09.07.2015 Views

UNDERGROUND ROCK REPORT - 1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

de composição foi bem mesurado, com<br />

destaques para a bruta e rápida “When<br />

the Masks Fall” (com certos toques de<br />

Thrash Metal nos riffs, além de vocalizações<br />

muito bem postadas), a agressiva<br />

“Cursed by Revenge” (Death Metal<br />

tradicional brutal, com riffs bem trabalhados,<br />

e bateria precisa. Mas reparem<br />

como algumas melodias aparecem nos<br />

solos), o pesadelo sonoro de “Abyss of<br />

Souls” (a típica faixa mais cadenciada e<br />

abrasiva, com belos dedilhados do baixo,<br />

mostrando que esse zagueiro sabe<br />

marcar gols), a veloz e cavalar “Blessed<br />

Black Spirit” (baixo e bateria mostram<br />

uma força bem dinâmica e agressiva na<br />

base), a mais trabalhada (ainda que bem<br />

brutal) “Reign of Illusions” (muitas mudanças<br />

de andamento, com riffs agressivos<br />

muito bons e bela presença do<br />

baixo mais uma vez. Mas se repararem,<br />

melodias que lembram um pouco o Iron<br />

Maiden surgem nas guitarras), a bem<br />

trabalhada “City of Hanged People”.<br />

Sim, o Sangrena mostra no CD que tem<br />

potencial para ser grande, bem como é uma<br />

banda que a dinâmica é a tônica de seu trabalho.<br />

Logo, esperamos que o próximo nos<br />

traga surpresas bem agradáveis. (MG)<br />

Warfather<br />

Orchestrating the Apocalypse<br />

Greyhaze Records - Importado<br />

Sempre que uma nova banda, com<br />

integrantes conhecidos no meio do<br />

Metal e do Rock, surge, logo uma pergunta<br />

extremamente rotineira é feita:<br />

“será que ela manterá os traços de algum<br />

trabalho feito por seus membros?”<br />

É uma pergunta que coloca qualquer<br />

bom trabalho em xeque, que realmente<br />

pode pôr tudo a perder, já que muitos<br />

se decepcionam por encontrar (ou não)<br />

traços de similaridades. Mas sempre<br />

é um desafio para ouvintes e bandas,<br />

ainda mais quando as mesmas oferecem<br />

algo salutar, como o Warfather nos<br />

concede em sua estréia com o excelente<br />

“Orchestrating the Apocalypse”.<br />

Antes de tudo, temos a presença de<br />

músicos com bandas como Nile, Morbid<br />

Angel, Prostitute Disfigurement, Sinister<br />

e Deströyer 666 em seus currículos,<br />

logo, experiência não é problema. Inclusive,<br />

a banda é tem um toque que foge<br />

de fronteiras, pois Deimos (bateria) é<br />

holandês, Avgvstvs (baixo) é brasileiro,<br />

e Steven Tucker (guitarras e vocais, e<br />

sim, é ele mesmo) é Norte-americano.<br />

E a música do Warfather é uma golfada<br />

brutal, opressiva e técnica de Death Metal,<br />

mostrando um trabalho diferenciado.<br />

Steve Tucker acompanhou o processo<br />

de gravação (que foi feito nos EUA e<br />

Holanda), e ainda mixou o trabalho. A<br />

masterização é de Maor Appelbaum. E a<br />

qualidade sonora de “Orchestrating the<br />

Apocalypse” é bem acima da média, sabendo<br />

ser limpa, bem seca e clara, mantendo<br />

todos os instrumentos audíveis com boa<br />

escolha de timbres, mas o peso é sensível.<br />

Na realidade, é um peso monumental.<br />

A arte de Ken Coleman é algo belo e totalmente<br />

antenado com a realidade sonora/<br />

lírica da banda, em especial com a letra de<br />

“Gods and Machines”. E tudo isso em um<br />

belíssimo Digipack de seis painéis!<br />

A música do quarteto é vibrante e<br />

cheia de energia, pesada e densa, mas ao<br />

mesmo tempo, vemos que “Orchestrating<br />

the Apocalypse” é um disco muito<br />

bem construído e finalizado, com cada<br />

aspecto sonoro esmerado, mas sem obliterar<br />

a espontaneidade do trabalho, com<br />

arranjos muito bem pensados e cuidados<br />

de forma a preencher as canções.<br />

Uma ótima revelação, e é bom ver<br />

esses sujeitos na ativa. E ainda por<br />

cima, nos brindando com um disco tão<br />

bom. (MG)<br />

Julia Crystal<br />

A Journey to Shamballa<br />

Independente - Nacional<br />

interessante dar uma olhada profunda<br />

em alguns estilos musicais um<br />

É<br />

pouco diferentes vez por outra, e não<br />

é de hoje que nos deparamos com similaridades<br />

deles com o Metal, devido<br />

muitas vezes às diferentes influências<br />

