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de composição foi bem mesurado, com<br />
destaques para a bruta e rápida “When<br />
the Masks Fall” (com certos toques de<br />
Thrash Metal nos riffs, além de vocalizações<br />
muito bem postadas), a agressiva<br />
“Cursed by Revenge” (Death Metal<br />
tradicional brutal, com riffs bem trabalhados,<br />
e bateria precisa. Mas reparem<br />
como algumas melodias aparecem nos<br />
solos), o pesadelo sonoro de “Abyss of<br />
Souls” (a típica faixa mais cadenciada e<br />
abrasiva, com belos dedilhados do baixo,<br />
mostrando que esse zagueiro sabe<br />
marcar gols), a veloz e cavalar “Blessed<br />
Black Spirit” (baixo e bateria mostram<br />
uma força bem dinâmica e agressiva na<br />
base), a mais trabalhada (ainda que bem<br />
brutal) “Reign of Illusions” (muitas mudanças<br />
de andamento, com riffs agressivos<br />
muito bons e bela presença do<br />
baixo mais uma vez. Mas se repararem,<br />
melodias que lembram um pouco o Iron<br />
Maiden surgem nas guitarras), a bem<br />
trabalhada “City of Hanged People”.<br />
Sim, o Sangrena mostra no CD que tem<br />
potencial para ser grande, bem como é uma<br />
banda que a dinâmica é a tônica de seu trabalho.<br />
Logo, esperamos que o próximo nos<br />
traga surpresas bem agradáveis. (MG)<br />
Warfather<br />
Orchestrating the Apocalypse<br />
Greyhaze Records - Importado<br />
Sempre que uma nova banda, com<br />
integrantes conhecidos no meio do<br />
Metal e do Rock, surge, logo uma pergunta<br />
extremamente rotineira é feita:<br />
“será que ela manterá os traços de algum<br />
trabalho feito por seus membros?”<br />
É uma pergunta que coloca qualquer<br />
bom trabalho em xeque, que realmente<br />
pode pôr tudo a perder, já que muitos<br />
se decepcionam por encontrar (ou não)<br />
traços de similaridades. Mas sempre<br />
é um desafio para ouvintes e bandas,<br />
ainda mais quando as mesmas oferecem<br />
algo salutar, como o Warfather nos<br />
concede em sua estréia com o excelente<br />
“Orchestrating the Apocalypse”.<br />
Antes de tudo, temos a presença de<br />
músicos com bandas como Nile, Morbid<br />
Angel, Prostitute Disfigurement, Sinister<br />
e Deströyer 666 em seus currículos,<br />
logo, experiência não é problema. Inclusive,<br />
a banda é tem um toque que foge<br />
de fronteiras, pois Deimos (bateria) é<br />
holandês, Avgvstvs (baixo) é brasileiro,<br />
e Steven Tucker (guitarras e vocais, e<br />
sim, é ele mesmo) é Norte-americano.<br />
E a música do Warfather é uma golfada<br />
brutal, opressiva e técnica de Death Metal,<br />
mostrando um trabalho diferenciado.<br />
Steve Tucker acompanhou o processo<br />
de gravação (que foi feito nos EUA e<br />
Holanda), e ainda mixou o trabalho. A<br />
masterização é de Maor Appelbaum. E a<br />
qualidade sonora de “Orchestrating the<br />
Apocalypse” é bem acima da média, sabendo<br />
ser limpa, bem seca e clara, mantendo<br />
todos os instrumentos audíveis com boa<br />
escolha de timbres, mas o peso é sensível.<br />
Na realidade, é um peso monumental.<br />
A arte de Ken Coleman é algo belo e totalmente<br />
antenado com a realidade sonora/<br />
lírica da banda, em especial com a letra de<br />
“Gods and Machines”. E tudo isso em um<br />
belíssimo Digipack de seis painéis!<br />
A música do quarteto é vibrante e<br />
cheia de energia, pesada e densa, mas ao<br />
mesmo tempo, vemos que “Orchestrating<br />
the Apocalypse” é um disco muito<br />
bem construído e finalizado, com cada<br />
aspecto sonoro esmerado, mas sem obliterar<br />
a espontaneidade do trabalho, com<br />
arranjos muito bem pensados e cuidados<br />
de forma a preencher as canções.<br />
Uma ótima revelação, e é bom ver<br />
esses sujeitos na ativa. E ainda por<br />
cima, nos brindando com um disco tão<br />
bom. (MG)<br />
Julia Crystal<br />
A Journey to Shamballa<br />
Independente - Nacional<br />
interessante dar uma olhada profunda<br />
em alguns estilos musicais um<br />
É<br />
pouco diferentes vez por outra, e não<br />
é de hoje que nos deparamos com similaridades<br />
deles com o Metal, devido<br />
muitas vezes às diferentes influências<br />
