Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 1
2 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Expediente<br />
Editor responsável<br />
JP Carvalho<br />
Redator Chef<br />
Leonardo Morais<br />
Jornalista Responsável<br />
Laryssa Martins<br />
MTb: 52.455<br />
Staff Editorial:<br />
Christiano K.O.D.A.<br />
Darlene Carvalho<br />
Julie Souza<br />
Marcos Garcia<br />
Maurício Martins<br />
Vitor Hugo Franceschini<br />
Ygor Nogueira<br />
Wagner Cyco<br />
revista Underground Rock Report é<br />
A uma publicação digital, de atualização<br />
permanente. O conteúdo editorial é produzido<br />
pela equipe de redação e as imagens<br />
cedidas por representantes ou assessorias<br />
de imprensa.<br />
Todo o conteúdo é protegido pelas leis<br />
que regulamentam o Direito Autoral e a<br />
reprodução (de parte, ou completa) das<br />
matérias.<br />
As matérias assinadas são de inteira responsabilidade<br />
de seus autores e não necessariamente<br />
refletem a postura ideológica da<br />
publicação.<br />
Envie sugestões, comentários e críticas<br />
para a revista:<br />
E-mail: rrraicttuff@yahoo.com.br<br />
Rua Engenheiro José Paes Esteves, 63<br />
Vila Celeste - São Paulo - SP<br />
CEP: 02464-090<br />
Parceiros<br />
Heavy Metal Breakdown<br />
http://hmbreakdown.blogspot.com.br<br />
Metal Samsara<br />
http://metalsamsara.blogspot.com<br />
Arte Metal<br />
http://blogartemetal.blogspot.com.br<br />
Hi Hat Girls Magazine<br />
facebook.com/HiHatGirlsMagazine<br />
Som Extremo<br />
http://somextremo.blogspot.com.br/<br />
Underground Resistance Brasil<br />
http://www.undergroundresistancebrasil.<br />
blogspot.com.br/<br />
Nada Pop<br />
http://www.nadapop.com.br<br />
Darlene Carvalho Designer<br />
www.facebook.com/darlenedesigner<br />
Rock Nation Web Radio<br />
www.rocknation.com.br<br />
stá é a Underground Rock Report,<br />
Eum projeto meu e de Leonardo<br />
Morais, no intuito único de dar vazão a<br />
necessidade que temos de mostrar mais<br />
amplamente o cenário Rock do Brasil e<br />
claro, buscar também incessantemente<br />
material internacional, visando agregar<br />
todas as formas das manifestações culturais<br />
mundiais.<br />
Mas buscamos acima de tudo, levar<br />
ao leitor informações diversas, na mais<br />
ampla visão dessas manifestações, sendo<br />
filmes, livros, shows e principalmente<br />
música. Diante das nossas preferencias,<br />
claro que o cenário da música pesada<br />
será a tônica desta públicação, mas queremos<br />
ampliar os horizontes e levar a<br />
você, leitor, todas as manifestações culturais<br />
possíveis e dentro do aspecto edito-<br />
Apesar de ser uma banda ainda bem<br />
jovem, o trio NERVOSA, especializado<br />
em fazer Thrash Metal bruto e tão<br />
agressivo que nos deixa com os ouvidos<br />
dando sinal de ocupado, galga o sucesso<br />
com unhas e dentes, com vontade de ferro,<br />
e seu primeiro Full Length, “Victim of<br />
Yourself”, lançado no início do ano pela<br />
Die Hard Records no Brasil (no exterior<br />
pela Napalm Records).<br />
Págs. 37, 38, 39, 40 e 41<br />
Surgida na década de 1990, tendo<br />
sempre a frente seu líder incostestável<br />
Charlie Curcio, que além de ser um<br />
dos caras mais atuando no cenário da<br />
música pesada, leva o StomachalCorrosion<br />
mesmo com todos os trancos e mudanças<br />
de formação ao longo dos anos.<br />
Págs. 33, 34 e 35<br />
Editorial<br />
Destaques da edição<br />
HIBRIA<br />
Do Underground para o mundo!<br />
Hibria foi formado no já longínquo<br />
ano de 1996, na capital<br />
O<br />
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.<br />
De lá pra cá foram quatro álbuns,<br />
um DVD e shows pelo mundo<br />
inteiro. Nada melhor que estrear<br />
a revista como uma capa destas!<br />
Aproveitando o bom momento<br />
da banda, especialmente no Brasil,<br />
país que sempre deu menos valor<br />
ao grupo que o merecido, vamos<br />
aproveitar esta matéria para revisar<br />
um pouco da história do Hibria<br />
desde o comecinho.<br />
Págs. 4, 5, 6, 7 e 8<br />
NERVOSA<br />
rial de nossa publicação.<br />
A Underground Rock Report foi<br />
pensada como publicação on-line, novamente<br />
como manifestação artística, e<br />
com visualização total e gratuita de seu<br />
conteúdo, democratizando assim, a cultura<br />
e o direito de escolha de cada um,<br />
uma vez que a revista pode ser acessada<br />
on-line e lida diretamente no site.<br />
Esperamos de verdade, crescer e<br />
tornar válidos os nosso objetivos de levar<br />
ao público um maior esclarecimento e<br />
conhecimento, assim como apresentar ao<br />
público, novidades e notícias sobre estas<br />
manifestações culturais.<br />
Mas isso só o tempo dirá. Por enquanto,<br />
desejamos que todos se divirtam<br />
e apreciam a leitura.<br />
JP Carvalho<br />
STOMACHAL CORROSION<br />
Índice<br />
Rock Report<br />
Hibria<br />
Pág. 4, 5, 6, 7, 8<br />
Releases<br />
Páginas 9, 10, 11, 12 e 13<br />
Livros<br />
Pagina 14 e 15<br />
Nada Pop Chronicles<br />
Página 16<br />
Warsickness<br />
Pág. 17<br />
Rock Report<br />
Oligarquia<br />
Pág. 18, 19 e 20<br />
Unearthly<br />
Página 21<br />
Sopor Aeternus & The<br />
Ensemble of Shadows<br />
Página 22 e 23<br />
Yekun<br />
Pàg, 24 e 25<br />
Rock Report<br />
Skinlepsy<br />
Pàginas 26 e 27<br />
Ocultan<br />
Página 28, 29 e 30<br />
Baranga<br />
Páginas 31 e 32<br />
Profile<br />
Stomachal Corrosion<br />
Páginas 33, 34 e 35<br />
Woslon<br />
Página 36<br />
Rock Report<br />
Nervosa<br />
Páginas 37, 38, 39, 40, 41<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 3
Do Underground para o mundo!<br />
Por JP Carvalho<br />
Hibria foi formado no já<br />
O longínquo ano de 1996, na<br />
capital do Rio Grande do Sul,<br />
Porto Alegre. De lá pra cá foram<br />
quatro álbuns, um DVD<br />
e shows pelo mundo inteiro.<br />
Nada melhor que estrear a revista<br />
como uma capa destas!<br />
Aproveitando o bom momento<br />
da banda, especialmente<br />
no Brasil, país que sempre deu<br />
menos valor ao grupo que o merecido,<br />
vamos aproveitar esta<br />
matéria para revisar um pouco<br />
da história do Hibria desde o<br />
comecinho.<br />
Como toda banda boa, o<br />
Hibria nasceu no Underground,<br />
provavelmente com muitos sonhos,<br />
pretensões e pouco caixa.<br />
Em 1997 o grupo lançou sua<br />
primeira demo ‘Metal Heart’,<br />
que conseguiu chamar a atenção<br />
especialmente do público<br />
gaúcho e europeu.<br />
Seu segundo trabalho, também<br />
uma demo, tinha o título de<br />
‘Against the Faceless’. O disco<br />
lançado em 1999 rendeu a primeira<br />
turnê europeia de grupo.<br />
Isso mesmo, o Hibria com uma<br />
simples demo foi levado para<br />
uma turnê de 29 shows pelo Velho<br />
Continente.<br />
Antes do primeiro álbum, a<br />
banda ainda lançaria um single<br />
para a clássica ‘Steel Lords on<br />
Wheels’, provavelmente o trabalho<br />
que marcaria o direcionamento<br />
final que a banda iria<br />
procurar: Metal técnico, com<br />
influências de Power Metal,<br />
mas com mais pegada, menos<br />
polido e mais pesado.<br />
E foi exatamente isto que<br />
encontramos em seu primei-<br />
4 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
o disco ‘Defying The Rules’,<br />
considerado um disco clássico<br />
para dez entre dez fãs de Power<br />
Metal. O álbum foi lançado primeiramente<br />
no Japão, país que<br />
viraria o principal apoiador da<br />
música do quinteto ao longo<br />
dos anos.<br />
Para se ter uma ideia do<br />
reconhecimento que o Hibria<br />
atingiu já no primeiro disco no<br />
país do Sol Nascente, ‘Defying<br />
the Rules’ foi o mais vendido<br />
de sua categoria durante 6 semanas<br />
na cadeia de lojas HMV<br />
e foi votado entre os melhores<br />
do ano pela crítica e leitores da<br />
revista japonesa Burrn!.<br />
O caminho estava traçado,<br />
agora era percorrer. E foi isso<br />
que o grupo fez ao lançar seu<br />
segundo disco ‘The Skull Collectors’<br />
em 2009. Nele a banda<br />
voltava a apresentar seu Metal<br />
melódico e pesado, mas com<br />
elementos extras, que diferenciavam<br />
um pouco do debut.<br />
A primeira faixa do disco<br />
foi hit instantâneo, ‘Tiger Punch’,<br />
é o tipo de música que incendeia<br />
qualquer show. A faixa<br />
é obrigatória nos shows da<br />
banda até hoje.<br />
‘The Skull Collectors’ novamente<br />
foi um sucesso e abriu<br />
as portas para, em maio de<br />
2009, o Hibria iniciar sua turnê<br />
mundial, ‘Collecting Skulls<br />
WTour’ que passou pelo Japão,<br />
Taiwan, Hong Kong, Coréia<br />
do Sul e Canadá.<br />
O sucesso da turnê foi tão<br />
positivo que neste mesmo o<br />
ano, em outubro, a banda foi<br />
convidada a voltar para o Japão<br />
e se apresentar em um dos principais<br />
festivais do país: Loud<br />
Park, onde dividiu o palco com<br />
Megadeth, Slayer, Anthrax, Judas<br />
Priest, entre outros. Além<br />
do Loud Park, a banda abriu o<br />
show do Megadeth na cidade de<br />
Nagoya.<br />
Em 2010 um primeiro esboço<br />
de reconhecimento do<br />
cenário brasileiro. A banda foi<br />
convidada a abrir o show do<br />
Metallica em sua cidade natal.<br />
Dois anos depois de ‘The<br />
Skull Collectors’, em maio de<br />
2011, a banda lançou seu terceiro<br />
álbum, ‘Blind Ride’. Parte<br />
da divulgação do álbum incluiu<br />
uma turnê asiática que passou<br />
por países como Coréia do Sul,<br />
China (primeira banda brasileira<br />
de Metal a tocar neste país)<br />
e Japão.<br />
Foi nesta turnê japonesa<br />
que a banda gravou seu<br />
primeiro DVD. Gravado na<br />
capital do país, ‘Blinded By<br />
Tokyo’ apresenta um show<br />
com níveis de energia elevados<br />
e um público insano. Coisa<br />
poucas vezes vista no comportado<br />
público nipônico.<br />
Mais um lampejo de uma<br />
reação positiva ao Hibria no<br />
Brasil. O quinteto foi convidado<br />
para abrir dois shows do<br />
‘madman’ Ozzy Osbourne nas<br />
capitais Belo Horizonte e Rio<br />
de Janeiro.<br />
Em 2012, apesar de não ter<br />
nenhum álbum novo, a banda<br />
novamente comprova sua força<br />
no Japão e, mais uma vez,<br />
é convidada para o festival<br />
Loud Park.<br />
Agora, creio que aqui podemos<br />
chamar de ‘turning point’<br />
na vida do Hibria em terras<br />
brasileiras: ‘Silent Revenge’.<br />
O quarto álbum do grupo lançado<br />
em 2013 parece que, enfim,<br />
conseguiu quebrar algumas<br />
das barreiras imaginárias que o<br />
povo brasileiro tem com uma de<br />
nossas melhores bandas.<br />
Prova disso foi não só a participação<br />
do grupo no Rock In<br />
Rio, mas toda a reação positiva<br />
em cima de sua apresentação,<br />
tida como uma das principais<br />
do evento, mesmo tocando no<br />
palco secundário. Será que o<br />
Brasil está aprendendo?<br />
Claro que antes do RiR, a<br />
banda voltou para sua segunda<br />
casa (ou seria primeira?):<br />
Japão, onde mais uma vez excursionou<br />
com casas de shows<br />
lotadas, filas para autógrafos<br />
e todo aquele respeito dado e<br />
merecido para uma banda deste<br />
nível.<br />
Para coroar esta bela fase,<br />
em outubro de 2013, o Hibria<br />
foi escolhido para abrir o show<br />
dos pais do Metal, Black Sabbath,<br />
em Porto Alegre, tocando<br />
para 30.000 pessoas.<br />
Mas deixemos eles mesmos<br />
falarem. Confira agora uma pequena<br />
entrevista que fizemos<br />
com os músicos, onde repassamos<br />
toda a carreira deles.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 5
URR: O primeiro álbum do Hibria, ‘Defying The Rules’, foi<br />
lançado em 2004. Conte-nos como foi este período.<br />
Em primeiro lugar, quero agradecer pela oportunidade de entrar<br />
em contato com os leitores do Underground Rock Report. 2004, assim<br />
como todos os anos do HIBRIA, foi um ano de muito trabalho.<br />
Desde 1997, quando lançamos a nossa primeira Demo-Tape Metal<br />
Heart, já estávamos compondo as músicas que fariam parte do nosso<br />
debut. Em 1999, fomos para uma turnê underground na Europa<br />
intitulada Against the Faceless Demo Tour, para divulgar nosso CD<br />
Demo de mesmo nome. Quando voltamos em 2000, nos concentramos<br />
em reformular as músicas dando uma sonoridade mais atual<br />
com as novas influências que tivemos nessa tour. Agregamos elementos<br />
mais Power Metal às composições e finalmente fechamos<br />
as nove músicas para gravar os Defying the Rules. Este álbum está<br />
completando 10 anos de lançamento no Japão este ano e temos muito<br />
orgulho disso. Afinal, foi com ele que entramos no mercado.<br />
URR: Mesmo sendo o primeiro disco, o álbum estourou e é<br />
considerado um clássico do Power Metal mundial hoje em dia.<br />
Como vocês reagiram na época?<br />
Ficamos muito satisfeitos com a excelente repercussão que o<br />
DTR teve, principalmente no Japão. O CD ficou seis semanas nos<br />
mais vendidos da cadeia de lojas on-line HMV no Japão e recebemos<br />
ótimas resenhas. O que não tivemos a oportunidade de fazer é<br />
uma turnê só do DTR (que é algo que pretendemos fazer em 2015),<br />
pois com toda essa repercussão, nos motivamos muito para iniciar<br />
as composições do seu sucessor, The Skull Collectors.<br />
URR: Para o segundo álbum, ‘The Skull Collectors’, acredito<br />
que a pressão tenha sido maior. Do que vocês se lembram<br />
deste período?<br />
Na verdade não rolou uma “pressão”, mas sabíamos da responsabilidade<br />
que o TSC teria com relação às comparações com o seu<br />
sucessor. Na real, até hoje ainda se faz comparações a cada novo<br />
lançamento. O TSC também teve uma grande importância na nossa<br />
carreira porque ele nos deu a oportunidade de fazermos duas turnês<br />
no Japão no mesmo ano. Em 2009, fizemos uma turnê solo em maio<br />
e depois em outubro fomos convidados a participar pela primeira<br />
vez do Loud Park.<br />
URR: No ‘The Skull Collectors’ está, em minha opinião, o<br />
maior hit da banda ‘Tiger Punch’, mas também conta com outras<br />
músicas fortes como ‘Sea Of Revenge’, ‘The Anger Inside’<br />
e a faixa-título. Todas apresentavam uma roupagem mais moderna,<br />
agressiva e “menos Power”.<br />
Nós sempre compomos aquilo que nos dá mais prazer em tocar,<br />
já imaginando o show, inclusive com a participação do público. O<br />
TSC é um álbum Power Metal, porém nele já começamos a inserir<br />
novos elementos do Thrash e Death Metal devido às novas influências<br />
que estávamos escutando na época. Achamos que a “roupagem<br />
mais moderna” veio com o Blind Ride.<br />
URR: Em 2011 foi lançado o álbum ‘Blind Ride’ e apresentou<br />
um Hibria apostando ainda mais no experimentalismo e<br />
menos tradicional. Mesmo assim o grupo continuou seu crescimento<br />
especialmente no Japão. Essa mudança de rumo musical<br />
foi intencional?<br />
Sim, foi intencional. Nós sempre comentamos sobre a “maneira<br />
HIBRIA” de compor, e isso é muito característico em nosso som.<br />
Isso vem se refletindo nos últimos CDs lançados. No Blind Ride<br />
esta forma veio bem forte. Pesamos a mão e deixamos as melodias<br />
de voz mais agressivas e não tão agudas e achamos que o resultado<br />
foi excelente, principalmente nos país que nos apoiou desde o início<br />
da nossa discografia, o Japão. A repercussão do Blind Ride foi tão<br />
grande que gravamos o DVD Blinded by Tokyo, com a casa completamente<br />
lotada.<br />
URR: Foi com ‘Blind Ride’ que a banda conseguiu gravar<br />
seu primeiro DVD, ‘Blinded By Tokyo’, que, como o nome já<br />
entrega, foi gravado no Japão. Como surgiu a proposta?<br />
Já tínhamos duas turnês feitas no Japão sendo que uma delas<br />
foi nossa primeira participação no Loud Park (2009). Com o Blind<br />
Ride, estávamos iniciando nosso relacionamento com nossa gravadora<br />
King Records e eles sabiam do potencial da banda em terras<br />
nipônicas. Então, nosso management na época lançou a ideia de<br />
6 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
fazermos uma turnê do novo álbum culminando na gravação de um<br />
DVD no último show da Turnê em Tóquio. Eles aceitaram na hora<br />
e então planejamos para que tudo desse certo e acredito que deu<br />
mesmo. Foi um dos melhores shows de nossas carreiras em todos<br />
os sentidos. O DVD foi gravado em apenas um show e acredito que<br />
o resultado final ficou muito bom mesmo.<br />
URR: País distante, sem saber falar fluentemente a língua.<br />
Como foram os minutos que antecederam a entrada no palco no<br />
dia da gravação do DVD?<br />
De muita emoção, adrenalina e, naturalmente, devido à responsabilidade<br />
do show, tensão. Chega a ser engraçado até. No<br />
Japão em grandes casas de shows, como foi o caso da gravação<br />
do DVD (Shinagawa Prince Stellar Ball), no camarim, eles costumam<br />
deixar uma TV com imagens da chegada do público. Lembro<br />
que faltavam uns 30 minutos e a casa completamente vazia,<br />
a ponto do Eduardo desligar a TV, pois até aquele ponto, a casa<br />
estava vazia. Claro, isso é cultura dos japoneses. Eles entram nos<br />
últimos minutos, tipo faltando uns dez minutos para o show iniciar.<br />
Mas na hora que a intro do show começou e ouvimos o urro<br />
do público, nos abraçamos em uma roda como costumamos fazer<br />
em todos os shows, e falamos palavras de incentivo muito fortes.<br />
Entramos com uma super adrenalina e fizemos com certeza um<br />
dos melhores shows de nossas carreiras.<br />
URR: Silent Revenge’ é o quarto álbum do Hibria e podemos<br />
ver uma banda mais equilibrada entre o moderno e o tradicional,<br />
mas especialmente mais pesada, contando inclusive com a participação<br />
do vocalista da lendária banda de Thrash Metal Distraught,<br />
André Meyer. O que vocês podem nos contar deste disco?<br />
No Silent Revenge posso dizer que a banda toda estava “ansiosa”<br />
para colocar nas novas composições toda raiva e peso após<br />
termos visto o premiado filme argentino O segredo dos seus Olhos.<br />
Este filme é um clássico e nele pudemos tirar várias lições de coisas<br />
que acontecem em nossas vidas e às vezes nem percebemos. O<br />
Abel tomou a frente das composições e a cada som que nos enviava,<br />
sentíamos que esse seria o álbum mais pesado da carreira da banda.<br />
Outro fator que contribuiu para essa sonoridade pesada e densa foi<br />
a entrada do Renato Osorio no HIBRIA. Além de excelente guitarrista,<br />
ele assumiu a produção musical do Silent Revenge e ajudou<br />
muito no trabalho de finalização dos sons. Também não poderia<br />
esquecer que a mixagem feita pelo nosso baixista Benhur Lima, ficou<br />
simplesmente perfeita para esse novo “clima” que trabalhamos<br />
no Silent Revenge. Por sinal, Benhur também foi responsável pela<br />
mixagem do DVD Blinded by Tokyo.<br />
URR: O trabalho, lançado no ano passado, também marca<br />
um crescimento exponencial da banda no Brasil, inclusive levando<br />
vocês a tocar no famigerado Rock In Rio. Conte-nos um<br />
pouco de como foi estar no palco do maior festival de Rock do<br />
mundo e como foi o ano de 2013 para vocês.<br />
Tens razão. 2013 foi um ano espetacular para o HIBRIA. Finalmente<br />
conseguimos ser vistos dentro do nosso próprio país. Até<br />
então, o HIBRIA no Brasil era reflexo da excelente repercussão que<br />
temos no Japão. Mas, a banda é daqui e queremos crescer aqui também.<br />
Com o Silent Revenge, fomos eleitos pela votação popular, o<br />
melhor álbum de 2013 em um dos sites mais conceituados do país,<br />
ficamos 4 semanas em primeiro lugar nas vendas on-line na maior<br />
rede de lojas virtuais do Japão, a HMV, e recebemos o convite da<br />
produção do Rock in Rio para fazermos o show que toda banda<br />
sonha em fazer, e a banda finalmente começou a ter a tão esperada<br />
valorização no Brasil. Não podemos reclamar porém queremos<br />
mais. O SR ainda continua refletindo esses aspectos positivos, tanto<br />
é que fomos convidados para participar também de outro grande<br />
festival já em 2014, o Abril Pró Rock em Recife. Com ele tivemos a<br />
oportunidade de pela primeira vez tocar em Recife, e a repercussão<br />
foi excelente.<br />
URR: Dando uma geral na discografia, me parece que todos<br />
os álbuns do Hibria são conceituais, ou tem o mesmo tema<br />
interligando as músicas. Estou errado? O que vocês usam de<br />
influência para as letras?<br />
Nos dois primeiros álbuns, Defying the Rules e The Skull Collectors,<br />
basicamente falando, usamos um conceito que girava em<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 7
torno da luta entre o bem e o mal, traçando um paralelo com a teoria<br />
que todo o mal que você faz para alguém, acaba voltando para você<br />
novamente. Já os dois últimos, Blind Ride e Silent Reveng, foram<br />
baseados em um livro (O Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago,<br />
Blind Ride), e um filme (O Segredo dos Seus Olhos, Silent Revenge).<br />
Não os consideramos conceituais. São álbuns baseados em<br />
histórias nas quais achamos que os temas tratados e as atmosferas<br />
contadas tanto no livro como no filme, se encaixariam perfeitamente<br />
nas as letras e na sonoridade das músicas.<br />
URR: Voltando ao ‘Defying The Rules’. Este ano ele completa<br />
10 anos desde seu lançamento. Podemos esperar alguma<br />
comemoração?<br />
Sim. O álbum foi lançado em 2004 no Japão e com ele iniciamos<br />
a ótima relação com os fãs de lá. Então estamos regravando o<br />
CD com a atual formação da mesma forma que costumamos tocar<br />
as músicas hoje. Ou seja, o CD virá com outra sonoridade. Mais<br />
maduro, mais pesado e com a experiência e a técnica que a banda<br />
ganhou ao longo destes 10 anos. Ele será lançado só no Japão, mas<br />
queremos fazer tour dele aqui no Brasil também.<br />
URR: O que mais podemos esperar para o futuro do Hibria?<br />
Nós queremos alcançar e cravar a nossa bandeira no mundo<br />
todo. Já conseguimos vários destaques importantes lá fora como<br />
cinco turnês em cinco anos no Japão tocando duas vezes no maior<br />
festival de Heavy Metal de lá, o Loud Park. Fomos a única banda<br />
de Heavy Metal do Brasil a tocar duas vezes na China (Shanghai<br />
em 2011 e Shangsha em 2013), Tocamos em Seul, Taiwan e Hong<br />
Kong. Na América do Norte, fizemos uma turnê costa a costa no<br />
Canadá começando em Victoria - British Columbia e terminando<br />
em Quebec. Estamos crescendo muito nos EUA e na Europa. Um<br />
dos nossos principais objetivos é cravar a nossa bandeira nos lugares<br />
que ainda não tivemos a oportunidade de tocar NO BRASIL, e<br />
retornar aos que já tocamos. Já tocamos no Rio de Janeiro, São Paulo,<br />
Belém, Recife, Natal, Rio Branco, Criciúma, São Luis, Teresina,<br />
Curitiba, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre, que é nossa cidade<br />
natal, entre outras cidades do país e do interior do RS. Queremos<br />
tocar em várias cidades dentro do nosso país e mostrar aos nossos<br />
fãs que ainda não viram nosso show o potencial das nossas músicas<br />
ao vivo. Sabemos das dificuldades de deslocamento aqui no Brasil,<br />
mas também temos certeza que vocês não se arrependerão após ver<br />
o nosso show. Então peça para o promotor local entrar em contato<br />
pelos e-mails shows@hibria.com ou management@hibria.com<br />
URR: Espaço livre, deixem seu recado para os leitores da<br />
Underground Rock Report!<br />
Agradeço mais uma vez o espaço, e se você ainda não conhece o<br />
nosso som, vá atrás da nossa discografia, curta nossa página no facebook.com/HIBRIAOFFICIAL,<br />
nos siga no twitter.com/HIBRIA(@<br />
HIBRIA), deixe um recado no nosso guestbook em HIBRIA,COM<br />
e espalhe nosso som para os seus amigos. Foi assim que o HIBRIA<br />
sempre cresceu, e continua crescendo cada vez mais: pelo boca a<br />
boca de nossos fãs. Isso que nos dá ainda mais vontade de continuar<br />
traçando esse árduo caminho que é a música. Temos muito prazer e<br />
orgulho de fazer parte de uma banda com quase 20 anos de história.<br />
8 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Behemoth<br />
The Satanist<br />
Nuclear Blast – Importado<br />
Confesso que o Behemoth era o tipo<br />
de banda que nunca me chamou a<br />
atenção até eu ouvir esse excelente novo<br />
álbum deles lançado no começo de 2014,<br />
depois de um intervalo de 5 anos desde o<br />
ultimo lançamento da banda.<br />
Com um tema bem denso, The Satanist<br />
sem duvida coloca o Behemoth no topo<br />
da lista das bandas de Black Metal que<br />
produzem álbuns de extrema qualidade<br />
e perfeição sonora, o baixo por exemplo,<br />
nesse CD está simplesmente incrível.<br />
Suas nove músicas formam um tracklist<br />
eficiente, com elementos que vão<br />
do death ao black sem maiores cerimônias.<br />
Com criatividade e inspiração, o<br />
Behemoth brinda os ouvintes com pequenas<br />
obras-primas como “Blow Your<br />
Trumpets Gabriel”, a sensacional “Messe<br />
Noire” (com um solo de guitarra arrebatador),<br />
“Ora Pro Nobis Lucifer”,<br />
“In the Abscence ov Light” e a exemplar<br />
faixa-título, já valem o CD inteiro.<br />
Por enquanto não há uma versão nacional<br />
desse álbum, disponível apenas<br />
nas versões européia e americana. Na<br />
Europa saiu pela Nuclear Blast e nos<br />
EUA pela Metal Blade. A versão européia<br />
vem no formato digibook e acompanha<br />
um DVD de um show deles em<br />
Ekaterinburg na Russia.(LM)<br />
Negator<br />
Gates to the Pantheon<br />
Prosthetic Records – importado<br />
vocalista e líder do Negator, Nachtgarm<br />
ficou relativamente conheci-<br />
O<br />
do mundialmente por ter substituído<br />
o Emperor Magnus Caligula no Dark<br />
Funeral entre 2010 e 2011, passando<br />
inclusive pelo Brasil para uma única<br />
apresentação. Mas poucos sabem que<br />
Nachtgarm tem sua própria banda na<br />
ativa desde 2003 com 4 álbuns já lançados<br />
e faz parte de um projeto paralelo<br />
chamado King Fear.<br />
Gates to the Pantheon é o quarto álbum<br />
do grupo alemão, traz um Black<br />
Metal cru e ao mesmo tempo com uma<br />
musicalidade excepcional , com letras<br />
inteligentes , bem como um equilíbrio<br />
de estruturas musicais rápidas e lentas ,<br />
brutais e melódicas , o álbum irá satisfazer<br />
tanto os fãs do estilo Black Metal<br />
old school como fãs do moderno Black<br />
Metal. Pra quem viu Nachtgarm a frente<br />
do Dark Funeral tem a nítida impressão<br />
que está escutando um novo álbum do<br />
Dark Funeral totalmente reformulado<br />
ao ouvir esse CD. Destaque desse álbum<br />
fica para as canções Nergal, The<br />
Raging King e The Urge For Battle, que<br />
realmente são os pontos mais altos do<br />
CD, as outras 7 musicas mantém o excelente<br />
bom ritmo.(LM)<br />
Sardonic Impious<br />
Obscuridade Eterna<br />
Corvo Records – Nacional<br />
Sardonic Impious é uma banda bem<br />
O conhecida no circuito underground<br />
paulistano, já tocou ao lado de bandas<br />
como Besatt, Mystifier e Ocultan.<br />
Obscuridade Eterna é o primeiro CD<br />
da banda lançado em tiragem limitada<br />
pela Corvo Records em 2013.<br />
O quinteto de Atibaia surpreende<br />
pela boa produção das musicas para um<br />
CD début, passando bem longe do amadorismo<br />
comum das bandas iniciantes.<br />
São nítidas as influências de bandas<br />
tradicionais de Black Metal nesse CD,<br />
mesmo com as letras cantadas em português<br />
mas devido a velocidade como<br />
elas são executadas, o ouvinte que não<br />
sabe a procedência da banda nem perceberá<br />
que se trata de uma banda brasileira,<br />
é sinal que cada vez mais as produções<br />
nacionais não ficam devendo nada<br />
as bandas gringas.<br />
O CD contém 9 faixas e o destaque<br />
fica para a musica o Mestre das Ciências<br />
Malditas, que apresenta uma incrível<br />
levada de guitarras. É uma banda<br />
que merece toda atenção. (LM)<br />
Khaotic<br />
Tenebrae<br />
Pazuzu Records- Nacional<br />
Sem sombra de duvidas este foi um<br />
dos lançamentos mais criativos e<br />
promissores dentro do metal brasileiro<br />
no ano de 2013.<br />
É a primeira vez que me deparo com<br />
