinta<br />

anos, mas na essência permanece o mesmo. Quem<br />

marca mais golos soma mais vitórias, e o êxito<br />

aparece para as equipas quem tem os melhores<br />

jogadores. Por sua vez, os melhores jogadores estão<br />

nas equipas com maior poder de compra, e que em<br />

cada nova época mais investem. Os bons treinadores<br />

são aqueles que colocam as suas equipas a defender<br />

bem e a atacar melhor ainda. E, é na Europa que se<br />

joga e se jogará por muitos anos o melhor futebol.<br />

Tudo isto parece a mais indesmentível das verdades,<br />

mas a realidade dos números desmonta e desmente<br />

muitas destas afirmações. O futebol é muito mais<br />

complexo e contraditório do que a grande maioria<br />

de nós pensa, e usar apenas a lógica e o senso<br />

comum para o compreender, inevitavelmente gera<br />

conclusões erradas. Nas próximas páginas, e recorrendo<br />

a muitos dos dados recolhidos e analisados<br />

por diversos estudos científicos, em especial os<br />

trabalhos realizados por Symon Kuper e Stefan<br />

Szymaski e compilados no livro Soccernomics e do<br />

portal Observatório do Futebol, iremos desmontar<br />

muitas das ideias “pre-contruídas” e aparentemente<br />

intuitivas do mundo do futebol, e que apesar da sua<br />

difusão e aceitação, estão totalmente em desacordo<br />

com a realidade.<br />

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Nenhum mercado de transferências no desporto<br />

movimenta tantas verbas, como a compra e venda<br />

de jogadores de futebol. Nem as modalidades de<br />

referências nos Estados Unidos, como a NBA ou<br />

a NFL, se aproximam dos números do “desporto<br />

Rei”. Desde 2013, e focando a nossa análise apenas<br />

nos campeonatos de referencia europeus, que<br />

o mercado de transferência movimenta mais de 2<br />

mil milhões de euros em média por ano. Os principais<br />

campeonatos, os chamados BIG5 (Inglaterra,<br />

Itália, Espanha, França e Alemanha), só em 2015<br />

gastou em novos jogadores para as suas equipas<br />

aproximadamente 2,61 mil milhões de euros,<br />

mostrado uma clara tendência de maior investimento,<br />

numa altura em que a grande maioria dos<br />

países do velho continente vive uma profunda<br />

crise económica. A que se soma ainda, muitos dos<br />

principais clubes estarem altamente endividados<br />

e muitos deles em falência técnica (passivo maior<br />

que ativo). Nem a entrada em vigor do Fair-play<br />

financeiro Uefa em 2009, tem alterado o “modus<br />

operandi” consumista (e irresponsável).<br />

O Real Madrid, o clube mais endividado clube<br />

do mundo, em 2013 voltou a bateu uma vez mais<br />

o record de maior transferência de sempre, ao<br />

desembolsar mais de <strong>10</strong>0 milhões de euros por<br />

Gareth Bale. Neymar, que se transferiu do Santos<br />

do Brasil para o Barcelona também em 2013,<br />

não ficou muito a dever a estes valores, como se<br />

tem vindo (aos poucos) a saber, numa transação<br />

polémica e que levou inclusive à saída de Sandro<br />

Rossel da presidência do clube catalão, por suposta<br />

invasão ao fisco.<br />

A ideia de que para vencer é preciso comprar<br />

muito (e sempre), está tão implementada nas<br />

direções dos clubes, e também nos adeptos, que<br />

poucos são aqueles que questionam se está é<br />

mesmo a melhor prática de gestão e aquela que<br />

ganha campeonatos. O senso comum diz-nos<br />

que sim. Os números, dizem de forma inequívoca<br />

o oposto: o valor líquido que um clube gasta<br />

em transferências de jogadores, tem muito<br />

pouca correlação com o lugar final da tabela<br />

classificativa.<br />

Os autores do livro Soccernomics, que mencionamos<br />

na introdução, debruçaram-se largamente<br />

sobre esta questão, e pelo estudo de 40 anos dos<br />

clubes ingleses entre 1978 e 1997, concluíram que<br />

o valor absoluto gasto em transferências por ano,<br />

faz apenas variar uns surpreendentes 16% a tabela<br />

classificativa final. Um valor que tem muito pouco<br />

significado, principalmente quando comparado,<br />

com o valor bruto investido pelos clube na massa<br />

salarial dos seus jogadores, e que explica 92% das<br />

classificações finais.<br />

Transferências:<br />

gastar muito é<br />

muito errado!<br />

Gastar 5 ou <strong>10</strong>0 milhões<br />

em novos jogadores, o<br />

resultado é o mesmo:<br />

Z e r o !<br />

A progressão salarial de um jogador no clube, seja ele da formação<br />

ou tenha sido adquirido já sénior, está intrinsecamente<br />

ligado ao seu valor e eficiência dentro das quatro linhas. O<br />

mercado de transferências é por sua vez, bem menos eficiente,<br />

até porque, se não bastasse, hoje o futebol é um negócio que<br />

alimenta muitas bocas - fundos de investimento, agentes dos<br />

jogadores, os próprios jogadores e até os dirigentes têm muito a<br />

ganhar com transferências milionárias, criando totais bizarrias,<br />

com jogadores a serem transferidos por duas a três vezes (se<br />

não mais), o seu real valor, que por conseguinte, não tem depois<br />

correspondência no terreno de jogo e dentro das 4 linhas.<br />

Porque as transferências falham tanto? Curiosamente,<br />

é bastante simples de explicar. O risco das decisões, para quem<br />

as toma, é sempre nulo. Nenhum dirigente usa o seu próprio<br />

dinheiro. Se a contratação falhar, revende-se o jogador, e se no<br />

pior dos casos, a sua contratação for só prejuízo, é o clube que<br />

fica endividado. Nos clubes, em que a compra e venda de jogadores<br />

são do encargo do treinador, esta tarefa está ainda mais<br />

sujeita a erros, e o risco, para o bolso dos técnicos, é o mesmo,<br />

zero. Desportivamente, o risco também não é assim tão elevado,<br />

e convivem com ele muito pouco tempo, afinal, como nos apontam<br />

os dados, em média, os técnicos permanecem no mesmo<br />

clube ininterruptamente, por apenas 3 anos.<br />

O Mundial e o Euro, ainda são as grandes montras de jogadores.<br />

A realidade, no entanto, mostra quão errada é esta forma de<br />

pensar. Como tão bem explicou Sr. Alex Fergunson depois de<br />

se aposentar do Man. Unit<strong>ed</strong>: “Eu sempre fui cuidadoso com<br />

a compra jogadores tendo por base os grandes torneios. Eu fiz<br />

isso em 1996, após o campeonato da Europa, com Jordi Cruyff<br />

e Karel Poborský. Ambos foram excecionais naquele europeu,<br />

mas eu nunca recebi a mesma qualidade exibicional que eles<br />

tiveram com as camisolas dos seus países naquele verão de 96.<br />

Eles não foram más compras, mas às vezes os jogadores super<br />

motivados pelas grandes competições, atingem performances<br />

superiores à sua média”.<br />

Pela análise de 40 anos dos clubes ingleses entre 1978 e 1997,<br />

concluíram que o valor absoluto gasto em transferências por ano,<br />

faz apenas variar uns surpreendentes 16% a tabela classificativa<br />

final. Um valor que tem muito pouco significado, principalmente<br />

quando comparado, com o valor bruto investido pelos clubes na<br />

massa salarial dos seus jogadores, e que explica 92% das classificações<br />

finais.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 61


O técnico escocês também<br />

avisa que a amostra de jogos<br />

nos grandes torneios é sempre<br />

muito pequena e como tal,<br />

extremamente enganadora. O<br />

médio dinamarquês John Jensen<br />

é disso o melhor exemplo.<br />

Campeão da europa em 92 e<br />

ainda faturou na final, quando a<br />

Dinamarca surpreendeu e levou<br />

para casa a taça, de um torneio<br />

que a principio nem se tinha<br />

classificado. Ele transferiu-se<br />

para o Arsenal. Foi apresentado<br />

com elevadas expetativas, e<br />

foi dito à imprensa que estava<br />

ali “um médio com faro para<br />

o golo”. Mas, se as expetativas<br />

eram grandes a desilusão<br />

foi bem maior. Nos quatro<br />

anos que esteve nos Gunners.<br />

Marcou à média de um golo por<br />

época, e acabou por se tornar<br />

na chacota dos adeptos, que<br />

após a sua saída estamparam<br />

nas suas T-shirts: “Eu estava lá<br />

quando John Jensen marcou”.<br />

Estas contratações encaixam<br />

no que o livro Moneyball (que<br />

revolucionou o Basebol nos<br />

EUA) chama “tendência para<br />

ser excessivamente influenciado<br />

pelo desempenho mais recente<br />

de um indivíduo: o que ele fez<br />

da última partida não é necessariamente<br />

o que ele irá fazer a<br />

seguir”.<br />

Para piorar, existe sempre o<br />

país que está “na moda”. Se é<br />

certo que o Brasil e Argentina<br />

são duas nações que nunca<br />

saem do primeiro lugar de<br />

scouting, outras existem, que de<br />

tempos a tempos, todos os holofotes<br />

estão sobre elas e despertam<br />

a atenção dos clubes e os<br />

seus preços sobem em flecha.<br />

Nesta lista já estiveram<br />

os franceses e os<br />

alemães, os holandeses<br />

dominaram<br />

os anos noventa<br />

- Giovanni van<br />

Bronckhorst<br />

passou dos<br />

Rangers para o<br />

Arsenal, e quando<br />

não rendeu nos<br />

Gunners, foi para…<br />

o Barcelona. Fosse ele<br />

de qualquer outra nacionalidade,<br />

iria de volta para<br />

um clube de segunda linha.<br />

Como Alex Bellos escreveu em<br />

“Futebol: O Brasil em campo”:<br />

“É triste dizer, mas é muito<br />

Nenhum<br />

dirigente usa o<br />

seu próprio dinheiro. Se a<br />

contratação falhar..<br />

Não há risco! Só o<br />

clube perde.<br />

facil, por exemplo, vender<br />

um brasileiro sem qualidade<br />

do que um mexicano brilhante.<br />

O brasileiro chega<br />

através da imagem de felicidade,<br />

de festa e de carnaval.<br />

Independentemente do seu<br />

talento, é muito s<strong>ed</strong>utor para um<br />

clube ter um brasileiro na sua equipa”.<br />

Existem também características<br />

físicas individuais dos atletas que<br />

acabam por ter uma preponderância<br />

superior que às suas capacidades<br />

futebolísticas.<br />

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Os grandes clubes Ingleses adoram futebolistas<br />

Loiros – racismo ou incompetência? Um grande<br />

clube inglês notou que os seus “olheiros” quando assistiam<br />

a jogos das camadas jovens, por norma recomendavam<br />

uma percentagem muito marcante de futebolistas loiros. A<br />

razão para isso acontecer é bastante simples: num campo de<br />

22 futebolistas, os jovens com cabelo loiro destacavam-se<br />

(exceto na Escandinávia). A cor chama a atenção. Depois<br />

do clube em questão se aperceber desta situação, passou<br />

a tomar precauções extra ao ler os relatórios dos observadores.<br />

O mesmo foi notado no beisebol, por exemplo na<br />

equipa de Oakland, em que atletas de aparência e rosto<br />

semelhante ao da antiga estrela da equipa Billy Beane eram<br />

supervalorizados.<br />

Este fenómeno não é mais do que normalmente é designado<br />

por “heurística de disponibilidade”: um p<strong>ed</strong>aço da<br />

informação destaca-se, e por isso influencia a decisão,<br />

muitas vezes decisivamente e em detrimento de outros<br />

fatores. Isto só vem reforçar ainda mais, como é subjetivo<br />

o mercado de transferências e como o erro lado a<br />

lado com a decisão certa.<br />

O fator humano também não pode ser negligenciado, principalmente<br />

pelos próprios clubes, o que nem sempre acontece,<br />

e com consequências negativas. O futebolista é antes<br />

de mais um homem, e transferir-se de um clube para outro,<br />

acarreta quase sempre alterações drásticas na sua vida,<br />

mudança de cidade, de país e até de continente. Encontrar<br />

uma nova casa, mover a família e encontrar novas escolhas<br />

para os filhos são tarefas sempre muito stressantes, e isto,<br />

sem abordar sequer a adaptação tática e aos novos colegas<br />

de equipa (para além da língua, dos novos costumes e da<br />

necessária perda de hábitos antigos – e o ser humano é<br />

um animal de costumes). Muitas transferências falham, ou<br />

ficam há quem do esperado, porque no futebol moderno<br />

não há tempo, nem mesmo tempo para que o futebolista se<br />

adapte ao novo clube e à sua nova forma de vida.<br />

Um grande clube inglês notou que os seus “olheiros” quando<br />

assistiam a jogos das camadas jovens, por norma recomendavam<br />

uma percentagem muito marcante de futebolistas loiros. A razão<br />

para isso acontecer é bastante simples: num campo de 22<br />

futebolistas, os jovens com cabelo loiro destacavam-se.<br />

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Transferências: a<br />

“abstinência” é a solução?<br />

Como o Barcelona entendeu que o<br />

mercado não funciona, e isso o tornou no<br />

maior clube do mundo<br />

Nem no sexo nem no futebol, a<br />

abstinência não é a solução. Mas<br />

existem diversos clubes que já<br />

entenderam a sua ineficácia, e tentam<br />

evitar recorrer a ele o mais que<br />

podem. O caso mais m<strong>ed</strong>iático é o<br />

do Barcelona. Obviamente, mesmo<br />

o clube catalão gasta verbas significativas<br />

no seu plantel, olhe-se para<br />

o jogador Neymar e o quanto custo<br />

adquirir o seu passe ao Santos, mais<br />

de <strong>10</strong>0 milhões de euros. Mas, em<br />

2011 o Barcelona treinado por Pep<br />

Guardiola foi campeão europeu com 7<br />

jogadores das suas academias no onze<br />

titular, e com apenas um investimento<br />

de 70 milhões de euros no mercado<br />

de transferências.<br />

Em 2009, Joan Oliver – o CEO do<br />

Barcelona, conc<strong>ed</strong>eu uma entrevista<br />

a meios de comunicação ingleses, em<br />

que afirmou que o objetivo do Barça<br />

é “ter um das melhores planteis do<br />

mundo, se não mesmo o melhor, sem<br />

ter de gastar X milhões em novos<br />

atletas (todos os anos)”.<br />

A ideia do Barcelona vai contra a<br />

política atual de gestão dos grandes<br />

clubes europeus, que todos os anos<br />

procuram novas estrelas para suprir<br />

as deficiências dos seus planteis,<br />

e para satisfazer a ansia de novos<br />

craques dos adeptos. Durante anos, a<br />

equipa catalã fez o mesmo, mas com<br />

a chegada à presidência do clube de<br />

Joan Laporta em 2003, o paradigma<br />

mudou, pretendendo alicerçar-se<br />

mais nas peculiaridades do clube e<br />

na região onde se insere - inclusive<br />

fazer-se valer dos sentimentos separatistas<br />

que existem na Catalunha em<br />

relação a Espanha. “Esta imagem significa<br />

muito para os fãs do clube. Eles<br />

são tão felizes ao verem os meninos<br />

da terra como Sergio Busquets (filho<br />

de um ex-guarda-r<strong>ed</strong>es do clube)<br />

ou Gerard Piqué (neto de um diretor<br />

Barça) como uma grande estrela<br />

estrangeira… este sentimento foi<br />

fundamental para que o Barcelona<br />

desinvestisse em transferências e na<br />

sua vez, fosses as crianças a ocupar<br />

este lugar”.<br />

Guardiola foi elogiado pela sua<br />

vontade de fazer jogar adolescentes<br />

na primeira equipa, mas ele pode<br />

fazê-lo porque a multidão de fãs do<br />

64 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Há clubes que<br />

já entenderam a<br />

ineficácia do mercado.<br />

O Barcelona é o mais<br />

m<strong>ed</strong>iático.<br />

do Barcelona apoiou a<br />

essa política. Oliver disse<br />

que a dependência do academia<br />

do clube - o Masia, “Não é apenas uma<br />

estratégia económica. É parte da identidade<br />

do clube “. Crescer e ganhar com os<br />

seus próprios jogadores aumenta a marca<br />

Barcelona em Espanha e no Mundo.<br />

“Quando compras, tens de comprar jogadores<br />

Top<strong>10</strong> mundiais, que garantem que o<br />

dinheiro foi bem gasto”.<br />

No entanto, nem todos os clubes têm<br />

capacidade para criar e manter grandes<br />

jogadores nos seus planteis. Melhor que<br />

a abstinência é apostar no mercado de<br />

transferências de forma bem racional e planeada.<br />

O Olympique de Lyon é o melhor<br />

exemplo das últimas décadas.<br />

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A lição<br />

do Lyon<br />

A caminhada de um clube<br />

menor ao domínio do<br />

futebol francês<br />

Lyon é uma cidade de média dimensão<br />

europeia, com cerca de 500<br />

mil habitantes, situada a oeste dos<br />

Alpes e rodeada por rios e montanhas.<br />

Uma cidade rica, de classe<br />

média alta, ótimos restaurantes e<br />

belos <strong>ed</strong>ifícios, a que se soma ainda,<br />

um clima europeu agradável e uma<br />

paisagem acolh<strong>ed</strong>ora. O sonho de<br />

qualquer europeu. Até 1987, poderse-ia<br />

viver nesta bela cidade francesa<br />

sem saber que existia futebol.<br />

O clube local, o Olympique Lyon,<br />

vivia sem personalidade ou ambição<br />

e arrastava-se pelas divisões inferiores<br />

do campeonato francês, com<br />

orçamentos anuais, pouco acima dos<br />

2 milhões de euros. Mas, em apenas<br />

cinco anos, tudo mudou, e de 2002 a<br />

2008, o Lyon dominou totalmente o<br />

principal campeonato francês, com<br />

7 títulos de enfiada. O que mudou?<br />

A chegada de um novo presidente,<br />

Jean-Michel Aulas e uma nova<br />

estratégia para o mercado de transferências<br />

internacional.<br />

Aulas, um empreend<strong>ed</strong>or de<br />

software local, acr<strong>ed</strong>ita que “a<br />

curto prazo pode-se perder uma<br />

partida, mas no longo prazo, há<br />

uma racionalidade, até mesmo<br />

para futebol”. A estratégia correta<br />

leva à vitória!<br />

O então novo presidente, entendeu<br />

que os habitantes de Lyon, estariam<br />

dispostos a comprar bilhetes e ir<br />

apoiar a equipa, caso as coisas corressem<br />

bem. E, dada a boa condição<br />

económica dos seus potenciais adeptos,<br />

estariam inclusive dispostos a<br />

despender uma boa verba, não só<br />

para ver o jogo mas também para<br />

adquirir diversos extras que ele queria<br />

disponibilizar no estádio, e isto<br />

a um bom preço, podendo angariar<br />

assim mais recursos financeiros<br />

para a construção e crescimento da<br />

equipa. “A maioria dos fãs de futebol<br />

em todos os lugares são mais<br />

semelhantes a consumidores do que<br />

a crentes religiosos: se eles poderem<br />

obter uma melhor experiência num<br />

lugar novo, eles vão lá”, afirmou<br />

Aulas em entrevista em 2009 ao<br />

France Football.<br />

Os adeptos antes dos jogos passaram<br />

a poder cortar o cabelo em<br />

salões de beleza, a reservar as ferias<br />

em agencias de viagem ou a jantar<br />

em restaurantes de luxo, entre outras<br />

atividades. Para além disso, Aulas<br />

sabia que se as coisas não corressem<br />

bem logo no início, que o perfil<br />

dos adeptos do Lyon não faria com<br />

que estes perdessem im<strong>ed</strong>iatamente<br />

a paciência e que ao primeiro mau<br />

resultado, recorressem ao assobio<br />

e a p<strong>ed</strong>ir mudanças de jogadores<br />

e do próprio técnico. Dando assim<br />

tempo para uma construção gradual<br />

e consistente do clube.<br />

As características da cidade, e o<br />

seu relativo isolamento, também<br />

contribuiu para que jogadores de<br />

maior nomeada e aparentemente<br />

inacessíveis, aceitassem assinar<br />

contrato com o então modesto<br />

Lyon. E, este foi o principal<br />

segr<strong>ed</strong>o do sucesso: uma<br />

abordagem racional ao mercado<br />

de transferências, assente em<br />

princípios bem definidos.<br />

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As regras da transferência de<br />

