11.07.2015 Views

as estruturas aditivas

as estruturas aditivas

as estruturas aditivas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

4. a representação e <strong>as</strong> relações entresignificados e signi f ican t es .1. UMA CONCEPÇÃO INTERACTIVADA FORMACAO DOS CONHECIMENTOSEm primeiro lugar nos seus <strong>as</strong>pectos práticos,bem como nos seus <strong>as</strong>pectos teóricos,o saber forma-se a partir de problem<strong>as</strong> a resolver,quer dizer, de situações a dominar.Constata-se isto na história d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> ed<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong>, e também no desenvolvimentodos instrumentos cognitivos da criança, n emeadamente no domínio do espaço e nacompreensão e categorização dos objectosusuais. Isto deveria ser igualmente verdadeirono ensino d<strong>as</strong> matemátic<strong>as</strong>, m<strong>as</strong> nãoé o que se verifica. A tendência mais correnteé a de ensinar ((maneir<strong>as</strong> de fazer)) ouaigontmos, ligando estes problem<strong>as</strong> a cl<strong>as</strong>sesrelativamente limitad<strong>as</strong>. Por ((problema))entenda-se, no sentido lato que lhe dá opsic6log0, qualquer situação em que 6 necessáriodescobrir relações, desenvolver actividadesde exploração, hipótese e verificação,para produzir uma solução: este procedimentonão é necessariamente o mais geralou o mais económico; pode mesmo ser falso,o que nem por isso deixa de ser procedimentoa estudar em pé de igualdade com osoutros.Tomando ((problema)) no seu sentido maisgeral, constitui para a criança um ((problema))comparar os efectivos de du<strong>as</strong> colecçõesou o conteúdo de dois recipientes,seriar uma sequência de objectos em funçãodo tamanho ou do peso, ou reconhecer aesquerda e a direita de um personagem quese situe de frente para ela; constitui evidentementeum «problema» r)rganhar dados76Elestado inicialExemplo I: Jean tinhanuméricos para saber quais é preciso utilizare por que ordem devem ser tratados; m<strong>as</strong>constitui também um «problema» para <strong>as</strong>crianç<strong>as</strong> calcular o efectivo de um conjuntoformado por du<strong>as</strong> partes sem tornar a contarcada uma d<strong>as</strong> du<strong>as</strong> partes (se já se coatoucada uma del<strong>as</strong>).I2 um objectivo prioritário, na investigaçãoem didáctica, investigar, analisar e cl<strong>as</strong>sificar,tão exaustivamente quanto possível,<strong>as</strong> situações-problema que conferem significaçãoe função a um conceito. Isto permite,em primeiro lugar, apelar no ensino a umamaior variedade de relações e problem<strong>as</strong>;em segundo lugar, aprofundar a epistemoiogiade um conceito, isto é, principalmentea sua função (a que problem<strong>as</strong> ele responde)e a sua radicação (em que outros conceitosele se apoia). As concepções dos alunos sãomodelad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> situações com que eles sedepararam. Isto pode levar a grandes desf<strong>as</strong>amentosentre est<strong>as</strong> concepções e os conceitosmatemáticos: por exemplo, se umaluno de 4 éme s6 compreende o conceitode fracção como uma quantidade fraccionária,numa relação parte-todo (parte debolo, parte de uma colecção), ele não podeaperceber a riqueza e o alcance dos númerosracionais. Do mesmo modo para os númerosnegativos, se ele considerar que 06números representam quantidades: comonão há quantidade negativa, os números negativosnão têm sentido algum.Tomemos o exemplo da subtracçãoA primeira concepção da subtracção, parauma criança pequena, consiste na diminuiçãode uma quantidade inicial, por consumo,perda ou venda,opor exemplo:transformaçãoOestado final8 bombons; come 3. Quantos bombons tem agora?


A partir de uma tal concepção, não 6imediato compreender a subtracção:- como um complemento- como uma diferença entre estados sucessivosExemplo 4: Robert tinha 8 berlindes antes dejogar com a Isabelle. Agora tem 3 berlindes.O que é que se p<strong>as</strong>sou durante o jogo?Exemplo 2: Há 8 crianç<strong>as</strong> A mesa no aniversáriode Dorothée. 3 são raparig<strong>as</strong>. Quantosrapazes há?-comoo inverso de um aumento-comouma relação de comparaçãoExemplo 3: Janine acaba de receber 3 francosda avó. Tem agora 8 francos: Quanto é queela tinha antes?Exemplo 5: Suzanne tem 3 francos no bolso.Berthyl tem 8. Quanto é que Suzanne tem amenos que Berthyl?-como uma diferença entre transformaçõesi4 - L...I 1I-..-'Exemplo 6: Frédéric jogou du<strong>as</strong> partid<strong>as</strong> de berlinde. Na segunda ganhou 3 berlindes. Ele já nãose lembra do que se p<strong>as</strong>sou na primeira partida. M<strong>as</strong> quando ele, no fim. conta os berlindes.apercebe-se de que ganhou 8 berlindes ao todo. O que é que se p<strong>as</strong>sou na primeira partida?-poderiam ser propost<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> categori<strong>as</strong>de problem<strong>as</strong>, por exemplo:(Ver figura 7 na página segUente)Pode-se facilmente imaginar <strong>as</strong> dificuldadesque <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> podem encontrar na extensãoda significação da subtracção a estesdiferentes c<strong>as</strong>os, a partir da sua concepçãoprimitiva da subtracção como ((diminuição)).Cada um dos c<strong>as</strong>os atrás evocados supõeum cálculo relacional (cálculo sobre relações)distinto; e, no entanto, todos estes cálculosrelacionais conduzem it escolha damesma operação aritmética 8-3.Os investigadores começam a conhecerb<strong>as</strong>tante bem os meios através dos quais <strong>as</strong>crianç<strong>as</strong> abordam estes diferentes problem<strong>as</strong>(Carpenter, Moser & Romberg, 1981) e <strong>as</strong>77