um projeto one woman band, o mais<br />
comum que se ve por ai é justamente o<br />
oposto, one man band , o que na maioria<br />
das vezes são clones do Bathory nas<br />
mais variadas versões. Não é o caso<br />
do Khaotic, que apresenta um Black<br />
Metal que transita entre o old school<br />
tradicional e uma atmosfera viajante<br />
mas cheio de personalidade própria,<br />
principalmente nos vocais que estão<br />
inacreditáveis. Quem está por trás<br />
desse maravilhoso projeto é Lady of<br />
Blood, veterana guitarrista do Ocultan,<br />
que nesse CD faz os vocais e toca todos<br />
os instrumentos sob o pseudônimo<br />
de D Profaner. Mas não tire conclusões<br />
precipitadas, a sonoridade está muito<br />
diferente do que já é conhecido nos álbuns<br />
do Ocultan.<br />
Esse CD é um verdadeiro deleite<br />
para os fãs do universo Black Metal,<br />
com uma arte de capa no melhor estilo<br />
Watain e um encarte bem produzido<br />
com letras, digno de banda gringa<br />
mainstream. Apesar do CD manter uma<br />
mesma pegada, na minha opinião os<br />
pontos mais altos do álbum vão para<br />
Cancer, Mass Submission, Tenebrae<br />
e Words of Blasphemy. Que venha o<br />
próximo álbum já em fase de produção<br />
em 2014.(LM)<br />
Deicide<br />
In the Minds of Evil<br />
Century Media Records - Importado<br />
Deicide já teve seus anos de glória<br />
O com os 3 primeiros álbuns de sua<br />
carreira, que para mim são uma verdadeira<br />
obra prima do Death Metal. Depois<br />
de Serpents of the Light a banda<br />
caiu na mesmice com sucessivos álbuns<br />
cheios de altos e baixos até a saída dos<br />
irmãos Hoffmann após o bem sucedido<br />
Scars of Crucifix.<br />
In the minds of Evil é o décimo primeiro<br />
album de estúdio do Deicide e é<br />
o melhor trabalho deles desde Stench of<br />
Redemption, mas não é nada comparável<br />
aos três primeiros álbuns da década<br />
de 1990, porém é muito melhor do que<br />
o Till Death to us Apart e o to Hell With<br />
God. A impressão que o ouvinte fica é<br />
que eles acertaram a mão com esse álbum<br />
nos excelentes riffs, já os vocais<br />
de Glen Benton continuam na mesma<br />
pegada de sempre.<br />
Desde que Kevin Quirion foi anunciado<br />
como o substituto de Ralph Santolla<br />
, eu me perguntava o que a banda<br />
soaria com o seu desempenho e influência.<br />
A espera valeu a pena pois suas<br />
composições são uma das principais<br />
razões deste álbum soar tão bom. Não<br />
desconsiderando as contribuições dos<br />
outro membros da banda, é claro.<br />
Canções como “Godkill” e “Between<br />
the flesh and the Void” são marcas<br />
registradas do Deicide , com solos ,<br />
riffs assombrosamente épicos e bateria<br />
esmagadora do Steve Asheim, resultam<br />
em maldade pura que esta banda tornou-se<br />
mundialmente conhecida. As letras<br />
de Benton são tão blasfemas como<br />
sempre, mas não é tão vulgar como têm<br />
sido nos últimos álbuns.<br />
Mas quem liga para o que ele está<br />
falando? (LM)<br />
Heldentod<br />
Virradat<br />
Pagan War Records – Importado<br />
cena metálica húngara é desconhecida<br />
aqui no Brasil. Boa parte des-<br />
A<br />
sas bandas do Leste europeu se apegam<br />
a temas sobre segunda guerra mundial<br />
e paganismo,se você curte essa parte do<br />
Black Metal,certamente você achará essa<br />
banda um tanto desconhecida sensacional.<br />
Musicalmente os húngaros do Heldentod<br />
lembram conhecidas bandas<br />
dessa vertente do Black Metal como<br />
Absurd, Graveland , inclusive a capa<br />
desse CD lembra bastante o álbum Dictator<br />
do Ad Hominem.<br />
Os destaques ficam para a faixa titulo,<br />
Virradat que é destruidora como um panzer<br />
division, se bem que A Szoláris Rend<br />
Diadala não fica muito atrás, com uma<br />
velocidade de guitarras incrível. Mors<br />
Triumphalis e Az Acél Igazsága apresentam<br />
um som bem cadenciado e viajante<br />
que cativam o ouvinte.<br />
O álbum Virradat é de 2014 e no<br />
Brasil a banda Heldentod está sendo<br />
distribuída pela Pazuzu Records, vale<br />
muito a pena ter na sua coleção. (LM)<br />
Gasoline Special<br />
RCK ‘N’ RLL<br />
Independente - Nacional<br />
Fundada em 2007, na cidade de Jundiaí,<br />
interior de São Paulo, este Gasoline<br />
Special nos presenteia com um novo<br />
trabalho, e que pesam todas as críticas e<br />
elogios, mas isso aqui é Rock´n Roll!<br />
Um trabalho consistente, dinâmico<br />
e bem acabado, recheado de riffs<br />
marcantes e letras incisivas, irônicas e<br />
melancólicas, e trazendo o que se convencionou<br />
chamar de Rock do Interior, e<br />
como é dito no próprio release da banda:<br />
“Pode-se dizer que o Gasoline Special<br />
representa muito bem o rock do interior.<br />
O rock que nasce espremido, tentando<br />
achar buracos pra respirar. O volume no<br />
talo que faz vibrar o tímpano e o peito. O<br />
volume alto que conquista bons inimigos<br />
e eternos fãs. É aquela mão que aumenta<br />
o som pra não ter que ouvir o barulho<br />
que vem de fora. Gasoline Special não<br />
dá chance pra qualquer pensamento. É<br />
energia. E da boa.”. Alguém dúvida?<br />
Rock direto, sem firulas e esbanjando<br />
energia prá todos os lados, RCK ‘N’<br />
RLL, é o primeiro álbum da banda, apesar<br />
de já ter lançado singles e EPs que<br />
fizeram a alegria da galera, este grita<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 9
letras em português e esbraveja insultos<br />
pra todos os lado, belíssimas linhas de<br />
guitarra, cozinha arrasa quarteirão e interpretações<br />
vocais bem na linha “traga-<br />
-me uma cerveja e cale a boca”.<br />
Produzido e gravado no Bimini Studio<br />
por Bruno Fornazza, o disco tem<br />
uma dinâmica matadora e coesão e a<br />
capa, mais uma obra primorosa do artista<br />
brasileiro Butcher Billy, que assina<br />
tantas obras icônicas quanto possível,<br />
quer ver? Coloca o nome do cara no<br />
Google e veja só o que acontece.<br />
Gasoline Special - RCK ‘N’ RLL, é<br />
um disco que nos traz alegrias e momentos<br />
de descontração ímpares, que é exatamente<br />
o que o Rock´n Roll deve fazer.<br />
Sem palavras prá esse trabalho! (JPC)<br />
Shadows Legacy<br />
You’re Going Straight To Hell<br />
Independente - Nacional<br />
Que disco é esse??? Impossível, principalmente<br />
para quem vem da safra<br />
do Heavy Metal dos anos 80 ficar<br />
indiferente ao som do Shadows Legacy,<br />
desde o Web EP Rage and Hate a banda<br />
sempre me impressionou justamente<br />
por essa veia oitentista e com a qualidade<br />
com que compõem suas músicas.<br />
Lógico que os méritos desta formação,<br />
são indiscutíveis, mas o trabalho do<br />
vocalista Willie Cardoso é primoroso!<br />
Dono de um timbre potente e de uma voz<br />
carismática, além de compor suas linhas<br />
de voz com um bom gosto invejável!<br />
You’re Going Straight To Hell se define<br />
em uma única palavra: Perfeito!<br />
Tudo aqui beira a perfeição e a banda se<br />
apresenta com uma máquina muito bem<br />
regulada, a produção feita no Estúdio<br />
Anúbis, com o produtor Aldo Carminefoi<br />
foi muito bem cuidada e o tudo ainda<br />
vem embalado numa belíssima capa,<br />
cortesia do artista Leonardo Amorim.<br />
Todas as músicas tem o seu charme<br />
e a sua característica, ficando impossível<br />
até mesmo citar Hate Within, com<br />
participação do icônico e eterno ex-Iron<br />
Maiden Blaze Bayley como destaque,<br />
ainda que a música salte aos olhos.<br />
Sendo assim o destaque fica mesmo<br />
para toda a banda, que nos presenteou<br />
com uma obra de bom gosto e beleza<br />
ímpares e funcional até a última faixa.<br />
Eu disse que ia esperar acordado por<br />
este lançamento, e a espera não foi em<br />
vão. Impossível parar de ouvir! (JPC)<br />
Demolishment<br />
Our Fury is Unleashed<br />
Independente - Nacional<br />
Muita raiva e fúria é o que vamos<br />
encontrar neste primeiro traba-<br />
10 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
lho da banda carioca Demolishment,<br />
Formada por Thiago Barbosa - Vocais,<br />
Diego Sandiablo - Guitarras, Bruno<br />
Tavares - Guitarras, Elias Oliveira -<br />
Baixo e Diogo Barbosa - Bateria.<br />
Tudo muito bem executado, rifs<br />
matadores, bateria extrema e com<br />
muita variação, e vocais muito bem<br />
encaixados e auxiliados por vocais<br />
rasgados e guturais, uma cortesia da<br />
sessão de cordas.<br />
Abrindo o trabalho temos Challenger,<br />
que não deixa pedra sobre pedra e<br />
já deixa nossos neurônios em propulsão<br />
esperando pelo restante do massacre,<br />
Insurgent vem numa pegada mais<br />
amena, mas não deixa a peteca cair;<br />
Age of Doom, traz de volta a ferocidade<br />
e expõe toda a técnica apurada<br />
da banda; finalizando temos Abscond<br />
(minha preferida por sinal...) com variações<br />
inacreditavelmente insanas, a<br />
música flui com naturalidade calcada<br />
em ótimo andamentos e variações.<br />
Tudo aqui possui qualidade e percebemos<br />
logo que todos os músicos do<br />
Demolishment tem intimidade acima<br />
da média com seus instrumentos, e<br />
isso com certeza conta pontos positivos<br />
a favor da banda, que nos brinda<br />
com brutalidade, solos melodiosos,<br />
baixo e bateria aranca-toco, mas que<br />
unem peso e técnica conferindo ao trabalho<br />
uma dose extra identidade.<br />
Our Fury is Unleashed, tem quatro<br />
faixas com gosto de quero mais. Estamos<br />
ansiosos aguardando um full<br />
lenght. (JPC)<br />
Zombie Cookbook<br />
Outside The Grave<br />
Independente - Nacional<br />
Tente imaginar uma banda onde o<br />
vocal nos remete ao Obituary e ao<br />
mesmo tempo o glorioso Chakal, backing<br />
lembram Anthrax dos bons tempos<br />
e que mistura Death Metal com Thrash<br />
Metal de forma muito homogênea, praticamente<br />
nos obrigando a dar atenção a<br />
banda como um todo. Não dá né?<br />
Mas uma audição descompromissada<br />
deste Outside the Grave do Zombie<br />
Cookbook é exatamente o que você vai<br />
encontrar, se você resolver ir a fundo<br />
no negócio vai encontrar muito mais do<br />
que a descrição acima.<br />
Essa banda de Joinville (SC), além<br />
de ser excelente e mesmo sendo esse o<br />
primeiro full lenght (em 2011 a banda<br />
lançou EP Cine Thrash) essa horda de<br />
zombies cometeram um CD dos mais<br />
empolgantes e musicais do ano de 2012,<br />
onde as nove músicas fluem naturalmente<br />
pelo player e pedem um repeat<br />
constante, difícil parar de ouvir esse<br />
CD. Ponto para a produção que deixou<br />
tudo bem equilibrado e audível, com<br />
uma sujeirinha básica prá dar um molho<br />
e peso mais que especial ao trabalho.<br />
Liricamente o Zombie Cookbook<br />
aposta em temas splatter/gore, e se mostram<br />
muito criativos em seus temas e<br />
letras, divertido acompanhar as letras no<br />
encarte. Encarte que aliás, é um primor<br />
de qualidade e criatividade, porque não<br />
se resume a ter todas as informações sobre<br />
o trabalho, a banda e as letras, tem,<br />
também, uma história em quadrinhos,<br />
muito legal, onde é contada a história da<br />
formação (por zumbis, lógico) da banda.<br />
Este material foi patrocinado pela<br />
Fundação Cultural de Joinville, através<br />
de um Edital de Apoio à Cultura (SI-<br />
MDEC), e sendo assim a Procuradoria<br />
Geral da cidade soltou um parecer onde<br />
diz que o material é impróprio, ofensivo<br />
e inadequado, pelo que estabelece o Estatuto<br />
da Criança e Adolescente, e acredite,<br />
solicitou a adequação do mesmo<br />
de forma a compatibiliza-lo ao direito à<br />
liberdade de expressão e artística, consagrados<br />
em nossa Constituição Federal.<br />
A arte não sofreu alterações, mas o encarte<br />
vem com o aviso de que o material é impróprio<br />
para “crianças, adolescentes, cardíacos<br />
e pessoas facilmente impressionáveis”.<br />
E como disse o Procurador Geral: “Não<br />
se pode proibir a veiculação do material,<br />
sob pena de flagrante censura da liberdade<br />
de expressão artística e cultural. Em nosso<br />
entender, não há incompatibilidade entre os<br />
princípios, devendo existir o cuidado para<br />
harmonizá-los, de modo que possam conviver<br />
e se complementarem para atingir os<br />
ideais preconizados por nossa Lei Maior,<br />
quais sejam: o da liberdade com responsabilidade<br />
e respeito das diferenças”.<br />
Bom, se você nao for uma pessoa “facilmente<br />
impressionável” com certeza vai<br />
se deleitar com este trabalho do Zombie<br />
Cookbook, além de ser musicalmente irrepreensível,<br />
atua na temática com “bom<br />
gosto” e conhecimento de causa. (JPC)<br />
D.I.E. - D.I.E.<br />
Independente - Nacional<br />
mais uma vez, a região em torno<br />
E da cidade de São Paulo parece ser<br />
um celeiro de bons grupos musicais, e<br />
em termos de Metal, parece mesmo um<br />
caldeirão com uma mistura explosiva.<br />
E destilando um Crossover raivoso e<br />
bem metalizado, é a vez dos mascarados<br />
do D.I.E. mostrarem suas forças em<br />
“D.I.E.”, seu EP de estréia.<br />
O quarteto usa de muitas influências<br />
diferentes em seu Crossover denso e bem<br />
personalizado (há toques bem evidentes<br />
de Pantera na sonoridade, e de Hatebreed<br />
em alguns tempos), soando pesado<br />
e intenso em cada uma das músicas do<br />
EP, que não é cansativo em momento algum.<br />
Vocais urrados (que chegam a usar<br />
tons que parecem o Brujeria em alguns<br />
momentos), riffs de guitarra bem fortes<br />
e azedos, baixo e bateria com boa técnica<br />
e peso, sabendo não serem presos a<br />
um único tipo de andamento, dando uma<br />
dinâmica sonora bem interessante ao disco.<br />
É ouvir e cair no mosh!<br />
A gravação ficou bem legal, em<br />
bom nível, sabendo deixar os instrumentos<br />
bem claros aos ouvidos e sem<br />
esconder os arranjos, embora o vocal<br />
esteja um pouquinho mais alto. Mas<br />
nada que estrague o trabalho do quarteto,<br />
de forma alguma.<br />
Em termos de composição, como<br />
dito acima, a banda mostra timbres<br />
bem escolhidos e arranjos bem brutais,<br />
mas ao mesmo tempo, percebe-se que o<br />
grupo ainda está um pouquinho cru, ou<br />
seja, ainda estão se acertando dentro da<br />
própria proposta musical, e isso é bom.<br />
É bom porque mostra que o grupo, em<br />
breve, terá uma sonoridade bem própria<br />
e diferenciada.<br />
O grupo usa máscaras estilo luta-<br />
-livre, logo, podem esperar que a rápida<br />
e intensa “Tit for Tat”, a mais cadenciada<br />
e empolgante “D.I.E.”, a explosiva e<br />
com andamento moderado (embora com<br />
dois bumbos fantásticos) “Predicted” e<br />
e a direta e seca “Run Out of Air” mostrem<br />
que o grupo não tem por ponto forte<br />
a individualidade (embora cada um se<br />
mostre um bom músico), mas que é uma<br />
música que flua intensa como um todo,<br />
suficiente para deixar pescoços doendo.<br />
Uma boa revelação, mas esperamos<br />
grandes coisas deles em breve. (MG)<br />
Sangrena<br />
Blessed Black Spirit<br />
Darzamadicus Records - Nacional<br />
incrível como a escola brasileira de<br />
É Metal é capaz de criar bandas que<br />
sejam verdadeiras mutações, e isso no<br />
bom sentido. Sim, pois aqui, muitos<br />
vão ganhando um bojo de influências<br />
musicais, mas na hora de processar e<br />
transformar isso em música, sempre temos<br />
algumas surpresas interessantes. E<br />
o Sangrena, de Amparo (SP), realmente<br />
mostra em seu primeiro trabalho, “Blessed<br />
Black Spirit”, que tem espírito, garra<br />
e raça para gerar algo diferente.<br />
A banda trabalha nas trincheiras do<br />
Death Metal mais tradicional à lá anos<br />
90, na mesma veia de bandas como<br />
Morbid Angel, Sinister e Immolation,<br />
ou seja, agressividade saindo pelos poros.<br />
Mas mesmo assim, rotular a banda<br />
como Death Metal tradicional puro e<br />
simples não lhes faz justiça, já que algumas<br />
nuances não convencionais estão<br />
ali, presentes sob a massa de vocais urrados<br />
extremos, riffs coesos e pesados,<br />
solos distorcidos e bem doentios (mas<br />
há momentos que certo esmero se faz<br />
presente), baixo e bateria muito bem entrosados<br />
em uma base rítmica pesada e<br />
bem diversificada (as mudanças de andamento<br />
mostram o quanto são eficientes,<br />
inclusive com o baixo mostrando<br />
momentos dedilhados incríveis, como<br />
em “Reign of Illusions”). Juntando isso,<br />
vemos uma música brutal e opressiva,<br />
mas que tende a crescer mais e mais.<br />
Produzido por Fábio Ferreira (guitarrista<br />
do grupo), a sonoridade do disco é<br />
bem opressiva, compacta, bruta, mas com<br />
boa qualidade. É fácil compreender os<br />
instrumentos musicais, perceber que os<br />
timbres não são lá muito complicados ou<br />
rebuscados. Poderia ter um pouco mais de<br />
qualidade, é fato, mas isso não quer dizer<br />
que está ruim. E a arte de Stephanie Dole<br />
ficou muito boa para a capa, casando perfeitamente<br />
com as músicas e letras.<br />
O disco inteiro é muito bom, mostrando<br />
mais uma vez que o processo
de composição foi bem mesurado, com<br />
destaques para a bruta e rápida “When<br />
the Masks Fall” (com certos toques de<br />
Thrash Metal nos riffs, além de vocalizações<br />
muito bem postadas), a agressiva<br />
“Cursed by Revenge” (Death Metal<br />
tradicional brutal, com riffs bem trabalhados,<br />
e bateria precisa. Mas reparem<br />
como algumas melodias aparecem nos<br />
solos), o pesadelo sonoro de “Abyss of<br />
Souls” (a típica faixa mais cadenciada e<br />
abrasiva, com belos dedilhados do baixo,<br />
mostrando que esse zagueiro sabe<br />
marcar gols), a veloz e cavalar “Blessed<br />
Black Spirit” (baixo e bateria mostram<br />
uma força bem dinâmica e agressiva na<br />
base), a mais trabalhada (ainda que bem<br />
brutal) “Reign of Illusions” (muitas mudanças<br />
de andamento, com riffs agressivos<br />
muito bons e bela presença do<br />
baixo mais uma vez. Mas se repararem,<br />
melodias que lembram um pouco o Iron<br />
Maiden surgem nas guitarras), a bem<br />
trabalhada “City of Hanged People”.<br />
Sim, o Sangrena mostra no CD que tem<br />
potencial para ser grande, bem como é uma<br />
banda que a dinâmica é a tônica de seu trabalho.<br />
Logo, esperamos que o próximo nos<br />
traga surpresas bem agradáveis. (MG)<br />
Warfather<br />
Orchestrating the Apocalypse<br />
Greyhaze Records - Importado<br />
Sempre que uma nova banda, com<br />
integrantes conhecidos no meio do<br />
Metal e do Rock, surge, logo uma pergunta<br />
extremamente rotineira é feita:<br />
“será que ela manterá os traços de algum<br />
trabalho feito por seus membros?”<br />
É uma pergunta que coloca qualquer<br />
bom trabalho em xeque, que realmente<br />
pode pôr tudo a perder, já que muitos<br />
se decepcionam por encontrar (ou não)<br />
traços de similaridades. Mas sempre<br />
é um desafio para ouvintes e bandas,<br />
ainda mais quando as mesmas oferecem<br />
algo salutar, como o Warfather nos<br />
concede em sua estréia com o excelente<br />
“Orchestrating the Apocalypse”.<br />
Antes de tudo, temos a presença de<br />
músicos com bandas como Nile, Morbid<br />
Angel, Prostitute Disfigurement, Sinister<br />
e Deströyer 666 em seus currículos,<br />
logo, experiência não é problema. Inclusive,<br />
a banda é tem um toque que foge<br />
de fronteiras, pois Deimos (bateria) é<br />
holandês, Avgvstvs (baixo) é brasileiro,<br />
e Steven Tucker (guitarras e vocais, e<br />
sim, é ele mesmo) é Norte-americano.<br />
E a música do Warfather é uma golfada<br />
brutal, opressiva e técnica de Death Metal,<br />
mostrando um trabalho diferenciado.<br />
Steve Tucker acompanhou o processo<br />
de gravação (que foi feito nos EUA e<br />
Holanda), e ainda mixou o trabalho. A<br />
masterização é de Maor Appelbaum. E a<br />
qualidade sonora de “Orchestrating the<br />
Apocalypse” é bem acima da média, sabendo<br />
ser limpa, bem seca e clara, mantendo<br />
todos os instrumentos audíveis com boa<br />
escolha de timbres, mas o peso é sensível.<br />
Na realidade, é um peso monumental.<br />
A arte de Ken Coleman é algo belo e totalmente<br />
antenado com a realidade sonora/<br />
lírica da banda, em especial com a letra de<br />
“Gods and Machines”. E tudo isso em um<br />
belíssimo Digipack de seis painéis!<br />
A música do quarteto é vibrante e<br />
cheia de energia, pesada e densa, mas ao<br />
mesmo tempo, vemos que “Orchestrating<br />
the Apocalypse” é um disco muito<br />
bem construído e finalizado, com cada<br />
aspecto sonoro esmerado, mas sem obliterar<br />
a espontaneidade do trabalho, com<br />
arranjos muito bem pensados e cuidados<br />
de forma a preencher as canções.<br />
Uma ótima revelação, e é bom ver<br />
esses sujeitos na ativa. E ainda por<br />
cima, nos brindando com um disco tão<br />
bom. (MG)<br />
Julia Crystal<br />
A Journey to Shamballa<br />
Independente - Nacional<br />
interessante dar uma olhada profunda<br />
em alguns estilos musicais um<br />
É<br />
pouco diferentes vez por outra, e não<br />
é de hoje que nos deparamos com similaridades<br />
deles com o Metal, devido<br />
muitas vezes às diferentes influências<br />
que os fãs (que um dia acabam entrando<br />
em bandas, ou mesmo seguindo uma<br />
carreira dentro do universo musical)<br />
aglutinam, e que os músicos ganham ao<br />
estudarem parte mais teórica da coisa<br />
toda. Logo, é um enorme prazer para<br />
o Metal Samsara abrir suas portas mais<br />
uma vez para um gênero irmão e trazer<br />
ao conhecimento de todos o primeiro<br />
álbum de Julia Crystal, o sublime “A<br />
Journey to Shamballa”.<br />
A priori, poderíamos pensar em classificar<br />
o CD como um trabalho mais<br />
voltado à New Age, mas logo elementos<br />
de Rock Progressivo, Pop e outros vão<br />
se aglutinando, e em alguns momentos,<br />
sentimos a um pouco certa similaridade<br />
com trabalhos de cantoras como Liv<br />
Kristine e Anneke Van Giersbergen, mas<br />
não nos enganemos: o trabalho de Julia é<br />
bem mais amplo que nossos sentidos podem<br />
compreender em certos momentos,<br />
e cada ouvida em “A Journey to Shamballa”<br />
é uma nova e deliciosa descoberta<br />
para ouvidos cansados de estilos mais<br />
agressivos. Aliás, ouvidos cansados de<br />
tantas tralhas (musicais ou não) que somos<br />
forçados a ouvir todos os dias.<br />
Na realidade, este é um projeto de<br />
Julia (uma cantora de formação lírica)<br />
em conjunto com Alex Voorhees (produtor<br />
musical e vocalista da banda Imago<br />
Mortis), e cheio de convidados de<br />
peso, como Alex Navar (do Kernunna,<br />
e tocou gaita irlandesa e Tin Whistle),<br />
Pedro Santos (Palácio Moderno), Kevin<br />
Shortall (banda Café Irlanda nos violões),<br />
Paulo Rogério Viana (violão flamenco),<br />
Rodrigo Alves (guitarra, carreira<br />
solo e membro da banda Parallax),<br />
Marcelo Val (do Hardballz), Fábio Machado<br />
e Carlos “Tayo” Pardal (guitarra)<br />
e Tiago Connal (percussão). E como a<br />
produção musical ainda ficou por conta<br />
de Alex, temos uma qualidade sonora<br />
de alto nível, translúcida, clara, que nos<br />
permite aos sentidos acessar sem medo<br />
cada detalhe musical mínimo. Óbvio<br />
que alguns timbres e instrumentos assustarão<br />
os mais incautos e radicais,<br />
mas uma segunda ouvida, e tudo fluirá<br />
sem maiores problemas ou traumas.<br />
O conteúdo artístico de “A Journey<br />
to Shamballa” é muito bem cuidado e<br />
belo, com estética perfeita e uma capa<br />
visualmente belíssima, evocando o<br />
reino da perfeição criado pelos deuses<br />
hindus, onde estão reunidos grandes<br />
mestres de várias áreas do conhecimento<br />
humano, e onde a felicidade, a beleza,<br />
a música, a paz e o amor completos<br />
reinam. E as letras, acreditem: são excelentes,<br />
lidando com temas de uma forma<br />
mais espiritualizada, e a mensagem<br />
é extremamente positiva, independente<br />
se o ouvinte é ateu ou acredita em algo.<br />
Musicalmente, não há espaço para<br />
críticas negativas. A riqueza e diversidade<br />
de “A Journey to Shamballa” é<br />
incrível, e a música flui de forma extremamente<br />
agradável em todas as suas<br />
nuances e expressões, E acreditem: ouvir<br />
o disco uma vez o desperta para um<br />
lindo sentimento de paz interior, que<br />
nada tem a ver com música, com mundo<br />
ou dificuldades, mas apenas de um bem<br />
estar de você com você mesmo.<br />
Um disco de fácil assimilação, e que<br />
abre os sentidos para algo de bom e<br />
grandioso em termos musicais e mentais.<br />
E Julia compartilha, juntamente<br />
com todos os envolvidos, um pouco<br />
de si, de seu espírito. Nada melhor que<br />
deixarmos nossas mentes abertas à uma<br />
compreensão maior e mais profunda do<br />
todo em que vivemos, à uma nova e deliciosa<br />
experiência... (MG)<br />
Yekun<br />
Live at Kaffeklubben<br />
(Official Bootleg)<br />
Independente - Nacional<br />
Sabem aquelas bandas que optam por<br />
fazer uma sonoridade atual, mas rebuscando<br />
muita influência do passado e<br />
que acaba gerando algo novo e diferente?<br />
Pois é, o Yekun é uma banda cuja<br />
classificação musical em gêneros do<br />
Metal não é tarefa lá muito simples<br />
(e o Pai Marcão aqui nem mesmo vai<br />
tentar, pois não acredito em rótulos ou<br />
subdivisões toscas). Muito peso e um<br />
som gorduroso, cheio de psicodelia e<br />
agressividade, mas ao mesmo tempo,<br />
cheio de um feeling precioso e bastante<br />
espontaneidade, especialmente se estivermos<br />
falando do Official Bootleg<br />
do grupo, “Live at Kaffeklubben”, que<br />
acaba de ser disponibilizado para download<br />
gratuito pelo grupo.<br />
Primeiramente, “Live at Kaffeklubben”<br />
é um disco realmente ao vivo, sem<br />
muitos overdubs de estúdio, como era<br />
feito até a primeira metade dos anos<br />
80, ou seja: você está ouvindo o que<br />
foi tocado no show, sem muito embelezamento<br />
feito a posteriori em algum<br />
estúdio de ponta com um engenheiro de<br />
som fabuloso. Nada disso, o clima aqui<br />
é ao vivo até o osso, e se pode ver que o<br />
grupo ao vivo é bem mais feroz e irascível<br />
que em estúdio.<br />
Gravado no Inferno Club em julho<br />
último (ou seja, podem perceber que o<br />
tempo de lá para cá nem permite grandes<br />
mexidas no áudio), a qualidade não é a<br />
melhor do mundo, já que o peso esfumaçado<br />
está presente, o baixo está com uma<br />
sonoridade bem gordurosa e alta, os vocais<br />
estão bem urrados e os riffs e solos<br />
em um nível de volume um pouco baixo.<br />
Mas isso tudo deixa uma coisa exposta:<br />
que o grupo não quis dar uma de “o<br />
grandão” e mexeu. Nada disso, é direto<br />
e reto, ao vivo e sem perdão, mas com<br />
muita energia e tesão, coisa de quem<br />
quer mesmo fazer música. E isso, meus<br />
caros, é para poucos como este quinteto<br />
insano. E não duvido que bares e outros<br />
estabelecimentos da Rua Augusta teriam<br />
problemas sérios com esses caras soltos<br />
por lá em noites de fim de semana...<br />
Seis faixas estão no trabalho, todas<br />
elas muito boas e empolgantes.<br />
“Around”, o hit “Inside My Headache”<br />
e “Psi Ética (Immolated)” são faixas de seu<br />
primeiro trabalho, o Websingle “Inside My<br />
Headache”, em versões bem gordurosas e<br />
pesadas, mas ainda temos as inéditas “Faith<br />
of Serpents”, a ótima “Compasso Ímpar”<br />
e “The Boar’s Nest” (esta última, título do<br />
próximo trabalho do grupo). Todas elas ótimas<br />
canções, mostrando que JP é um ótimo<br />
vocalista ao vivo, sabendo não só cantar,<br />
mas se comunicar bem com o público, ao<br />
passo que as guitarras de André Abreu (apesar<br />
do baixo volume e meio abafada em alguns<br />
momentos) se mostra pesada e firme<br />
nos riffs e solos, o baixo gorduroso e agudo<br />
de Gerson Câmera segura uma base rítmica<br />
forte junto com a bateria precisa de Vlad<br />
(que mostra uma boa e sóbria técnica). E<br />
