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Revista da Escola de Administração - UFRGS - ano 3 - n o 6TINO FOCOEmpresas investem em sistemasemergentes de tecnologia da informaçãopara manter competitividade


neste número3 EditorialA ambivalência da TIPor João Luiz BeckerDiretor da EA/UFRGS4Fatos& OfíciosLançada 1ª REAd InternacionalCAPATECNOLOGIA DAINFORMAÇÃO7Visãoestratégicamanda investir em TI11 ConsumoO marketing da experiênciaPor Yves Evrard1214 EntrevistaJorge Gerdau Johannpeter17PerfilExpresso Mercúrio:Com a tecnologia na cargaEducaçãoAprendizagem na internet:tecnologia é apenas mais um ítemPor Henrique Freitas eMaurício Testa18 EducaçãoCompetição estimulaa volta às aulas2021InvestimentoO para<strong>do</strong>xo da tecnologiada informaçãoPor Antônio MaçadaGestãoCompetin<strong>do</strong> com a informaçãoe o conhecimentoPor Lilia Vargas22 TendênciaRenovan<strong>do</strong> as relações entre empresasPor Paulo Zawislak, Aurélia Melo eKaren SilvaFoto de capa: Gil C. GoschArquivo GerdauADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO é uma publicação da Escola de Administração da Universidade Federal <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> SulTiragem: 3.500 exemplares | Endereço: Rua Washington Luiz, 855 - Porto Alegre - RS - Brasil - CEP 90010 - 460 Fone:(51) 3316.3536 | Fax: (51) 3316.3991 | Homepage: www.ea.ufrgs.<strong>br</strong> | E-mail: comunicacao@ea.ufrgs.<strong>br</strong> Diretor: Prof.João Luiz Becker | Vice-diretor: Prof. Paulo César Motta | Diretor CEPA: Prof. Fernan<strong>do</strong> B. Luce | Vice-diretor: LuizCarlos Lund | Coordena<strong>do</strong>r PPGA: Prof. Paulo A. Zawislak | Coordena<strong>do</strong>ra-substituta: Profa. Edi Fracasso |Coordenação de Comunicação Social: Prof. Roberto Lamb e Márcia Barcelos | Estagiário: Rafael Aiolfi | JornalistaResponsável: Anamara Bolsson | Fotos: Gil C. Gosch | Diagramação: Luciano Seade | Impressão: Nova Prova2ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


editorialA ambivalência da TICaros leitores,O avanço espetacular da tecnologia da informaçãotem possibilita<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s negóciosum inquestionável impulso na produtividade e naorganização. Ao mesmo tempo em que se criam, ejá imediatamente se aperfeiçoam sistemas avança<strong>do</strong>sde gestão, empresas e organizações, especialmenteas de ponta, avaliam e calculam custos ebenefícios e se modernizam rapidamente, ainda quecom eleva<strong>do</strong>s investimentos.Na Escola de Administração da UFRGS esteassunto é tema de discussões permanentes e pesquisasaprofundadas. Olhamos com rigor científicoe buscamos, com nossos estu<strong>do</strong>s e análises, contribuirpara a construção de empresas e organizaçõesmodernas e competitivas. Alguns desses modelospositivos são destaca<strong>do</strong>s nesta edição. Abordamosa vital importância da tecnologia de informaçãopara o futuro <strong>do</strong>s negócios.Entretanto, como uma escola que forma e aprimoraadministra<strong>do</strong>res, não podemos deixar de olhare estudar o la<strong>do</strong> menos glamoroso e fascinante datecnologia de informação. Se promete inovação ebenefícios em produtividade, por outro, é inegávelque causa impactos profun<strong>do</strong>s no ambiente de trabalho,quan<strong>do</strong> não elimina <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> milhares deempregos. E mesmo sob a ótica da produtividade,o admirável novo mun<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> pela implantaçãoda TI não é exatamente uma quimera. É esta visãocrítica e a multiplicidade de pensamentos que têmemergi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s nesta Escola e agora poderáser acompanhada pelos artigos e matérias presentesnesta edição da Administração <strong>do</strong> <strong>Mil</strong>ênio.Ambas as visões, aparentemente antagônicas,só podem ser melhor desenvolvidas com a permanenteatualização <strong>do</strong>s executivos e <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>resde uma organização. Este é outro tema destaedição: a importância que assume na atualidadea <strong>edu</strong>cação executiva, tanto para empresas quantopara os profissionais. As complexas questões daadministração contemporânea, decorrentes da concorrênciaacelerada <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s negócios exigem,a cada dia, indivíduos mais prepara<strong>do</strong>s e prontospara o desafio de administrar.Esta, portanto, é a contribuição deste verão daEscola de Administração e <strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação da UFRGS a seus leitores.Boa leitura!Prof. João Luiz BeckerDiretor da EA/UFRGSADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 3


fatos & ofíciosEA ESTREOU NA EXPO MANAGEMENT 2003Stand da Escola de Administração da UFRGS, únicauniversidade pública no Brasil a participar <strong>do</strong> eventoA Escola de Administração daUFRGS foi a única universidade pública<strong>do</strong> país e da Região Sul a participar daExpoManagement 2003, realizada no finalde outu<strong>br</strong>o em São Paulo. O eventoreuniu as maiores autoridades mundiaisem Administração para palestras e seminários.Paralelamente, universidades<strong>br</strong>asileiras e internacionais, que mantêmcursos de graduação e pós-graduaçãoem Administração, expuseram seus programase currículos em stands. O eventorecebeu durante três dias empresários,executivos e representantes <strong>do</strong> meioacadêmico de to<strong>do</strong> o Brasil.Em um stand de 24 metros quadra<strong>do</strong>s,a Escola de Administração e oPPGA/ UFRGS promoveram o curso degraduação e mais de uma dezena de especializações,mestra<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>com a presença de um grupo de professores.Entre os cursos da EA mais procura<strong>do</strong>spelos visitantes destacaram-seo Mestra<strong>do</strong> Executivo e a Especializafaltafotoção em Gestão de Saúde, uma modalidadepraticamente inédita no país. Pelosmenos duas faculdades, <strong>do</strong> Mato Gros-LANÇADA 1º REAd INTERNACIONALA Escola de Administração lançou nodia 15 de janeiro passa<strong>do</strong> a primeira ediçãoem inglês da Revista Eletrônica deAdministração (REAd). O 36° númeroda publicação, também em versão impressa,foi edita<strong>do</strong> pelo professor EdwardMarches, da Universidade deMassachusetts, e traz uma dezena deLuís Felipe Nascimento, editor da revistaartigos de professores e pesquisa<strong>do</strong>resda EA/ UFRGS, Unisinos, PUCRS, USP,Universidade Estadual <strong>do</strong> Ceará e deuniversidades da Suécia, Inglaterra eEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.Criada em 1997 como caderno deestu<strong>do</strong>s, a REAd aprimorou a qualidade<strong>do</strong>s trabalhos e recebeu a classificaçãoB da Capes. De acor<strong>do</strong> com o editor darevista, professor Luís Felipe Nascimento,a meta é tornar a revista internacional,com edições em inglês, e alcançar aclassificação A.Com circulação bimestral, a REAd élançada em quatro edições eletrônicas <strong>edu</strong>as impressas. Para a primeira ediçãoem inglês foram impressos mil exemplaresem papel Ecograf (sem uso de cloro).A revista é distribuída gratuitamentepara o meio acadêmico, bibliotecas eempresas ligadas a EA. Por ocasião <strong>do</strong>lançamento na Livraria Cultura, <strong>do</strong>Shopping Boubon Country, em PortoAlegre, a direção da Escola e o editorreceberam convida<strong>do</strong>s de outras universidades,editores da área e a reitora daUFRGS, Wrana Panizzi.so e <strong>do</strong> Rio de Janeiro, demonstraraminteresse em parcerias com a EA para arealização desses cursos.FORMATURADO PPGAPelo terceiro ano consecutivo, oPrograma de Pós-Graduação da Escolade Administração realiza a solenidadede diplomação de <strong>do</strong>utores,mestres e especialistas. Em 10 demarço, mais de 300 alunos <strong>do</strong>s cursosde <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, mestra<strong>do</strong> profissional,acadêmico,interinstitucional eespecializações recebem os certifica<strong>do</strong>sde conclusão em cerimônia noSalão de Atos da UFRGS. Nosmoldes de uma formatura tradicional,a solenidade só dispensa a togae a figura <strong>do</strong> paraninfo, substituí<strong>do</strong>por um professor homenagea<strong>do</strong>, escolhi<strong>do</strong>pelos alunos da EA. Após aentrega <strong>do</strong>s certifica<strong>do</strong>s, e comotoda a formatura que se preza, alunose professores vão comemorar aconquista com um baile no GrêmioNáutico União.Divulgação EA4ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