oEncontrar a segundatransformaçãoFig. 7oOetap<strong>as</strong> por que p<strong>as</strong>sam, no decurso dos longosanos do ensino elementar ... e do ensinosecundário. A maior parte d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>depara com dificuldades, na adição e n<strong>as</strong>ubtracção de transformações ou de reiações,até ao fim do ciclo dos liceus e mesmopara além dele.Observam-se conflitos importantes e duradoudosentre <strong>as</strong> concepções d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>e os conceitos do professor de matemática.Por exemplo, num grande número de problem<strong>as</strong>,<strong>as</strong> concepções d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> são melhorrepresentad<strong>as</strong> por um modelo de operaçãounário que pelo modelo da lei de composiçãobinária. Com efeito, a adição podemuit<strong>as</strong> vezes ser encarada segundo o modelode uma operação externa de Z sobre N (sese raciocinar com inteiros).m 7/ m pode ser positivo ou negativopor exemplo n = 6 m = + 4Encontrar atransformação totale não segundo o modelo da lei interna emN, que apen<strong>as</strong> reflecte bem a composiçãode du<strong>as</strong> quantidades.por exemplo n = 6 m = 4As transformações no tempo e <strong>as</strong> relaçõesde comparação não podem ser adequadamenterepresentad<strong>as</strong> por uma composiçãode du<strong>as</strong> quantidades (lei binária interna),pois el<strong>as</strong> envolvem números relativos.Por outro lado, o modelo da operaçãounária está mais próximo da concepção primitivad<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> (partir de um estado inicial,agir). Veremos outr<strong>as</strong> consequênci<strong>as</strong>deste desf<strong>as</strong>amento entre concepções do sujeitoe conceitos matemáticos quando abordarmos<strong>as</strong> representações simbólic<strong>as</strong>.Os professores não deveriam ignorar ofacto de <strong>as</strong> concepções dos alunos serem78


modelad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> situações da vida quotidianae pela sua ((primeira compreensão))d<strong>as</strong> relações nov<strong>as</strong> com que deparam. Elestêm de saber com que é que lidam, e conhecerou reconhecer melhor <strong>as</strong> concepçõesmais primitiv<strong>as</strong>, os erros e <strong>as</strong> incompreensõesque se lhes seguem, o modo pelo qual el<strong>as</strong>mudam ou podem mudar: através de quesituações? De que explicações? De que etap<strong>as</strong>?Os problem<strong>as</strong> de ensino d<strong>as</strong> matemátic<strong>as</strong>não se resolvem por definições, e <strong>as</strong> concepções errad<strong>as</strong> dos alunos só podem mudarverdadeiramente se entrarem em conflitocom situações que el<strong>as</strong> não permitem tratar.E essencial que os professores possam perspectivare dominar o conjunto de situaçõessusceptívei, que levem e ajudem os alunos a((acomodarem)) os seus pontos de vista e osprocedimentos a nov<strong>as</strong> relações (a inversão,a composição e a decomposição de transformações,por exemplo) ou dados novos (grandesnúmeros, decimais, fracções...). 33 a únicamaneira de levar os alunos a analisarem<strong>as</strong> cois<strong>as</strong> com mais profundidade e a reveremou ampliarem <strong>as</strong> su<strong>as</strong> concepções.A resolução do problema é a origem e ocritério do saber operatório. Devemos tersempre esta ideia em mente e sermos capazesde proporcionar aos aiunos situaçõesque visem alargar a significação de um conceitoe pôr a prova <strong>as</strong> competênci<strong>as</strong> e <strong>as</strong>concepções dos alunos. B essencial tantopara uma teoria d<strong>as</strong> situações como parauma teoria do conhecimento operatório.Esta declaração pode parecer excessivamentevirada para <strong>as</strong> aprendizagens prátic<strong>as</strong>,m<strong>as</strong> não o é; concepçijes e competênci<strong>as</strong>são du<strong>as</strong> faces de uma mesma moeda;<strong>as</strong> competênci<strong>as</strong> estão sempre ligad<strong>as</strong> a tert<strong>as</strong>concepções mesmo se são frac<strong>as</strong> e fragmentad<strong>as</strong>.Não há procedimento que se possadesenvolver e sobreviver por si próprio, livrede tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> representações d<strong>as</strong> relações deque trata ou que implica. Reciprocamenteum conceito ou um teorema que não possamser utilizados em situações-problema em quesão pertinentes permanecem vazios de sentido.Assim, não existem só problem<strong>as</strong> práticos.Existem também problem<strong>as</strong> teóricos como,por exemplo, a extensão da multiplicaçãoaos números relativos: a multiplicação dedois números negativos não pode ser reduzidaa um problema prático verdadeiramentesignificativo da multiplicação, salvo se seconsiderar a utilização do cálculo algébricocomo um problema prático. Digamos quemuito mais que a coerência dos cálculos oproblema eminentemente teórico aparecetambém como um problema prático. Estadialéctica não é apen<strong>as</strong> um simples efeitoretórico: prática e teoria estão em últimaanálise indissoluvelmente ligados.2. UMA ABORDAGEMDESENVOLVIMENTALISTAAs Concepções e <strong>as</strong> Competênci<strong>as</strong> desenvolvem-se(UE longo de um período de tempo.Isto não é verdade apen<strong>as</strong> para <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong>gerais do pensamento m<strong>as</strong> também paraos conteúdos dos conhecimentos. Por exemplo,os conceitos de fracção e de relação têm<strong>as</strong> su<strong>as</strong> raízes n<strong>as</strong> actividades que têm umsignificado para os alunos de 7 a 8 anos,quando se trata de valores simples como3 ou ã; e, entretanto, o conceito de númeroracional é uma fonte durável de dificuldadepara os alunos de 15 ou 16 anos e paramuitos adultos. No que concerne <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong>aditiv<strong>as</strong> ainda que alguns princípios daadicção e da subtracção sejam compreendidospelos alunos de 3 ou 4 anos, 75Vo dosalunos de 15 anos falham em problem<strong>as</strong>como os seguintes (Marthe, 1982):Exemplo1 7: Jean recebeu 45 francos d<strong>as</strong>ua avó. Em seguida vai a um grande armazéme compra cois<strong>as</strong> diferentes. Quandoconta o seu dinheiro, nota que tem 37 fran-79