Lyon impostas por Aulas:<br />

Utilizar a “sab<strong>ed</strong>oria das multidões”.<br />

Quando Lyon ponderava assinar com<br />

um jogador, um grupo de homens<br />

sentava-se para debater a transferência.<br />

Da reunião também estava presente<br />

o técnico principal do clube mas não<br />

era dele, ou pelo menos, não apenas<br />

dele a decisão final. “Nós formavamos<br />

grupos para discutir as novas<br />

contratações”, explicou Aulas. “Na<br />

Inglaterra, o técnico faz isso sozinho.<br />

Em França, é frequentemente ser<br />

apenas o diretor técnico (a tomar estas<br />

decisões). “<br />

O método de Lyon para a escolha de<br />

jogadores é tão óbvia e inteligente que<br />

é surpreendentes todos os clubes não<br />

a usarem como sistema. A teoria da<br />

“sab<strong>ed</strong>oria das multidões” afiança que<br />

“agregando muitas e diferentes opiniões<br />

a partir de um grupo diversificado<br />

de pessoas, é mais propensos chegar-se<br />

à melhor opção do que optando apenas<br />

por uma pessoa, mesmo que essa pessoa<br />

seja um especialista”. A “sab<strong>ed</strong>oria<br />

das multidões” falha quando os<br />

componentes não são suficientemente<br />

diversificados. Este é frequentemente<br />

o caso nos desportos americanos. Mas<br />

no futebol europeu, as opiniões tendem<br />

a vir de muitos países diferentes, o que<br />

ajuda a garantir a diversidade.<br />

O método de Lyon para a escolha de jogadores<br />

é tão óbvia e inteligente que é surpreendentes<br />

todos os clubes não a usarem<br />

como sistema. A teoria da “sab<strong>ed</strong>oria das<br />

multidões” afiança que “agregando muitas<br />

e diferentes opiniões a partir de um grupo<br />

diversificado de pessoas, é mais propensos<br />

chegar-se à melhor opção do que optando<br />

apenas por uma pessoa, mesmo que essa<br />

pessoa seja um especialista”.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 67


A segunda regra do Lyon é: “o<br />

melhor momento para comprar um<br />

jogador, é quando ele está ainda a<br />

começar, no inicio dos seus vinte<br />

anos”. Seguindo as palavras de<br />

Aulas: “Nós compramos jovens<br />

jogadores com potencial que são<br />

considerados as melhores promessas<br />

do seu país, entre vinte e os vinte e<br />

dois anos idade. Isto contraria duas<br />

ideias pré-feitas no futebol: ou se<br />

compram jogadores feitos (entre os<br />

vinte e cinco a vinte e oito anos),<br />

ou se contratam ainda os atletas na<br />

adolescência (entre os dezasseis e<br />

dezoito anos). Mas, os primeiros são<br />

caros e longe da bolsa de um clube<br />

modesto como o Lyon e os segundos<br />

são uma aposta no escuro. Por<br />

definição, quando um jogador que é<br />

jovem ainda há muito pouca informação<br />

para julgá-lo convenientemente,<br />

e prever se ele terá qualidade<br />

como profissional. Aqui estão alguns<br />

venc<strong>ed</strong>ores da Bola de Ouro para<br />

melhor jogador na Copa do Mundo<br />

sub-17: Philip Osundo da Nigéria,<br />

William de Oliveira do Brasil, Nii<br />

Lamptey do Gana ou o escocês<br />

JamesWill. Todos eles foram jovens<br />

brilhantes mas desapareceram como<br />

adultos. No futebol, é inclusive um<br />

padrão bastante frequente.<br />

Estatisticamente, jogadores entre<br />

os 20 e os 22 anos, são 18% mais<br />

baratos que jogadores com idade<br />

superior, recebem salários mais<br />

baixos e têm uma maior margem<br />

de lucro quando vendidos. E, como<br />

era regra do Lyon, raramente<br />

p<strong>ed</strong>em premio de assinatura.<br />

Assim, a média do orçamento<br />

que o Lyon gasta nos jogadores<br />

fica pouco acima dos 30%. Em<br />

Inglaterra, esse valor é o dobro.<br />

A terceira regra é evitar comprar<br />

avançados centros para a equipa.<br />

Esta posição é a mais cara no onze<br />

e aquela com menores índices de<br />

sucesso (compare-se à posição de<br />

guarda-r<strong>ed</strong>es, a menos valorizada,<br />

mas aquela em que o atleta dura<br />

mais anos no posto e frequentemente<br />

vale mais pontos quando comparada<br />

com qualquer outra posição).<br />

Com a exceção da compra de Sonny<br />

Anderson por verbas perto do 18<br />

milhões de euros em 1999, esta foi<br />

uma das regras de ouro Houllier<br />

quando deixou o Lyon em 2007<br />

reclamou à imprensa que, mesmo<br />

depois que o clube ter vendido<br />

Malouda e Eric Abidal para um total<br />

combinado de 45 milhões de euros,<br />

Aulas ainda assim não lhe comprou<br />

um avançado centro para o ataque.<br />

“Ajudar ao máximo os jogadores<br />

estrangeiros a adaptarem-se ao<br />

clube” é a quarta regra do Lyon.<br />

Muito do sucesso do clube francês<br />

se deveu a grandes jogadores brasileiros.<br />

Primeiro chegou o já mencionado<br />

Sonny Anderson, e depois<br />

apareceram os internacionais Cris,<br />

Juninho, Fr<strong>ed</strong> e Edmilson. Marcelo,<br />

ex-capitão do Lyon, tornou-se um<br />

agente muito importante para o<br />

clube francês e um interm<strong>ed</strong>iário de<br />

excelência. O clube depois fazia o<br />

resto, e esforçava-se para providenciar<br />

um serviço personalizado aos<br />

atletas recém chegados e facilitar ao<br />

máximo a sua integração na nova<br />

cidade e ao clube e a sua recém<br />

criada filosofia.<br />

Por último, vender quando a<br />

proposta for irrecusável. Aulas<br />

prontamente diz que a” compra<br />

e venda de jogadores não é uma<br />

atividade para melhorar o desempenho<br />

futebolístico. É uma atividade<br />

comercial, em o objetivo é<br />

produzir margem bruta positiva.<br />

Se uma oferta para um jogador<br />

é muito superior ao seu valor<br />

de mercado, não há razões para<br />

manter o atleta”. Os sentimentalismo<br />

devem ser um exclusivo dos<br />

adeptos!<br />

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Mais importante que o<br />

mercado de transferências:<br />

Estabilidade<br />

e Estrutura<br />

Demográfica<br />

no plantel<br />

Pela importância da massa salarial<br />

podemos extrapolar que a estabilidade<br />

é a chave do sucesso. E, os<br />

números suportam esta afirmação,<br />

ou pelo menos, mostram quão<br />

negativa é a instabilidade de um<br />

plantel para o sucesso. O observatório<br />

de CIES Football em “Club<br />

instability and its consequences”<br />

recolheu e analisou as variações<br />

dos planteis de 31 campeonatos da<br />

primeira divisão europeus desde<br />

2009 até 2015 e chegou a conclusões<br />

surpreendentes.<br />

Os estudos mostraram que o<br />

número de futebolistas<br />

recrutados em média por clube<br />

está em crescendo, e nunca foi<br />

tão alto como em 2013 e 2014. A<br />

variação é inclusivamente notável<br />

desde 2009, onde a percentagem<br />

se fixava em 36,6% de novos<br />

jogadores no plantel para os<br />

41,5% em 2015.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 69


A percentagem de novas contratações<br />

é ainda mais elevada<br />

na europa central, que renova<br />

quase metade da equipa em<br />

cada nova época, numa média<br />

por clube de 48,5%. Os clubes<br />

do sul da europa não ficam<br />

muito atrás com 45,5%. As percentagens<br />

diminuem consideravelmente<br />

quando analisados os<br />

números dos clubes do Norte da<br />

Europa e na Europa Ocidental,<br />

com 31,2% e 35,9%, respetivamente.<br />

Portugal está no pódio da<br />

instabilidade, e apenas somo<br />

ultrapassados pelo Chipre<br />

e Bulgária, e temos uma<br />

média de variação de novos<br />

jogadores de 50,4%. Temos<br />

3 clubes no top 50 dos que<br />

mais trocam jogadores por<br />

época (Boavista, Académica e<br />

Moreirense) e nenhum clube<br />

português figura nos 50<br />

planteis mais estáveis na<br />

europa.<br />

Qual é o impacto desportivo<br />

desta nova tendência<br />

para os clubes europeus?<br />

Desastrosa… a instabilidade<br />

nos planteis leva a derrotas<br />

sistemáticas, a piores classificações<br />

e mesmo à descida<br />

dos clubes, em que a troca de<br />

jogadores em cada época é mais<br />

acentuada<br />

As equipas mais bem classificadas,<br />

recrutaram em média<br />

apenas 38,5% de novos futebolistas<br />

para os seus planteis,<br />

enquanto as equipas que ocuparam<br />

os lugares do fundo da<br />

tabela, o percentual de novos<br />

jogadores foi de 43,8%.<br />

As equipas mais bem classificadas,<br />

recrutaram em média apenas<br />

38,5% de novos futebolistas<br />

para os seus planteis, enquanto<br />

as equipas que ocuparam os<br />

lugares do fundo da tabela, o<br />

percentual de novos jogadores<br />

foi de 43,8%.<br />

Esta análise mostra que a<br />

“sobre-actividade” no mercado<br />

de transferências não só não<br />

oferece nenhuma vantagem<br />

econômica, mas também tem<br />

um impacto negativo dentro das<br />

quatro linhas.<br />

Os números são ainda mais<br />

cruéis. 34, 3% das equipas,<br />

que entre 2009 e 2013, tiveram<br />

mais de 15 novos jogadores não<br />

jogaram na primeira divisão no<br />

ano seguinte. Uma probabilidade<br />

duas vezes maior que os<br />

clubes que assinaram entre 11<br />

a 15 novos atletas (17%), e três<br />

vezes maior que as equipas que<br />

contrataram menos de <strong>10</strong> futebolistas<br />

(<strong>10</strong>,6%).<br />

Entre 2009/<strong>10</strong> e 2014/15, os<br />

jogadores de finalistas da<br />

Liga dos Campeões estavam,<br />

em média, na equipe há 3,8<br />

anos. Este valor cai, para<br />

3,0 anos para os restantes<br />

clubes que participam na<br />

competição e apenas 2,3 anos<br />

para os clubes que não se<br />

conseguiram qualificar para<br />

a fase final da maior prova<br />

europeia.<br />

Por estes números, entendemos<br />

facilmente, que a estabilidade<br />

dá aos clubes uma vantagem<br />

competitiva<br />

sobre as equipes<br />

rivais, seja em a<br />

nível desportivo<br />

(melhores resultados<br />

a médio<br />

e longo prazo)<br />

ou no carácter<br />

económico (lançar<br />

carreiras de jogadores<br />

formados pelos<br />

clubes e gerando receitas<br />

através da sua transferência).<br />

A estabilidade dos planteis é<br />

um fator tão decisivo para o<br />

futebol jogado pelas equipas<br />

que já são muitas as vozes, que<br />

As equipas mais<br />

bem classificadas,<br />

recrutaram em média<br />

apenas 38,5% de<br />

novos futebolistas<br />

por época<br />

afirmam que para eliminar<br />

as más praticas de muitos<br />

gestores desportivos, e para<br />

promover a formação de atletas<br />

e aumentar a competitividade<br />

dos campeonatos, a introdução de<br />

uma norma na UEFA que limitasse<br />

o número de transferências por<br />

época, seria oportuna, senão mesmo<br />

necessária, dada a “loucura” do mercado<br />

nos últimos anos.<br />

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Os analistas da CIES Football em “How to build up a team<br />

for long term success?” chegaram à conclusão, despois de<br />

analisados os dados desde 2005, que a estrutura demográfica<br />

de uma equipa é um dos pontos chaves para o sucesso<br />

a longo prazo, principalmente tendo em conta quatro características:<br />

idade, experiência, estabilidade e duração do<br />

contrato.<br />

Pela lógica, espera-se que uma boa equipa consiga misturar<br />

a maior idade e igual maior experiencia de alguns dos seus<br />

atletas, com atletas jovens, que mesmo com menor experiencia,<br />

aparecem com maior ambição. Mas, pode-se ir mais<br />

longe: a estrutura equilibrada entre a idade e experiência é<br />

também um pré-requisito necessário manter um satisfatório<br />

nível de estabilidade a longo prazo. Também por este ponto,<br />

podemos afirmar que é necessário limitar o número de transferências<br />

para privilegiar o recrutamento de jovens talentos.<br />

Mas vamos aos números: Os 6 primeiros classificados do<br />

BIG5 desde 2009/<strong>10</strong> têm uma média de idades de 24,0.<br />

Os restantes clubes tinham uma média de 24,7, enquanto<br />

os clubes que foram relegados para as divisões inferiores<br />

tinham uma média de 24,9. A análise é inequívoca: apesar<br />

da experiencia ser necessária, equilibrar o plantel com jogadores<br />

mais jovens é absolutamente necessário para a vitória.<br />

34, 3% das equipas, que entre 2009 e 2013, tiveram mais de 15<br />

novos jogadores não jogaram na primeira divisão no ano seguinte.<br />

Uma probabilidade duas vezes maior que os clubes que assinaram<br />

entre 11 a 15 novos atletas (17%), e três vezes maior que as equipas<br />

que contrataram menos de <strong>10</strong> futebolistas (<strong>10</strong>,6%).<br />

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Futebolistas<br />

Profissionais<br />

nascem em<br />

Janeiro:<br />

Porque nascer em Outubro<br />

ou Novembro prejudica a<br />

profissionalização?<br />

Não conseguiste ser profissional<br />

de futebol? Nasceste em Outubro,<br />

Novembro ou Dezembro? Se este<br />

é o caso, então deves culpar o mês<br />

do teu nascimento, já que os dados,<br />

suportados por diversos estudos,<br />

têm destacado o impacto da idade<br />

relativa de atletas nas suas hipóteses<br />

de seguir uma carreira profissional.<br />

No futebol, quem nasce em Janeiro,<br />

Fevereiro ou Março tem maiores<br />

probabilidades de se tornar profissional<br />

e de jogar a um maior nível.<br />

Segundo dados do Eurostat, os nascimentos<br />

na Europa estão distribuídos<br />

uniformemente ao longo do ano.<br />

Em outros termos, não há mais pessoas<br />

nascidas em um determinado<br />

dia ou mês do que em qualquer<br />

outro.<br />

Na mesma m<strong>ed</strong>ida em que não há<br />

nenhuma aparente razão para a data<br />

de nascimento ter qualquer influência<br />

sobre o talento de uma pessoa<br />

em qualquer atividade, seria então<br />

de esperar que o mesmo acontecesse<br />

para os jogadores profissionais de<br />

futebol.<br />

No entanto, de uma amostra de<br />

28,685 jogadores tendo jogado em<br />

31 primeiras divisões de ligas europeias<br />

desde a temporada 2009/<strong>10</strong><br />

(“Relative age effet: a serious problema<br />

in football” do CIES, 2016),<br />

verificou-se que os futebolistas<br />

nascidos durante os primeiros três<br />

meses do ano representam 30,5%<br />

do total, em oposição a 19,3% para<br />

jogadores nascidos entre outubro e<br />

dezembro.<br />

Do estudo também se salienta que<br />

as pessoas nascidas durante as<br />

primeiras 23 semanas são<br />

sistematicamente mais numerosas<br />

entre os futebolistas profissionais<br />

do que na população em geral. E,<br />

que as pessoas nascidas após a 33ª<br />

semana são, pelo contrário, sistematicamente<br />

sub-representadas no<br />

futebol ao mais alto nível.<br />

O efeito da idade relativa é particularmente<br />

forte durante os<br />

primeiros anos de uma carreira<br />

profissional. Conforme aumenta<br />

a idade, a média diária de nascimento<br />

de jogadores tende a voltar<br />

a do cidadão médio. Por exemplo,<br />

um jogador de 21 anos de idade,<br />

no máximo, é, em média, nascido<br />

no dia 9 de junho, enquanto a<br />

data média de nascimento de um<br />

jogador mais de 31 é 23 de junho.<br />

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As análises mostram ainda que o impacto do mês de nascimento<br />

é particularmente forte entre os principais clubes de<br />

formação da europa – clubes que tenham mais de 50 atletas<br />

nas camadas jovens.<br />

A maior tendência na seleção de jogadores nascidos nos<br />

primeiros meses do ano é bem conhecida e tem nas suas<br />

raízes o facto de competições jovens serem geralmente<br />

organizados com base no ano de nascimento dos atletas, e<br />

na divisão do ano futebolístico se dar a meio do ano civil<br />

em Junho/Julho. Assim, no início da carreira profissional,<br />

atletas nascidos no início do ano civil têm vantagens comparativas<br />

em termos de desenvolvimento muscular e físico.<br />

No entanto, dos 23 anos de idade para cima, os jogadores<br />

precoces que não foram capazes de confirmar as esperanças<br />

depositadas neles são progressivamente depostos em favor<br />

das pessoas com um potencial maior que anteriormente<br />

tinha sido excluídas em virtude do mês do seu nascimento.<br />

O efeito idade relativa, portanto, tende a diminuir, sem, no<br />

entanto, completamente desaparecer.<br />

Seguindo o rastro deixado pelos dados, podemos inferir<br />

que o impacto da idade relativa na seleção de jogadores<br />

de futebol está intimamente ligado à importância dada aos<br />

resultados das faixas etárias mais jovens, onde, como já foi<br />

explicado, jogadores nascidos nos primeiros meses do ano,<br />

têm vantagens físicas quando comparados com jovens nascidos<br />

nos últimos meses do ano. E, conseguem assim mais<br />

vitórias para as equipas, e trofeus para os clubes. Embora,<br />

os treinadores da camada jovens e os dirigentes insistam<br />

que os resultados são secundários nas camadas de formação,<br />

a análise dos dados mostra-nos outra realidade bem distinta,<br />

e o resultado final de um jogo, continua a ser a variável que<br />

determina todas as outras. Repensar o calendário das competições<br />

de formação e mais jovens, parece ser a melhor<br />

e mais rápida solução para eliminar ou pelo menos limitar<br />

o efeito da idade relativa na escolha de futebolistas nos<br />

primeiros anos de profissionalização. A longo prazo, será<br />

indiscutivelmente benéfico não só para o nível de espetáculo<br />

que as equipes são capazes de proporcionar aos espetadores,<br />

mas também a nível por cima as competições nacionais<br />

e internacionais. Para além, de claro, eliminar uma falha do<br />

sistema que prejudica determinados indivíduos em detrimentos<br />

de outro.<br />

A maior tendência na seleção de jogadores nascidos nos primeiros<br />

meses do ano é bem conhecida e tem nas suas raízes o facto de<br />

competições jovens serem geralmente organizados com base no<br />

ano de nascimento dos atletas, e na divisão do ano futebolístico se<br />

dar a meio do ano civil em Junho/Julho<br />

O<br />

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O 13 Jogador<br />

Ganha Jogos?<br />

De quanto vale afinal o apoio dos<br />

adeptos? Eles ganham pontos?<br />

“13 jogador”, ou seja o apoio dos<br />

adeptos e claques nas bancadas, sempre<br />

foi apontado como determinante para<br />

o sucesso de uma partida de futebol;<br />

afinal, essa é sempre indicada como a<br />

principal vantagem de se jogar em casa<br />

(e o locar do jogo é uma forte variável<br />

para o resultado final, como todos<br />

sabemos). O futebol é mais que um<br />

desporto, é um espetáculo de massas, e<br />

os adeptos são os seus clientes. Talvez<br />

esta ideia pareça herege aos mais puritanos,<br />

mas pela razão do mercado globalizado<br />

em que vivemos é a mais pura<br />

das verdades. Os adeptos compram os<br />

bilhetes para os jogos, tornam-se sócios,<br />

adquirem o merchandising da equipa<br />

e compram as “box” e os canais pagos<br />

de desporto que depois revertem em<br />

direitos de transmissão televisiva para<br />

os clube,<br />

são os adeptos que fazem a roda<br />

girar e permitem que o espetáculo<br />

continue.<br />

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O mais extraordinário no “consumidor”<br />