fatos & ofíciosALUNA DA GRADUAÇÃO GANHAPRÊMIO JOVEM PESQUISADORPESQUISA DESENVOLVIDA NA EAÉ REFERÊNCIA MUNDIALO diretor da Escola de Administraçãoda UFRGS, João Luiz Becker, e omestre pelo Programa de Pós-Graduaçãoda Escola de Administração daUFRGS e <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> da VictoriaUniversity of Wellington (Nova Zelândia),Eusébio Scornavacca Jr., autores da pesquisaSaber para Crescer: Um Estu<strong>do</strong>so<strong>br</strong>e as Necessidades de Informaçãode Empresas <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> Brasil, conquistaramo título de melhor “paper” daO Salão de Iniciação Científica 2003,promovi<strong>do</strong> pela Pró-Reitoria de Pesquisada UFRGS, contemplou a aluna ShanaSabba<strong>do</strong> Flores, da Escola de Administraçãoda UFRGS, com o prêmio de JovemPesquisa<strong>do</strong>r na categoria CiênciasSociais Aplicadas. O projeto vence<strong>do</strong>r,Universidade Sem Lixo, concorreu commais 21 trabalhos e integra o programainstitucional Universidade Consciente, <strong>do</strong>grupo Interdisciplinar de GestãoAmbiental (Giga) sedia<strong>do</strong> na EA.O projeto, orienta<strong>do</strong> pelos professoresMarco Aurélio de Araújo, <strong>do</strong> Institutode Química, e Volnei Alves Correa,da Escola de Administração da UFRGS,está em desenvolvimento e propõe a criaçãode um modelo de gestão de resíduossóli<strong>do</strong>s, integran<strong>do</strong> as diversas áreasde conhecimento da universidade. O trabalhotambém destaca a responsabilidadeda UFRGS com a comunidade. Atualmente,a universidade federal gaúchaconta com uma população de 30 mil pessoasdistribuída em cerca de 22 quilômetrosquadra<strong>do</strong>s, números comparáveisa um município de pequeno porte.Atualmente, estão sen<strong>do</strong> identifica<strong>do</strong>sos professores que se dedicam àsquestões ambientais em projetos, prestaçãode serviços ou desenvolvimento deprodutos para que as próximas ações seintegrem. O projeto busca a interdisciplinaridade,so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong> no que se referea práticas aplicadas à <strong>edu</strong>cação, explicaa autora.Shana Sabba<strong>do</strong> Flores conquistou a premiação com projeto so<strong>br</strong>e o lixoInternational We-B Conference, realiza<strong>do</strong>em dezem<strong>br</strong>o passa<strong>do</strong> na Austrália.O trabalho disputou a indicação com mais60 concorrentes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e com o prêmiotorna-se referência mundial.Para realizar a pesquisa foram ouvidasmais de 700 pequenas e médias empresasno RS. O estu<strong>do</strong> aponta as informaçõesmais necessárias para projetosde expansão e poderá ser emprega<strong>do</strong> porempresas locais que pretendem crescer.Rafael AiolfiINTERCÂMBIODE IDÉIASO Fórum <strong>do</strong> Núcleo de InovaçãoTecnológica (Nitec) da Escolade Administração recebeu em 2003vários professores e pesquisa<strong>do</strong>resestrangeiros que promoveram o intercâmbiode idéias. Entre os participantesque vieram <strong>do</strong> Exterior,destacaram-se o Dr Renato J.Orsato, Professor da IIIEE/LundUniversity, da Suécia, que abor<strong>do</strong>uo tema Posicionamento AmbientalEstratégico - Identifican<strong>do</strong> quan<strong>do</strong>Vale a Pena Investir no Verde.Também participaram <strong>do</strong> Fórum oDr. David Berry, Conselheiro daRede Internacional so<strong>br</strong>e Indica<strong>do</strong>resde Sustentabilidade – USA, parafalar so<strong>br</strong>e Os Indica<strong>do</strong>res deQualidade de Vida e o professorJeremy Hall, da Universidade deCalgary, Canadá, que apresentouOs desafios da Inovação para oDesenvolvimento Sustentável.Em outra atividade, a EA intensificouos contatos com outras escolasestrangeiras e recebeu o professorMiguel Morán Sardina, daEscuela de Administracion de Empresas,de Barcelona. O mestreespanhol proferiu conferência paraalunos da graduação e <strong>do</strong> pós-graduaçãoso<strong>br</strong>e A Importância daInterculturalidade na Competência<strong>do</strong>s Dirigente de EmpresasContemporâneas.O caminho inverso também foifeito. O professor Roberto Ruas viajoupara Grenoble, França, paraparticipar <strong>do</strong> 14 ème Congrès deL’Association Francophone deGestion de Ressources Humaines.Ruas apresentou <strong>do</strong>is trabalhos so<strong>br</strong>eos temas competência e formaçãogerencial.Ruas também foi à Espanha paraapresentar na Escuela de Administracionde Barcelona, o workshopEstudio del Entorno EmpresarialActual através de la Dramatizacionde Textos Antíguos, nocurso de MBA.ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 5


fatos & ofíciosELEITA NOVA CHEFIA DO DEPTO DECIÊNCIAS ADMINISTRATIVASO departamento de Ciências Administrativas da Escola de Administração temnova chefia desde cinco de janeiro. As professoras Elaine di Diego Antunes eMaria Cecy Araújo Misoczky, integrantes da única chapa concorrente, foram eleitaspara os cargos de chefe e chefe-substituta pelo perío<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is anos. A eleiçãomu<strong>do</strong>u também o colegia<strong>do</strong>, integra<strong>do</strong> por oito professores, um técnico administrativoe <strong>do</strong>is alunos. Participaram da votação, realizada em dezem<strong>br</strong>o, professores,representantes <strong>do</strong>s alunos e <strong>do</strong>s técnicos-administrativos da EA.EA NAREPÚBLICADOMINICANAO diretor da Escola de Administraçãoda UFRGS, professor João LuizBecker, participa nos dias 2 e 3 de fevereiro,em Santiago, na RepúblicaDominicana, da reunião preparatória à39ª Assembléia <strong>do</strong> Conselho Latino-Americano de Escolas de Administração(Cladea), que se realizará em outu<strong>br</strong>onaquele país. A direção da EA integrao diretório da entidade.Elaine (D) e Maria Cecy foram eleitas para um mandato de <strong>do</strong>is anosDOUTORANDO VAI A CONSÓRCIOSDOUTORAIS NOS ESTADOS UNIDOSCarlo Bellini, <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> no PPGA/EA/ UFRGS foi seleciona<strong>do</strong> para apresentarversões de seu projeto de teseMétricas para Avaliação da Participaçãode Clientes na Personalizaçãode Sistemas de Informaçãoem três consórcios <strong>do</strong>utorais nosEsta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s nos meses de a<strong>br</strong>il,maio e junho.Bellini participa <strong>do</strong>s consórcios vincula<strong>do</strong>sa conferências de associaçõesinternacionais que se realizarão emperío<strong>do</strong> anterior à 5th Annual GlobalInformation Technology Mana-falta fotogement (GITM) World Conference,em San Diego; 3rd ISOneWorld, emLas Vegas, e 15th InformationResources Management Association(IRMA) International Conference,em New Orleans.O <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> também participa emfevereiro <strong>do</strong> lançamento <strong>do</strong> livro Dominan<strong>do</strong>a Gestão da Informação,da Editora Bookman. Bellini traduziue é o responsável técnico da o<strong>br</strong>a organizadapor Thomas Davenport eDonald Marchand, duas referênciasmundiais no tema GI.GENTE NOSSANA ARGENTINAA aluna <strong>do</strong> 6° semestre <strong>do</strong> curso de graduaçãoda Escola de Administração daUFRGS, Bárbara Lorenzoni Basso, conquistouuma bolsa de estu<strong>do</strong>s para cursar umsemestre na Universidad del Litoral, em SantaFé, Argentina. O sistema de intercâmbio, quereúne universidades <strong>do</strong> Uruguai, Paraguai,Argentina e Brasil, ofereceu neste semestreuma vaga para o curso de Administração.Bárbara disputou a seleção com maisoito candidatos e recebeu bolsa integral pararealizar seus estu<strong>do</strong>s na Argentina.PPGA ABREINSCRIÇÕESO Programa de Pós-Graduação daEscola de Administração da UFRGSestá com inscrições abertas via internetpara mais de uma dezena de cursos quese iniciam em março. Em vista das vagaslimitadas, os interessa<strong>do</strong>s em participarda seleção deverão acessar a páginawww.ea.ufrgs.<strong>br</strong> e preencher a fichade inscrição. Os seleciona<strong>do</strong>s serãochama<strong>do</strong>s posteriormente para amatrícula. Na página da EA, os candidatosencontram todas as opções deespecializações, mestra<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>ofereci<strong>do</strong>s pela Escola.6ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


capaVISÃOESTRATÉGICAMANDAINVESTIR EM TIHá pouco mais de uma década, implantar tecnologia da informação emuma empresa significava, antes de tu<strong>do</strong>, custos. Esta visão mu<strong>do</strong>u. Hoje, éinvestimento. E são as empresas de ponta que percebem no uso da TI umaestratégia para alavancar e manter a competitividade <strong>do</strong>s negócios.Com essa visão, as empresas lançam mão deinovações em TI para conquistar mais agilidade,precisão de informações e resulta<strong>do</strong>s. Além disso,desco<strong>br</strong>em e desenvolvem sistemas para aproximarem-se<strong>do</strong>s clientes, inauguran<strong>do</strong> novos mo<strong>do</strong>sde atendimento.“A visão das empresas é de investimento emlongo prazo e olhar para o futuro é estratégico”,resume a professora da Escola de Administraçãoda UFRGS, Ângela Brodbeck.“As empresas estão mais maduras e conscientesda necessidade de foco em seus negócios”, acreditaCésar Leite, presidente da Associação das EmpresasBrasileiras de Software e Serviços deInformática (Assespro/ RS), entidade nacional quereúne cerca de 1,5 mil empresas.Pelo menos no Brasil, essa nova postura começoua mudar quase no final da década de 90, entre97 e 98. Até então, pontificavam lá e cá alguns escassosexemplos de empresas que planejavam aa<strong>do</strong>ção de novas tecnologias de informação. Amaioria estava voltada para o desenvolvimento <strong>do</strong>marketing, diz a professora. Mas isso foi no séculopassa<strong>do</strong>.Com o desembarque - invariavelmente com atrasono Brasil - <strong>do</strong>s sistemas de gestão empresarial(ERP), deu-se o boom quase na virada <strong>do</strong> milênio,época em que o mun<strong>do</strong> se sentiu ameaça<strong>do</strong> pelobug, o que contrinbuiu para acelerar a corrida aosrecursos de TI. Organizações, empresários e executivoscomeçaram a olhar com mais atenção parao assunto.O objetivo seguia sen<strong>do</strong> o mesmo de décadasanteriores, aumentar a produtividade e r<strong>edu</strong>zir oscustos, mas a necessidade das empresas de se manteremcompetitivas em merca<strong>do</strong>s cada vez mais rarefeitosdeterminou que a visão sistêmica e estratégicainaugurasse seu perío<strong>do</strong> de man<strong>do</strong>.As empresas começaram, então, a investir para<strong>do</strong>tar suas operações de mais agilidade, funcionalidade,rapidez e precisão. Foi e permanece como oauge <strong>do</strong> momento a implantação de sistemas integra<strong>do</strong>sde gestão. Empresários e dirigentes viramas funções da organização interligadas e perceberamque a tecnologia não só era fundamental paraoperar o negócio como poderia ser a única garantiade futuro promissor. A TI tornava-se um alia<strong>do</strong> poderosopara determinar os rumos <strong>do</strong> negócio.ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 7