cos a menos do que tinha antes de recebero dinheiro da avó, Quanto g<strong>as</strong>tou?Exemplo 8: O senhor Dupont é viajantecomercial. Conheça por descer ao longo dovale do Loire, 35 km para Oeste; depoisparte para Este. Quando pára, encontra-sea 47km a Este do seu ponto de partida demanhã. Qual é a distância percorrida durantea segunda parte do seu trajecto?Ora os mesmos alunos de 15 anos receberamum ensino sobre <strong>as</strong> relações de Ch<strong>as</strong>lesem geometria que são directamente pertinentespara o exemplo 8.-AC=AB+BC j BC=ÁC-ÁBa = al<strong>as</strong> (B)-abs (A)<strong>as</strong>sim como um ensino de algebra que ihesdeveria permitir resolver qualquer equaçãoda forma:Não contando com a dificuldade queexiste em conceber plenamente <strong>as</strong> transformaçõese <strong>as</strong> relações que estão implicad<strong>as</strong>nos exemplos 7 e 8.A descrição de estadios gerais de desenvolvimento,como os descritos por Piaget OUpor outros psicblogos do desenvolvimentonão permite compreender o desenvolvimentod<strong>as</strong> «competênci<strong>as</strong>-conhecimentos))implicados nos problem<strong>as</strong> de subtracção acimacitados. São necessários modelos b<strong>as</strong>tantemais finos, directamente <strong>as</strong>sociados aocontexto matemático dos problem<strong>as</strong>.A primeira prioridade é, portanto, eco^nhecer a variedade d<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses de problem<strong>as</strong>possíveis, de analisar com cuidado a sua estruturae <strong>as</strong> operações de pensamento necessári<strong>as</strong>para <strong>as</strong> tratar. Por exemplo, não é amesma operação de pensamento inverteruma transformação directa (exemplo 3), encontrarum complemento (exemplo 2), ouencontrar uma diferença (exemplo 5). Tam-bém não é a mesma operação, no exemplo3, inverter a transformaçãon-3ou formular uma hipótese sobre o estadoinicial, e corrigi-la depois do ensaio.t.31- -1' 4 ; _I___t) 7 4+3=7I - -isto não dá$3' 5 ;-b 8 5+3=8isto dáI- -1 - -A evidência, estes dois ((raciocínios)) nãotêm a mesma força; o segundo tem apen<strong>as</strong>um valor local e depende muito dos valoresnuméricos tomados pel<strong>as</strong> variáveis. Os pequenosnúmeros inteiros, alguns números redondos(300-800) permitem resolver certosproblem<strong>as</strong> através de procedimentos não canónicos.Um meio possível de levar os alunosa pesquisar e dominar os procedimentoscom maior poder e concepções mais gerais,é justamente mudar os valores numéricos, eutilizar, por exemplo, números grandes ounúmeros decimais (Brousseau, 1981).Evidentemente, que isto não 6 independentedo desenvolvimento cognitivo dos alunos;e a descrição da complexidade relativados problem<strong>as</strong> e dos procedimentos <strong>as</strong>sentalargamente sobre uma abordagem desenvolvimentalista(ou psicogenética) da aprendizagemd<strong>as</strong> matemátic<strong>as</strong>. E3 de salientar, aomesmo tempo, que esta descrição, para tersentido, não deve considerar um conjuntorestrito de problem<strong>as</strong>, nem um períodomuito curto do desenvolvimento d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>ou da escolaridade. Podemos encontrar,80