no futebol, é que ele adquire<br />

todos estes produtos, mesmo sabendo<br />

da possibilidade do fracasso,<br />

mesmo que para os clientes-adeptos<br />

o principal fator de satisfação (e<br />

de motivação para a compra) é o<br />

sucesso desportivo e a conquista<br />

de títulos. A qualidade de jogo e<br />

entrega e o esforço dos jogadores<br />

em campo são fatores que motivam<br />

os adeptos, mesmo quando a vitória<br />

não acontecça.<br />

Ou seja, a equipa, e a qualidade de<br />

jogo, chama ou afasta os adeptos.<br />

Mas o contrário é verdade? Os cânticos,<br />

as urras de incentivo ajudam<br />

a marcar golos? Um estádio cheio<br />

ganha jogosA força da “torcida”<br />

assim uma variável tão importante<br />

para o rendimento desportivo de<br />

uma equipa profissional de futebol?<br />

A resposta (infelizmente para o<br />

romantismo) é não.<br />

Os adeptos são quase<br />

uma variável irrelevante,<br />

como destaca o trabalho<br />

de Nadielli Galvão em “Jogo<br />

bom e arquibancada cheia: Uma<br />

análise da relação entre desempenho<br />

em campo e atração de<br />

público em jogos de futebol”. E<br />

estes resultados são consistentes<br />

com as conclusões de estudos<br />

sobre o mesmo tema que vêm<br />

sendo realizados nos últimos 20<br />

anos.<br />

Passes, assistências, finalizações,<br />

desarmes, cruzamentos, lançamentos,<br />

posse de bola, dribles, defesas<br />

(guarda-r<strong>ed</strong>es) e cantos, são variáveis<br />

que podem ser m<strong>ed</strong>idas, e que<br />

influenciam o resultado e a qualidade<br />

de jogo de uma equipa profissional<br />

de futebol.<br />

Os adeptos são<br />

quase uma variável<br />

irrelevante: não ajudam<br />

a marcar golos, a<br />

ganhar segundas<br />

Sistematicamente,<br />

têm-se verificado<br />

que estas variáveis<br />

não sofrem alterações<br />

estatisticamente significativas<br />

pelo número de espetadores<br />

em campo, sejam eles mais afetos à<br />

sua equipa ou à equipa adversária.<br />

bolas, etc...<br />

Os resultados, do estudo acima<br />

apresentado e que seguiu uma<br />

equipa do Brasileirão, apontam<br />

que apenas a variável “assistência”<br />

foi significativa ao nível de<br />

0,05 (nível de significância apresentado<br />

de 0,029) e a variável<br />

“finalizações” foi considerada<br />

marginalmente significativa ao<br />

nível de 0,<strong>10</strong> (nível de significância<br />

apresentado de 0,120).<br />

Excessivamente marginais para<br />

terem um verdadeiro impacto no<br />

jogo e no resultado final.<br />

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Mas, e então<br />

o factor casa:<br />

não é relevante para o sucesso<br />

do clube anfitrião?<br />

Na Inglaterra, por exemplo,<br />

o campeonato mais<br />

competitivo do Mundo,<br />

encontram-se valores de<br />

vitória em casa que variam<br />

entre os 60-65%, com<br />

diferenças não significativas<br />

entre a primeira e<br />

segunda divisão. A grande<br />

maioria dos campeonatos<br />

europeus apresenta<br />

números semelhantes,<br />

assim como o brasileirão,<br />

onde a percentagem sobe<br />

apenas ligeiramente e<br />

fixa-se nos 65%.<br />

No Futebol jogar em casa sempre foi sinónimo de vitória. Para os adeptos isto<br />

é apenas colocar a lógica a funcionar. Mas, se o apoio dos adeptos não tem<br />

nenhum impacto na performance da equipa, esta noção de quem joga em casa<br />

tem vantagem é verdadeira?<br />

Aqui a lógica não é uma batata e os números confirmam largamente aquilo que<br />

todos nós acr<strong>ed</strong>itamos ser verdade: o factor casa é determinante para a vitória.<br />

Começando pelos campeonatos nacionais, e para as suas principais equipas,<br />

aquelas que por norma dizemos “candidatas ao título”. Em campeonatos<br />

desequilibrados, como são a maioria das competições nacionais Europeias, os<br />

clubes ditos grandes têm de facto um registo esmagador em casa, onde muito<br />

raramente perdem pontos, e quando o fazem, fazem-no contra os seus rivais –<br />

também eles com pretensões ao título.<br />

Na Inglaterra, por exemplo, o campeonato mais competitivo do Mundo, encontram-se<br />

valores de vitória em casa que variam entre os 60-65%, com diferenças<br />

não significativas entre a primeira e segunda divisão. A grande maioria dos<br />

campeonatos europeus apresenta números semelhantes, assim como o brasileirão,<br />

onde a percentagem sobe apenas ligeiramente e fixa-se nos 65%.<br />

Mas, estes valores são os mesmos para a melhor e maior competição futebolística<br />

do Mundo – a Liga dos campeões? Aproveitando o trabalho desenvolvido<br />

Lucas Rios e colegas no artigo “ A vantagem em casa no futebol: comparação<br />

entre Copa Libertadores da América e UEFA Champions League”,<br />

Analisados todos os números na Liga dos Campeões de 2004/2005 à<br />

2011/2012, temos como resultado final um efeito positivo de jogar em casa,<br />

com valores de vitória nos UCL 60,5 ± 5%.<br />

O fator casa na taça libertadores é ainda mais preponderante. São vários<br />

os argumentos que levam a essa realidade. Incialmente, é necessario considerar<br />

as maiores distancias geográfica e a maior diferenciação destas no<br />

continente americano em relação à Europa. Por exemplo, na região andina,<br />

há dificuldades dos visitantes por enfrentamentos de grandes altitudes,<br />

podendo interferir com o rendimento desportivo. Para além, do maior<br />

número de horas de viagem.<br />

O América do México, é outro excelente exemplo, com <strong>10</strong>0% de aproveitamento<br />

em casa possui dois tipos de vantagem a seu favor, pois além da<br />

longa distância ainda joga na altitude. O seu estádio “Estádio Azteca” fica<br />

a 2.240 metros de altitude.<br />

Nos estádios sul-americanos é a densidade, o fanatismo, barulho e hostilidade,<br />

inclusive contra árbitros e assistentes, criando deste modo, um ambiente mais<br />

propício ao erro dos juízes e ao beneficio da equipa da casa.<br />

Alguns dados estatísticos apontam para ado o aumento do número de faltas e<br />

penaltis marcados a favor da equipe da casa, e um maior número de cartões<br />

amarelos aplicados aos jogadores das equipas visitantes.<br />

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Isolados, em frente à baliza, os Grandes<br />

Futebolistas são dos que mais falham!<br />

Ninguém falha mais golos fácies que Neymar(61%),<br />

Lewandowski(58%), Ronaldo(52%) e Suarez(52%)!<br />

“Até a minha avozinha, que é manca e cega de um olho marcava esse”. Quantas vezes já disseram frases como<br />

esta? Desconfio que muitas. Grandes falhanços são normais no futebol, mas eles estão associados aos futebolistas<br />

de menor qualidade. A realidade, no entanto, mostra-nos que são os “craques” quem mais desperdiça golos feitos<br />

em absoluto e falham tanto ou mais que os “pernetas” dos nossos campeonatos.<br />

Ronaldo, Neymar ou Suarez competem<br />

entre si, todas as épocas, pela bola<br />

de prata, e os três sozinhos marcam<br />

golos suficientes para fazer inveja a<br />

muitas equipas profissionais. Mas,<br />

também competem entre si e com<br />

todos os jogadores da europa, para<br />

decidir quem falha mais golos de baliza<br />

aberta (entendemos baliza aberta<br />

como finalizações de um-para-um ou<br />

de um-para zero).<br />

A empresa de recolha e observação<br />

estatística de futebol Opta (e publicado<br />

no portal de futebol GoalPoint)<br />

analisou os principais campeonatos de<br />

futebol europeus da presente época,<br />

verificando quem são os futebolistas<br />

que desperdiçam mais golos feitos.<br />

Se era de esperar que em números<br />

brutos, muitos dos melhores jogadores<br />

da atualidade figurassem no<br />

topo da lista (afinal é a eles que cabe<br />

fazer a diferença e arriscar na hora<br />

do remate), é uma surpresa que sejam<br />

também eles, que estejam no topo,<br />

quando se examina a percentagem de<br />

eficácia.<br />

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Na europa, e analisando todos<br />

os futebolistas dos principais<br />

campeonatos europeus, ninguém<br />

falha em termos absolutos mais<br />

golos isolados só com o guardar<strong>ed</strong>es<br />

pela frente ou mesmo de<br />

baliza aberta, como Neymar, que<br />

erra o fundo da baliza, umas<br />

estonteantes 61% das vezes.<br />

Lewandowski não se fica muito<br />

atrás, e falha 58% das tentativas,<br />

e Cristiano Ronaldo e Suarez<br />

lutam pelo terceiro posto,<br />

com falhanços ligeiramente<br />

acima dos 50%. Números<br />

demasiado altos, para<br />

futebolistas que consideramos<br />

infalíveis, ou bem perto disso.<br />

Olhando agora, para os jogadores<br />

que mais ocasiões flagrantes falham<br />

por jogo, no topo da-se uma mudança<br />

de posições, e o alemão Robert<br />

Lewandovski, a máquina polaca<br />

O alemão Robert Lewandovski, a máquina polaca do Bayern desperdiça<br />

uma grande oportunidade por cada 90 minutos - o que faz dele o<br />

futebolista na europa que mais golos “atira pela janela”. Neymar não<br />

fica muito longe e desperdiça 0,98 golos fáceis por jogo, e Ronaldo e<br />

Suarez surgem de novo empatados com 0,8 golos por partida.<br />

Cristiano Ronaldo<br />

falha o golo 52% das<br />

vezes, que chuta quando<br />

tem apenas com o<br />

guarda-r<strong>ed</strong>es como<br />

opositor<br />

falha uma oportunidade<br />

por cada 90<br />

minutos, ligeiramente<br />

acima de Kevin Gameiro,<br />

do Sevilha (0,98 ). Logo a seguir<br />

na lista, em terceiro, surge de novo<br />

o brasileiro Neymar (0,93). O portista<br />

Aboubakar, surge na quarta<br />

posição e perde 0,85 golos a cada 90<br />

minutos. Em quinto surge Suarez e<br />

Ronaldo aparece em oitavo, cada um<br />

com 0,8 de desperdício. Estes resultados<br />

são surpreendentes, e põe o<br />

d<strong>ed</strong>o na ferido: de que vale o prémio<br />

bola de prata? Não deveria ser dado<br />

antes às equipas? Afinal parecem ser<br />

elas que produzem suficiente futebol<br />

ofensivo, para que estes jogadores<br />

mesmo desperdiçando tanto, marquem<br />

ainda assim tantos golos.<br />

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O efeito<br />

“Special<br />

One”:<br />

O papel dos treinadores<br />

é assim tão decisivo<br />

para a conquista de<br />

troféus?<br />

Na época 2007/2008, o clube inglês Ebbsfleet Unit<strong>ed</strong>, relegou a<br />

responsabilidade da escolha do onze titular para os seus sócios. Cada<br />

adepto, a troco de £ 35, tinha direito a um voto. A soma aritmética<br />

dos votos de todos os adeptos definia os jogadores que entrariam em<br />

campo a cada jornada. Coincidência, ou não, o Ebbsfleet teve o seu<br />

maior triunfo da sua história nessa mesma época, com a conquista a 8<br />

de Maio de 2008 da FA Trophy.<br />

Este resultado, que em grade parte assenta no “conhecimento das<br />

multidões” – metodologia que tende a produzir efeitos produzidos a<br />

longo prazo (lembremo-nos no caso do Lyon e a sua abordagem ao<br />

mercado de transferências), obriga-nos a questionar, até que ponto<br />

relegar todas as decisões de uma equipa de futebol em um só homem,<br />

o treinador principal, é a melhor opção? A resposta é complexa, mas<br />

vamos por partes:<br />

Primeiro, é de facto muito interessante perceber como a noção da<br />

importância do técnico tem variado ao longo da história do futebol.<br />

Nos anos 20 e 30 do século passado, altura em que o futebol era<br />

maioritariamente amador, o técnico principal assumia-se como a peça<br />

primordial de uma equipa. Era ele que tomava todas as decisões, e era<br />

também a ele que se assacava o êxito ou a derrota (no inicio do século<br />

passado, o futebol, contrariando o imaginário de muitos adeptos, era<br />

muito mais técnico e até mais guiado por conhecimento cientifico<br />

vindo das universidades, do que aconteceu em décadas posteriores, o<br />

que dava mais preponderância aos técnicos e ao conhecimento que ele<br />

trazia consigo).<br />

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O paradigma foi progressivamente<br />

mudando, e o conhecimento dos<br />

técnicos passou a ser empírico e a<br />

advir quase exclusivamente das suas<br />

experiencias como antigos atletas e<br />

da conivência com os seus anteriores<br />

técnicos. Em pouco tempo, e como<br />

consequência desta nova forma de<br />

agir, criaram-se gerações de técnicos<br />

com pouca capacidade de diferenciação<br />

entre si, e o seu papel nos<br />

clubes, refletiu-se numa perda de<br />

importância. Isto começou a dar-se<br />

após término da segunda grande<br />

guerra que coincidiu com os primeiros<br />

passos para a profissionalização.<br />

Os grandes atletas, os “craques”,<br />

ganharam estatuto e peso não só nos<br />

balneários e por conseguinte nos<br />

clubes, mas também entre os adeptos,<br />

que olhavam para eles como o<br />

principal factor nas vitórias da sua<br />

equipa.<br />

No fundo, tivemos uma regressão<br />

técnica e tática no futebol, que durou<br />

até final dos anos oitenta, quando a<br />

ciência voltou a entrar em jogo, e a<br />

preparação física, e principalmente<br />

as variantes táticas voltaram a entrar<br />

em força nas quatro linhas, para<br />

nunca mais sair. O treinador voltou a<br />

ganhar preponderância. No entanto,<br />

a grande maioria da carreira dos<br />

treinadores parece uma montanha<br />

russa, cheia de altos e baixo. Com<br />

épocas de muito sucesso e cheias<br />

de títulos e épocas de fracasso total,<br />

em que a palavra derrota aparece a<br />

cada jornada. Permanecem cada vez<br />

menos tempo em cada clube, para<br />

muitos, não ficam sequer o tempo<br />

necessário para a fazerem a diferença.<br />

Em 92, a média de anos consecutivos<br />

de permanência do treinador<br />

nas 4 divisões inglesas era de 3,5<br />

anos. Em 2013, apenas Wenger<br />

estava há mais de 7 anos no<br />

mesmo clube (numa amostra de 94<br />

técnicos). Comparando, em 2011 o<br />

prazo m<strong>ed</strong>io de CEOs à frente das<br />

P500 empresas americanas é de 8,4<br />

anos. O conhecimento está hoje ao<br />

alcance de qualquer treinador, e<br />

e ainda se dilui para as enormes<br />

e multifacetadas equipas técnicas,<br />

cheias de especialistas nas mais<br />

diversas áreas.<br />

Para completar, o orçamento<br />

de salários dos jogadores, como<br />

vimos anteriormente, é tão eficiente<br />

que explica cerca de 85 a<br />

90% das posições no campeonato<br />

dos clubes, a longo prazo. “O<br />

dinheiro fala, e o dinheiro decide<br />

onde o clube vai terminar na<br />

liga”.<br />

Por isso, para muitos, são os jogadores<br />

que continuam a fazer o êxito<br />

das equipas, e não os técnicos,<br />

que têm de se contentar com uma<br />

pequena fatia dos louros. Um desses<br />

exemplos, é Johan Cruijff que afirmou<br />

quando treinava o Barcelona,<br />

“Se os teus jogadores são melhores<br />

do que os do teu adversário,<br />

90% das vezes vais ganhar”. E<br />

continuou:”se montares um plantel<br />

de jogadores com talento e com a<br />

atitude e caracter certos, vais ganhar<br />

mais jogos do que aqueles que vais<br />

perder, não importa o quão inventivo<br />

sejas as tuas sessões de treino,<br />

do sistema que jogas ou do nome<br />

da equipa que treinas. Mas podes<br />

dar um incentivo extra de <strong>10</strong>% à tua<br />

equipa, dependendo da dieta que<br />

defines, dos treinos físicos ou da<br />

palavra ao ouvido que dás a cada<br />

jogador”.<br />

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A realidade apresentada pelos<br />

números não está muito distante<br />

das palavras de Cruijff,<br />

como nos é apresentado no livro<br />

“Soccernomics”. Os autores deste<br />

livro, procuraram então descobrir<br />

os treinadores de elite que nos<br />

últimos 40 anos (de 1973 a 20<strong>10</strong>)<br />

nas 4 divisões do futebol profissional<br />

Inglês ficaram consistentemente<br />

acima do que a massa<br />

salarial podia prever. (Novamente<br />

relembramos que a impressionante<br />

capacidade da massa salarial<br />

prever a tabela classificativa no<br />

final da época, numa ordem de<br />

percentagem a rondar os 90%.) .<br />

Temos então que um técnico que<br />

comande a terceira equipa que<br />

mais gasta massa salarial, ficar em<br />

primeiro lugar, o seu contributo foi<br />

positivo. Se ficar no terceiro posto,<br />

o seu contributo foi nulo. Se no<br />

entanto, ficar abaixo do pódio, teve<br />

um impacto negativo.<br />

Olhando os números: dos 251 técnicos<br />

que permaneceram por 5 ou<br />

mais anos no mesmo clube, apenas<br />

28% deu um contributo positivo às<br />

suas equipas. Se focarmos a análise<br />

no total dos 699 técnicos, a percentagem<br />

de “trabalhos” positivos é<br />

de apenas <strong>10</strong>%.<br />

Desta análise percebemos duas<br />

coisas: a primeira, é que a maioria<br />

dos treinadores não melhorou a<br />

performance das suas equipas para<br />

além do potencial delas próprias. E<br />

segundo, a maior permanência dos<br />

treinadores nos clubes traz mais<br />

resultados positivos.<br />

Usando este mesmo método, foi<br />

possível desenvolver um ranking<br />

dos melhores técnicos ingleses dos<br />

últimos 40 anos (apenas para aqueles<br />

que permaneceram 5 ou mais anos<br />

consecutivamente no mesmo clube).<br />

O cinco primeiros lugares são ocupados,<br />

respetivamente por: Bob Paisle,<br />

Alex Ferguson, Bobby Robson,<br />

Arsène Wenger e Kenny Dalglish.<br />

Desta lista, que encontramos nomes<br />

bem conhecidos, percebemos que<br />

os melhores técnicos e melhores<br />

equipas caminham lado a lado. E,<br />

caso publicássemos toda a lista,<br />

seria inclusive percetível que os<br />

treinadores dos clubes “gigantes”<br />

dominam por completo as primeiras<br />

colocações. Isto já seria de esperar,<br />

uma vez que, os melhores técnicos<br />

tendem a comandar os melhores<br />

clubes. .<br />

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Ferguson vs. Wenger:<br />

Dois caminham diferentes que nos fazem<br />

chegar à mesma conclusão<br />

84 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

urante 30 anos, Ferguson foi o<br />

homem forte do Manchester Unit<strong>ed</strong><br />

e da Premier League, e isso mesmo<br />

reflexe-se na lista de melhores técnicos,<br />

onde o escocês ocupa o segundo<br />

lugar. No entanto, no seu percurso, de<br />

constante sucesso, não foi conseguido<br />

usando sempre os mesmos métodos<br />

ou o mesmo poder financeiro.<br />

Entre 1991 e 2000, a posição média<br />

do Man. Unit<strong>ed</strong> foi de 1,8 (ou seja,<br />

ou ficava em primeiro ou em segundo).<br />

E, para isso, gastava apenas 5,8%<br />

da massa salarial da Premier League<br />

(a média fixa-se nos 5 -> 20 clubes<br />

a dividir por <strong>10</strong>0%). Em parte, esse<br />

menor investimento deveu-se à geração<br />

Beckham, dos irmãos Neville,<br />

Paul Scholes, Nicky Butt, e Ryan<br />

Giggs, etc. De 2000 em diante, a<br />

posição média do Unit<strong>ed</strong> não se alterou,<br />

mantendo os 1,8, mas a equipa<br />

de Manchester passou a gastar 9% do<br />

total da massa salarial da liga inglesa,<br />

e quase sobrou os seus custos.