capaSe uma parcela das empresas recebe e a<strong>do</strong>tafacilmente as inovações em TI, outra fatia vê comrestrições a “tecnologia da onda”, diz Leite. Masquase sempre se rendem à novidade tão logo secomprove aumento de qualidade na produção e resulta<strong>do</strong>sfinanceiros. A máxima “o que não se medenão se gerencia” é mais válida <strong>do</strong> que nunca. Resulta<strong>do</strong>saparecem sempre e devem ser medi<strong>do</strong>s.Há quem ainda afirme ainda não ser possívelmensurar. “É, sim”, rebate o presidente da Assespro,“há retorno e é perfeitamente contabiliza<strong>do</strong>”.Ferramentas poderosasÉ claro que há segmentos em que a tarefa dascontas é mais fácil. O setor bancário, por exemplo,tão automatiza<strong>do</strong> e avança<strong>do</strong> no Brasil como emnenhuma outra parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Era um <strong>do</strong>s quemais empregava, mas desco<strong>br</strong>iu que poderia estendero nível de automação para garantir mais precisão,rapidez nas operações e alto nível de interaçãocom seus clientes. Desempregou milhares de trabalha<strong>do</strong>res,ainda se reestrutura internamente, masjá garante melhor performance no atendimento àclientela e atinge a marca de cinco segun<strong>do</strong>s emoperações de TEF, apenas um exemplo entre tantosda área. O sistema de homebanking garante um relacionamentodireto e o cliente é quem opera.Como se vê, se esta ainda é a década <strong>do</strong>s ERP,também é a <strong>do</strong> Sistema de Relacionamento comClientes, o CRM, que suporta estratégias de merca<strong>do</strong>e oportuniza a segmentação e a fidelização,além de ter aberto as portas <strong>do</strong> e-comerce. Tambémcom esta ferramenta as empresas elevaram atecnologia de informação para o nível estratégico,explica Ângela Brodbeck. “Alinhada com a estratégia<strong>do</strong> negócio o uso desse sistema passa a serinvestimento e não custo”, resume. Também os Sistemasde Logística Integrada (SCMI) integram maisrecentemente a cadeia de valor de um negócio, trazen<strong>do</strong>vantagens competitivas. Utiliza<strong>do</strong>s na indústriae em setores da saúde, são quase invisíveis aosolhos da clientela externa, mas sem seu uso a produtividadee a qualidade <strong>do</strong>s serviços estaria seriamenteprejudicada.Cria<strong>do</strong> em 1997, e em voga no Brasil desde 2001,o Balanced Scorecard, BSC, é um <strong>do</strong>s sistemas maisavança<strong>do</strong>s para medir performances, esmiuçar resulta<strong>do</strong>se ter uma visão a<strong>br</strong>angente <strong>do</strong> desempenhode uma organização. Sua utilização, entretanto,ainda está restrita a um universo de empresas quebuscam a categoria das organizações de padrõesmundiais. Esta lupa moderna enxerga igualmentelonge, e auxilia também a pensar e agir rápi<strong>do</strong> embusca <strong>do</strong> futuro.As duas mais recentes novidades que se consolidamno merca<strong>do</strong> são o Business Inteligence, BI, ea Governança em TI. O primeiro é o que deve recebermais investimentos no Brasil em 2004, prevêo presidente da Assespro. O BI é um sistema degestão <strong>do</strong> conhecimento para apoiar decisões e podeser o melhor remédio para setores financeiros, administrativos,de produção, de vendas e de gestãode processos jurídicos. Exige alta interação com osdirigentes de empresas e por isso ainda não é emprega<strong>do</strong>da forma como seria recomendável.Se a tecnologia de informação possibilita avançoe produtividade, também é verdade que deixaneste novo caminho um rastro de preocupaçõessociais. Além de gerar enxugamento de quadrosde pessoal, provoca reestruturações e revoluçõesno trabalho que atingem em cheio os trabalha<strong>do</strong>res.A professora <strong>do</strong> programa de Pós-Graduaçãoda Escola de Administração da UFRGS, CarmemLigia Iochins Grisci, <strong>do</strong>utora em Psicologia e pesquisa<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> CNPq, vem realizan<strong>do</strong> deste 1998uma pesquisa so<strong>br</strong>e essa reestruturação produtiva<strong>do</strong> trabalho em uma centenária instituição bancáriapública, de âmbito nacional, e é uma das queolham criticamente e questionam os efeitos desseprocesso.Na pesquisa que aponta as conseqüências humanasdesse momento de reestruturação no setorbancário, a professora desco<strong>br</strong>iu um indivíduo queTEMPOS MODERNOS?vive inseguro, trabalha muito, o que aumenta os riscosà saúde, sente-se profissionalmente obsoleto eao perder o emprego perde a estabilidade econômica,familiar, emocional e profissional.O trabalha<strong>do</strong>r bancário tem incorpora<strong>do</strong> as mudançasinevitáveis, instantâneas e intensivas, semque os impactos que as mesmas causam venhamacompanha<strong>do</strong>s de amortece<strong>do</strong>res. “Impactar, porsinal, parece já ter se torna<strong>do</strong> uma estratégia nacondução de trabalha<strong>do</strong>res que, por vezes, já seencontram como que anestesia<strong>do</strong>s diante <strong>do</strong> sofrimentopsíquico”, afirma.O indivíduo encontra<strong>do</strong> em suas pesquisas é umtrabalha<strong>do</strong>r que busca a realização pessoal sob omodelo empresarial vigente. Já incorporou atecnologia a sua vida e, mesmo sem indicação dedireção ou de duração, segue a viagem. Carmemaponta outra realidade visível: este trabalha<strong>do</strong>r deve8ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


capaGovernança em tecnologia da informação tambémé um assunto emergente em empresas competitivas.As organizações começam a sentir necessidadequan<strong>do</strong> a TI está inserida e diluída emtodas as suas funções. “Está se começan<strong>do</strong> a perceberque a Governança em TI é um elemento queaumenta o retorno <strong>do</strong> investimento”, diz RoneiFerrigolo, Diretor de Desenvolvimento da Companhiade Processamento de Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> RS (Procergs).Implantar internamente este novo modelo de gestãoem uma organização representa criar uma estruturasistemática de planejamento e de acompanhamentode ações. Alinham-se assim as necessidadese a estratégia de TI com a estratégia <strong>do</strong> negócio,levan<strong>do</strong> sempre em conta as demandas de to<strong>do</strong>s diretamenteenvolvi<strong>do</strong>s com sistemas de informação.A ausência de governança seria o em<strong>br</strong>ião deproblemas operacionais em uma empresa, acreditaFerrigolo. Sem utilizar estes mecanismos “acabamosapagan<strong>do</strong> incêndios”, completa. O sistema,entretanto, ainda não foi suficientemente assimila<strong>do</strong>e corre o sério risco de ser utiliza<strong>do</strong> mais comouma ferramenta de divulgação da excelênciaorganizacional <strong>do</strong> que como apoio efetivo aos seusaos gestores.Investin<strong>do</strong> na urgênciaEmbora o estágio atual indique um movimentocrescente nas empresas <strong>br</strong>asileiras em busca deTI, os investimentos nessa área oscilam entre 0,7%e 3% <strong>do</strong> faturamento em grandes e médias organizações,segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Assespro. O presidentese mostrar sempre disposto e encarar o “precário”como desafio. E deve continuar a<strong>br</strong>in<strong>do</strong> mão devalores próprios para garantir o emprego em umasituação de permanente instabilidade.Ainda é desejável e notável que este trabalha<strong>do</strong>rsaiba encarar as instabilidades e as incertezase esteja sempre pronto a responder afirmativamentea toda e qualquer demanda que se apresente.Tu<strong>do</strong> em nome da flexibilidade. “Ele é deve<strong>do</strong>rfrente às exigências intensas da lógica da urgênciae da excelência, e se vê sob a imposição deincessantemente trocar de pele, a fim de se adaptaràs mudanças. Faz isso num ato solitário e silenciosoquan<strong>do</strong> é convoca<strong>do</strong> a se tornar gestorde si”, afirma Carmem.Além disso, a reestruturação acarretou transferênciasde lugar e de cargo de mo<strong>do</strong> diferencia<strong>do</strong>.Na visão desses trabalha<strong>do</strong>res, é permanente a instabilidadeno emprego. Também os vínculos deamizade, confiança e solidariedade se fragilizam comas trocas de cargos e funções. É a perda <strong>do</strong> controleda própria vida, o que coloca os indivíduos nacondição de sujeitos “à deriva”.Os efeitos ainda mais perversos recaíram so<strong>br</strong>eos mais velhos e com mais tempo de serviço, quecaíram na estrutura hierárquica da empresa. Umadas conseqüências Carmem detectou facilmente:tornou-se corriqueiro e natural o emprego de medicamentosantidepressivos.A vida que essa reestruturação anuncia está emcontínua mudança e já produziu um novo indivíduo.Este homem já não se assusta diante da tecnologia,sabe que facilita sua vida, mas que também é umanova forma de servidão. Os trabalha<strong>do</strong>res incorporarama nova lógica da competitividade merca<strong>do</strong>lógica.“As ações de resistência coletiva se enfraqueceram,percebe-se pelo silêncio <strong>do</strong> me<strong>do</strong> epela solidão diante <strong>do</strong> inevitável”, conclui. E finalmente,sua pesquisa delineia um novo trabalha<strong>do</strong>r.Este indivíduo recua, recusa, se adapta, se conforma,se constrange e acaba por aderir ao modeloempresarial.ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 9