com efeito, desníveis de vários anos entrecrianç<strong>as</strong> para a mesma competência; e <strong>as</strong>condut<strong>as</strong> observad<strong>as</strong> para um problema, sóadquirem o seu sentido se <strong>as</strong> pudermos reportara condut<strong>as</strong> observad<strong>as</strong> noutros prublem<strong>as</strong> (da mesma categoria ou de categoriadiferente).Existem fortes correlações, fortes hierarqui<strong>as</strong>e também numeros<strong>as</strong> situações metafóric<strong>as</strong>no tratamento dos problem<strong>as</strong> numéricos.53 esta consideração que me conduziuA convicção que é necessário, para compreendero desenvolvimento e a apropriaçãodos conhecimentos, estudar conjuntos b<strong>as</strong>tantev<strong>as</strong>tos de situações e conceitos ou sejacampos conceptuais. Estudar a aprendizagemde um conceito isolado, ou de uma técnicaisolada, não tem sentido, praticamente.Antes de explicar o que entendo por(campo conceptual)) e por ((teorema emacta)), sobre o exemplo d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> aditiv<strong>as</strong>,queria concluir brevemente este parágrafoacerca do desenvolvimento.A lentidão do densenvolvimento dos conhecimentosé perigososamente subestimadapelos professores, pelos pais e pelos program<strong>as</strong>.Por exemplo, considera-se frequentementeque um capítulo de matemátic<strong>as</strong> estudadodeve estar compreendido, pelo menospor uma parte importante dos alunos, peloque no ano seguinte podemos considerá-locomo adquirido. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> investigações empíric<strong>as</strong>mostram, pelo contrário, que serámuito mais sensato voltar às mesm<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>ano após ano indo um pouco mais profundamente,introduzindo situa@es cada vezmais complex<strong>as</strong> contendo novos <strong>as</strong>pectos,mais poderosos, de um mesmo conjunto deconceitos, eventualmente um conceito novo.As actividades de resolução do problema oudo tratamento de nov<strong>as</strong> situações deveriamser largamente previligad<strong>as</strong>, uma vez que éverdade que existem diferentes categori<strong>as</strong> deproblem<strong>as</strong>, e que apelam ao domínio de propriedadesdiferentes de um mesmo conceito..É um <strong>as</strong>pecto essencial para uma abordagemdesenvolvimen talista.3. OS CONCEITOSDE ((TEOREMA-EM-ACTO))E DE «CAMPO CONCEPTUAL))I3 largamente reconhecido, em educação,que a actividade dos alunos deve ser favorecidaporque é o único meio que Ihes permiteconstruir ou apropriar-se de um saberoperatório. No entanto, não se reconheceem que é que esta aqão em situação favurece a formação do conceito. Neste pontofalta-nos clarificar um problema teórico essencial.Os matemáticos e os professores sabemem geral o que é um invariante: uma propriedadeou uma relação que é conservad<strong>as</strong>obre um certo conjunto de transformação.Por exemplo em geometria, a rotação e <strong>as</strong>imetria conservam cert<strong>as</strong> propriedades d<strong>as</strong>figur<strong>as</strong>, a homotetia não conserva <strong>as</strong> mesm<strong>as</strong>propriedades bem como a projecção.M<strong>as</strong> os matemáticos e os professores nemsempre reconheceram o facto bem estabelecidopela psicologia cognitiva desenvolvimentalista(e por Piaget em primeiro lugar)que existem numerosos invariantes cujaidentificação pel<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> dá lugar a umalaboriosa e progressiva construção, enquantoque o adulto não imagina que isso possaconstituir um problema.Piaget, identifica o primeiro de alguns destesinvariantes e, nomeadamente, invariantesespaciáveis (Piaget, 1948) e invariantesquantitativos (Piaget, 1941, 1978):-o cardinal de uma colecção quando semuda a disposição espacial.- a quantidade de sumo de laranja quandose transfere de um copo largo paraum estreito.etc.. . .Não é evidente, para a criança pequena, quehá mais sumo de laranja quando este sobemais alto (no copo estreito)?Os invariantes constituem um tema te6-rico recorrente na obra de Piaget, e, este,


por isso não reconheceu plenamente a importânciados invariantes mais numerososem matemátic<strong>as</strong> e em física: os invariantesrelacionais. Por ((invariante relacional)), designouma relação que permanece invariantepara um conjunto de transformaçõesde operações ou de variações.Tomemos um exemplo n<strong>as</strong> relaçGes de parentesco:para uma criança não é fácil percebera ideia que a relação ((filho de» é verdadeiraao mesmo tempo para ele e seu pai,para ele e sua mãe, o seu amigo Mathieu eos pais de Mathieu, e até o seu próprio paie os seus avós: como é que o seu pai podeser ao mesmo tempo pai e filho?Problem<strong>as</strong> semelhantes são levantados pel<strong>as</strong>relações espaciais (atrás, a oeste de...),<strong>as</strong> relações de ordem entre grandez<strong>as</strong> e entrenúmeros (maior que, múltiplo de, n maiorque.. .) e por outr<strong>as</strong> relações.Ao lado dest<strong>as</strong> relações binári<strong>as</strong> <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>encontram, mesmo em idades precoces,relações do mais alto nível lógico a que chamamosnormalmente teorem<strong>as</strong>: por exemplose Pedro n<strong>as</strong>ceu antes de Janine e Janineantes de Robert, Pierre n<strong>as</strong>ceu antes de Robert;se Joel e André estão face a face, obraço direito de J&I está em frente do braçoesquerdo de André; se se conta uma colecçãoA e depois uma colecção B obtém-se omesmo resultado que se se contar a colecçãoB e depois a colecção A.A criança encontra um grande númerodestes teorem<strong>as</strong> <strong>as</strong>sim que actua sobre o reale que resolve problem<strong>as</strong> no espaço, no tempo,no domínio d<strong>as</strong> quantidades e d<strong>as</strong> grandez<strong>as</strong>.Estes (deorem<strong>as</strong>-em-acton não são,evidentemente, expressos sob uma formamatemática, nem mesmo <strong>as</strong> vezes sob qualqueroutra forma. E por esta a razão que euos chamo ((teorem<strong>as</strong>-em-acto». A maiorparte d<strong>as</strong> vezes apen<strong>as</strong> têm uma validadelocal para <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> e são <strong>as</strong>sociados a certosvalores de variáveis, constituindo istouma primeira b<strong>as</strong>e que poderá ser alargadaem seguida.O fim essencial de uma análise cognitivad<strong>as</strong> taref<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> condut<strong>as</strong> é identificar taisteorem<strong>as</strong>-em-acto, mesmo se isto não for fácil,e se não for fácil de chegar a um acordosobre os critérios comportamentais destesteorem<strong>as</strong>.Tomemos o exemplo do terceiro exiomada teoria da medida.Y X ,Ym ( x* ) = m(x) + m(y), dado quea operação seja adequadamente escolhida.No c<strong>as</strong>o d<strong>as</strong> quantidades discret<strong>as</strong> e doscardinais, este axioma torna-sey x, Y card (XUY)=card (X)+card cy)dado que a operação de união seja umaunião dijunta (XnY= 0). Um tal axiomaé utilizado necessariamente por uma criançaquando, para pôr a mesa, conta <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>que estão na sala e <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que estão nojardim, depois soma os dois números par<strong>as</strong>aber quant<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> há ao todo. É umprocedimento mais económico (e socialmentemais aceite) que juntar tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>no jardim para contar o conjunto.Realizaram-se numerosos trabalhos sobre<strong>as</strong> primeir<strong>as</strong> aprendizagens da adição que nosmostram a emergência progressiva de talteorema-em-act o.O procedimento que consiste em não contaro todo quando se contou já <strong>as</strong> partes,m<strong>as</strong> a ((antecipar a contagem)) (counting on)partindo do cardinal do primeiro conjuntoe contando tant<strong>as</strong> vezes quant<strong>as</strong> os elementosdo segundo conjunto.AxxxxxBoitonove.............. NOVEconstitui uma etapa crucial no reconhecimento,pela criança, da propriedade d<strong>as</strong>medid<strong>as</strong> acima enumerad<strong>as</strong>.82