No último ano do escocês no comando técnico do Man.<br />

Unit<strong>ed</strong> atingiu o pico de <strong>10</strong>% do total dos salários da<br />

Liga (ainda que nesse ano tenha ficado abaixo dos 14%<br />

de Chelsea e City).<br />

Na década de 90, Ferguson gastava apenas 35% a mais<br />

que a média, ao passo que na década de 2000, para ter os<br />

mesmos resultados, ele passou a gastar mais de 80% que a<br />

média gasta pelos outros clubes. Em parte, a chegada dos<br />

oligarcas russos e árabes ao campeonato inglês, principalmente<br />

o Chelsea e Manchester City, podem explicar este<br />

brutal aumento de investimento. Outra explicação mais simples,<br />

é que o “efeito” Ferguson desgastou-se e o dinheiro<br />

voltou a comandar as posições na tabela classificativa.<br />

Com o Wenger passou-se algo semelhante. Nas suas<br />

primeiras 7 temporadas no Arsenal, levou a equipa<br />

arsenalista a 1,6 de posição média no campeonato, ainda<br />

melhor que escocês, e só gastava um pouco mais que este<br />

último em massa salarial, 7,5% do total.<br />

No entanto, a sua prestação tem vindo a cair, e fixa-se<br />

atualmente em 3,3 de média (o Arsenal termina mais vezes<br />

em 3 ou 4 lugar). O que aconteceu? Simples, o Arsenal não<br />

foi capaz de acompanhar o investimento em salários dos<br />

seus rivais. No pico ficou-se apenas por 8,8% do total da<br />

Premier League, quase metade do City e Chelsea. Passou a<br />

perder mais, e o Wenger passou a ser considerado como um<br />

treinador de segunda linha.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 85


86 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Chicotadas<br />

psicológicas:<br />

existe algum efeito<br />

positivo nelas?<br />

Todos os anos assistimos à constante troca de cadeiras, a mando de<br />

presidentes afoitos, que trocam de treinador, ou para não perderem<br />

o comboio da frente ou para fugirem ao lugares de despromoção. O<br />

número de chicotadas psicológicas nas duas ligas profissionais portuguesas<br />

tem números chocantes por época, às vezes ficam perto dos<br />

50%. No brasil, o cenário não muda muito. Quando alguma coisa não<br />

resulta, muda-se o treinador. Este é o pensamento dominante, inclusive<br />

da comunicação social e dos seus comentadores, que chegam inclusivamente<br />

a afirmar dos efeitos positivos no im<strong>ed</strong>iato na troca de treinador<br />

no grupo e na nova injeção de animo que isso traz ao balneário, que<br />

por consequência, leva a melhores resultados.<br />

Este pensamento, está totalmente errado, como um estudo recente<br />

publicado na Science Quarterly de Scott Adler, Michael J. Berry, “The<br />

Economist Sports”, prova. Os autores analisaram as mudanças de<br />

técnicos no decorrer dos campeonatos de 1997 a 20<strong>10</strong> dos principais<br />

campeonatos. E chegaram a duas conclusões: equipas com registos<br />

m<strong>ed</strong>íocres de resultados, pouco ou nada alteram no seu desempenho,<br />

a mudança de treinador. Enquanto, em equipas com desempenhos<br />

médios, a mudança repentina de técnico a meio da época, tem um claro<br />

efeito negativo. E, em segundo lugar e surpreendentemente, as chicotadas<br />

psicológicas não têm só efeito im<strong>ed</strong>iato, mas tem efeito nos anos<br />

seguintes, em que os clubes por norma têm resultados comparativamente<br />

mais fracos que nas épocas que se antec<strong>ed</strong>eram.<br />

Estes resultados são consistentes com outros estudos, como por exemplo,<br />

o trabalho de Mario De Paola e Vincenzo Scoppa publicado no<br />

Journal of Sports Economics, e qua ainda exclusivamente d<strong>ed</strong>icado ao<br />

futebol italiano, chegou às mesmíssimas conclusões. E, curiosamente,<br />

o mesmo acontece com outros desportos coletivos como a NHL, a NFL<br />

ou a NBA, a mudança de técnico nunca traz mudanças positivas e no<br />

melhor dos casos, após alguns períodos baixos, tende a ir de encontro à<br />

média de performance e pontos conseguida pelo treinador desp<strong>ed</strong>ido.<br />

Os resultados na realidade não são assim tão surpreendentes. Os treinadores<br />

“estudam todos pelo mesmo livro”, lidam com a mesma informação,<br />

enfrentam os mesmos problemas e têm as mesmas armas para<br />

os resolver. O natural é que os resultados sejam os mesmos, ou pelo<br />

menos se aproximem com o tempo.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 87


Q<br />

46% de todo<br />

golos em Portu<br />

resultado de e<br />

forçado - ale<br />

imprevisíve<br />

ressaltos d<br />

Como se explica<br />

o fenómeno Leicester?<br />

Se o futebol é tão matemático, como<br />

podemos explicar a vitória dos pequenos?<br />

na re<br />

88 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


s os<br />

uando Abramovich comprou o Chelsea,<br />

presenteou Claudio Ranieri (o então<br />

técnico do clube) com 16% do total<br />

da massa salarial da Premier League,<br />

o maior de sempre, num investimento<br />

impar que se prolongou nos 6 anos<br />

seguintes. Devia ter vencido o campeonato,<br />

mas ficou apenas em segundo.<br />

E, não foi além das meias-finais da<br />

Liga dos Campeões. Acabou desp<strong>ed</strong>ido,<br />

e substituído pelo português José<br />

Mourinho, que terminou campeão nos<br />

dois anos seguintes. Pouco mais de <strong>10</strong><br />

anos volvidos, o técnico italiano sagrase<br />

campeão com uma equipa de orçamentos<br />

bem mais modestos. Como se<br />

explica este fenómeno? Simples: o futebol<br />

é um dos desportos de alto nível, o<br />

mais aleatório. Simplificando, o futebol<br />

está sujeito ao erro e à sorte ou à falta<br />

dela, como nenhum outro desporto. E,<br />

os erros estão a aumentar.<br />

Há pouco mais de dois anos, o Dr.<br />

Roland Loy publicou um estudo sobre<br />

o factor da “aleatóri<strong>ed</strong>ade” no futebol e<br />

de que forma este influência o resultado<br />

final e converge para a vitória ou derrota<br />

de uma equipa. Os resultados foram<br />

surpreendentes!<br />

gal são<br />

rros não<br />

atórios e<br />

is, como<br />

e bola<br />

lva<br />

Definindo aleatório: conjunto de<br />

erros não forçados, um pouco à<br />

imagem do ténis, em que os<br />

jogadores cometem falhas<br />

à margem do jogo e que<br />

surgem sem pressão da<br />

equipa adversária. Tais<br />

falhas podem ser: passes<br />

errados, frangos do<br />

Guarda-r<strong>ed</strong>es, falhas no<br />

relvado que fazem variar<br />

a direcção da bola, etc.<br />

Loy estudou 1.200 jogos da<br />

Bundesliga - linha Alemã da primeira<br />

divisão por mais de 3 anos, e chegou<br />

à conclusão de que 60% dos golos são<br />

marcados de facto como resultado<br />

de uma capacidade atlética e/ou técnico<br />

das equipas e do seu processo<br />

ofensivo. No enquanto 40% resultam<br />

como resultado de puro acaso. Isto<br />

significa que 40% de todos os golos<br />

são resultado de erros não forçado -<br />

aleatórios e imprevisíveis.<br />

O estudou olhou ainda para outras lin-<br />

O estudou olhou ainda para outras<br />

linhas europeias como a Liga de<br />

Espanha, Inglaterra, Holanda, Suíça,<br />

Bélgica e Portugal. Os números aqui<br />

ainda sobem mais, para os 46%.<br />

Existe ainda mais um dado que nos<br />

faz entender quão aleatório pode ser<br />

uma partida de um jogo de futebol.<br />

Loy na sua pesquisa focada desta<br />

vez na Liga dos Campeões percebeu<br />

que 35% dos toques dos jogadores<br />

na bola era pura coincidência - compensações<br />

dos defesas, maus passes,<br />

recessão da bola após alivio, bola<br />

vinda de cortes, etc.<br />

E a incidência dos erros não só tem<br />

aumentando, como tem tendência<br />

a aumentar ainda mais na próxima<br />

década. No futebol atual corre-se<br />

mais. E corre-se mais rápido. O<br />

desgaste provoca erros!<br />

Por exemplo, de 2002 para 2006 o<br />

número de sprints - corridas a alta<br />

velocidade aumentou uns estonteantes<br />

50%. E na última década, os<br />

médios centros passaram de distância<br />

por jogo na ordem dos 12 km<br />

para os 16 km. Ou seja, e repetindo<br />

a ideia - mais corrida e mais rápido.<br />

E a previsão, é que nos próximos 5<br />

anos, o futebol aumente ainda mais<br />

15% a sua velocidade.<br />

Isto demonstra uma evolução clara<br />

no futebol a nível físico que a maioria<br />

dos futebolistas atuais não foram<br />

preparados e treinados para lidar<br />

na sua formação. Sendo-lhes difícil<br />

lidar com o maior desgaste de cada<br />

partida em temporadas cada vez<br />

mais longas.<br />

O que isto tem então a ver Claudio<br />

Ranieri e o inesperado sucesso do<br />

Leicester? Bem, apesar de toda a<br />

estatística, o futebol é um desporto<br />

tão assente na “sorte e no azar” que<br />

pontualmente, e contra todas as<br />

probabilidades, que os mais pequenos,<br />

os Davids do futebol, conseguem<br />

derrotar os grandes gigantes. O<br />

Leicester é apenas o exemplo mais<br />

recentes. O Boavista em Portugal,<br />

ou o Valencia ou o Corunha em<br />

Espanha, ou o Wolfsburg ou<br />

Estugarda na Alemanha, são outros<br />

exemplos de inesperados campeões<br />

neste milénio.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 89


Coisas<br />

do<br />

Coração:<br />

Que país ama<br />

mais o futebol?<br />

O apreço de um país a uma modalidade desportiva expressa-se em<br />

três grandes variáveis: número de praticantes, assistências nos estádios<br />

e número de espetadores que assistem aos eventos na televisão.<br />

Felizmente as três variáveis encontram-se bem documentadas para o<br />

futebol.<br />

A FIFA em 2006, usando pesquisas por amostragem, chegou ao valor<br />

de 265 milhões de jogadores de futebol no mundo, sendo 90% deles<br />

do sexo masculino. Apesar das críticas, este estudo desenvolvido pelos<br />

responsáveis máximos do futebol mundial é o mais amplo alguma vez<br />

feito, e veio acompanhado com a lista de detalhada de praticantes por<br />

país.<br />

Sem grande surpresa, pela grande dimensão populacional, a China e<br />

os EUA foram os dois países com maior número de praticantes (26 a<br />

24 milhões, respetivamente). Mas, claro, que a questão chave não é<br />

o número em absoluto, mas a proporção de habitantes que praticam a<br />

modalidade:<br />

• Costa Rica 27%<br />

• Alemanha 20%<br />

• Ilhas Faroé 17%<br />

• Guatemala 16%<br />

• Chile 16%<br />

• Paraguai 16%<br />

• Aruba 15%<br />

• Barbados 13%<br />

• Vanuatu 13%<br />

• Mali 12%<br />

• Áustria 12%<br />

• Noruega 12%<br />

• Eslováquia 11%<br />

• Suécia 11%<br />

90 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


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O que mais impressiona, é como a<br />

grande maioria dos países com praticantes<br />

mais entusiastas são pequenas<br />

ilhas, onde presumivelmente<br />

ainda existe muito por fazer pela<br />

modalidade (isto torna-se mais claro<br />

se olharmos para o Top25, que por<br />

questões de espaço não listamos na<br />

totalidade). Por exemplo, Vanuatu,<br />

Anguilla, Bermudas, Islândia e as<br />

Ilhas Cook (combinados têm uma<br />

população de cerca de 1 milhão)<br />

mas todas estão nos 25 países com<br />

maior percentagem de praticantes.<br />

Em destaque, está também a<br />

Alemanha, tetra e a atual campeã do<br />

Mundo, que tem aqui uma das suas<br />

grandes forças para o sucesso da sua<br />

seleção e da Bundesliga - que é uma<br />

das cinco ligas mais competitivas<br />

da europa, e composta maioritariamente<br />

por futebolistas nacionais. No<br />

velho continente, a Holanda, Áustria<br />

e Suécia entram no destacado top<br />

vinte mundial.<br />

Visualmente associamos<br />

as multidões<br />

de futebol à Premier<br />

League, e à Inglaterra, com<br />

estádios sempre cheios de adeptos<br />

fervorosos. Segundo a plataforma<br />

digital European-footballstatistics,<br />

nos últimos anos, a<br />

média de público da liga inglesa<br />

é de 35.921. Porém, fica aquém<br />

da média da liga germânica,<br />

que conta com quase mais 7 mil<br />

espetadores em média. E, segundo<br />

a mesma fonte, desde 2011 que<br />

o clube europeu que tem mais<br />

assistências em média é o Borussia<br />

de Dortmund, que tem também<br />

desde 2012 a casa mais preenchida<br />

num jogo, com mais de 80<br />

mil espetadores. Nos dois anos<br />

anteriores, o Barcelona ocupava o<br />

primeiro lugar desse ranking.<br />

Dos <strong>10</strong> programas<br />

televisivos na TV<br />

Norte-americana entre<br />

1990 e 2008, nove deles<br />

foram espetáculos<br />

desportivos.<br />

A flutuação de<br />

espetadores é, no<br />

entanto, a maior<br />

conclusão quando<br />

se analisa a média de<br />

espetadores ao longo de<br />

décadas.<br />

Nos anos 80, a liga italiana era de<br />

longe a mais assistida, com uma<br />

média de espetadores no estádio de<br />

38.872, numa altura de Serie A era<br />

a mais competitiva do mundo. Por<br />

outro lado, nessa mesma altura,<br />

e muito por culpa da tragédia em<br />

Bradford City, a média de espetadores<br />

do campeonato inglês foi de<br />

21,080. A diminuição da qualidade<br />

do futebol italiano retirou-lhe nos<br />

anos mais recentes mais de 15<br />

mil adeptos, e hoje as assistências<br />

médias cifram-se em apenas 23.234<br />

pessoas.<br />

92 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Muitas das ligas europeias apresentam<br />

variações semelhantes ao<br />

longo do tempo, indo de encontro<br />

à tendências dos adeptos se comportarem<br />

como consumidores, se<br />

o espetáculo é de qualidade, eles<br />

pagam para o assistir. Caso contrário,<br />

preferem ficar em casa.<br />

A percentagem de população total<br />

que se desloca aos estádios também<br />

segue essa propensão, mas<br />

com algumas surpresas. (Estes<br />

dados são calculados usando o<br />

número de espetadores totais no<br />

estádios pelas várias ligas, divididos<br />

pela população total do país,<br />

por exemplo, Inglaterra tem 1,29<br />

milhões de espetadores nos estádios<br />

e uma população de 53 milhões –<br />

1,29/53=0,024, o que equivale a<br />

2,4%). No top5 da europa temos:<br />

• Inglaterra 2,4%<br />

• Espanha 1,5%<br />

• Alemanha 1,5%<br />

• Itália 1.0%<br />

• França 0,9%<br />

Estes dados acompanham a tendência<br />

que já tínhamos assinalado<br />

acima: quem tem campeonatos mais<br />

equilibrados, tem mais espetadores.<br />

No entanto, alguns países com<br />

menor densidade populacional, têm<br />

uma percentagem de população mais<br />

pr<strong>ed</strong>isposta a ir passar a tarde de<br />

domingo ao estádio:<br />

• Ilhas Faroé <strong>10</strong>%<br />

• Islândia 4.0%<br />

• Scotland 3,8$<br />

• Noruega 2.6%<br />

• Chipre 3.6%<br />

• Países Baixos 2,5<br />

Alguns observadores avançam que<br />

em grande m<strong>ed</strong>ida o alta vocação<br />

das populações das ilhas e pequenos<br />

países em se dirigirem ao estádio,<br />

tem mais a ver com a falta de oferta<br />

de entretinimento alternativo, que<br />

com o amor deles pelo futebol.<br />

Esta opinião, apesar de discutível,<br />

parece ter sentido, principalmente<br />

para as Ilhas Faroé, Chipe<br />

ou Islândia, que apesar da grande<br />

adesão de público estão muito longe<br />

da alta-roda do futebol.<br />

A televisão surge como ultimo<br />

parâmetro de comparação, e de muitas<br />

formas, inclusive o mais decisivo,<br />

porque o futebol é hoje, mais<br />

que tudo, um espetáculo televisivo.<br />

Os eventos televisivos, dada a atual<br />

pluralidade de escolha, ganharam<br />

inclusive uma maior preponderância,<br />

e são os maiores agregadores<br />

de espetadores. Dos dez programas<br />

televisivos na TV Norte-americana<br />

entre 1990 e 2008, nove deles foram<br />

espetáculos desportivos. O mesmo<br />

se passa na Alemanha, com sete em<br />

oito. Em Portugal, a final do Euro<br />

2004 e as meias-finais do Euro 2012<br />

foram os programas mais vistos de<br />

sempre com uma média de 3,792 e<br />

3,689 milhões respetivamente.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 93


