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Volume 31 - Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

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Síndrome Hepatopulmonar142 54<strong>31</strong>(2):51-56esta complicação também vem acompanhada <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrame pleural.13 Uma série <strong>de</strong> outras alterações na função pulmonar po<strong>de</strong>estar presente na cirrose e levar à insufi ciência respiratória esignifi cativa hipoxemia arterial. A<strong>de</strong>mais, certos tipos <strong>de</strong> cirrosepo<strong>de</strong>m estar associadas a doenças específi cas do pulmão,como é o caso da cirrose biliar primária e alveolite fi brosante oua <strong>de</strong>fi ciência <strong>de</strong> alfa-1 anti-tripsina e enfi sema pulmonar. 14,16Na vasculatura pulmonar também po<strong>de</strong>mos observar alterações<strong>de</strong>correntes da doença hepática crônica. Po<strong>de</strong>m surgirhipertensão pulmonar idiopática, anastomoses entre a circulaçãoportal e a pulmonar e a SHP. 14,15A SHP po<strong>de</strong> ser caracterizada pela tría<strong>de</strong> clínica que inclui doençahepática, anormalida<strong>de</strong>s nas trocas gasosas (GAA>15mmHg)e a presença <strong>de</strong> dilatações vasculares pulmonares. 1,2,9,17 Outrasanormalida<strong>de</strong>s pulmonares (por exemplo, <strong>de</strong>rrame pleural,doença pulmonar obstrutiva crônica) po<strong>de</strong>m coexistir com aSHP, difi cultando o seu diagnóstico. 1,18As manifestações clínicas da SHP são características, entretanto,não são exclusivas da síndrome. 9 Os sinais e sintomas<strong>de</strong> doença hepática são a forma mais comum <strong>de</strong> apresentaçãodos pacientes, que posteriormente serão diagnosticados comoportadores <strong>de</strong>ssa síndrome. Krowka e Cortese 19 estudaram 22pacientes portadores da SHP, dos quais 18 (82%) apresentaramascite, sangramento gastrointestinal, hepatoesplenomegaliaou icterícia, como motivo principal que os levaram à busca<strong>de</strong> auxílio médico. A dispneia foi o sintoma <strong>de</strong> apresentação nosoutros quatro (18%) pacientes, sendo que a doença hepáticasomente foi diagnosticada nas avaliações subsequentes. 19Mais comumente, a SHP apresenta-se em pacientes com doençahepática crônica, tais como cirrose criptogênica, cirrose alcoólica,hepatite crônica ativa e cirrose biliar primária. 19 Todavia, oachado <strong>de</strong> SHP em pacientes com hipertensão portal não-cirrótica20 sugere que o aumento da pressão no sistema porta possaser um fator <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong>ssa síndrome. 9 A dispneia, que é osintoma pulmonar mais comum, po<strong>de</strong> ser agravada pelo exercício.21 Alguns pacientes po<strong>de</strong>m apresentar platipneia, ou seja,dispneia quando os pacientes assumem a posição supina e quealivia com o <strong>de</strong>cúbito dorsal, e/ou orto<strong>de</strong>óxia, caracterizada pela<strong>de</strong>ssaturação da oxigenação arterial (hipoxemia arterial) maiorque 3mmHg quando o paciente assume a posição ereta. 22,23A presença <strong>de</strong>stes sintomas refl ete a gravida<strong>de</strong> da dilataçãovascular pulmonar, a qual predominaria nos terços inferiores<strong>de</strong> ambos os pulmões. 24 Embora a orto<strong>de</strong>óxia seja um achadoclínico característico não é patognomônico da síndrome. 1,10Acomete aproximadamente 25 a 88% dos pacientes com SHPtanto quando respirando em ar ambiente, quanto inspirandoO 2a 100%. 1,22 A presença <strong>de</strong> aranhas vasculares cutâneas éum achado frequente e tem forte correlação com a síndrome. 25Elas têm sido consi<strong>de</strong>radas como marcadores <strong>de</strong> envolvimentoextra-hepático em paciente com cirrose hepática. 5,25 Emboraas aranhas vasculares cutâneas possam ser encontradas empacientes sem a SHP, parece haver uma correlação entre a suapresença e a existência <strong>de</strong> CAVI. 12,25 Todavia, alguns autoresnão encontraram relação entre as AV e a SHP. 22,26Parece não haver correlação entre a SHP e medidas bioquímicas<strong>de</strong> função hepática (tempo <strong>de</strong> protrombina, albumina,bilirrubina, enzimas hepáticas), nem tampouco, com a presença<strong>de</strong> ascite ou sangramento gastrointestinal. 18,19,22 No presenteestudo, o pequeno número <strong>de</strong> pacientes com índice <strong>de</strong> Child-Pugh B e C não nos permitiu estabelecer relação entre a severida<strong>de</strong>da doença hepática e a SHP.A fi siopatogenia da vasodilatação intrapulmonar permaneceincerta. Vários mecanismos têm sido postulados para explicá-la, 10incluindo um <strong>de</strong>sequilíbrio entre as substâncias vasodilatadoras(como o óxido nítrico -ON, fator atrial natriurético, substânciaP, fator ativador <strong>de</strong> plaquetas e glucagon) e vasoconstritoras(como a endotelina, tirosina, serotonina, prostaglandina F2∝e angiotensina I) normalmente presentes na circulação. Estasituação resulta em um predomínio das vasodilatadoras, ouum aumento na sensibilida<strong>de</strong> ao nível do endotélio pulmonara um fator vasodilatador produzido ou não metabolizado pelofígado doente, ou uma hiporresponsivida<strong>de</strong> às substânciasvasoconstritoras. 1,8-10,15,23,27Mayoral e col. 28 observaram que dois pacientes cirróticos comSHP apresentavam aumento no nível <strong>de</strong> ON expirado, quandocomparado com cirróticos sem SHP e com controles normais,e que tanto a PaO 2quanto o nível <strong>de</strong> ON retornavam ao normalapós o transplante hepático. 28 Rolla e col. 29 <strong>de</strong>monstraram quea inibição do ON pelo azul <strong>de</strong> metileno (um agente oxidanteque bloqueia a estimulação da guanilato ciclase pelo ON e, porconseguinte, o seu efeito) resultou em aumento da pressãoarterial sistêmica, diminuição do shunt intrapulmonar e mo<strong>de</strong>radamelhora da hipoxemia <strong>de</strong> um paciente com cirrose alcoólicae SHP. 29Certamente o ON não po<strong>de</strong> explicar todos os achados da SHPnos pacientes com CAVI. Outros fatores angiogênicos po<strong>de</strong>mser cruciais no <strong>de</strong>senvolvimento das dilatações vasculares. 9A hipoxemia é um achado clínico relativamente comum nospacientes com doença hepática avançada, acometendoaproximadamente a meta<strong>de</strong> dos cirróticos submetidos aotransplante hepático. 9 Entretanto, a incidência <strong>de</strong> hipoxemia(PaO 2

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