Este procedimento implica, de resto, umoutro teorema importante$1 +1 ... +1m,n m 4 -b -b m+n.n vezesEste procedimento de ((antecipar a contagem))é uma etapa intermediária decisivaentre o procedimento que consiste em contaro todo, e o procedimento que consisteem adicionar m e n. Para mais detalhespodemos reportarmcmos a Fuson (1981).Assim, há muitos outros axiom<strong>as</strong> e teorem<strong>as</strong>implicados na construção do conceitode número natural como medida de quantidadesdiscret<strong>as</strong>. Alguns destes são percebidose apropriados desde os 3 ou 4 anos deidade, outros somente aos 6 ou 7 anos;outros são ainda difíceis para <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>de 9 anos.3 ,-A. 4...2-...+2quaisquer que sejam os objectos contados+1 +1é equivalente a 2 __O Y+1 +1 +12 -+3 é equivalente a 2 -P _O __Dn .+2,m , ta2 s+1 +lé equivalente a n __P -+-+1é equivalente a m+1 . .. +1 (n vezes)__eé equivalente a 5 +2o número de elementos de uma colecção não depende da sua disposiçãoespaciável (conservação)cmd (A UB) = card (A) + card (B) (ver acima)A Cy + card (A) < card (B) (inclusão)Muitos outros teorem<strong>as</strong> podem ser identificados,sendo necessários para resolver osproblem<strong>as</strong> de adição ou de subtracção comoos dos exemplos 1 a 8 mais acima. Seráf<strong>as</strong>tidioso enumerá-los m<strong>as</strong> são de umagrande diversidade.A paisagem d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> aditiv<strong>as</strong> é muitomais complexa do que se espera através deum breve olhar. O mesmo se verifica n<strong>as</strong>estrutur<strong>as</strong> multiplicativ<strong>as</strong> (Vergnaud, 1983).Isto resulta ao mesmo tempo que a diversidaded<strong>as</strong> situações de adição e de subtracção,que a diversidade dos procedimen-tos de tratamento e, veremos mais adiante,que a diversidade d<strong>as</strong> representaçóes simbólic<strong>as</strong>.Isto resulta também da muito progressivae lentíssima compreensão, pel<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>,d<strong>as</strong> propriedades d<strong>as</strong> relações em jogo.33 esta diversidade que me levou a falarde campo ccrnceptual. Um conceito pode serdefinido, com efeito, como um tnplet detrês conjuntos (S, I, J):S: o conjunto de situações que dão sentidoao conceito;83


I: o conjunto de invariantes que constituem<strong>as</strong> diferentes propriedades doconceito;J: o conjunto d<strong>as</strong> representações simbólic<strong>as</strong>que podem ser utilizad<strong>as</strong>.Abordarei, mais adiante, o problema d<strong>as</strong>representações simbólic<strong>as</strong>. Limitar-me-eiaqui a três considerações essenciais para acompreensão do que é um campo conceptua1 e <strong>as</strong> razões pel<strong>as</strong> quais é necessárioestudar os tais campos e não os conceitosisolados.-Uma situação dada não põe, geralmente,em execução tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> propriedadesde um conceito. Se queremosfazer os alunos encontrar tod<strong>as</strong> est<strong>as</strong>propriedades é preciso fazer, necessariamente,referência a uma diversidadede cl<strong>as</strong>ses de problem<strong>as</strong>.-Uma dada situação não põe habitualmenteem jogo um único conceito; <strong>as</strong>ua análise requer, a maior parte d<strong>as</strong>vezes, vários conceitos, e <strong>as</strong> dificuldadesencontrad<strong>as</strong> pelos alunos derivam,em geral, de vários conceitos. Porexemplo, os’ problem<strong>as</strong> da adição e desubtracção podem implicar os conteitosde medida, de transformação, decomparação, de diferença, de inversão,de operação unária, de operação binária,de número natural, de número relativo,de função, de abcissa e aindade outros.-A formação de um conceito, particularmentese o considerarmos atravésd<strong>as</strong> actividades de resolução de problema,cobre, em gera1, um períodode tempo muito longo, com muit<strong>as</strong>interacções e desníveis. Não se podecompreender a significação dos errosou dos procedimentos de uma criançade 13 anos se não se conhece de quemaneira são formad<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> concepções e competênci<strong>as</strong> na idade de 8 ou9 anos, ou mesmo de 4 ou 5 anos, ea maneira como est<strong>as</strong> concepções ecompetênci<strong>as</strong> evoluíram através de umamistura de situações, de definiçijes, deinterpretações e de representações simbólic<strong>as</strong>.143 um facto que os alunos tentam darsentido <strong>as</strong> nov<strong>as</strong> situações e novos conceitosaplicando, adaptando-os, os seus conhecimentosanteriores. Como poderiam fazerde outro modo?A consequência principal destes três pontosé que os psicólogos e os didácticos nãodevem tomar como objecto de estudo objectosmuito pequenos, m<strong>as</strong>, pelo contrário,campos conceptuais b<strong>as</strong>tante iargos. A faltadisto o risco maior é de não poder compreendero processo complexo e laboriosopelo qual <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> e os adolescentes dominam(ou não dominam) <strong>as</strong> matemátic<strong>as</strong>.Um campo conceptuel pode ser definidocomo wn conjunto de situqões cujo domíniorequer uma variedode de conceitos, deprocedimentos e de representações simbólicmem estreita conexão.Esta definição não se quer rigorosa; ‘elareenvia muito mais para um conjunto desituações que para um conjunto de conteitos.A descrição de um campo conceptualrequer ao mesmo tempo a análise d<strong>as</strong> situações(ou dos problem<strong>as</strong>), a análise dos procedimentosde tratamento utilizados pelosalunos, os propósitos que têm e su<strong>as</strong> argumentações,<strong>as</strong> representações simbólic<strong>as</strong> queutilizam. O uso de uma representação simbólicapode ser uma ajuda eficaz, mesmocrucial, podendo também dar lugar a graveserros de interpretações.M<strong>as</strong> antes de abordar a questão d<strong>as</strong> representaçõessimbólic<strong>as</strong>, é necessário fazerainda du<strong>as</strong> chamad<strong>as</strong> de atenção:- O desenvolvimento dos conhecimentospráticos e teóricos de uma criança faz-seatravés de campos conceptuais: alguns sãode ordem matemática (<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> aditiv<strong>as</strong>,<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> multiplicativ<strong>as</strong>, o espaço...),outros são de ordem física (a dinâ-84