No ano passado, o evento mais visto<br />

na TV portuguesa foi o FC Porto contra<br />

o Bayern nos quartos-de-final da<br />

Champion League. O último campeonato<br />

do mundo teve 3,2 mil milhões de<br />

espetadores e mais de <strong>10</strong>00 milhões só<br />

na final. Esta é uma tendência mundial,<br />

e que está em crescendo. Ainda que em<br />

alguns países mais que outros. Abaixo<br />

pode ver o ranking dos países em que<br />

os seus habitantes mais assistem jogos<br />

de futebol exclusivamente sentados no<br />

sofá (isso exclui visualizações em bares<br />

ou ambientes públicos, impossíveis de<br />

contabilizar com exatidão):<br />

• Croácia 12.4%<br />

• Noruega 11.9%<br />

• Países Baixos 11.5%<br />

• Uruguai <strong>10</strong>.7%<br />

• Dinamarca 9.1%<br />

• Sérvia 9,0%<br />

• Equador 9,0%<br />

• Brasil 8,8%<br />

• Coreia do 8,7%<br />

• Suécia 8,6%<br />

• Alemanha 8,6%<br />

• Hungria 7.9%<br />

• Itália 7.8%<br />

A Croácia surge destacada, mas as altas<br />

audiências em inventos desportivos<br />

são comuns neste país, principalmente<br />

quando estão em causa as cores nacionais.<br />

As suas boas equipas e sentimentos<br />

nacionalistas de um país que tanto<br />

lutou pela independência são seguramente<br />

a explicação. Os noruegueses,<br />

dinamarqueses e os sérvios que têm<br />

relativamente pequenas populações têm<br />

também altos índices de audiência, e a<br />

Alemanha surge novamente na lista, um<br />

dos poucos repetentes. O “país do futebol”,<br />

o Brasil, surge finalmente na lista<br />

e marca posição.<br />

Concentrando-nos agora nas audiências<br />

conseguidas no último campeonato do<br />

Mundo, temos:<br />

• Islândia 18,8%<br />

• Países Baixos 16.1%<br />

• Alemanha 12.4%<br />

• Sérvia 11,1%<br />

• Croácia <strong>10</strong>.8%<br />

• Montenegro 9,7%<br />

• Noruega 9,7%<br />

• Suíça 9.6%<br />

A Islândia marca pontos extras<br />

neste ranking, até porque não participou<br />

na fase final deste torneio.<br />

Assim como os Países Baixos, que<br />

se encontraram na mesma posição.<br />

As boas audiências eram de esperar<br />

por parte da campeã mundial, a<br />

Alemanha.<br />

Resumindo, analisando todos os<br />

critérios, a Islândia destaca-se, e<br />

podemos dizer que “estatisticamente”<br />

é o país que ama mais o<br />

futebol. Se o amor não se explica,<br />

existem algumas razões que ajudam<br />

a explicar a “afición” islandesa pelo<br />

futebol. Primeiro, os sucessivos<br />

governos islandeses têm implementado<br />

m<strong>ed</strong>idas de vida saudável e<br />

de prática desportiva, criando nos<br />

habitantes deste pequeno país europeu<br />

uma verdadeira paixão pelo desporto.<br />

O frio, e os longos invernos,<br />

enclausuram por muitos meses os<br />

islandeses dentro de casa, e a procura<br />

por entretenimento televisivo é<br />

constante. O futebol foi ganhando as<br />

preferências, depois de no inicio dos<br />

anos 70, começarem a ser transmitidos<br />

os jogos do campeonato inglês.<br />

Numa pesquisa que data de 2003,<br />

88% dos homens eram capazes de<br />

citar as suas equipas preferidas da<br />

Premier League. Com o apuramento<br />

da equipa para o Europeu deste ano,<br />

é um sonho tornado realidade para<br />

este pequeno país, em que a maioria<br />

dos seus futebolistas é semiprofissionais.<br />

O guarda-r<strong>ed</strong>es, por exemplo,<br />

é para além de atleta, cineasta.<br />

Não seria justo não destacar a<br />

Alemanha, que como país com<br />

mais de 1 milhão de habitantes,<br />

surge destacado na primeira<br />

posição, rivalizando de perto com<br />

a Islândia.<br />

Talvez seja mesmo o sentimento<br />

germânico pelo desporto rei, para<br />

além das infraestruturas, que<br />

ajudam a explicar como este país<br />

alcança sistematicamente excecionais<br />

resultados em grandes competições.<br />

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Edição <strong>10</strong> • 2016<br />

Novak<br />

Djokovic<br />

A arte de bater<br />

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em profundidade<br />

APOSTAS<br />

Aprenda a<br />

calcular as<br />

odds reais<br />

nos jogos de<br />

futebol<br />

Futebol,<br />

Mitos vs. Realidade<br />

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as <strong>ed</strong>ições<br />

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Matemática e Lógica<br />

Porque muito do que nos parece intuitivo é mentira<br />

Alexandre<br />

Monteiro<br />

Linguagem Corporal: seja<br />

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de BTT<br />

António Fidalgo: Capacidades Mentais dos Atletas de Sucesso<br />

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Beber<br />

Demasiada<br />

água<br />

é mortal<br />

Se é daquelas pessoas que acr<strong>ed</strong>ita que deve beber água<br />

mesmo sem s<strong>ed</strong>e, pense melhor…<br />

É crescente a perceção da importância<br />

da ingestão de bebidas durante<br />

o exercício, particularmente em<br />

sessões de treino out-door e durante<br />

períodos de calor intenso. Esta noção,<br />

é no entanto, errada! Beber muito<br />

água é perigosa e pode conduzir a<br />

água intoxicação (hiponatremia), o<br />

que pode causar um <strong>ed</strong>ema cerebral<br />

e morte dentro de poucas horas. O<br />

excesso de água dilui os eletrólitos<br />

(Sódio, potássio, cloreto, magnésio)<br />

em células, que destrói a capacidade<br />

do corpo para gerir corpos fluidos.<br />

Deve seguir os seguintes princípios<br />

para ingerir a quantidade de água<br />

adequada durante os treinos:<br />

• Beba quando está com s<strong>ed</strong>e. Isso<br />

vai evitar a desidratação e ingestão<br />

excessiva de água, chá e refrigerantes;<br />

• Fluidos salgados ajudar a repor os<br />

eletrólitos perdidos;<br />

• Pese-se durante os treinos: limite<br />

perda de peso de 3% por treino;<br />

• Faça pausas frequentes;<br />

• O aumento de peso e inchaço (distensão<br />

abdominal) durante a prática<br />

de exercícios pode significar uma<br />

ingestão excessiva de água.<br />

(Clinical Journal Sports M<strong>ed</strong>icine,<br />

25: 303-320, 2015)<br />

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#Nutrição/ Ciência<br />

A ciência da Recuperação<br />

Descubra a melhor forma de fazer as pazes com<br />

o seu corpo despois de um treino brutal e super<br />

desgastante<br />

Para ganhar músculo é preciso<br />

primeiro destrui-lo com horas e horas<br />

de ginásio, criando microrroturas nas<br />

fibras musculares, que durante o período<br />

de recuperação, recuperam-se e levam<br />

então ao aumento do volume muscular (o<br />

crescimento muscular está relacionado em<br />

mais de 80% com o crescimento do tecido<br />

conjuntivo).<br />

Felizmente, o corpo é uma máquina<br />

extremamente adaptável e começa im<strong>ed</strong>iatamente<br />

o processo de reparação e reabastecimento<br />

energético. O seu trabalho é<br />

simples: alimentar-se convenientemente.<br />

Falhar nesta aparentemente tarefa tão simples,<br />

irá resultar numa dor nos músculos<br />

prolongados, um aumento do tempo de<br />

“cura” das microrroturas do músculo e<br />

uma recuperação mais prolongada. Por<br />

outro lado, os praticantes que fizeram uma<br />

alimentação correta im<strong>ed</strong>iatamente após<br />

os treinos, terá ganhos im<strong>ed</strong>iatos, com<br />

o crescimento do volume dos músculos<br />

e aumento da força. E podem também<br />

recuperar mais rápido o que leva à possibilidade<br />

de treinos mais frequentes e mais<br />

duros. O componente mais importante na<br />

alimentação de qualquer sessão pós treino<br />

é a proteína. As pesquisas mostram que o<br />

aspeto mais importante da proteína é o seu<br />

alto teor de aminoácidos, particularmente<br />

a-Aminoácidos de Cadeia Ramificada,<br />

e mais especificamente, a leucina. Essencialmente,<br />

a leucina transforma-se<br />

num interruptor que instrui os músculos a<br />

crescer e recuperar.<br />

O componente mais<br />

importante na alimentação<br />

de qualquer sessão pós<br />

treino é a proteína<br />

Para a recuperação ser eficaz são<br />

necessárias pelo menos 3 gramas de<br />

Leucina para otimizar o processo de<br />

recuperação e construção do músculo.<br />

Outro aminoácido fundamental é a<br />

glutamina. Este aminoácido é fortemente<br />

empobrecido durante o exercício,<br />

e restabelecer a sua concentração<br />

no corpo ajuda a r<strong>ed</strong>uzir a degradação<br />

de proteínas e ainda fortalece o<br />

sistema imunológico.<br />

Em seguida, é necessário restaurar os<br />

níveis de energia para que possa continuar<br />

a sustentar a alta intensidade<br />

de treinos. A melhor forma de fazer<br />

isto é com um cocktail de proteínas,<br />

aminoácidos de hidratos de carbono<br />

do curso. Para completar a alimentação<br />

o uso do suplemento de creatina<br />

traz consigo muitos benefícios. A<br />

creatina é melhor absorvida quando<br />

combinado com hidratos de carbono<br />

que pico de insulina e conduzi-lo em<br />

seu células do músculo para ajudar a<br />

repor os “stock” de ATP.<br />

A revista M<strong>ed</strong>icine& Science in<br />

Sports & Exercisemostrou que atletas<br />

que tiveram uma alta ingestão<br />

de anabolizantes aminoácidos e outros<br />

nutrientes im<strong>ed</strong>iatamente antes<br />

e im<strong>ed</strong>iatamente depois do treino,<br />

durante oito semanas, experimentaram<br />

um maior aumento da massa<br />

muscular e força, e tinha menos<br />

gordura corporal do que aqueles que<br />

ingeriram estes mesmos aminoácidos<br />

de forma dispersa durante o dia.<br />

98 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


A Janela<br />

metabólica<br />

Conheça o que é e a importância da janela metabólica para travar os<br />

processos catabólicos do corpo e iniciar o crescimento dos músculos.<br />

Sandro Costa, Licenciado em desporto e personal trainer, com interesse<br />

na área do tema abordado pelo texto.<br />

A resistência à insulina é um efeito<br />

negativo do cortisol, altos níveis<br />

de cortisol fazem com que os<br />

músculos fiquem menos sensitivos<br />

à insulina (tal como acontece<br />

com a testosterona). A insulina é<br />

importante para permitir a entrada<br />

de carboidratos, aminoácidos e<br />

outros nutrientes importantes(como<br />

a creatina), dentro da célula muscular.<br />

Esta hormona também tem um<br />

papel chave no processo da síntese<br />

protéica.<br />

O conceito de “janela metabólica” (metabolic<br />

window) pressupõe que existe umo<br />

período após o exercício físico, durante o<br />

qual a ingestão de nutrientes faz o corpo<br />

passar de regime de utilização das reservas<br />

(estado catabólico) para o estado de crescimento<br />

(anabólico).<br />

Para realizar qualquer atividade física o<br />

corpo precisa de energia – na maioria<br />

dos casos, ele vai buscar essa energia às<br />

reservas de glicogênio dos músculos. Em<br />

média, um atleta possui reservas de glicogénio<br />

na ordem dos 300-500 gramas.<br />

Cerca de 45 minutos após o início do treino,<br />

o nível das reservas de glicogênio esgotase<br />

e para conseguir manter o fornecimento<br />

energético, o organismo começa a ir buscar<br />

energia ao próprio tecido muscular<br />

(através da secreção do hormônio cortisol).<br />

Este é então o estado “catabólico”.<br />

A ingestão de carbonoidratos e proteínas<br />

antes dos exercícios (tal como durante)<br />

é capaz de repor a energia do corpo,<br />

minimizando os processos catabólicos, e<br />

a diminuição do volume do músculo. Por<br />

isso, muitos especialistas em atividade<br />

desportivas acr<strong>ed</strong>itam que o melhor a<br />

fazer para maximizar o processo de crescimento<br />

muscular é dividir a ingestão dos<br />

suplementos em três partes: im<strong>ed</strong>iatamente<br />

antes do treino, durante o treino e im<strong>ed</strong>iatamente<br />

após o treino.<br />

“Timing of postexercise protein intake is<br />

important for muscle hypertrophy with<br />

resistance training in elderly humans” em<br />

The Jornal of Physiology<br />

Resumindo: a ação do cortisol<br />

limita o crescimento muscular<br />

e estimula a quebra de massa<br />

muscular. Como se não fosse suficiente,<br />

o cortisol ainda faz o corpo<br />

produzir uma quantidade maior(e<br />

desnecessária) de insulina, o que<br />

pode levar ao acúmulo de gordura.<br />

E, é aí que entra o Cromo, uma<br />

maneira simples para ajudar a<br />

controlar o cortisol<br />

O cromo é um mineralque é mais<br />

conhecido pela sua habilidade<br />

de encorajar a perda de gordura<br />

e ajudar os tecidos do corpo a<br />

extrair os nutrientes da corrente<br />

sanguínea com mais facilidade,<br />

ajudando os efeitos da insulina.<br />

Existe evidências de que o cromo<br />

pode diminuir os níveis de cortisol.<br />

Aumentar a sensibilidade à insulina<br />

é outra função importante do<br />

cromo. Ele interage diretamente<br />

com os receptores de insulina nos<br />

músculos, permitindo-os responderem<br />

melhor, o que resulta em um<br />

maior ganho de massa muscular,<br />

devido ao aumento de nutrientes<br />

importantes como proteína, carboidratos<br />

entrando nos músculos<br />

com maior facilidade.<br />

Cromo pode ser adquirido em<br />

comprimidos ou em alimentos<br />

como Brócolis, uva, tomate, queijo,<br />

pimenta, alguns cogumelos, grãos<br />

integrais, lev<strong>ed</strong>ura de cerveja e<br />

alguns tipos de carne..<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 99


#Nutrição/ Saúde<br />

COMIDA SAÚDAVEL:<br />

A produção e processamento da comida têm-na<br />

tornado menos nutritiva?<br />

Maria Inês, Licenciada em nutricionismo, com experiencia de mais de 15 anos no ramo e<br />

com artigos publicados na área abordada pelo texto<br />

A procura pela melhor tabela alimentar<br />

não mostra sinais de diminuição.<br />

Hoje estamos mais cientes do<br />

que “somos o que comemos”, e de<br />

que forma os antioxidantes, as gorduras<br />

ou o baixo índice glicêmico,<br />

dominam o nosso corpo, e em caso de<br />

atletas e desportistas, como influência<br />

a performance desportiva. Mas, se ao<br />

mesmo tempo, o nosso conhecimento<br />

aumentou, é também evidente que os<br />

métodos modernos de produção alimentar<br />

afetaram a qualidade dos nossos<br />

alimentos. Em suma, a concentração<br />

de nutrientes caiu drasticamente<br />

nas últimas décadas.<br />

Donald Davis, bioquímico da<br />

Universidade do Texas (EUA), conduziu<br />

um dos mais completos estudos<br />

sobre o tema em 2011. Ele comparou<br />

a concentração de nutrientes das<br />

colheitas nos Estados Unidos entre<br />

1950 e 2009, e encontrou um notável<br />

declínio em cinco nutrientes em várias<br />

frutas como o tomate ou a beringela.<br />

Por exemplo, houve uma qu<strong>ed</strong>a de<br />

43% em ferro e 12% em cálcio. Estes<br />

valores vão ao encontro, de um estudo<br />

também do próprio em 1999, onde<br />

descobriram uma qu<strong>ed</strong>a de 15% de<br />

Vitamina C e 38% em Vitamina B2,<br />

desta vez em legumes.<br />

Países que se d<strong>ed</strong>icaram a estudos<br />

semelhantes encontram os mesmos<br />

resultados. No Reino Unido,<br />

um estudo de 1997 comparando as<br />

colheitas entre 1930 e 1980 constatou<br />

que o cálcio caiu 19% e o ferro<br />

22% nos vegetais frescos. Mostrando<br />

também sinais claros de menor cobre,<br />

magnésio e sódio, e aqui também na<br />

fruta.<br />

A Culpa?<br />

Os especialistas, como Davis, apontam<br />

a práticas agrícolas atuais como<br />

o grande culpado, que preferem enfatizar<br />

a quantidade em detrimento da<br />

qualidade. A necessidade de produzir<br />

mais, em menos tempo, não permite<br />

que os alimentos absorvam os nutrientes<br />

ao ritmo desejado. Em termo de<br />

comparação, é “como beber um sumo<br />

de laranja, mas em que metade do<br />

copo foi cheio com água”, diz Davis.<br />

No entanto, a ideia que a agricultura<br />

moderna produz culturas menos<br />

nutritivas é bastante controversa,<br />

até porque os dados disponíveis,<br />

mostram uma grande variação, dependendo<br />

com o tempo da colheita, a<br />

planta e o ano. Inclusive,<br />

o departamento<br />

de agricultura dos Estados<br />

Unidos m<strong>ed</strong>iu a concentração de 11<br />

minerais em diferentes culturas, entre<br />

1959 e 2004, não verificou qualquer<br />

variação de concentração níveis<br />

desses mesmos minerais por ano.<br />

<strong>10</strong>0 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


A situação pode ainda piorar, dado que os agricultores,<br />

pela pressão da demanda, esforçam-se cada vez mais para<br />

diminuir o ciclo de plantação e colheita dos alimentos.<br />

Ainda no ano passado, pesquisadores da Universidade<br />

de Harvard previram que os alimentos num futuro muito<br />

próximo terão significativamente menos zinco e ferro,<br />

devido ao aumento dos níveis de dióxido de carbono provenientes<br />

do uso de combustíveis fósseis.<br />

Nem tudo é negativo?<br />

Mesmo que a chegada da agricultura intensiva significou<br />

que a nossos vegetais e frutas contenham menos nutrientes<br />

do que em décadas anteriores, a realidade é que também<br />

significou um aumento significativo na oferta, o que teve<br />

um indiscutível efeito positivo na nossa dieta e saúde.<br />

Eric Decker, professor de ciência de alimentos da<br />

Universidade de Massachusetts em Amherst, afirma inclusive<br />

“que mesmo com os nutrientes em declínio, as perdas<br />

não são significativos o suficiente para justificar qualquer<br />

preocupação com a saúde. Ao longo do último século, a<br />

expectativa de vida tem aumentado sistematicamente, as<br />

pessoas estão maiores e mais fortes, e isso, muito se deve<br />

à disponibilidade de uma maior vari<strong>ed</strong>ade de alimentos”.<br />

O próprio Davis, nos seus artigos, tem apoiado esta ideia<br />

sugerida por Decker, e afasta alarmismos. Até porque, para<br />

a grande maioria da população, legumes e vegetais ainda<br />

não são a principal fonte de nutrientes.<br />

E a agricultura orgânica?<br />

Se a agricultura atual e de ciclos curtos de produção estão<br />

a causar uma quebra significativa de nutrientes nos alimentos,<br />

a agricultura orgânica surge como uma boa alternativa?<br />

Como tudo o que envolve o tema, esta é uma questão<br />

controversa. Os níveis de antioxidantes são mais elevados<br />

em plantas cultivados organicamente, de acordo com uma<br />

meta-análise de estudos existentes publicado no ano passado.<br />

No entanto, em 2012 pesquisadores da Universidade<br />

de Stanford, na Califórnia descobriram nenhuma evidência<br />

que os alimentos orgânicos são mais nutritivos.<br />

Regra geral, não foram encontradas diferenças significativas<br />

de minerais entre alimentos orgânicos. Mas existem<br />

exceções. O leite é disso exemplo. Recentes estudos do<br />

Reino Unido e dos Estados Unidos descobriram que o<br />

leite de vacas criadas ao ar livre tiveram maior quantidade<br />

de antioxidantes e ômega-3. A diferença deve-se à dieta,<br />

segundo esses mesmos estudos, dado que o gado criado em<br />

fazendas orgânicas têm acesso ao pasto é comem proporções<br />

de comida superiores.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • <strong>10</strong>1


Emoção:<br />

O Suplemento<br />

Desconhecido<br />

Vitor E. Santos<br />

Colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

A nutrição e o treino são dois componentes essenciais para a<br />

obtenção de resultados positivos. Mas, existe um terceiro<br />

componente, habitualmente negligenciado, que é tão crucial<br />

quanto os dois anteriores: a emoção!<br />

A<br />

grande maioria dos programas<br />

de fitness estão<br />

carregados de exercícios<br />

e listas de suplementos<br />

alimentares, mas<br />

poucos, dão o<br />

devido valor a um<br />

terceiro componente:<br />

a emoção.<br />

As emoções influenciam<br />

a nossa perceção<br />

da vida, e a inteligência emocional<br />

dá-nos ferramentas para melhorar e dar<br />

um salto de performance dramático nos resultados<br />

atléticos, para além do bem estar, tanto físico<br />

como mental.<br />

O nosso conhecimento das emoções e de como regulá-los<br />

melhor, “Inteligência emocional”, é uma<br />

das mais poderosas ferramentas para o treino<br />

pessoal, mas também uma das menos utilizadas,<br />

apesar de comprovadas mais-valias, como a ciência<br />

o demonstra (veja o quadro ao lado).<br />

Como escreveu Nan Baldwing no artigo “Emotion:<br />

The undescover suplement”, “eu tenho a<br />

sorte de trabalhar diariamente em todo o mundo,<br />

com campeões de todas as disciplinas, e fico sempre<br />

surpreendido com a força e as habilidades<br />

que eles exibem. Mas, mesmo os mais habilidades,<br />

desabam quando as dificuldades parecem inultrapassáveis”.<br />

Segundo Baldwing, é aí que entra<br />

a estaleca do atleta, e a capacidade que este exibe<br />

em gerir e controlar as suas emoções, o que obriga<br />

a que este as entenda primeiro, mesmo sobre<br />

pressão extrema. Sobrepor emoções negativas,<br />

como a frustração, tristeza ou impotência, que<br />

tanto se podem dever às tarefas quotidianas<br />

ou pela derrota em atletas profissionais, passa<br />

primeiro, pela “auto-conciência” dessas mesmas<br />

emoções, o que envolve uma verificação regular<br />

do estado emocional ao longo do dia. Naturalmente,<br />

que condicionar o corpo com um adequado<br />

regime de nutrição e exercícios. Mas, planear com<br />

inteligência, as emoções pode ser tão, ou mesmo<br />

mais, vantajoso. E, o ponto diferenciador!<br />

<strong>10</strong>2 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Ciência da Emoção<br />

