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“O grupo foi criado para ter liberdade artística”<br />
Por Leonardo Morais<br />
Metal brasileiro é muito prolífero. Vira e mexe aparecem bandas com<br />
O propostas inovadoras, inteligentes e que saem do bem comum muitas<br />
vezes assumido pelo meno da inovação. Um destes grupos que faz música<br />
sem medo, que inova e ao mesmo tempo tem suas raízes fortemente<br />
fincadas no Metal é o YEKUN. O grupo formado por veteranos do estilo<br />
mescla de forma genuína diversos aspectos da música pesada e cria algo<br />
profundamente interessante. Conversamos com o vocalista JP Carvalho,<br />
que simpaticamente nos contou mais sobre umas das principais revelações<br />
do metal nos últimos anos.<br />
URR: O Yekun está lançou seu primeiro trabalho, o EP “Inside My<br />
Headache”, e já apostou em uma produção de alto nível contando com o<br />
renomado Ciero. Como se deu o contato?<br />
JP Carvalho: Ciero é um brother das antigas, desde sempre sabíamos da<br />
capacidade dele, olhamos outros estúdios e produtores, nós sempre usávamos<br />
os trabalhos dele como referência (mais de 200, diga-se) e a qualidade<br />
do que era produzido ali, depois de uns meses entramos em contato, através<br />
do nosso baixista e acertamos a gravação, mostramos o trabalho, algumas<br />
pré-produções que nós mesmos havíamos feito, passamos horas conversando<br />
a respeito do que pensávamos e queríamos pra o som e o resultado está ai.<br />
URR: O grupo aposta em um som calcado no chamado Stoner Metal,<br />
mas conseguiu deixar o som bem particular. Quais são as influências<br />
da banda?<br />
JP Carvalho: Ai a coisa vai longe! Fica até difícil de explicar influências,<br />
já que todo mundo na banda tem um gosto bem diverso e escutamos de<br />
tudo, mas tudo mesmo… Tipo de Boston a Seeds of Iblis, mas em um consenso<br />
geral podemos citar o Thrash Metal dos anos 80/90, bandas de hardcore,<br />
as bandas seminais da década de 70.<br />
URR: Outro ponto peculiar está nas letras, muito pessoais e até mesmo<br />
com toques psicodélicos dos anos 70. Como é o processo de escrita<br />
das letras?<br />
JP Carvalho: Simples, eu e o Vlad monopolizamos tudo (risos)… Falando<br />
sério, Eu e ele começamos a tocar juntos, lá nos anos 80, minha primeira<br />
banda foi com o Vlad e vice-versa, e nós acabamos desenvolvendo um<br />
estilo muito parecido de escrever, sendo sempre muito subjetivo, deixando<br />
que a pessoa que ouve a música e acompanha a letra tire suas próprias conclusões,<br />
claro, tem um tema, tem a ideia exposta, mas deixamos meio no ar<br />
essas coisas… E 90% delas são experiências pessoais, que se aliam aos 10%<br />
restantes de viagem pura e simples, e se transformam numa massa de letras e<br />
verbos pra cada um digerir como quiser…<br />
Claro que também não ficamos atrelados a temas específicos, o Yekun<br />
foi criado pra ter liberdade artística, então podemos falar de vida, morte,<br />
sofrimento, desilusões ou simplesmente contar uma história qualquer com<br />
enredo totalmente fictício, ou agregar uma coisa na outra e transformar isso<br />
num peça única da nossa insanidade.<br />
URR: O que vocês usam com inspiração?<br />
JP Carvalho: Música! Esse povo do Yekun vive 90% do tempo ouvindo<br />
alguma coisa, é impossível acompanhar tudo que o povo dessa banda ouve,<br />
são tantas informações que fica difícil dizer pra você o que cada um está ouvindo<br />
agora… Nas letras geralmente, pegamos situações do dia a dia, coisas<br />