mica, a electricidade.. .) ou económica (<strong>as</strong>compr<strong>as</strong> e os preços, os ganhos e <strong>as</strong> perd<strong>as</strong>...), outros são de ordem lógica (cl<strong>as</strong>sificações,lógica de proposições e operaçõesboolean<strong>as</strong>.. .). Estes campos conceptuais nãosão independentes m<strong>as</strong> interagem entre eles.- Os teorem<strong>as</strong>-em-acto evocados maisatrás englobam uma grande variedade deconteúdos e permitem avaliar e analisar,de maneira rigorosa, os conhecimentos dacriança: quais são operatórios e quais nãosão? Com efeito, é necessário sublinhar quecertos conhecimentos apreendidos e pretensamenteconhecidos dos alunos podem nãoser utilizáveis pel<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>: teorem<strong>as</strong> quenão são teorem<strong>as</strong>-em-acto. Ao contrárioexistem conhecimentos operatórios construídosespontaneamente pela criança quenunca tomam a forma de verdadeiros enunciados:teorem<strong>as</strong>-em-acto que não são teorem<strong>as</strong>.Um dos problem<strong>as</strong> do ensino e dadidáctica é favorecer a transformação dosteorem<strong>as</strong> em teorem<strong>as</strong>-em-acto e reciprocamente.4. A REPRESENTAÇÃODAS RELACÕES ENTRESIGNIFICADOS E SIGNIFICANTESRecordemos, em primeiro lugar <strong>as</strong> principaiscategori<strong>as</strong> de relações implicad<strong>as</strong> n<strong>as</strong>estrutur<strong>as</strong> aditiv<strong>as</strong>.Os esquem<strong>as</strong> utilizados no quadro I remetempara símbolos diferentes, para a representaçãod<strong>as</strong> composições binári<strong>as</strong>, e paratransformações e comparações; o mesmopara a representação dos números naturais(medid<strong>as</strong>) e dos números relativos (transformações,comparações, dívid<strong>as</strong> ou créditos,abciss<strong>as</strong>.. .).(ver Q dro I na página seguinte)Os exemplos 1 a 8, propostos neste artigo,não reenviam a nenhuma relação do tipo Vou do tipo VI. N6s apen<strong>as</strong> abordamos, aqui,uma parte d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> aditiv<strong>as</strong>. O qua-dro I mostra uma grande variedade de problem<strong>as</strong>,sobretudo se se considera que, paracada relação, existem vári<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>ses de problem<strong>as</strong>.Tomemos a relação 11: ela dá lugar a seiscl<strong>as</strong>ses de problem<strong>as</strong> dado que se procurao estado final, a transformação, e o estadoinicial, e dado que a transformação é positivaou negativa. Quatro destes problem<strong>as</strong>apelam para uma subtracção, os dois outrospara uma adição. Na relação IV, o númerode cl<strong>as</strong>ses de problem<strong>as</strong> é muito maior porqueo signo d<strong>as</strong> transformações intervêmpara cada uma dentre el<strong>as</strong> <strong>as</strong>sim como ovalor absoluto (para mais detalhes verVergnaud, 198 1).A escolha de esquem<strong>as</strong> facilita a comunicação,porque estes permitem distinguir c<strong>as</strong>osque os alunos justamente consideramcomo distintos. Uma representação algébricafaz perder muita informação porqueidentifica sob o mesmo sinal (f, -, =)conceitos elementares relativamente diferentesuns dos outros.Enumeremos algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> identificaçõespel<strong>as</strong> quais a álgebra adquire a sua força,e confunde ao mesmo tempo objectos que,muito frequentemente, permanecem diferentespara os alunos.- Identificação dos números naturais aosinteiros positivos (mesma coisa para osdecimais ou os reais).-Identificação A mesma operação deadição (representada pelo sinal +) d<strong>as</strong>oma de du<strong>as</strong> medid<strong>as</strong>, e a aplicaçãode uma transformação positiva, dacomposição de du<strong>as</strong> transformações, ea inversão de uma transformação negativa,etc.. .-Identificação A mesma operação desubtracção (representada pelo sinal -)da aplicação de uma transformaçãonegativa, da diferença entre medid<strong>as</strong>,entre estados, entre transformações, dainversão de uma transformação positiva,etc ...85