esses dois últimos se mostram bastante em<br />
“The Boar’s Nest”, lembrando muito algo<br />
como um Black Sabbath dos 70 no auge de<br />
seu experimentalismo.<br />
Então, já que leu minhas palavras até<br />
aqui, baixem logo o disco que é de graça,<br />
enquanto “The Boar’s Nest” não sai.<br />
O link é esse (http://www.metalmedia.<br />
com.br/yekun/downloads/yekun_liveatkaffeklubben.rar),<br />
então, baixem<br />
de uma vez, ouçam em alto volume e<br />
vejam pais e vizinhos pagodeiros reclamando<br />
muito! (MG)<br />
Nervosa<br />
Victim of Yourself<br />
Die Hard Records - Nacional<br />
Bom, seria de se esperar que absolutamente<br />
nada aqui seria diferente!<br />
Afinal a Nervosa além de ser uma das<br />
mais atuantes bandas deste nosso país,<br />
jamais aliviou em nada na sua postura e<br />
na sua música. E está tudo lá, os riffs, a<br />
bateria quebra ossos e os vocais característicos<br />
de Fernanda Lira.<br />
Embalando shows e mais shows por<br />
todo o país, arrancando elogios e críticas<br />
efusivas tanta da mídia especializada<br />
quanto do público, a banda segue seu<br />
caminho e vai conquistando seu lugar<br />
ao sol, e derrubando um a um os problemas<br />
encontrados.<br />
Prika Amaral é uma verdadeira máquina<br />
de riffs e não deixou por menos<br />
neste Victim of Yourself, peso em doses<br />
cavalares, velocidade e em muitos<br />
do cd, climas extremamente bonitos e<br />
muito bem construídos.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 11
Fernanda Lira desenvolve o seu papel<br />
de forma muito competente, vocalizações<br />
muito bem encaixadas e em muitos<br />
momentos inspiradíssimos. Sinto falta<br />
de um pouco mais de volume no baixo,<br />
mas ele está presente e faz aquela parede<br />
sonora por traz dos riffs cortantes.<br />
A bateria, gravada por Amilcar Christófaro,<br />
é uma aula de Thrash Metal do começo<br />
ao fim. Mérito para a batera Pitchu<br />
Ferraz que além de reproduzir tudo que é<br />
tocado por Amilcar no CD, ainda imprimi<br />
sua própria personalidade no andamento<br />
das músicas, como podemos conferir nos<br />
diversos vídeos ao vivo das meninas espalhados<br />
por toda a rede. Mas, ao meu<br />
ver, faltou um pouco de punch e timbres<br />
mais ousados na gravação da bateria, mas<br />
isso é muito mais uma questão de gosto<br />
pessoal do que um problema do CD em si.<br />
Um grandioso lançamento da Napalm<br />
Records da Áustria, de umas das maiores<br />
promessas do nosso país para o mundo, e<br />
digam, os retratores o que quiserem, o mérito<br />
de terem cometido Victim of Yourself<br />
e de serem uma das mais dignas e respeitadas<br />
representantes do Thrash Metal deste<br />
Brasil varonil, ninguém tira delas. (JPC)<br />
Nervochaos<br />
The Art of Vengeance<br />
Cogumelo Records - Nacional<br />
Após o bem conceituado disco “To<br />
The Death” e o DVD triplo “17<br />
Years OF Chaos”, o quarteto paulista referência<br />
nacional do death metal, Nervochaos,<br />
trouxe para 2014 um dos melhores,<br />
se não o melhor, e mais completo disco<br />
dos seus dezessete anos de carreira!<br />
“The Art Of Vengeance”, gravado<br />
no Estúdio HR (RJ) e mixado na Itália<br />
contou com a produção de Alex Azalli e<br />
a própria banda, além da belíssima capa<br />
e encarte ter ficado por conta de Marco<br />
Donida – guitarrista e fundador da banda<br />
Matanza, também guitarrista da banda de<br />
black metal Enterro – é um disco que vai<br />
ficar marcado na história do Nervochaos.<br />
Foi um trabalho muito bem elaborado,<br />
centrado, preciso e maturo, mas<br />
tudo isso sem sair das raízes do primordial<br />
Death Metal padrão de brutalidade,<br />
mostrando que é possível inovar, evoluir<br />
e amadurecer sem largar suas origens.<br />
Tecnicamente tudo foi muito bem<br />
trabalhado, riffs pegados, arranjos mais<br />
sólidos, guturais e viscerais mais precisos,<br />
variando constantemente entre<br />
Guiller e Quinho.”Em 12 faixas de puro<br />
amassa-crânios, não há muito o que ser<br />
dito ou destacado. O disco é homogêneo<br />
do início ao fim”. - Marcos Garcia.<br />
“The Art Of Vengeance”pode ser<br />
considerado o melhor disco de 2014,<br />
sem meia palavras e sem papas da língua<br />
o disco põe o Nervochaos no topo<br />
da cadeia do metal extremo, merecedor<br />
do título: “Mestres do Death Metal”.<br />
Junto ao disco temos também uma<br />
segunda parte: o DVD “Warriors on the<br />
Road II”, uma sequência de “17 Years<br />
of Chaos” onde temos um documentário<br />
que abrange de “To The Death” até<br />
aqui, com depoimentos do início das<br />
carreiras de Guiller, Quinho, Felipe e<br />
Edu até chegarem ao Nervochaos, e um<br />
documentário sobre a gravação do “The<br />
Art of Vengeance” (com depoimentos<br />
do produtor Alex e dos “Nervoguys”),<br />
mostrando o porquê da banda ter dado<br />
uma crescida em termos musicais. (YN)<br />
Siege of Hate<br />
Animalism<br />
Independente - Nacional<br />
Se você fala de qualidade, peso, velocidade<br />
e agressividade, você tem<br />
que lembrar de Siege OF Hate.<br />
Executando com perfeição o mais fodido<br />
Grind/Death/Hardcore, Animalism, disco<br />
mais recente dos caras lançado em 2013 traz<br />
em sua bagagem 14faixas de pura técnica e<br />
brutalidade, colocando o S.O.H como um<br />
ícone do Grindcore nacional.<br />
É normal ter torcicolos frequentes<br />
e um pouco de falta de ar quando se<br />
escuta “Animalism”. É simplesmente<br />
animal! Toda fúria desse disco transcede<br />
e transforma-se em energia, não te<br />
deixando sossegar um minuto se quer.<br />
O power trio com exatos dezesseis anos<br />
de existência e composto por Bruno Gabai,<br />
George Frizzo e Saulo Oliveira, carrega<br />
muito bem a bandeira do Ceará e do Nordeste,<br />
enchendo centenas e mais centenas<br />
de headbangers de orgulho de sermos tão<br />
violentamente bem representados!<br />
Elaborada por G. Frizzo, a capa do<br />
álbum é uma obra prima: “um javali<br />
que nos observa de maneira incômoda,<br />
e que reflete a proposta do álbum, que<br />
foi “inspirado na obra ‘A Revolução<br />
dos Bichos’, de George Orwell, assim<br />
como num paralelo entre esta (sic) obra<br />
de ficção e a atual conjuntura política<br />
(cada vez mais negativa) do Brasil e da<br />
América Latina”. (YN)<br />
Innvein<br />
Timeless<br />
Independente - Importado<br />
Oriundos de Buenos Aires na Argentina,<br />
esse quinteto nos brinda com a<br />
fórmula mágica do Prog Metal, aliados<br />
a muito Heavy Metal em suas composições.<br />
Como Timeless foi produzido pela<br />
própria banda o que emana dos falantes<br />
é uma massa sonora de peso e melódia,<br />
e pelo fato de ser mais pesado que o normal<br />
em se tratando de bandas de Prog,<br />
este CD acaba agradando até mesmo que<br />
não é muito chegado ao estilo.<br />
Os vocais do também guitarrista Ignacio<br />
Rodriguez, seguem pela interpretação<br />
e em alguns momentos soa mais<br />
grave, mas o trabalho vocal é digno de<br />
nota, uma vez que ele se vale de momentos<br />
muito introspectivos e soturnos,<br />
chegando ao ponto de ouvirmos uns guturais<br />
aqui e ali ao longo do trabalho.<br />
Ao longo dos quase 40 minutos de<br />
Timeless percebemos uma banda coesa,<br />
afinada e que dão as sua composições um<br />
toque de elegancia e bom gosto. A banda<br />
composta, por Patricio Rodriguez - guitarra,<br />
Rodrigo Delucchi - teclado, Eduardo<br />
Giola - baixo, Alejandro Pavone bateria,<br />
além do já citado Ignacio Rodriguez, esbanja<br />
técnica e conhecimento de causa,<br />
além de conhecimento na parte técnica,<br />
já que todos os intrumentos são audíveis<br />
e muito bem timbrados, as linhas de baixo<br />
são claros e muito criativas, associadas as<br />
levadas de bateria velozes e quando não,<br />
muito bem aplicadas ao longo das músicas.<br />
O Innvein, com Timeless nos mostra<br />
que é possível sim, fazer um disco de<br />
Prog Metal, capaz de agradar até o mais<br />
radical dos Headbanger, assim como<br />
ainda manter os que são chegados a fritação<br />
dos intrumento. O que torna, pelo<br />
menos, a audição deste trabalho, obrigatória.<br />
Sensacional! (JPC)<br />
Impaled Nazarene<br />
Vigorous and Liberating Death<br />
Osmose Records - Importado<br />
o quarteto mais insano e polêmico do<br />
E Metal finlandês está de volta à carga,<br />
cada vez mais bruto e mal encarado em<br />
seu trabalho musical.<br />
Sim, o Impaled Nazarene, veterano e<br />
um dos pioneiros da (agora) reconhecida<br />
cena Metal da Finlândia, depois de 4 anos<br />
longe dos estúdios, acaba de lançar seu<br />
novo álbum, o destruidor de pescoços<br />
“Vigorous and Liberating Death”, mostrando-se<br />
ainda forte e vigoroso, mesmo<br />
tendo quase 25 anos de luta, muita ironia<br />
e polêmicas em sua bagagem.<br />
Desde “Manifest”, de 2007, a banda<br />
tem sua formação estabilizada. Mas sua<br />
música não apresenta muitas mudanças,<br />
quase como se fossem um tipo de AC/<br />
DC ou Motorhead do Metal extremo da<br />
Finlândia. Mas há uma enorme diferença<br />
entre eles e muitas bandas que trilham<br />
este caminho: o Impaled Nazarene não<br />
é repetitivo ou chega a cansar nossos<br />
ouvidos, muito longe disso. Podemos<br />
dizer que “Vigorous and Liberating<br />
Death” é o melhor disco do grupo desde<br />
“Pro Patria Finlandia”, mas mais bruto<br />
e seco que a fase entre “Rapture” e o<br />
próprio “Pro Patria Finlandia”, que era<br />
um pouco mais melodiosa.<br />
A produção, feita pelo próprio grupo,<br />
garante que a personalidade musical do<br />
quarteto esteja intocada, ao mesmo tempo<br />
em que ficou mais cheia e encorpada que<br />
nos discos anteriores, com um peso cavalar,<br />
mas sem perder o impacto musical, e<br />
menos ainda a limpeza necessária para<br />
que o brilho dos instrumentos se perca.<br />
E se preparem, pois o quarteto não está<br />
para brincadeiras. Esse disco é impactante,<br />
bruto e sempre soando agradável, seja<br />
nos momentos mais ferozes e velozes,<br />
seja quando a banda muda um pouco a<br />
velocidade dos andamentos (embora as<br />
músicas sejam quase todas bem rápidas).<br />
E a simplicidade musical da banda em<br />
certos momentos deixa claro que mil<br />
notas não fazem uma boa canção. Mas<br />
é bom tomar cuidado: ser simples não<br />
significa que o grupo não saiba arranjar<br />
muito bem suas músicas, e despojamento<br />
(uma característica musical do Impaled<br />
Nazarene) não quer dizer que uma boa<br />
técnica está ausente.<br />
As letras de “Vigorous and Liberating<br />
Death” versam bastante sobre a morte em<br />
vários pontos de vista, destilando críticas<br />
azedas e protestando contra a morte da<br />
economia finlandesa (e da própria União<br />
Européia), contra a morte da liberdade de<br />
expressão, entre outras tantas. Temas bem<br />
atuais, mesmo para a realidade brasileira.<br />
Enfim, sejam bem vindos de volta e<br />
continuem pervertendo os bons costumes<br />
e fazendo as pessoas pensarem por si<br />
mesmas. (MG)<br />
Revolted<br />
Revolutionary Order<br />
Imdependente - Nacional<br />
Começaremos dizendo que quem<br />
gosta de arte gráfica, já se encanta<br />
com Revolutionary Order, CD lançado<br />
em março de 2014 pelo proeminente<br />
Revolted. Já que a capa deste trabalho<br />
é, para mim pelo menos, uma das mais<br />
bonitas já lançadas pelo nosso prolífico<br />
cenário Heavy Metal. Com ideais do<br />
vocalista Hedrey e elaborada pelo artista<br />
Thiago Andrade, por si só, já nos<br />
deixa com vontade de colocar o CD no<br />
player e conta pontos positivos ao Revolted.<br />
Nascida em Anápolis (GO), esta banda<br />
prática um Thrash Metal com características<br />
modernas, danto um tempero<br />
interessante a brutalidade que emana de<br />
suas músicas, que são muito bem “cuidadas”<br />
e podem migrar da brutalidade<br />
estrema a passagens melodiosas, principlamente<br />
nos solos, sem perder sua característica<br />
e sua fúria. Coisa de quem<br />
sabe bem o que quer, e que torna este<br />
primeiro lançamento digno de figurar<br />
nas listas de melhores do ano.<br />
E os caras não param, ainda para<br />
2014 podemos contar com surpresas.<br />
“Lançamos Revolutionary Order e estamos<br />
trabalhando na produção do nosso<br />
primeiro vídeo para a faixa Heartbreaking<br />
que será dirigido por Paulo Victor<br />
e editado por Bruno Paraguay, vocalista<br />
da banda Eminence, disse Alex.<br />
Ele ainda nos contou que a aceitação<br />
do trabalho pela mídia especializada e<br />
pelo público tem sido muito gratificante:<br />
“A galera tem sido generosa com a<br />
gente, elogiando bastante o nosso trabalho,<br />
até nos surpreendeu. É muito bom<br />
ler esses reviews positivos, dá um gás<br />
a mais para continuarmos a investir na<br />
banda, sabendo que realmente o disco<br />
está agradando a galera.<br />
Revolutionary Order traz uma banda<br />
musicalmente madura e pronta a conquistar<br />
seu espaço no concorrido cenário<br />
brasileiro, mas podem sim, almejar<br />
alçar voos mais alto, afinal, música de<br />
qualidade e personalidade não faltam a<br />
este grupo. (JPC)<br />
12 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
A Red Nightmare<br />
A Red Nightmare<br />
Imdependente - Nacional<br />
Uma excepcional revelação vinda<br />
lá de Belém, no Pará. Como dá<br />
gosto de escutar um trabalho tão bem<br />
feito, caprichado tanto na arte musical,<br />
quanto na visual. Pois é, o negócio<br />
vem em digipack, com uma arte<br />
gráfica linda (Gustavo Sazes é o cara)!<br />
O som desses caras é um Death Metal<br />
com toques modernos, executado com<br />
muita maestria. Sim, os arranjos ficaram<br />
fantásticos, variados e brutais. Há<br />
partes velozes, como manda o figurino,<br />
e também aquele ‘groovie’ em outros<br />
momentos, de modo que tudo parece se<br />
complementar e deixar o material irresistível.<br />
Até os solos estão inspirados aqui.<br />
Mas em meio à destruição sonora,<br />
os caras mostram um lado menos<br />
agressivo – no caso, lá pela metade<br />
da ótima “A Red Nightmare PT.III”,<br />
o que mostra quanta bagagem esses<br />
caras têm. Que trabalho lindo!<br />
O ‘debut’ conta ainda com a primeira<br />
demo, também intitulada “A Red<br />
Nightmare”, como bônus, regravada.<br />
A produção do disco também é<br />
impressionante. Nos momentos mais<br />
brutais, a caixa de som corre perigo de<br />
estourar com o peso dos instrumentos.<br />
Vai por mim, uma das maiores surpresas<br />
do ano! Foda, foda, FODA! (CK)<br />
Aneurose<br />
From Hell<br />
Imdependente - Nacional<br />
abe daqueles Thrash Metal com toques<br />
Smodernos, bem produzido e feito por<br />
gente competente? Olha a Aneurose se encaixando<br />
no perfil!<br />
É cadenciado, é pesado, maravilhosamente<br />
‘grooviado’ e, como não poderia<br />
deixar de ser, empolgante. Viu só? Nem só<br />
de alta velocidade vive o estilo!<br />
Escute a chamada “Hunting Knife”,<br />
com uma levada que intima a entrar na<br />
roda e testar sua saúde até seu final. E a<br />
seguinte, “Drink Like a Man”, até começa<br />
meio Heavy, mas desembesta pra algo<br />
mais violento e direto. O refrão é um grude<br />
só! “FIRE!!!”<br />
Um “quê” de Pantera surge em “Square<br />
in Flames”, mais especificamente da música<br />
“A New Level”. Boa também!<br />
E a que fecha o disco, “Spoilled Little<br />
Girl (S.L.G.)”, talvez seja a mais porrada.<br />
Cuidado, pois ela atordoa!<br />
Pelo visto, os caras não gostam de mesmice,<br />
já que cada faixa tem uma cara bem<br />
própria, algo admirável no trabalho, especialmente<br />
constatando que conseguem soar<br />
agressivos em todas elas.<br />
Em meio a tudo isso, o bom vocal de<br />
Wallace Almeida, que até lembra um pouquinho<br />
o de Chuck Billy (Testament) em<br />
alguns momentos.<br />
Quase esqueço, a banda vem de um lugar<br />
especialista em música extrema: Minas<br />
Gerais. Portanto, carrega a bandeira do<br />
mal, e com merecimento!Não deixem de<br />
conhecer esse material, intenso na medida.<br />
Metal até a alma do corpo em decomposição!<br />
(CK)<br />
Angry<br />
Future Chaos<br />
Metal Maximus/Tauil Entretenimento<br />
Nacional<br />
á tinha passado da hora desse ‘debut’ sair!<br />
JO Thrash Metal permanece mortal e dessa<br />
vez, vem acompanhado, em um ou outro<br />
momento, pelo Death Metal. Cinco anos de<br />
atividades comemorados em grande estilo!<br />
A gravação está uma maravilha, expondo<br />
toda a fúria do quarteto, formado por<br />
Alex (guitarra), Diego Armando (baixo/<br />
vocal), Ricardo Luiz (bateria) e Renato<br />
Haboryni (gravou a segunda guitarra).<br />
E o que se percebe é o talento de todos<br />
os músicos – escute, por exemplo, o solo<br />
fantástico da faixa-título (ó o clipe aí embaixo)<br />
ou as boas viradas de bateria -, que<br />
dominam os respectivos instrumentos.<br />
Bom, e o vocal continua com aquela pegada<br />
nervosa que remete a Tom Araya, em<br />
meio às músicas velozes na maior parte do<br />
tempo (com a caixa da bateria marcando a<br />
“cabeça” do tempo em quase todas as composições).<br />
Falando em voz, há participações<br />
especiais de Diego Armando, Alex Rangel<br />
(Attomica), Juliana Reis (Martíria) e Jairo<br />
(Chaos Synopsis) nos backing vocals.<br />
Além da mencionada faixa-título, vale a<br />
pena falar também de “Struck in the Past”,<br />
com arranjos fodas, a seguinte, “Suffocated<br />
by Despair”, lindamente brutal, e a última,<br />
“Last Day”, com mais de sete minutos!<br />
A capa e o encarte são bem caprichados,<br />
mais um ponto positivo para o conjunto<br />
que, como já demonstrado no EP “Only<br />
Lies” (2010), sabe investir na parte visual.<br />
Thrash que carrega o clássico e um<br />
pouco do moderno: se é isso que você<br />
curte, é bom voar atrás desse material, violento<br />
como deve ser. Aliás, agitar ao som<br />
de “Future Chaos” pode comprometer o<br />
pescoço... mas e daí? Vale a pena! (CK)<br />
Protector<br />
Reanimated Homunculus<br />
High Roller Records / Kill Again<br />
Records - Nacional<br />
Banda oitentista (embora tenha dado<br />
um enorme intervalo nas atividades<br />
entre 2003 e 2011) e como tal, investe num<br />
Thrash Metal daquela época com um pouco<br />
de Death. É alemão, então, já se sabe<br />
que é bruto como um tanque de guerra.<br />
Como seria de se esperar, percebe-se<br />
uma ou outra semelhança com os clássicos<br />
daquele país, como Kreator (antigo)<br />
e Sodom, por exemplo, mas a Protector<br />
consegue ser mais violenta.<br />
A voz de Martin Missy tem um timbre<br />
bem do estilo Black Metal, rasgado<br />
e seco, o que dá uma aura mais malévola<br />
para o som da banda e engrandece o<br />
resultado final.<br />
Entre tantas boas composições, vale<br />
destacar “Deranged Nymphomania”,<br />
que é uma pancada na cara que afunda<br />
os dentes no fundo do crânio, assim<br />
como “Lycopolis” e a que fecha o disco,<br />
“Calle Brutal”. Essa última é bem curta,<br />
composta pra aniquilar!<br />
“Road Rage” também é uma maravilha,<br />
com boas levadas velozes, e<br />
há também uma regravação para “The<br />
End”, originalmente registrada na demo<br />
“Resurrected” (2000).<br />
A capa – muito bonita por sinal - remete<br />
a trabalhos Death Metal, estilo que<br />
a banda misturava em maior quantidade<br />
com o Thrash em anos passados. Aliás,<br />
entrando no mérito do encarte, muito<br />
bacana ele contar com o resumo da<br />
história da banda! E a coisa foi além,<br />
pois lá fala por onde andam todos os<br />
ex-integrantes do grupo (e os atuais),<br />
e também há comentários sobre todas<br />
as faixas. Está aí uma coisa muito legal<br />
que as bandas deveriam fazer.<br />
Vale a pena conhecer esse material, deliciosamente<br />
extremo e que saiu em versão<br />
nacional pela Kill Again Records. (CK)<br />
Subcut<br />
Grind Years 2004-2011<br />
A<br />
Vários Selos - Nacional<br />
qui, uma ótima compilação dos<br />
paulistas, uma das mais importantes<br />
e respeitadas bandas do Grindcore<br />
nacional. Afinal, não é fácil encontrar<br />
esse material, que saiu inicialmente<br />
em splits, hoje em dia. Portanto, mais<br />
do que nunca, essa iniciativa, feita por<br />
diversos selos em parceria, sacia a fome<br />
dos fãs do grupo.<br />
Apenas para constar, a compilação<br />
vem de splits com as seguintes bandas:<br />
Pretty Little Flowers (2011), Social<br />
Chaos (2007), Disturbance Project<br />
(2006) e Fuck the Facts (2004).<br />
Como todos já devem saber, e já foi<br />
dito aqui no blog outras vezes, a Subcut<br />
faz um Grind com uma identidade própria,<br />
inconfundível. É nervoso, veloz ao<br />
extremo, sujo e desgraçado.<br />
A alternância de vocais característica<br />
se faz competente como sempre, assim<br />
como os riffs diretos e agressivos. A bateria,<br />
claro, não descansa.<br />
Obviamente que a qualidade da gravação<br />
varia, mas todas, de maneira geral,<br />
estão bem acima da média, de modo<br />
que não há do que reclamar. Isso é que<br />
é legal dos caras: mesmo sendo tão extremos,<br />
eles tomam cuidado com a produção,<br />
de modo que ela esteja tinindo<br />
(para os padrões do estilo).<br />
Poxa, e o que é bom, dura pouco...<br />
essa preciosidade, com 24 barulhos, não<br />
chega a meia hora de duração. Bom,<br />
melhor colocar pra repetir, né?<br />
Sejamos francos: fãs de Grind são<br />
masoquistas! Afinal, adoramos ter nossos<br />
ouvidos massacrados pelo caos sonoro,<br />
e a banda é uma das que realmente<br />
sabe como violentar os canais auditivos.<br />
Pessoal, hora de cair no óbvio: indispensável,<br />
um documento importante da<br />
história do underground nacional. Haja<br />
crânio para ser tão esfolado! Se vira<br />
para tentar conservar o seu. (CK)<br />
Pile of Corpses<br />
For Sex, For Violence,<br />
For Alcohol<br />
S<br />
Independente - Nacional<br />
abe a famosa frase que tem feito<br />
sucesso nas redes sociais, “The<br />
zoeira never ends”? Pois então, tem<br />
tudo a ver com o ‘debut’ da Pile of<br />
Corpses, não no sentido pejorativo,<br />
mas como algo divertido e bem humorado.<br />
Porque o som desses doentes,<br />
meus amigos, é calcado no Thrash/<br />
Death Metal esporrento, pra assustar<br />
qualquer desavisado.<br />
Os caras são figuras e mandam ver<br />
em letras sacanas e de humor negro<br />
que conquistam pela falta de noção (a<br />
introdução já “diz” tudo).<br />
Quanto à sonoridade, a influência<br />
da escola americana é grande, mas<br />
nem por isso eles são cópia de algum<br />
medalhão. A velocidade é constante<br />
em quase todo o disco (parabéns<br />
para o habilidoso baterista Pinguim)<br />
e o peso da guitarra de JP, que destila<br />
bons riffs, é um dos grandes atrativos<br />
de “For Sex, For Violence, For Alcohol”.<br />
Aliás, o talento dos músicos é fato.<br />
Afinal, constroem músicas bem interessantes<br />
mesmo sem trazer inovações<br />
para o estilo que executam.<br />
O que merecia mais cuidado é a<br />
gravação, que ficou meio tosca. Tudo<br />
está audível, mas lembra registros<br />
do começo dos anos noventa, quando<br />
ainda careciam de mais qualidade<br />
no quesito. Aliás, a primeira (e maravilhosa)<br />
demo da POC, “Hail War<br />
(Enhanced)”, datada de 2004 (dez<br />
anos!) tem uma produção melhor do<br />
que a do CD.<br />
Mas podem ficar tranquilos, porque<br />
as composições animais se sobressaem<br />
a qualquer empecilho relacionado<br />
à gravação. Portanto, foi apenas uma<br />
observação construtiva.<br />
A Pile of Corpses continua lançando<br />
trabalhos de alto nível e perfeitos<br />
para aqueles que gostam do contraste<br />
entre a brutalidade e a graça. Delicie-<br />
-se e regurgite, refazendo os processos<br />
continuamente. Vale a pena.<br />
PS: Ainda me lembro do show deles<br />
em Araraquara/SP. O vocalista usando<br />
uma máscara de porco foi hilário. Eles<br />
devem se lembrar de mim, pois fui o<br />
único que comprou a mencionada<br />
demo depois da apresentação. (CK)<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 13
O Sincronicidio - Sexo, Mortes e<br />
Revelações Trasncendentais<br />
Fábio Shiva<br />
Caligo Editora<br />
Bem, temos o prazer de começar<br />
uma parte que é destinada aos livros,<br />
e nada melhor que estrear com um<br />
exemplar tão bom que vem a acrescentar<br />
à nossa literatura nacional, que é a<br />
obra “O Sincronicídio - Sexo, Mortes<br />
e Revelações Transcendentais”, cujo o<br />
autor é Fábio Shiva.<br />
Sobre Fábio, estamos falando na<br />
mente criativa que ajudou a criar um<br />
dos grandes momentos do Metal nacional,<br />
o CD “Vida, the Play of Change”,<br />
obra aclamada por público e crítica ha<br />
ános. Fábio é quem escreveu todas as<br />
letras do CD, todo o conceito que transita<br />
entre o real, o abstrato e o metafísico<br />
que até hoje arranca aplausos de todos<br />
como uma obra incomparável de nossa<br />
cena. E isso sem comentar que ele é formado<br />
pela Faculdade de Comunicação<br />
da UERJ, e também cursou Psicologia<br />
na UERJ e Ciências Sociais na UFRJ.<br />
E antes de tudo, Fábio ainda é ligado à<br />
produção de cultura e consciência social,<br />
sendo um lutador ativo, além de<br />
ser um exímio conhecedor de literatura.<br />
Não estamos falando de algum intelectual<br />
que vive apenas digitando livros e<br />
se abstendo da realidade.<br />
“O Sincronicídio” é, antes de tudo,<br />
uma obra extremamente inovadora, com<br />
uma estória forte falando sobre assassinatos<br />
em série, mas mostrando o que há<br />
de pior e melhor em cada ser humano,<br />
e tudo isso com uma linguagem que é<br />
bem detalhista, mas ao mesmo tempo,<br />
dinâmica. Assim, o leitor não perde em<br />
momento algum a noção do que está se<br />
passando, e acaba lendo em ritmo quase<br />
sempre ditado pela ação que está escrita,<br />
chegando a ter a clara sensação de estar<br />
incorporando os personagens, sentido<br />
em sua própria mente as sensações e<br />
sentimentos de cada um deles, ou seja,<br />
o próprio leitor dessa de ser um mero espectador,<br />
mas começa a sentir-se em Rio<br />
Santo, como uma testemunha das ações<br />
que acontecem, em sua maioria, focadas<br />
no Inspetor Alberto Teixeira, da Delegacia<br />
de Homicídios de Rio Santo.<br />
O estilo de Fábio, como citado acima,<br />
é muito dinâmico, detalhista e envolvente,<br />
mas não se furta de usar uma<br />
linguagem forte e dura, como em cenas<br />
onde a sensualidade, sexo e violência,<br />
das cenas dos crimes, são abordados. E<br />
não, de forma alguma você não deixará<br />
de perceber que em “O Sincronicídio”,<br />
a vida cotidiana de várias cidades em<br />
nosso país está ali retratada, preto no<br />
branco e com muita elegância e vida. E a<br />
cada capítulo encerrado, temos logo von-<br />
tade de começar o seguinte sem pausa.<br />
E um dos pontos mais inovadores da<br />
obra é que os números de seus capítulos<br />
não segue a ordem numérica convencional,<br />
mas utiliza um amálgama muito<br />
interessante entre os ideogramas do I<br />
Ching que são, por sua vez, associados<br />
à jogadas de Xadrez, logo, cada jogada<br />
e cada oráculo do I Ching projetam algo<br />
na parte que estamos lendo, mas de forma<br />
tão sutil que é preciso ter atenção e<br />
mente aberta para sua compreensão. Mas<br />
preparem-se, pois o livro, apesar de não<br />
ser uma leitura enfadonha em momento<br />
algum, tem um teor de complexidade<br />
agradável para os acostumados à leitura,<br />
mas que aos que iniciam a prática pode<br />
ser um desafio. Mas como todo desafio,<br />
tem um prêmio ótimo que os aguarda.<br />
No mais, “O Sincronicídio” nasceu<br />
para ser grande, e é um obra tão boa que<br />
fará com que o leitor sinta-se em um<br />
misto entre Umberto Eco e Arthur Conan<br />
Doyle, mas com requintes de Edgar<br />
Alan Poe. E várias pessoas ligadas aos<br />
Heavy Metal, como Eliton Tomasi (ex-<br />
-editor-chefe da Rock Hard/Valhalla,<br />