Quando estamos emocionalmente ou fisicamente stressados<br />

por um longo período de tempo, é libertado para a corrente<br />

sanguínea a hormona cortisol. O cortisol é responsável<br />

pelo aumento de peso, quebra muscular, dificuldades em<br />

dormir ansi<strong>ed</strong>ade, falta de entusiamo… resumindo, tudo<br />

aquilo que faz atrasar e mitigar os resultados de um treino<br />

desportivo.<br />

Para piorar, quando os níveis de cortisol permanecem elevados,<br />

é imp<strong>ed</strong>ida a liberação de outra hormona, o DHEA. Esta<br />

segunda hormona ajuda no combate ao anti-envelhecimento<br />

e na recuperação física, e exatamente por isso, é fundamental<br />

que esteja presente no corpo pós treino.<br />

A probabilidade de um treino aumentar os níveis de stress a<br />

um individuo já stressado é muito alta, e com isso, o estado<br />

do corpo tende a piorar. A realidade, é que a todo o instante<br />

somos prisioneiros da nossa química: os níveis de açúcar de<br />

sangue, as proporções de hormonas ou os humores e irritações<br />

do dia-a-dia aumentam diretamente os nossos níveis de<br />

energia e a capacidade de recuperação de qualquer sessão de<br />

treino.<br />

Daí que, muitas vezes, sessões de treino mais leves e joviais<br />

podem ser muito mais produtivas para o aumento da performance.<br />

Mas, antes de mais, é preciso entender três variantes:<br />

1. O movimento cria emoções: a inércia por um tempo<br />

prolongado, leva a uma diminuição do fluxo de sangue,<br />

o que por sua vez, piora o humor. Manter algum tipo de<br />

movimentos durante o dia, mesmo em tempos de descanso<br />

é crucial para o aproveitamento dos treinos.<br />

2. Auto-motivação: Criar e viver num ambiente positivo<br />

influencia as suas emoções e acarreta consigo uma<br />

química hormonal mais propícia ao desenvolvimento físico.<br />

3. Níveis de açúcar no sangue: eles agem como um<br />

estabilizador hormonal e como consequência, na forma<br />

como nos sentimos. Ter atenção r<strong>ed</strong>obrada às refeições<br />

é o primeiro passo para melhorar o humor (horas entre<br />

refeições, valores nutricionais, etc).<br />

“A inteligência emocional é um componente<br />

chave para a manutenção de um estilo de<br />

vida saudável e equilibrado. A positividade<br />

vai beneficiar não só o seu corpo, mas também<br />

a vida pessoal e mesmo a vida profissional.<br />

Tornando-se mais feliz, será também<br />

um atleta melhor” Nan Baldwing<br />

5-HTP<br />

O Suplemento<br />

da Felicidade?<br />

5-HTP é a abreviação do nome: 5-hidroxitriptofano. É um<br />

composto natural que actua como um precursor do neurotransmissor<br />

da “felicidade” chamado de serotonina e do<br />

“sono” a melatonina. É derivado de uma planta Africana,<br />

Griffonia simplicifolia. A serotonina é de vital importância<br />

para o nosso bem-estar. A falta deste neurotransmissor foi<br />

detectada em pacientes com quantidades excessivas de<br />

ansi<strong>ed</strong>ade, sintomas de depressão e distúrbios alimentares<br />

como a bulimia. 5-HTP é uma terapia subtil e suave para<br />

aumentar os níveis de serotonina.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • <strong>10</strong>3


O<br />

A BIOMECÂNICA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

Agachamen<br />

é um exercício<br />

utilizado pa<br />

desenvolvime<br />

musculatur<br />

memb<br />

inferio<br />

AGACHAMENTO<br />

Daniel A. Corrêa,<br />

Mestre em Educação Física (UNIMEP) Especialista em Fisiologia<br />

do Exercício-Prescrição do Exercício<br />

daniel_corves@hotmail.com<br />

<strong>10</strong>4 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


to<br />

treinamento de força são exercícios<br />

realizados em academias em que a<br />

força muscular atua em vencer uma<br />

resistência pela contração muscular,<br />

com diferentes objetivos: estéticos,<br />

recreacionais, terapêuticos, condicionamento<br />

físico e desempenho atlético<br />

(1,2). O exercício agachamento é um<br />

exercício muito utilizado em academias<br />

de musculação visando o desenvolvimento<br />

da musculatura dos membros<br />

inferiores com diferentes variações e<br />

condições, o exercício agachamento<br />

pode influenciar nas mudanças da ação<br />

dos músculos envolvidos aumentando<br />

e/ou diminuindo a performance (3).<br />

Os grupos musculares solicitados<br />

no exercício agachamento atuam de<br />

acordo com sua ação cinesiológica, os<br />

extensores de quadril que são formados<br />

pelos músculos glúteo máximo, semitendíneo,<br />

semimembranáceo e bíceps<br />

femoral; extensores do joelho formados<br />

pelos músculos vasto m<strong>ed</strong>ial, vasto lateral,<br />

vasto interm<strong>ed</strong>iário e reto femoral;<br />

e os flexores plantares formados pelos<br />

músculos sóleo e gastrocnêmios (lateral<br />

e m<strong>ed</strong>ial) (4).<br />

O agachamento possui músculos que<br />

são direcionados pela ação do exercício<br />

que movimentam de duas<br />

ou mais articulação chamados<br />

de multiarticulares (1).<br />

A atuação da articulação<br />

durante o movimento de<br />

flexão e extensão do quadril<br />

e joelho, tem a participação<br />

de uma grande<br />

quantidade de massa<br />

muscular que atua em uma<br />

maior sobrecarga e demanda<br />

metabólica em comparações a<br />

menores grupamentos musculares<br />

(2).<br />

muito<br />

ra o<br />

nto da<br />

a dos<br />

ros<br />

res<br />

O exercício agachamento pode variar<br />

sua amplitude durante o movimento,<br />

em relação a flexão da articulação do<br />

joelho, sendo agachamento parcial (até<br />

40º), meio agachamento (70-<strong>10</strong>0º) e<br />

agachamento total (acima de <strong>10</strong>0º) (5).<br />

O estudo de Caterisano e colaboradores<br />

(6), mostraram que apenas o glúteo<br />

máximo apresentou maior ativação<br />

durante a fase concêntrica do agachamento<br />

realizado com três repetições<br />

com <strong>10</strong>0-125% do peso corporal<br />

em indivíduos homens treinados,<br />

sendo que quanto maior amplitude<br />

de deslocamento maior sua participação<br />

(parcial: 28%, meio-agachamento:<br />

16,9% e total: 35,4%).<br />

Curiosamente, a observação na<br />

posição da barra e amplitude do<br />

movimento se torno importante<br />

para compreender melhor o comportamento<br />

da ativação muscular.<br />

O estudo de Contreras e colaboradores<br />

(7) recentemente investigou<br />

em treze mulheres com experiência<br />

no treinamento de força a atividade<br />

mioelétrica dos músculos glúteo<br />

máximo superior, glúteo máximo<br />

inferior, bíceps femoral e vasto lateral<br />

durante a execução do exercício<br />

agachamento em três posições,<br />

sendo realizado o agachamento<br />

frontal (barra em cima dos ombros),<br />

paralelo e total.<br />

Entre as três posições de agachamento<br />

foi observada nos músculos<br />

glúteo máximo superior e glúteo<br />

máximo inferior menor ativação<br />

quando comparados ao músculo<br />

vasto lateral. O agachamento frontal<br />

e total apresentaram maior ativação<br />

do músculo vasto lateral em<br />

relação ao agachamento paralelo.<br />

Desta forma, o agachamento frontal,<br />

paralelo e total apresentam maior<br />

efeito na ativação do vasto lateral<br />

em comparação ou glúteo, uma<br />

vez que se utilizam na prática o<br />

agachamento total com intuito de<br />

maior solicitação da musculatura do<br />

glúteo. Para os autores (6), o agachamento<br />

frontal apesar de exigir<br />

cargas durante o treino mais baixas,<br />

apresenta uma alternativa de treinamento<br />

viável, no qual pode fornecer<br />

estímulo na musculatura durante a<br />

sessão do treino semelhante ao agachamento<br />

por trás.<br />

Estudo de Gullet e colaboradores (8)<br />

observaram em indivíduos treinados<br />

com um grupo composto de (9<br />

homens e 6 mulheres), que o exercício<br />

agachamento atrás resultou<br />

em mais altas forças compressivas e<br />

torques internos quando comparado<br />

ao agachamento a frente. A força de<br />

cisalhamento e atividade muscular<br />

foram similares em ambas as técnicas.<br />

Assim, o agachamento frontal<br />

passa a ser uma alternativa de exercício<br />

para pessoas com problemas<br />

de joelhos e menisco, devido a um<br />

menor estresse na articulação do<br />

joelho prevenindo a possíveis incômodos<br />

articulares.<br />

Desta forma, a questão sobre fazer<br />

o agachamento total é um tipo de<br />

exercício que não são adequados<br />

para todos, uma vez que a necessidade<br />

de uma boa amplitude de<br />

movimento nas articulações dos<br />

membros inferiores e um fortalecimento<br />

nos músculos dos membros<br />

inferiores através de outros exercícios,<br />

são necessários a uma melhor<br />

técnica (7,8). Indivíduos com<br />

flexão de quadril limitada, devido a<br />

patologias ou morfologia, não serão<br />

capazes de realizar o agachamento<br />

total, pois a exigência da coluna<br />

vertebral durante o movimento pode<br />

levar a desconforto musculares ou<br />

até mesmo lesão ao longo do tempo<br />

(8).<br />

Referências Bibliográficas<br />

1. Prestes, J., Foschini, D., Marchetti, P.H,<br />

Charro, M.A. Prescrição e periodização do<br />

treinamento de força em academias. Vol.1,<br />

20<strong>10</strong>, São Paulo: Fhorte.<br />

2.Marchetti, P.H, Lopes, C. R. Planejamento<br />

e prescrição do treinamento personalizado:<br />

do iniciante ao avançado. Vol.1. 2014:<br />

Editora Mundo.<br />

3.Marchetti, P.H. Gomes, W.A., Luz Junior,<br />

D.A., Giampaoli, B., Amorim, M.A., Bastos,<br />

H.L., Ito, D.T, Vilela Junior, G.B., Lopes,<br />

C.R, Bley, A.S. Aspectos neuromecânicos<br />

do exercício agachamento. Revista CPAQV,<br />

2013. 2(7): p.1-16.<br />

4.Marchetti, P.H., Calheiros Neto, R.B.,<br />

Charro, M.A. Biomecânica Aplicada: Uma<br />

abordagem para o treinamento de força.<br />

2007. São Paulo: Phorte.<br />

5. Schoenfeld, B.J. Squatting kinematics<br />

and kinetics and their application to exercise<br />

performance. J Strength Cond Res., 20<strong>10</strong>.<br />

24(12): p.3497-3506.<br />

6.Caterisano A, Moss RF, Pellinger TK,<br />

Woodruff K, Lewis VC, Booth W, et al.<br />

The effect of back squat depht on the EMG<br />

activity of 4 superficial hip and thigh muscles.<br />

Journal of strength and conditioning<br />

research / National Strength & Conditioning<br />

Association, 2002. 16(3): p.428-432.<br />

7.Contreras, B., Vigotsky, A. D.,<br />

Schoenfeld, B. J., Beardsley, C., Cronin,<br />

J. A Comparison of Gluteus Maximus,<br />

Biceps Femoris, and Vastus Lateralis EMG<br />

Amplitude in the Parallel, Full, and Front<br />

Squat Variations in Resistance Train<strong>ed</strong><br />

Females. Journal of appli<strong>ed</strong> biomechanics,<br />

2015. 32(1): p.16-22.<br />

8.Gullett, J. C., Tillman, M. D., Gutierrez,<br />

G. M., & Chow, J. W. A biomechanical comparison<br />

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train<strong>ed</strong> individuals. The Journal of Strength<br />

& Conditioning Research, 2009. 23(1):<br />

p.284-292.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • <strong>10</strong>5


CARDIOTÉNIS<br />

Bat<br />

Sup<br />

<strong>10</strong>6 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


O treino muscular de<br />

Ben Affleck e Henry<br />

Cavill Para o filme BvS<br />

man<br />

Diogo Sampaio, Colunista Desporto&<strong>Esport</strong> d_sampaio@desportoeesport.com<br />

erman<br />

v<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • <strong>10</strong>7


Ben Affleck Super-herói<br />

na<br />

Meia-Idade<br />

Ben Affleck, mesmo sem saber,<br />

começou a treinar para o seu<br />

papel de Batman ainda em 2009,<br />

quando protagonizou e dirigiu<br />

o excelente The Town, na qual<br />

o americano representava um<br />

ladrão de banco e ex-jogador de<br />

hóquei americano. Para este papel<br />

era absolutamente necessário que<br />

o seu corpo estivesse em forma<br />

como nunca, e para o conseguir,<br />

Ben recorreu à ajuda do super<br />

treinador Walker Norton Jr. que<br />

anteriormente trabalhava com a<br />

equipa profissional Celtic Boston.<br />

Com idades semelhantes e infâncias<br />

semelhantes (nasceram e<br />

viveram a apenas algumas ruas de<br />

distância durante anos), tiveram<br />

uma química im<strong>ed</strong>iata. A que se<br />

soma, a admiração de Norton<br />

pela d<strong>ed</strong>icação e ética de trabalho<br />

de Ben. Na altura das filmagens o<br />

ator, que m<strong>ed</strong>e 1,92 metros, pesava<br />

uns exatos 90 quilogramas e<br />

tinha apenas 6,8 de percentagem<br />

de gordura.<br />

Os dois mantiveram à amizade,<br />

e ocasionalmente alguns treinos<br />

em conjunto, até que definitivamente<br />

se reencontraram em 2013,<br />

após a Warner Bros. Anunciar<br />

publicamente Ben tinha sido<br />

o escolhido para protagonizar<br />

o papel de Bruce Wayne na<br />

sequela do Homem de Aço - o<br />

reboot cinematográfico do Superhomem.<br />

Nos dias seguintes, a<br />

internet entrou num reboliço.<br />

A raiva com que a noticia teve<br />

picos sem proc<strong>ed</strong>entes, com perto<br />

de 1 milhão de pessoas a p<strong>ed</strong>ir<br />

o “desp<strong>ed</strong>imento” de Bem do<br />

papel. Neste momento, tanto Ben<br />

como Norton entenderam que<br />

tinham de dar tudo para conseguir<br />

os resultados de um corpo<br />

fisicamente perfeito e poderoso<br />

para o papel e bem diferente<br />

dos corpos de Christian Bale ou<br />

Michael Keaton. E após consulta<br />

com Snyder – o diretor do filme,<br />

os dois elaboraram um plano de<br />

treinos parecido com o que foi<br />

feito para o filme The Town, mas<br />

com objetivos mais ambiciosos.<br />

Bem tinha que ficar maior, muito<br />

maior. Afinal o humano Bataman,<br />

tinha que ser ou pelo menos<br />

parecer gigante para ter alguma<br />

hipótese contra um extraterrestre<br />

com super-poderes e duro como<br />

o aço. Na realidade, Ben queria<br />

um corpo que se assemelhasse<br />

mais com o corpo de Batman<br />

da Banda desenhada de com as<br />

anteriores revisitações da personagem<br />

no cinema e televisão.<br />

O próprio estudo quis no início<br />

que Ben se transformasse em um<br />

jovem Arnold Schwarzenegger.<br />

“Obtemos uma boa gargalhada<br />

com essa intensão”, diz Norton.<br />

“Afinal estamos a falar sobre<br />

talvez o melhor corpo de todos os<br />

tempos “. Eventualmente, a lógica<br />

prevaleceu, e o foco alterou-se<br />

para transformar Bem em um<br />

lutador MMA de peso pesado.<br />

Por 15 meses, Norton e Ben treinaram,<br />

onde quer que estivesses<br />

no mínimo por 90 minutos até<br />

duas 2 horas e meia por dia,<br />

normalmente por seis dias por<br />

semana, mesmo por entre as<br />

várias filmagens do americano,<br />

inclusive no filme Gone Girl de<br />

David Finch, obrigando Ben a<br />

levantar-se às 4 horas da manhã,<br />

e depois ainda encarar 14 horas<br />

de filmagem seguidas, com um<br />

realizador que é conhecido por<br />

<strong>10</strong>8 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • <strong>10</strong>9


Ben Affleck - O Homem-Morcego<br />

Plano de Treino<br />

... ser o mais duro com os<br />

atores, exigindo muitas vezes,<br />

mas de 50 taques por cena,<br />

quando a maioria se contenta<br />

com cinco ou seis, e mesmo os<br />

mais exigentes nunca vão além<br />

a dúzia de repetições.<br />

Outro desafio, durante as filmagens<br />

do filme de Fincher, era<br />

que a personagem de Ben, um<br />

homem deveria aparentar uma<br />

ressaca que nunca desvanecia,<br />

não podia inchar demasiado<br />

ou ter demasiado músculo. O<br />

foco, foi então em estabelecer<br />

uma boa base para o músculo,<br />

para que ele se desenvolvesse<br />

mais rapidamente após as filmagens.<br />

Quando as filmagens terminaram<br />

em 2014, Ben fe o seu<br />

treinador foram para Detroit,<br />

onde numa garagem convertida<br />

em ginásio, começaram<br />

o extenuante treino (ver ao<br />

lado). Por entre um programa<br />

hibrido de partes iguais de<br />

musculação e exercícios funcionais,<br />

o americano chegou ao<br />

resultado pretendido: <strong>10</strong>3 kg<br />

em um corpo de apenas 7,9%<br />

de gordura corporal. Neste<br />

processo, a nutricionista Rehan<br />

Jalali foi fundamental para projetar<br />

a dieta do actor. Um dia<br />

típico: Ovos brancos e farinha<br />

de aveia na parte da manhã;<br />

salada, proteína de casal e<br />

vegetais no almoço; peixe ou<br />

frango no jantar com couves<br />

de Bruxelas, couve-flor, ou<br />

brócolos. Novamente Norton<br />

surpreendeu-se com a disciplina<br />

espartana de Ben: “Ele foi um<br />

dos melhores atletas com quem<br />

já trabalhei”.<br />

#Dia 1<br />

O trabalho de Bem no<br />

ginásio era rígido, 6 dias<br />

por semana e várias<br />

horas diárias. Ao lado,<br />

podemos ver a sua rotina<br />

no primeiro dia da semana.<br />

Pode também consultar<br />

no nosso blog todo o<br />

esquema de exercícios do<br />

norte-americano.<br />

Bench Press 1 min (<strong>10</strong> repetições)<br />

Arnold Dumbbell Press (<strong>10</strong> repetições)<br />

Dips 12 (3 repetições)<br />

Dumbbell Exercise 1 min (12 repetições)<br />

Biceps Curls 1 min (<strong>10</strong> ou 12 repetições)<br />

Pullup <strong>10</strong>+<br />

Consulte o plano completo em: http://www.desportoeesport.com/superman-vs-batman/<br />