QUADRO 1Principais relações aditiv<strong>as</strong>OO- UI1 Transformação duma medidaI Composição de medid<strong>as</strong>n?oO111 Comparação de medid<strong>as</strong>O 0OIV Composição de transformaçõesOV Transformaçãoduma relaçãoOicO'VI Composição derelapesLegenda:0 medida: número sem signo0transformação ou reíaçgo: número com signo--.+ transformação (mudança de estado)4relação (entre estados)86


- Identificação de diferentes significaçõesdo sinal de igualdade: é o mesmo que,dá como resultado, é equivalente a.Tudo isto é perfeitamente legítimo e necessáriom<strong>as</strong> sob que condições, com queexplicações e a que nível escolar?A relação I1 é caracterizada por um<strong>as</strong>pecto dinâmico (transformação no tempo),a presença de uma operação unáriapositiva ou negativa, a presença de umarelação parte-todo entre estados. Est<strong>as</strong> sãodu<strong>as</strong> situaqões relevantes da relação I1 queestão na origem d<strong>as</strong> concepçks primitiv<strong>as</strong>da criança: a adição, é uma quantidade quecresce, 0 a subtracção é uma quantidade quedecresce (Starkey e Gelman, 1981). Pode-se,portanto, esperar dificuldades <strong>as</strong>sim que <strong>as</strong>crianç<strong>as</strong> têm que alargar a outr<strong>as</strong> cl<strong>as</strong>sesde problem<strong>as</strong> e a outr<strong>as</strong> relações <strong>as</strong> su<strong>as</strong>concepções da adição e da subtracção. Porexemplo, <strong>as</strong> relações I e I1 não comportamo <strong>as</strong>pecto temporal. A relação I11 não comportaa relação parte-todo.Est<strong>as</strong> considerações têm relações estreit<strong>as</strong>com o problema d<strong>as</strong> representações simbólic<strong>as</strong>.Tomemos ainda três exemplos de problem<strong>as</strong>:Exemplo 9: Pierre tem 5 berlindes. Jogauma partida com os amigos e ganha 7 berlindes.Quantos berlindes tem agora?Exemplo 10: Robert acaba de perder 7berlindes. Tem agora 5 berlindes. Quantosberlindes tinha ele antes de jogar?Exemplo 12: Thierry acaba de jogar du<strong>as</strong>partid<strong>as</strong> de berlindes. Na segunda partidaperdeu 7 berlindes. Quando conta os seusberlindes, no fim, aperecebe-se que ganhou5 berlindes. O que se p<strong>as</strong>sou na primeirapartida?IÉ interessante saber que o problema «Robert»é resolvido l a 2 anos mais tarde queo problema «Pierre» e que o problema«Thierry» tem 75 ?do de frac<strong>as</strong>sos na sixiéme.Isto pode-se explicar pelo facto de que oproblema «Pierre» consiste em encontrarum estado final.WPierre r;l ------(>Oenquanto que o problema «Robert» consisteem encontrar um estado inicialo______E)e que o problema «Thierry» consiste emencontrar uma transformação. no c<strong>as</strong>o maiscomplexo da composição de du<strong>as</strong> transformaçõessucessiv<strong>as</strong>.Representar estes três problem<strong>as</strong> porequações e por diagram<strong>as</strong> de conjuntos @eem evidência dificuldades muito desiguais.87


Por exemplo, pode-se representar o problema ttPierre)) <strong>as</strong>sim:equação 5+7= 0esquemadiagrama de conjunto5Est<strong>as</strong> três representações são aceitáveis e representam ao mesmo tempo o problemae o procedimento da resolução.O mesmo não se p<strong>as</strong>sa para o problema «Robert».o - 7 =5 5 + 7 =Representaçãodo problemaRepresentaçãoda solução+70 5 5 5 - 0NADA =5 7Vê-se que a representação do problema«Robert» e a do procedimento de resoluçãosão diferentes. As crianç<strong>as</strong> têm dificuldadeem representar simbolic&ente o problema;isto raramente Ihes é ensinado. Por outrolado o problema «Robert» não pode serrepresentado por um diagrama englobalizante,porque este simbolismo-não permiterepresentar <strong>as</strong> transformações negativ<strong>as</strong>.OA situação é pior para o problema«Thierry»: <strong>as</strong> representações correct<strong>as</strong> doproblema são uma equação emx + (-7) = (+ 5)e o esquema da composição de transformações88