capaDivulgaçãoRECEITA REPLICADA DE SUCESSOUm <strong>do</strong>s exemplos bem sucedi<strong>do</strong>s no uso de sistemasintegra<strong>do</strong>s de informação é da unidade gaúchada Dell, empresa de tecnologia fa<strong>br</strong>icante de desktopse laptops, instalada em El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sul, no RS, háquatro anos. Ao repetir no Brasil o modelo de suasunidades espalhadas pelo mun<strong>do</strong> - a venda direta aoconsumi<strong>do</strong>r apenas por telefone e internet – a empresase viu livre de lojas, revende<strong>do</strong>res, intermediáriose estoques, mas precisou criar uma rede sofisticada.Com um processo complexo e ao mesmo tempoágil, a Dell se destaca como uma das mais modernase competitivas empresas de tecnologia de informação.Sua performance, cercada de sigilo, já empurrouconcorrentes de peso para a berlinda. Paranão perder merca<strong>do</strong>, outras empresas também a<strong>do</strong>taramo sistema de venda direta ao consumi<strong>do</strong>r.A Dell a<strong>do</strong>ta sistemasintegra<strong>do</strong>s deinformação paraligar toda a cadeiaprodutivaNesta teia, a Dell lançou mão de sistemas queintegram toda a cadeia produtiva e permitem ligarem uma ponta o cliente, o fornece<strong>do</strong>r, desencadeara produção e agendar a entrega.Já fartamente empregada pela indústria automobilísticae outros setores, a sofisticação da tecnologiaintegrada garante a venda e a produção sob demandana Dell. Somente é monta<strong>do</strong> o equipamento vendi<strong>do</strong>,e sempre de acor<strong>do</strong> com as especificações econfiguração determinadas pelo cliente. A comprarealizada diretamente no site da empresa é confirmadaem poucos minutos e o prazo de entrega, quepode chegar no máximo em cinco dias, é informa<strong>do</strong>imediatamente. Além disso, o cliente ainda poderáacompanhar o status <strong>do</strong> seu pedi<strong>do</strong>. “É um meio devenda que as empresas <strong>do</strong>s mais diferentes setorese ramos têm que explorar”, confirma Shiroma.Outra característica que se torna quase corriqueira,mas contribui fortemente para acompetitividade da empresa é o fato de manter umsistema que identifica cada um <strong>do</strong>s produtos monta<strong>do</strong>s,com a respectiva numeração, origem <strong>do</strong>s componentes,nome <strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r, data de fa<strong>br</strong>icação enúmero de lote. Assim, cada produto é único, e nãoé exagero, com esse controle o produto já nasce nalinha de montagem com certidão de nascimento ecom DNA conheci<strong>do</strong>.Para tu<strong>do</strong> dar certo, a empresa desenvolve boaparte <strong>do</strong>s softwares e hardwares utiliza<strong>do</strong>s em suaprodução e mantém constantemente a melhoria <strong>do</strong>ssistemas em um Centro de Desenvolvimento Global.regional da entidade diz que são as pequenas empresasque ainda investem mais para serviços básicose ainda não desco<strong>br</strong>iram a força dessas ferramentaspara irrigar seus negócios. A professoraÂngela Brodbeck considera ideal que empresas deporte destinem cerca de 2% de seus faturamentototal para a implantação de TI, mas reconhece queno Brasil a média está em 1%, salvo raras exceçõesno grupo das médias e grandes empresas.A discussão <strong>do</strong> momento volta-se também paraa complexidade cada vez maior da gestão detecnologia de informação. O merca<strong>do</strong> lança quaseininterruptamente novos sistemas mais estratégicos,ninguém mais pode permitir atrasos e a r<strong>edu</strong>ção <strong>do</strong>tempo torna-se uma idéia fixa. Se é verdade quecada vez mais organizações necessitam dessas ferramentas,é certo também que nem todas precisamde to<strong>do</strong>s os sistemas disponíveis. E o mun<strong>do</strong> atualda TI pode ser defini<strong>do</strong> com uma variação de umadágio popular: quem está dentro não pode mais sair,quem está fora precisa entrar. Com urgência.10ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


consumoO MARKETING DA EXPERIÊNCIAA evolução da pesquisa so<strong>br</strong>e o comportamento<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e as aplicações<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s em marketing deulugar a uma abordagem so<strong>br</strong>e a questãoda escolha (a formação das atitudes edas preferências e o processo de compra)e ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s fenômenos póscompra.Este estu<strong>do</strong>, que avalia o quese passa após a compra, se desenvolveuso<strong>br</strong>e <strong>do</strong>is ângulos principais. De umaparte, sob a dupla pressão <strong>do</strong>consumismo e <strong>do</strong> movimento da qualidade,a satisfação <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res esuas conseqüências positivas so<strong>br</strong>e a fidelidade.De outra parte, em continuidadeaos aportes convergentes <strong>do</strong>marketing de serviços e <strong>do</strong> marketingindustrial, um interesse particular para arelação que associa o cliente ao fornece<strong>do</strong>re a marca, e sua tradução emtermos de fidelização e os resulta<strong>do</strong>s quedaí resultam.Apareceu assim a idéia, numa relaçãode oposição/complementariedadecom o marketing transacional (centra<strong>do</strong>so<strong>br</strong>e o ato da compra), de um marketingrelacional (centra<strong>do</strong> so<strong>br</strong>e a relação durávelque a empresa tenta estabelecercom os consumi<strong>do</strong>res). Entretanto, entrea compra, avaliação e suas conseqüências,subsistia um “elo vazio”: a experiênciade consumo. A vivência da experiênciapode ter influência so<strong>br</strong>e os con-sumos futuros e põe em jogo dimensõescognitivas, afetivas, utilitárias ou sociais.O estu<strong>do</strong> da experiência visa compreendera construção da significação aolongo <strong>do</strong> processo de consumo, assimcomo o papel <strong>do</strong> consumo além de suasdimensões econômicas, como forçaestruturante das sociedades contemporâneas(modernas ou pós-modernas), nasquais o mo<strong>do</strong> de consumir (a constelaçãodas experiências) torna-se mais importanteque o lugar no processo de produção(objeto central da sociologia marxista)na constituição da identidade individuale social.Do ponto de vista da empresa e desua administração, se a análise da experiênciae sua consideração para a decisãode marketing foram largamente desenvolvidas,em particular na área <strong>do</strong>sserviços, foi bem recentemente que umméto<strong>do</strong> formaliza<strong>do</strong> e sistemático <strong>do</strong>marketing experiencial foi elabora<strong>do</strong>. Nonível da economia de seu conjunto foiproposto que a experiência constituíauma quarta fase <strong>do</strong> desenvolvimentoeconômico - sucessora das matérias-primas(commodities), <strong>do</strong>s bens industriais(goods) e <strong>do</strong>s serviços - , para uma extensãoda esfera da economia comerciale a criação correlativa de valor adiciona<strong>do</strong>.Esta não é a última etapa, poisuma quinta fase se desenha: a <strong>do</strong>s bensde transformação de si mesmo, marcan<strong>do</strong>assim o horizonte da extensão da áreada experiência: o próprio consumi<strong>do</strong>r.A área inicialmente privilegiadapela abordagem experiencial foi a <strong>do</strong>lazer, e em particular <strong>do</strong> campo cultural,que trata <strong>do</strong> consumo artístico ouda cultura de massa (entretenimento).Essas categorias eram mesmo qualificadasde “produtos experienciais” paraos quais só o consumo pode aportar asinformações verdadeiramente pertinentes,aí compreenden<strong>do</strong> os critériosde avaliação a posteriori que podemdiferenciar os critérios de escolha iniciais.Uma segunda área maior de aplicaçãofoi a da distribuição, na perspectivapós-moderna <strong>do</strong> “reencantamento”<strong>do</strong> consumo, para enriquecero ato da compra, além de seupapel estritamente funcional, notadamentepela teatralização <strong>do</strong> ponto devenda (retailtainment). Esta teatralizaçãosignifica que o valor da experiêncianão reside mais somente nascaracterísticas <strong>do</strong> bem, mas na“espetacularização” e no valor que oconsumi<strong>do</strong>r lhe aporta através de suainterpretação.Yves EvrardProfessor <strong>do</strong> Groupe HECParis - FRProf. Visitante <strong>do</strong> PPGA/EA / UFRGSevrard@hec.frADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 11


perfilCOM ATECNOLOGIANA CARGAExpresso Mercúrio, segunda maior transporta<strong>do</strong>raro<strong>do</strong>viária <strong>do</strong> Brasil, implanta novo sistema de ERPpara ampliar a integração de suas operaçõesEm 2003, aempresa investiuR$ 10 milhões emtecnologia deinformaçãoA Expresso Mercúrio, segunda maior transporta<strong>do</strong>raro<strong>do</strong>viária <strong>do</strong> país tem em comum comempresas <strong>br</strong>asileiras de outro ramo não apenas oporte. Também começou e se mantém como umaempresa familiar, criada por cinco irmãos caminhoneirosda família Fração em 1946, na cidadegaúcha de Santa Maria. De lá para cá, ro<strong>do</strong>u muitaestrada, r<strong>edu</strong>ziu distâncias, formou parcerias nacionaise internacionais e, quan<strong>do</strong> o chão era longodemais, optou pelo ar para fazer chegar produtose merca<strong>do</strong>rias às mãos da clientela em qualquerparte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Com mais de meio século,busca incessantemente vencer distâncias ganhan<strong>do</strong>tempo e terreno e se manten<strong>do</strong>, mais <strong>do</strong> quenunca, competitiva. Para isso, um processo gradualde reestruturação de tecnologia da informaçãofoi inicia<strong>do</strong> em 2001. Ainda não chegou aofim, mas alinha a empresa às mais modernas <strong>do</strong>país e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, integran<strong>do</strong> áreas e setores vitaispara que o negócio vá ainda mais longe.Em 2003, ano em que a Expresso Mercúrioobteve receita <strong>br</strong>uta de R$ 370 milhões, um crescimentode 25% so<strong>br</strong>e 2002, foram investi<strong>do</strong>s R$10 milhões em tecnologia de informação. Depoisde rastrear o merca<strong>do</strong> <strong>br</strong>asileiro em busca de umsoftware de gestão que integrasse a maior partede suas operações internas, a empresa reviu processose adquiriu o sistema cria<strong>do</strong> pela JDEdwards, atual Peoplesoft, além de montar umaestrutura robusta de Datacenter.Para garantir o encadeamento desejável nesseprocesso, a empresa criou o Projeto Conectar,que envolveu cerca de 60 profissionais na matrizda empresa, em Porto Alegre. Esse grupo reviuos processos da empresa e preparou o sistemapara, posteriormente, implantá-lo em todas asunidades da empresa no Brasil. Um programa detreinamento foi desenvolvi<strong>do</strong> ainda em Santa Maria,Chapecó, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba,Bauru, Belo Horizonte, além das cidades <strong>do</strong> nordeste<strong>br</strong>asileiro onde a Mercúrio tem unidades.Com a nova tecnologia, a Mercúrio interliga,desde o dia 2 de janeiro, operações da áreacontábil, financeira, compras, estoque e manutençãode veículos da matriz e as 92 filiais espalhadaspelo Brasil e três localizadas na Argentina,Uruguai e Chile. Na prática, significa, a integraçãototal de informações so<strong>br</strong>e os processos de gestãointerna. Até então, cada uma dessas áreastrabalhava isoladamente. O próximo passo é incluirnesta rede os setores de recursos humanose de custos e orçamento corporativo.O sistema ainda avança mais no tempo e noalcance da integração, anuncia Edson Fonseca,Gerente de Tecnologia de Informação da Mercúrio.A terceira etapa <strong>do</strong> processo, que só se encerraem mea<strong>do</strong>s de 2005, será a a<strong>do</strong>ção de umsistema de gerenciamento da logística, o LMS12ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