atualmente trabalhando com a Assessoria<br />
de Imprensa Som do Darma),<br />
Janaína Santos (produtora de eventos,<br />
e responsável pela extinta Domination<br />
Management, que cuidou de bandas<br />
como Imago Mortis, Rebaelliun, Krisiun,<br />
entre outros), Alex Voorhees (vocalista<br />
do Imago Mortis), este autor que<br />
vos escreve e outros estão lendo avidamente<br />
o livro.<br />
Deixe-se envolver pela estória de “O<br />
Sincronicídio”, embalado por sua trilha<br />
sonora, e aproveitem momentos de puro<br />
prazer. Boa leitura!<br />
Ah, sim: a trilha sonora é ótima, e<br />
pode ser conferida aqui, que vai do<br />
Rock ao Clássico sem radicalismos, e<br />
“O Sincronicídio” pode ser adquirido<br />
no site da Editora, ou com o próprio<br />
Fábio. (MG)<br />
Links relacionados:<br />
www.caligoeditora.com.br<br />
www.facebook.com/sincronicidio<br />
O Livro Negro do Rock<br />
Antonio Celso Barbieri<br />
Independente<br />
Antonio Celso Barbieri, uma das<br />
grandes figuras do rock brasileiro,<br />
acaba de lançar digitalmente a obra<br />
“O Livro Negro do Rock”. O livro, que<br />
conta com quase 300 folhas, é dedicado<br />
à pesquisa do Rock e do Oculto, na<br />
tentativa de entender o fascínio do Ser<br />
Humano com a religião.<br />
Este trabalho literário conta também<br />
em detalhes a História do Black Metal<br />
mundial e a importância das bandas<br />
brasileiras Sarcófago e Vulcano como<br />
influenciadoras do Black Metal Norueguês.<br />
O livro pode ser lido na sua íntegra<br />
no link:<br />
www.celsobarbieri.co.uk<br />
Putim - A Face Oculta<br />
do Novo Czar<br />
Masha Gessen<br />
Nova Fronteira<br />
utin: A Face Oculta do Novo Czar é<br />
Pa impressionante história de como um<br />
agente obscuro da KGB chegou à presidência<br />
da Rússia e, em um tempo incrivelmente<br />
curto, destruiu anos de progresso<br />
e fez do seu país mais uma vez uma<br />
ameaça ao seu próprio povo e ao mundo.<br />
Escolhido a dedo como o sucessor à<br />
presidência pelos colaboradores mais<br />
próximos de um doente e cada vez mais<br />
impopular Boris Yeltsin, Vladimir Putin<br />
parecia a escolha perfeita para a elite<br />
que desejava moldar os rumos do país<br />
de acordo com seus próprios interesses.<br />
De repente, o menino que ficava nas<br />
sombras, sonhando governar o mundo,<br />
tornou-se uma figura pública, e sua<br />
popularidade disparou. A Rússia e um<br />
Ocidente deslumbrados estavam determinados<br />
a ver nele o líder progressista<br />
de seus sonhos, mesmo testemunhando<br />
Putin assumir o controle da mídia, enviar<br />
rivais políticos e críticos para o exílio<br />
ou para o túmulo, esmagar o frágil<br />
sistema eleitoral do país e concentrar o<br />
poder nas mãos de seus comparsas.<br />
Mais Pesado que o Céu<br />
Cross, Charles R.<br />
Globo<br />
Mais Pesado que o Céu apresenta a<br />
vida singular de Kurt Cobain, o<br />
mítico líder do Nirvana, banda que revolucionou<br />
o estagnado mundo da música<br />
pop no início da década de 1990,<br />
com o lançamento do clássico álbum<br />
Nevermind. Em capítulos que evoluem<br />
em ordem cronológica, Charles Cross<br />
traça a vida de Cobain desde sua infância,<br />
quando ele morava no interior<br />
de um trailer numa cidade perdida do<br />
estado de Washington, até a conquista<br />
da fama, do sucesso e da adoração de<br />
toda uma legião de fãs. Heavier Than<br />
Heaven revela os dramas familiares que<br />
instigaram a criatividade musical de<br />
Cobain, a história da geração que moldou<br />
seu caráter e sensibilidade, detalhes<br />
do vício pela heroína, os planos suicidas<br />
e seu estranho e conturbado caso de<br />
amor com Courtney Love. Analisando<br />
relatos médicos e policiais, e cartas do<br />
próprio músico, Charles Cross também<br />
revela fatos novos sobre a saúde de Cobain,<br />
sua depressão e seus últimos dias.<br />
Neil Young<br />
A Autobiografia<br />
Masha Gessen<br />
Nova Fronteira<br />
Lenda do rock e do folk, criador do<br />
Buffalo Springfield, líder da banda Crazy<br />
Horse, parceiro de Crosby, Nash e<br />
Stills, um dos maiores guitarristas de<br />
todos os tempos e um dos músicos mais<br />
influentes de sua geração. Ao longo do<br />
último meio século, o cantor e compositor<br />
Neil Young construiu uma carreira de<br />
sólido sucesso nos Estados Unidos e no<br />
resto do planeta. O recente lançamento<br />
mundial de Neil Young – A autobiografia,<br />
no entanto, revela uma personalidade<br />
multifacetada – para muito além do que<br />
os fãs de sua música poderiam imaginar.<br />
Colecionador de automóveis e especialista<br />
em modelismo ferroviário (é<br />
dono de uma empresa do ramo), há anos<br />
Young investe e trabalha num projeto<br />
de carro elétrico. Não qualquer carro,<br />
mas o chamado Lincvolt, um gigantesco<br />
Lincoln Continental movido a energia<br />
renovável e limpa (Young sonha em ser<br />
sustentável sem prejuízo para a paixão<br />
americana por carrões). O compositor<br />
também desenvolve, às próprias custas,<br />
a PureTone, alternativa digital à tecnologia<br />
dos MP3, capaz de distribuir música<br />
online e de proporcionar para o consumidor<br />
final um som com qualidade similar<br />
à dos discos de vinil.<br />
Young escreveu de próprio punho uma<br />
narrativa fragmentada, com o vai e vem<br />
aleatório das recordações determinando a<br />
ordem em que as histórias são apresentadas.<br />
É por meio desses flashes do passado,<br />
e por constantes divagações do autor<br />
acerca do presente e do futuro, que o leitor<br />
toma contato com essa impressionante diversidade<br />
de interesses do artista.<br />
Da mesma maneira, episódios marcantes<br />
vêm à tona fora de ordem cronológica,<br />
exclusivamente ao sabor da<br />
inspiração do momento. Os parceiros na<br />
música, as grandes amizades, os amores,<br />
a paixão pela esposa Pegi e pelos filhos<br />
Zeke, Ben e Amber, entre muitos outros<br />
temas, vão surgindo conforme avança o<br />
fluxo da memória do autor. Como um<br />
pungente solo de guitarra de Neil Young,<br />
sua autobiografia parece<br />
14 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
My Blood Roots<br />
Max Cavalera<br />
Agir Editora<br />
após 4 dias de uma agradável leitura,<br />
podemos enfim dar um parecer a<br />
E<br />
‘My Bloody Roots’, a biografia de Max<br />
Cavalera que acaba de ser lançada.<br />
A primeira coisa que salta os olhos<br />
é o fato de que não há um narrador<br />
escrevendo o livro, baseado em revistas,<br />
livros ou programas de TV, já<br />
que todas as linhas são, na realidade,<br />
escritas pelo próprio Max, e assim, a<br />
leitura deixa de ter aquele caráter rígido<br />
da formalidade profissional para ser<br />
mais fluida e informal, e de certa forma,<br />
mais autêntica com a realidade dos<br />
fatos narrados. Mas ao mesmo tempo,<br />
não tem aquele jeitão de “diário”, ou<br />
seja, apesar de ter sido ordenado cronologicamente,<br />
não existe aquela coisa<br />
de “hoje meu dia foi...” que tornaria a<br />
leitura maçante. E garantimos: a leitura<br />
dessa biografia poderia ser tudo,<br />
menos chata e enfadonha. E isso sem<br />
mencionar o prefácio de Dave Grohl,<br />
que está mais para um depoimento de<br />
um fã, e por este motivo, antenado com<br />
todo o conteúdo do livro, pois são as<br />
palavras de um fã da banda.<br />
Confirmando a veracidade de cada<br />
momento, existem depoimentos de<br />
músicos, familiares e outras pessoas<br />
que estiveram (ou ainda estão) ligadas<br />
à vida de Max, como Gloria (sua<br />
esposa e empresária), Iggor (seu irmão),<br />
Vânia (sua mãe), David Vincent<br />
(que participou de uma faixa do<br />
SOULFLY), Marc Rizzo (guitarrista<br />
do SOULFLY e amigo de longa data),<br />
Michael Whelan (o artista que criou as<br />
capas de ‘Beneath the Remains’, ‘Arise’,<br />
‘Chaos A.D.’ e ‘Roots’), Monte<br />
Conner (da Roadrunner Records), entre<br />
tantos outros.<br />
É interessante ver a história de vida<br />
de Max sob sua ótica, e ver pontos<br />
baixos (como a morte do pai ainda<br />
muito criança, a mudança de SP para<br />
BH, a passagem do enteado Dana,<br />
sua saída do SEPULTURA, e mesmo<br />
a bela narrativa sobre sua luta contra<br />
o alcoolismo e vício em analgésicos)<br />
e altos (a subida ao sucesso, a volta<br />
com o SOULFLY, a reconciliação com<br />
o irmão Iggor e sua completitude ao<br />
compor/gravar/tocar), e é impossível<br />
ao leitor não se envolver, não sentir em<br />
si mesmo as tristezas e alegrias pelas<br />
quais a vida de Max foi permeada. Há<br />
uma sinergia incrível, e Max realmente<br />
cativa o leitor a cada momento.<br />
Obviamente, existem fotos de Max<br />
em várias situações: ainda como criança,<br />
com o SEPULTURA ainda começando<br />
a engatinhar em BH, das turnês<br />
posteriores, a visita aos índios Xavantes<br />
durante as gravações de ‘Roots’,<br />
já com o SOULFLY e com a própria<br />
família, tudo mantendo sempre um<br />
clima muito intimista e confortável ao<br />
leitor, que começa a se sentir membro<br />
da família.<br />
Uma leitura excelente, que merece<br />
ser feita e refeita, e ao final dela, sentimos<br />
que uma comparação que este autor<br />
já fez anteriormente: Max realmente<br />
é o Ozzy Brasileiro, pois já transcendeu<br />
o fato de ser um simples músico, para<br />
entrar no Hall das grandes personalidades<br />
do Metal de todos os tempos, seja<br />
no Brasil, seja no exterior.<br />
E o melhor de tudo: está história<br />
ainda está sendo escrita, pois o leitor<br />
e o próprio Max ainda estão aqui, com<br />
muito a dizer um ao outro... (MG)<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 15
Cena independente - O buraco é muito mais embaixo<br />
Por Wagner Cyco<br />
Muito se comenta sobre a cena<br />
musical independente no Brasil,<br />
em São Paulo mais especificamente,<br />
e sua fragilidade e até mesmo<br />
suposta existência. Procura-se um<br />
culpado a quem atribuir o fracasso<br />
de público na maioria esmagadora<br />
dos eventos, os prejuízos acumulados<br />
pelos espaços culturais dispostos<br />
a receber os mesmos sem se prostituir,<br />
dedicando seu espaço às bandas<br />
covers ou extorquir seu público com<br />
preços abusivos, e o pequeno alcance<br />
dos esforços de divulgação dos trabalhos<br />
das bandas.<br />
Um ponto de partida interessante<br />
seria perguntar por que eventos com<br />
bandas internacionais e preços exorbitantes<br />
atraem um público grande,<br />
independente do dia da semana, horário<br />
ou local, enquanto as bandas nacionais,<br />
a preços baixos, quando não<br />
eventos gratuitos, tocam para meia<br />
dúzia de pobres diabos? Existe uma<br />
resposta um tanto óbvia: estrutura.<br />
Ou falta dela.<br />
Quando você vai a um show internacional<br />
geralmente se depara com<br />
músicos que se dedicaram ao seu instrumento<br />
por vários anos (lembrando<br />
que muito provavelmente tiveram aulas<br />
de música nas escolas durante sua<br />
juventude e que lhes proporcionou o<br />
contato e identificação com essa forma<br />
de arte ainda bastante jovem), tocando<br />
em equipamentos de excelente qualidade<br />
(aos quais tem acesso a preço<br />
justo ou ao menos acessível em seus<br />
países de origem) e que você provavelmente<br />
já teve a chance de conferir<br />
material gravado e se familiarizar, conhecendo<br />
as canções e cantando junto<br />
as letras. E é essa a sensação que te<br />
faz pagar pra assistir a essa apresentação.<br />
Aí está o primeiro ponto a ser<br />
considerado. Ou seja, o diferencial é<br />
qualidade de equipamento (lembra-se<br />
daquela frase “parece energia, mas é<br />
só distorção”? Cabe perfeitamente<br />
nesse caso) e envolvimento pessoal<br />
com a música, certo?<br />
O músico brasileiro em geral<br />
“descobre” a música mais tarde, no<br />
fim da adolescência, e quando decide<br />
se dedicar a um instrumento precisa<br />
conciliar seu aprendizado com seus<br />
estudos, trabalho e família. Se vencer<br />
essa primeira barreira e se torna<br />
competente esbarra no próximo empecilho,<br />
que é a dificuldade de contar<br />
com um equipamento decente. Se te<br />
revoltou saber a diferença de preço<br />
de um mesmo videogame nos EUA e<br />
aqui, procure saber o abismo entre os<br />
preços de instrumentos musicais de<br />
ponta nesses dois países. Avancemos<br />
para a próxima questão, a falta de empatia<br />
com o público.<br />
Se a cena nacional não rende<br />
lucro, as bandas encontram imensa<br />
dificuldade em gravar e disseminar<br />
seu material. Seus integrantes precisam<br />
ter empregos para poder honrar<br />
seus compromissos do dia-a-dia e<br />
ainda bancar gravações, ensaios, instrumentos,<br />
equipamentos, merchandising,<br />
seus deslocamentos até os<br />
locais dos shows, além das despesas<br />
com alimentação e hospedagem. São<br />
raras as bandas que conseguem superar<br />
todas essas dificuldades e chegar<br />
ao conhecimento do público, se fazer<br />
relevante. O que geralmente acontece<br />
é o seguinte: o público não conhece,<br />
se não conhece não paga pra ver, se<br />
não paga, não existe lucro. Sem lucro<br />
não existe material. Sem material<br />
o público não tem como conhecer o<br />
trabalho. E assim segue...<br />
Porém o buraco é mais embaixo.<br />
Somos vítimas de uma sociedade egoísta,<br />
voltada apenas ao próprio bem-<br />
-estar. Talvez nem isso. Talvez voltada<br />
apenas à própria vaidade. Fomos convencidos<br />
pela mídia de que ser brasileiro<br />
é ser esperto, levar vantagem, dar<br />
um jeitinho. Que fazer a coisa certa é<br />
ser bobo. Fomos convencidos por nossos<br />
governantes que nossa corrupção<br />
ficará impune. Destituídos de qualquer<br />
sentimento de patriotismo ou valorização<br />
do produto nacional, uma vez que<br />
passamos a vida cercados por inimigos<br />
loucos pra se aproveitar do nosso<br />
menor vacilo.<br />
Desconfiamos que o vizinho possa<br />
fazer a mesma coisa que faríamos<br />
no lugar dele. Apodrecemos e nos<br />
acovardamos sob o medo de nosso<br />
próprio comportamento. A cadeia de<br />
lucro que deveria nos trazer evolução<br />
acaba no primeiro que coloca a mão<br />
em qualquer migalha que seja. Não<br />
acredita, não investe. E no dia em que<br />
uma banda se recusa a tocar por achar<br />
a situação injusta, se livra dela, sob<br />
acusações e abre espaço pra outra,<br />
em um estágio menor de evolução,<br />
que na busca por seu espaço aceita<br />
qualquer humilhação para mostrar<br />
sua arte. O nível vai caindo, o público<br />
vai se diluindo, as bandas vão<br />
ficando de lado, seus integrantes vão<br />
desanimando... Já deixaram de lado<br />
suas famílias, seu descanso tantas<br />
e tantas vezes. Equilibra nas pontas<br />
dos dedos trabalho, estudo, ensaios,<br />
viagens e de repente se vêem assim,<br />
desrespeitados. Suas mensagens e<br />
desejos de mudança gritados a plenos<br />
pulmões não encontram ecos em ouvidos<br />
anestesiados pela ganância.<br />
Não que as bandas sejam sempre<br />
vítimas nessa equação. Também<br />
carregam, claro, sua parcela de culpa.<br />
Quase sempre pela postura de<br />
pouco respeito para com público,<br />
com os outros músicos ou para com<br />
a organização dos eventos. Ainda<br />
resquício de nosso abandono aos<br />
valores morais, os constantes atrasos<br />
nas apresentações. Anuncia-se<br />
um evento em determinado horário<br />
que frequentemente começa com<br />
duas ou mais horas de atraso. Daí<br />
então sobem ao palco músicos embriagados,<br />
com seus instrumentos<br />
devidamente desafinados, cabos<br />
defeituosos causando toda a sorte<br />
de ruídos imagináveis, e dão início<br />
ao festival de microfonias e erros<br />
grotescos. Músicos esses que provavelmente<br />
já pediram emprestados<br />
palhetas, baquetas, correias ou<br />
qualquer outra coisa que seja possível<br />
esquecer antes de poder se apresentar<br />
e que, terminado seu show,<br />
pegam suas coisas, viram as costas<br />
e vão embora, sem prestigiar os<br />
companheiros a se apresentar na sequência.<br />
Poucas coisas fizeram tanto<br />
mal ao músico brasileiro quanto<br />
a propaganda mentirosa do sexo,<br />
drogas e rock’n’roll. Como diria o<br />
Boka (RDP) no documentário Guidable,<br />
“tão pensando que é Rolling<br />
Stones?”. E o que dizer então dos<br />
autointitulados formadores de opinião,<br />
que vislumbram um talento<br />
divino para criar suas letras, sendo<br />
que não são capazes de perder(?)<br />
alguns poucos minutos lendo, coisa<br />
imprescindível a qualquer um que<br />
se atreva a escrever?<br />
Nos leva então a mais um ponto<br />
chave dessa análise: o público. É<br />
bastante comum ouvir dos frequentadores<br />
dos eventos independentes<br />
sua pseudosuperioridade, sua diferenciação.<br />
Discursos inflamados,<br />
apontando o dedo em riste para a<br />
massa não pensante e influenciável,<br />
apreciadora dos estilos musicais da<br />
moda e da cultura mainstream. Engraçado<br />
pensar que esses que estão<br />
sendo julgados como inferiores parecem<br />
ter mais consciência de seu<br />
papel na cena musical da qual fazem<br />
parte do que seus juízes, uma<br />
vez que comparecem aos eventos,<br />
compram material de seus artistas<br />
favoritos, pagam para assistir aos<br />
shows e consomem dentro do ambiente,<br />
gerando receita que fortalece<br />
todas as partes dessa estrutura. Já<br />
nossos pequenos donos da verdade<br />
se contentam em ir até a porta dos<br />
shows e implorar para entrar sem<br />
pagar, pois não tem dinheiro suficiente.<br />
O que se perceberá em breve<br />
não ser verdade, assim que ele<br />
começar a consumir no bar. Ou na<br />
porta. Fica a pergunta: pra quem se<br />
está mentindo? Para o organizador<br />
que liberou sua entrada por pena ou<br />
pra você mesmo? Não seria mais<br />
honesto pegar seu dinheiro e ir direto<br />
pro bar, já que não tem nenhum<br />
interesse em ser parte da cena musical<br />
independente além de parasitá-<br />
-la? Quando iremos perceber que<br />
estamos todos ligados, que somos<br />
todos parte de algo maior e que as<br />
coisas só serão vantajosas pra um<br />
quando forem vantajosas para todos?<br />
Despertar essa consciência<br />
é a verdadeira função do ensino.<br />
Formar cidadãos cientes de seus direitos,<br />
deveres e importância social,<br />
capazes de ter uma postura crítica,<br />
de raciocínio lógico. E aqui surge<br />
mais um componente nessa sucessão<br />
de incompetências: o governo.<br />
O governo, que deveria focar na<br />
educação básica de qualidade para<br />
todos, mas prefere mascarar a realidade<br />
de desigualdade investindo<br />
em universidades federais, às quais<br />
só tem acesso alguns poucos afortunados,<br />
que puderam pagar por uma<br />
educação de qualidade durante sua<br />
vida escolar. Justamente aqueles<br />
que teriam condições de pagar por<br />
um ensino superior de qualidade.<br />
Enquanto isso, a maioria, que não<br />
tem essa mesma condição financeira,<br />
é quem se vê obrigado a pagar.<br />
Mas não basta apontar os problemas.<br />
Quais seriam então as formas<br />
para se quebrar esse círculo vicioso?<br />
Mudança de postura de todos<br />
que fazem parte da cena e, porquê<br />
não, da sociedade em geral.<br />
A única maneira seria conscientizar<br />
as pessoas de que elas não são<br />
apenas frequentadoras de uma cena,<br />
mas que elas são a cena. Não são as<br />
bandas, nem as casas de show. As<br />
pessoas fazem a cena. Bandas e bares<br />
são apenas necessidades que essa<br />
cena demanda. A partir dessa mentalidade<br />
é possível visualizar dias melhores.<br />
Com as pessoas dispostas a<br />
fazer parte de algo, a contribuir para<br />
evolução delas mesmas enquanto<br />
cena. Passaríamos a assistir o desenvolvimento<br />
da cultura independente<br />
como nunca antes, pois à partir do<br />
momento em que os espaços começassem<br />
a obter lucro nos eventos,<br />
eles teriam a chance de investir<br />
numa melhor estrutura de palco e<br />
equipamentos, além de conforto ao<br />
público. Poderiam passar a remunerar<br />
as bandas que se apresentam,<br />
dando a estas a chance de também<br />
investir em instrumentos mais adequados,<br />
gravações mais profissionais<br />
e divulgação decente. E assim o<br />
público, sempre a pedra fundamental<br />
da cena, começaria a ter nos shows<br />
das bandas independentes nacionais<br />
a mesma sensação que tem nos<br />
shows internacionais, quando não<br />
maior, uma vez que se sentiria ainda<br />
mais integrado a tudo isso.<br />
Soa utópico, mas a mim parece<br />
apenas o caminho mais lógico.<br />
*Wagner Cyco é guitarrista das<br />
bandas Mollotov Attack e Irmã<br />
Talitha, além de integrante do<br />
coletivo Nada Pop, onde o artigo<br />
foi publicado originalmente.<br />
16 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Banda formada no ano de 2009<br />
na cidade de Itapevi /SP. O<br />
Warsickness é a junção de elementos<br />
distintos dentro de várias vertentes<br />
do metal, auto rotulando-se<br />
como uma banda de Thrash Metal,<br />
segue uma temática abordando alguns<br />
tópicos atuais como a ignorância<br />
humana sobre a religião e<br />
seus conceitos e regras; a humanidade<br />
que se autodestrói fisicamente<br />
e mentalmente; bebedeira. Hipocrisia<br />
sobre moral e ética da sociedade.<br />
Além de outros assuntos que<br />
são expostos através das suas composições<br />
subliminares. No ano de<br />
2010 iniciaram-se as gravações do<br />
seu primeiro registro, o EP “Reign<br />
of Chaos, Pain and Torture”, que<br />
foi lançado no primeiro semestre<br />
de 2013 pela Guillotine Records /<br />
BA.<br />
Atual Formação<br />
Diogo (Vocals); T.J. (Guitars);<br />
Carlos (Guitars); Alan (Bass);<br />
Guilherme (Drums)<br />
Contatos<br />
www.reverbnation.com/warsickness<br />
www.soundcloud.com/warsickness-brazil<br />
www.youtube.com/WARSICKNESSHELL<br />
https://www.facebook.com/warsickness<br />
E-mail : moreschidiogo@hotmail.com<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 17
When the Hate Dominate<br />
Por JP Carvalho<br />
Oligarquia foi formado em<br />
O 1992 por Panda Reis e Alex<br />
Chivitti, mas desde o início sofrendo<br />
inúmeros problemas com<br />
troca de forma odo.<br />
O primeiro material da banda,<br />
uma Demo Tape, saiu em<br />
1995, intitulada ‘Conviction of<br />
the Death’, e serviu para colocar<br />
o nome da banda no underground<br />
nacional e internacional,<br />
com a participação da banda em<br />
várias coletâneas no Brasil e em<br />
todo o mundo.<br />
Em 1999 foi lançada a segunda<br />
Demo Tape, ‘Really to be<br />
Dead’, que recebeu uma produção<br />
melhor e mais cuidados na<br />
parte gráfica, com a arte, uma<br />
escultura de bronze, feita exclu-<br />
sivamente para esse material,<br />
que chegou a ter distribuídas<br />
duas mil cópias.<br />
Tal feito chamou atenção da<br />
gravadora Destroyer Records,<br />
que assinou contrato com a banda<br />
para o lançamento do debut<br />
‘Nechropolis’, lançado em 2001,<br />
levando a banda para uma extensa<br />
turnê pelo Brasil, além de excelentes<br />
críticas recebidas pelo<br />
público e mídia especializada.<br />
Mais participações em coletâneas<br />
e grandes festivais no<br />
curriculum (como Extreme Metal<br />
Fest, Da Tribo Festival, Poluição<br />
Sonora Festival, Noite<br />
Anti Música e com Incantation<br />
no Sul) a banda assina com a<br />
Mutilation Records e entra para<br />
o estúdio Mr. Som para gravar<br />
o novo álbum ‘Humanavirus’,<br />
lançado em dezembro de 2003 e<br />
gerando nova turnê para a banda,<br />
que se iniciou mesmo antes do<br />
lançamento do álbum, em setembro,<br />
terminando 2 anos depois,<br />
em dezembro de 2005. Nesse<br />
meio tempo foi lançado na Europa,<br />
em janeiro de 2004, o Split<br />
MCD ‘Enslave by Light’, que<br />
não teve distribuição no Brasil,<br />
sendo uma raridade por aqui.<br />
A banda então da início a<br />
uma nova turnê no Brasil, que<br />
segue até o meio do ano de 2006,<br />
quando a banda se prepara para<br />
o lançamento do próximo álbum.<br />
Com novas composições<br />
sendo trabalhadas, mais uma<br />
mudança de formação se deu,<br />
dessa vez com a saída de um<br />
dos fundadores: Alex Chiovitti.<br />
Para seu lugar foi recrutado<br />
Max Hideo (Conexão Pentagrama/Ódio<br />
Macabro), que assumiu<br />
os vocais. Com a formação novamente<br />
estabilizada, a banda<br />
entra no estúdio Top Noise para<br />
a gravação do novo álbum, que<br />
foi produzido pela própria banda<br />
e segue uma linha mais ‘Old<br />
School’. Para esse lançamento a<br />
banda fechou com o selo Poluição<br />
Sonora Records e ‘Distilling<br />
Hatred’ foi lançado oficialmente<br />
em julho de 2011.<br />
Atualmente a banda segue<br />
nas divulgações do novo álbum<br />
fazendo shows em todo o Brasil.<br />
Mas já prometeu um novo CD e<br />
um outro, somente com covers<br />
dos seus ídolos para 2015.<br />
Confira a seguir entrevista<br />
muito ácida com o baterista Panda<br />
Reis.<br />
18 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Panda Reis, sem medir palavras!<br />
Panda Reis pode ser considerado um ícone da música extrema brasileira,<br />
isso não quer dizer que o caminho até ai foi fácil! Além de ser<br />
um dos músicos mais atuantes e “ocupados” da cena nacional, ele tem<br />
muito a dizer e diz, sem medir palavras. Confira!!!<br />
Underground Rock Report: Antes de qualquer coisa, fale sobre<br />
você, suas atividades e em como você se tornou baterista.<br />
Panda Reis: Sou um afrodescendente nascido na capital de São<br />
Paulo, mais precisamente na Vila Campestre, bairro violento e dominado<br />
pelo P.C.C., onde existem duas leis e dois idiomas (Português e o<br />
dialeto da periferia). Filho de mineiros que sofreram demais pra criar<br />
quatro filhos. Sou bacharel em História e atuante no movimento anticapitalista,<br />
escrevo artigos, textos em vários meios alternativos, alguns<br />
deles eu assino, outros uso outro nome, e tenho rascunhados dois<br />
livros que talvez um dia eu lance, talvez nunca os lance, mas serão<br />
concluídos. A política me fascina pela maneira como ela pode maquiar<br />
o que está claro no sistema, e mesmo assim legitima o ilegítimo.<br />
Sobre como comecei a tocar bateria, é uma história relativamente<br />
curta e simples. Quando eu e o Cleyton Ishini resolvemos montar uma<br />
banda (ao contrário do que todos pensam, o Alex Chiovitti chegou<br />
quando a banda já estava formada e já tinha até o nome que tem hoje),<br />
estávamos sentados na calçada em frente a minha casa tomando pinga<br />
com limão. Comecei tocando baixo, mas não demorou muito para<br />
todos perceberem (isso me inclui), que era inviável que eu tocasse<br />
aquele instrumento, era muito ruim! Nessa época, meu irmão, que estava<br />
tocando bateria com a gente, saiu fora e eu, que automaticamente<br />
fui empurrado para a bateria, aceitei prontamente por gostar do som<br />
do instrumento, mas não fui eu que a escolhi.<br />
URR: Em todos esses anos tocando, não só Death Metal, mas os<br />
mais diversos estilos, o que você acredita que, como músico, tenha<br />
afetado a sua forma de ver a vida?<br />
Panda: Foda, não me considero músico, saca? Como eu sempre<br />
digo, acho que a música é um álibi para as minhas letras. Sou<br />
batuqueiro e não um baterista (risos)! Mas é inegável que, depois de<br />
mais de duas décadas, eu tenha assimilado e aprendido muito com a<br />
estrada, com as pessoas, com a hipocrisia de muitos que passaram<br />
pela minha vida e de muitos que ainda tentam permanecer por perto<br />
(nem sei o porquê). Aprendi que cada ser humano é muito parecido,<br />
não fisicamente, mas somos tão doutrinados a sermos lineares, que<br />
nos tornamos uma espécie homogênea na maneira de pensar e levar<br />
