benedita - Jornal de Leiria

Presidente da Junta de Freguesia diz que os trabalhos deveriam estar concluídos em Maio
Obras na Unidade de Saúde
Familiar dividem entidades
REGIÃO DE CISTER
Inaugurada há cerca de um
mês, a Unidade de Saúde
Familiar (USF) de Santa
Maria corre o risco de parar,
caso a Câmara Municipal
de Alcobaça, a Junta de Freguesia
da Benedita e a Administração
Regional de Saúde do
Centro não se entendam quanto
à autoria das obras a executar
no Centro de Saúde da Benedita.
Os trabalhos já deveriam
ter iniciado, para estarem concluídos
em Maio, aliás, uma exigência
do Ministério da Saúde,
quando deu o seu aval para o
funcionamento daquela unidade.
Maria José Filipe, presidente
da Junta de Freguesia, confirma
esta situação, alegando
que "ninguém sabe quem vai
pagar as obras".
A Unidade de Saúde Familiar
foi instalada num edifício construído
já há cerca de dez anos
pela Câmara de Alcobaça, cujas
chaves deveriam ter sido entregues
à ARS do Centro. Estas instalações
têm quatro consultórios
e cinco médicos, não existindo
condições para funcionar
em pleno, como unidade familiar.
"Já não vejo as pessoas às
seis horas na madrugada à espera
de marcação de consulta e
fico contente quando saio daqui
às 18 ou 19 horas e vejo o Centro
de Saúde cheio de doentes",
revela a autarca, considerando
que esta unidade permite que as
pessoas faltem menos aos empregos,
quer para irem elas próprias
ao médico, quer para acompanharem
os seus familiares mais
velhos, já que funciona em horário
pós-laboral, até às 20 horas
e aos sábados das 9 às 13 horas.
A USF funciona com clínicos
gerais, mas com consultas de
diabetes, colesterol, saúde materno-infantil
e planeamento familiar.
Tudo no centro de Saúde, a
que foi dado o nome de "Unidade
de Saúde de Santa Maria".
Maria José Filipe está consciente
que esta situação se irá
resolver rapidamente, até porque
"não se pode correr o risco
de se perder um serviço tão útil
para a população. E os números
falam por si".
A criação desta Unidade de
Saúde Familiar permitiu reduzir
de sete mil para quatro mil o
número de utentes sem médico
de família no concelho de Alcobaça.
A única USF da região proporcionou
a dispensa de um médico
para a extensão de saúde de
Turquel, que garante um ficheiro
de 1500 utentes. Outros 1500
têm médico de família na USF
da Benedita. A par da USF, as 14
extensões de saúde de Alcobaça
estão, desde o dia 2, informatizadas
e em rede.
Na Benedita, o que existe é
uma unidade de nível um - contrato
entre os médicos, sendo
que a logística, pessoal de enfermagem,
auxiliares e administrativos
são assegurados pelo centro
de saúde. A USF pode ser, no
limite, de nível cinco: quando
um médico privado assegura os
cuidados primários de saúde.
A directora do Centro de Saúde
de Alcobaça, Dina Ruivaco,
aplaude as USF, sistemas que
gostaria de ver a crescer no concelho
já que, refere, "são uma
boa solução para a redução do
número de utentes sem médico".
Quanto aos quatro mil que ainda
não têm clínico, maioritariamente
da sede do concelho, são
atendidos nas consultas de reforço,
que, em breve, deverão ter
mais clínicos.
Alguns médicos que fazem
Serviço de Atendimento Permanente
(SAP) nas urgências do
hospital, mas são profissionais
do centro de saúde, já pediram
a Dina Ruivaco a dispensa daquele
serviço, à qual têm direito,
dado terem atingido a idade da
reforma.
Mais médicos nas consultas
de reforço poderão, então, significar,
um desfalque no SAP, o
que não preocupa Dina Ruivaco.
