Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>Março <strong>de</strong> <strong>20</strong>12 / March <strong>20</strong>12Prefácioimpressão: meta<strong>de</strong> das 16 contribuições publicadas neste volume são em língua inglesa, enquanto aquelas publicadas emportuguês perfazem sete e em espanhol uma. Portanto, já temos <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ornitólogos brasileiros umpúblico suficiente para contribuir para uma RBO internacionalizada e com uma política editorial mais seletiva. Esperemosque essa <strong>de</strong>cisão, agora implementada, contribua para a conquista <strong>de</strong> um Fator <strong>de</strong> Impacto para a revista, tornando-aatraente para um público aca<strong>de</strong>micamente exigente e mais competitiva no cenário mundial.Sabemos, no entanto, que isso não é tudo. Na prática, a RBO se tornou, por questões orçamentárias e <strong>de</strong> divulgaçãoe in<strong>de</strong>xação, uma revista essencialmente eletrônica e <strong>de</strong> acesso livre pela internet. Como conciliar esses fatos com umanecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter um corpo <strong>de</strong> associados fiel à SBO, é algo que ainda carece <strong>de</strong> uma resposta. Mas incerteza po<strong>de</strong> sersinônimo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>. Está claro que a RBO não po<strong>de</strong> mais ser a única publicação regular da SBO. Está claro que acomunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ornitólogos brasileiros tem público suficiente para uma publicação com seletiva política editorial, como aRBO, e também para um outro ou outros tipo(s) <strong>de</strong> publicação(ões) que aceite(m) publicar mesmo “… listas faunísticas <strong>de</strong>localida<strong>de</strong>s” e contribuições <strong>de</strong> caráter mais local e regional, igualmente relevantes, e que hoje resultam <strong>de</strong> um incrementoenorme da ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ornitólogos em todo o país. Esse assunto <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>vidamente discutido pela diretoria da SBOcom todos associados.A SBO e a RBO vem se nutrindo ao longo dos anos do trabalho voluntário e abnegado <strong>de</strong> seus membros e issofornece a base para um futuro on<strong>de</strong> o papel da revista e socieda<strong>de</strong> estejam mais consolidados. Enquanto isso, a RBOestabelece, <strong>de</strong>finitivamente, sua estratégia para se consolidar com um dos periódicos mais relevantes na área <strong>de</strong> ornitologiano cenário mundial. Convido a todos, associados da SBO ou não, a também darem sua contribuição, enviando para aRBO seus melhores trabalhos em ornitologia neotropical.Alexandre AleixoMinistério da Ciência, Tecnologia e Inovação / Museu Paraense Emílio GoeldiEditor
Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Ornitologia</strong>, <strong>20</strong>(1), 1‐7Março <strong>de</strong> <strong>20</strong>12 / March <strong>20</strong>12Artigo/ArticleCrecimiento <strong>de</strong> la masa muscular <strong>de</strong>l miembroposterior <strong>de</strong>l Ñandu Gran<strong>de</strong> (Rhea americana)durante la vida postnatalMariana B. J. Picasso 1 , Claudia P. Tambussi 1,2 , María Clelia Mosto 1,2 y Fe<strong>de</strong>rico J. Degrange 1,21. División Paleontología Vertebrados, Museo <strong>de</strong> La Plata, Paseo <strong>de</strong>l Bosque, s/n, La Plata (B1900FWA), Buenos Aires, Argentina.E‐mail: mpicasso@fcnym.unlp.edu.ar2. Consejo Nacional <strong>de</strong> Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET).Enviado en 22 <strong>de</strong> Julio <strong>de</strong> <strong>20</strong>11. Aceptado en 25 <strong>de</strong> Deciembre <strong>de</strong> <strong>20</strong>11.Resumo: Crescimento da massa muscular do membro posterior da Ema (Rhea americana) durante a vida pós-natal. Oobjetivo <strong>de</strong>ste estudo é caracterizar o crescimento da massa muscular do membro posterior <strong>de</strong> Rhea americana durante diferentesida<strong>de</strong>s do período pós-natal. Foram dissecados e pesados 21 músculos dos membros posteriores em 22 espécimens <strong>de</strong> várias ida<strong>de</strong>s(abarcando exemplares com um mês <strong>de</strong> vida até adultos). Foi