perfil(Logistics Management System). Com esta ferramentaestarão integradas todas as operações<strong>do</strong>s negócios que a empresa mantém e que incluemremessa via aérea nacional e internacional,ro<strong>do</strong>viária nacional e internacional e logística.Atualmente, clientes especiais fazem cotações,cálculos e acompanham o andamento da cargapela Internet, mas ainda não conseguem fazer opedi<strong>do</strong> e realizar outras operações. Com a implantaçãode to<strong>do</strong> o sistema isso será possível.Atualmente, a empresa utiliza diversos sistemasde TI para rastrear veículos e cargas transportadaspor via ro<strong>do</strong>viária no Brasil, informarao cliente, em tempo real, onde está sua encomendae prever e confirmar a entrega segun<strong>do</strong>sapós a efetivação <strong>do</strong> negócio, gerenciar os armazéns,controlan<strong>do</strong> entrada e saída de merca<strong>do</strong>rias,prazos de validade, localização no depósito,número <strong>do</strong> lote, além de controlar a estruturafiscal. Para garantir o funcionamento de todasessas atividades e o futuro sistema integra<strong>do</strong>de TI foi criada uma ampla rede de comunicação.Centralizada na matriz, permite o tráfegode da<strong>do</strong>s entre todas as unidades, e da<strong>do</strong>s e vozem 27 unidades.Com um novosistema, a empresainterligou a maiorparte de suasoperações internasIn<strong>do</strong> onde o cliente estáPercorren<strong>do</strong> os caminhos que ligam a cadeiaprodutiva ao consumi<strong>do</strong>r, a Mercúrio concentrasua atuação nas regiões Sul e Sudeste, atenden<strong>do</strong>a to<strong>do</strong>s os municípios <strong>do</strong>s sete Esta<strong>do</strong>s, masse estende também a localidades longínquas <strong>do</strong>país com parcerias. Com flexibilidade e senso deoportunidade, a empresa mantém uma unidadeem Manaus com a tarefa exclusiva de cuidarapenas <strong>do</strong> transporte aéreo. Outras cinco filiaisno Nordeste, duas na Bahia e três no Ceará,acompanharam indústrias calçadistas gaúchas.Há algum tempo, a Expresso Mercúrio deixoude ser apenas uma transporta<strong>do</strong>ra para setornar uma prove<strong>do</strong>ra de serviços completos.Desde a década de 70 tem licença para realizartransporte internacional e passou a atender ospaíses vizinhos. O avanço determinou a implantaçãode serviços completos de logística que incluemmodernos terminais de armazenagem edistribuição.A Mercúrio atende diferentes segmentos etem, entre seus principais clientes, uma indústriade computa<strong>do</strong>res instalada no Esta<strong>do</strong>. Com umprocesso avança<strong>do</strong> de vendas via internet, tu<strong>do</strong>o que a empresa vende para o Brasil e a Argentinaé transporta<strong>do</strong> pela Mercúrio. Ao adquirirum computa<strong>do</strong>r, o cliente poderá acompanhar ostatus de seu pedi<strong>do</strong> e saber o prazo de entrega.A média de tempo registrada pela Mercúrio paraas entregas está atualmente em 1,8 dias.Diferentes sistemassão emprega<strong>do</strong>spara atender cincosegmentos detransporte decargasNa área delogística, aMercúrio temcompleto controleso<strong>br</strong>e as cargasADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 13


entrevistaO COMANDANTEDA QUALIDADEO empresário JORGE GERDAU JOHANNPETER, presidente <strong>do</strong> Grupo Gerdau, um <strong>do</strong>s maioresconglomera<strong>do</strong>s <strong>br</strong>asileiros, tem reconhecida nacionalmente sua visão estratégica. Háquase duas décadas percebeu que seguir o caminho da qualidade era irreversível.Enquanto o merca<strong>do</strong> mundial sinalizava na metade da década de 80 a aceleração dacompetitividade e o avanço da globalização, Gerdau tornava-se no Brasil o paladinoda qualidade, debate que já ia longe no Exterior. Precursor, portanto, da idéia dedisseminar qualificação e buscar a excelência na produção e nos serviços, foi o idealiza<strong>do</strong>re um <strong>do</strong>s padrinhos <strong>do</strong> Programa Nacional de Qualidade. Não por acaso o Rio Grande<strong>do</strong> Sul tornou-se um <strong>do</strong>s primeiros esta<strong>do</strong>s <strong>br</strong>asileiros a implantar um programa dequalidade. Nesta entrevista, o empresário que comanda usinas com respeitabilidademundial fala so<strong>br</strong>e excelência empresarial, o passo seguinte à qualidade. Com a mesmadeterminação garante que a busca pela excelência é, antes de tu<strong>do</strong>, um processo de<strong>edu</strong>cação, no qual a disciplina e a seriedade são predica<strong>do</strong>s a exercitar.<strong>Mil</strong>ênio - Como o Senhor define e identificaa excelência em uma empresa?JORGE GERDAU JOHANNPETER - Aexcelência pressupõe a definição clara <strong>do</strong>foco da empresa e a busca de benchmarks,de forma a atender com eficiência às expectativas<strong>do</strong>s públicos com os quais a companhiase relaciona: clientes, fornece<strong>do</strong>res,acionista-investi<strong>do</strong>res, colabora<strong>do</strong>res e comunidade.Junto à comunidade, devemosatentar para <strong>do</strong>is aspectos importantes, oambiental e o social.<strong>Mil</strong>ênio - Em que área de uma empresase inicia esse processo?Gerdau - Deve se iniciar com os clientes,porque é com eles que temos a clara percepçãode atendimento. Também é precisoter em mente que os clientes são defini<strong>do</strong>res<strong>do</strong> futuro e <strong>do</strong> crescimento da empresa.<strong>Mil</strong>ênio - A excelência tem diferentesgraduações e níveis em uma organização?Gerdau - A excelência é um processo quese inicia gradativamente. Deve-se procuraralcançá-la em todas as atividades da empresa,em todas as áreas.14ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


entrevistaTem graduações diferentes porque o processoé contínuo, por etapas, ou seja, eu vouatingin<strong>do</strong> e aprimoran<strong>do</strong> o processo cada vezmais. Seguin<strong>do</strong> a definição de Spen<strong>do</strong>lini,autor da o<strong>br</strong>a The Benchmarking Book, fazseprimeiro um benchmark local, depois regional,nacional, no Mercosul até, finalmente,atingir um nível mundial.<strong>Mil</strong>ênio - Qual o preço da excelência?Gerdau - O mais difícil na busca da excelênciaé a disciplina e a seriedade. Quantoao resto, os resulta<strong>do</strong>s são de tal ordem queesses investimentos pagam-se rapidamente,principalmente porque é possível começaro processo em uma das áreas da empresa eo resulta<strong>do</strong> econômico dessa gestão de excelênciapode-se estender, posteriormente,para todas as atividades.<strong>Mil</strong>ênio - O grupo de empresas que oSr. lidera atingiu este padrão?Gerdau - O Grupo Gerdau atingiu padrõesde excelência bastante bons em algumasunidades, mas ainda temos muito a fazer. Àmedida que o Grupo foi crescen<strong>do</strong>, nós incorporamosnovas unidades e, para que essasalcancem patamares de benchmarkoperacionais, temos um trabalho de longoprazo. O processo de busca de excelênciaé um processo de <strong>edu</strong>cação e, por isso, amáxima eficiência numa empresa não levamenos <strong>do</strong> que três ou cinco anos. Além disso,o padrão de excelência é um processocontínuo, pois recordes de desempenho sãoalcança<strong>do</strong>s continuamente e, no mun<strong>do</strong>, omerca<strong>do</strong> atinge novos padrões de excelênciatambém pelo desenvolvimento de novastecnologias no campo acadêmico. Por isso,é tão importante pesquisar sempre quais sãoos melhores padrões de competitividade,eficiência e atendimento no mun<strong>do</strong>, toman<strong>do</strong>-oscomo benchmarks.<strong>Mil</strong>ênio - Quais os critérios de excelênciadas empresas que o Sr. dirige?Gerdau - Os critérios de excelência sãoclaramente estabeleci<strong>do</strong>s por instituiçõescomo as fundações para o Prêmio Nacionalda Qualidade, <strong>do</strong> Prêmio Ibero-Americanoda Qualidade. São to<strong>do</strong>s bastante semelhantes,definem os oito critérios que têm de serbusca<strong>do</strong>s, mas eu diria que um outro pontodecisivo para a so<strong>br</strong>evivência de uma empresaé sempre atender os quatro públicos:Fotos: Cibele Vieira/Arquivo Jornal da Universidade/ UFRGSADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 15