1<strong>10</strong> • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Cavill não é um estranho ao<br />

papel de Superman, já em<br />

2013 lhe tinha dado vida<br />

para o grande ecrã no filme<br />

Homem de Aço, e de novo<br />

voltou a juntar esforços com<br />

Mark Twight, o supremamente<br />

meticulosa treinador<br />

de força e co-proprietário do<br />

Ginásio Jones em Salt Lake<br />

City. Se no primeiro filme,<br />

Cavill já tinha adquirido mais<br />

de 9 kg de músculo (no seu<br />

já bem definido físico), para<br />

este novo filme, o objetivo<br />

tinha de ser mais ambicioso.<br />

Até porque o Super Homem<br />

não pode ficar diminuído ao<br />

lado do Batman.<br />

Tal como tinha acontecido<br />

com Ben, Cavill também<br />

teve que começar o seu<br />

treino para o filme durante<br />

as filmagens, neste caso no<br />

filme de Guy Richie - The<br />

Man from U.N.C.L.E, mas<br />

o britânico teve algumas<br />

vantagens em relação ao<br />

ator americano. Primeiro,<br />

a sua estrutura muscular já<br />

vinha trabalhada do primeiro<br />

filme, e tem menos <strong>10</strong> anos<br />

de idade, o que parecendo<br />

que não, no desenvolvimento<br />

muscular, conta bastante.<br />

Ainda assim, tal como aconteceu<br />

com Affleck, os dias de<br />

filmagem foram usados por<br />

Mark para dar uma melhor<br />

estrutura muscular e não para<br />

ganhar mais massa muscular<br />

– já que o papel interpretado<br />

pelo “SuperMan” no filme<br />

não admitiria um homem<br />

super-musculado. A d<strong>ed</strong>icação<br />

do ator foi tão grande ao<br />

treino, que passou o feriado<br />

de natal, trancado no ginásio<br />

em Salt Lake City.<br />

Os objetivos foram semelhante<br />

ao que foi definido<br />

para o primeiro filme, só que<br />

maior e mais forte – na prática,<br />

isto significa, mais massa<br />

muscular. Para isso era preciso<br />

comer, e ele ingeriu em<br />

média 5.000 calorias por dia.<br />

Este super plano de nutrição,<br />

era ainda suportado por um<br />

plano de treino de duas horas<br />

diária de ginásio, seis dias<br />

por semana, durante 6 meses<br />

O seu super treino deu<br />

frutos, Cavill que tem 1,85<br />

ficou com um peso final de<br />

90kg e uma gordura corporal<br />

de apenas 8%, o que<br />

significa que ganhou quase<br />

mais 6kg de musculo em<br />

relação ao filme anterior. E o<br />

treino não deu só músculo ao<br />

britânico, mas muita força.<br />

Afinal o seu aproxima-se dos<br />

230kg.<br />

Henry Cavill<br />

Mais<br />

que um<br />

Homem<br />

Cavill regressa uma vez mais ao<br />

papel de “homem de aço”, mas<br />

com expetativas r<strong>ed</strong>obradas, e o<br />

peso de ter um super motivado<br />

Bem Affleck como adversário.<br />

Consulte o plano completo em: http://www.desportoeesport.com/superman-vs-batman2/<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 111


O EMOCIONAL E O<br />

RACIONAL DE UM P R E S I D E N T E<br />

DE UM CLUBE DE FUTEBOL<br />

“Para se “dirigir um clube de futebol” deve-se possuir, acima de tudo, um<br />

“espírito de missão de serviço público” associado à capacidade de<br />

compreender as suas próprias limitações de gestor, pois, não devemos ser<br />

emocionais, descurando a componente da racionalidade”<br />

Júlio Coelho, Docente e Investigador, na área da Economia e Gestão, no Instituto Politécnico de<br />

Leiria / ESTM.Ex-jogador e ex-presidente de clube com o nível II de treinadores de futebol.Autor do<br />

livro: “Formar Jovens Futebolistas: um projeto formativo dos 6 aos 18 anos”<br />

jcoelho@ipleiria.pt<br />

O futebol tem conquistado uma importância crescente no<br />

campo desportivo e económico, devido ao seu impacto na<br />

imprensa e aos montantes que envolve e que periodicamente<br />

vêm a público. Assim, não será de estranhar que esta<br />

modalidade desportiva tenha impactos nas economias locais<br />

e nacionais, quer pelos montantes que diretamente envolve,<br />

quer pelas dinâmicas que provoca no chamado “Turismo<br />

Desportivo”. Por outro lado, também não será de estranhar<br />

que, nos casos mais “apetecíveis” surjam frequentemente<br />

candidatos a presidente, até porque tal proporciona, também,<br />

uma projeção pessoal e, muitas vezes, de natureza<br />

financeira.<br />

Ora, ser presidente de um Clube de Futebol (de futebol,<br />

porque maioritariamente é esta a modalidade de maior<br />

projeção desse clube – particularmente em Portugal; nos<br />

outros casos, as ocorrências nem sequer são publicitadas ou<br />

noticiadas!), não devia ser, apenas, porque “se quer”, mas<br />

devia juntar a esta premissa, a condição de “se sabe ser”.<br />

Assistimos, frequentemente a casos onde estas duas condições,<br />

ou premissas, não se verificam. E nestes casos, relevam-se<br />

sempre as questões emocionais, ficando as questões<br />

racionais, para segundo plano. Por isso, não podemos<br />

estranhar que esses dirigentes, ou presidentes, pautem a sua<br />

agenda nas matérias relacionadas com as questões emocionais,<br />

esquecendo-se, ou propositadamente deixando de lado,<br />

as questões racionais, económico-financeiras da sustentabilidade<br />

do clube.<br />

Depois, nesta linha, há sempre espaço para as “manobras”<br />

contabilísticas que possam dar a ideia da existência dessa<br />

mesma sustentabilidade, mas que na verdade, sobrevalorizam<br />

ativos, que é como quem diz, ocultam créditos obtidos,<br />

para assim “encobrirem” os pesados passivos. Isto, é conseguido<br />

com as “cláusulas de rescisão” de jogadores, que<br />

mais do que traduzirem o verdadeiro “valor desportivo”,<br />

ou “goodwill” desse atleta, têm como principal objetivo<br />

“camuflar” passivos. A prova disso mesmo é que, quando<br />

esses tais atletas são depois “vendidos”, nunca, ou muito<br />

raramente, são pelos valores das referidas “cláusulas de<br />

rescisão” (refiro-me apenas ao caso português!).<br />

Por isso, os motivos que devem levar a presidir<br />

a um clube de futebol, não pode ser apenas por<br />

razões emocionais, mas deve ser principalmente por<br />

razões racionais, onde a “missão de serviço público”<br />

esteja sempre presente (até porque, há sempre um<br />

público anónimo, a quem se deve respeito – o sócio<br />

e o simpatizante, mas também todo aquele que é<br />

adepto do futebol, independentemente da sua “clubite”).<br />

As estratégias de “shotgun”, em nada têm<br />

a ver com a verdadeira função de um presidente,<br />

pois, os seus objetivos estão mais relacionados com<br />

a componente emocional, relegando para segundo<br />

plano a componente racional (de natureza económico-financeira).<br />

112 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


É curioso verificar que quando<br />

olhamos para os presidentes dos<br />

clubes europeus, em particular, mas<br />

em geral para a grande maioria dos<br />

clubes mundiais, só são do conhecimento<br />

público os “casos de polícia”<br />

(tirando honrosas exceções), ou os<br />

“casos mais m<strong>ed</strong>iáticos”, pois, todos<br />

os outros acabam por lidar com<br />

os seus clubes como “verdadeiras<br />

empresas”, traduzidas em Soci<strong>ed</strong>ades<br />

Anónimas Desportivas – SAD.<br />

Cada vez mais se reconhece que a<br />

dimensão económico-financeira de<br />

um clube, que se traduz nas SAD´s,<br />

são o motor das dinâmicas “emocionais”<br />

dessas organizações. Por<br />

conseguinte, presidir a um clube<br />

de futebol é presidir ou gerir uma<br />

“empresa”, onde o controlo dos custos<br />

deve ser preocupação permanente<br />

(evitando-se casos de falência, como<br />

vão ocasionalmente ocorrendo!),<br />

associado às preocupações relativas<br />

às receitas e à melhor forma de as<br />

obter. Talvez por isso, alguns clubes<br />

tenham assumido, de há uns anos a<br />

esta parte, que uma das suas principais<br />

fontes de receita, deve ser a<br />

sua própria formação de jogadores<br />

(repare-se, normalmente um clube<br />

de referência possui cerca de 20 a<br />

30 jovens atletas, que reúnem condições<br />

para passar para a equipa<br />

principal, quase ao mesmo tempo.<br />

Naturalmente, que nem todos o conseguem,<br />

logo, há que potenciar todos<br />

os restantes, através da “venda”).<br />

Assim, e em jeito de síntese, para se<br />

“dirigir um clube de futebol” deve-se<br />

possuir, acima de tudo, um “espírito<br />

de missão de serviço público” associado<br />

à capacidade de compreender<br />

as suas próprias limitações de gestor,<br />

pois, não devemos ser emocionais,<br />

descurando a componente da<br />

racionalidade económico-financeira,<br />

porque caso contrário, o futuro pode<br />

ficar comprometido, para todos, até<br />

para os “mais emotivos”.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 113


Ansi<strong>ed</strong>ade<br />

e Pós<br />

Pré<br />

Competitiva<br />

Tiago Tavares, Especialista em Psicologia do Desporto e Coaching desportivo, com pesquisa e<br />

artigos científicos publicados na área do tema abordado no texto<br />

tiagoastavares@gmail.com<br />

A ansi<strong>ed</strong>ade na competição constitui um problema que afeta todos os que estão ligados à competição sendo direta<br />

ou indirectamente, desde os atletas, treinadores, pais, árbitros, dirigentes e até mesmo púbico em geral. É de conhecimento<br />

geral que estes agentes do desporto estão constantemente sujeitos a estas pressões psicológicas, não<br />

sendo de estranhar que estes tenham dificuldade em lidarem e enfrentarem com eficácia as exigências<br />

competitivas. A Ansi<strong>ed</strong>ade Desportiva traduz-se num estado de excitação descontrolada. Pode ser vista como<br />

uma reação emocional a diversos estímulos de angustia, em que os atletas podem -se enfrentar com um<br />

elevado estado de excitação e serem assistidos por sentimentos de desconforto e de apreensão.<br />

Ansi<strong>ed</strong>ade Pré-competitiva<br />

Ansi<strong>ed</strong>ade é um estado emocional<br />

desagradável de m<strong>ed</strong>o ou apreensão,<br />

quer na ausência de perigo ou ameaça<br />

identificável, quer quando a mesma<br />

alteração emocional é claramente<br />

desproporcionada em relação à intensidade<br />

real do perigo.<br />

A proximidade do jogo aumenta os<br />

níveis de ansi<strong>ed</strong>ade pré-competitiva,<br />

mostrando que quanto mais próximo o<br />

inicio do jogo, alguns atletas começam<br />

a sentirem-se mais ansiosos, pois o jogador<br />

em vez de aguardar com alegria e<br />

entusiasmo o jogo acaba por recear o<br />

seu inicio. Isto acontece quando o atleta<br />

vive com o sentimento do “ m<strong>ed</strong>o de<br />

falhar” e assim assiste-se a um aumento<br />

da ansi<strong>ed</strong>ade.<br />

Sintomas da Ansi<strong>ed</strong>ade<br />

Fisiológicos<br />

• Tremura<br />

• Hipertonia muscular<br />

• Inquietação<br />

• Hiperventilação<br />

• Sudação<br />

• Palpitações<br />

Cognitivos<br />

• Apreensão e inquietação<br />

psíquica<br />

• Hipervigilância<br />

• Alteração da vigilância (distractibilidade,<br />

perda de concentração,<br />

insónias)<br />

Ansi<strong>ed</strong>ade Competitiva<br />

Consiste numa resposta à percepção<br />

de ameaças que podem ocorrer quer<br />

nos momentos de aprendizagem (treinos,<br />

preparação para uma competição<br />

importante, por exemplo), quer nos<br />

momentos de avaliação dessa mesma<br />

aprendizagem (competições). Este tipo<br />

de ansi<strong>ed</strong>ade vai sendo experienciado<br />

ao longo das competições e em todos<br />

os momentos de avaliação.<br />

Estado de Ansi<strong>ed</strong>ade Vs Traço<br />

de Ansi<strong>ed</strong>ade<br />

Estado de Ansi<strong>ed</strong>ade – é identificado<br />

como um estado emocional im<strong>ed</strong>iato e<br />

transitório que varia de intensidade e<br />

no tempo (tem como referência o contexto),<br />

caracterizado pelo sujeito e pela<br />

sua consciente percepção de sentimentos<br />

de apreensão e tensão, acompanhados ou<br />

associados com a activação do sistema nervoso<br />

autónomo (SNA). O EA é induzido<br />

quando durante uma avaliação processual<br />

os estímulos exteriores são reconhecidos<br />

como ameaçadores. Pessoas muito ansiosas<br />

tendem a responder a estas situações com<br />

um aumento do estado de ansi<strong>ed</strong>ade.<br />

Traço de Ansi<strong>ed</strong>ade – ansi<strong>ed</strong>ade como<br />

traço de personalidade, deve ser vista como<br />

as diferenças individuais relativamente<br />

estáveis na tendência para a ansi<strong>ed</strong>ade,<br />

diferenças na disposição para perceber<br />

como perigosas, e para responder a tais<br />

ameaças como reacções de ansi<strong>ed</strong>ade estado.<br />

Esta ansi<strong>ed</strong>ade reflete diferenças individuais<br />

na frequência e intensidade com<br />

que cada estado de ansi<strong>ed</strong>ade ocorreu no<br />

passado e proporciona informação acerca<br />

da probabilidade de ocorrência no futuro.<br />

Refere-se a uma tendência ou disposição<br />

comportamental adquirida que influencia o<br />

comportamento.<br />

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Dimensões da Ansi<strong>ed</strong>ade<br />

Ansi<strong>ed</strong>ade Cognitiva – é vista como as<br />

preocupações e expectativas negativas<br />

acerca do rendimento e auto-avaliação<br />

negativa. Consiste em pensamentos<br />

negativos e preocupações sobre a performance,<br />

incapacidade para se concentrar<br />

e atenção disruptiva. Trata-se<br />

de uma componente mental do estado<br />

de ansi<strong>ed</strong>ade causada pelo m<strong>ed</strong>o de<br />

uma avaliação negativa e que causa<br />

reacções, tais como o m<strong>ed</strong>o, apreensão,<br />

apatia, desinteresse, pensamentos negativos.<br />

A ansi<strong>ed</strong>ade cognitiva deverá ser<br />

um m<strong>ed</strong>iador mais poderoso no rendimento<br />

ao longo da competição, porque<br />

as expectativas de sucesso podem<br />

mudar em qualquer altura durante a<br />

competição e ter um poderoso efeito no<br />

rendimento.<br />

Ansi<strong>ed</strong>ade Somática – reporta-se às<br />

percepções dos sintomas corporais<br />

causados pela ativação do SNA, caracterizada<br />

por uma grande vari<strong>ed</strong>ade<br />

de sintomas somáticos como tremura,<br />

hipertonia muscular, inquietação,<br />

hiperventilação, sudação, boca seca,<br />

aumento da frequência cardíaca (FC),<br />

etc. A ansi<strong>ed</strong>ade somática refere-se a<br />

elementos fisiológicos e afectivos da<br />

ansi<strong>ed</strong>ade.<br />

Autoconfiança – deverá ser encarada<br />

como a inexistência de ansi<strong>ed</strong>ade cognitiva.<br />

A ansi<strong>ed</strong>ade cognitiva será vista<br />

como a falta de autoconfiança. Cruz<br />

e Viana conceptualizaram a autoconfiança<br />

no desporto no contexto de um<br />

“continuum” que varia entre a falta de<br />

confiança (pouca ou fraca confiança<br />

nas capacidades pessoais, manifestada<br />

pelos atletas através de expectativas<br />

negativas e pelas dúvidas relacionadas<br />

com a sua prestação) e a confiança<br />

excessiva (demasiada autoconfiança).<br />

Estes aspetos tendem a produzir elevados<br />

estados de ansi<strong>ed</strong>ade, bem como a<br />

perda das capacidades de atenção, concentração,<br />

originando incerteza quanto<br />

aos motivos de participação. A autoconfiança<br />

pode ser considerada um fator<br />

de diferença individual que engloba a<br />

percepção de confiança do atleta e que<br />

possui uma relação linear positiva com<br />

o rendimento. Tudo se baseia na convicção<br />

do atleta nas suas capacidades<br />

de aprendizagem e aperfeiçoamento das<br />

componentes técnico-tácticas, físicas e<br />

psicológicas.<br />

Fatores geradores da Ansi<strong>ed</strong>ade<br />

• Pressão Social (pensamentos<br />

pré-competitivos ligados ao m<strong>ed</strong>o do<br />

fracasso, decepcionar as pessoas, obrigação<br />

de vitória)<br />

• Expectativa da vitória projectada<br />

no atleta, pelos pais, treinador,<br />

público e comunicação social<br />

Fatores situacionais<br />

• Home Advantage (vantagem de<br />

jogar na própria casa)<br />

• Espetadores<br />

• Árbitros<br />

• Treinador<br />

• Colegas de Equipa<br />

• Pais/Familiares<br />

• Características Intrínsecas à<br />

Modalidade<br />

• Meios de Comunicação Social<br />

Fatores Individuais<br />

• Personalidade do atleta<br />

• Percepção do atleta a ruídos<br />

externos (aplausos, apupos, indiferença)<br />

• Idade e Experiência do atleta<br />

Diferenças entre Desportos<br />

Coletivos e Individuais<br />

Becker Jr. (2000), analisando os estudos de<br />

Martens (1977), identificou níveis diferenciados<br />

de ansi<strong>ed</strong>ade quanto à estrutura<br />

do desporto individual ou coletivo. Os<br />

atletas de desporto individual apresentam<br />

maior nível de ansi<strong>ed</strong>ade do que os<br />

de equipa, especificamente na natação<br />

e no atletismo (talvez em decorrência<br />

de cada atleta saber que não há como<br />

se recuperar de uma má saída). Além<br />

disso, nos desportos individuais os atletas<br />

não compartilham a responsabilidade,<br />

expondo-se sozinhos a uma avaliação<br />

direta dos espectadores, gerando uma<br />

pressão desproporcional à demonstração de<br />

excelência na performance.<br />

a) Os níveis de ansi<strong>ed</strong>ade traço competitiva<br />

apresentaram uma r<strong>ed</strong>ução significativa<br />

após o término da partida que quando<br />

comparados na situação pré-competitiva,<br />

entretanto, esses níveis ainda são considerados<br />

altos segundo os valores de referencia<br />

da escala utilizada e;<br />

b) Atletas mais jovens apresentam níveis<br />

mais altos de ansi<strong>ed</strong>ade traço competitiva,<br />

o que permite inferir que esta variável<br />

pode ser modulada pela idade e<br />

experiência.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 115


As<br />

R<strong>ed</strong>es Sociais como uma das<br />

principais ferramentas para<br />

conquistar novos<br />

patrocínios<br />

Rafael Leitão, Formado em Design Digital com Pós Graduação em Marketing e Comunicação pela<br />