que os fãs (que um dia acabam entrando<br />

em bandas, ou mesmo seguindo uma<br />

carreira dentro do universo musical)<br />

aglutinam, e que os músicos ganham ao<br />

estudarem parte mais teórica da coisa<br />

toda. Logo, é um enorme prazer para<br />

o Metal Samsara abrir suas portas mais<br />

uma vez para um gênero irmão e trazer<br />

ao conhecimento de todos o primeiro<br />

álbum de Julia Crystal, o sublime “A<br />

Journey to Shamballa”.<br />

A priori, poderíamos pensar em classificar<br />

o CD como um trabalho mais<br />

voltado à New Age, mas logo elementos<br />

de Rock Progressivo, Pop e outros vão<br />

se aglutinando, e em alguns momentos,<br />

sentimos a um pouco certa similaridade<br />

com trabalhos de cantoras como Liv<br />

Kristine e Anneke Van Giersbergen, mas<br />

não nos enganemos: o trabalho de Julia é<br />

bem mais amplo que nossos sentidos podem<br />

compreender em certos momentos,<br />

e cada ouvida em “A Journey to Shamballa”<br />

é uma nova e deliciosa descoberta<br />

para ouvidos cansados de estilos mais<br />

agressivos. Aliás, ouvidos cansados de<br />

tantas tralhas (musicais ou não) que somos<br />

forçados a ouvir todos os dias.<br />

Na realidade, este é um projeto de<br />

Julia (uma cantora de formação lírica)<br />

em conjunto com Alex Voorhees (produtor<br />

musical e vocalista da banda Imago<br />

Mortis), e cheio de convidados de<br />

peso, como Alex Navar (do Kernunna,<br />

e tocou gaita irlandesa e Tin Whistle),<br />

Pedro Santos (Palácio Moderno), Kevin<br />

Shortall (banda Café Irlanda nos violões),<br />

Paulo Rogério Viana (violão flamenco),<br />

Rodrigo Alves (guitarra, carreira<br />

solo e membro da banda Parallax),<br />

Marcelo Val (do Hardballz), Fábio Machado<br />

e Carlos “Tayo” Pardal (guitarra)<br />

e Tiago Connal (percussão). E como a<br />

produção musical ainda ficou por conta<br />

de Alex, temos uma qualidade sonora<br />

de alto nível, translúcida, clara, que nos<br />

permite aos sentidos acessar sem medo<br />

cada detalhe musical mínimo. Óbvio<br />

que alguns timbres e instrumentos assustarão<br />

os mais incautos e radicais,<br />

mas uma segunda ouvida, e tudo fluirá<br />

sem maiores problemas ou traumas.<br />

O conteúdo artístico de “A Journey<br />

to Shamballa” é muito bem cuidado e<br />

belo, com estética perfeita e uma capa<br />

visualmente belíssima, evocando o<br />

reino da perfeição criado pelos deuses<br />

hindus, onde estão reunidos grandes<br />

mestres de várias áreas do conhecimento<br />

humano, e onde a felicidade, a beleza,<br />

a música, a paz e o amor completos<br />

reinam. E as letras, acreditem: são excelentes,<br />

lidando com temas de uma forma<br />

mais espiritualizada, e a mensagem<br />

é extremamente positiva, independente<br />

se o ouvinte é ateu ou acredita em algo.<br />

Musicalmente, não há espaço para<br />

críticas negativas. A riqueza e diversidade<br />

de “A Journey to Shamballa” é<br />

incrível, e a música flui de forma extremamente<br />

agradável em todas as suas<br />

nuances e expressões, E acreditem: ouvir<br />

o disco uma vez o desperta para um<br />

lindo sentimento de paz interior, que<br />

nada tem a ver com música, com mundo<br />

ou dificuldades, mas apenas de um bem<br />

estar de você com você mesmo.<br />

Um disco de fácil assimilação, e que<br />

abre os sentidos para algo de bom e<br />

grandioso em termos musicais e mentais.<br />

E Julia compartilha, juntamente<br />

com todos os envolvidos, um pouco<br />

de si, de seu espírito. Nada melhor que<br />

deixarmos nossas mentes abertas à uma<br />

compreensão maior e mais profunda do<br />

todo em que vivemos, à uma nova e deliciosa<br />

experiência... (MG)<br />

Yekun<br />

Live at Kaffeklubben<br />

(Official Bootleg)<br />

Independente - Nacional<br />

Sabem aquelas bandas que optam por<br />

fazer uma sonoridade atual, mas rebuscando<br />

muita influência do passado e<br />

que acaba gerando algo novo e diferente?<br />

Pois é, o Yekun é uma banda cuja<br />

classificação musical em gêneros do<br />

Metal não é tarefa lá muito simples<br />

(e o Pai Marcão aqui nem mesmo vai<br />

tentar, pois não acredito em rótulos ou<br />

subdivisões toscas). Muito peso e um<br />