entrevistaGerdau - Uma ferramenta fundamental parabuscar o sucesso é a tecnologia de gestãode qualidade total ou de gestão por processo.Também é necessário agrupar três grandesconceitos básicos na empresa: foco <strong>do</strong>negócio, eficiência absoluta das atividadesmeioe segurança <strong>do</strong> processo. O primeiroconceito está volta<strong>do</strong> para a teoria <strong>do</strong> negócio,o foco, o core business da atividade edeve ser trabalha<strong>do</strong> dentro de uma visão decompetitividade. O segun<strong>do</strong> conceito, de eficiênciadas atividades-meio, é absolutamenteindispensável, pois sem o apoio contábil, derecursos humanos, etc. , não se atinge eficiênciadas atividades-fim de uma organização.O terceiro ponto é a visão de segurança<strong>do</strong> processo a partir de uma visão ampla,contemplan<strong>do</strong> a área ambiental, as pessoas,o patrimonial, o operacional, o legal e o fiscal.<strong>Mil</strong>ênio - Qual o maior obstáculo paraatingir este padrão?Gerdau - É preciso continuar fazen<strong>do</strong> o giro<strong>do</strong> PDCA - composto pelas etapas plan, <strong>do</strong>,check, act - com disciplina, paciência de planejarbem, disciplina de executar bem e humildadepara aprender com seus erros. Essapostura comportamental é a base para aconquista de maior eficiência competitiva.<strong>Mil</strong>ênio - É possível atingir a qualidadeem to<strong>do</strong>s os níveis e atividades de umaempresa?clientes internos e externos, investi<strong>do</strong>res,colabora<strong>do</strong>res e comunidade. Essa percepçãovale para qualquer instituição: governoou empresa. Se você atender às expectativas<strong>do</strong>s quatro públicos deixan<strong>do</strong>-os satisfeitos,você estará buscan<strong>do</strong> a excelência.<strong>Mil</strong>ênio - Esta é a razão <strong>do</strong> sucesso desuas empresas?Gerdau - É indiscutível a dificuldade dese atingir o mesmo padrão de qualidade emtodas as atividades. Entretanto, de posse<strong>do</strong>s conceitos de tecnologia de gestão, degestão por processo, investin<strong>do</strong> nos colabora<strong>do</strong>rese saben<strong>do</strong> qual é o benchmarka ser segui<strong>do</strong>, é possível atingir qualidadeem to<strong>do</strong>s os níveis de atividades de umaempresa.<strong>Mil</strong>ênio - Em 1999, foi cria<strong>do</strong> o PrêmioGerdau da Qualidade basea<strong>do</strong> nos critériosde excelência <strong>do</strong> Prêmio Nacionalda Qualidade. Estes critérios permanecemos mesmos?Gerdau - Dentro <strong>do</strong> cenário atual, não utilizamosmais o Prêmio Gerdau da Qualidade,porque estamos foca<strong>do</strong>s na construção <strong>do</strong>Gerdau Business System, que consiste nadefinição e gestão eficaz de to<strong>do</strong>s os processosda nossa organização. Estamosfoca<strong>do</strong>s em orientar cada vez mais a nossaorganização para a gestão por processos.“ATENDER À EXPECTATIVA DOPÚBLICO É BUSCAR A EXCELÊNCIA“16ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


<strong>edu</strong>caçãoAPRENDIZAGEMNA INTERNET:TECNOLOGIA É APENASMAIS UM ITEMJá se passaram bons seis ou seteanos que empresas e instituições de ensinocomeçaram a perceber que aInternet - além de servir para vender,comprar e comunicar - podia ser utilizadatambém para outra finalidade: aprender.As instituições de ensino viram logoa possibilidade única para o desenvolvimentode cursos à distância basea<strong>do</strong>sna colaboração entre os estudantes. Asempresas perceberam rapidamente o potencialpara r<strong>edu</strong>ção de custos. E é claro,ambos visualizaram a oportunidadepara ampliação da oferta de cursos... ede novos ganhos.Os investimentos começaram e nãodemorou muito para surgirem as dificuldades,as dúvidas e os problemas. A ilusãode que bastaria ter um servi<strong>do</strong>r eadquirir um pacote de software para criarefetivos ambientes de aprendizagemlogo desapareceu. De fato, parece haveralguns pontos críticos no desenvolvimentode programas que visam promovercursos na Internet. Por exemplo, épreciso montar uma equipe com experiênciaou bem formada. Ao contrário <strong>do</strong>que alguns podem pensar, não é tão simplesdesenvolver cursos à distância: aaprendizagem em ambientes virtuais éimpregnada de sutilezas, muitas das quaisimperceptíveis ao iniciante (é bom nãose iludir, bons professores de sala de aulanão se transformam necessariamente embons instrutores online, e bons programa<strong>do</strong>resnão constroem sozinhos bonssistemas de aprendizagem).Também é importante definir um projetopedagógico, a partir <strong>do</strong> qual poderáser realiza<strong>do</strong> o design instrucional. Depreferência, um projeto que enfatize ainteração e a cooperação entre os estudantes,para não correr o risco se de estarmontan<strong>do</strong> nada mais <strong>do</strong> que sites informativos.O projeto pedagógico deveservir ainda como uma espécie de guiapara a tomada de decisão. A partir disso,pode-se pensar nas tecnologias quedevem ser adquiridas, no perfil de instrutornecessário e assim por diante.A tecnologia é outro ponto fundamental.So<strong>br</strong>etu<strong>do</strong>, não se deve adquirirsoftwares para gerenciamento e desenvolvimentode cursos apenas pelos recursosque oferecem. A disposição destesrecursos é o mais relevante, pois irádelimitar o design instrucional e a próprialógica de aprendizagem. Infelizmente,muitos <strong>do</strong>s sistemas atualmente disponíveisconsistem na "vanguardatecnológica <strong>do</strong> atraso pedagógico", comodestaca Wilson Azeve<strong>do</strong> - <strong>edu</strong>ca<strong>do</strong>r conheci<strong>do</strong>na área.Outro aspecto importante é o estabelecimentode parcerias ou alianças estratégicascom outras organizações. Sãopoucas as empresas ou instituições deensino com competência em to<strong>do</strong>s aspectosenvolvi<strong>do</strong>s na promoção de cursosvia Internet. É preciso saber desenvolverconteú<strong>do</strong>s, ter e formar instrutores,montar uma infra-estruturatecnológica, criar um setor de atendimentoao aluno, possuir web designers, paracitar alguns exemplos de uma longa lista.Será que vale a pena assumir todasessas responsabilidades?Por fim, é fundamental não se esquecer<strong>do</strong> personagem central de qualquerprocesso de ensino-aprendizagem: o estudante.Seja ele um aluno de uma instituiçãode ensino ou um funcionário deuma empresa, é preciso cautela. Aaprendizagem à distância pode ser umagrande solução para alguns poucos. Experiênciase pesquisas têm indica<strong>do</strong> quea falta de características comoautodisciplina, motivação e maturidadepodem comprometer to<strong>do</strong> o resulta<strong>do</strong> deum curso.Aspectos como os relata<strong>do</strong>s sãocruciais e é responsabilidade <strong>do</strong>s gestoresconsiderá-los adequadamente para nãoterem surpresas desagradáveis. Ficamosmaravilha<strong>do</strong>s diante de um site bem desenha<strong>do</strong>e cheio de recursos ou um grandesistema de videoconferência, mas istopode ser insignificante na busca daefetividade <strong>do</strong>s ambientes virtuais deaprendizagem. Esta efetividade se constróia partir de um complexo sistema derelações em que entra, sim, a tecnologia,mas também entra o perfil <strong>do</strong> instrutor e<strong>do</strong> estudante, a natureza <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>, omodelo pedagógico, a qualidade dainteração e outros aspectos que não podemser negligencia<strong>do</strong>s.Henrique FreitasProfessor <strong>do</strong> PPGA/ EA/ UFRGSDoutor pela Université PierreMendès, Grenoble II, Françahf@ ea.ufrgs.<strong>br</strong>Maurício Gregianin TestaDoutoran<strong>do</strong> em Administração -PPGA/EA/UFRGSmgtesta@ea.ufrgs.<strong>br</strong>ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 17


<strong>edu</strong>caçãoCOMPETIÇÃO ESTIMULAA VOLTA ÀS AULASProcura pelo Mestra<strong>do</strong> Profissional <strong>do</strong> PPGA/EA/ UFRGS se intensificou nos últimos anosÉ crescente a demanda e a oferta de cursos depós-graduação lato sensu (Especialização) e strictosensu (Mestra<strong>do</strong>s Modalidade Profissional em Administração).Quan<strong>do</strong> a iniciativa em retornar à sala deaula não parte <strong>do</strong>s próprios profissionais, são as empresasque investem em <strong>edu</strong>cação executiva apostan<strong>do</strong>na solução <strong>do</strong> presente e no futuro da organização.A acelerada concorrência no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s negóciosfez <strong>br</strong>otar com vigor a “cultura da mudança”. Especialmentena última década, essas transformações seiniciaram nas organizações sempre pelo treinamentoe a formação de profissionais envolvi<strong>do</strong>s. Ao mesmotempo, a pressão exercida pelas empresas e seus complexosproblemas de gestão so<strong>br</strong>e os executivos egestores os levam a buscar, cada vez mais, complementarou reciclar conhecimentos em cursos de formaçãogerencial. Tu<strong>do</strong> para manter o lugar ao solduramente conquista<strong>do</strong>.O professor Roberto Ruas, autor de uma pesquisaque traçou o perfil desse profissional e as diferençasentre os cursos ofereci<strong>do</strong>s, ouviu mais de 300alunos <strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação da Escolade Administração da UFRGS e da Escola de Administraçãoda UFBA, no final da década de 90. Concluiuque as empresas buscam indivíduos que asauxiliem a se diferenciar no merca<strong>do</strong>, e a expectativaso<strong>br</strong>e esse profissional é demasiadamente alta.“Ninguém menos <strong>do</strong> que um Super-Homem seriacapaz de realizar tanto”. É nesse quadro que osprogramas de <strong>edu</strong>cação executiva e formaçãogerencial aparecem como alternativa importante, àsvezes até como panacéia, frisa Ruas.Para o Coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> PPGA/ EA/ UFRGS,professor Paulo Zawislak, os executivos de Administraçãoque buscam os cursos de especialização emestra<strong>do</strong> já não querem apenas informações porquesabem que o aprendiza<strong>do</strong> de hoje estará defasa<strong>do</strong>amanhã. Buscam o desenvolvimento da capacidadede reflexão. “O executivo precisa saber usar o aprendiza<strong>do</strong>para refletir so<strong>br</strong>e as situações que enfrenta etirar o coelho da cartola na hora certa”, resume.E tirar o coelho da cartola já não é tarefa exclusivade mágicos. Sen<strong>do</strong> assim, cresce também apresença de médicos, engenheiros e economistasno território até então reserva<strong>do</strong> apenas para administra<strong>do</strong>res.To<strong>do</strong>s em busca de munição e ferra-18ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