a solução que os alunos dão habitualmente5+7=12(quando eles a encontram). Não tem nadaa ver com a representação do problema.Tomemos um último exemplo (exempio12):Exemplo 12: Juliette jogou ao berlinde demanhã e de tarde. De manhã ganhou 14berlindes. De tarde perdeu 31 berlindes.Quando conta (4s berlinds ?i noite, conta 23.Quantm tinha ela de manhã antes de jogar?O esquema do problema é o seguinte:Entre <strong>as</strong> soluç6es dad<strong>as</strong> pelos alunos,retenhamos<strong>as</strong> quatro seguintes:A 23 i- 31 = 54- 14 = 40B 23+31 =5454- 14 = 40C 31-14=17+23=40D 14-31 = 1717 + 23 = 40.A solução A representa um tratamentocompletamente aceitável do problema: partirdo estado final, juntar o que tinha sidoperdido e separar os que foram ganhos.M<strong>as</strong> a escrita viola a simetria e a transitividadedo sinal de igualdade.A solução B não viola est<strong>as</strong> propriedades.Ela pode ser considerada como melhor.M<strong>as</strong>, com efeito, é essencialmente o mesmoprocedimento que A. Como A, representao procedimento de resolução e não o problema.O sinal de igualdade é provavelmenteinterpretado como o anúncio doresultado (isto dá ...) e não como uma relaçãode igualdade.A solução C leva a um outro comentário.Ainda que viole também a simetria e atransitividade do sinal de igualdade esteprocedimento <strong>as</strong>senta sobre um raciocíniodiferente d<strong>as</strong> soluções A e B: primeirocompõem-se <strong>as</strong> transformações e aplica-sedepois o inverso da transformação encontrando<strong>as</strong>sim o estado final.A solução D que repousa sobre o mesmoraciocínio que C, revela uma nova falta aonível da escrita: 14-31 = 17. M<strong>as</strong> estafalta <strong>as</strong>senta de facto sobre a pesquisa dadiferença entre uma transformação positiva(+ 14) e uma transformação negativa(- 31). Terá, o aluno, direito de ficar contentecom a sua solução?Vemos, <strong>as</strong>sim, que existem muit<strong>as</strong> fontesde desnfveis entre significantes e significadosn<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> aditiv<strong>as</strong>. Alguns sistem<strong>as</strong>simbólicos não permitem representar todosos problem<strong>as</strong>, ou não permitem distinguirentre a representação dos problem<strong>as</strong> e arepresentação d<strong>as</strong> soluções. Enfim, algunssistem<strong>as</strong> simbólicos veiculam significaçõesmatemátic<strong>as</strong> standwd. Como ajudar os alunosa preencher est<strong>as</strong> lacun<strong>as</strong>?5. CONCLUSÃOA conclusão será breve. A análise precisados conteúdos conceptuais dos problem<strong>as</strong> deadição e de subtracção leva a distinguirvári<strong>as</strong> relações muito diferentes um<strong>as</strong> d<strong>as</strong>outr<strong>as</strong>, e uma grande diversidade de problem<strong>as</strong>,de procedimentos, de representaçõessimbólic<strong>as</strong>.O desenvolvimento d<strong>as</strong> concepções e d<strong>as</strong>competênci<strong>as</strong> da criança é um percursocomplexo através deste conjunto. Para percebertal percurso é preciso analisar, em89


detalhe, <strong>as</strong> condut<strong>as</strong> dos alunos em situação,<strong>as</strong> su<strong>as</strong> formulações, os seus procedimentos,os af<strong>as</strong>tamentos entre <strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> do professore <strong>as</strong> tentativ<strong>as</strong> dos alunos.A paisagem d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> aditiv<strong>as</strong> é complexa:<strong>as</strong> dificuldades encontrad<strong>as</strong> pelos alunosao nível do «Collége» e mesmo do liceusão testemunha disso. O percurso nestecampo conceptual maciço comporta muit<strong>as</strong>metáfor<strong>as</strong>, incompreensões e mal entendidos,e estranh<strong>as</strong> relações entre significantese significados que se ligam desde a escolaprimária. Se os actos contam mais que <strong>as</strong>palavr<strong>as</strong> e que os escritos, é necessário daruma grande importância aos teorem<strong>as</strong>-em--acto descobertos ou compreendidos intuitivamentepel<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> em situação. M<strong>as</strong>não se explica sem recorrer a palavr<strong>as</strong> e <strong>as</strong>inais sobre o papel; <strong>as</strong> cilad<strong>as</strong> são inúmer<strong>as</strong>,e reenviam-n<strong>as</strong> para <strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> significaçõesda adição e da subtracção. Como podemos professores não estarem prevenidos?BIBLIOGRAFIABROUSSEAU, G. (1981)-«Probl*mes de didactiquedes décimaux)), Recherches en didactiquedes mathématiques, 2, 37-125.CARPENTER, J. P.; MOSER, J. M. e ROM-BERG. T. A. (Eds.) (1981)-Addition andSubfracfion: a cognitive perspective. Hillsdale,N. J.; Lawrence Erlbaum.FUSON, K. (1981)-An analysis of the counting-onsolution procedure in addition. In:Addition and Subtraction: a Cognitive Perspective,Carpenter, T. P.; Moser, J. M.; Romberg,T. A. (Eds.), Hillsdale, N. J.; LawrenceErlbaum.MARTHE, P. (1982)- Prohlèmes de type additifet appropriation par I’élève des groupesadditifs. These de troisikme cycle. Paris, Ecolesdes Hautes Etudes en Sciences Sociales.PIAGET, J. e SZEMINSKA, A. (1941)- Lu genèsedu nombre chez I’enfant, Genève, Delachauxet Niestlé.PIAGET, J. e INHELDER, B. (1948)-La représentationde l’espace chez l’enfant, Paris,PUF.PIAGET, J. e INHELDER., B. (1978)- Ledéveloppement des quantités physiques chezI’enfant, Genève, Delachaux et Niestlé.STARKEY, P. e GELMAN, R. (1981)-Thedevelopment of addition and subtraction abilitesprior to formal schooling in arithmetic.In Addition and Subtraction, a cognitiveperspective. Carpenter, T. P.; Moser, J. M.;Romberg, T. A. (Eds.); Hillsdale, N. J.; LawrenceErlbaum.VERGNAUD, G. (1981) -L’enfant, la mathématiqueet Za réalité. Berne, Peter Lang.VERGNAUD, G. (1981)- A cl<strong>as</strong>sification ofcognitive t<strong>as</strong>ks and operations of thoughtinvolved in addition and subtraction problems.In Addition and Subtraction: a CognitivePerspective. Carpenter, J. P.; Moser, J. M.;Romberg, T. A. (Eds.); Hillsdale, N. J.; LawrenceErlbaum.VERGNAUD, G. (1983)- Multiplicative structures.In Acquisition of Mathematics Conceptsand Processes. Lesh, R.; Landau, M. (Eds.).Academic Press.90

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!