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Jordânia

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JORDÂNIA<br />

perolada se destaca. Deslizando os pés pelo chão de mármore,<br />

ela segue coberta por uma espécie de xale, que só permite revelar<br />

alguns pequenos traços do rosto, enquanto o restante do corpo<br />

é tomado por um vestido branco, que determina algumas das<br />

curvas da moça. O sorriso e o olhar iluminados que ela ostenta<br />

ao marchar na direção de seu futuro marido contradizem a impressão<br />

depreciativa de um casamento possivelmente arranjado<br />

entre as famílias. Ela parece caminhar feliz para sua nova vida.<br />

Oriente de<br />

Descobertas<br />

Fora do hotel, a vibe se transforma, permitindo que se reconheça<br />

nas ruas, a realidade de uma parte do Oriente. Por vias apertadas,<br />

estão erguidos prédios bem grudados uns aos outros, que denunciam<br />

o fato da <strong>Jordânia</strong> não ser um país detentor de petróleo. Não<br />

há luxo, ou arquitetura visionária, mas construções esquecidas no<br />

tempo, tomadas por uma série de lojas, restaurantes e pequenos<br />

cafés, onde o ideal é experimentar os chás de ervas – sempre muito<br />

quentes, mas deliciosos – ou render-se a uma pequena loucura<br />

diante do desafio de decidir entre as túnicas e lenços típicos da tradição<br />

árabe nos mais diversos modelos e cores. Pelas calçadas, as<br />

mulheres são vistas de vestidos, saias e calças jeans, sempre cobertas<br />

pelo lenço na cabeça, ou mesmo pela burca, o que faz com que<br />

o diferente seja você, naturalmente chamando a atenção de olhares<br />

mais curiosos que não estão acostumados a ver a pele numa blusa<br />

regata, ou as curvas das pernas numa bermuda. Na dúvida sobre<br />

que traje usar, opte por aquele que não marcam seu corpo, muito<br />

menos os que o desnudam. Na interação entre homens e mulheres,<br />

as diferenças culturais são presentes e bastantes perceptíveis,<br />

de forma que para alguns árabes mais tradicionais a conversa e<br />

gracejo são possíveis, mas o toque de aperto de mãos com uma<br />

mulher não é bem visto por uns e muito menos aceito por outros.<br />

Em meio a esta urbe regrada por ruas meramente asfaltadas, hotéis<br />

glamorosos e casas simples de subúrbios, uma espécie de oásis de<br />

areia e rocha, - o Forte da Cidadela – se destaca no horizonte ao acolher<br />

remanescentes da supremacia romana traduzida na forma de<br />

colunas, teatro e fontes que ajudam a recontar os primórdios da capital<br />

da jordaniana, antes chamada de Rabbath-Ammon e Filadélfia.<br />

O interior deste grande sítio arqueológico é também endereço para o<br />

Museu Arqueológico da <strong>Jordânia</strong>, formalmente inaugurado em 1951,<br />

e onde estão peças que datam de 6 000 a.C.. Guardião de tesouros, na<br />

sua condição mais pura, o museu de medidas simples catalogou artigos<br />

em cerâmica, vidro, além de metal e pedra, que remontam à evolução<br />

humana, agregando entre os itens de maior curiosidade as estátuas<br />

de ‘Ain Ghazal feitas em gesso e um rolo de pergaminho escrito<br />

em aramaico. Antes de sair, note na recepção a foto do rei Abdullah<br />

II, de seu falecido pai Hussein, e de seu filho, o príncipe Hussein. Independente<br />

da rota escolhida, ver este trio de imagens no interior de<br />

estabelecimentos de todos os segmentos é bastante comum, e sinal<br />

do mais puro respeito e do carinho do povo por seu governante. Nas<br />

extremidades do Forte, os mirantes são convidativos à observação da<br />

cidade decorada pelos tons de branco das casas e verde das árvores.<br />

Pedra sobre<br />

pedra<br />

A poucos minutos do centro de Amã, estão as proporções<br />

imponentes de Jerash – ou Gerasa – cidade que acomoda<br />

ruínas de parte da glória do Império Romano, e demarcam<br />

mais de 6500 anos de história. Considerada uma das regiões<br />

romanas mais bem conservadas do planeta, em seus limites<br />

encontram-se milhares de rochas amareladas responsáveis<br />

por dar forma a teatros, igrejas, praças, fontes, hipódromo e<br />

muralhas, além de um de seus mais saudosos monumentos:<br />

os Arcos de Adriano, erguidos em comemoração à visita do<br />

imperador Adriano, em 129, e nascidos com o objetivo secundário<br />

de ser os portões principais da ala sul da cidade. De<br />

grandiosidade semelhante a dos arcos, as colunatas aparecem<br />

para delimitar uma rua de pedras de 800 metros de comprimento,<br />

superada apenas pelos aventureiros que resistem<br />

aos passos feitos debaixo de sol sempre forte. A cada metro<br />

vencido, a impressão é de que novamente as vias estão movimentadas<br />

pelos moradores que ajudaram a tornar Jerash<br />

uma das localidades mais prósperas do mapa jordaniano, estruturada<br />

por uma arquitetura rebuscada recoberta de granito<br />

e mármore que permitiram sua existência até os dias atuais.<br />

Passo a passo, e a viagem leva você até os teatros usados para<br />

apresentações musicais e reuniões políticas, atualmente, ainda<br />

donos de graça e beleza. Juntos, eles acomodam 4600 pessoas,<br />

e separados representam a delicadeza de seus inventores. No<br />

teatro Sul, a acústica é o principal detalhe, contribuindo para<br />

potencializar exibições orquestrais. Próximo dali, no Hipódromo,<br />

está mantida uma arena de 245 metros de comprimento<br />

por 52 metros de largura, antes ocupada por mais de 15 mil expectadores<br />

interessados em torcer pelas disputas mortais entre<br />

gladiadores e escravos. O passado aqui se mantém sempre<br />

vivo, por meio do projeto Roman Army and Chariot Experience,<br />

o qual reapresenta a experiência de vivenciar estes combates<br />

seculares. Na arena, em duas apresentações diárias, às 11h<br />

e às 15h, 45 atores interpretam legionários trajados com armaduras,<br />

empunhando espadas e escudos. Ali, brigam entre si,<br />

marcham e sagram um sangue ainda não muito bem ensaiado.<br />

O empenho dos atores em demonstrar fúria e bravura – debaixo<br />

de sol escaldante – supera a falta de técnica e produção teatral,<br />

garantindo ao menos uma recordação dos tempos em que<br />

se lutava até a morte. Novamente pelas ruas que alternam areia<br />

e rochas, os bons ventos árabes convergem para os encaixes de<br />

pedras sobre pedras que integram o Qal’at Ar-Rabad, o famoso<br />

Castelo de Ajloun, originalmente construído a pedido das forças<br />

de Saladino, em 1184. Ao longo do tempo, a construção sofreu<br />

mudanças, restando para os dias atuais, um exemplar de<br />

como era a vida durante a Idade Média. Aqui, jordanianos do<br />

passado identificavam no edifício, um ponto de proteção, bem<br />

como, um modelo da arquitetura militar medieval árabe e 2<br />

54 2011 BRASIL TRAVEL NEWS

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