a vida, alguns conseguem ser heterogêneos e se libertar do alinhamento<br />
cultural que temos aqui no Ocidente, alinhamento esse que se<br />
subdivide entre primeiro e terceiro mundo, para deixar claro quem<br />
manda nessa hierarquia que chamam de civilização. Tanto faz ser um<br />
playboy bombadinho do Jardins ou um Headbanger do ABC, somos<br />
muito homofóbicos, sexistas demais, ocidentais demais. Claro que<br />
não vou generalizar, mas depois que a tecnologia colocou todos muito<br />
mais “próximos”, as máscaras estão caindo, as redes sociais estão<br />
revelando fascistas, racistas, homofóbicos, xenofóbicos que estavam<br />
escondidos sobre suas jaquetas de couro e patchs de bandas de metal<br />
e punk. Antes achava que o povo do underground era diferenciado de<br />
tudo isso, hoje percebo que nem é bem assim.<br />
E o lance de tocar em várias bandas e projetos de estilos diferentes<br />
me fez entrar em contato com gente diferente e perceber que são todos<br />
iguais ou no mínimo muito parecidos. Os padrões capitalistas estão<br />
em todos os lugares e estilos.<br />
URR: Então podemos dizer que muitos usam de determinado<br />
estilo de vida apenas para maquiar um ódio cultivado? Ou se<br />
valem disso para por pra fora esse sentimento?<br />
Panda: Em alguns casos o ódio cultivado é o que transforma o<br />
estilo de vida de alguns. É complicado canalizar tantos sentimentos e<br />
transformá-los em uma existência frutífera, pois sentimento mais puro<br />
e mais sincero que o ódio não existe. Esse sentimento moldou muito<br />
mais o mundo, transformou a nossa civilização e modificou a história<br />
do ser humano do que as mudanças ocorridas por influência do amor.<br />
Não costumo desacreditar de quem sente ódio, mas nenhum amor humano<br />
me tira o ceticismo, o amor é temporal e mutante, o ódio não.<br />
Alguns conseguem maquiar seu ódio, seu sentimento, vivendo um<br />
estilo de vida em que o ódio esta presente e é visto de uma maneira<br />
mais aceitável (no underground se aceita um disco com o singelo<br />
nome “Destilando o Ódio”, em qualquer outro estilo de vida isso seria<br />
bem criticado) e se acham, podem vomitar e exorcizar seus sentimentos,<br />
a maioria o faz sem notar, sem perceber, mas o fazem.<br />
Acredito que estilos de vida que equalizam esse sentimento e não<br />
o negam, não fingem que ele coexiste dentro de você, são mais bem<br />
sucedidos em suas relações mundanas, pois negar o maior sentimento<br />
humano traz sérios problemas pra mente.<br />
Então podemos dizer que alguns sentem tanto ódio que tendem<br />
a seguir grupos sociais, estilos musicais ou qualquer outro grupo ou<br />
estilo, seja musical, teatral, artes em geral, sem nem mesmo se dar<br />
muita conta disso. Outros procuram grupos extremistas e que levam<br />
a bandeira do ódio aliado a outras ideologias, para expurgar seu ódio<br />
sem ser recriminado ou excluído da sociedade.<br />
Ódio e amor são muito parecidos e extremos, muitos sentem amor<br />
e acham que é ódio, rsrs.<br />
URR Mas você não acha que é muito fácil confundir ideologia<br />
com ódio? Ou melhor, podemos dizer que odiamos alguém, mas só<br />
não concordamos com a forma dele se expressar? Não seria o ódio<br />
a consequência das atitudes irresponsáveis de alguns?<br />
Panda: Claro que sim. Acontece o tempo todo, em grande e pequena<br />
escala, no micro e no macro. O humano comum não consegue nem<br />
diferenciar amor de sexo, carinho sensual de sentimento fraternal, como<br />
não querer que não confundam ódio de diferentes ideologias? Sejam<br />
elas quais forem. A maioria das pessoas tem até um entendimento errôneo<br />
do que é ideologia. A construção de algumas ideologias vira ordem,<br />
vira Estado. E não seria irresponsável julgar algo irresponsável? É<br />
julgamento! Julgado pelas suas ideologias. Tudo merda (burocracias<br />
ideológicas) de Sapiens que tentamos organizar e desorganizar do que é<br />
viver em sociedade, seja ela capitalista ou pseudocomunista.<br />
URR: Como músico de estilo extremo, você concorda que<br />
quanto mais o ser humano erra, mais a gente tem bala na agulha<br />
para desenvolver temas e letras?<br />
Panda: Estando aqui abaixo da linha do Equador, não falta bala<br />
na agulha para quem escreve sobre temas político sociais, por esse<br />
motivo acho estranho ver bandas falando e escrevendo de mitologias<br />
e misticismo, estranho mais ainda quando esses mitos e misticismo<br />
são importados da Escandinávia ou similares. Mas isso é um modo de<br />
pensar particular, pois cada músico deixa suas ideias fluírem, suas imaginações<br />
e idealismo, mesmo que fictícios. Mas é inegável que aqui<br />
no Brasil temos inspirações para letras e música todos os dias, basta<br />
lermos os jornais e vermos o que de novo está acontecendo, e estou<br />
falando do presente, se voltarmos a momentos históricos anteriores,<br />
o leque fica maior.<br />
Porém apesar da infinita fonte de inspiração, corroboro com o Eduardo,<br />
do Facção Central. Preferia estar falando das flores, do amor,<br />
mas enquanto o sistema e o Estado oprimirem e explorarem, o ódio<br />
ainda é minha maior forma de expressão e inspiração.<br />
URR: Como você vê a cena da música pesada nacional?<br />
Panda: A música, como qualquer ação humana, está ligada à situação<br />
política e social do país, e isso vai mais profundamente além,<br />
pois até as mentalidades dominantes no mundo atual, contaminam e<br />
influenciam muito a música em geral, pois em um sistema capitalista<br />
não se pode esperar outra coisa a não ser que todos os tentáculos desse<br />
sistema abracem todas as esferas sociais de um país, sendo assim não<br />
estamos imunes a isso também, alguns mais outros menos. Já falei<br />
muito sobre nossa cena estar prostituta e generalizada de uma maneira<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 19
esquizofrênica de copiar o mainstreem, cria um pseudo mundinho,<br />
copiando falácias inventadas por uma burguesia mimada que “inventou”<br />
um modelo de revista, de mídia, de toda uma função capitalista<br />
de mercado que nos afasta da real arte e do verdadeiro propósito que<br />
ao menos nós temos (e todas as bandas do underground deveriam ter).<br />
Estereótipos que tentam enquadrar a todos. Mas, porra! Está tudo falido,<br />
tudo quebrado e decadente! As revistas, as gravadoras e a maioria<br />
das bandas novas são todas plástico. Claro que a saída está no meio de<br />
toda essa suruba, tem que saber separar, viu? Porque para uma coisa<br />
essas merdas de redes sociais serviram, desmascarar um monte de fascistas,<br />
homofóbicos, racistas, neonazistas e até as viúvas da ditadura<br />
deram a cara! Estou adorando esse “novo mundo”. Ninguém mais precisa<br />
deles, e mesmo assim a arrogância dos donos do underground insiste<br />
em não querer largar o osso. Sua arte fica quando você apodrece,<br />
então se não há nada útil pra falar e acrescentar, melhor sair fora.<br />
URR: Donos do underground é bem a definição! Porém, você<br />
com a Oligarquia, o Cambones e demais outras bandas em que<br />
toca, fazem shows regularmente, como são feitos esses convites e o<br />
que você leva em consideração ao aceitá-los?<br />
Panda: Acredito que o legal de se ter uma banda seja tocar, viajar,<br />
conhecer pessoas e poder passar suas ideias para mais pessoas que tem<br />
ideias parecidas ou ao menos alguma simpatia com elas, pra mim, tocar<br />
é o propósito final de chatas horas de ensaios, chatas horas de sessões<br />
de gravações, reuniões e convivência humana, que por mais amistosa e<br />
sincera que ela seja pra mim sempre é muito difícil lidar com humanos,<br />
conversar, se relacionar, enfim, estar com outro ser humano, na maioria<br />
das vezes é bem difícil pra mim, mas aguento tudo isso por aquele<br />
momento de estar em cima (ou no chão mesmo) de um palco. Por isso<br />
não temos muita frescura na questão shows, se nos chamarem, e forem<br />
bandas e amigos, aceitamos na hora, nem perguntamos sobre grana e<br />
aparelhagem. Só costumamos pensar nisso depois. Hahahaha!!! Se não<br />
conhecemos a pessoa ou é em outra cidade, somos sinceros e anticapitalistas,<br />
ou seja, nada de cachê (de que adianta lutar pra destruir algo se<br />
você com sua banda reproduzem o mesmo sistema?). Pedimos apenas<br />
que paguem as passagens para chegarmos à cidade e alguma coisa pra<br />
comer, do mesmo jeito que fazíamos há 22 anos.<br />
URR: O fato de ter esse lado antissocial te levou a ser baterista?<br />
Por que é difícil para você se relacionar com pessoas?<br />
Panda: Eu não diria antissocial patologicamente falando, mas sim<br />
antirregras e vícios sociais que se repetem por gerações sem ao menos<br />
se darem conta de que estão repetindo idiotices temporais, sem se<br />
darem conta de que vivem de maneiras sistematicamente direcionadas,<br />
me enoja falar com a maioria das pessoas.<br />
que interessa você acha mesmo que iriam colocar algo que faça seu<br />
filho pensar em uma escola pública? Se nem as matérias tradicionais<br />
são ministradas pra dar autonomia intelectual para o aluno! Modelos<br />
estabelecidos! A escola pública é uma fábrica que produz homens<br />
e mulheres que sirvam fervorosamente ao Estado, e ainda se sintam<br />
orgulhosos e realizados por isso. Sou a favor do fim da educação<br />
tradicional e da implantação da educação libertária.<br />
Não fui pra bateria para ser o isolado e o menos conhecido, não<br />
foi isso, mas pensando assim, talvez subconscientemente tenha sido.<br />
Hahahaha!!!<br />
URR: Planos para o futuro?<br />
Panda: Conseguir terminar essa entrevista sem ter feito novos desafetos<br />
(risos).<br />
URR: Resuma Panda Reis em uma frase.<br />
Panda: “Mais raiva do que medo...”<br />
URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo<br />
bate-papo, deixe aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />
Panda: Agradeço pela entrevista inteligente que me proporcionou!<br />
Queria que a molecada se ligasse que o mundo é uma farsa, uma falácia,<br />
uma alucinação ideológica tão bem construída que nos faz acreditar<br />
que um papel com números tem mais valor que carne e osso. Percebam<br />
que o mundo que vocês vivem pode sim ser mudado ao avesso.<br />
Mas só se vocês, jovens, quiserem e usarem as armas certas, esqueçam<br />
o que esses merdas formadores de opiniões tentam te empurrar goela<br />
abaixo, estude , lute! E, por favor bandas, vamos falar de coisas que<br />
possam fazer a diferença para quem escuta.<br />
Contatos:<br />
www.oligarquiadeath.com.br<br />
www.facebook.com/oligarquiadeath<br />
www.myspace.com/oligarquiadeath<br />
www.metalmedia.com.br/oligarquia<br />
Entrevista concedida ao site Heavy Metal Breakdown<br />
http://hmbreakdown.blogspot.com.br/<br />
URR: Sei que você participa de um projeto que ensina bateria<br />
para crianças carentes, então como você encara a falta de ensino<br />
musical nas escolas públicas?<br />
Panda: Não faço mais parte desse projeto. Os traficantes e líderes<br />
do “Poder Paralelo” se incomodaram, porque eu não estava apenas<br />
falando de notas musicais. Agora estou tentando implantar um projeto<br />
de ministrar aulas de história na periferia, mas já estou encontrando<br />
obstáculos. ONGs estão ligadas ao cordão umbilical do sistema, e o<br />
controle delas (da grande maioria) sempre vai ser da situação.<br />
Ensino musical nas escolas públicas? Não estamos dando conta<br />
nem do trivial, do fundamental! Eles discutem em voltar com o ensino<br />
religioso, percebam que o controle do corpo e pensamento é o<br />
20 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Por JP Carvalho<br />
banda Unearthly foi formada<br />
no final de 1998 por A<br />
M. Mictian e Lord Thoth, tendo<br />
sua primeira demo: “Blessed<br />
Are The Destroyers Of False<br />
Hope...”, contendo duas músicas,<br />
lançada em meados de 2000.<br />
Com esse material, a banda foi<br />
muito bem recebida pela crítica e<br />
público, rendendo vários shows<br />
pelo território nacional.<br />
Em 2001 sai a segunda<br />
demo: “Living Under The Sign<br />
Of Blasphemy”, desta vez com<br />
três músicas e com Leghor Supay<br />
na bateria, assim como o<br />
primeiro material, esse também<br />
foi muito bem aceito pelo público,<br />
tendo resposta imediata<br />
de revistas especializadas,<br />
zines e público em geral, que<br />
consideraram este um excelente<br />
trabalho.<br />
Após vários shows, em<br />
2002, o Unearthly lança o tão<br />
esperando debut full lenght:<br />
“Infernum - Prelude To A New<br />
Reign” via Encore Records,<br />
que foi lançado também nos<br />
EUA e Canadá via Crash Music.<br />
Mais uma vez a crítica é<br />
unânime em relação ao disco:<br />
“...é mais um ótimo lançamento<br />
do Unearthly - avassalador”.<br />
Em outubro de 2003 a banda<br />
entra em estúdio para a gravação<br />
do segundo CD, intitulado<br />
“Black Metal Commando” via<br />
Encore Records, mais agressivo,<br />
rápido e forte. Lançado em<br />
dezembro do mesmo ano, a produção<br />
é impecável e arrebata as<br />
melhores críticas possíveis, sendo<br />
considerado um dos melhores<br />
álbuns do Metal nacional.<br />
Após algumas mudanças de<br />
formação a Unearthly se solidifica<br />
novamente, e desta vez<br />
com força ainda maior, resultante<br />
do entrosamento e empenho<br />
dos novos integrantes com<br />
os remanescentes.<br />
Em 2007, a formação: Eregion<br />
(vocal), M.Mictian (baixo),<br />
Dennie Arawn (guitarra) e<br />
M.Cult (bateria) lança um novo<br />
EP: “Unmcercyful Personalized<br />
Bestiality” via At War Records,<br />
contendo as duas Demos remasterizadas<br />
(digitalmente), mais músicas<br />
ao vivo e 3 músicas inéditas.<br />
Entre outubro e novembro<br />
de 2007, a banda realiza<br />
sua primeira turnê internacional:<br />
“Unmercyful Domination<br />
South American Tour”, sendo<br />
grande sucesso entre o público<br />
sulamericano. Foram 14 shows<br />
pela Bolivia, Peru, Equador e<br />
Colômbia.<br />
Ainda falando sobre shows,<br />
vale lembrar que a banda sempre<br />
se deu muito bem em cima<br />
dos palcos, já dividindo eles<br />
com algumas celebridades do<br />
underground mundial: Sepultura,<br />
Obituary (EUA), Dying Fetus<br />
(EUA), Hate Eternal (EUA),<br />
Krisiun, Malevolent Creation<br />
(EUA), Enthroned (Bélgica),<br />
Behemoth (Polônia), Desaster<br />
(Alemanha), etc.<br />
O ano de 2008 a banda<br />
completou 10 anos e assinou<br />
com o selo Free Mind Records,<br />
que rendeu o relançamento<br />
dos álbuns “Infernum - Prelude<br />
To A New Reign” e “Black<br />
Metal Commando” que foram<br />
remasterizados e receberam<br />
bônus e novas artes mais slipcase,<br />
o lançamento do álbum ao<br />
vivo “Revelations of Holy Lies<br />
Live”, gravado durante a turnê<br />
sulamericana.<br />
No mesmo ano a banda lançou<br />
o novo álbum de estúdio<br />
“Age of Chaos” que foi um<br />
divisor de águas na carreira<br />
da banda, que passou a figuras<br />
entre as maiores do cenário<br />
nacional. Mesclando Black ao<br />
Death Metal e com a retirada<br />
dos teclados, a banda recebeu<br />
elogios da crítica especializada<br />
não só no Brasil como em todo<br />
o mundo. Após o lançamento<br />
do álbum a banda viajou todo<br />
o Brasil em turnê de divulgação<br />
do material.<br />
Em 2011 a banda parte para<br />
a Polônia para o Hertz Studio<br />
(que trabalhou com Vader,<br />
Behemoth, etc) para a gravação<br />
do novo álbum “Flagellum<br />
Dei”, que foi lançado no Brasil<br />
pela Shinigami Records e no<br />
exterior pela russa Metal Of<br />
Crypt. O CD contou com a participação<br />
Steven Tucker, ex vocalista<br />
do Morbid Angel.<br />
“Flagellum Dei” deu ao<br />
UNEARTHLY vários títulos de<br />
melhor banda do ano nos sites<br />
especializados e rendeu mais<br />
uma turnê pelo Brasil e sua primeira<br />
turnê na Europa, em novembro<br />
de 2012.<br />
A banda inicia 2013 anunciando<br />
o lançamento do seu<br />
primeiro DVD, intitulado ‘Baptizing<br />
the East in Blood’, que<br />
trará como atração principal<br />
a apresentação na cidade de<br />
Voronezh, Rússia. O trabalho<br />
vai contar também com vídeos<br />
filmados por fãs, imagens de<br />
backstage, galeria de fotos e<br />
entrevistas. No Brasil o lançamento<br />
será pelo renomado selo<br />
Shinigami Records e na Rússia<br />
pela Metal of Crypt.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 21
Sopor Aeternus & the Ensemble of Shadows<br />
Por Leonardo Moraes<br />
Formada no final dos anos<br />
80 em Frankfurt, Alemanha, o<br />
Sopor Aeternus and The Esemble<br />
of Shadows é uma lenda<br />
dentro do cenário Gótico Darkwave<br />
mundial. Inicialmente<br />
a banda chamava apenas Sopor<br />
Aeternus que significa em<br />
latim “sono eterno” uma clara<br />
alusão a morte. Posteriormente<br />
o nome The Esemble of Shadows<br />
(O Conjunto das Sombras)<br />
foi adicionado em justificativa<br />
aos espíritos que influenciaram<br />
na composição dos álbuns.<br />
Apesar de nunca ter se apresentado<br />
ao vivo, a banda possui<br />
uma vasta discografia contando<br />
com 12 álbuns de estúdio<br />
mais 6 EPS, 3 singles, além<br />
de participações em compilações<br />
e versões reeditadas dos<br />
álbuns.O único integrante fixo<br />
da banda é o vocalista Anna<br />
Varney Cantodea que compõe<br />
todas as músicas. A identidade<br />
verdadeira de Anna Varney é<br />
desconhecida pela opção da escolha<br />
do anonimato e a recusa<br />
de se apresentar ao vivo, o que<br />
causa uma grande curiosidade<br />
sobre esse mito que acabou<br />
sendo criado em torno da banda<br />
e da figura do vocalista. O<br />
que se sabe é que Anna é um<br />
nome comum e Cantodea é um<br />
vernáculo feminino em Latim<br />
para som, canção ou cantora.<br />
Fidelidade eterna<br />
ao underground<br />
Varney é o nome do vampiro que protagoniza<br />
o folhetim Varney the Vampyre, or the Feast<br />
of Blood (1847), atribuído ao autor James<br />
Malcom Rymer. Deste modo seu nome artístico<br />
reflete os temas centrais dos álbuns do<br />
Sopor Aeternus - o conflito da sexualidade do<br />
vocalista e a morte. Nas fotos promocionais<br />
da banda normalmente Anna Varney aparece<br />
como um ser sexualmente indefinido, apesar<br />
de que o vocalista da banda se trata de um homem<br />
na verdade. Musicalmente a banda apresenta<br />
uma sonoridade original e incomum,<br />
Anna é capaz de cantar com vozes masculinas<br />
e femininas. O diferencial está na constante<br />
atmosfera fúnebre, com vozes que variam<br />
de um tom provocativo a lamúrias dentro de<br />
um purismo teatral. A banda ao longo de seus<br />
álbuns vem evoluindo de uma linha eletro-<br />
-gótica para uma música mais instrumental.<br />
A sonoridade do Sopor Aeternus conta com<br />
uma pluralidade de instrumentos, que vai de<br />
efeitos eletrônicos até sinos.<br />
O mais freqüente são diversos<br />
instrumentos de sopro, além<br />
de variados tipos de guitarras<br />
(acústicas ou eletrônicas)<br />
e percussão, o que em alguns<br />
momentos chegam a lembrar o<br />
Dead Can Dance. Mesmo tendo<br />
lançado seu primeiro álbum em<br />
1994, o Sopor Aeternus só conseguiu<br />
sair do anonimato total<br />
em 1995 quando participou de<br />
uma coletânea chamada Jekura<br />
- Deep the Eternal Forest “ com<br />
quatro faixas: duas canções do<br />
“ White Onyx Elephant “, que<br />
era um projeto instrumental paralelo<br />
ao Sopor Aeternus e dois<br />
covers do Black Sabbath, “ A<br />
National Acrobat” e “ Paranoid<br />
“, lançadas com seus nomes invertidos<br />
e acentuados de forma<br />
estranha. Ainda no ano de 1995<br />
foram lançados os álbuns “Todeswunsch”<br />
- Sous le soleil de<br />
Saturne “ e o EP que saiu com<br />
tiragem limitada “ Ehjeh Ascher<br />
Ehjeh “. Iniciou-se assim<br />
a carreira da banda intensificando<br />
a produção de novos álbuns<br />
a partir de 1997 com o EP<br />
Voyager - The Jugglers of Jusa.<br />
Uma pequena pausa em 1998<br />
para em 1999 o Sopor Aeternus<br />
lançar um álbum duplo o Dead<br />
Lovers’ Sarabande volume 1 e<br />
2. Em 2000 foi lançado Songs<br />
from the inverted Womb e<br />
no ano seguinte Es reiten die<br />
Toten so schnell ou The Vampyre<br />
sucking at his own Vein.<br />
A partir daí os intervalos entre<br />
os álbuns passaram a ser<br />
um pouco maiores, em 2004<br />
foi lançado o espetacular La<br />
Chambre D’Echo - Where the<br />
dead Birds sing, com a viajante<br />
musica Imothep que chegou<br />
ao topo das paradas alemãs<br />
como a melhor musica alternativa.<br />
Les Fleurs du Mal - Die<br />
Blumen des Bösen foi lançado<br />
em 2007 e Have you seen this<br />
ghost em 2010,que ganhou<br />
duas novas versões em 2011.<br />
Um fato curioso envolvendo<br />
o penúltimo álbum do Sopor<br />
Aeternus,lançado em 2013,<br />
intitulado Poética, foi que ele<br />
teve uma distribuição limitada<br />
ao site da banda tanto a versão<br />
em CD quanto a versão em LP,<br />
atualmente ambos fora de catálogo<br />
e o álbum está disponível<br />
apenas para download no site<br />
da banda. Isso reforça a idéia<br />
adotada pela banda de não querer<br />
ser tão acessível. O novo<br />
álbum da banda lançado em<br />
Setembro de 2014, Mitternacht<br />
também seguirá os mesmos<br />
passos de Poética.<br />
22 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 23
“O grupo foi criado para ter liberdade artística”<br />
Por Leonardo Morais<br />
Metal brasileiro é muito prolífero. Vira e mexe aparecem bandas com<br />
O propostas inovadoras, inteligentes e que saem do bem comum muitas<br />
vezes assumido pelo meno da inovação. Um destes grupos que faz música<br />
sem medo, que inova e ao mesmo tempo tem suas raízes fortemente<br />
fincadas no Metal é o YEKUN. O grupo formado por veteranos do estilo<br />
mescla de forma genuína diversos aspectos da música pesada e cria algo<br />
profundamente interessante. Conversamos com o vocalista JP Carvalho,<br />
que simpaticamente nos contou mais sobre umas das principais revelações<br />
do metal nos últimos anos.<br />
URR: O Yekun está lançou seu primeiro trabalho, o EP “Inside My<br />
Headache”, e já apostou em uma produção de alto nível contando com o<br />
renomado Ciero. Como se deu o contato?<br />
JP Carvalho: Ciero é um brother das antigas, desde sempre sabíamos da<br />
capacidade dele, olhamos outros estúdios e produtores, nós sempre usávamos<br />
os trabalhos dele como referência (mais de 200, diga-se) e a qualidade<br />
do que era produzido ali, depois de uns meses entramos em contato, através<br />
do nosso baixista e acertamos a gravação, mostramos o trabalho, algumas<br />
pré-produções que nós mesmos havíamos feito, passamos horas conversando<br />
a respeito do que pensávamos e queríamos pra o som e o resultado está ai.<br />
URR: O grupo aposta em um som calcado no chamado Stoner Metal,<br />
mas conseguiu deixar o som bem particular. Quais são as influências<br />
da banda?<br />
JP Carvalho: Ai a coisa vai longe! Fica até difícil de explicar influências,<br />
já que todo mundo na banda tem um gosto bem diverso e escutamos de<br />
tudo, mas tudo mesmo… Tipo de Boston a Seeds of Iblis, mas em um consenso<br />
geral podemos citar o Thrash Metal dos anos 80/90, bandas de hardcore,<br />
as bandas seminais da década de 70.<br />
URR: Outro ponto peculiar está nas letras, muito pessoais e até mesmo<br />
com toques psicodélicos dos anos 70. Como é o processo de escrita<br />
das letras?<br />
JP Carvalho: Simples, eu e o Vlad monopolizamos tudo (risos)… Falando<br />
sério, Eu e ele começamos a tocar juntos, lá nos anos 80, minha primeira<br />
banda foi com o Vlad e vice-versa, e nós acabamos desenvolvendo um<br />
estilo muito parecido de escrever, sendo sempre muito subjetivo, deixando<br />
que a pessoa que ouve a música e acompanha a letra tire suas próprias conclusões,<br />
claro, tem um tema, tem a ideia exposta, mas deixamos meio no ar<br />
essas coisas… E 90% delas são experiências pessoais, que se aliam aos 10%<br />
restantes de viagem pura e simples, e se transformam numa massa de letras e<br />
verbos pra cada um digerir como quiser…<br />
Claro que também não ficamos atrelados a temas específicos, o Yekun<br />
foi criado pra ter liberdade artística, então podemos falar de vida, morte,<br />
sofrimento, desilusões ou simplesmente contar uma história qualquer com<br />
enredo totalmente fictício, ou agregar uma coisa na outra e transformar isso<br />
num peça única da nossa insanidade.<br />
URR: O que vocês usam com inspiração?<br />
JP Carvalho: Música! Esse povo do Yekun vive 90% do tempo ouvindo<br />
alguma coisa, é impossível acompanhar tudo que o povo dessa banda ouve,<br />
são tantas informações que fica difícil dizer pra você o que cada um está ouvindo<br />
agora… Nas letras geralmente, pegamos situações do dia a dia, coisas<br />
da vida, boas ou ruins, uma história que vem na cabeça de repente andando<br />
na rua, no Yekun tudo é válido, tudo tem possibilidade de se tornar uma peça<br />
artística, e pegamos tudo isso e jogamos num caldeirão que transforma em<br />
uma coisa boa, que é a música que gostamos de fazer.<br />
URR: Mais uma curiosidade do disco é a presença da cantora de<br />
Soul, Kennya. Como foi feito o contato?<br />
JP Carvalho: Cara, ela estudou com o Vlad na Escola Técnica Federal<br />
de São Paulo há muito tempo atrás, ela é uma amiga de muitos anos. A<br />
Kennya é demais, essa mulher tem um astral fenomenal, impossível você ficar<br />
indiferente à presença dela… O próprio Ciero ficou encantado com a presença<br />
e a voz dela, ficamos no estúdio até quase de madrugada e nem vimos<br />
o tempo passar. Usamos muito pouco da voz dela no Inside my Headache,<br />
coisa de 15 a 20 segundos no total, porque era exatamente o que queríamos<br />
naquele momento, mas temos planos pra trabalhar com ela de novo e esse<br />
material já está escrito para o próximo disco.<br />
URR: O que vocês acham desta mescla do Metal com outros estilos?<br />
JP Carvalho: Extremamente louvável, claro, tem que ter um critério, tem<br />
que ser musical, acima de tudo, tem que haver uma conexão entre as misturas<br />
que vão ser feitas, e se você olhar bem, o metal é quase um liquidificador que<br />
você pode por (quase) tudo dentro que de lá vai sair algo novo, renovando o<br />
estilo… Mas tem que ter critério, pra não ficar forçado e nem chato… Essa<br />
conversa é muito interessante e pode render horas e horas de papo.<br />
URR: Sobre apresentações ao vivo. Como a banda está neste quesito?<br />
JP Carvalho: Quando eu e o Vlad pensamos o Yekun a ideia inicial era<br />
nem tocar ao vivo, só estúdio mesmo, porém as coisas tomaram um rumo<br />
diferente com o tempo, vimos que existe uma grande quantidade de pessoas<br />
que gostam do tipo de som que estamos fazendo, sem falar na pressão exercida<br />
pelo povo das cordas (risos)… Tocamos ao vivo em duas oportunidades<br />
e temos mais algumas datas que estamos avaliando.<br />
URR: Como os produtores podem entrar em contato?<br />
JP Carvalho: Através da nossa página no Facebook ou pelo email, também<br />
através do hotsite da Metal Media, lá o cara descobre um jeito de achar a gente.<br />
URR: Quais os planos para a banda nos próximos meses?<br />
JP Carvalho: Estamos compondo a toque de caixa, queremos finalizar<br />
9 ou 10 músicas e partir para a gravação logo, descolamos um novo estúdio<br />
com tecnologia 100% analógica, que é o que queremos para o nosso som,<br />
claro, nada contra o digital, apenas sentimos que o analógica casa melhor<br />
com a nossa proposta<br />
URR: No Yekun, cada músico vem de uma escola musical diferente.<br />
Como é na hora de compor?<br />
JP Carvalho: Simples e direto, compomos fazendo jams no estúdio e as<br />
coisas fluem muito naturalmente, claro, em seguida vem a parte da “perfumaria”<br />
pra colocar todas as coisas no seu devido lugar… Cada um vem de uma<br />
escola, mas quando noAndré, além da experiência em diversas bandas, tocou<br />