Universidade Mackenzie, fundador da agência Sportt, reponsável por ações de marketing esportivo com<br />

marcas como: SCA, Sanofi e Itaú<br />

Saiba mais em: rafaleitao.com<br />

Todos nós sabemos que é quase impossivel conseguir<br />

patrocinio nos dias de hoje, em meio a crise<br />

que varios paises estão passando, o apoio a atletas<br />

que estão iniciando se torna cada vez mais raro.<br />

Próximo as Olimpiadas no Brasil, o que vemos é<br />

um pais que inspira pelo momento esportivo, pela<br />

organização do evento mais importante que o pais<br />

já organizou, mas ao mesmo tempo ainda encontramos<br />

um país totalmente desolado por falta de apoio<br />

aos seus atletas.<br />

Se você acr<strong>ed</strong>ita que todos atletas olimpicos brasileiros tem apoio para participar<br />

de campeonatos no exterior, que todos os atletas conseguem ter condições<br />

e materiais esportivos para seu treinamento, que todos os atletas contam com<br />

apoio de patrocinio de empresas ou de intituições públicas, você esta totalmente<br />

engando. Isso tudo é o reflexo de uma base totalmente abandonada de<br />

apoio aos novos talentos.<br />

Iris Tang Sing é a primeira atleta brasileira garantida na disputa do taekwondo<br />

nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016, quando lê uma noticia<br />

como essa talvez pode pensar, ela teve todo apoio e patrocinio para chegar<br />

onde chegou. Infelizmente não. Arthur Zanetti, teve que solicitar apoio em r<strong>ed</strong>e<br />

nacional, para simplismente poder ter condições e apoio para treinar. Fico me<br />

perguntando, mas como ele chegou ao ouro e conquistou grandes resultados<br />

antes?<br />

116 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Todas essas são histórias que representam<br />

muitas outras por todo Brasil e por todo o<br />

mundo.<br />

Como podemos mudar esse cenário? Como<br />

eu atleta posso encontrar pessoas que possam<br />

me ajudar? Posso citar algo que irá ajudar<br />

muito, mas não será a solução de todos<br />

os seus desafios.<br />

Primeiro, comece escrevendo onde quer<br />

chegar. Sim, escreva bem grande e coloque<br />

em um lugar onde possa ler todos os dias.<br />

Pensar nesse objetivo a todo o momento,<br />

ser apaixonado e louco pelo o que faz, é o<br />

inicio do sucesso de cada objetivo.<br />

Agora, pense em como quer que as empresas,<br />

apoiadores, parceiros e intituições<br />

pública irá te avaliar, seu perfil é o seu<br />

cartão postal. Costumo utilizar uma frase<br />

bem importante, “quem não é visto, não<br />

é lembrado” e “a primeira impressão é a<br />

que fica”. Se você tiver somente uma oportunidade<br />

para se apresentar para seu futuro<br />

empresario e investidor, como irá se apresentar?<br />

Comece pensando que esse cara não<br />

terá muito tempo para te dar atenção, afinal<br />

hoje em dia o tempo está cada vez mais<br />

complicado. Para isso, vou te fazer algumas<br />

perguntas?<br />

Como está sua “Apresentação de Carreira”,<br />

quem é você, onde quer chegar, o que já fez<br />

e conquistou, como pensa em chegar lá?<br />

Tudo isso é essencial para ter como material,<br />

para depois apresentar a essa pessoa<br />

que poderá te ajudar.<br />

Além da apresentação que apresenta sua<br />

carreira, ou se esta começando, seus objetivos.<br />

Como utiliza as r<strong>ed</strong>es sociais para<br />

divulgar sua carreira. Hoje as r<strong>ed</strong>es sociais<br />

são ferramentas essenciais para unir, pessoas<br />

que querem apoiar com quem quer<br />

ser apoiado. Se não está lá, como quer ser<br />

encontrado? Se as empresas consomem<br />

conteúdos digitais e propagam suas marcas<br />

lá, onde está você que não está no mesmo<br />

ambiente?<br />

Como podemos melhorar a busca por esses<br />

patrocinadores, se transformando em digital<br />

e indo a procura desses apoiadores no ambiente<br />

que eles se encontram.<br />

Hoje, existem diversas ferramentas para<br />

divulgar sua carreira:<br />

Faça a produção e públique seus videos de<br />

conquistas, treinos, campeonatos e apresentação<br />

de seu perfil no Youtube ou Facebook.<br />

O conteúdo em formato video<br />

cresce 40% ao ano segundo dados<br />

do Youtube, perceba que essa é uma<br />

grande oportunidade. Se quiser ir<br />

além, faça um canal ou uma pagina<br />

sua, ou voce acr<strong>ed</strong>ita que só Cristiano<br />

Ronaldo pode ter uma página?<br />

Existem diversos sites templates (Wix<br />

e WordPress) que pode densevolver<br />

uma pagina de internet sobre você,<br />

se apresente e coloque o máximo de<br />

material que puder. Estamos na era de<br />

“Brand Content”, era do “Conteúdo”,<br />

você é uma marca, se divulgue.<br />

Você tem um perfil no Link<strong>ed</strong>in? Sim,<br />

seus apoiadores estão lá. Eles são<br />

empresários e executivos, vivem em<br />

uma ambiente digital de crescimento<br />

profissional, mesma coisa que você<br />

atleta, só que você vive do esporte<br />

e não na empresa. Faça um perfil,<br />

desenvolva um grupo e encontre pessoas<br />

como você.<br />

Agora o que não pode faltar é você<br />

fazer parte dessas sites em formato<br />

Crowndfunding, focado em conquistar<br />

apoiadores e patrocinadores para sua<br />

carreira ou projetos pontuais. Essa<br />

é uma tendencia que vem crescendo<br />

no Brasil, a utilização de ferramentas<br />

digitais estão sendo cada vez mais<br />

comum para conquistar apoio. Posso<br />

citar os sites abaixo:<br />

Sou do <strong>Esport</strong>e<br />

Site brasileiro com um quantidade<br />

bem grande de atletas e empresas<br />

apoiadoras. Criado a mais de 2 anos<br />

é um dos primeiros com esse objetivo<br />

no Brasil.<br />

http://www.soudoesporte.com.br/<br />

Atletas Brasil<br />

Primeiro site brasileiro de catalogo de<br />

atletas em formato muito próximo de<br />

r<strong>ed</strong>e social. Passou por uma grande<br />

reformulação nesse ultimo ano e teve a<br />

introdução de importantes beneficios.<br />

http://www.atletasbrasil.com.br/<br />

Kickante<br />

É o maior site de crownd funding no<br />

Brasil, com diversos tipos de projetos<br />

sociais que precisam de apoio, entre<br />

eles muitos esportivo.<br />

http://www.kickante.com.br/esportes<br />

Network 90<br />

Site em formato de r<strong>ed</strong>e social apoiado<br />

pelo atleta portugues, Figo. Famoso<br />

pelo alto número de atletas ligado ao<br />

futebol. Muito bom para quem quer<br />

conseguir patrocinio internacional ou<br />

jogar no exterior.<br />

https://www.network90.com/<br />

Playyon<br />

Site americano em formato de r<strong>ed</strong>e<br />

social, focado em unir atletas com outros<br />

atletas, atletas com patrocinadores.<br />

Seu grande beneficio está no design<br />

mobile, boa navegação e com número<br />

bem grande de ações pela plataforma<br />

mobile.<br />

https://www.playyon.com/<br />

Todas essas são dicas essenciais para<br />

conseguir um patrocinio, um grande<br />

passo para iniciar a busca.<br />

Utilize o Digital ao seu favor, ela é<br />

muito mais do que uma ferramenta<br />

para conversar com amigos, é uma ferramenta<br />

de trabalho.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 117


118 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


A P O S T A S<br />

DESPORTIVAS<br />

Aprenda a calcular as<br />

verdadeiras odds dos<br />

jogos de futebol<br />

Diogo Sampaio, Colunista Desporto&<strong>Esport</strong> d_sampaio@desportoeesport.com<br />

O mercado de apostas desportivas no futebol movimenta dezenas<br />

de milhões de apostadores semanalmente em toda a europa, principalmente<br />

depois da chegada dos serviços de apostas online. O<br />

ganho, mais do que sorte, advém da aptidão do apostador prever<br />

o resultado final. A maioria chega lá por instinto ou por razões<br />

do coração, mas dada a pouca fiabilidade desta abordagem, as<br />

probabilidades de vitória são maioritariamente dos serviços de<br />

aposta e ao apostador serve o consolo de culpabilizar a “pouca<br />

sorte”, depois de ter os bolsos um pouco mais vazios. Alguns<br />

apostadores investigam e fazem o trabalho de casa, consultando<br />

todas as odds (probabilidades) das várias casas de apostas, e<br />

colhem dessa média a sua aposta. Esta é uma estratégia que promove<br />

resultados mais positivos, mas está longe de estar isenta de<br />

erros. Primeiro, porque cada casa de apostas tem o seu próprio<br />

algoritmo matemático para o cálculo final das odds (que nunca<br />

é conhecido), e depois, porque as odds vão variando em proporção<br />

direta com o montante de apostas. Em suma, dificilmente a<br />

odd representa a verdadeira possibilidade de determinado evento<br />

ocorrer (vitória de equipa A sobre equipa B, etc).<br />

O que propormos é uma terceira alternativa: calcule você as<br />

verdadeiras odds dos jogos de futebol! Como? Por modelos<br />

matemáticos de comprovada eficiência. Sim, parece complicado,<br />

e é complexo, mas com alguma d<strong>ed</strong>icação, é totalmente<br />

exequível, mesmo para não matemáticos. Aliás, o modelo que<br />

propomos para esta <strong>ed</strong>ição, precisa de saber bem mais de<br />

futebol e de Excel, do que ser um ás com os números.<br />

O modelo matemático a que nos propomos apresentar, essencialmente,<br />

e em termos muito básicos, criam um ponto de referência<br />

no qual é possível determinar a probabilidade de todos os resultados<br />

possíveis de uma determinada partida.<br />

Com este modelo, para além das maiores garantias que terá em<br />

cada aposta, poderá identificar o real valor de mercado de uma<br />

aposta, e por consequência se, é ou não, favorável para si investir<br />

o seu dinheiro nela.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 119


Calculando as Odds:<br />

Distribuição de<br />

Poisson<br />

O cálculo das probabilidades nas casas de apostas (sem interferências das<br />

verbas dos apostadores) e aquela que são discutidas na literatura e universidades<br />

são semelhantes nos pressupostos e nos modelos matemáticos usados.<br />

Mais que os algoritmos, muitas vezes, o mais importante é mesmo saber<br />

escolher com exatidão as variáveis a serem colocadas em equação, e isso<br />

depende mais dos conhecimentos de futebol do que habilidades matemáticas.<br />

E, por isso aconselhamos a que numa primeira fase, escolha uma liga/<br />

competição que conheça bem, e adapte a matemática (e escolha de variáveis)<br />

antes de partir para analises mais amplas e que envolvam mais ligas e um<br />

maior número de jogos.<br />

Pela sua simplicidade a que alia uma excelente percentagem de acertos, um<br />

bom algoritmo para se iniciar no calculo de odds no futebol é a distribuição<br />

de Poisson. O nome pode parecer estranho, assim como a equação que o<br />

define (que pode ver abaixo), mas o seu cálculo na prática é bastante simples,<br />

e as folhas de Excel já bem pré-definidas com a sua formula, pelo que<br />

nem precisa de conhecimentos matemáticos profundos.<br />

Na teoria da probabilidade e na estatística, “a<br />

distribuição de Poisson é uma distribuição de<br />

probabilidade de variável aleatória discreta<br />

que expressa a probabilidade de uma série de<br />

eventos ocorrer num certo período de tempo se<br />

estes eventos ocorrem independentemente de<br />

quando ocorreu o último evento.”<br />

Este algoritmo surge então como uma luva<br />

para os jogos de futebol, que como sabemos<br />

é uma das modalidades mais difíceis de traçar<br />

um traço probabilístico, devido à aleatori<strong>ed</strong>ade<br />

do jogo, que é aliás uma das suas características<br />

mais apaixonantes. Outro fator relevante<br />

deste algoritmo, é a sua abrangência e a hipótese<br />

de calcular estatisticamente o placar final<br />

ou invés da simples probabilidade “tripla”<br />

(vitória, empate ou derrota - que pode ser<br />

calculada posteriormente, bastando somar os<br />

diferentes resultados).<br />

Mas, vamos ao que importa: é efetivo?<br />

Consegue calcular com exatidão o resultado<br />

final? A resposta é sim, dentro dos principais<br />

algoritmos é um dos que produz resultados<br />

mais interessantes, como nos reporta o trabalho<br />

desenvolvido por Carlos Ceolato, “ChuteGol:<br />

Chance de um time em Gols”. Utilizando esta<br />

mesma metodologia, para o Brasileirão chegaram-se<br />

ao seguintes resultados: em 116 jogos<br />

analisados, ocorreu o resultado mais provável<br />

(50,65%), em 55 o resultado foi o de probabilidade<br />

média (24,02%) e apenas em 58, o de<br />

menor probabilidade (25,33%).<br />

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Nuno Sabido Ciclismo internacional, UCI e Futuro<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Edição <strong>10</strong> • 2016<br />

Novak<br />

Djokovic<br />

A arte de bater<br />

bolas sistematicamente<br />

em profundidade<br />

Futebol,<br />

Mitos vs. Realidade<br />

Matemática e Lógica<br />

Porque muito do que nos parece intuitivo é mentira<br />

Alexandre<br />

Monteiro<br />

Linguagem Corporal: seja<br />

um lider mais poderoso<br />

Batman<br />

SuperMan<br />

Descubra o que é<br />

necessário para se tornar<br />

num super-herói como<br />

Henry Cavill e Ben Affleck<br />

Fitness<br />

Emoção:<br />

O Suplemento<br />

Desconhecido<br />

APOSTAS<br />

Aprenda a<br />

calcular as<br />

odds reais<br />

nos jogos de<br />

futebol<br />

Fisiologia do<br />

Ciclista<br />

de BTT<br />

António Fidalgo: Capacidades Mentais dos Atletas de Sucesso<br />

Gostaria de receber a <strong>10</strong> <strong>ed</strong>ição da nossa revista Desporto&<strong>Esport</strong> pelo correio? Contactenos<br />

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de p<strong>ed</strong>idos).<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 121


Criando um<br />

modelo<br />

O Microsoft Excel (ou semelhante) vai<br />

tornar-se no seu melhor amigo. Se não<br />

tem familiaridade com o seu uso, é bom<br />

que perca algum tempo a conhecer as suas<br />

funcionalidades. Não é difícil e é bastante<br />

intuitivo, e caso sinta alguma dificuldade,<br />

pode sempre “googolar” e rapidamente<br />

encontrará a resposta ao. O seu segundo<br />

melhor amigo, são os websites e portais de<br />

estatística de futebol. Precisará de dados,<br />

muitos dados, e esta é a forma mais acessível<br />

de os conseguir. Não aconselhamos<br />

nenhum, e deixamos isso ao seu critério.<br />

Caso seja um “coca-bichinhos” do futebol<br />

e já tiver por si compilado esses dados,<br />

como é logico pode e deve usa-los.<br />

Copie então todos os resultados, frisando<br />

uma vez mais quantos mais melhor, para<br />

a folha de Excel. Mesmo que exc<strong>ed</strong>a o<br />

número de dados mais do que considera<br />

necessário, pode sempre numa segunda<br />

fase exclui-los, e caso, porventura em<br />

alguma análise futuro precise deles, já os<br />

tem.<br />

Nesta primeira fase, deve guardar o Nome<br />

das equipas, o Placar Final, e os Golos<br />

marcados (Casa e Fora) para cada<br />

encontro individualmente.<br />

Após ter todos estes dados organizados,<br />

usando essa mesma folha de Excel, vamos<br />

calcular a média de quatro variáveis:<br />

Média de golos marcados em casa,<br />

Média de golos sofridos em casa, Média<br />

de golos marcados fora e Média de golos<br />

sofridos fora.<br />

Este processo é relativamente simples, e<br />

grande maioria de nós está habituado a ele<br />

em tarefas do dia-a-dia. Por exemplo, para<br />

descobrir a média de golos marcados em<br />

casa, basta dividir o número total de golos<br />

marcados em casa pelo número total de<br />

jogos. Vamos imaginar que nesta época o<br />

Barcelona marcou 36 golos em casa em<br />

19 jogos, a média de golos marcados em<br />

casa é então de 1,89 (36/19=1,89). O processo<br />

é o mesmo para todas as restantes<br />

variáveis. Para se direcionar melhor pode<br />

chegar a estes cálculos, aconselhamos a<br />

que construa tabelas no Excel, e claro,<br />

que use as suas funcionalidade de cálculo.<br />

Deve também calcular a média da liga<br />

nestas 4 variáveis, estes valores vão ser<br />

usados já no próximo passo.<br />

Estas estatísticas são chave e agora<br />

que as temos, podemos usa-los para<br />

calcular a Força de ataque em<br />

casa, Força defensiva em casa,<br />

Força defensiva fora e Força de<br />

ataque fora. Novamente este é um<br />

processo simples de se executar e<br />

precisa apenas de dividir a Média<br />

de golos em casa da equipa A pela<br />

Média de golos de todas as equipas.<br />

Novamente usando o Barcelona (e<br />

números fictícios) como exemplo.<br />

A média de golos do Barcelona é<br />

então 1,89 (como calculado acima)<br />

contra 1,57 da Liga espanhola.<br />

1,89/1,57=1,20 o que equivale dizer<br />

que o Barcelona marca mais 20%<br />

de golos em casa que as equipas do<br />

campeonato espanhol de futebol.<br />

Uma tabela neste ponto é ainda mais<br />

importante para se organizar com<br />

os números e também facilita muito<br />

o próximo passo, onde a grande<br />

dificuldade é a recolha de<br />

informação.<br />

Agora antes de partirmos para<br />

a aplicação da Distribuição de<br />

Poisson, só falta mais um passo.<br />

Calcular a Expetativa de golos<br />

em casa e a Expetativa de golos<br />

fora. Isto só pode ser feito, já com<br />

um jogo particular em vista: para<br />

efeitos de exemplo, vamos imaginar<br />

um Barcelona vs. Sevilha (os dois<br />

venc<strong>ed</strong>ores das ultimas <strong>ed</strong>ições da<br />

Liga dos Campeões e Taça Uefa).<br />

Vamos então imaginar que o<br />

Barcelona joga em casa e tem uma<br />

força de ataque de 1,20, como “calculado”<br />

em pontos anteriores. E<br />

imaginando que o Sevilha tem uma<br />

Força defensiva fora de 1,07<br />

teríamos:<br />

1. Expetativa de golos em<br />

casa: Força de ataque em casa<br />

(1,20) x Força de defesa fora (1,07)<br />

x Média de golos em casa da Liga<br />

(1,57)= 2,02<br />

2. Expetativa de golos fora:<br />

Força de ataque fora x Força de<br />

defesa em casa x Média de golos<br />

fora da Liga =? Em que ? é 0,53<br />

para efeitos de exemplo<br />

122 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Sevilha<br />

Barcelona<br />

O mais difícil está feito e agora basta aplicar a distribuição de Poisson no<br />

Excel. A melhor forma de fazer isto é efetuando uma matriz com todos os<br />

resultados desde o 0-0 até o <strong>10</strong>-<strong>10</strong>. Poderá depois definir o intervalo de<br />

resultado à sua m<strong>ed</strong>ida. Na folha Excel a forma da distribuição de Poisson é:<br />

Poisson = (x, mean, cumulative)<br />

Onde:<br />

X= Numero de golos<br />

Mean= Expetativa de golo em casa/fora<br />

Cumulative: é coloca do a False, para retornar o valor definido<br />

em X<br />

Assim para o resultado 0-0 entre o Barcelona e o Sevilha em Cam Nou teriamos:<br />

((POISSON(Zero golos marcos, Expetativa golos casa (Barcelona),<br />

FALSE) X POISSON(Zero golos sofridos, Expetativa golos fora (Sevilha),<br />

FALSE)))X <strong>10</strong>0<br />

O que aplicando a formula já com os valores teriamos:<br />

((POISSON(0, 2.02, FALSE)X POISSON(0, 0.53, FALSE)))X<strong>10</strong>0= 7.808%<br />

Se usarmos então a matriz <strong>10</strong> por <strong>10</strong>, usando<br />

a formula de Poisson ficamos com uma matriz<br />

como à que podemos visualizar acima.<br />

Para além de poder encontrar as percentagens<br />

do placar final, se somar os vários resultados<br />

pode ainda encontrar as percentagens resultados<br />

mais favoráveis (empate, vitória ou<br />

derrota). Pode também calcular a probabilidade<br />

de vitória por mais de 2 golos, ou a probabilidade<br />

de existirem mais de 4 golos no jogo,<br />

entre muitas outras opções.<br />

O último passo é transformar as probabilidades<br />

em odds. Para calcular a odd é muito<br />

simples, e basta dividir <strong>10</strong>0 pela probabilidade.<br />

Por fim, saiba que as casas de apostas incluem<br />

uma margem extra, chamada de overround,<br />

para garantirem lucro, que varia entre 5 a 25%.<br />

O melhor é ficar-se por uma valor interm<strong>ed</strong>io<br />

de 7,5%, então pode recalcular o valor da sua<br />

odd multiplicando-a por 1,075.<br />

Agora é só decidir em quem e quanto apostar!<br />

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