que os fãs (que um dia acabam entrando<br />
em bandas, ou mesmo seguindo uma<br />
carreira dentro do universo musical)<br />
aglutinam, e que os músicos ganham ao<br />
estudarem parte mais teórica da coisa<br />
toda. Logo, é um enorme prazer para<br />
o Metal Samsara abrir suas portas mais<br />
uma vez para um gênero irmão e trazer<br />
ao conhecimento de todos o primeiro<br />
álbum de Julia Crystal, o sublime “A<br />
Journey to Shamballa”.<br />
A priori, poderíamos pensar em classificar<br />
o CD como um trabalho mais<br />
voltado à New Age, mas logo elementos<br />
de Rock Progressivo, Pop e outros vão<br />
se aglutinando, e em alguns momentos,<br />
sentimos a um pouco certa similaridade<br />
com trabalhos de cantoras como Liv<br />
Kristine e Anneke Van Giersbergen, mas<br />
não nos enganemos: o trabalho de Julia é<br />
bem mais amplo que nossos sentidos podem<br />
compreender em certos momentos,<br />
e cada ouvida em “A Journey to Shamballa”<br />
é uma nova e deliciosa descoberta<br />
para ouvidos cansados de estilos mais<br />
agressivos. Aliás, ouvidos cansados de<br />
tantas tralhas (musicais ou não) que somos<br />
forçados a ouvir todos os dias.<br />
Na realidade, este é um projeto de<br />
Julia (uma cantora de formação lírica)<br />
em conjunto com Alex Voorhees (produtor<br />
musical e vocalista da banda Imago<br />
Mortis), e cheio de convidados de<br />
peso, como Alex Navar (do Kernunna,<br />
e tocou gaita irlandesa e Tin Whistle),<br />
Pedro Santos (Palácio Moderno), Kevin<br />
Shortall (banda Café Irlanda nos violões),<br />
Paulo Rogério Viana (violão flamenco),<br />
Rodrigo Alves (guitarra, carreira<br />
solo e membro da banda Parallax),<br />
Marcelo Val (do Hardballz), Fábio Machado<br />
e Carlos “Tayo” Pardal (guitarra)<br />
e Tiago Connal (percussão). E como a<br />
produção musical ainda ficou por conta<br />
de Alex, temos uma qualidade sonora<br />
de alto nível, translúcida, clara, que nos<br />
permite aos sentidos acessar sem medo<br />
cada detalhe musical mínimo. Óbvio<br />
que alguns timbres e instrumentos assustarão<br />
os mais incautos e radicais,<br />
mas uma segunda ouvida, e tudo fluirá<br />
sem maiores problemas ou traumas.<br />
O conteúdo artístico de “A Journey<br />
to Shamballa” é muito bem cuidado e<br />
belo, com estética perfeita e uma capa<br />
visualmente belíssima, evocando o<br />
reino da perfeição criado pelos deuses<br />
hindus, onde estão reunidos grandes<br />
mestres de várias áreas do conhecimento<br />
humano, e onde a felicidade, a beleza,<br />
a música, a paz e o amor completos<br />
reinam. E as letras, acreditem: são excelentes,<br />
lidando com temas de uma forma<br />
mais espiritualizada, e a mensagem<br />
é extremamente positiva, independente<br />
se o ouvinte é ateu ou acredita em algo.<br />
Musicalmente, não há espaço para<br />
críticas negativas. A riqueza e diversidade<br />
de “A Journey to Shamballa” é<br />
incrível, e a música flui de forma extremamente<br />
agradável em todas as suas<br />
nuances e expressões, E acreditem: ouvir<br />
o disco uma vez o desperta para um<br />
lindo sentimento de paz interior, que<br />
nada tem a ver com música, com mundo<br />
ou dificuldades, mas apenas de um bem<br />
estar de você com você mesmo.<br />
Um disco de fácil assimilação, e que<br />
abre os sentidos para algo de bom e<br />
grandioso em termos musicais e mentais.<br />
E Julia compartilha, juntamente<br />
com todos os envolvidos, um pouco<br />
de si, de seu espírito. Nada melhor que<br />
deixarmos nossas mentes abertas à uma<br />
compreensão maior e mais profunda do<br />
todo em que vivemos, à uma nova e deliciosa<br />
experiência... (MG)<br />
Yekun<br />
Live at Kaffeklubben<br />
(Official Bootleg)<br />
Independente - Nacional<br />
Sabem aquelas bandas que optam por<br />
fazer uma sonoridade atual, mas rebuscando<br />
muita influência do passado e<br />
que acaba gerando algo novo e diferente?<br />
Pois é, o Yekun é uma banda cuja<br />
classificação musical em gêneros do<br />
Metal não é tarefa lá muito simples<br />
(e o Pai Marcão aqui nem mesmo vai<br />
tentar, pois não acredito em rótulos ou<br />