com o Vlad num projeto maluco deles, e atualmente agregamos o Bruno<br />
Di Turi na banda, que descobrimos ser um guiatrrista excepcional, educado,<br />
centrado e responsável, casou 100% com a proposta da banda.<br />
URR: Vocês seguem alguma regra?<br />
JP Carvalho: Nadinha… Instinto puro… E digo pra você, se deixar esses<br />
caras tocam por horas sem parar (risos).<br />
24 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
URR: O som da banda, apesar de taxado como Stoner Metal, é muito<br />
mais complexo que isso. Como vocês descreveriam o som do Yekun?<br />
JP Carvalho: Sei lá, sludge, stoner… Acredito que somos uma banda<br />
que toca Metal, puro e simples, o tipo de som que nos queremos fazer e tem<br />
sido uma surpresa muito agradável ver que as pessoas percebem que não forçamos<br />
nada, tudo é feio na mais absoluta harmonia, visando, claro, sempre<br />
o lado musical.<br />
URR: Complexidade que se dá também na identidade visual da banda<br />
e especialmente nas letras. Quais as inspirações e aspirações da parte<br />
legível do quarteto?<br />
JP Carvalho: Acredito que cada trabalho deve ter uma cara própria,<br />
com identidade visual remetida aos temas daqueles trabalhos, como sou eu<br />
mesmo que faço a produção visual busco sempre enxergar o que determinado<br />
trabalho pede, o que é que se destaca no contexto e procuro trabalhar<br />
em cima disso. Inside my Headache é um trabalho que fala de dor, de solidão,<br />
de pensamentos impuros e acredito que conseguimos passar pra capa<br />
e para as imagens da banda algo assim.<br />
URR: Inside My Headache teve uma recepção muito boa, sendo<br />
muito bem baixado. Vocês acham que as pessoas estão procurando por<br />
bandas “diferentes”?<br />
JP Carvalho: Sim a quantidade de downloads desse trabalho foi uma<br />
surpresa para todos nós e dá muito orgulho, saber que tem tanta gente interessada<br />
no trabalho do Yekun. As pessoas sempre buscam algo diferente do que<br />
estão acostumadas a ouvir no dia a dia, mas olhando mais amplamente acho<br />
que o pessoal se identifica com a musicalidade e a simplicidade do Yekun,<br />
que é exatamente o que ele nasceu pra ser.<br />
URR: E sobre o bootleg ao vivo ‘Live At Kaffeklubben’, que conta<br />
com seis músicas, incluindo músicas inéditas, e também foi disponibilizado<br />
pra download gratuito?<br />
JP Carvalho: Disponibilizamos o áudio do show do Hell Metal Fest I,<br />
onde tocamos com Oligarquia, Trevas, Fatal, Chemical e Zenitê. Na verdade<br />
eram prá ser 7 músicas nesse disco, mas a primeira foi cortada e com problemas<br />
no audio. É exatamente o show da banda, sem nenhum tipo de “beneficio”<br />
tecnologico, o que foi captado é exatamente o que foi tocado. Achei interessante<br />
fazer o Kaffeklubben, até porque somos uma banda que toca muito pouco<br />
ao vivo e tendo um live como segundo lançamento deixa bem o que é a nossa<br />
cara, tipo, Não estamos nem ai prá regras, conceitos e todas essas bobagens que<br />
as pessoas se impoem pela vida adentro. Captamos o audio, fiz a capa, definnimos<br />
detalhes pequenos e ponto final, tá ai prá quem quiser. Sobre o download<br />
gratuito, decidimos trabalhar desta forma com nossa música, democratizando a<br />
arte, claro, em breve será lançado um novo trabalho e apesar dos planos para o<br />
lançamento físico, o áudio e a arte, mais simplificada, também serão disponibilizados<br />
para download grauito. É assim que queremos as coisas.<br />
URR: Quais os novos projetos do Yekun?<br />
JP Carvalho: Compor, compor, compor… Colocar mais um trabalho de<br />
qualidade na praça e ver aonde vai dar. Se a vida permitir, vamos seguindo<br />
em frente sempre.<br />
URR: O que podemos esperar da banda num futuro próximo?<br />
JP Carvalho: Certeza que vamos gravar um trabalho completo, doa a<br />
quem doer, já estamos negociando e vendo todas as possibilidades, e pode<br />
esperar um trabalho de qualidade, até porque nós mesmos não abriremos<br />
mão disso nunca.<br />
URR: Espaço livre, deixem seu recado, informações que esquecemos<br />
de perguntar, comentários e o que mais quiserem falar!<br />
JP Carvalho: Queremos agradecer! Mas agradecer muito e de coração<br />
a todas as pessoas que nos ajudaram e ajudam a tornar o Yekun uma<br />
realidade, aos blogueiros loucos, jornalistas mais loucos ainda e todos que<br />
de uma forma ou de outra fazem o cenário deste país ter uma cara, que<br />
agregam valor e somam em tudo que está ai. E não podemos esquecer da<br />
Débora e do Rodrigo da Metal Media, que se tornaram muito mais que<br />
amigos, se tornaram fámilia e aos outros amigos que estão sempre nos nossos<br />
ensaios, mandando email, ligando, compartilhando no facebook, dando<br />
força pra gente e pra banda, colocando mesmo a gente pra frente. E também<br />
a todas as pessoas que baixaram o Inside my Headache, tudo isso tem sido<br />
muito bom pra nós e tem nos motivado muito a ir em frente. E pode ter<br />
certeza que a gente não vai parar aqui… Hail Yekun!<br />
Contato para shows e merchandise: yekunmusic@gmail.com<br />
Sites Relacionados:<br />
www.facebook.com/yekunmusic<br />
www.myspace.com/yekun<br />
www.metalmedia.com.br/yekun<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 25
Por JP Carvalho<br />
Depois de alguns anos tocando<br />
juntos, os ex-integrantes da banda<br />
Siegrid Ingrid: Evandro Junior<br />
- Bateria, André Gubber – Guitarra,<br />
Sérgio Hernandes – Guitarra e Luiz<br />
Berenguer – Baixo, uniram-se a<br />
“Scream” - Vocais, para a realização<br />
de um novo projeto, o Skinlepsy.<br />
A ideia de dar continuidade ao trabalho<br />
que era feito anteriormente foi<br />
preservada e as novas composições,<br />
expressavam todo o peso e agressividade<br />
do Thrash e do Metal Extremo,<br />
características evidentes durante<br />
a passagem dos músicos por outras<br />
bandas: Evandro Júnior (Anthares),<br />
Gubber (Skullkrusher, Nervochaos),<br />
Luiz Berenguer (Ópera), Sérgio (Brutal,<br />
Elma) e Scream (Stun).<br />
Em abril de 2003, iniciaram<br />
os ensaios para a gravação do primeiro<br />
CD-Demo, “Reign of Chaos”,<br />
que ocorreu em junho daquele<br />
mesmo ano no estúdio Mr. Som, e<br />
contou com a produção de Heros<br />
Trench (Korzus).<br />
As músicas “Crucial Words”,<br />
“Alienation” e “Crawling as a<br />
Worm”, mostravam de forma clara<br />
a proposta de uma nova banda,<br />
que contava com o entrosamento,<br />
experiência musical e novas ideias,<br />
porém, sem perder o principal direcionamento<br />
musical: tocar METAL<br />
sem seguir apenas uma única vertente,<br />
um único estilo.<br />
Esse trabalho obteve uma ótima<br />
receptividade da mídia especializada,<br />
e de certa forma, gerou grande<br />
expectativa a respeito da gravação<br />
do primeiro álbum da banda.<br />
No entanto, após apenas um<br />
ano, cada músico seguiu o seu caminho<br />
em suas respectivas bandas.<br />
Em 2011, os experientes músicos<br />
André Gubber, Evandro Junior<br />
e Luiz Berenguer retomaram<br />
o Skinlepsy com uma sonoridade<br />
focada no Brutal Thrash Metal.<br />
Como resultado, surge o primeiro<br />
álbum da banda, intitulado<br />
“Condemning the Empty Souls”.<br />
Agressividade, letras insanas,<br />
consistência e brutalidade, definem<br />
esse álbum, que é o resultado de<br />
um árduo processo de composição,<br />
gravação e produção, ocorrido durante<br />
o segundo semestre de 2012.<br />
26 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
“Dedicando com vontade, determinação<br />
e prazer, sempre se encontra tempo”<br />
Apesar de contar com músicos extremamente gabaritados, vindos de<br />
bandas como Siegrid Ingrid, NervoChaos, Anthares, Desaster, Pentacrostic,<br />
Opera, os membros do Skinlepsy não assumiram uma postura conformista<br />
e lançaram neste ano o petardo ‘Condemning The Empty Souls’,<br />
disco mais brutal da carreira destes guerreiros do underground que nos<br />
brindam com músicas jovens, técnicas e extremamente pesadas.<br />
Sem mais delongas, confira um pouco sobre o presente do Skinlepsy<br />
e o que os futuro aguarda pra esses caras que honram com sobras todo o<br />
legado de sua música.<br />
URR: Este ano foi lançado o debut de vocês, ‘Condemning The Empty<br />
Souls’ pelo selo Shinigami Records. Como vocês avaliam a recepção<br />
do trabalho?<br />
Skinlepsy: Da forma mais positiva possível! Dezenas de resenhas já<br />
chegaram, no Brasil e no mundo, e outras virão, mas o que a gente observa,<br />
são vários elogios para o álbum. Nós tínhamos uma certeza de que o álbum<br />
seria bem recebido porque mesmo sendo bastante críticos com o nosso próprio<br />
trabalho, ficamos muito satisfeitos com o resultado final. É gratificante<br />
e estimulante, mas não significa que é tudo o que podemos oferecer, pelo<br />
contrário, já estamos planejando algo superior para o futuro.<br />
URR: O grupo é formado por músicos de renome do underground<br />
nacional. Vocês acham que isso influenciou de alguma forma a reação<br />
tão positiva?<br />
Skinlepsy: Eu acredito que as pessoas tiveram uma curiosidade maior<br />
em ouvir o álbum devido ao fato de termos essa passagem por outras bandas,<br />
mas ao mesmo tempo, muitos utilizaram de um senso crítico ainda<br />
mais apurado para avaliar o nosso trabalho, o que de alguma forma enaltece<br />
ainda mais essa reação positiva.<br />
URR:Como falado, vocês, além de terem sua vida pessoal e profissional, tocam<br />
em outras lendárias bandas. Como fazer para conciliar todos os projetos?<br />
Skinlepsy: Quando você se dedica a um trabalho com vontade, determinação<br />
e prazer, você sempre encontra tempo para tudo. É uma correria<br />
constante sim, mas dá pra conciliar as coisas, trabalhar para que as datas<br />
de shows não coincidam, os horários de ensaio não interfiram no dia a dia,<br />
mas tem valido a pena.<br />
URR: O primeiro material de vocês, Reign Of Chaos, saiu dez anos<br />
atrás. Qual o motivo para esse hiato?<br />
Skinlepsy: Nós tocávamos juntos há bastante tempo no Siegrid Ingrid,<br />
e quando iniciamos o projeto do Skinlepsy em 2003, recrutamos<br />
um novo vocalista e fomos para o estúdio gravar essa demo. Houve uma<br />
repercussão muito boa, mas algum tempo depois, o Scream (vocal) saiu<br />
da banda para se juntar ao Endrah que partiria para uma tour no Exterior.<br />
Foi então que resolvemos dar um tempo pra descansar e planejar<br />
as coisas, mas eu particularmente estava bem cansado naquela época<br />
e pensei seriamente em parar de tocar. Foi o que eu fiz, mas acabei<br />
voltando a tocar um ano depois ao acaso, com minha antiga banda, o<br />
Anthares, que também estava parado há alguns anos. O André Gubber e<br />
o Luiz Berenguer montaram outros projetos, mas ao longo dos anos nós<br />
mantínhamos contato e nunca descartamos a volta do Skinlepsy. Isso<br />
finalmente aconteceu quando voltamos a ensaiar e a compor em 2011.<br />
A partir daí foram meses de trabalho duro e muita dedicação que resultaram<br />
no lançamento do “Condemning the Empty Souls”. E já estamos<br />
começando a compor para um futuro álbum!<br />
URR: Deixem uma mensagem pra galera que acompanha o trabalho<br />
de vocês!<br />
Skinlepsy: Nós gostaríamos de agradecer imensamente a todos que nos<br />
tem apoiado nessa caminhada, nós sabemos quem vocês são, e estamos<br />
com vocês, afinal se estamos tocando, compondo, fazendo shows, nos dedicando<br />
de corpo e alma ao Skinlepsy, é porque vocês nos dão todo esse<br />
respaldo. Obrigado a todos vocês!<br />
Foto: Henrique Buffa<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 27
28 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Por Leonardo Moraes<br />
Fundada em 1994 por<br />
Count Imperium, o Ocultan<br />
conta atualmente com 9<br />
álbuns, sendo 8 de estudio e 1<br />
ao vivo ,além de 1 DVD . Não<br />
muito diferente de outras bandas<br />
de Black Metal, o Ocultan<br />
também passou por diversas<br />
formações ao longo da existência<br />
da banda e, atualmente<br />
a banda apresenta uma formação<br />
estável que conta além de<br />
Count Imperium nos vocais,<br />
Lady of Blood nas guitarras,<br />
Malus na bateria e Magnus<br />
Hellcaller no baixo. Gentilmente<br />
Count Imperium e<br />
Lady of Blood abriram as portas<br />
de sua residência em São<br />
Caetano do Sul para receber<br />
a Underground Rock Report<br />
e falamos um pouco da trajetória<br />
da banda e sobre o mais<br />
recente lançamento da banda<br />
o Shadows From Beyond,<br />
confira a entrevista:<br />
URR - Por que Shadows<br />
From Beyond saiu pela Multilation<br />
Records ao invés do<br />
selo Pazuzu?<br />
Count Imperium - A Multilation<br />
já é um selo que a gente<br />
vinha trabalhando há algum<br />
tempo, por isso a escolha. O<br />
nosso ultimo lançamento pela<br />
Pazuzu foi o Regnum Infernalis<br />
e a gente decidiu parar<br />
momentaneamente com as<br />
atividades do selo logo após<br />
o lançamento desse álbum<br />
porque não estávamos conseguindo<br />
conciliar o trabalho<br />
da banda com as atividades do<br />
selo. Em 2013 reativamos o<br />
selo Pazuzu para o lançamento<br />
do Khaotic, projeto paralelo<br />
da Lady of Blood. Somente a<br />
distribuição do Khaotic está<br />
pela Multilation Records.A<br />
tendência é que os próximos<br />
álbuns do Ocultan e Khaotic<br />
sejam feitos dessa forma.<br />
URR- O novo álbum era<br />
pra ter saido ainda no fim<br />
de 2012, e acabou saindo em<br />
Junho de 2013, você poderia<br />
comentar sobre o por que do<br />
atraso?<br />
Count Imperium - Na<br />
verdade o CD só ficou pronto<br />
mesmo em Março de 2013,<br />
porém, ele veio com defeito<br />
nas duas músicas finais e precisou<br />
ser recolhido, até eles<br />
conseguirem achar que o defeito<br />
estava na masterização<br />
da fabrica e até corrigirem,<br />
levou uns três meses.<br />
URR - Soube que Shadows<br />
From Beyond vai ser<br />
lançado em 2014 na versão<br />
em vinil também. Comente<br />
sobre esse processo:<br />
Count Imperium - No ano<br />
passado (2013) a Mafer Records<br />
nos contatou mostrando interesse<br />
em Lançar o álbum Shadows<br />
From Beyond na versão<br />
LP. Não pensamos duas vezes e<br />
fechamos com o selo da Mafer.<br />
Esse lançamento será limitado<br />
em apenas 300 unidades, e está<br />
previsto para o final de fevereiro,<br />
inicio de março.<br />
URR - Sempre achei as<br />
capas do albuns do Ocultan<br />
cheio de referências<br />
a outras bandas de Black<br />
Metal gringas,mas eu achei<br />
em particular que a capa<br />
de Shadows From Beyond<br />
lembra bastante a do novo<br />
álbum do Ragnarok- Malediction.<br />
Houve alguma<br />
influência nesse sentido, ou<br />
é coincidência do estilo do<br />
desenho seguir uma ideia<br />
parecida?<br />
Count Imperium- Não<br />
cheguei a ver esse ultimo álbum<br />
do Ragnarok. Tanto a<br />
capa de Shadows of Beyond<br />
e do álbum anterior, o Atombe,<br />
foram pintadas pelo Rafael<br />
Tavares e acredito que não<br />
tenha sido algo proposital a<br />
semelhança desse álbum do<br />
Ragnarok ou de outras bandas<br />
de Black Metal. Mandamos<br />
uma foto de uma entidade dos<br />
rituais da Quimbanda para ele<br />
ter uma ideia de como seria a<br />
capa que queríamos.<br />
URR- O Ocultan mescla<br />
canções em português e<br />
inglês nos álbuns, porém as<br />
letras em português causam<br />
um impacto sonoro muito<br />
maior no ouvinte, portanto<br />
fazer um álbum só com canções<br />
em português é algo que<br />
está fora de cogitação nos futuros<br />
álbuns da banda?<br />
Count Imperium- A idéia<br />
de ter as letras em inglês é<br />
para atingir o publico internacional<br />
também. Então sempre<br />
manteremos essa linha nos futuros<br />
álbuns de ter as canções<br />
em português e inglês.<br />
URR- Em que dado momento<br />
você decidiu que assumir<br />
os vocais a frente da banda seria<br />
o melhor caminho para manter<br />
a estabilidade na formação?<br />
Count Imperium - Todos<br />
os problemas na formação da<br />
banda foram com as saídas<br />
de vocalistas, então essa decisão<br />
de eu assumir os vocais<br />
definitivamente foi durante a<br />
gravação do álbum Atombe.<br />
Na ocasião o vocalista Legacy<br />
resolveu deixar a banda logo<br />
quando começamos a gravar<br />
os instrumentais do álbum e<br />
aí até acharmos outro vocalista<br />
que se encaixasse do jeito<br />
que queríamos levaria muito<br />
tempo. A sorte que não havia<br />
nenhum vocal dele (Legacy)<br />
gravado para esse álbum e a<br />
maioria das letras foram escritas<br />
por mim então não foi difícil<br />
encaixar os meus vocais,<br />
apesar que tivemos de dar<br />
uma pausa nas gravações durante<br />
umas duas semanas para<br />
reestruturar as coisas.<br />
URR- Ao longo de quase<br />
20 anos de estrada como você<br />
analisa a receptividade da<br />
banda no Brasil e no exterior?<br />
Count Imperium - Eu<br />
acredito que o público brasileiro<br />
tem uma grande tendência<br />
a valorizar mais as bandas<br />
gringas do que as bandas nacionais,<br />
apesar disso, eu acho<br />
que o Ocultan já tem o seu<br />
público estabelecido no Brasil<br />
ao longo desses 20 anos<br />
de estrada, afinal não somos<br />
nenhuma banda iniciante. No<br />
exterior, por exemplo, tivemos<br />
uma boa distribuição do<br />
Profanation, nos Estados Unidos,<br />
Canadá e Europa.<br />
URR- É cada vez mais<br />
raro ver o Ocultan se apresentando<br />
ao vivo atualmente.<br />
Por que isso acontece?<br />
Count Imperium - É difícil<br />
pontuar um motivo só. Mas<br />
sem citar nomes de ninguém,<br />
tem muito produtor picareta<br />
por ai que quer sujeitar a banda<br />
tocar sem nenhum equipamento<br />
decente ou em locais<br />
sem infraestrutura nenhuma,<br />
nem ao menos um banheiro.<br />
Já os produtores sérios só estão<br />
interessados em bandas<br />
gringas que dê algum retorno<br />
financeiro pra eles, jamais<br />
pensam em investir em bandas<br />
pequenas ou de médio porte.<br />
URR- Você teme que o<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 29
Ocultan passe a ser uma<br />
banda de estúdio em decorrência<br />
da oferta de shows serem<br />
cada vez menores?<br />
Count Imperium - Na<br />
verdade não. Claro, adoramos<br />
tocar ao vivo mas se essa situação<br />
chegar a acontecer, continuaremos<br />
fazer a nossa musica<br />
do mesmo jeito. O Bathory<br />
nunca tocou ao vivo e foi o que<br />
foi. Mas a questão é ter boas<br />
condições de apresentar nosso<br />
trabalho ao vivo. Não somos<br />
o tipo de pessoas que vivemos<br />
da música, tocamos porque<br />
gostamos, não por dinheiro.<br />
Até entendo que existe uma<br />
responsabilidade do Ocultan<br />
com os fãs e até uma cobrança<br />
de nos apresentarmos mais ao<br />
vivo. Eu acredito que o público<br />
mereça uma apresentação<br />
de qualidade e não queremos<br />
ver nossos fãs irem a um show<br />
em que o som fica embolado<br />
o tempo todo ou que ele acha<br />
que o resultado ao vivo está<br />
muito diferente do CD.<br />
URR- Como surgiu a<br />
ideia de recrutar Malus para<br />
o posto de baterista?<br />
Count imperium - A ideia<br />
inicial era de contar com um<br />
baterista apenas para fazer<br />
sessão ao vivo. Após ter feito<br />
vários testes com o Malus,<br />
ele demonstrou interesse em<br />
ser um membro fixo. Foi então<br />
que analisamos com calma<br />
e resolvemos efetivá- lo<br />
como membro fixo. Com a<br />
entrada de um novo baterista<br />
passamos a dividir melhor<br />
nossas funções, cada musico<br />
passou a ser responsável por<br />
um único instrumento. Anteriormente<br />
eu estava exercendo<br />
as funções de baterista e vocalista,<br />
tarefa que não estava<br />
sendo fácil (Risos).Com essa<br />
mudança estou podendo desenvolver<br />
melhor a parte dos<br />
vocais.<br />
URR- Há planos de produção<br />
de algum clipe para<br />
o álbum novo? Ou um outro<br />
DVD da banda mais focado<br />
na fase recente?<br />
Count Imperium - Ainda<br />
não tivemos tempo para<br />
pensarmos nisso, até porque o<br />
lançamento do CD está muito<br />
recente e além disso, essas<br />
coisas tem que ser muito bem<br />
planejadas e dentro de nossas<br />
condições financeiras, pois não<br />
dependemos de nenhuma produtora<br />
para fazer isso pra nós.<br />
URR- Existe alguma<br />
possibilidade do primeiro<br />
álbum do Ocultan (Bellicus<br />
Profanus)ser relançado?<br />
Count Imperium - Eu<br />
acredito que não, apesar de<br />
inúmeros pedidos de fãs e interesses<br />
de outras gravadoras,<br />
como a Multilation Records,<br />
em relança-lo. Esse álbum<br />
foi lançado pela Evil Horde<br />
Records na época e já está<br />
esgotado há anos, o segundo<br />
álbum também. O problema é<br />
que a Evil Horde detém os<br />
direitos sobre esses álbuns e<br />
eles não querem passar para<br />
outras gravadoras relançarem<br />
eles. O por que disso ai, eu<br />
não sei dizer. Espero que eles<br />
mudem de idéia futuramente.<br />
URR- De quem partiu a<br />
ideia da mudança do logo<br />
do Ocultan?<br />
Lady of Blood - Na verdade<br />
a gente já tinha um logo<br />
bem parecido com esse que<br />
foi criado pelo ex-baterista,<br />
Lord Fausto, que era bem assimétrico,<br />
ai eu só dei uma<br />
aprimorada.<br />
URR- Vocês poderiam<br />
falar um pouco sobre os projetos<br />
paralelos dos integrantes<br />
da banda ?<br />
Count Imperium- Eu<br />
cheguei a criar o Warhead<br />
666, mas não gravei nada<br />
oficial, apenas disponibilizei<br />
umas faixas no Myspace, mas<br />
a qualidade sonora era bem<br />
ruim devido a precariedade<br />
de equipamentos na época e<br />
acabei não levando a diante.<br />
Em breve pretendo criar outro<br />
projeto, mas sob outro nome<br />
com uma pegada mais Black<br />
Metal anos 90.<br />
Lady of Blood - Acabei<br />
de lançar o primeiro álbum<br />
do Khaotic, intitulado<br />
Tenebrae.O Khaotic era uma<br />
ideia de muitos anos, mas que<br />
nunca tinha saído do papel. Ai<br />
desde Junho de 2012 que eu<br />
comecei a trabalhar pra valer<br />
em cima desse projeto. Nunca<br />
cogitei em chamar ninguém<br />
para tocar os outros instrumentos<br />
porque era uma idéia<br />
só minha de compor todos os<br />
riffs e as letras. Até mesmo<br />
a idéia de voltar com o selo<br />
Pazuzu Records foi pra lançar<br />
o Khaotic ainda em 2013,<br />
porque esse tipo de projeto,<br />
one woman band, até então<br />
era uma coisa desconhecida<br />
no nosso cenário nacional e<br />
correr atrás de outro selo que<br />
abraçasse essa idéia seria algo<br />
que poderia demorar até um<br />
ano pra rolar e eu não gostaria<br />
de esperar.<br />
30 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
A conversa aqui é Rock & Roll<br />
Por JP Carvalho<br />
banda paulistana começou no final de maio/2013 a turnê de promoção<br />
de seu 5º e mais recente CD, O 5º Dos Infernos (Voice Mu-<br />
A<br />
sic–2013), com um show de muita energia e interação com o público<br />
e um repertório baseado em músicas do novo CD e de todos os outros<br />
lançados: O Céu é o Hell (2010), Meu Mal (2007), Whiskey do Diabo<br />
(2005) e Baranga (2003).<br />
A Baranga traz na bagagem a experiência de ter tocado duas vezes<br />
com a banda inglesa Motörhead no Brasil (2009 e 2011), com o reconhecimento<br />
especial do guitarrista Phil Campbell que, em 2011, levou<br />
pessoalmente de presente um balde de gelo carregado de cerveja! Fora<br />
do Brasil, se apresentaram no Festival Eje Del Mal, em Santiago, no<br />
Paulão Thomaz,<br />
rocker sem pátria!<br />
Paulão Thomaz, baterista e fundador das bandas Centúrias, Firebox, Cheap Tequila, Baranga e Camboja,<br />
além disso, uma pessoa que há 35 anos vive o cenário da música pesada brasileira e que conquistou<br />
seu espaço com muita pancada nos couros de seu instrumento e com isso, acabou se tornando<br />
referencia em sua arte. Além disso, Paulão é um cara tranquilo e com muito boa vontade nos concedeu<br />
a entrevista a seguir.<br />
Underground Rock Report: Antes de começarmos,<br />
obrigado pelo seu tempo e por nos dar o privilégio<br />
dessa conversa. Agora, fale-nos sobre você<br />
e suas atividades.<br />
Paulão Thomaz: Aeee bro valeu! Toco bateria há<br />
35 anos, sempre no Rock, minha primeira banda foi o<br />
centúrias gravamos a coletânea SP Metal “e dois discos,<br />
o EP Última Noite e o Ninja, todos pela Baratos<br />
Afins, depois fui para banda Heavy Metal Firebox,<br />
Chile. Pelo Brasil, tocaram em muitos eventos por todo o país e dividiram<br />
o palco com Matanza, Cólera, Korzus, Garotos Podres, Velhas<br />
Virgens, Made In Brazil e muitas outras grandes bandas brasileiras de<br />
Rock.<br />
Depois de mais de 10mil CD’s vendidos, muitos quilômetros rodados,<br />
ter figurado nas listas de “Melhor Banda”, “Melhor CD” e “Melhor<br />
Show” de várias renomadas revistas e sites de Rock do país e sempre<br />
ter recebido notas altas nas resenhas de todos seus CD’s, a formação é<br />
a mesma desde o primeiro ensaio: Xande – Vocal & Guitarra, Deca –<br />
Guitarra, Soneca – Baixo & Coros, Paulão Thomaz – Bateria<br />
Ao vivo, são incendiários convictos e ocupam cada centímetro dos<br />
palcos onde tocam! Confira a seguir entrevista com o batera Paulão<br />
Thomaz para o blog Heavy Metal Breakdown.<br />
gravamos apenas um disco, isso tudo nos anos 80,<br />
gravei um CD com a banda de Rock´n roll, Cheap<br />
Tequila também com um CD isso já nos anos 90.<br />
Agora estou no Baranga desde 2000, já lançamos<br />
cinco CDs, toco também no Kamboja, e estamos<br />
gravando o CD de estreia, mas temos um EP com<br />
quatro músicas lançado, e gravei também coma<br />
banda Mano Sinistra um projeto de viola Rock do<br />
Ricardo Vignini, importante músico paulista. isso<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 31
é um resumo da minha carreira.<br />
URR: Quais são suas lembranças do cenário nos anos 80?<br />
Paulão: Muito boas! Muitas bandas autorais e em português acontecendo.<br />
Harppia, Centúrias, Salário Mínimo, Golpe de Estado, Vírus, Platina e muitas<br />
outras. Rock in Rio1. Maravilhoso, tocávamos em teatros, não havia essa coisa<br />
de bar infestado de bandas cover. Lembro que havia um teatro aqui no Paraíso<br />
(bairro tradicional aqui em São Paulo) chamava-se Teatro Mambembe, os shows<br />
eram de terça feira e lotava, vi o Sepultura lá bem no início. Enfim foi muito<br />
bacana ajudar a fazer essa história do Metal brasileiro.<br />
URR: E qual é a sua visão, hoje, do cenário da musica pesada nacional?<br />
Paulão: Como sempre estamos no Underground, o Brasil não é o país do<br />
Rock, mas existe uma cena sim, há bons festivais, produtores que fazem shows<br />
mesmo com muita dificuldade. Mas estamos ai, como fãs e músicos do bom e<br />
velho Rock´n Roll pesado, gravando, tocando música autoral e lançando CDs<br />
acho que isso já é um grande avanço, e vamos em frente, fazemos por amor ao<br />
rock.<br />
URR: Mesmo com a indústria musical em franco declínio, você acha que<br />
o fã de rock ainda é capaz de sustentar o seu cenário consumindo produtos e<br />
merchandize de suas bandas preferidas?<br />
Paulão: Consumir os produtos da banda e comparecer aos shows é a única<br />
saída.<br />
URR: Você foi batera do Firebox, banda que fez certo alarde na época do<br />
lançamento da demo Starting Fire, porém, com o lançamento do primeiro álbum,<br />
Ou of Control, você se desligou da banda, sua intenção era justamente<br />
fazer um trabalho mais voltado ao Rock´n Roll, como no Baranga?<br />
Paulão: O Firebox era uma banda muito boa, mas com a saída do Luiz Mariuitti<br />
(baixo) que foi para o Angra, a banda perdeu a química, houve alguns desentendimentos<br />
com o Michel que era o líder causando a minha saída. Eu estava<br />
desiludido com o Heavy Metal, não gostava do direcionamento músical, aquela<br />
moda do metal melódico me fez sair do estilo, na verdade eu sempre ouvi muito<br />
Rock´n Roll, Slade, Status Quo, Made in Brazil, Patrulha do Espaço e metal<br />