<strong>edu</strong>caçãomentas para resolver também problemas de organizaçãoe administração.Na unidade gaúcha da Springer Carrier, <strong>do</strong>satuais 30 colabora<strong>do</strong>res em posição de liderança,oito já realizaram o Mestra<strong>do</strong> Profissional e um estácursan<strong>do</strong>. “Estimulamos para que fortaleçam suascompetências individuais e sustentem as competênciascoletivas da organização”, justifica o gerentede RH, Ednei Schemes.A pesquisa de Ruas indica ainda que, para aten-der a esse universo de alunos pródigos que voltam àsaulas, a maioria <strong>do</strong>s cursos de mestra<strong>do</strong> executivo ofereci<strong>do</strong>sno Brasil estão orienta<strong>do</strong>s para a formação degestores e têm forte influência de modelos internacionais(os verdadeiros MBAs). Já os cursos de especializaçãoem Administração, um <strong>do</strong>s mais difundi<strong>do</strong>s hojeno Brasil, se propõem a desenvolver uma visão globalda administração contemporânea. Atendem a profissionaisrecém-saí<strong>do</strong>s da faculdade ou mais experientes,que passaram a atuar em funções de gestão.Modelos exemplaresO engenheiro mecânico Carlos Henrique Krahe,33 anos, Gerente de Unidade de Negócio da GKN,trabalha há 7 anos na empresa. Em 2001, resolveucursar o mestra<strong>do</strong> pro fissional <strong>do</strong> PPGA / EA /UFRGS. “Precisei ampliar os conhecimentos na áreade gestão empresarial em função da minha formaçãoe percebi que devia melhorar minha performancena empresa”, explica. Com um olho no peixe e outrono gato, Krahe viu também que era necessário enfrentaros desafios <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>. A possibilidade defazer o curso paralelamente às atividades profissionaisfacilitou a decisão.Custea<strong>do</strong> parcialmente pela empresa, Krahejá põe em prática na empresa a visão crítica queo curso possibilitou. Compara permanentementeo que é apresenta<strong>do</strong> pelos professores e a realidadeda indústria: “Analiso o quão longe da realidadeestão e como estamos desatualiza<strong>do</strong>s”.Krahe foi um <strong>do</strong>s 28 executivos <strong>do</strong> curso queem novem<strong>br</strong>o de 2003 foi à França como atividadeda disciplina Gestão de Negócios Internacional.Participou de aulas e seminários na Escolade Altos Estu<strong>do</strong>s Comerciais de Paris, consideradaa melhor da França em Administração.Conviven<strong>do</strong> em sala de aula e na viagem comexecutivos de diferentes empresas e ramos, inclusivede organizações mundiais com matriz noExterior, Krahe destaca que entendeu as razõese os motivos das decisões que são tomadas namatriz e o relacionamento desta com suas filiaisao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Cursar o Mestra<strong>do</strong> Executivo foi meta pessoal<strong>do</strong> engenheiro químico Fábio Floriani, 33 anos,para se diferenciar no merca<strong>do</strong> de trabalho. Gerentefinanceiro da Petropar há <strong>do</strong>is anos e meio,reconhece também a oportunidade de aprendiza<strong>do</strong>e construção de competências. Algumas características<strong>do</strong> curso, como horário, e o perfil daturma, formada por executivos experientes, foramdecisivos para a escolha <strong>do</strong> curso.Floriani ressalta, entre as contribuições <strong>do</strong> cursopara seu desempenho na empresa, o acesso aoconhecimento e o desenvolvimento de uma visãoArquivo pessoal Fábio Florianimais crítica de processos e ferramentas de gestãoatuais. “Questiono e avalio com mais lucidezas estratégias da empresa, assim como tomo decisõescom mais segurança”, afirma.Outro aspecto positivo da volta à escola é aconvivência com colegas de experiências distintas,com visões e pontos de vista alternativos aostópicos discuti<strong>do</strong>s em aula. A experiência da viagemà França possibilitou a atualização e a validaçãode conceitos aprendi<strong>do</strong>s em sala de aula. Alémdisso, trouxe a visão das empresas européias so<strong>br</strong>egestão moderna e assuntos como "outsorcing"e desenvolvimento sustenta<strong>do</strong> e também tendênciasem marketing, varejo e gestão de pessoas.Também destaca o fato de a programação deviagem incluir aulas conjuntas com alunos <strong>do</strong>mestra<strong>do</strong> profissional da escola francesa. O executivodiz que a interação entre as turmas e osestu<strong>do</strong>s de caso mostraram que os profissionais<strong>br</strong>asileiros tem alto grau de competência e nãoficam a dever aos europeus.Disciplina Gestão de NegóciosInternacional levou mestran<strong>do</strong>s<strong>do</strong> PPGA da EA/ UFRGS àEscola de Altos Estu<strong>do</strong>sComerciais de ParisADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 19


investimentoO PARADOXO DATECNOLOGIA DAINFORMAÇÃOOs investimentos em tecnologia deinformação (TI) têm si<strong>do</strong> uma grandepreocupação das organizações e de seusadministra<strong>do</strong>res desde o início <strong>do</strong>s anos70. A expressão “Para<strong>do</strong>xo da TI” foidisseminada por pesquisa<strong>do</strong>res e administra<strong>do</strong>resque ainda buscam entenderos possíveis retornos <strong>do</strong>s investimentosem TI. Publicações da área de Administração,invariavelmente, divulgam reportagense artigos ressaltan<strong>do</strong> a importânciada TI nas organizações. Ao mesmotempo, questionam os resulta<strong>do</strong>s positivosdesses investimentos.A discussão <strong>do</strong> “Para<strong>do</strong>xo da TI”foi iniciada pelo Prêmio Nobel em Economia,Robert Solow, que afirmou “Vemoscomputa<strong>do</strong>res por to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong>, masnão nas estatísticas”. A visão <strong>do</strong> economista,baseada na produtividade, despertoue ampliou essa questão em outrasdimensões:Produtividade: identificar o quantoa TI pode ter aumenta<strong>do</strong> a produtividadede um país, de um determina<strong>do</strong>setor da economia ou <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res(usuários) de uma organização;Competitividade e estratégia: avaliarse os investimentos em TI proporcionama competitividade eoperacionalização das estratégias deum setor ou de uma organização;Desempenho: se os investimentosem TI melhoram os indica<strong>do</strong>res ou odesempenho das áreas de uma organização,de uma organização ou de umsetor da economia.As organizações estão investin<strong>do</strong>grandes somas em TI com o objetivo deatingir algumas das dimensões citadasacima. Atualmente, os processosorganizacionais que mais têm recebi<strong>do</strong>investimentos com base na TI são: a)Planejamento e Controle - Produção eOperações: basea<strong>do</strong> em sistemas de Planejamento<strong>do</strong>s Requisitos <strong>do</strong>s Materiais– MRP (Material RequirementsPlanning) e ERP (Enterprise ResourcePlanning); b) Cadeia de Suprimentos;e-procurement e gestão e distribuiçãode materiais WMS (WarehouseManagement System); e c) Estratégiae Marketing CRM (CostumerRelationship Management) e BI(Business Intelligence) todas que utilizamTI <strong>do</strong> tipo Data Warehouse, DataMining e outras ferramentas de mineraçãoe análise de da<strong>do</strong>s. A Internet foiescolhida como sen<strong>do</strong> a principal plataformapara as organizações elaboraremsuas redes (Intranet e Extranet). Conseqüentemente,geram uma necessidademaior de infra-estrutura de TI, comgrande reflexo no aumento <strong>do</strong>s investimentos.Discussões revelam uma das grandespreocupações <strong>do</strong> setor empresariale acadêmico: encontrar e desenvolverméto<strong>do</strong>s e técnicas que auxiliem as organizaçõesa medir e a r<strong>edu</strong>zir seus investimentosem TI. Alguns <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>sfinanceiros utiliza<strong>do</strong>s são oriun<strong>do</strong>s daeconomia industrial. Um exemplo é oRetorno so<strong>br</strong>e o Investimento (ROI),medida contestada por se tratar de umpadrão estático e só possível de se obtercom da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> balanço da organização,não sen<strong>do</strong> muito útil para o processodecisório. Além disso, os da<strong>do</strong>s nem sempresão confiáveis ou estão disponíveis.Medidas com base no “valor” da TI atravésda percepção <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res(usuários) e <strong>do</strong>s clientes, e com base emmúltiplas dimensões ou fatores, têm si<strong>do</strong>utilizadas com bastante sucesso, desdeque tratadas com técnicas estatísticasavançadas.A frase: “se não consegues medir,não consegues administrar” tem gera<strong>do</strong>inquietação nos administra<strong>do</strong>res e pesquisa<strong>do</strong>res.E o maior objetivo das organizaçõesé mensurar os impactos ou osefeitos <strong>do</strong>s investimentos em TI visan<strong>do</strong>r<strong>edu</strong>zir o Custo Total de Propriedade(TCO - Total Cost Ownership). Uma dasmaneiras de r<strong>edu</strong>zir o TCO é diminuiros investimentos e gastos com TI emequipamentos, em licenças <strong>do</strong>s sistemase em recursos humanos. Muitas organizaçõestêm a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como solução oOutsourcing (Terceirização) de suas atividadese de seus equipamentos relaciona<strong>do</strong>sà área de TI. Entretanto, só serápossível r<strong>edu</strong>zir os investimentos em TIuma vez identificada e medida a direção<strong>do</strong>s esforços de gestão de TI que levema resulta<strong>do</strong>s positivos.Embora publicações da área afirmemestar resolvi<strong>do</strong> o “Para<strong>do</strong>xo da TI”, porque cada vez mais há interesse em desco<strong>br</strong>irfórmulas para medir e r<strong>edu</strong>zir os investimentosem TI nas organizações?Antônio Carlos Gastaud MaçadaProfessor da EADoutor em Administração pela UFRGSacgmacada@adm.ufrgs.<strong>br</strong>20ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