subdivisões toscas). Muito peso e um<br />
som gorduroso, cheio de psicodelia e<br />
agressividade, mas ao mesmo tempo,<br />
cheio de um feeling precioso e bastante<br />
espontaneidade, especialmente se estivermos<br />
falando do Official Bootleg<br />
do grupo, “Live at Kaffeklubben”, que<br />
acaba de ser disponibilizado para download<br />
gratuito pelo grupo.<br />
Primeiramente, “Live at Kaffeklubben”<br />
é um disco realmente ao vivo, sem<br />
muitos overdubs de estúdio, como era<br />
feito até a primeira metade dos anos<br />
80, ou seja: você está ouvindo o que<br />
foi tocado no show, sem muito embelezamento<br />
feito a posteriori em algum<br />
estúdio de ponta com um engenheiro de<br />
som fabuloso. Nada disso, o clima aqui<br />
é ao vivo até o osso, e se pode ver que o<br />
grupo ao vivo é bem mais feroz e irascível<br />
que em estúdio.<br />
Gravado no Inferno Club em julho<br />
último (ou seja, podem perceber que o<br />
tempo de lá para cá nem permite grandes<br />
mexidas no áudio), a qualidade não é a<br />
melhor do mundo, já que o peso esfumaçado<br />
está presente, o baixo está com uma<br />
sonoridade bem gordurosa e alta, os vocais<br />
estão bem urrados e os riffs e solos<br />
em um nível de volume um pouco baixo.<br />
Mas isso tudo deixa uma coisa exposta:<br />
que o grupo não quis dar uma de “o<br />
grandão” e mexeu. Nada disso, é direto<br />
e reto, ao vivo e sem perdão, mas com<br />
muita energia e tesão, coisa de quem<br />
quer mesmo fazer música. E isso, meus<br />
caros, é para poucos como este quinteto<br />
insano. E não duvido que bares e outros<br />
estabelecimentos da Rua Augusta teriam<br />
problemas sérios com esses caras soltos<br />
por lá em noites de fim de semana...<br />
Seis faixas estão no trabalho, todas<br />
elas muito boas e empolgantes.<br />
“Around”, o hit “Inside My Headache”<br />
e “Psi Ética (Immolated)” são faixas de seu<br />
primeiro trabalho, o Websingle “Inside My<br />
Headache”, em versões bem gordurosas e<br />
pesadas, mas ainda temos as inéditas “Faith<br />
of Serpents”, a ótima “Compasso Ímpar”<br />
e “The Boar’s Nest” (esta última, título do<br />
próximo trabalho do grupo). Todas elas ótimas<br />
canções, mostrando que JP é um ótimo<br />
vocalista ao vivo, sabendo não só cantar,<br />
mas se comunicar bem com o público, ao<br />
passo que as guitarras de André Abreu (apesar<br />
do baixo volume e meio abafada em alguns<br />
momentos) se mostra pesada e firme<br />
nos riffs e solos, o baixo gorduroso e agudo<br />
de Gerson Câmera segura uma base rítmica<br />
forte junto com a bateria precisa de Vlad<br />
(que mostra uma boa e sóbria técnica). E<br />
esses dois últimos se mostram bastante em<br />
“The Boar’s Nest”, lembrando muito algo<br />
como um Black Sabbath dos 70 no auge de<br />
seu experimentalismo.<br />
Então, já que leu minhas palavras até<br />
aqui, baixem logo o disco que é de graça,<br />
enquanto “The Boar’s Nest” não sai.<br />
O link é esse (http://www.metalmedia.<br />
com.br/yekun/downloads/yekun_liveatkaffeklubben.rar),<br />
então, baixem<br />
de uma vez, ouçam em alto volume e<br />
vejam pais e vizinhos pagodeiros reclamando<br />
muito! (MG)<br />
Nervosa<br />
Victim of Yourself<br />
Die Hard Records - Nacional<br />
Bom, seria de se esperar que absolutamente<br />
nada aqui seria diferente!<br />
Afinal a Nervosa além de ser uma das<br />
mais atuantes bandas deste nosso país,<br />
jamais aliviou em nada na sua postura e<br />
na sua música. E está tudo lá, os riffs, a<br />
bateria quebra ossos e os vocais característicos<br />
de Fernanda Lira.<br />
Embalando shows e mais shows por<br />
todo o país, arrancando elogios e críticas<br />
efusivas tanta da mídia especializada<br />
quanto do público, a banda segue seu<br />
caminho e vai conquistando seu lugar<br />
ao sol, e derrubando um a um os problemas<br />
encontrados.<br />
Prika Amaral é uma verdadeira máquina<br />
de riffs e não deixou por menos<br />
neste Victim of Yourself, peso em doses<br />
cavalares, velocidade e em muitos<br />
do cd, climas extremamente bonitos e<br />
muito bem construídos.<br />
<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 11