Des<strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong>ste ano que muitos economistas têm vindo a projectar cenários optimistas para a economia e para a indústria automóvel, concordando que o pior já passou, perante sinais <strong>de</strong> recuperação um pouco por todo o mundo. Os planos <strong>de</strong> incentivo fiscal ajudaram as vendas e aceleraram a produção. O corte <strong>de</strong> custos e o lançamento <strong>de</strong> veículos populares são também parte da solução. A CriSE ANDA DE CArrO
Governos <strong>de</strong> vários países <strong>de</strong>cidiram implementar medidas <strong>de</strong> incentivo para os construtores, especialmente na Alemanha, tendo a UE registado melhorias na compra <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Maio e Junho. Segundo um estudo Bank of America Securities-Merrill Lynch, a retoma da indústria automóvel será reflexo da reestruturação das economias <strong>de</strong>senvolvidas. também nos EUA a <strong>crise</strong> obrigou as construtoras a pedirem ajuda ao governo para a manutenção das suas operações. O mercado americano estabilizou no segundo trimestre do ano, com um crescimento <strong>de</strong> 1%, por comparação com o trimestre anterior, ainda assim 32% inferior ao registado em período homólogo do ano passado, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>, no dia 24 <strong>de</strong> Julho, o Congresso norte-americano ter aprovado o programa Car Allowance rebate System, que oferece, ao longo <strong>de</strong> quatro meses, acesso a um crédito <strong>de</strong> 4500 dólares (cerca <strong>de</strong> 3061 euros) na troca <strong>de</strong> um veículo antigo por outro menos poluente. Jean-Michel Jalinier, que assumiu a li<strong>de</strong>rança da renault Mercosul em Maio, afirmou entretanto à reuters que a empresa passa por um processo global <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> custos, acentuado pela <strong>crise</strong> financeira internacional. Não obstante, a renault lançou sete veículos nos últimos três anos e preten<strong>de</strong> reforçar a presença em alguns segmentos, como por exemplo nas pickups, além <strong>de</strong> reforçar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> concessionários, <strong>de</strong>cisiva para novas conquistas. Nisto, <strong>de</strong>senvolvem-se outras perspectivas, nomeadamente na Europa, para a mobilida<strong>de</strong> sustentável nos próximos anos, sobretudo a partir dos profundos impactos da actual <strong>crise</strong>, que colocou General Motors e volkswagen em xeque. Mas para os optimistas, até as <strong>crise</strong>s trazem consequências positivas, como a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se escutarem mais atentamente i<strong>de</strong>ias menos convencionais e ortodoxas. Neste prisma, a discussão em torno da mobilida<strong>de</strong> sustentável parece não po<strong>de</strong>r dissociar-se da mudança <strong>de</strong> paradigma quanto à forma como as pessoas se locomovem – o que po<strong>de</strong>rá contribuir para a emergência <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>. Defen<strong>de</strong>m os estudiosos <strong>de</strong> ciência política, Weert Canzler e Andreas Knie, que o <strong>de</strong>bate não se restringe ao tipo <strong>de</strong> combustível que moverá os veículos, abarcando inovações organizacionais e culturais <strong>de</strong> fundo, com a convergência <strong>de</strong> sectores que até agora não se comunicavam, adaptando mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> negócios. Na visão <strong>de</strong> Canzler e Knie, a indústria automóvel <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r <strong>carro</strong>s, admitindo que essa já nem é a sua “praia”, mas sim o financiamento das vendas – que, conforme os autores, respondia por cerca <strong>de</strong> 70% do resultado económico das empresas até ao ano passado. Como um dos principais motores da economia mundial <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o pós-guerra, a indústria automóvel precisará <strong>de</strong> se reinventar novamente e quanto antes, já que a questão climática, a escassez <strong>de</strong> recursos não renováveis e os problemas <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s exigem urgência. teMa <strong>de</strong> CaPa 25