"Temos de habituar os utentes
a irem às consultas de reforço
e lembrá-los que uma gripe
só é urgência se houver complicações",
argumenta. ●
Um clube com futebol, natação, inserção e cultura
Beneditense envolve cerca de 300 jovens
Com 44 anos de vida, a Associação Beneditense
de Cultura e Desporto (ABCD) envolve
actualmente cerca de três centenas de
crianças e jovens na prática do desporto,
entre o futebol e a natação. Com um orçamento
de 250 mil euros para esta época,
o clube dispõe também de uma empresa de
inserção, vocacionada para a integração
de jovens toxicodependentes e desempregados
de longa duração, além de ser conhecido
pela realização do famoso Carnaval
nocturno.
Sérgio Inácio, presidente da Direcção,
explica que um clube não tem que necessariamente
viver apenas do futebol, apesar
de reconhecer que a maior parte das
actividades ali desenvolvidas se prendem
com aquela modalidade. De facto, o Beneditense,
como é também conhecido o
maior clube da freguesia, tem nove equipas
de futebol, sendo que a principal, a
sénior, disputa o campeonato distrital.
Chegou a estar na segunda divisão nacional,
mas actualmente está na Divisão de
Honra Distrital de Leiria.
Mas não se pense que se gasta muito com
LURDES TRINDADE
Sérgio Inácio
os jogadores da equipa. Sérgio Inácio explica
que o compromisso que assumiu em
2003, quando aceitou ser presidente, foi
precisamente reduzir os custos com esta
equipa. Como? Formando os próprios jogadores,
colocando na equipa profissional
jovens da Benedita. Assim, existe uma equipa
de juvenis, que está no segundo ano, e
que está a disputar os campeonatos nacionais.
Foram o ano passado campeões distritais.
"Será desta equipa que sairão jogadores
para a equipa de séniores e estão a
portar-se muito bem, como se tem visto
pelos resultados", afirma o presidente, considerando
que o clube não tem capacidade
para pagar vencimentos elevados, como
acontecia antes.
Na ABCD existem ainda as "escolinhas" e
as escolas. São grupos de formação para
mais pequenos, destinados a formar os futuros
jogadores das equipas dos juvenis e
sénior. "Temos que apostar nos jovens da
terra e é dando formação que o conseguimos."
Além do futebol, o clube tem ainda a natação,
que envolve cerca de uma centena de
atletas. Aqui, Sérgio Inácio destaca João
Silva, vice-campeão europeu e medalha de
bronze de triatlo, que sendo atleta do Belenenses,
começou a jogar futebol no Beneditense,
mantendo ainda ligações ao clube,
já que é nas suas instalações que faz
muitos dos seus treinos.
A Empresa de Inserção surgiu no ano
2000, vocacionada para a manutenção
de espaços verdes. Como a ABCD tinha
um campo relvado, juntou o útil ao agradável.
"O pessoal contratado fazia a manutenção
do campo e ao mesmo tempo era
possível assumir compromissos com outras
entidades, nomeadamente com o Externato
Cooperativo da Benedita e com
outras empresas privadas para tratar
dos jardins e fazer as limpezas dos seus
espaços", revela Sérgio Inácio.
O projecto, com duração de sete anos, terminará
no final deste ano, mas tem condições
para continuar. Sérgio Inácio conta que o Centro
de Emprego permite que se façam novas
candidaturas para contratar mais pessoas, mas
o programa deverá ser reestruturado. O projecto
inicial foi de 100 mil euros, investidos na
aquisição de equipamentos para manter a
empresa a funcionar, independentemente dos
apoios que pudessem vir do Estado. "Hoje a
empresa mantém-se de boa saúde e apesar do
Centro de Emprego comparticipar com 80 por
cento dos vencimentos, seria possível continuar
com ela. Claro que os colaboradores tinham
que ser seleccionados de forma diferente e não
podíamos desempenhar o papel social que temos
actualmente." ●
10| BENEDITA | Jornal de Leiria | 18 de Janeiro de 2007