08.07.2015 Views

Elas encaram um dos trabalhos mais perigosos e brutos ... - CNM/CUT

Elas encaram um dos trabalhos mais perigosos e brutos ... - CNM/CUT

Elas encaram um dos trabalhos mais perigosos e brutos ... - CNM/CUT

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

perfilAmor ancestralClaudia e Jecinaldo: história de amorentre dois povos Por Alceu Luís CastilhoClaudia, índia ticuna, virou mulher aos 12 anos. Emsua cultura, não há meio-termo: ou é menina, ou émulher. Encabulada, olha para o lado, busca ajuda emenciona a “primeira menstruação”. Fala em portuguêscom alg<strong>um</strong>a dificuldade. Com pausas. Mas comritmo. Claudia passou pelo ritual da Menina-Moça com orgulho. Edor. Foi obrigada a ficar de pé n<strong>um</strong>a rede durante quatro dias. Durantea festa devia apenas ouvir as conselheiras, as anciãs da aldeia– no oeste do Amazonas. Até hoje se lembra das palavras de sabedoria.A partir daquele momento, deixaria de ser a menina que sebanhava com inocência nos igarapés. Teria de agüentar privaçõese passar a resolver os próprios problemas, e assim seria durantea vida. Aos 28 anos, casada e com dois filhos, ela conta que nãocabe à mulher escolher o marido. Claudia tem <strong>um</strong> item essencialna composição da beleza de <strong>um</strong>a ticuna: pernas grossas. “Homemticuna gosta de mulher de pernas grossas. Se não tem, não serve. Ehomem que não sabe fazer canoa também não serve.” Mais: tem desaber fazer casa e ter roça, para ousar pedir a mão de <strong>um</strong>a ticunaconcorrida, como Claudia. Não que ela tenha algo contra o casamentoentre dois jovens desconheci<strong>dos</strong>, de aldeias distantes.Lembra-se da história de <strong>um</strong>a amiga que se casou dessa forma.Inicialmente não gostou: prometeu a si mesma que não ia dormircom ele. “Foi assim durante seis meses”, relata a ticuna. E pergunta:“Vocês, homens, agüentariam dormir seis meses ao lado de <strong>um</strong>amulher, sem fazer nada?” Ela mesma responde: “Não agüentariam.32 REVISTA DO BRASIL março 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!