anos 80 que era mais cru e direto, ai resolvi tocar um som que me identificava<br />
mais e estou até hoje tocando o que eu gosto que o Rock direto sem firulas.<br />
URR: E com o Baranga você conseguiu seus objetivos musicais?<br />
Paulão: Em parte sim! Fizemos cinco ótimos discos em português, uma<br />
banda verdadeira. Abrimos para o Motorhead por duas vezes, fomos ao Chile e<br />
muitos shows bons por aqui. Então não posso reclamar. Em outro sentido, fico<br />
um pouco frustrado pela falta de profissionalismo, uma banda como a baranga<br />
devia ter crescido mais, faltou produtor, empresário, porque chega um momento<br />
que a banda para e isso não é bom! Entendeu? Coisas de Brasil.<br />
URR: Porque você resolveu não participar da volta do Centúrias?<br />
Paulão: Acho que tive o meu momento lá, tenho o maior orgulho porque o<br />
Centúrias me deu o que sou hoje, sem querer fizemos história, hoje vou ao show<br />
deles e me emociono. Como aquelas músicas são boas... Mas estou afim de outras<br />
coisas no Rock e estou fazendo, mas amo aqueles caras.<br />
URR: Como vem sendo a aceitação dos shows do Baranga?<br />
Paulão: Mesmo tendo, em alguns momentos, problemas técnicos de som,<br />
os shows da Baranga, tem muita energia e carisma e esse sempre foi o forte da<br />
banda, o lance ao vivo é muito forte, ultimamente o público tem se ausentado<br />
dos shows, devido a vários fatores, grana, bares com bandas cover, muitos shows<br />
gringos, mas estamos ai na luta, espero que seja uma fase.<br />
URR: Bandas cover se tornaram uma reclamação recorrente aqui no<br />
blog e nas midias sociais em geral. Você acha que o brasileiro é culturalmente<br />
influenciado a acreditar que os trabalhos feitos por aqui são de menos<br />
qualidade, ao ponto de valorizarem uma cópia, muitas vezes mal feita, dos<br />
seus ídolos internacionais?<br />
Paulão: Com certeza sim, as pessoas falam mal dos donos de bar, mas não é<br />
culpa deles! É cultural sim e acho que não vai mudar, o gringo é sempre melhor<br />
por incrível que pareça até o cover (risos) Já vi bandas sofríveis tocando com<br />
a casa cheia, como também tem excelentes bandas eu mesmo faço tributo ao<br />
Lynyrd Skynyrd, nada contra, o cover isso sempre existiu, mas trocar totalmente<br />
o apoio a essas bandas em detrimento ao som autoral é demais, por outro lado<br />
não ha bandas, de qualidade, suficiente para cobrir as noites em todos os bares<br />
então o cover é importante. O problema é a total desvalorização do som autoral,<br />
temos ótimas bandas por aqui cantando na nossa língua e estamos precisando<br />
disso. O país esta falindo e o Rock tem sim, seu papel social também, eu e as<br />
bandas que toco se preocupam com isso e não vamos desistir principalmente<br />
o Kamboja, que tem em seus temas algumas músicas que tratam da nossa realidade.<br />
uma forma de acentuar esse lado xenofilista que o brasileiro tem?<br />
Paulão: Sim, com certeza! Essa coisa terçeiro mundista nos afeta muito,<br />
não vamos ser hipócritas e falar em 100% nacionalistas, porque não somos!<br />
Mesmo porque o Rock não é brasileiro e eu mesmo gosto de muita coisa estrangeira.<br />
Mas estamos falando em Rock brasileiro, ai eu acho que tem que ser<br />
em português, o Ratos de Porão faz turnês há muitos anos na Europa cantando<br />
em português, ai você fala no Sepultura. Bom ai é outra história, igual a eles<br />
nunca mais.<br />
URR: Você acha que dificilmente alguma banda daqui vai chegar a um<br />
patamar equivalente ao Sepultura? Eu acredito que com a estrutura e o investimento<br />
certos, isso pode acontecer.<br />
Paulão: Não sei não! Acho muito difícil, o Sepultura estava no lugar certo<br />
na hora certa e principalmente com os caras certos, Max e Igor, eu os vi no Aeroanta<br />
(casa de shows dos anos 80 aqui de São Paulo) e nunca havia visto nada<br />
igual, era muita adrenalina e carisma juntos. Isso acho que acontece em 1000<br />
anos (risos). Temos bandas com certo sucesso, mas mano, o Sepultura influenciou<br />
os gringos, nunca mais vai acontecer isso em termos de Rock.<br />
URR: Entendi o seu pensamento. Como você se vale das redes sociais<br />
para divulgar o seu trabalho?<br />
Paulão: É o Facebook é legal pra divulgar trampo, shows, marketing pessoal,<br />
divulgar os endorses. Mas não me iludo não, neguinho fala que tem 1000<br />
likes no vídeo ou no CD, mas na hora do show vão 50 pessoas (risos), o cara<br />
não tira a bunda da cadeira pra ir ao teu show, entendeu?<br />
URR: Então não existe Rock sem muito trabalho duro?<br />
Paulão: Claro que não! A não ser com muita grana pra comprar jabá, mas<br />
mesmo assim tem que ter música boa e consistente.<br />
URR: Nada mais ligado ao rock que a santíssima trindade: cerveja, mulher<br />
e Rock... Você acha que, uma banda não tem como errar dentro desse<br />
quadro?<br />
Paulão: Acho que já esta desgastado, acho legal ter uma ou outra música<br />
com esse tema, mas não ser o principal , isso tudo já esta desgastado.<br />
URR: Quais são as diferenças líricas do Kamboja e do Baranga?<br />
Paulão: O Baranga sempre foi mais focado na diversão cerveja, mulher,<br />
carros. O Kamboja tem uma ou outra assim, isso é inerente ao Rock, mas temos<br />
também letras com temas mais sociais, como a hipocrisia da sociedade, a mentira<br />
dos políticos e realidade brasileira, acho que estamos precisando protestar<br />
uma pouco, não da pra ficar mais alienado.<br />
URR: Então, a música é um excelente veículo para o protesto?<br />
Paulão: Pode ser sim um veículo de conscientização, mas sem exageros pra<br />
não ficar panfletário e chato. Rock´n Roll é diversão também.<br />
URR: Você sente uma evasão do público nos seus shows?<br />
Paulão: Infelizmente sim, são muitos os fatores que levaram a isso , espero<br />
que melhore, situação financeira, shows gringos, covers, etc.<br />
URR: Planos para o futuro?<br />
Paulão: Continuar gravando, tocando. Enfim, continuar na estrada espalhando<br />
a ideologia Rock´ n Roll.<br />
URR: Resuma Paulão Thomaz em uma frase ou palavra.<br />
Paulão: Rocker sem pátria (risos).<br />
URR: Obrigado pelo seu tempo e por nos proporcionar este belo bate-<br />
-papo, deixa aqui uma mensagem para os nossos leitores.<br />
Paulão: Opa! Obrigado a você. Foi uma boa entrevista perguntas inteligentes,<br />
valeu mesmo! Prestigiem as bandas brasileiras, tem muita coisa boa, confiram<br />
algumas; Carro Bomba, Kamboja, Baranga, Cracker Blues, Salário Mínimo,<br />
Centúrias, Dr. Sin, Korzus, Torture Squad, A.V.C., Golpe de Estado, Saco<br />
de Ratos, Makinária Rock e muitas outras. Abraço a todos os leitores, obrigado!<br />
Contato: www.barangarock.com.br<br />
Foto: Fernando Yokota<br />
URR: Porque cantar essencialmente em português?<br />
Paulão: Acho que tudo é o objetivo da banda, no meu modo de ver acho<br />
legal cantar no seu país uma língua em que todos entendam, veja bem no brasil<br />
poucos falam e entendem bem em inglês, certo? Então como passar o recado se<br />
não temos uma segunda língua aqui e agora mais que nunca temos que passar<br />
o recado em português. Qual a música mais conhecida do Dr. Sin? Futebol,<br />
Mulher e Rock´n Roll. A do Korzus? Correria e Catimba! São dois exemplos<br />
muito fortes do que estou dizendo.<br />
URR: E não seria até mesmo por causa das bandas cantarem em inglês,<br />
32 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Por JP Carvalho<br />
Surgida na década de 1990, tendo sempre a frente seu<br />
líder incostestável Charlie Curcio, que além de ser um<br />
dos caras mais atuando no cenário da música pesada, leva<br />
o StomachalCorrosion mesmo com todos os trancos e mudanças<br />
de formação ao longo dos anos. E não são poucos,<br />
são 23 anos levantando a bandeira da música extrema, incontáveis<br />
lançamentos e muito história prá contar.<br />
Em 2014 a banda prepara mais uma volta aos palcos,<br />
com a nova formação prometendo para muito em breve<br />
novos e significativos lançamentos. Confira a seguir um<br />
apanhado geral da história deste ícone do cenário Heavy<br />
Metal do Brasil.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 33
Em janeiro de 1991, Charlie Curcio surge a idéia de formar uma<br />
banda, tendo influência bandas como Agathocles, Gangrena Crucial,<br />
Carcass, Rapt, Ocult, Impetigo, Abominog, Napalm Death, Napalm<br />
e etc... Vindo de uma banda HardCore/Punk, a Diarrhea, e de<br />
outra Crossover, a Interitus, era natural a temática social, e devido<br />
às novas tendências do meio Underground na época, as nojeiras do<br />
Splatter também figuravam nas letras da banda.A primeira formação<br />
do StomachalCorrosion não chegou a executar nada, apenas a<br />
esboçar o que seria a música Holy Flesh. Esta formação não durou<br />
muito e assim o StomachalCorrosion inicia um ciclo de mudanças<br />
de formação, mesmo antes de existir direito.<br />
Antes mesmo de se iniciarem os primeiros ensaios os três membros<br />
do StomachalCorrosion são chamados pra completarem a formação<br />
de uma banda que voltara à vida, a Hóstia Podre, a banda<br />
existiu durante alguns meses, realizou dois shows na cidade de<br />
Campina Grande-PB, gravou dois ensaios em fitas Demo Ensaio, e<br />
encerrou definitivamente sua profana existência. Dentre as músicas<br />
tocadas estava Holy Flesh, que seria a primeira do StomachalCorrosion,<br />
se tornando a primeira da Hóstia Podre.<br />
Assim o StomachalCorrosion pôde voltar a trabalhar com mais<br />
dedicação, tendo ficado como um simples projeto na época em que<br />
a HP contava com seus membros de até então. Enquanto projeto o<br />
StomachalCorrosion contou com algumas pessoas em sua formação,<br />
em ensaios esporádicos e sem maiores compromissos. Depois de um<br />
desses ensaios, tiveram uma conversa para acertar a formação definitiva<br />
para a StomachalCorrosion, uma vez que se sentiam entrosados.<br />
E iniciaram os primeiros ensaios realmente, porém, ninguém<br />
na banda tinha instrumento algum e contavam com os das outras<br />
bandas, assim como usavam os locais de ensaios de outras bandas<br />
também. Mesmo com tantas dificuldades, os primeiros sons foram<br />
surgindo, A banda ensaiava com mais freqüência no local de ensaio<br />
da banda Mortífera, de Campina Grande. Mas aproveitavam as oportunidades<br />
no local do Krueger. O término das atividades da Mortífera<br />
coincidiu com uma viagem de da guitarrista Emilia para Recife, o<br />
que acarretou em uma parada momentânea e que muitas coisas foram<br />
acontecendo e moldando a banda para o que seria dali em diante.<br />
Novas mudanças de formação, novas músicas foram sendo incorporados.<br />
Atpe que foram convidados para irem a Caruaru, passar<br />
um final de semana na casa de um velho amigo, Kleber Gomes<br />
(ex- Extreme Death). Com esta visita surgiu a idéia de se fazer uma<br />
apresentação na casa de ensaios das bandas daquela cidade, uma vez<br />
que a banda aproveitou o local e equipamento para passar os sons. E<br />
foi realizada a primeira gig do StomachalCorrosion, contando com o<br />
Kleber Gomes (ex-Extreme Death) no baixo. Esta apresentação não<br />
foi gravada, mas um dos ensaios foi registrado em K7.<br />
Voltando para Campina Grande e com a volta da guitarrista Emilia<br />
que só aconteceu dois meses depois, a banda ganhou mais peso tendo<br />
duas guitarras. Mas uma nova fase de ensaios aconteceu, ou melhor,<br />
foi obrigatória devido ao término das atividades da Agression, ficaram<br />
passando o som com violões e faziam ensaios esporádicos junto a algumas<br />
bandas da cidade. Foi nessa época que tiveram uma proposta da<br />
Rotthenness Records, para o lançamento de um EP 7”. O Stomachal-<br />
Corrosion conseguiu um lugar de ensaio e equipamento para a gravação<br />
deste ensaio com a melhor qualidade possível na época. Mesmo assim<br />
não ficou bom e o compacto não saiu, aproveitaram a gravação para<br />
uma DT Ensaio, que se chamaria One And Corrosive, lançada em 1993,<br />
contendo 12 músicas, incluindo um cover de Introtyl, do Agathocles.<br />
Com o lançamento desta demo, tiveram novamente um convite de<br />
tocar em Caruaru. E em 15 de maio de 1993 a banda se apresenta pela<br />
segunda vez naquela cidade. Tocando por último, e gravando o show<br />
em K7, mesmo com muitos cortes nos inícios das músicas, cortesia do<br />
técnico que comandava o gravador, a gravação acabou não sendo aproveitada.<br />
Voltando a sua terra natal, retoma-se os ensaios em conjunto<br />
com uma nova banda a Mind Grind, e em um galpão onde aconteceria<br />
sua terceira apresentação e a primeira na cidade de Campina Grande.<br />
Novas mudanças de formação ocorreram mas, continuaram ensaiando<br />
no local por mais algum tempo, tendo ainda a nova Mind Grind como<br />
companheira de ensaios e compartilhadora de equipamentos, até que o<br />
ponto foi entregue e a banda passou a ensaiar em um quartinho nos fundos<br />
da casa da guitarrista Emilia. Desta vez só com a Mind Grind, como<br />
banda irmã, Na realidade foi feito um acordo: a StomachalCorrosion<br />
tinha o local e a Mind Grind o equipamento.<br />
A StomachalCorrosion foi convidado para um festival que tinha<br />
planos de ser anual, mas que só se realizou por dois anos, o CG<br />
Corpse Grinder Festival, tocando por último, no dia 2 de abril de<br />
1994, às 3:30 da madrugada.<br />
Logo, começaram a dividir os ensaios e o equipamento com mais<br />
uma banda, a C.U.S.P.E. Porém, pouco tempo após a Mind Grind<br />
acabou, ficando apenas a C.U.S.P.E. e a StomachalCorrosion. Destes<br />
ensaios saiu uma nova demo, a Sremichin Cettesael, gravada em<br />
março de 1994, contendo 10 músicas da banda e um cover de Deceiver<br />
do Napalm Death e Why Work For Death do Dissenssion.<br />
Em agosto de 1994 Charlie e Sergio fizeram uma viagem à São<br />
Paulo para assistirem ao Philips Monsters Of Rock, e neste meio<br />
tempo a banda foi convidada a tocar no Parque do Povo, em Campina<br />
Grande, em um Campeonato de Skate, e mesmo sem os dois<br />
membros, a banda decidiu tocar. Com o retorno dos dois voltaram<br />
aos ensaios normalmente. Com o passar do tempo, foi cogitada mais<br />
uma gravação, desta vez com recursos melhores e juntando todas as<br />
composições que a banda tinha até o momento. Mas poucos dias antes<br />
desta gravação o vocalista deixa a banda, sendo substituído pelo<br />
amigo Hugo (atual Night Candelabrum). Tiveram pouco tempo de<br />
ensaio até a gravação e em outubro de 1994 trancam-se em estúdio<br />
para o registro de World Of My God, com 24 sons, mais uma intro<br />
gravada na noite de sábado com Armênio e Afrânio nos violões e<br />
Charlie na percussão. As músicas da demo em si foram gravadas no<br />
dia posterior, um domingo, tendo o sábado apenas para o aperfeiçoamento<br />
do equipamento e testes de gravações. Na realidade World<br />
Of My god nada mais é do que a junção das músicas das duas outras<br />
demos ensaios, menos os covers.<br />
Mesmo com nova mudança na formação, realizaram um show em<br />
Campina Grande para o lançamento da nova demo, junto à banda campinense<br />
Hedra, no dia 11 de março de 1995, a gravação deste show<br />
foi lançada em um split K7 junto com os belgas do Agathocles, sendo<br />
a primeira participação de uma banda brasileira junto à banda belga.<br />
Pouco depois tocam no 1º Contra-Cultura, Não Anti-Cultura, no<br />
dia 19 de maio de 1995. Nesta apresentação houveram alguns problemas,<br />
o que gerou uma discussão no dia seguinte.<br />
A banda seguia em frente, mas perderam o local de ensaios, forçando-os<br />
a novamente, dividirem o local de ensaio com a C.U.S.P.E.<br />
e tocam pela primeira vez na cidade de Natal junto à Discarga Violenta<br />
em 23 de julho de 1995. Nesta época, Emilia resolve deixar a<br />
banda. Com sua saída, reformularam a banda e tocaram junto ao Iron<br />
Maiden Cover de Campina Grande, no Bar-Bárie.<br />
Esta gig foi filmada em VHS, e parte dela aparece na Grinded<br />
Brain Vídeo Comp., lançada pela Grinded Brain, de Sumaré-SP e na<br />
fita SC/Tapasya, lançada pela Barulheira Rec., do Rio Grande do Sul.<br />
Com esta formação ainda chegaram a tocar com a Trinca Cunhão de<br />
João Pessoa, que rendeu um convite ao StomachalCorrosion para tocar<br />
em João Pessoa no dia 17 de fevereiro de 1996, no II Eternal Torment<br />
Fest., mas como já se notava certa apatia por parte do baterista<br />
Alessandro, a banda decidiu não tocar e por conseqüência do cancelamento,<br />
a perda de uma oportunidade houveram novas mudanças de<br />
formação. Mas seguiram em frente, tocando ao vivo no 1º Embarcanção<br />
Promove, em agosto de 1996 e em Areia-PB, em dezembro do<br />
mesmo ano. A gravação em K7, do show do de agosto de 1996 sairam<br />
as fitas SC/Rot, além das quatro músicas ao vivo que aparecem no CD<br />
GrindAttack, lançado pela Mutilation Rec., de São Paulo. Gravaram<br />
quatro sons no estúdio que seria para um EP7, proposto pela Sem<br />
Nome Rec., de São Paulo, mas como esta foi apenas mais uma proposta<br />
furada, as músicas acabaram saindo mesmo no CD GrindAttack.<br />
E pela primeira vez a banda tinha sua música registrada em um<br />
vinil, era o LP Compilação “Beneficente à Mumia Abul Jamal”.<br />
Porém, com a saída repentina de Eduardo, decidiram encerrar a<br />
banda, depois de algumas tentativas inúteis de recrutar pessoas da<br />
cidade. Então Charlie muda-se para Minas Gerais no final de 1997<br />
e leva consigo a proposta da banda, uma vez que nenhum dos ex-<br />
-membros se prontificou a continua-la em Campina Grande. A banda<br />
ficou sem uma formação mas aparecendo em vários lançamentos<br />
como: CD compilação O Progresso Da Regressão (No Fashion HC<br />
Rec.), além de algumas em K7, CD e CDr e da Fita VHS Grinded<br />
Brain Vídeo.<br />
Em 1998 Charlie é convidado a tocar na banda Disarm, de Santa<br />
Bárbara D’ Oeste- SP. Em um ano exato chegaram a gravar os sons que<br />
estão no LP StomachalCorrosion/Disarm, lançado pela No Fashion<br />
HC Rec., no CD comp. Noise For Deaf II- Rotthenness Rec., o EP 7<br />
Disarm/Sub Cut No Fashion HC Rec., a K7 Disarm Promo Tape e o<br />
CD Comp. Crust X Grind. Além de tocarem em dois shows junto a<br />
bandas como Rot, Woyczech, Cut Your Hair e Intestinal Disease. Em<br />
um dos ensaios da Disarm, Charlie aproveita pra gravar dois sons do<br />
StomachalCorrosion para o CD Compilação “Esperanto Subgrunde.<br />
Mas no final de 1999 Charlie sai da Disarm pra se dedicar à<br />
StomachalCorrosion, e no começo de 2000 uma nova formação se<br />
inicia, Com esta formação chegam a gravar alguns ensaios que aparecem<br />
na fita SC/IMDL, lançada pelos selos PQñ? Rec.e Detruo<br />
Distro em setembro de 2002, a K7 lançada na França SC/Los Suppositos/StormCore/Tekken.<br />
Nesta época um baixista havia sido recrutado mas por motivos<br />
34 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
particulares não permanece na banda.. Ficando a banda como um<br />
trio e com esta formação gravam sons que estão tanto na K7 SC/<br />
IMDL quanto no CD SC/Jan AGx, lançado pela Nosferatu Rec., de<br />
Bragança Paulista. Aproveitando o convite, entram na Compilação<br />
em CD “Não Nasci pra ser Herói, por isso Não Mereço Méritos”, da<br />
Agah Rec., de Piracicaba.<br />
Logo após a gravação deste material a banda faz dois ensaios e<br />
se dissolve por dificuldades diversas para continuar. E no final de<br />
2002 voltam pra banda, logo no inicio de 2003 entram dois novos<br />
membros, algumas gravações de ensaios foram feitas. No dia 29 de<br />
março de 2003 tocam ao vivo em Carapicuíba-SP.<br />
E, junho de 2003 gravam algumas músicas para o CD Stomachal-<br />
Corrosion/Agathocles a ser lançado pela No Fashion HC Rec. No<br />
mesmo mês novas mudanças, e com a formação resumida tocam em<br />
Carapicuíba em 18 de abril de 2004.<br />
Essa foi uma pequena e horrorosa fase de instabilidade e de baixa<br />
produtividade na formação. Em 6 de dezembro de 2003 tocam na<br />
cidade de Varginha, junto a outras bandas, entre elas o Securitäte, de<br />
Machado-MG. Repetindo a dose no dia seguinte. Com uma formação<br />
provisória. Finalmente em 30 de dezembro de 2003 é lançado o CD<br />
StomachalCorrosion/Jan Agx.<br />
Em 23 de janeiro de 2004 a banda finalmente toca na cidade de<br />
Cambuí, e em 25 do mesmo mês em Pouso Alegre. Ainda sem uma<br />
definição quanto à formação. Houve uma rápida presença de um baixista<br />
convidado, que não permanceceu na banda devido a problemas<br />
pessoais, como trabalho e faculdade. Em meados de abril finalmente<br />
uma definição quanto à formação da banda.<br />
Desta vez Cleyrison volta pro vocal, Charlie continua na guitarra/vocal,<br />
e entram Felipe na guitarra solo e Manoel na bateria. Felipe<br />
não se adequa ao som e permanece na banda por pouco tempo.<br />
A banda passou alguns dias apenas com Cleyrison, Charlie e Manoel,<br />
sendo que o baixista Silas, já estava em vistas de entrar na formação.<br />
Algumas datas já estavam previstas e todas foram cumpridas<br />
sem baixista mesmo.<br />
Com a formação estabilizada, conseguem melhores resultados e<br />
seguem fazendo vários shows. Em janeiro de 2005 entram em estúdio<br />
para a gravação do que seria o debut<br />
CD da banda, depois de 15 anos, “Transtorno<br />
Obsceno Repulsivo”. Enquanto isso outros<br />
registros são lançados, como os splits CD-rs<br />
StomachalCorrosion/Violenta Dizimação. Fecham<br />
com a “Dark Stamp”, de Governador<br />
Valadares, para uma distribuição de um CD-r<br />
Promocional no catálogo da distrubuidora de<br />
camisetas. Em janeiro de 2006, fugiram no<br />
CD Compilação de uma revista do Chile, “Extreme<br />
Noise Mag. Chile”, número 3.<br />
Enquanto o lançamento do debut CD<br />
“Transtorno Obsceno Repulsivo se arrastava, a<br />
banda lança um CDr Promo, tentando manter a<br />
banda em evidência no cenário. Este contava<br />
com cinco faixas do CD que viria e mais cinco<br />
de cada um de seus principais lançamentos.<br />
Uma participação no Festival “Roça’n’Roll,<br />
no dia 27 de maio de 2006, na cidade de Varginha<br />
eleva bastante o nome da banda na região.<br />
Desta participação é tirado um clipe que entra<br />
no DVD do evento, lançado pela Cangaço Produções.<br />
Outro grande evento que a banda participa<br />
é a eliminatória para o festival Wacken<br />
Open Air, também em Varginha.<br />
O CD “Transtorno Obsceno Repulsivo” finalmente<br />
é lançado pelo selo Nosferatu Rec.,<br />
no dia em 20 de junho.<br />
Em agosto de 2007 Silas resolve sair da<br />
banda. Mesmo assim toca nos shows de Cambuí,<br />
Pouso Alegre e Bragança Paulista, no lançamento<br />
oficial do CD.<br />
Uma entrevista com a StomachalCorrosion<br />
sai no número 53 da revista Rock Hard-<br />
-Valhalla. Novos shows são marcados.<br />
Um comentário do CD Transtorno Obsceno<br />
Repulsivo na revista Cover Guitarra. Coisa<br />
rara uma banda nacional de Grind Core aparecer<br />
nessa revista. Charlie Curcio sai na seção<br />
Roadie Profile da revista Roadie Crew. Entrevista<br />
de duas páginas na revista Comando<br />
Rock. Compilação Visão Underground, com<br />
entrevista no fanzine<br />
No dia 6 de junho do 2009, é realizado o último show da banda,<br />
em Varginha, no Roça´n Roll. Essa apresentação fora gravada por<br />
uma equipe profissional, com a inteção de ser lançado um DVD. O<br />
StomachalCorrosion é capa e entrevista no jornal paulista NFL, nº22<br />
de abril de 2009.<br />
Em 14 de setembro de 2009, a banda novamente encerra suas<br />
atividades.<br />
Em março de 2010 é lançado um DVD, intitulado “Malobei”,<br />
com a gravação do último show da banda, realizado no Roça ´n Roll.<br />
Completando o DVD uma apresentação em Bragança Paulista na<br />
noite de 17 de dezembro de 2008 e um slide de fotos.<br />
Ensaiando mais uma volta no começo de 2011 a StomachalCorrosion,<br />
depois quase um ano e meio parada, e na formação contam<br />
com Lucas, nos vocais, Guilherme ‘Coruja’ na bateria e seu fundador<br />
Charlie Curcio na guitarra.<br />
O primeiro show da volta da banda já está previsto para a cidade<br />
de Paraisópolis, sul de Minas Gerais, em abril. Depois as datas<br />
seguem para Pouso Alegre, São José dos Campos, Pouso Alegre,<br />
Varginha, novamente no Roça in Roll 2011 e São Paulo. A banda<br />
também fechou endorse para camisetas oficiais com a Fenix Metal<br />
T-shirts, de Paraisópolis-MG e também um acordo com a Sujo Records<br />
de São Paulo de distribuição das camisetas.<br />
Em abril de 2011, novas mudanças de formação, após a saída do<br />
baixista Eduardo, em seu lugar entra Cauê, ex-Toxoplasmose, banda<br />
de Bragança Paulista, que contá também com Guilherme na bateria e<br />
fez uma apresentação junto ao próprio StomachalCorrosion, em sua<br />
cidade natal.<br />
A atual formação da banda conta com, além de seu fundador<br />
Charlie Curcio, com Neto Almeida, vocais, e Paulo Vieira nas guitarras,<br />
Thomas Alves no baixo e Marcio Barbosa na bateria.<br />
Com esta reformulada geral, a banda já está em processo de composição<br />
para entrar em estúdio em breve gravar dois músicas e em<br />
breve lançar um single, que contará ainda com um clipe de uma<br />
músicas.<br />
Informações:<br />
www.facebook.com/Stomachalcorrosion<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 35
DestrucTVision<br />
Por JP Carvalho<br />
36 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
No dia 8 de agosto! O estúdio Espaço Som, recebeu os convidados<br />
para o lançamento de DVD “DestrucTVision” da<br />
banda Woslom.<br />
Desde o lançamento do CD “Evolustruction” a banda vem<br />
galgando muitos degraus em sua carreira e mesmo com a perda<br />
de um de seus fundadores, o baixista Francisco Stanich Jr, o<br />
Woslom desponta como um dos representantes de peso do Heavy<br />
Metal nacional.<br />
Lançado pela Wikimetal Music este DVD conta com vídeos<br />
de todas as músicas do citado CD, desde os clipes oficiais até os<br />
lyric vídeos e claro, vem recheado de bônus, e claro, o novíssimo<br />
vídeo clipe da música Purgatory, um verdadeiro trabalho de arte,<br />
perturbador e consistente como a belíssima música. Tornando<br />
este “DestrucTVision”, um documento histórico de um dos trabalhos<br />
de maior expressão do cenário da música pesada nacional.<br />
A festa de lançamento começou próximo das 21 horas, cerca<br />
de 200 pessoas se aglomeraram no estúdio (o mesmo usado por<br />
bandas como Nervosa, Nervo Chaos em ocasiões diferente), cabe<br />
ressaltar que o som é um caso a parte, a qualidade que emana do<br />
PA´s é tão absurdamente boa, que muitas vezes causa a sensação<br />
de se estar ouvindo o próprio CD da banda.<br />
Podíamos conferir pela exposição da arte da capa e a presença<br />
do artísta Marcio Aranha a evolução da arte do DVD e ainda<br />
os convidados podiam conferir a criação de caricaturas dos convidados<br />
por Doug Dominicali. Com a apresentação de Dewwytto,<br />
seguida da apresentação do DVD e de sorteio de brindes exclusivos<br />
aos convidados. A banda ataca com um pocket show<br />
sensacional, que deixou claro para todos os presentes de o porque<br />
do Woslom ser uma banda que cresce e se destaca dia após dia.<br />
O set list foi especial para o evento e contou com vários covers<br />
e músicas que a banda não tocava há tempos. Silvano Aguilera<br />
é um frontman nato, se comunica e brinca com a platéia, e leva<br />
muito a sério sua dupla função nos palcos. André G. Mellado e o<br />
baterista Fernando Oster são muito seguros e fazem o peso emanar<br />
de seus instrumentos com muita precisão. Mas o destaque<br />
fica por conta do guitarrista Rafael Yak que demonstrou muita<br />
técnica e bom gosto em solos muito bem executados<br />
Recentemente a banda anunciou uma nova turnê europeia, a<br />
terceira, com previsão de cerca de 25 apresentações em solo europeu.<br />
A nós, a certeza de que estamos diante de um dos grandes<br />
nomes do cenário nacional, que com certeza nos representará no<br />
velho mundo com apresentações inesquecíveis. Sobre o DVD.<br />
Imperdível!