avaliado o <strong>de</strong>senvolvimento muscular com relação à massa corporaldo animal e com respeito às funções <strong>de</strong> extensão e flexão. A musculatura do membro posterior <strong>de</strong> Rhea apresentou uma elevadapercentagem em relação à massa corporal total durante o crescimento pós-natal. Essa musculatura também se caracteriza pelapredominância dos músculos extensores, especialmente aqueles que esten<strong>de</strong>m as articulações tibiotarsus-tarsometatarso e pélvisfêmur,exceto nos dígitos, on<strong>de</strong> predominaram os músculos flexores. Essas características parecem refletir <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo o compromissodo sistema muscular do membro posterior com uma locomoção especializada em alcançar altas velocida<strong>de</strong>s no solo.Palavras-Chave: Cursorialida<strong>de</strong>, ontogenia, Palaeognathae, Rheidae, locomoção terrestre.Abstract: Hindlimb muscle mass growth of the Greater Rhea (Rhea americana) during postnatal life. The aim of this workis to characterize the growth of the hindlimb muscle mass of the Greater Rhea Rhea americana at different postnatal ages. Twentyonemuscles were dissected and weighed in 22 specimens of various ages (ranging from a month to full adults) to evaluate theirproportion in relation to the body mass and their contribution to the extension and flexion functions. The hindlimb muscles of theGreater Rhea accounted for a high percentage of the body weight during the postnatal growth period. Also, they were distinguishedby a predominance of the extensor muscles, in particular those that extend the tibiotarsus-tarsometatarsus joint and the pelvis-femurjoint, except in the digits where there was a predominance of the flexor muscles. These features seem to reflect, from an early age,the commitment of the hindlimb muscle system to a high-speed terrestrial locomotion.Key-Words: Cursoriality, ontogeny, Palaeognathae, Rheidae, terrestrial locomotion.El Ñandú Gran<strong>de</strong> (Rhea americana, Rheidae,Palaeognathae) es el ave viviente más gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> América<strong>de</strong>l Sur alcanzando una altura <strong>de</strong> 1,50 m y un peso <strong>de</strong> 25 kg(Folch 1992). Des<strong>de</strong> la década <strong>de</strong>l ‘90 es una especie <strong>de</strong>interés económico, cuya cría comercial se está afianzandoen América Latina y en otros países <strong>de</strong>l mundo (Martellay Navarro <strong>20</strong>06). El Ñandú Gran<strong>de</strong> es estrictamenteterrestre, corredor-caminador cuya locomoción <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>exclusivamente <strong>de</strong> los miembros posteriores, pudiendoalcanzar velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hasta 60 km/h (Folch 1992). Estaespecialización en la carrera se <strong>de</strong>nomina cursorialidady está acompañada por rasgos anatómicos típicos:miembros posteriores con gran <strong>de</strong>sarrollo, tibiotarsoy tarsometatarso más largos y reducción <strong>de</strong> <strong>de</strong>dos.La información acerca <strong>de</strong> la anatomía <strong>de</strong>l miembroposterior <strong>de</strong>l Ñandú Gran<strong>de</strong> es escasa, en general estáincluida en contextos comparativos con otras Ratitae ybásicamente restringida al análisis <strong>de</strong> los elementos óseos(e.g., Pycraft 1900, Cracraft 1974, Bledsoe 1988). Lamiología <strong>de</strong>l miembro posterior ha sido abordada en elpasado en unos pocos trabajos (Haugthon 1867, Gadow1880, Sudilovskaya 1931) cuyas <strong>de</strong>scripciones son poco<strong>de</strong>talladas. Este panorama cambia con la contribución <strong>de</strong>Picasso (<strong>20</strong>10a) quien <strong>de</strong>sarrolla un estudio <strong>de</strong>scriptivo ypormenorizado <strong>de</strong> la musculatura <strong>de</strong>l miembro posterior<strong>de</strong> esta especie.Conocer la relación <strong>de</strong> la masa <strong>de</strong> cada músculo<strong>de</strong>l miembro posterior con respecto a la masa corporalconstituye una herramienta simple y útil para obtenerinformación sobre el <strong>de</strong>sarrollo y la actividad que losmúsculos realizan durante la locomoción (Hartman1961). Aunque su importancia es radical para el