gestãoCOMPETINDO COM AINFORMAÇÃO E OCONHECIMENTOPara competir no merca<strong>do</strong>globaliza<strong>do</strong>, as empresas precisam reporsuas fontes de crescimento sustentávele explorar as vastas novas oportunidadesde negócios. Devem também estarpreparadas para utilizar o potencial <strong>do</strong>sindivíduos e seus conhecimentos acumula<strong>do</strong>s,crian<strong>do</strong> condições para o desenvolvimentoe a incorporação de novasidéias. Esses propósitos são afirma<strong>do</strong>s evalida<strong>do</strong>s por inúmeros pesquisa<strong>do</strong>res,professores e consultores internacionaise nacionais, liga<strong>do</strong>s especialmente àsáreas da Gestão da Informação e daGestão <strong>do</strong> Conhecimento. To<strong>do</strong>s destacamcomo fundamental os processos queenvolvem procedimentos, ações e reflexõespara o uso da informação e <strong>do</strong> conhecimentona criação de novos resulta<strong>do</strong>sde negócios.Essa posição tem se consolida<strong>do</strong> emfunção de um número cada vez maiorde empresas que olham pró-ativamentepara o processo de inovação, altamentedependente de informações e de conhecimentos.É importante ressaltar queesses elementos, que fornecem inputsao processo de inovação, são completamentedistintos <strong>do</strong>s necessários ao funcionamentoe à otimização <strong>do</strong>s processosoperacionais da empresa. Devi<strong>do</strong> asua natureza são mais fluí<strong>do</strong>s e refletemtendências, pois, na verdade, o processode inovação é conduzi<strong>do</strong> por previsões,insights, opiniões de merca<strong>do</strong>, mais <strong>do</strong>que por fatos e da<strong>do</strong>s. Essas informaçõese conhecimentos estão liga<strong>do</strong>s, principalmente,a monitoramentos de merca<strong>do</strong>,<strong>do</strong> ambiente competitivo etecnológico, à geração de idéias e avali-ação de méto<strong>do</strong>s alternativos, identificaçãode novas competências, aogerenciamento <strong>do</strong> processo de desenvolvimentotécnico e comercial e os riscosliga<strong>do</strong>s à construção e introdução de umamudança, conforme orienta D.Marchand em sua o<strong>br</strong>a Competing withinformation. Portanto, é essencial validare refinar novas idéias, abordagens,produtos, processos, contribuin<strong>do</strong> para osucesso na sua implementação.Os administra<strong>do</strong>res, por outro la<strong>do</strong>,devem procurar compreender como suaorganização usa a informação para buscarresulta<strong>do</strong>s de negócios. Na verdade,para competir com informação e conhecimentoutilizan<strong>do</strong> novas tecnologias, asempresas terão que repensar suas estratégiasde negócios, as práticas e abordagensde implementação. Devem incluiresses elementos como chave nos negócios,com a utilização de ferramentasadequadas de sistemas de informação(SI) e de tecnologias da informação (TI).Para tanto, os administra<strong>do</strong>res devemdistingüir as diferenças entre gestão cominformação da gestão da informação.Fundamental também é caracterizara diferença entre instrumentos para agestão da informação. As aplicações deSI estão relacionadas às operações defunções e de processos de negócios. Ossistemas de TI se referem à infra-estruturae à equipe técnica de suporteaos negócios. A gestão da informaçãotrata <strong>do</strong>s caminhos e <strong>do</strong>s usos da informaçãopara criar valor de negócios paraa empresa. Essas distinções são importantes,pois, tanto a gestão da informaçãoquanto a gestão <strong>do</strong> conhecimentonão se referem simplesmente a aplicaçõesde novas ferramentas e de técnicasaos negócios.Além da gestão da informação e dagestão <strong>do</strong> conhecimento evoluírem rapidamenteincorporan<strong>do</strong> novos méto<strong>do</strong>s,as novas tecnologias da informação utilizadaspara suporte também introduzemuma revolução nos mo<strong>do</strong>s de pensar.Modificam os reconhecimentos espaço-temporais,e, por conseqüência, osprocessos de obtenção e de troca deinformação, de criação de conhecimentoe de aprendizagem. As fronteiras,portanto, entre formação, informação,comunicação e produção tornam-semenos claras, surgin<strong>do</strong> novos atorescomo media<strong>do</strong>res.Inúmeras complexidades e desafiosse apresentam a essas áreas de interessenos negócios e na pesquisa em Administração,aparentemente dissociadas.Envolvem elementos imateriais de grandeamplitude (informações e conhecimentos),tecnologias de informação e decomunicação (TIC) e novos modelos decooperação e de aprendizagem que podematender às necessidades individuais.Ao mesmo tempo, podem gerar novosresulta<strong>do</strong>s e, portanto, novas oportunidadesde negócios.Lilia Maria VargasProfessora da EA/ UFRGSDoutora pela UniversitéPierre Mendès, Grenoble, Françalmvargas@adm.ufrgs.<strong>br</strong>ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004 21


tendênciaRENOVANDOAS RELAÇÕESENTRE EMPRESASO acirramento da concorrência e umcenário cada vez mais incerto têm leva<strong>do</strong>as empresas a buscarem novas alternativascompetitivas. Desenvolvimentode produtos, gestão da cadeia de suprimentos,produção enxuta, entre outros,são algumas das opções. A escolha dequalquer um destes caminhos, porém,requer esforços cada vez mais difíceisde serem leva<strong>do</strong>s adiante por empresasisoladas.Uma tendência parece, assim, despontar:a da busca de parceiros que possamcomplementar e potencializar competênciasao longo das cadeias de valor.Alianças estratégicas, joint-ventures, redesde empresas, franquias, enfim, têmservi<strong>do</strong> como saída para os problemasde competitividade.No Rio Grande <strong>do</strong> Sul isso não é diferente.Muito pelo contrário, o Esta<strong>do</strong>parece apresentar características propíciaspara a proliferação desse tipo derelações entre empresas.Uma pesquisa em andamento, coordenadapelo Grupo de Estu<strong>do</strong>s da CadeiaAutomotiva <strong>do</strong> RS da Escola deAdministração da UFRGS junto a maisde 100 empresas, vem revelan<strong>do</strong> traçosinteressantes acerca destas relações.Todas as empresas envolvidas emalgum tipo de parceria buscam não sócomplementar financeiramente seu negócio,mas buscar competênciastecnológicas e, até mesmo, fatias demerca<strong>do</strong>. A busca por colaboração sedá, majoritariamente, ao longo da própriacadeia produtiva, envolven<strong>do</strong> concorrentes,clientes e fornece<strong>do</strong>res. Viade regra, há três principais tipos de colaboraçãoentre empresas:Relações ao longo da cadeia devalor: são aquelas que visam capacitartodas as etapas de uma cadeia, desde odesenvolvimento até as vendas, passan<strong>do</strong>por suprimento, operações e distribuição.O Complexo Automotivo deGravataí, forma<strong>do</strong> pela General Motorse seus sistemistas para fa<strong>br</strong>icar o Celta,é um exemplo de como é possível construiruma cadeia totalmente integrada, baseadaem relações mais próximas de troca.Já a própria região industrial de Caxias<strong>do</strong> Sul, constituídas por monta<strong>do</strong>ras locaise inúmeras fornece<strong>do</strong>ras deautopeças, pode ser apontada como umtípico caso de ccriação e ocupação espontânea,sem, porém, ter sua sinergiadiminuída.Alianças Estratégicas: são formadaspor empresas com o objetivo deaproveitar, compartilhar e desenvolvercompetências complementares e específicas(geralmente em um <strong>do</strong>s elos deuma cadeia produtiva) para a geraçãode vantagens competitivas para ambas.As joint-ventures constituídas pelaRan<strong>do</strong>n com empresas estrangeiras, taiscomo Arvin Meritor e Jost Werke, paraa ocupação e criação de nichos de merca<strong>do</strong>a partir de novas tecnologias, inéditasno Brasil, dão uma boa idéia <strong>do</strong>poder desta alternativa.Redes de empresas: diferente dasalianças, vê-se aqui um agrupamento devárias empresas cujos esforços decomplementaridade e sinergia estãomuito mais volta<strong>do</strong>s à ampliação de capacidadeprodutiva e, com isso, ao atendimentode nítidas exigências de escala.Resultam daí vantagens como o aumento<strong>do</strong> poder de barganha, uma maior capacidadede investimento, volumes crescentesde compras e produção, novoscanais de distribuição, etc. Não só parauma ou duas empresas, mas para to<strong>do</strong>sos atores da rede.Para muitos, trabalhar de mo<strong>do</strong>colaborativo pode parecer uma verdadeira“cessão de direitos”. Pode pareceruma simples “divisão <strong>do</strong> bolo”. É umpouco disso tu<strong>do</strong>. Mas, mais <strong>do</strong> que tu<strong>do</strong>,é sem som<strong>br</strong>a de dúvida um caminhopara se evitar riscos e perdas.Se junto a alguém você pode vir a terganhos individuais maiores <strong>do</strong> que sozinho,não perca tempo: encontre seu tipode parceria! Elas existem, antes de qualquercoisa, para fortalecer suas vantagens.Vantagens que somente são vislum<strong>br</strong>adasde mo<strong>do</strong> coletivo.Paulo A. ZawislakProfessor EA/ UFRGSCoordena<strong>do</strong>r PPGA/EA/ UFRGSDoutor em Economia pelaUniversidade de Paris VIIpazawislak@ea.ufrgs.<strong>br</strong>Aurélia A. MeloDoutoranda PPGA/EA/ UFRGSaamelo@ea.ufrgs.<strong>br</strong>Karen M. SilvaMestranda PPGA/EA/ UFRGSkmsilva@ea.urfgs.<strong>br</strong>z22ADMINISTRAÇÃO NO MILÊNIO - VERÃO 2004


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