Violência Thrasher<br />
com requintes de crueldade<br />
Por Marcos “Big Daddy” Garcia<br />
Apesar de ser uma banda ainda bem jovem, o trio NERVOSA, especializado em<br />
fazer Thrash Metal bruto e tão agressivo que nos deixa com os ouvidos dando sinal de<br />
ocupado, galga o sucesso com unhas e dentes, com vontade de ferro, e seu primeiro<br />
Full Length, “Victim of Yourself”, lançado no início do ano pela Die Hard Records<br />
no Brasil (no exterior pela Napalm Records).<br />
E é um ótimo momento para ir entrevistar as garotas e saber mais do passado<br />
deles, do sucesso internacional que “Victim of Yourself” vem alcançando, e mesmo<br />
alguns shows pela América do Sul.<br />
URR: Antes de tudo, agradecemos demais pela entrevista. Começando, como<br />
foi que surgiu a idéia de formar o NERVOSA, e de onde veio o nome? E por que<br />
justamente um Power Trio de garotas? Nada contra, por favor...<br />
Prika Amaral: Agradeço primeiramente pelo espaço dado a gente. Bom, eu comecei<br />
a NERVOSA em fevereiro de 2010 quando eu tocava numa banda de death metal,<br />
o Innervoices, essa banda precisava de baterista e foi quando eu conheci a Fernanda<br />
Terra por indicação de um amigo, como sabemos o integrante mais difícil de achar é o<br />
baterista, e ela sendo mulher, vi a oportunidade de começar uma banda só de mulheres,<br />
já que baixista e vocal seria mais fácil. Ficamos um ano e meio em estúdio compondo<br />
e testando integrantes, porém nenhuma se encaixava ao que eu buscava. Já tínhamos<br />
4 músicas prontas, inclusive duas com letras e vocais. Em agosto de 2011, entrei em<br />
contato com a Fernanda Lira para ser baixista, ela topou na hora, pois era o que ela<br />
queria, e quando fomos fazer o primeiro ensaio, ele sugeriu de testar o vocal dela, e<br />
quando ela abriu a boca, eu estranhei porque achei diferente, eu gostei e ela ficou com<br />
o posto de vocalista e baixista. O fato de sermos um trio foi natural, nos adaptamos<br />
tão bem assim, e decidimos ser apenas um trio, e quando me vi sozinha na guitarra<br />
encarei como um desafio interessante, aliás, ainda é um desafio!<br />
O nome veio logo no começo da banda quando gravei bateria e guitarra da música<br />
Time of Death e mostrei para um amigo, quando ele ouviu, ele disse: ”Que som<br />
nervoso hein?!” E na hora me veio a idéia do nome NERVOSA, por ser um nome<br />
feminino e agressivo, uma palavra em português que muitos gringos entendem, pra<br />
mim era perfeito!<br />
Fernanda Lira: Eu sempre toquei em bandas autorais femininas, então sempre foi<br />
algo que eu tinha em mente. Após eu sair da minha última banda, fiquei um tempo<br />
afastada e quando voltei a todo vapor, tinha em mente que queria formar um trio<br />
feminino de thrash, primeiro porque thrash é meu estilo favorito junto com death<br />
dentro do metal, e também porque na época eu tava pirando em muitos trios ao mesmo<br />
tempo: Coroner, ZZ Top, Destruction, dentre muitas outras, o trio sempre teve uma<br />
magia que me atraiu muito e eu queria tentar isso em uma banda e assim comecei a<br />
buscar por garotas pra tocar comigo, o que foi muito difícil, porque na época (e hoje<br />
ainda um pouco) era difícil achar meninas pra tocar vertentes mais extremas do metal<br />
e mais importante, garotas que estivessem dispostas a se devotar e entregar a uma<br />
banda como eu desejava e estava disposta. Então quando eu já estava quase desistindo,<br />
a Prika entrou em contato comigo e me apresentou a esse projeto que ela tinha! Além<br />
de ser super parecido com o que eu também estava buscando, percebi que ela tinha<br />
os mesmos objetivos que eu, então decidimos unir forças. A partir daí sim passamos<br />
a encarar a NERVOSA como algo profissional, como uma banda realmente na ativa,<br />
pois unirmos forças. Por exemplo, mesmo nas músicas que já existiam, eu dei algumas<br />
ideias, inclusive mudando as linhas vocais e adaptando bem ao estilo que a Nervosa<br />
tem hoje, principalmente no que diz respeito a refrões, e etc. Além disso, trouxe comigo<br />
uma série de ideias de divulgação e planejamento além de contatos, o que se uniu com<br />
a vontade de banda, e aí polimos as músicas que já existiam, entramos em estúdio, e<br />
iniciamos um trabalho de divulgação bem forte, além de iniciarmos a rota de shows!<br />
Quando entrei na banda, o nome já existia e eu achei ideal, senão teria com certeza<br />
sugerido uma mudança, mas acho que caiu perfeitamente à proposta da NERVOSA!<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 37
URR: Parece que o NERVOSA, antes de chegar ao formato de trio, tentou ser<br />
um quarteto. Por que não chegaram a pôr alguém na segunda guitarra? Isso não<br />
chega a prejudicar vocês ao vivo?<br />
PA: A Karen foi a segunda guitarra que não pode fazer muito pela banda por<br />
morar em outra cidade e em outro estado, e devido a distância e motivos pessoais,<br />
não conseguiu se dedicar a banda e optou por sair, em dois anos ela fez apenas dois<br />
ensaios com a gente, como já estávamos habituadas a uma guitarra só, foi bem tranqüilo<br />
e natural, e no momento que ela saiu já estávamos em estúdio gravando nossa<br />
demo, não queríamos perder mais tempo procurando outra integrante e resolvemos<br />
seguir como um trio.<br />
FL: Para mim a opção de trio sempre foi uma opção bem firme. Claro que nunca<br />
forcei isso, afinal a Karen já estava lá quando eu cheguei, mas como a Prika disse,<br />
ela não se dedicou como deveria e como precisávamos pra banda e a saída dela foi<br />
inevitável. Quando chegou a hora de decidir se ficávamos como trio, a escolha foi<br />
meio natural. Primeiro porque tínhamos diversas bandas para nos inspirar, e segundo<br />
e mais importante, ser um trio facilita TUDO. Facilita decisões, facilita o convívio,<br />
principalmente quando estamos falando de mulheres, facilita logística, facilita TUDO!<br />
Além disso, eu e a Prika ambas já tínhamos muita experiência em buscar garotas pra<br />
tocar junto e sabíamos quão difícil tava sendo pra encontrar alguém que pudesse abrir<br />
de mão de muita coisa pra se dedicar ‘a banda como a gente tava fazendo, então para<br />
não arriscar perder o equilíbrio e a harmonia dentro da banda, seria a opção ideal.<br />
URR: Vamos dar uma passada pelo passado: após uns anos de labuta, veio o<br />
Demo CD “2012”, que apresentou a banda ao mundo, ainda com Fernanda Terra<br />
na bateria e já como trio. Mas ao mesmo tempo, esse Demo CD virou seu primeiro<br />
lançamento pela Napalm Records. Isso é certo, ou a própria Napalm partiu na<br />
frente e lançou o Demo em vinil lá fora? E por que justamente “Masked Betrayer”<br />
foi escolhido como vídeo de promoção?<br />
PA: Na verdade, aqui no Brasil o lançamento foi independente, pois já havíamos<br />
mandado prensar a Demo quando fechamos o contrato com a Napalm, e então eles<br />
resolveram lançar o EP em vinil em edição limitada apenas na Europa. A música<br />
“Masked Betrayer” foi escolhida por ser a música mais completa e mais trabalhada<br />
do que as outras.<br />
FL: Todo o processo de lançamento da demo de maneira independente no Brasil<br />
já estava andando, então eles decidiram fazer esse lançamento lá fora em uma versão<br />
diferente para já aproveitar a oportunidade de ir divulgando a banda na gringa, para<br />
não perder tempo! Ou seja, o EP lançado por eles lá seria um aperitivo do disco que<br />
estaria por vir no futuro, então essa versão em vinil foi muito útil para nos divulgar<br />
lá fora antes de lançarmos o disco, além de claro dar mais opções de produtos para a<br />
galera que já acompanha a banda há um tempo. Quanto ao clipe de “Masked Betrayer”,<br />
assim como o mais recente da música “Death”, para divulgar o disco “Victim of Yourself”,<br />
passaram pelo mesmo processo de escolha para ser o single: sempre gostamos<br />
de apresentar ao público primeiramente a música que mais representa e agrupa todas<br />
as principais características da banda: refrões e riffs marcantes, elementos do thrash,<br />
partes mais trabalhadas, etc.<br />
URR: Tá, o assunto é batido, mas eu sou chato mesmo (risos): o que levou a<br />
Fernanda Terra a sair da banda? E como chegaram até Pitchu Ferraz? E digamos<br />
de passagem: ela foi uma aquisição e tanto!<br />
PA: Por divergência de idéias e motivos pessoais a Fernanda Terra deixou a banda,<br />
coincidentemente a Pitchu depois de um tempo tinha acabado de sair do Hellsakura,<br />
e ela caiu como uma luva, pois ela se encaixa perfeitamente na banda, além da estabilidade<br />
que ela nos trouxe, ela renovou nossas energias.<br />
FL: Foi uma opção que partiu da própria Fernanda e devido a tudo que vínhamos<br />
passando em termos de desentendimentos entre ideias e também problemas pessoais<br />
dela, acabamos acatando a decisão dela naturalmente e sem dúvidas foi o melhor que<br />
aconteceu pra ambos os lados na época. Assim que ela saiu já começamos a buscar<br />
por novas opções de baterista, pois a máquina não podia parar, estávamos em num<br />
momento crucial para a banda. Eu listei diversas opções e acabamos conversando e<br />
testando com uma ou outra. Foi então que depois de um tempo me veio a Pitchu em<br />
mente, apesar de não ser muito próxima dele, sempre gostei muito do drumming dela,<br />
porque ela toca da mesma maneira que eu e com a Prika – com muito feeling e pegada!<br />
Ela ficou muito feliz em entrar na banda exatamente por ser o que ela sempre sonhou<br />
em tocar. Além de excelente musicista, com muita experiência, técnica, e força de<br />
vontade, ela é uma pessoa maravilhosa, uma alma pura e isso nos motivou e motiva<br />
muito a continuar firme com a essa formação!<br />
URR: Temos um assunto polêmico e bem delicado: ainda existe certa resistência<br />
a vocês que gera um disse-me-disse enorme nas redes sociais, sempre buscando tirar<br />
o mérito da banda com alegações que ou não fazem sentido, ou então denigrem a<br />
imagem profissional de vocês. Uma é que o NERVOSA não é uma boa banda ao<br />
vivo (falam muito em um show que fizeram e não foram bem). E isso sem falar em<br />
engraçadinhos no Facebook com piadas e memes imbecis como “Campanha: o<br />
NERVOSA fazendo filme pornô” ou algo assim. Mas como o Metal Samsara acredita<br />
no direito de resposta do artista, bem como no sagrado dever de resguardar sua<br />
honra, é a vez de vocês dizerem algo. Fiquem à vontade e falem o que quiserem.<br />
PA: Em primeiro lugar, respeito não significa gostar, respeito é educação. Somos<br />
como qualquer banda, estamos evoluindo, obtendo experiências e correndo atrás do<br />
que pra gente é a nossa vida. Se um dia a gente tocou mal por falta de ensaio, por<br />
som ruim, etc...Isso não significa que seremos pra sempre assim, evoluímos muito,<br />
e quem quiser conferir é só aparecer em um show, o problema é que TODOS esses<br />
que dizem que somos ruins ao vivo, nunca foram num show nosso, eles apenas viram<br />
um vídeo pela internet. Se a banda é tão ruim porque temos um contrato para 4<br />
discos com uma gravadora grande? Porque eles acreditam nas nossas composições e<br />
acreditam no nosso potencial, alguns idiotas gostam de dizer que pagamos pra tocar<br />
ou que pagamos pra Napalm assinar um contrato, e um monte de besteiras. Se alguém<br />
quiser entrar em contato pra conhecer sobre nossas vidas reais, onde moramos e como<br />
38 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong><br />
vivemos, fiquem a vontade, o site e o contato estão lá. A verdade é uma só, e com<br />
o tempo se conquista as coisas e ela aparece. A internet dá voz para os idiotas para<br />
que eles tornem a vida chata deles mais emocionante. Claro, que sabemos que temos<br />
muito a evoluir, e muito que aprender, estamos apenas no começo de nossa carreira.<br />
Eu nunca fiz aula, aprendi tudo sozinha, e agora que tive a oportunidade, comecei<br />
a fazer aula de guitarra com o Antonio do Korzus, está sendo muito importante pra<br />
mim, estou aprendendo muita coisa.<br />
FL: Agradecemos pelo direito de resposta, mas isso é algo que realmente nunca nos<br />
incomodou tanto e a qual continuamos a ignorar. Isso porque críticas fundamentadas<br />
nós não só levamos em conta, como ponderamos e compreendemos. Agora ofensas<br />
gratuitas e sem argumento nenhum só nos faz infelizmente perceber que ainda existem<br />
pessoas que para compensar o próprio fracasso ou inércia na vida pessoal, precisam<br />
denegrir o mérito dos outros. Existem diversas bandas que eu não gosto, e nem por<br />
isso saio na internet (porque é sempre na internet apenas!) fazendo propaganda contra<br />
a banda, sabe porquê? Porque existe respeito! Independente de gostar ou não do som,<br />
a pessoa tem que entender que por trás daquilo existe um trabalho, uma dedicação, e<br />
além disso, a pessoa não pode ser arrogante a ponto de achar que o gosto e a opinião<br />
dela tem que ser unânime, ou seja, não é porque você não gosta de algo, que o universo<br />
também não deve gostar, então a pessoa não só desrespeita a banda que está fazendo<br />
algo pelo metal efetivamente (ao contrário de pregar a desunião e o desrespeito), queira<br />
a pessoa aceite isso ou não, e além disso ela desrespeita o direito de cada um de ter<br />
uma opinião particular, independente do que o resto do mundo ache. Eu acho que se<br />
cada um que fizesse propagandinha contra bandas (infelizmente isso não acontece só<br />
com a gente) fizesse algo de construtivo pra cena de fato, a cena brasileira seria mais<br />
poderosa ainda do que já é. Se usassem então todo esse tempo e fervor dedicado a<br />
denegrir bandas que não gosta pra contestar o governo corrupto ou pra exigir e fazer<br />
algo pra melhorar o pais, o Brasil seria primeiro mundo, pelo menos se dependesse dos<br />
headbangers! Haha... Como eu te disse, já ouvimos coisas do tipo ‘precisam evoluir<br />
em seus instrumentos’, ‘não acho que a presença de palco está boa’, ‘ as músicas<br />
precisam ser mais trabalhadas’, e esse tipo de coisa, mesmo que possa acontecer de<br />
não concordarmos, vamos compreender que a pessoa teve motivos pra tecer aquela<br />
crítica, e muitas delas na verdade foram construtivas, pois nos ajudaram a enxergar<br />
falhas que não estávamos vendo e a melhorá-las, agora você me pedir pra considerar<br />
‘críticas’ como ‘elas são uma bosta ao vivo’ de gente que se baseia em um vídeo de<br />
mais de dois anos atrás, com formação antiga e antes de lançar a Demo, já é demais,<br />
né? As pessoas têm que compreender que não nascemos sendo uma banda perfeita,<br />
aliás, poucas bandas nascem sendo excelentes e estamos em constante evolução.<br />
Portanto, Você pegar um vídeo ou um show da banda de trocentos anos atrás como<br />
base da sua crítica ignorando os anos mais recentes de trabalho da banda e toda a<br />
estrada dela, mesmo que curta, é pedir pra sua ‘crítica’ não ter sentido nenhum! Por
isso convidamos às pessoas que queiram tirar suas dúvidas sobre nossa performance,<br />
pra conferir o show. Convidamos a quem não entende porque nossa banda ‘dá certo’<br />
pra passar uma semana na nossa rotina e ver o quanto a gente se fode pra fazer a banda<br />
rolar e do quanto abrimos mão de muita coisa em prol da banda. Então se depois<br />
disso a pessoa vier com uma crítica tipo ‘mesmo assim não gosto do som’, beleza,<br />
é um direito da pessoa, agora ficar batendo sempre na mesma tecla sem fundamento<br />
nenhum, eu acho perda de tempo. Por isso focamos sempre nossa atenção na maioria<br />
esmagadora das pessoas que nos apoia e mesmo que não goste da banda, nos respeita.<br />
Seria muito injusto não fazer isso!<br />
URR: Bem, hora de falar de “Victim of Yourself”: como o título foi escolhido, e<br />
qual a idéia que tiveram por trás dele? E por falar nisso, as composições já estavam<br />
prontas quando a Pitchu entrou, ou ela já chegou a contribuir nas músicas em<br />
termos de arranjos e compor mesmo? Mesmo porque ela adora usar uns bumbos<br />
duplos extremos de vez em quando, algo meio incomum em termos de Thrash Metal...<br />
PA: Eu tive a idéia do titulo quando uma pessoa tentou de todas as formas nos<br />
prejudicar sem motivo algum, por pura inveja e simplesmente a pessoa só se deu mal<br />
e ficou evidente pra todo mundo quem essa pessoa realmente era, e pra mim só vinha<br />
uma frase “vitima de si mesmo”. Tinha tudo a ver com o que estávamos passando, e<br />
quando sugeri a ideia para a Fe Lira, ela curtiu e já se inspirou para escrever a letra<br />
que é a da faixa título.<br />
A Pitchu, infelizmente entrou depois que tudo já estava pronto, e é exatamente<br />
por isso que não vejo a hora pra começar a compor o próximo disco já com ela. Esse<br />
pedal duplo infernal (no bom sentido) é o que fez a gente mais feliz ainda, sempre<br />
fiz as palhetadas e cavalgadas pensando no pedal duplo acompanhando, e ela faz<br />
isso muito bem!<br />
FL: Na verdade exatamente pelo fato de termos passado por um momento em que<br />
um pessoas estava tentando nos prejudicar, eu já estava escrevendo uma letra sobre<br />
isso e inclusive já tinha o título da música. Quando a Prika sugeriu uma ideia geral<br />
para o título do disco e veio com algumas ideias para esse título, apresentei pra ela o<br />
sentido da música que eu estava compondo e concordamos em usar o título “Victim<br />
of Yourself”. Ele significa muito pra gente e na verdade ele permeia boa parte das<br />
músicas, porque acreditamos que tudo de ruim que acontece, é consequência de uma<br />
atitude que foi tomada, prejudicando não só os outros, mas a própria pessoa, e todas<br />
as nossas músicas têm um pouco disso, por isso acredito que o título foi perfeito! A<br />
Pitchu não participou da composição do disco mas não só se adaptou a elas, como as<br />
executa perfeitamente e ainda inseriu traços de seu estilo de compor nelas, por isso<br />
o show ao vivo tá bem interessante, pois demonstra bem não só o que a banda é no<br />
momento, como também é um aperitivo do que está por vir!<br />
URR Em “Victim of Yourself”, vemos que Marcello Pompeu e Heros Trench<br />
trabalharam na produção. E como foi trabalhar com essas duas feras? E o resultado<br />
final das gravações chegou onde queriam?<br />
PA: Eles são os mestres do metal nacional, então foi uma escola pra gente.<br />
Chegamos com tudo pronto, e o tempero foi deles. Tive uma crise de tendinite muito<br />
séria, engessei o braço e tive que tomar antibiótico, mas eu tinha que gravar devido<br />
aos prazos da gravadora que já estavam estourados devido a troca de bateristas, então<br />
arranquei o gesso e gravei com dor, se pudesse gravaria tudo de novo, pois tive<br />
que simplificar algumas coisas porque com o braço doente era impossível executar<br />
algumas coisas. Espero muito pelo próximo disco, já que agora conto com um pedal<br />
de drive totalmente desenvolvido pra mim pelo Ed’s Mod Shop, isso influencia no<br />
timbre, além da guitarra que está sendo terminada pelo Purkott, que também foi<br />
feita pra mim exatamente como eu queria, estou para fechar uma parceria com um<br />
amplificador nacional também, se conseguir vai ser demais, pois o meu som e o meu<br />
timbre estará completo.<br />
FL: Já tínhamos trabalhado com eles na demo, e quando chegou a hora de decidir<br />
com quem gravaríamos este, optamos pelo Mr. Som primeiro porque já conhecíamos<br />
o trabalho e a maneira de trabalhar deles, e também porque o resultado da demo tinha<br />
sido bem satisfatório! Eu particularmente gostei muito do resultado final apesar de<br />
todos os contratempos que tivemos durante o período de gravação! Acho que conseguimos<br />
equilibrar bem todos os instrumentos, o que é essencial em um trio e que era<br />
minha maior preocupação, já que em uma banda com três pessoa,s os instrumentos<br />
devem estar perfeitamente em harmonia e nenhum deve aparecer mais que o outro!<br />
Além disso, o timbre de baixo,m mesmo não estando com meu equipamento quase<br />
completo como tenho hoje, consegui extrair o melhor do meu instrumento, o timbre<br />
ficou muito bom, firme, presente, pesado e ao mesmo tempo, cristalino. Quanto à<br />
voz, sempre aprendo muito quando o Pompeu me produz, ele é simplesmente um dos<br />
vocalistas de thrash brasileiro mais icônicos que existem e é sempre um aprendizado<br />
poder ter a oportunidade de ver as ideias que ele tem, e ver o quanto ele pode me<br />
ajudar a explorar melhor minha voz!<br />
URR: Em termos de sonoridade, “Victim of Yourself” realmente assusta os mais<br />
incautos. Sim, pois quando muitos esperavam algo um pouco mais “Old School”,<br />
veio um murro nos ouvidos, pois a qualidade está ótima, e a música de vocês está<br />
tão bruta e agressiva que chega a ser um abuso com ouvidos incautos. A agressividade<br />
é bem evidente, e até mesmo dá uns contornos modernos ao trabalho de<br />
vocês. Como chegaram a isso? Chegou a ser algo planejado, ou acabou surgindo<br />
mesmo durante a gravação?<br />
PA: Nós compusemos tudo naturalmente conforme nossas influencias e gostos<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 39
musicais, pra mim foi a mistura da cavalgada do thrash oitentista com algumas sequencias<br />
de notas do death metal, e é assim que eu componho, misturando o thrash com<br />
o death. A afinação que usamos também nos ajuda no peso, pois ela é bem diferente<br />
e um pouco incomum para o thrash.<br />
FL: A nossa música é um misto perfeito do que gostamos de ouvir. E nossas<br />
influências em comum na banda acabam caindo na predileção pelas bandas e álbuns<br />
mais antigos, mas também valorizando a qualidade de produção atual, então na hora<br />
de compor e também de finalizar o álbum, isso acabou ficando bem evidente.<br />
URR: O primeiro vídeo de promoção foi para “Death”. Como ela foi escolhida? E<br />
como foi trabalhar nesta produção, que ficou ótima? Só não digam que alguém na banda<br />
ou na equipe de filmagens ficou com medo de fazer o vídeo em um cemitério (risos).<br />
PA: Na verdade a tarefa mais difícil desse disco foi escolher o single...hahaha.<br />
Como o lançamento demorou a sair, e não tínhamos repertório para shows, nós já<br />
tocávamos 8 músicas das 12 do CD, então queríamos lançar algo inédito e dentre essas<br />
4 músicas a Death era a mais completa e que mais representava a banda como um<br />
todo. Um ano antes do clip, eu tinha feito uma pesquisa sobre lugares abandonados<br />
e esse cemitério era o meu favorito, e como a música fala de morte, nada melhor que<br />
um cemitério para ser um cenário, ainda mais a capa do disco sendo um cemitério<br />
também, e quando eu falei para as meninas elas piraram e fomos lá gravar.<br />
FL: Somos sempre muito cautelosas ao escolher as músicas de trabalho, exatamente<br />
porque queremos que ela seja impactante e que represente o que há de melhor<br />
no disco. Escolhemos a Death pois ela agrupa bem os melhores e mais característicos<br />
aspectos da banda, que vão desde um refrão marcante, até mescla de arranjos com<br />
batida thrash com blast beats do death metal na bateria.<br />
URR: Outro lado bem legal é a capa de Andrei Bouzikov, que tem aquele lado<br />
bem “Old School”. Como chegaram até ele, e o resultado final chegou rápido, ou<br />
houve aquelas famosas trocas de e-mail até conseguirem algo consensual?<br />
PA: Ele já havia desenhado a capa do nosso EP em vinil, e gostamos muito do<br />
trabalho dele, então ele já era o nome garantido para a capa. Para simbolizar o titulo<br />
do disco eu sugeri uma caveira esfaqueando a outra, mas as duas caveiras seriam a<br />
mesma pessoa, sendo ela vítima de si mesma. O desenho em si nós adoramos logo<br />
de cara sem pedir para alterar nada, só houve alguns ajustes de cores e tons, mas foi<br />
bem rápido sem muita discussão.<br />
FL: O que sempre me agradou no Andrei é que ele tem essa veia old school, mas<br />
além disso tem um traço bem agressivo, mas polido, o que dá uma característica mais<br />
moderna à arte dele, exatamente como nossa música, que mescla essas duas fontes de<br />
inspiração, então, principalmente depois de ele ter trabalhado com a gente na capa do<br />
EP, queríamos novamente que ele ilustrasse o que tínhamos em mente. Além dessa<br />
ideia central das duas caveiras, eu pesquisei bastante outras artes dele pra ver o que<br />
poderia servir de inspiração pro fundo, como foi o caso do cemitério! Passamos tudo<br />
bem detalhadamente pra ele e quando ele devolveu o rascunho, curtimos de cara, se<br />
tivesse usado o rascunho cru somente, eu já teria adorado! haha<br />
URR: Vocês já andam fazendo muitos shows desde que o CD foi lançado, e<br />
alguns até fora do Brasil. Como tem sido a experiência de tocar fora do país? Tem<br />
sido bem recebidas? E chegam a reparar em alguma diferença mais evidente entre<br />
o público de outros países e o do Brasil?<br />
PA: Sim! O público na Colômbia é muito mais unido, é um povo muito educado<br />
e dedicado, tocamos para quase 4 mil pessoas e foi demais! Fomos muito bem recebidas,<br />
tinha alguns que estavam com bandeiras com o logo da Nervosa, e logo mais<br />
eles vão lançar alguns vídeos. Na Bolívia foi bem legal também, eles nos acolheram<br />
muito bem, eles são pessoas bem simples e as coisas para eles são mais precárias,<br />
mas a cena é muito guerreira. Tem sido uma experiência incrivelmente maravilhosa<br />
poder tocar em vários lugares, sendo no Brasil ou fora, o fato de conhecer novas<br />
realidades é fascinante!<br />
FL: Tocar ao vivo já é umas experiências mais maravilhosas que se pode ter!<br />
Quando temos a oportunidade então de conhecer lugares novos e consequentemente<br />
suas culturas e modo de viver, é mais gratificante ainda! Fomos incrivelmente bem<br />
recebidas nos lugares fora do país (assim como somos sempre bem recebidas também<br />
nos shows na nossa terra, é claro) e o apoio que nos deram foi surpreendente. Na<br />
Colômbia, vê-se que eles tem uma cultura enorme de valorizar as bandas e a cena<br />
loca, tanto que nesse evento Bogothrash que tocamos, estava na segunda edição e<br />
tinha 4 mil pessoas, mas na primeira edição, a anterior, o evento foi feito apenas com<br />
bandas locais e haviam incríveis 3 mil pessoas, isso é lindo de se ver e serve muito<br />
de exemplo para nós brasileiros também! Qyanto à Bolívia, eles são representantes<br />
ferrenhos daquela expressão ‘guerreiros do metal’. Os caras lá tiram água de pedra pra<br />
fazer a coisa acontecer e são muito devotados ao metal! Foi muito bacana e estamos<br />
muto ansiosas também pras próximas experiências fora do Brasil que estão por vir!<br />
URR: Bem, “Victim of Yourself” teve lançamento mundial, logo, já sabem como<br />
tem sido a recepção lá pelo exterior? E fora isso, já vimos que duas revistas de fora<br />
fizeram matérias com vocês. Podem nos contar um pouco sobre essas matérias?<br />
Já estão virando divas!<br />
PA: Recebemos poucos feedbacks porque ainda é um pouco cedo, mas nossa pré<br />
venda nos EUA esgotou, uma gravadora no Japão licenciou e lançou nosso disco por<br />
lá, e no Brasil foi o disco mais vendido no primeiro dia de estréia em toda a história da<br />
40 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>
Die Hard que tem anos de estrada, já está saindo a segunda prensagem e não sabemos<br />
mais onde colocar o sorriso. Demos muitas entrevistas para o mundo todo, ainda tem<br />
muitas para sair, tem zine, rádio, revista, etc... A Napalm tem feito um ótimo trabalho<br />
de distribuição e divulgação. Nós divas? Acho que não hein?! Você tem que ver a<br />
gente depois do show.... Tudo acaba... hahahaha<br />
FL: Eu acompanho muito a repercussão nas redes sociais que tem sido incrível.<br />
Além disso, respondemos incontáveis entrevistas que não paravam mais de chegar<br />
de várias partes do mundo. Com todo o feedback que temos tido, posso afirmar que<br />
conseguimos atender às expectativas do público e também da mídia! A Napalm tem<br />
um trabalho de imprensa excelente que nos apoiou muito e nos abriu muitas portas!<br />
Eles foram a ponte entre nós e várias revistas grande de fora que tinham interesse em<br />
nos entrevistar! Estamos muito felizes sim de ter tido a oportunidade de termos tido<br />
entrevistas e matérias nas maiores revistas do gênero no mundo, como a Metal Hammer,<br />
a Rock Hard, a BURRN!, a Revolver, a Guitar World, etc, pois isso demonstrar<br />
que estamos no caminho certo, que é fruto de muita dedicação e trabalho duro! Agora<br />
não me venha com essa de diva, pra chegar lá só falta dinheiro e glamour!!! hahaha<br />
URR: E hora de falar em shows por aqui: a maioria dos shows desde o lançamento<br />
do CD foram em SP, mas já há tratativas para outros estados? E espero<br />
ANSIOSO pelo show de vocês no Rio de Janeiro!!!! Não pude ir na vez anterior<br />
em que vieram aqui...<br />
PA: Estamos fazendo alguns shows pelo país, já tocamos no Paraná, Minas e São<br />
Paulo, Mês que vem vamos para o Sul do país. Ainda estamos fechando os shows<br />
e esperamos tocar em todos os lugares possíveis, por mim eu tocava segunda-feira<br />
até! Bom, o que posso dizer é que em setembro vamos fazer uma turnê pela América<br />
Central e Sul. Logo mais anunciaremos os shows nacionais.<br />
FL: Estamos também planejando algo pelo Norte e Nordeste até o fim do ano,<br />
principalmente passando por lugares que não tivemos a oportunidade de ir ainda.<br />
Então, quando tivermos feito bastante shows por aqui e América Latina, então vai<br />
ser hora de partir pra Europa e quem sabe até América do Norte!<br />
URR: E chegou a hora da despedida... Quero agradecer muito pela oportunidade,<br />
e o espaço é todo de vocês para sua mensagem final aos seus fãs e nossos leitores.<br />
PA: Agradeço muito pelo espaço e pela oportunidade, parabenizo pelo seu trabalho<br />
e te desejo forças para que continuem. Para os leitores uma frase: Respeitem todas as<br />
bandas, mesmo que você não goste. Obrigada a todos!<br />
FL: Valeu demais pela oportunidade, e continue sempre com esse trabalho maravilhoso,<br />
as bandas e as cenas precisam disso! A todos, continuem apoiando o metal<br />
como podem pois cada um de nós é responsável por fazer o legado do metal continuar<br />
vivo por muito e muito tempo!<br />
Contato: www.nervosaofficial.com<br />
Entrevista concedida ao site Metal Samsara<br />
http://metalsamsara.blogspot.com/<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 41
Arte<br />
Fotografia<br />
Design Gráfico e Digital<br />
42 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>