som gorduroso, cheio de psicodelia e<br />

agressividade, mas ao mesmo tempo,<br />

cheio de um feeling precioso e bastante<br />

espontaneidade, especialmente se estivermos<br />

falando do Official Bootleg<br />

do grupo, “Live at Kaffeklubben”, que<br />

acaba de ser disponibilizado para download<br />

gratuito pelo grupo.<br />

Primeiramente, “Live at Kaffeklubben”<br />

é um disco realmente ao vivo, sem<br />

muitos overdubs de estúdio, como era<br />

feito até a primeira metade dos anos<br />

80, ou seja: você está ouvindo o que<br />

foi tocado no show, sem muito embelezamento<br />

feito a posteriori em algum<br />

estúdio de ponta com um engenheiro de<br />

som fabuloso. Nada disso, o clima aqui<br />

é ao vivo até o osso, e se pode ver que o<br />

grupo ao vivo é bem mais feroz e irascível<br />

que em estúdio.<br />

Gravado no Inferno Club em julho<br />

último (ou seja, podem perceber que o<br />

tempo de lá para cá nem permite grandes<br />

mexidas no áudio), a qualidade não é a<br />

melhor do mundo, já que o peso esfumaçado<br />

está presente, o baixo está com uma<br />

sonoridade bem gordurosa e alta, os vocais<br />

estão bem urrados e os riffs e solos<br />

em um nível de volume um pouco baixo.<br />

Mas isso tudo deixa uma coisa exposta:<br />

que o grupo não quis dar uma de “o<br />

grandão” e mexeu. Nada disso, é direto<br />

e reto, ao vivo e sem perdão, mas com<br />

muita energia e tesão, coisa de quem<br />

quer mesmo fazer música. E isso, meus<br />

caros, é para poucos como este quinteto<br />

insano. E não duvido que bares e outros<br />

estabelecimentos da Rua Augusta teriam<br />

problemas sérios com esses caras soltos<br />

por lá em noites de fim de semana...<br />

Seis faixas estão no trabalho, todas<br />

elas muito boas e empolgantes.<br />

“Around”, o hit “Inside My Headache”<br />

e “Psi Ética (Immolated)” são faixas de seu<br />

primeiro trabalho, o Websingle “Inside My<br />

Headache”, em versões bem gordurosas e<br />

pesadas, mas ainda temos as inéditas “Faith<br />

of Serpents”, a ótima “Compasso Ímpar”<br />

e “The Boar’s Nest” (esta última, título do<br />

próximo trabalho do grupo). Todas elas ótimas<br />

canções, mostrando que JP é um ótimo<br />

vocalista ao vivo, sabendo não só cantar,<br />

mas se comunicar bem com o público, ao<br />

passo que as guitarras de André Abreu (apesar<br />

do baixo volume e meio abafada em alguns<br />

momentos) se mostra pesada e firme<br />

nos riffs e solos, o baixo gorduroso e agudo<br />

de Gerson Câmera segura uma base rítmica<br />

forte junto com a bateria precisa de Vlad<br />

(que mostra uma boa e sóbria técnica). E<br />

esses dois últimos se mostram bastante em<br />

“The Boar’s Nest”, lembrando muito algo<br />

como um Black Sabbath dos 70 no auge de<br />

seu experimentalismo.<br />

Então, já que leu minhas palavras até<br />

aqui, baixem logo o disco que é de graça,<br />

enquanto “The Boar’s Nest” não sai.<br />

O link é esse (http://www.metalmedia.<br />

com.br/yekun/downloads/yekun_liveatkaffeklubben.rar),<br />

então, baixem<br />

de uma vez, ouçam em alto volume e<br />

vejam pais e vizinhos pagodeiros reclamando<br />

muito! (MG)<br />

Nervosa<br />

Victim of Yourself<br />

Die Hard Records - Nacional<br />

Bom, seria de se esperar que absolutamente<br />

nada aqui seria diferente!<br />

Afinal a Nervosa além de ser uma das<br />

mais atuantes bandas deste nosso país,<br />

jamais aliviou em nada na sua postura e<br />

na sua música. E está tudo lá, os riffs, a<br />

bateria quebra ossos e os vocais característicos<br />

de Fernanda Lira.<br />

Embalando shows e mais shows por<br />

todo o país, arrancando elogios e críticas<br />

efusivas tanta da mídia especializada<br />

quanto do público, a banda segue seu<br />

caminho e vai conquistando seu lugar<br />

ao sol, e derrubando um a um os problemas<br />

encontrados.<br />

Prika Amaral é uma verdadeira máquina<br />

de riffs e não deixou por menos<br />

neste Victim of Yourself, peso em doses<br />

cavalares, velocidade e em muitos<br />

do cd, climas extremamente bonitos e<br />

muito bem construídos.<br />

<strong>UNDERGROUND</strong> <strong>ROCK</strong> <strong>REPORT</strong> - 11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!