ANAIS - VOLUME II - Sistema Relatoria - Ministério da Educação
ANAIS - VOLUME II - Sistema Relatoria - Ministério da Educação
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princípios mercadológicos de produ� vi<strong>da</strong>de e rentabili<strong>da</strong>de.<br />
Nesse conceito, o professor é um mero prestador<br />
de serviço enquanto o aluno é o cliente, cuja sa-<br />
� sfação se mede pelo acúmulo de conhecimentos de<br />
que é capaz de demonstrar às certames acadêmicos.<br />
A educação é uma prá� ca social que deve comportar<br />
o princípio <strong>da</strong> inclusão, expresso pela capaci<strong>da</strong>de de<br />
apreender e atender às deman<strong>da</strong>s sociais através de<br />
ações e serviços geradores de bens e direitos. Portanto,<br />
tratar de quali<strong>da</strong>de em polí� cas públicas requer<br />
necessariamente que se refl ita sobre a complexi<strong>da</strong>de<br />
que o conceito de quali<strong>da</strong>de social implica, comportando<br />
também conceitos de quali<strong>da</strong>de polí� ca, quali<strong>da</strong>de<br />
material, quali<strong>da</strong>de moral, dentre outros.<br />
No nosso campo, há um reconhecimento de que defi -<br />
nir padrões ou padrão único de quali<strong>da</strong>de é uma tarefa<br />
di� cil, <strong>da</strong><strong>da</strong> a complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> educação brasileira,<br />
marca<strong>da</strong> por desigual<strong>da</strong>des regionais e locais e com<br />
uma imensidão de redes nem sempre conecta<strong>da</strong>s. Por<br />
isso, há de se considerar dimensões intra e extraescolares,<br />
a exemplo do acúmulo de capital econômico,<br />
social e cultural dos entes envolvidos, a dinâmica pe<strong>da</strong>gógica<br />
com seus processos de gestão, os currículos,<br />
a formação e profi ssionalização docente, as condições<br />
de trabalho, as expecta� vas de ensino-aprendizagem<br />
etc. As crí� cas às mais recentes avaliações em larga<br />
escala voltam-se para a ausência de um sistema ar� -<br />
culado e apontam que o modelo tem resultado numa<br />
naturalização <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des e reforçado a concepção<br />
de avaliação como punição. Mesmo assim, há<br />
um consenso de que é preciso medir a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
escola, <strong>da</strong> educação e, principalmente, de que se estabeleçam<br />
mecanismos de monitoramento que resultem<br />
no aperfeiçoamento <strong>da</strong>s polí� cas educacionais.<br />
A busca <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de social e democrá� ca <strong>da</strong> educação<br />
implica noções claras de autonomia, regulação,<br />
engajamento e responsabili<strong>da</strong>de através <strong>da</strong> criação<br />
de espaços de decisão cole� va; espaços, esses, que<br />
devem ser encarados como lócus de aprimoramento<br />
e con� nui<strong>da</strong>de de polí� cas públicas, enquanto polí� -<br />
cas de Estado. Portanto, fóruns, conferências e conse-<br />
lhos nacionais, estaduais e municipais, assim como os<br />
planos de educação, devem traduzir os consensos resultantes<br />
<strong>da</strong> par� cipação de todos os segmentos. Daí<br />
a importância que adquire a garan� a <strong>da</strong> representa� -<br />
vi<strong>da</strong>de social diversa nesses espaços. Na escola, uma<br />
gestão democrá� ca comprome� <strong>da</strong> com a quali<strong>da</strong>de<br />
social não se encerra em eleições para diretores ou<br />
nos conselhos escolares. É preciso que os processos<br />
decisórios não sejam apenas compar� lhados, mas,<br />
sobretudo, que tenham o foco no que está acontecendo<br />
na sala de aula, no direito de aprender dos alunos.<br />
Afi nal, uma escola que decide cole� vamente sobre<br />
inúmeros aspectos, mas ignora seus indicadores<br />
de aprendizagem, é uma escola de “gestão democrá-<br />
� ca burocra� za<strong>da</strong>” − se é possível essa conceituação.<br />
Uma escola que forme ci<strong>da</strong>dãos emancipados e autônomos,<br />
mas, sobretudo, ci<strong>da</strong>dãos que incorporem<br />
o espírito cosmopolita kan� ano <strong>da</strong> par� cipação, <strong>da</strong><br />
tolerância, <strong>da</strong> alteri<strong>da</strong>de, é o desafi o posto no documento<br />
preliminar <strong>da</strong> Conae; é a escola democrá� ca e<br />
de quali<strong>da</strong>de social que está sendo edifi ca<strong>da</strong> por todos<br />
nós − pelo povo brasileiro.<br />
Colóquio 2.12) Padrões de quali<strong>da</strong>de para a educação<br />
básica e superior: defi nindo os referenciais e garan�<br />
ndo a efe� vação desse princípio cons� tucional<br />
Padrão de quali<strong>da</strong>de na educação escolar; conceito<br />
de quali<strong>da</strong>de total e de quali<strong>da</strong>de social na educação;<br />
relação entre inves� mento, desempenho e ampliação<br />
<strong>da</strong> democracia; parâmetros de funcionamento dos<br />
estabelecimentos de ensino e de infraestrutura dos<br />
prédios escolares; quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> educação básica e superior<br />
pública e priva<strong>da</strong> e suas relações de inversão<br />
no cenário brasileiro.<br />
REGINALDO ALBERTO MELONI<br />
Esta comunicação está basea<strong>da</strong> em uma leitura livre do<br />
Documento-Referência <strong>da</strong> Conae, ressaltando alguns<br />
aspectos do tema ligados ao setor <strong>da</strong> educação priva<strong>da</strong>.