da vida, boas ou ruins, uma história que vem na cabeça de repente andando<br />
na rua, no Yekun tudo é válido, tudo tem possibilidade de se tornar uma peça<br />
artística, e pegamos tudo isso e jogamos num caldeirão que transforma em<br />
uma coisa boa, que é a música que gostamos de fazer.<br />
URR: Mais uma curiosidade do disco é a presença da cantora de<br />
Soul, Kennya. Como foi feito o contato?<br />
JP Carvalho: Cara, ela estudou com o Vlad na Escola Técnica Federal<br />
de São Paulo há muito tempo atrás, ela é uma amiga de muitos anos. A<br />
Kennya é demais, essa mulher tem um astral fenomenal, impossível você ficar<br />
indiferente à presença dela… O próprio Ciero ficou encantado com a presença<br />
e a voz dela, ficamos no estúdio até quase de madrugada e nem vimos<br />
o tempo passar. Usamos muito pouco da voz dela no Inside my Headache,<br />
coisa de 15 a 20 segundos no total, porque era exatamente o que queríamos<br />
naquele momento, mas temos planos pra trabalhar com ela de novo e esse<br />
material já está escrito para o próximo disco.<br />
URR: O que vocês acham desta mescla do Metal com outros estilos?<br />
JP Carvalho: Extremamente louvável, claro, tem que ter um critério, tem<br />
que ser musical, acima de tudo, tem que haver uma conexão entre as misturas<br />
que vão ser feitas, e se você olhar bem, o metal é quase um liquidificador que<br />
você pode por (quase) tudo dentro que de lá vai sair algo novo, renovando o<br />
estilo… Mas tem que ter critério, pra não ficar forçado e nem chato… Essa<br />
conversa é muito interessante e pode render horas e horas de papo.<br />
URR: Sobre apresentações ao vivo. Como a banda está neste quesito?<br />
JP Carvalho: Quando eu e o Vlad pensamos o Yekun a ideia inicial era<br />
nem tocar ao vivo, só estúdio mesmo, porém as coisas tomaram um rumo<br />
diferente com o tempo, vimos que existe uma grande quantidade de pessoas<br />
que gostam do tipo de som que estamos fazendo, sem falar na pressão exercida<br />
pelo povo das cordas (risos)… Tocamos ao vivo em duas oportunidades<br />
e temos mais algumas datas que estamos avaliando.<br />
URR: Como os produtores podem entrar em contato?<br />
JP Carvalho: Através da nossa página no Facebook ou pelo email, também<br />
através do hotsite da Metal Media, lá o cara descobre um jeito de achar a gente.<br />
URR: Quais os planos para a banda nos próximos meses?<br />
JP Carvalho: Estamos compondo a toque de caixa, queremos finalizar<br />
9 ou 10 músicas e partir para a gravação logo, descolamos um novo estúdio<br />
com tecnologia 100% analógica, que é o que queremos para o nosso som,<br />
claro, nada contra o digital, apenas sentimos que o analógica casa melhor<br />
com a nossa proposta<br />
URR: No Yekun, cada músico vem de uma escola musical diferente.<br />
Como é na hora de compor?<br />
JP Carvalho: Simples e direto, compomos fazendo jams no estúdio e as<br />
coisas fluem muito naturalmente, claro, em seguida vem a parte da “perfumaria”<br />
pra colocar todas as coisas no seu devido lugar… Cada um vem de uma<br />
escola, mas quando noAndré, além da experiência em diversas bandas, tocou<br />
com o Vlad num projeto maluco deles, e atualmente agregamos o Bruno<br />
Di Turi na banda, que descobrimos ser um guiatrrista excepcional, educado,<br />
centrado e responsável, casou 100% com a proposta da banda.<br />
URR: Vocês seguem alguma regra?<br />
JP Carvalho: Nadinha… Instinto puro… E digo pra você, se deixar esses<br />
caras tocam por horas sem parar (risos).<br />
24 - <strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong>